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GÊNEROS VOCAIS DO PERÍODO BARROCO

Professor Moacir José Dondelli Paulillo

MISSA.

A música vocal continua a ser importante no Período Barroco. Apesar do


interesse crescente pela música instrumental, surgem muitos gêneros
dentro da música religiosa.

A Missa ainda continua a ser composta polifonicamente, ganhando partes


para vozes solistas e instrumentos, com acréscimo do baixo contínuo e
textura mais harmônica. Destacam-se os compositores Giacomo Antonio
Perti (1661-1756) e Antonio Caldara (1670- 1736). É dado o mesmo
tratamento ao Stabat Mater e o Magnificat.

ORATÓRIO.

O nome vem da Congregação do Oratório, que foi uma comunidade


católica criada em Roma em 1565 por São Felipe Néri, onde foram
produzidos espetáculos de música sacra. Narrativas religiosas, como
textos bíblicos, por exemplo, contavam com a figura de um narrador e um
coro que comentava e expressava os sentimentos das ações.

Compositores de ópera começaram a produzir oratórios, resultando numa


estrutura muito próxima daquele gênero, mas diferenciava-se por não ser
encenado e ser apresentado nas igrejas, enquanto a ópera era
apresentada com movimentação cênica e em teatros. Destacam-se os
compositores Giacomo Carissimi (1605- 1674) e Charpentier.

Na Alemanha o oratório foi introduzido por Heinrich Schutz (1585-1672).


Ele coloca a figura do narrador (evangelista) nos recitativos e o coro e
solistas fazem os comentários. Um tipo de oratório é a Paixão que narra a
morte de Jesus, de acordo com os evangelhos, destacando-se, além de
Schutz, Johann Sebastian Bach (1685-1750) como compositores desse
gênero.
Na Inglaterra, destaca-se George Friederich Haendel (1685- 1759), que
compôs em inglês vinte e seis oratórios dentre os quais pode-se citar: “O
Messias”, “Israel in Egypt” e “Judas Macabeus”.

Na França, cultivou-se o motete, constituído de solistas, orquestra, dois


coros, sendo um pequeno e outro grande coro. estes motetes eram eram
chamados de “grads motets”(grandes motetes). Havia também os “petits
motets” (pequenos motetes), com acompanhamento apenas de um baixo
contínuo. Compositores: Lully, Charpentier, Michel Richard Delalande
(1657-1726) e François Couperin (1668-1733). Na Alemanha, Schutz
compôs motetes que foram chamados de “Synphoniae Sacrae”.

CANTATA.

Eram obras compostas em Roma, Itália, no começo do século XVII, que


alternavam partes em recitativos e arioso. Destinadas a um público
específico, tinham temas seculares. Alessandro Scarlatti e Benedetto
Marcello (1686-1739), produziram obras desse gênero.

A cantata sacra se desenvolveu na Alemanha, a partir do coral luterano,


com temas inspirados nos evangelhos lidos no culto. São mais curtas do
que os oratórios tendo árias intercaladas por recitativos e coros,
finalizando com um coral luterano a quatro vozes. Compositores: J. S.
Bach, que escreveu mais de duzentas cantatas, Dietrich Buxtehude (1637-
1707) e Johann Pachelbel (1653-1706).

GÊNEROS INSTRUMENTAIS DO PERÍODO BARROCO

No final do século XVI ocorre um grande desenvolvimento e


aperfeiçoamento da luteria (construção de instrumentos musicais), com as
pesquisas de “lutiers” italianos como Andrea Amati (1535-1612), seu neto
Nicolò Amati (1596-1684), Antonio Stradivari (1644- 1737) e Giuseppe
Guarnieri (1698-1744). Estes “lutiers” ou luteristas fizeram experimentos
com novas madeiras, vernizes, colas e etc., que resultaram em altíssima
qualidade sonora dos instrumentos de corda, principalmente o violino.
Também o cravo e o órgão tiveram melhorias, aumentando os seus
recursos de timbre. Em 1709, aproximadamente, Bartolomeu Cristoforo
criou o fortepiano, que antecedeu o piano atual.

Pode-se deduzir que todos esses progressos resultaram no


desenvolvimento de novas técnicas de execução e surgimento de novos
gêneros e estilos musicais.

No Barroco, a partir do século XVIII principalmente, a música instrumental


se divide em: música para instrumentos de tecla ( toccata, fuga, prelúdios
corais, sonata) e música para conjunto ( sonata da chiesa, suíte, sonata da
câmera, concerto).

SUITE.

Perde a sua função coreográfica (dança) e se torna um dos principais


gêneros instrumentais. Constituída no começo do século XVII de um
prelúdio, pavane, galharda, allemande e courante, segundo a obra
“Banchetto Musicale” de Johann Herman Schein (1586-1630), depois
muda o seu formato e adquire várias denominações um tanto imprecisas
como sonata, balleto, partita e ordre. A partir de 1650 a suíte ou partita,
como era chamada na Alemanha, passa a ter o seguinte esquema:
prelúdio, allemande, courante, sarabande e giga. Provavelmente esse
formato foi fixado pelo cravista e organista alemão Johann Froberger
(1616-1667).

Na França era chamada de ordre (ordem), tem as danças tradicionais e às


vezes aparecia a chaconne.

SONATA.

Derivada do verbo italiano “suonare” (tocar), empregada originalmente


para designar uma parte introdutória em obras essencialmente vocais.
Sonata pode ser definida como uma obra para um pequeno número de
instrumentos e com baixo contínuo.

Dois tipos de sonata barroca: sonata da chiesa (sonata da igreja), para ser
executada nas igrejas e os andamentos não apresentavam características
evidentes das danças. Sonata da câmera que era uma sequência de danças
estilizadas, sendo executadas nos salões da nobreza. O compositor Georg
Phillip Telemann (1691-1767) escreveu várias delas.

A instrumentação dessas sonatas era constituída de dois instrumentos


agudos, usualmente violinos e baixo contínuo. Daí serem chamadas de
trio-sonatas.

Compositores que se dedicaram ao gênero: Arcangelo Corelli (1653-


1713), Jean-Marie Leclair (1697-1764), Domenico Scarlatti (1685-1757),
que escreveu mais de quinhentas obras com o nome de trio-sonata.

CONCERTO.

O termo concerto se refere a uma disputa entre duas forças antagônicas.


Foi um gênero muito importante no Barroco. Havia o concerto grosso, em
que um grupo pequeno de instrumentos (concertino), dialoga com toda a
orquestra (ripieno). Esse diálogo instrumental chamou-se “estilo
concertante”. A união dos dois grupos (concertino e ripieno) era o Tutti
(todos). Era constituído de três a quatro movimentos contrastantes entre
si.

Compositores: Arcangelo Corelli, Francesco Geminiani (1687-1762),


Antonio Vivaldi (1678-1741), Haendel e Giuseppe Tartini (1692- 1770).
Pouco a pouco o concertino se reduziu a um instrumento, dando origem
ao concerto solista.

Toccata.

Geralmente escrita para órgão ou outro instrumento de teclas, de caráter


virtuosístico, com passagens arpejadas, em acordes e fugas, exigindo
grande agilidade do instrumentista. Outro gênero era o prelúdio coral:
pequena peça litúrgica feita para órgão, a partir de uma melodia coral. No
culto protestante servia de introdução ao hino a ser cantado pelos fiéis.

A FUGA, estruturada a princípio por Girolamo Frescobaldi (1583- 1643),


de estilo contrapontístico baseado na livre imitação, teve o seu máximo
desenvolvimento com J. S. Bach, que explorou todas as possibilidades do
gênero nas obras “O Cravo Bem Temperado” e “A Arte da Fuga”.

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