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A MÚSICA NA PRÉ-HISTÓRIA
Na sua "História Universal da música", Roland de Candé (2001) nos propõe a seguinte
sequência aproximada de eventos: 1. Antropóides do terciário - Batidas com bastões,
percussão corporal e objetos entrechocados. 2. Hominídeos do paleolítico inferior - Gritos e
imitação de sons da natureza. 3. Paleolítico Médio - Desenvolvimento do controle da altura,
intensidade e timbre da voz à medida que as demais funções cognitivas se desenvolviam,
culminando com o surgimento do Homo sapiens por volta de 70.000 a 50.000 anos atrás. 4.
Cerca de 40.000 anos atrás - Criação dos primeiros instrumentos musicais para imitar os sons
da natureza. Desenvolvimento da linguagem falada e do canto. 5. Entre 40.000 anos a
aproximadamente 9.000 a.C - Criação de instrumentos mais controláveis, feitos de pedra,
madeira e ossos: xilofones, litofones, tambores de tronco e flautas. Um dos primeiros
testemunhos da arte musical foi encontrado na gruta de Trois Frères, em Ariège, França. Ela
mostra um tocador de flauta ou arco musical. A pintura foi datada como tendo sido produzida
em cerca de 10.000 a.C. 6. Neolítico (a partir de cerca de 9.000 a.C) - Criação de
membranofones e cordofones, após o desenvolvimento de ferramentas. Primeiros
instrumentos afináveis. 7. Cerca de 5.000 a.C - Desenvolvimento da metalurgia. Criação de
instrumentos de cobre e bronze permitem a execução mais sofisticada. O estabelecimento de
aldeias e o desenvolvimento de técnicas agrícolas mais produtivas e de uma economia baseada
na divisão do trabalho permitem que uma parcela da população possa se desligar da atividade
de produzir alimentos. Isso leva ao surgimento das primeiras civilizações musicais com
sistemas próprios (escalas e harmonia).
ANTIGUIDADE
IDADE MÉDIA
Canto Gregoriano: é um tipo de canto litúrgico utilizado pela Igreja Católica Apostólica
Romana, que surgiu na Europa ainda na Idade Média. Mas, embora faça parte de rituais
antigos da igreja, até hoje é cantado por diferentes grupos musicais, religiosos ou não, de
vários lugares do mundo. Também conhecido como canto sacro, a história do Canto
Gregoriano teve início no período medieval. Ele foi institucionalizado durante o século VI, na
liturgia católica comandada pelo Papa Gregório I e foi por isso que recebeu este nome. O Papa
Gregório I esteve à frente da Igreja Católica entre os anos 590 e 604. Ele ordenou aos seus
diáconos que cantassem apenas o Evangelho, sendo que outras passagens musicais das
celebrações, ficavam sob responsabilidade de padres que eram menos graduados. O principal
objetivo era transmitir os valores cristãos e as crenças por meio do Evangelho cantado, de
forma que as missas passassem a ficar mais interessantes e atraentes para os cristãos da
época. A estratégia era parecida com a utilizada quando a igreja fazia a instalação de vitrais
coloridos, esculturas e pinturas dentro das igrejas e catedrais, ou seja, era uma forma de fazer
os cristãos se aproximarem mais da igreja. No canto gregoriano, os músicos cantavam sem o
acompanhamento de instrumentos (a cappella). É um gênero musical com raízes judaicas de
recitação salmódica. O Papa Gregório era um grande admirador da música e chegou a apoiar a
criação da Escola de Cânticos Romana, com a intenção de formar cantores profissionais. No
século IX, já havia vários vocais especialistas em cantos gregorianos. Características do Canto
Gregoriano: O canto gregoriano consiste em uma monodia. Geralmente, ele é cantado por
uma única voz ou então por um coro, a capella. As temáticas dos cantos gregorianos são
exclusivamente cristãs; O canto gregoriano é sempre cantado no Latim, língua de sua origem;
Sua estrutura costuma acompanhar a liturgia da missa católica; A acústica do ambiente é
importante para ressaltar as vozes e criar os efeitos sonoros especiais do canto gregoriano; Até
hoje não se conhece a autoria da maioria dos cantos gregorianos escritos na idade média, mas
sabe-se que eles foram escritos por monges, que viviam nos mosteiros da Europa, durante a
Idade Média; O canto gregoriano ainda é preservado e cantado por monges nos mosteiros e
igrejas. O canto Gregoriano é muito importante para a compreensão da musicalidade
enquanto elemento artístico construído ao longo da história da humanidade. Na época de sua
criação, ele era obrigatório em todo o Império Romano e conseguia transmitir emoções,
sentimentos e a religiosidade fervorosa da época através de seus elementos. Conhecer o Canto
Gregoriano é importante para a preservação da história e da cultura.
Música no Egito Antigo
No Egito Antigo, ainda em 4.000 a.C., a música era muito presente, configurando um
importante elemento religioso. Os egípcios consideravam que essa forma de arte era uma
invenção do deus Thoth e que outro deus, Osíris, a utilizou como uma maneira para civilizar o
mundo.
A música era empregada para complementar os rituais sagrados em torno da agricultura, que
era farta na região. Os instrumentos utilizados eram harpas, flautas, instrumentos de
percussão e cítara - que é um instrumento de cordas derivado da lira.
Música na Mesopotâmia
Na Ásia - em torno de 3.000 a.C. - a atividade musical prosperou na Índia e China. Nessas
regiões, ela também estava fortemente relacionada à espiritualidade.
O instrumento mais popular entre os chineses era a cítara e o sistema musical utilizado era a
escala de cinco tons - pentatônica.
Já na Índia, em 800 a.C., o método musical era o de "ragas", que não utilizava notas musicais e
era composto de tons e semitons.
Sabe-se que a cultura musical na Grécia Antiga funcionava como uma espécie de elo entre os
seres humanos e as divindades. Tanto que a palavra "música" provém do termo grego
mousikē, que significa "a arte das musas". As musas eram as deusas que guiavam e inspiravam
as ciências e as artes.
É importante ressaltar que Pitágoras, grande filósofo grego, foi o responsável por estabelecer
relações entre a matemática e a música, descobrindo as notas e os intervalos musicais.
Sabe-se que na Roma Antiga, muitas manifestações artísticas foram heranças da cultura grega,
como a pintura e a escultura. Supõe-se, dessa forma, que o mesmo ocorreu com a música.
Entretanto, diferente dos gregos, os romanos usufruíam dessa arte de maneira mais ampla e
cotidiana.
Música na Idade Média
Durante a Idade Média a Igreja Católica esteve bastante presente na sociedade europeia e
ditava a conduta moral, social, política e artística.
Naquela época, a música teve uma presença marcante nos cultos católicos. O Papa Gregório I -
século VI - classificou e compilou as regras para o canto que deveria ser entoado nas
cerimônias da Igreja e intitulou-o como canto gregoriano.
Outra expressão musical do período que merece destaque são as chamadas Cantigas de Santa
Maria, que agregam 427 composições produzidas em galego-português e divididas em quatro
manuscritos.
Uma importante compositora medieval foi Hidelgard Von Bingen, também conhecida como
Sibila do Reino.
Música no Renascimento
Já na época renascentista - que compreende o século XIV até o século XVI - a cultura sofreu
transformações e os interesses estavam voltados para a razão, a ciência e o conhecimento do
próprio ser humano.
Uma característica significativa da música nesse período foi a polifonia, que compreende a
combinação simultânea de quatro ou mais sons.
Música no Barroco
Foi um período bastante fértil e importante para a música ocidental e apresentava novos
contornos tonais, com a utilização do modo jônico (modo “maior”) e modo eólio (modo
“menor”).
O surgimento das óperas e das orquestras de câmaras também acontece nessa fase, assim
como o virtuosismo dos músicos ao tocar os instrumentos. Os maiores representantes da
música barroca foram Antonio Vivaldi, Johann Sebastian Bach, Domenico Scarlatti, entre
outros.
Música no Classicismo
Nessa época, a música instrumental e as orquestras ganham ainda mais destaque. O piano
toma o lugar do cravo e novas estruturas musicais são criadas, como a sonata, a sinfonia, o
concerto e o quarteto de cordas.
MÚSICA NO ROMANTISMO
No século XIX, o movimento cultural que surgiu na Europa foi o Romantismo. A música
predominante tinha como qualidades a liberdade e a fluidez, e primava também pela
intensidade e vigor emocional.
Esse período musical é inaugurado pelo compositor alemão Beethoven - com a Sinfonia nº3 - e
passa por nomes como Chopin, Schumann e sua esposa Clara Shumann, Wagner, Verdi,
Tchaikovsky, R. Strauss, entre outros.
BRASIL E O MUNDO
Foi também uma época de grandes descobertas e explorações, em que Vasco da Gama,
Colombo, Cabral e outros exploradores estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis
avanços se processavam na Ciência e Astronomia.
Os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana (música
não religiosa), inclusive em escrever peças para instrumentos, já não usados somente para
acompanhar vozes. No entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos
para a igreja, num estilo descrito como polifonia coral ou policoral e cantados sem
acompanhamento de instrumentos, ou seja: a cappella.
A música renascentista é de estilo polifônico, ou seja, possui várias melodias tocadas ou
cantadas ao mesmo tempo. Na Basílica de São Marcos, em Veneza, havia dois grandes órgãos
e duas galerias para coro, situadas em ambos os lados do edifício. Isso deu aos compositores a
ideia de compor peças para mais de um coro, chamadas policorais. Assim, uma voz vinda da
esquerda é respondida pelo coro da direita e vice-versa. Algumas das peças mais
impressionantes são as de Giovani Gabrielli (1555 – 1612), que escreveu corais para dois, três
ou até mais grupos.
Os Motetos eram peças escritas para no mínimo quatro vozes, cantados geralmente nas
igrejas. Os Madrigais eram canções populares escritas para várias vozes e que se caracterizam-
se por não ter refrão. De grande sucesso nas Inglaterra do século XVI, passaram a ser cantados
nos lares de todas as famílias apaixonadas por música. Até o começo do século XVI, os
compositores usavam os instrumentos apenas para acompanhar o canto. Contudo, durante o
século XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais interesse em escrever música
somente para instrumentos.
Em muitos lares, além de flautas, alaúdes e violas, havia também um instrumento de teclado,
que podia ser um pequeno órgão, virginal ou clavicórdio. No Renascimento surgiram os
primeiros álbuns de música, só para instrumentos de teclados. Muitos instrumentos, como as
charamelas, as flautas e alguns tipos de cornetos medievais e cromornes continuavam
populares, e outros, como o alaúde, passaram por aperfeiçoamentos.
Principais Compositores Renascentistas: William Byrd (1542 – 1623); Josquin des Préz (1440 –
1521); G. P. Palestrina (1525 – 1594); Giovanni Gabrieli (1555 – 1612); Cláudio Monteverdi
(1567 – 1643).
Brasil Colônia
Em 1500 a descoberta das nossas novas terras, mostraram aos portugueses e os outros
europeus, as muitas riquezas naturais, como vegetação variada, ouro, diamantes, entre outras
pedras e metais, além das vidas indígenas.
A extração, tanto do pau brasil, como de alguns minérios, fez a vegetação de parte do nosso
litoral, praticamente desaparecer em menos de 50 anos. Índios foram escravizados e outros se
tornaram “parceiros” daqueles que se sentiam donos de tudo. Foram enviados aos poucos
para o Brasil, os bandidos, os excluídos, os marginalizados. Mas também vieram pessoas
corajosas e aventureiras em busca de nova vida, novos registros, escritores e os enviados da
Igreja – os Catequizadores! Sabe-se, através de relatos escritos, pinturas e desenhos que a arte
era produzida tanto nos grupos religiosos, quanto nos grupos, nas comunidades variadas.
O padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1767 – 18 de abril de
1830) viveu a transição entre o Brasil Colônia e o Brasil Império e é considerado um dos
maiores compositores das Américas de seu tempo. Trabalhou como “mestre de capela” de D.
João, que se encantou com seu talento quando chegou ao Brasil. Em visita ao Brasil nesta
época, o compositor austríaco Sigismund Neukomm, discípulo de Haydn, ficou impressionado
com a qualidade artística de José Mauricio escrevendo um artigo publicado na Europa onde
chamava a atenção para o Mestre brasileiro.
Em meados do século XVIII, Minas Gerais viveu uma grande “corrida ao ouro”. Uma grande
quantidade de pessoas migrou para lá a fim de explorar as jazidas existentes na região de Vila
Rica (atual Ouro Preto). A riqueza gerada por essa produção de ouro acabou por criar uma
sociedade refinada nessa região, fato que propiciou o florescimento de uma arte colonial.
Artesãos como o escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, conhecido como “O
Aleijadinho”, e o pintor Manuel da Costa Ataíde produziram obras imortais: igrejas cobertas de
ouro, esculturas e pinturas no estilo maneirista então predominante em Portugal, que ficou
conhecido como “barroco mineiro”.
Assim como se produziu artes plásticas (escultura, pintura e arquitetura), produziu-se muita
música para as cerimônias religiosas e eventos especiais da corte portuguesa. A produção
musical circulava somente em manuscritos, porque o governo português proibia a impressão
de toda e qualquer obra no Brasil, fosse ela literária, didática ou artística. Essa censura fez com
que grande parte da produção musical colonial ficasse por muito tempo perdida em antigos
arquivos e baús das irmandades religiosas do interior de Minas Gerais. Já foram encontradas
partituras, pinturas e outros registros artísticos, nas regiões que estavam mais colonizadas,
naquele período, como Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
ROMANTISMO 1810 - 1910
A Revolução Francesa causou profundas transformações, não apenas políticas, mas abalou
todas as estruturas do pensamento espraiando sua influência no campo das artes, da cultura e
da filosofia, sob a forma de um surto de liberalismo que se traduzia na defesa dos Direitos do
Homem, da democracia e da liberdade de expressão. Alterando a mentalidade europeia e
modificando os seus critérios de valor. Assim a música e a arte de modo geral procuravam se
desligar da arte do passado deixando aos poucos os salões dos palácios e pondo-se mais ao
alcance da nova classe social em ascensão, a burguesia, e invadindo as salas de concerto,
conquistando um novo público ávido de uma nova estética.
Enquanto no Classicismo havia uma grande preocupação pelo equilíbrio entre a estrutura
formal e a expressividade, no romantismo os compositores buscavam uma maior liberdade da
forma e uma expressão mais intensa e vigorosa das emoções, frequentemente revelando seus
sentimentos mais profundos, inclusive seus sofrimentos.
O Romantismo surge sobre bases tonais sólidas, o período romântico é o derradeiro momento
da música tonal. Entre os traços comuns aos compositores do período podemos ressaltar a
maior liberdade de modulação e o cromatismo cada vez mais progressivo que levou os
músicos até a fronteira do sistema tonal de Bach. E é esse cromatismo que vai garantir uma
maior liberdade e expressividade a essa música “individualista” e “subjetiva”. As formas livres,
lieds, prelúdios, rapsódias, sinfonias, o virtuosismo instrumental e os movimentos nacionais
incorporam elementos alheios à tonalidade estrita do classicismo e esta lentamente se desfaz,
até chegar à beira da atonalidade com a música de Wagner (1813-1883).
A ópera
As óperas mais famosas hoje em dia são as românticas. Os grandes compositores de óperas do
Romantismo foram os italianos Verdi e Rossini e na Alemanha, Wagner. No Brasil, destaca-se
Antônio Carlos Gomes com suas óperas O Guarani, Fosca, O Escravo, etc. A orquestra cresceu
não só em tamanho, mas como em abrangência. A seção dos metais ganhou maior
importância. Na seção das madeiras adicionou-se o flautim, o clarone, o corne inglês e o
contrafagote. Os instrumentos de percussão ficaram mais variados.
A imagem que temos hoje da chamada música erudita é notadamente romântica. Não é à toa,
portanto, que nas salas de concerto, o piano seja visto como instrumento de destaque, ao lado
do violino, que também ganhou fama como instrumento solo e orquestral. No século XIX o
piano passou por diversos melhoramentos. Quase todos os compositores românticos
escreveram para este instrumento, os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn,
Chopin, Schumann, Liszt e Brahms. Embora em meio às obras destes compositores se
encontrem sonatas, a preferência era para peças curtas e de forma mais livre. Havia uma
grande variedade, entre elas, as danças como as valsas, as polonaises e as mazurcas, peças
breves como o romance, a canção sem palavras, o prelúdio, o noturno, a balada e o improviso.
Outro tipo de composição foi o étude (Estudo), cujo objetivo era o aprimoramento técnico do
instrumentista (aqui destaca-se mais uma vez os “estudos para piano”).
Com efeito, durante esta época houve um grande avanço nesse sentido, favorecendo a figura
do virtuose: músico de concerto, dotado de uma extraordinária técnica. Virtuoses como o
violinista Paganini e o pianista Liszt eram admirados por plateias assombradas.
O século XIX apresenta um novo público formado pela classe social burguesa que se interessa
pela arte intimista: obras para solista, música de câmara e representações vocais, com
acompanhamento instrumental, e a poesia de diferentes países. O canto acompanhado quer
com cravo, piano ou guitarra, possui as qualidades específicas nacionais, as que encontramos
no lied alemão, na mélodie francesa ou na canção espanhola ou inglesa. Ainda que antigo na
forma, e talvez até por isso, é imediata a identificação do público graças aos temas que essas
canções “românticas”, evocam, tão próximas aos anseios do homem burguês. Como foi
definido por Heinrich Heine, o lied é o “coração que canta, o peito que se agita”. A canção é a
expressão musical de um “estado de espírito”, impõe a primazia da paixão e dos sentimentos
sobre a razão, junto a idéia de liberdade e exaltação da natureza. Entre os lieder mais famosos
estão evidentemente os de Schubert, a exemplo de “Nacht und Träume”, considerado um dos
mais belos do autor. Schubert fez cerca de seiscentos e cinqüenta leader, nas formas mais
diversas, desde a simples canção estrófica até a cena dramática ou a cantata.
No que se refere à música coral, as mais importantes realizações dos compositores românticos
estão na forma do oratório e do réquiem (missa fúnebre). Dentre os mais belos oratórios se
incluem o “Elias”, de Mendelssohn (1809-1847), composto nos moldes de Haendel; “L´Enfance
du Christ” (A infância de Cristo) de Berlioz (1803-1869); e “The Dream of Gerontius” (O sonho
de Gerôncio) de Elgar (1857-1934), que em vez de se basear em algum texto bíblico, constitui o
arranjo de um poema religioso.
Certas Missas de Réquiem são importantíssimas e algumas mais apropriadas para serem
apresentadas em casas de concerto do que em uma igreja. O réquiem de Berlioz por exemplo,
exige uma imensa orquestra com oito pares de tímpanos e quatro grupos extras de metais,
posicionados nos quatro cantos do coro e da orquestra. O Réquiem de Verdi embora de estilo
dramático, é sincero em seu sentimento religioso. Em nítido contraste com estas obras de
caráter grande e eloquente está o calmo e sereno réquiem do compositor francês Gabriel
Fauré (1845-1924). Não podemos deixar de citar o réquiem de Brahms, considerado por alguns
como a mais bela obra coral do romantismo, composto por ocasião da morte de sua mãe. Para
essa obra, em vez de musicar o usual texto latino, Brahms (1833-1897) selecionou passagens
significativas da Bíblia.
Ainda no que se refere ao canto não se pode falar sobre romantismo sem citar a importância
da ópera, é na verdade nessa forma musical ampla e complexa, que une o canto e a
interpretação, música e teatro que está o verdadeiro destaque da mÚsica vocal no período.
Surge uma nova ópera italiana em que às artes do bel canto somam-se um forte
elemento histriônico: os cantores também têm que emocionar ou divertir o público com artes
de ator. O enredo acaba crescendo em importância. A grande ária ainda é o ingrediente
essencial, mas como centro da cena dramática. Essa nova importância do elemento teatral é a
contrribuição italiana à ópera romântica. Destacam-se autores como Rossini (1792-1868),
Bellini (1801-1835) e Donizette (1797-1848). Outras mudanças significativas: os adornos não
podem ficar à decisão do intérprete que tende a abusar deles (o que era comum no barroco);
todos devem figurar na partitura porque o brilhantismo das vozes não será desde essa altura o
único interesse das representações; a missão da orquestra vai além de simples
acompanhamento das vozes, tendo um papel bastante relevante.
A primeira reação à música lírica italiana partiu de Weber (1786-1826) que deu características
germânicas à opera inspirando-se na época medieval e na mitologia alemã. A forma vocal
oscila entre o canto propriamente dito e o Singspiel, alternando o diálogo falado com árias.
Entretanto é inovador por introduzir na ópera a essência musical popular alemã. Seu herdeiro
seria Richard Wagner (1813-1883), que em busca de uma “obra de arte integral”, criou o
Drama Musical. Este reunia a pintura, a poesia e a arquitetura, além da música. Mas, não
contente com o drama isolado Wagner compôs uma tetralogia (conjunto de quatro dramas).
As suas experiências no canto tonal deram a obra wagneriana uma tal originalidade que criou
para os demais compositores românticos um dilema, ou uniam-se à Wagner ou lutavam contra
ele. A estrutura do cromatismo wagneriano e a figura do leitmotiv levavam a música para a
beira da atonalidade, era na realidade um caminho difícil de ser seguido, um caminho sem
volta. A renovação na ópera completou-se com a ideia wagneriana de estrutura continua da
ação, de maneira que o conjunto não seja dividido apenas por uma sucessão de árias,
interlúdios, coros, duos, etc., que surgem como consequência da ação dramática, mas que não
devem partir a obra em seções prejudicando a ideia geral de unidade. Wagner é quem leva a
termo essa ideia que será acolhida não só pelos compositores de língua alemã, mas também
pelo italiano Giuseppe Verdi (1813-1901), um dos maiores autores de óperas do período
romântico, que criou as célebres “Nabuco”, “Aida”., “Rigolleto” e tantas outras que saíram da
pena do prolixo e popular compositor, que se celebrizou em pouco tempo estendendo a sua
influência a românticos de todo o mundo, incluindo Carlos Gomes (1836-1896)
Na França aporta a estrutura da grande ópera que já havia estado presente na tradição
espetacular da ópera-ballet de Lully. A mesma variedade musical do lied romântico manifesta-
se também na ópera, na complexidade dos arranjos orquestrais e na dificuldade do traçado
das linhas melódicas. Destacam-se os óperas de Meyerbeer (1791-1901) e a leveza da opereta
cômica de Offenbach (1919-1880) mais próxima do music hall.
História da música brasileira
Padre José de Anchieta catequizando índios e ensinando música aos nativos no Brasil. Recomendamos a
leitura de “Música e Religião na Colônia“, de Carlos Alberto Figueiredo, que detalha como a música sacra
era utilizada na evangelização. Além disso, filmes como “Anchieta, José do Brasil” (1977) retratam a vida
e a obra desse importante personagem da história brasileira, proporcionando um contexto visual e
emocional.
Este período também viu um declínio na influência indígena na música, à medida que as
tradições europeias começaram a dominar. A música sacra e a polifonia importada de Portugal
tornaram-se predominantes, especialmente nas áreas urbanas. No entanto, nas zonas rurais e
nas regiões de fronteira, as tradições indígenas ainda mantinham um papel significativo,
embora em constante transformação.
O domínio português trouxe consigo não apenas a música europeia, mas também abriu as
portas para o intercâmbio cultural. A chegada de africanos escravizados introduziu novos
ritmos, instrumentos e formas de expressão musical, que se entrelaçaram de maneira
complexa com as tradições já existentes. A música brasileira começou a adquirir uma
identidade mais diversificada, refletindo a mistura de povos e culturas.
Referências importantes para explorar esses gêneros incluem “A Modinha e o Lundu no Século
XVIII” de Mário de Andrade, que oferece uma análise profunda dessas formas musicais. Filmes
como “Xica da Silva” (1976) apresentam aspectos da música e da cultura afro-brasileira no
período colonial, contextualizando artisticamente o ambiente em que o lundu florescia.
Com o avançar do século XVIII, a música no Brasil continuou a evoluir, preparando o terreno
para o que eventualmente se tornaria a Música Popular Brasileira (MPB). Este gênero, embora
só venha a se consolidar plenamente séculos depois, tem suas raízes nesse caldeirão cultural
que mesclava influências de três continentes.
A evolução da música brasileira até o início do século XVIII reflete, portanto, um processo de
transformação e adaptação contínua. Cada influência cultural – indígena, africana, europeia –
contribuiu de maneira significativa para a criação de um patrimônio musical único. A história
da música brasileira é um espelho da própria história do Brasil: uma narrativa de encontros,
conflitos e sincretismos, onde a música atua como um registro vivo das transformações sociais
e culturais do país.
Para uma compreensão mais aprofundada, obras como “A Música no Brasil Colonial” de Vasco
Mariz e filmes como “O Descobrimento do Brasil“, que retrata a chegada dos portugueses e a
interação cultural subsequente, oferecem perspectivas valiosas. Peças de teatro como
“Anchieta, Padre Anchieta“, de Paulo César Pinheiro, também ilustram vividamente a
complexidade e a riqueza da história musical brasileira.
Nesse período, destacam-se figuras como o Padre José Maurício Nunes Garcia, cujas
composições refletem a fusão do Classicismo com elementos locais, além de Gabriel
Fernandes da Trindade e João de Deus de Castro Lobo, que contribuíram significativamente
para a expansão do repertório musical brasileiro.
Era do Romantismo
O Romantismo trouxe consigo Francisco Manuel da Silva, aluno de José Maurício e seu
sucessor na Capela Real. Apesar de limitações de recursos, Silva foi fundamental para o
desenvolvimento musical do Brasil, estabelecendo o Conservatório de Música do Rio de
Janeiro, conduzindo o Teatro Lírico Fluminense e a Ópera Nacional, e compondo o Hino
Nacional Brasileiro. Seu legado marca a transição para o Romantismo, um período em que a
ópera nacional floresceu.
Antônio Carlos Gomes é a figura mais emblemática dessa era. Suas óperas, como “O Guarani”
e “O Escravo”, combinavam temas nacionalistas com uma estética europeia, alcançando
aclamação em prestigiados teatros europeus, como o La Scala de Milão.
O Nacionalismo Musical
O Nacionalismo musical brasileiro teve como precursores Brasilio Itiberê da Cunha e Luciano
Gallet. Antonio Francisco Braga e Alberto Nepomuceno foram fundamentais nessa corrente,
infundindo a música nacional com ritmos e melodias folclóricas, criando uma síntese única
com estruturas europeias.
Heitor Villa-Lobos emergiu como a figura central deste movimento. Ele habilmente entrelaçou
elementos do folclore brasileiro com influências eruditas e populares, criando um estilo
distintamente brasileiro. Sua obra variada inclui desde peças para instrumentos solo, como o
violão, até composições orquestrais grandiosas. Villa-Lobos também teve um papel crucial na
educação musical brasileira, promovendo o canto orfeônico nas escolas.
Embora a música erudita receba limitado apoio oficial, o Brasil possui várias orquestras
sinfônicas e escolas de música de alto nível. Grupos de câmara e solistas têm alcançado
renome internacional, complementados por temporadas regulares de ópera em centros
culturais como São Paulo e Rio de Janeiro.
No século 17, irmandades de músicos negros e mulatos começaram a dominar a cena musical
em muitas regiões do Brasil. A influência africana na música brasileira é mais evidente na
diversidade de ritmos e estilos que fundamentaram a música popular e folclórica do século 20.
Como já comentamos, o lundu emergiu como uma das primeiras expressões significativas no
século XVII. Essa dança, trazida pelos escravos de Angola, mesclava sensualidade e humor,
embora tenha sido suavizada em Portugal. No Brasil, o lundu floresceu em sua forma original
e, eventualmente, evoluiu para uma canção urbana e uma dança de salão refinada,
incorporando instrumentos como o bandolim. Paralelamente, o cateretê, com raízes indígenas
e influências africanas, representa outra faceta antiga da dança brasileira.
Entre os séculos XVIII e XIX, a modinha, um legado português enriquecido pela ópera italiana,
assumiu protagonismo. Esta canção lírica, frequentemente estrófica e acompanhada de viola
ou guitarra, cativava por sua simplicidade e apelo emocional. Nos saraus aristocráticos, a
modinha se apresentava em versões mais elaboradas, com flautas e letras de poetas
renomados, evidenciando um cruzamento cultural entre a elite e a expressão popular.
O choro, nascido no final do século XIX, sintetiza a herança da modinha com influências de
valsas, polcas, schotischs e tangos estrangeiros. Caracterizado por sua melodia expressiva e
improvisação, o choro consolidou uma formação típica com flauta, cavaquinho e violão,
enriquecida posteriormente por outros instrumentos. Figuras como Joaquim Antonio da Silva
Calado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha são pilares
desse gênero vibrante.
No final do século XIX e início do XX, as bandas de música tiveram um papel fundamental na
difusão musical nas cidades e interior do Brasil. Estas bandas, compostas por instrumentos de
sopro e percussão, eram frequentemente conduzidas por músicos formados em instituições
como o Instituto Nacional de Música, desempenhando um papel crucial na formação musical
das comunidades locais. Elas introduziram o público a uma variedade de gêneros musicais,
desde dobrados militares a valsas, polcas, e arranjos de óperas europeias. Um exemplo notável
é a banda de música da cidade de Sousa, na Paraíba, fundada em 1902, que se tornou um
símbolo cultural local. Este fenômeno é analisado em detalhes na obra “Música nas Esferas
Públicas: As Bandas de Música no Brasil” de Martha Tupinambá de Ulhôa, que oferece uma
perspectiva histórica e sociológica sobre o impacto dessas bandas na cultura musical brasileira.
Para um retrato cinematográfico, o filme “O Maestro” de Mauro Lima, baseado na vida de
Antônio Carlos Gomes, apresenta a importância das bandas de música no cenário cultural da
época.
Projeção Internacional e Era do Rádio
A Bossa Nova, surgida no final da década de 1950, é um exemplo emblemático. Nascida nos
encontros de estudantes universitários e músicos da classe média urbana, esse movimento
inicialmente representava uma nova maneira de interpretar o samba. Com o tempo, absorveu
elementos do Jazz e do Impressionismo musical, característico de compositores como Debussy
e Ravel. Essa fusão resultou em um estilo musical intimista e sofisticado, marcado pela
suavidade vocal e pelo acompanhamento delicado de piano ou violão, com harmonias
complexas e ritmos sutis. Personalidades como Nara Leão, Carlos Lyra, João Gilberto,
Toquinho, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Maysa Matarazzo foram pilares dessa época.
Seguindo essa trajetória, os anos 60 presenciaram o samba dialogando com gêneros como o
rock e o funk. Este período foi crucial para a modernização da música popular brasileira, dando
origem a novos estilos de composição e interpretação. Surgiram movimentos significativos
como o Tropicalismo e o Iê Iê Iê, e artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo
Vandré, Edu Lobo, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia e Wanderléia
ganharam destaque.
Os anos 80 foram marcados pelo surgimento e explosão do rock brasileiro, com uma
diversidade impressionante de estilos e bandas que se tornaram icônicas, como Blitz,
Paralamas do Sucesso, Titãs, Ultraje a Rigor e Legião Urbana. Estes grupos conquistaram fãs de
diversas gerações e ainda mantêm uma presença forte na cultura musical do país.
Com a abertura cultural dos anos 90, o Brasil testemunhou a ascensão de uma variedade ainda
maior de gêneros e subgêneros musicais, refletindo a rica diversidade do país. Pagode, axé,
sertanejo, forró, lambada são apenas alguns exemplos. Essa época foi caracterizada por uma
constante inovação e surgimento de novos ritmos e estilos musicais, refletindo a efervescência
cultural das várias regiões do Brasil.
Além desses movimentos mais modernos, a música tradicional ou folclórica do Brasil merece
uma menção especial. Essa categoria abrange expressões musicais que são transmitidas de
geração em geração, mantendo-se imunes às influências dos meios de comunicação modernos
e do mercado de consumo. Ligadas a festividades, lendas e mitos regionais, essas expressões
preservam traços culturais europeus medievais, indígenas e afro-brasileiros, além de
elementos de comunidades imigrantes, como italianos, açorianos e alemães no Rio Grande do
Sul. A música praticada pelos povos indígenas, especialmente nas regiões amazônica e do
centro-oeste, onde o impacto do colonizador foi menos intenso, também é parte integrante
dessa rica tradição musical.
Além disso, o Tropicalismo, encabeçado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, trouxe uma
abordagem revolucionária, mesclando influências culturais diversas com uma crítica social
mordaz, como visto na icônica ‘Tropicália‘ e ‘Domingo no Parque‘. Esta era é magistralmente
explorada no documentário ‘Uma Noite em 67‘, que apresenta o emblemático festival de
música popular daquele ano, e no livro ‘Brasil: Uma Biografia‘, de Lilia Moritz Schwarcz e
Heloisa M. Starling, que fornece um contexto histórico e cultural profundo. Este período da
música brasileira não apenas reflete a turbulência política e social, mas também ilustra a
capacidade da música de atuar como um poderoso instrumento de resistência e mudança
social.
BIBLIOGRAFIA
CANDÉ, Roland. História Universal da Música. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
CANDÉ. Roland de. História Universal da Música. Vol. 1. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CARPEAUX, Oto Maria. O Livro de Ouro da História da Música: da Idade Média ao Século XX.
SITES CONSULTADOS:
https://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/173069
http://tiny.cc/8dvqmz/
https://www.sabra.org.br/site/canto-
gregoriano/#:~:text=Tamb%C3%A9m%20conhecido%20como%20canto%20sacro,os%20anos%
20590%20e%20604
https://www.beatrix.pro.br/index.php/o-romantismo-na-musica-1810-1910/
https://www.descomplicandoamusica.com/historia-da-musica-brasileira/