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História da Música

Em Roma, mais concretamente, durante os primeiros séculos cristãos, presenciámos a


decadência, isto é, o fim de uma enorme cultura e observa-se o nascer de uma nova, que sob o
ponto de vista da música, pertence na sua maioria à pré-história. Simultaneamente, nasce
também uma nova época da humanidade que inicialmente não revelava muito valor pela
música, considerando-a pouco interessante. No entanto, toda a verdadeira revolução necessita
de música e esta foi surgindo progressivamente.
Em 54, chegou a Roma uma figura muito importante, o apóstolo Pedro, que ensinou a jovem
comunidade cristã a rezar a partir de melodias muito antigas ligadas aos cânticos sagrados dos
judeus. De certa forma, o canto atravessa uma fase de desenvolvimento, adaptando-se a
vários níveis. Aliás, Gregório Magno foi um papa que colecionou todas as melodias do culto
divino naquele tempo contribuindo assim para o desenvolvimento da música. Apesar de tudo
isto, em 323 o canto da comunidade foi violentamente atacado, visto que a música deveria ser
um privilégio exclusivo do clero. Aliás, o Concílio de Châlons proibiu, em 650, o canto das
mulheres na igreja.
De facto, nos primeiros séculos, o papel da Igreja Católica foi bem maior comparativamente
aos dias de hoje, uma vez que um dos pontos mais importantes da reforma protestante foi
precisamente a questão musical, dando livre acesso ao povo no exercício da música. Além
disto, foi especialmente difícil a luta acerca do uso de instrumentos na igreja, sendo que o uso
do órgão só foi permitido muito depois.
Havia em Roma escolas – scholae cantorum – nas quais os missionários aprendiam música.
Mais tarde, foram construídos mosteiros pela Europa inteira, destacando-se o que Santo
Agostinho fundou em Kent, na Inglaterra, em 597.
Deste modo, o poder político de Roma chega ao fim. Aliás, indica-se o ano de 476 como o
ponto crucial da história (data em que o mundo antigo desaparece para sempre). Naquela
altura, as estradas eram raras e inseguras o que por sua vez dificultava a expansão da escrita e
da música, sendo os rios os meios de comunicação. Aí perto, surgiram diversas colónias cujo
ponto central era a Abadia de São Gallo, um dos centros culturais mais importantes da época,
e onde era possível encontrar o poeta Notker Balbulus, um dos monges mais eruditos da Idade
Média. A Balbulus atribui-se diversos conhecimentos de teoria musical e ainda uma melodia
muito conhecida “Media vita”, que exprime a essência da vida monacal.
Relativamente à biblioteca do Convento de São Gallo, existem muitos manuscritos que nos
permitem saber algo sobre o cuidado severo da nossa arte naquele tempo, isto é,
compreende-se que a música, privada do seu contacto com o povo, se transformou em ciência
dura e seca e bem distante do desenvolvimento livre. Por outras palavras, esta teve um
significativo progresso teórico, no entanto, o seu desenvolvimento como arte foi quase nulo.
Sendo assim, é relevante mencionar Guido de Arezzo (995-1050), que foi autor de progressos
importantes na escrita de notas, tendo inventado a “mão de Guido” e o alfabeto musical, hoje
adotado em grande parte do mundo (Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si). Este utilizou as sílabas de um
hino que os meninos cantores entoavam a São João para as sílabas destinadas aos exercícios
de entoação.
Efetivamente, o coral gregoriano era superior, como arte, às canções e melodias de danças
populares das tribos europeias. Deste modo, esta era uma música pura, vocal, sem qualquer
cooperação instrumental, sempre monódica, sem contraponto ou acompanhamento. É claro
que, na altura, ainda não tinha surgido a conceção de “arte”, sendo que a música, a pintura e a
poesia servem apenas a Deus. Por fim, cultivava-se este canto na Capela Sistina do Vaticano e
no mosteiro dos beneditinos de Solesmes.

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