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1.

APRESENTAçÂo

Caro aluno, você que completou a análise musical 1 e 2, agora poderá


entender melhor o desenvolvimento da música através das épocas e
estilos. Lembre-se que a música é um produto cultural intrinsecamente
ligada ao seu contexto cultural e social.
Bons estudos!

Professor luís Voz Ativa


Caro aluno, você que já completou
1. A HISTóRIA MÚSICA
2. A MÚSICA NAS CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE
3. A MÚSICA NA ROMA E GRECIA ANTIGA
4. O CANTOCHÃO
5. MÚSICA MODAL
6. TROVADORISMO
7. ARS ANTIQUA
8. ARS NOVA
9. O RENASCIMENTO
10. A MÚSICA NA RENASCENÇA
11. MUSICA VOCAL
12. MUSICA INSTRUMENTAL
13. O BARROCO
14. A ÓPERA
15. O CLASSICISMO
16. O NACIONALISMO
17.MODA, TONAL E ATONAL
18. A MÚSICA DO BRASIL
19. ROCK: A ORIGEM E HISTÓRIA DO ROCK AND ROLL
20. O JAZZ
1. A HISTóRIA MÚSICA

A música é a mais antiga forma de expressão que permeia as dimensões da existência


humana, possivelmente mais antiga que a linguagem. Etimologicamente o vocábulo
música procede da língua grega “μουσική τέχνη” a arte das musas, constitui-se
basicamente de uma sucessão de sons e silêncio organizado ao longo do tempo.

É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Atualmente não
se conhece nenhuma civilização que não possua manifestações musicais próprias. A
música pode ser considerada uma forma de arte quê alimenta o ego. Embora nem
sempre seja feita com esse objetivo. Para ser compreendida é preciso um conceito claro
sobre o que é música. Contudo, á música não poderá ter uma definição objetiva, pois
conserva um caráter de abstração, o que a torna algo sem uma definição fechada ou
precisa. Uma arte Efêmera sem corpo físico flutuante no tempo e espaço.

Embora nenhum critério científico permita estabelecer seu desenvolvimento de forma


precisa, a história da música confunde-se com a própria história do desenvolvimento da
inteligência e da cultura humana. A música, como manifestação estética trata-se de uma
concepção amplamente difundida, na qual a música é entendida como uma complexa
organização dos fenómenos acústicos com o objetivo de alcançar um fim estético.
Além disso, tem presença central em diversas atividades coletivas, sejam festivas ou
rituais religiosos. Segundo alguns autores de todas às artes à música é a mais antiga,
pois, antes que o homem pudesse pintar esculpir escrever ou projetar algo, ele já podia
produzir e apreciar os sons da natureza.

Estudos arqueológicos mostram que desde a pré-história os seres humanos fabricam


instrumentos musicais. Contudo, provavelmente, o primeiro instrumento musical utilizado
pelo homem foi sua própria voz. Pode-se deduzir através de vários achados
arqueológicos que desde que o homem aprendeu a articular os primeiros sons e se
comunicar, também aprendeu a cantar e fazer música.

Isso porque desde os primórdios do homem a música estava profundamente associada


com rituais religiosos, onde os mortos eram homenageados. Deduz-se que o principal
instrumento musical dessas cerimônias fúnebres era a voz humana porque, além do som
musical, a voz humana é o único instrumento que pode articular palavras. Até hoje nas
danças rituais dos índios americanos, dos aborígenes na Austrália, dos índios brasileiros
e outros povos autóctones, o canto acompanhado por tambores e chocalhos é o fio
condutor do ritual. Devido a essa capacidade de aliar melodia (música) e mensagem
(palavra), simultaneamente, a voz humana pode ser considerada o instrumento musical
mais completo de todos. Por isso, até hoje a música cantada é privilegiada nos cultos
religiosos do mundo todo.

Além disso, a voz humana consegue fazer um “glissando” perfeito, ou seja, deslizar
cromaticamente por várias notas (como uma flauta, um violino etc.) Isso porque a voz é
um “instrumento” não temperado, ou seja, sem afinação fixa. Essa característica da voz
é, ao mesmo tempo, uma vantagem e uma desvantagem. Vantagem porque se pode
cantar qualquer melodia no tom que desejado. É desvantagem porque, por não ter
afinação fixa (temperamento), com isto o risco de desafinar com facilidade são maiores. É
impossível saber como foram produzidos os primeiros instrumentos musicais e quem teve
pela primeira vez, a ideia de usar uma cumbuca para fazer um chocalho ou de bater no
casco de uma tartaruga para conseguir algum som. A data e a origem do primeiro
aparelho considerado como instrumento musical é objeto de debates. Arqueologistas
tendem a debater o assunto referindo a validade de várias evidências como artefatos e
trabalhos culturais.

O que é notório e discutido entre os arqueólogos é que a música surgiu há muito tempo,
pois existem peças de mais de 70 mil anos a.C que provavelmente foram usadas como
tambores. A flauta primitiva quer provavelmente originou as flautas modernas, por sua
vez, é conhecida como o primeiro instrumento da humanidade, existente em todas as
culturas primitivas. Em pinturas das cavernas, que datam de 60.000 anos a.C., foram
descobertos vários desenhos de flauta e apitos. As primeiras flautas mais pareciam
apitos, pois só tinham um orifício; eram feitas da tíbia de animais ou de humanos.
Com sua evolução através dos tempos, surgiram outros instrumentos de sopro como o
oboé, o fagote e flauta doce. Há evidências de que a música é conhecida e praticada
desde a pré-história. Provavelmente a observação dos sons da natureza tenha
despertado no homem, através do sentido auditivo, a necessidade ou vontade de uma
atividade que se baseasse na organização dos sons.

A música como manifestação estética trata-se de uma concepção amplamente difundida,


como exemplo desta concepção pode ser encontrado deste o Faux-bourdon que é uma
técnica de harmonização musical usada na alta idade média e baixa renascença da
música medieval até as estruturas microcontrapontísticas de Ligeti, passando pela
elaboração expressiva dos intervalos musicais no modalismo de Monteverdi até os
estudos dos timbres com Debussy.

Definir a música não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente conhecida por
qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa
prática. Mais do que qualquer outra manifestação humana, à música contém e manipula o
som e organiza-o no tempo. Talvez por esta razão pareça que a música está sempre a
fugir a qualquer definição, pois, quando procuramos uma perfeita definição à música já se
modificou e já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Como
"arte do efémero", a música não pode ser completamente conhecida e é por isso que é
tão difícil enquadrá-la num conceito simples.

Um dos poucos consensos é que a música consiste numa combinação de sons e de


silêncios, numa sequência simultânea ou em sequências sucessivas e simultâneas que se
desenvolvem ao longo do tempo. Neste sentido, engloba toda combinação de elementos
sonoros destinados a serem percebidos pela audição. Isso inclui variações nas
características do som (altura, duração, intensidade e timbre) que podem ocorrer
sequencialmente (ritmo e melodia) ou simultaneamente (harmonia). Ritmo, melodia e
harmonia são aqui entendidos apenas no seu sentido de organização temporal, pois a
música pode conter propositadamente harmonias ruidosas (que contém ruídos ou sons
externos ao tradicional) e arritmias (ausência de ritmo formal ou desvios rítmicos).

É nesse ponto que o consenso deixa de existir. As perguntas que decorrem desta simples
constatação encontram diferentes respostas, se encaradas do ponto de vista do criador
(compositor), do executante (músico), do historiador, do filósofo, do antropólogo, do
linguista ou do amador. Contudo as perguntas a respeito. Isso inclui variações nas
características do som (altura, duração, intensidade e timbre) que podem ocorrer
sequencialmente (ritmo e melodia) ou simultaneamente (harmonia). Ritmo, melodia e
harmonia são aqui entendidos apenas no seu sentido de organização temporal, pois a
música pode conter propositadamente harmonias ruidosas (que contém ruídos ou sons
externos ao tradicional) e arritmias (ausência de ritmo formal ou desvios rítmicos).
É nesse ponto que o consenso deixa de existir. As perguntas que decorrem desta simples
constatação encontram diferentes respostas, se encaradas do ponto de vista do criador
(compositor), do executante (músico), do historiador, do filósofo, do antropólogo, do
linguista ou do amador. Contudo as perguntas a respeito da música logo nos levarão a
questão controversa: A música existe antes de ser ouvida? O que faz com que a música
seja música é algum aspecto objetivo ou ela é uma construção da consciência e da
percepção? Da diversidade de interpretações e também das diferentes funções em que a
música pode ser utilizada, conclui-se que a música não pode ter uma só definição precisa
que abarque todos os seus usos e géneros.

Todavia, é possível apresentar algumas definições e conceitos que fundamentam a


"história da música" em perpétua evolução. O campo das definições possíveis é na
verdade muito grande. Há definições de vários intelectuais pensadores e músicos,
(exenplo Schönberg, Stravinsky, Varèse, Gould, Jean Guillou, Boulez, Berio e
Harnoncourt), bem como de musicólogos como Carl Dalhaus, Jean Molino, Jean-Jacques
Nattiez, entre outros.

No entanto, quer estas tenham sido formulados por músicos, musicólogos ou outras
pessoas, dividem-se em duas grandes classes: uma abordagem intrínseca, imanente e
naturalista contra outra que a considera antes de tudo uma arte dos sons e se concentra
na sua utilização e percepção. De acordo com a primeira abordagem, a música existe
antes de ser ouvida; ela pode mesmo ter uma existência autónoma na natureza e pela
natureza. Os adeptos deste conceito afirmam que, em si mesma, a música não constitui
arte, mas criá-la e expressá-la sim. Enquanto ouvir música possa ser um lazer e aprendê-
la e entendê-la sejam fruto da disciplina, a música em si é um fenómeno natural e
universal. Consideram ainda que, por ser um fenómeno natural e intuitivo, os seres
humanos podem executar e ouvir a música virtualmente em suas mentes sem mesmo
aprendê-la ou compreendê-la.

Compor, improvisar e executar é formas de arte que utilizam o fenómeno música. Sob
esse ponto de vista, não há a necessidade de comunicação ou mesmo da percepção para
que haja música. Ela decorre de interações físicas e prescinde do humano. Para outra
corrente do pensamento humano, a música não pode funcionar a não ser que seja
percebida. Não há, portanto, música se não houver uma obra musical que estabelece um
diálogo entre o compositor e o ouvinte. Este diálogo funciona por intermédio de um gesto
musical formante (dado pela notação) ou formalizado (por meio da interpretação).
Neste grupo há quem defina música como sendo "a arte de manifestar os afetos da alma,
através do som". E se assim for, esta expressão dá-nos conta das seguintes
características da música: música é arte: manifestação estética, mas com especial
intenção a uma mensagem emocional; Música é manifestação, isto é, meio de
comunicação, uma das formas de linguagem a ser considerada, uma forma de transmitir e
recepcionar certa mensagem, entre indivíduos considerados, ou entre a emoção e os
sentidos do próprio indivíduo que entoa uma música; Música é a ideia de que o som,
ainda que sem o silêncio possa produzir música, o silêncio individualmente considerado
não produz música.

Para os adeptos desta abordagem, a música só existe como manifestação humana. É


uma atividade artística por excelência e possibilita ao compositor ou ao executante
compartilhar suas emoções e sentimentos. Sob este ponto de vista, a música não pode
ser um fenómeno natural, pois decorre de um desejo humano de modificar o mundo, de
torná-lo diferente do estado natural. E, em cada ponta dessa cadeia, existe a presença do
homem.
2. A MÚSICA NAS CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE

Entre os vestígios remanescentes das grandes civilizações da antiguidade, foram


encontrado testemunhos escritos em registros pictóricos e escultóricos de instrumentos
musicais e de danças acompanhadas por música. A cultura sumeriana, que floresceu na
bacia mesopotâmica vários milênios antes da era cristã, incluía hinos e cantos
salmodiados em seus ritos litúrgicos, cuja influência é perceptível nas sociedades
babilônica, Caldéia e judaica que se assentaram posteriormente nas áreas geográficas
circundantes.

O antigo Egito, cuja origem agrícola se evidenciava em solenes cerimônias religiosas que
incorporavam o uso de harpas e diversas classes de flautas, alcançou também alto grau
de expressividade musical.

Na Ásia onde a influência de filosofias e correntes religiosas como o budismo, o


xintoísmo, o islamismo etc. foi determinante em todos os aspectos da cultura os principais
focos de propagação musical foram àcivilizações chinesas, do terceiro milênio antes da
era cristã, e indiana. O Ocidente europeu possuía uma tradição pré-histórica própria.

É bem conhecido o papel preponderante assumido pelos druidas, sacerdotes, bardos e


poetas, na organização das sociedades celtas pré-romanas.
A tradição musical da Anatólia, porém, penetrou na Europa através da cultura grega, cuja
elaborada teoria musical constituiu o ponto de partida da identidade da música ocidental,
bastante diversa da do Extremo Oriente.

A música americana pré-colombiana possui acentuado parentesco com a chinesa e a


japonesa em suas formas e escalas, o que se explica pelas migrações de tribos asiáticas
e esquimós através do estreito de Bering, em tempos remotos. Finalmente, a cultura
musical africana não árabe peculiariza-se por complexos padrões rítmicos, embora não
apresente desenvolvimento equivalente na melodia e na harmonia. Ao redor 500 d.C.

A civilização ocidental começou a emergir do período conhecido como “A Idade Escura,”.


Durante os próximos 10 séculos, a Igreja católica recentemente emergida dominaria a
Europa, enquanto administrando justiça, instigando “as Cruzadas Santas” contra o Leste,
estabelecendo Universidades, e geralmente ditando o destino da música, arte e literatura.

Dessa forma classificou a música conhecida como canto gregoriano que era a música
aprovada pela Igreja. Muito posterior, a Universidade de Notre- Dame em Paris viu a
criação de um tipo novo de música chamada organum. Foi cantada a música secular por
toda parte na Europa pelos trovadores e trouvères de França.

E foi durante a Idade Media que a cultura ocidental viu a chegada do primeiro grande
nome em música, o de Guillaume Machaut. Diante do exposto, podemos dividir a história
da música em períodos distintos, cada qual identificado por um estilo.
Dentro de um processo lento e gradual, sempre com os estilos sobrepondo-se uns aos
outros. Mas, para efeito simples de classificação destacamos dentro da cronologia, os
períodos mais inportantes para a História da Música do Ocidente em:

M. medieval Até cerca: 1450


M. renascentista 1450-1600
Barroco 1600-1750
Classico 1750-1810
Româtico 1810-1910
Moderno 1910-1980

DESENVOLVIMENTO ESPECULATIVO NA TRAJETÓRIA DA MUSICA

Na Pré História A música surge ligada aos rituais religiosos. Apenas alguns restos de
instrumentos são conhecidos, como as flautas de falanges, datados do Paleolítico médio
(10200 a.C). No Neolítico (3000 a.C), a prática musical envolve instrumentos feitos de
argila e pele de animais. 2000 a.C. 331 a.C. No Oriente Médio há maior sofisticação na
construção de instrumentos como lira, harpa, alaúde, flauta e trombeta.

O conhecimento sobre a música da época resume-se ao que se pode deduzir da


afinação e das escalas dos instrumentos encontrados, das figuras de tocadores e de
rituais.
Algumas manifestações poético-musicais são encontradas na Bíblia, como a descrição da
orquestra de Nabucodonosor II feita por Daniel. Século VI a.C. Referências à música
aparecem nos escritos dos filósofos gregos.

Há uma vasta produção musical ligada às festividades e ao teatro, e a notação musical é


feita com a utilização de letras do alfabeto grego, o que possibilita a recuperação de
algumas composições. Pitágoras demonstra proporções numéricas na formação das
escalas musicais, na mais antiga menção a uma teoria da música na Grécia.

Séculos V a.C. No período da Antiguidade clássica, na Grécia, são cantados os


ditirambos poesia lírica que exprime entusiasmo ou delírio. Coros em honra ao deus
Dionísios. Aristogenos de tarento (354 - 300 a.C ) foi um filósofo, músico e teórico da
música grega, pertencente à escola peripatética. Funda uma nova teoria musical grega,
para a qual a base deixa de ser numérica, como o era para os pitagóricos, e passa a levar
em conta a experiência auditiva. Séculos IV a.C. I a.C.

A teoria e a música grega são compiladas pelos romanos. A tradição musical grega é
difundida por escravos vindos da Grécia, que tomam parte em exibições de lutas e
espetáculos em anfiteatros.
No Século I-VI a.C á base da música da Idade Média começa com a proliferação das
comunidades cristãs. Poucas vezes o Homem teve a sua existência tão marcada pela
espiritualidade quanto na Idade Média, e poucas vezes feliz ao tentar imprimir na arte os
sinais do invisível. Para os historiadores, não é tarefa fácil tentar determinar o período de
início e fim da Idade Média, mas as propostas mais aceitas situam essa era da História
entre a queda da Civilização Romana no século V, e o século XV, do
RenascimentoHumanista. Se aceitarmos essa hipótese, poderíamos dizer que a música
medieval, em tese, acompanha essa cronologia e que foi produzida por praticamente mil
anos.
Assim, ela nasceria com as primeiras manifestações artísticas de uma nova cultura,
fundamentada na síntese das sociedades romana e germânica, ambas articuladas pela
Igreja.
A crise dessa sociedade marcaria também o declínio da música medieval. Comparável
aos documentos históricos medievais em geral, o corpo de peças musicais do período
aumenta à medida que se aproxima o seu fim. Tal fato relaciona-se principalmente ao
desenvolvimento dos sistemas de notação musical, portanto é uma questão de registro,
não devendo se confundir com um retrato da intensidade da prática musical vigente.

O surgimento e desenvolvimento da polifonia escrita e das primeiras notações musicais


no contexto Ocidental deram-se na Idade Média. Freqüentemente, o caráter litúrgico ou
paralitúrgico e festivo ligam a música aos ritos religiosos (a exemplo do cantochão e do
calendário gregoriano), ou àqueles de reminiscência pagã (como as festas da chegada da
Primavera). É também nessa era que o amor profano se expressa em todo seu
refinamento na arte dos trovadores e que a monofonia atinge a maturidade no Ocidente.

O período da música medieval é marcado pela estrutura modal praticada nas himnodias e
salmodias, no canto gregoriano, nos organuns polifônicos, nas composições polifônicas
da Escola de Notre-Dame, na Ars Antiqua e Ars Nova e ainda na bela arte musical dos
trovadores e troveiros.
3. A MÚSICA NA ROMA E GRECIA ANTIGA

Sabe-se menos sobre a música da Roma antiga do que sobre a música da Grécia antiga.
A arte musical grega, que embora tenha deixado escassos exemplos registrados (apenas
cerca de 40 fragmentos), persiste em diversas descrições e num sistema bastante bem
desenvolvido, mas da música romana se conhecem ainda menos relíquias, e suas
características ainda permanecem em grande parte no terreno da conjetura.

Os romanos não eram muito originais no que diz respeito à arte, tendo importado a maior
parte das técnicas e referências estilísticas da Grécia, como se pode ver pelos
exemplares remanescentes de escultura e pintura. Não é possível afirmar com certeza se
isso se repetiu na música, embora seja bastante provável. Mas ao contrário dos gregos,
sabe-se que não havia uma forte associação de ética e música entre os romanos.

A despeito desta dependência, há registros sobre a largamente difundida presença de


música em todas as ocasiões da vida romana, desde em manobras militares e nos
grandes festivais, onde havia performances em larga escala que incluíam centenas de
instrumentistas e usando instrumentos de enormes dimensões, como kitharas construídas
do tamanho de carruagens, até o uso discreto e doméstico de instrumentos solo.
Concursos musicais eram comuns e a educação em música era considerada um sinal de
distinção social.

Supõe-se que eles tenham empregado em sua produção sonora o sistema grego dos
modos, e que a prática teria sido principalmente monódica. A música vocal teria imitado o
padrão grego, embora adaptado ao ritmo peculiar da prosódia latina. Igualmente não é
claro o grau de participação de outros elementos exógenos na cultura musical romana, e
pode-se imaginar que tenha havido alguma troca de influências com os etruscos,
asiáticos, africanos e povos bárbaros do norte da Europa, integrantes de regiões que com
o tempo foram sendo anexadas ao Império em expansão.

Das causas para as grandes lacunas existentes em nosso conhecimento sobre a música
romana é o desagrado com que os primeiros cristãos encaravam o teatro, os festivais e
os ritos pagãos, suprimidos assim que o cristianismo se tornou a religião oficial, junto com
sua música.

É possível que os romanos tenham imitado também o sistema notacional dos gregos para
transcrever suas composições, usando quatro letras para indicar quatro notas em
sucessão que perfaziam um tetracorde. Sinais auxiliares acima das letras indicariam a
duração e o ritmo. Não se sabe em que extensão era a tessitura adotada a sua música.

A arte do período deixou diversas representações de músicos, mas nenhum deles lê


qualquer partitura, e só foi descoberto até agora reduzidíssimo número de fragmentos
escritos, em sua maior parte procedentes do Egito helenístico, com uma variante da
notação grega tradicional, e podem mesmo ser de origem grega e não romana.

É possível que os Neumas medievais tenham evoluído da obscura notação romana


anterior. Boécio escreveu sobre música, mas seu trabalho é antes uma descrição da
música grega do que um retrato da música romana de sua época.
4. O CANTOCHÃO

Com a queda do Império Romano e a implantação do cristianismo, a igreja passa a ter um


papel fundamental para o desenvolvimento e evolução da música, pois são os monges
que, nos mosteiros e depois dos gregos, continuam a desenvolver a escrita e a teoria
musical.

São os cânticos litúrgicos vocais e de transmissão oral que fazem parte do repertório mais
usado na musica da Idade Média. Estes cantos litúrgicos variavam nas suas
interpretações consoantes o povo, a cultura, os ritos (Rito bizantino- Ásia Menor, Rito
gelasiano- Alemanha, Rito moçárabe- Espanha) e os hábitos musicais dos diversos
povos. Sentindo necessidade de unificar e de fortalecer o cristianismo, São Gregório
Magno, monge beneditino e eleito papa em 590, compilou e selecionou uma série de
cânticos litúrgicos com qualidade e dignos de culto.

Aqui Foi neste sentido que reuniu alguns cânticos já existentes e outros de sua própria
autoria em colectânea que intitulou de Antifonário. A esta forma de cantar deu-se o nome
de Canto Gregoriano, que era basicamente uma forma de oração para demonstrar o amor
a Deus.

Este canto tinha uma melodia simples que seguia o ritmo das palavras. Nesta época
começa a haver uma grande separação entre a música religiosa e a música popular. Uma
das grandes diferenças entre elas está nos instrumentos que são usados em ambas. Na
igreja apenas o órgão era permitido, enquanto que na música não religiosa ou chamada
profana usavam-se: a rabeca, o saltério, o alaúde, a charamela, a flauta, a gaita de foles,
a sanfona, a harpa, os pratos, os pandeiros, os tambores,... A língua usada nos cantos da
igreja era o Latim, enquanto que na música popular eram os dialetos próprios de cada
região. Cantochão é a denominação aplicada à prática monofônica de canto utilizada nas
liturgias cristãs, originalmente e desacompanhadas. Formadas principalmente por
intervalos próximos como segundas e terças, melodias do cantochão se desenvolvem
suavemente, sendo o ritmo baseado na prosódia dos textos em latim.

O cantochão é o principal fundamento da chamada música ocidental, sobre o qual toda a


teoria posterior se desenvolve, ao contrário de outras artes que apontam para a época
clássica da civilização Greco romana, ou até mesmo fontes anteriores. O cantochão é
também a música mais antiga ainda utilizada, sendo cantada não só em Mosteiros como
também por coros leigos no mundo todo.

Terminologia.
Surgiu por volta do século XIII para diferenciá-lo das práticas de canto com ritmo
mensurável. Certa imprecisão terminológica, porém, ainda conceitua cantochão como
sinônimo de Canto Gregoriano Isso se dá em grande parte pelo fato de que o repertório
gregoriano, quando restaurado pelo mosteiro de Solesmes, foi à prática de cantochão
tomada como padrão na Igreja Católica a partir do início do século XX, como se verá a
seguir.

Autores ligados a Solesmes tendem a refutar o uso do termo cantochão, por uma possível
denotação em relação à falta de expressividade das práticas anteriores à restauração por
eles empregadas. Recortes históricos definidos trazem um emprego terminológico mais
seguro. Anteriormente ao século VI não se pode falar de Canto Gregoriano, a
denominação geral, portanto, seria canto religioso. Denominações específicas se aplicam
aos outros repertórios em uso antes de Gregório Magno, como Canto Ambrosiano, Canto
Moçárabe ou Canto Galicano.

Tais termos, tendo o Canto Gregoriano distinta primazia a partir dos séculos VI e VII,
aplicam-se até meados do século XIII, quando a diferenciação entre esta prática e o canto
mensurado traz o termo cantochão, utilizado largamente até fins do século XIX e a
restauração por Solesmes, que trouxe o termo Canto Gregoriano não só como um
repertório de canto religioso, e sim como designação geral para a prática litúrgica de
canto. Surgido nos núcleos da Igreja em Constantinopla,

Roma, Antioquia e Jerusalém, o cantochão diversifica-se em diversos ritos como o


Ambrosiano, o Gregoriano, o Galicano, o Romano Antigo e o Rito-Moçárabe. Apesar de
se creditar a unificação dos Ritos a São Gregório Magno, só na época carolíngia esta
aconteceu, com o canto romano utilizado no império carolíngio suplantando algumas
outras formas e denominado então de Canto Gregoriano. O Canto Ambrosiano é cantado
atualmente nos arredores de Milão, e talvez ainda se cante o canto Moçárabe em Toledo.
Da Homofonia a polifonia

A trajetória da homofonia à polifonia na história da música ocidental inicia-se por volta do


ano 600 de nossa era. Por essa época, a Igreja Católica tornou-se a principal potência
política do Ocidente e, durante o papado de Gregório, o Grande, procura-se, sob a sua
liderança, unificar o canto da Igreja sobre o modelo romano, tendo-se em vista a
hegemonia católica de todo o território europeu. Esse ideal hegemônico perpassa os dois
séculos seguintes, desembocando na tentativa de unificação da liturgia por parte de
Carlos Magno.

Dois séculos depois do papa Gregório, Carlos Magno interessou-se pela unificação da
liturgia, com um duplo fim político: disciplinar o papado, sempre poderoso, e fortificar a
unidade de seu império. Impõe-se aos seus Estados um repertório de cantos de Igreja
que julga ser o verdadeiro canto prescrito por Gregório. Esse repertório de cantos foi
conhecido pela denominação de “canto gregoriano”, melodias unitárias e homofônicas
que, sob o domínio do poder eclesiástico, procuram expressar o poder político-religioso
da Igreja Católica (que durante séculos foi o único foco de criação musical).

Muito significativamente, e apesar desse pretenso controle sobre a produção musical da


época, o canto gregoriano não serve apenas aos propósitos da Igreja, deixando
transparecer também o conflito entre corpo e alma que escapa à tentativa de
absolutização, por parte do clero, do sentido estético-musical desse modelo
composicional. Essa divisão entre corpo e alma será, séculos mais tarde, uma das
principais preocupações do filósofo francês René Descartes que, através de princípios
matemáticos, lança as bases do racionalismo científico que modernizou outra visão.

Retomando a trajetória do desenvolvimento da música polifônica, durante o século X


poucas são as alterações sofridas pelo canto gregoriano, introduzindo-se apenas diálogos
entre as melodias, não se alterando, portanto, a estrutura básica homofônica deste
modelo musical.

No século seguinte percebe-se que a melodia se tornará muito mais interessante e


apreciável se uma segunda voz ascendesse ao mesmo tempo em que a voz principal
descesse, e vice-versa. Posteriormente, no século XII, o canto gregoriano é dilatado, ou
seja, coloca-se entre uma nota e outra uma melodia mais dinâmica e de ritmo mais ágil,
além de se introduzir uma diferenciação de andamento entre as várias vozes.
No século XII, prevalece um tipo de composição em que as melodias diferenciam-se e,
portanto, não são mais as mesmas nas várias vozes. Ou seja, portanto os vários
segmentos melódicos desenvolvem-se interdependentemente, necessitando-se de uma
notação musical mais rigorosa que propiciasse a valoração do tempo de cada nota. Esse
tipo de composição, ou moteto, como vieram a ser conhecidos posteriormente, constituem
o verdadeiro lançamento da música polifônica que, por sua vez, irá predominar no cenário
musical europeu de forma mais efetiva a partir do movimento denominado Ars nova, já no
começo do século XIV.

Durante esse século, as regras composicionais da música polifônica são definitivamente


estabelecidas, assim como a leis básicas de mensuração temporal da música que irá
predominar durante os quatro séculos que se seguirão, culminando no sistema tonal,
plenamente estabelecido na passagem do século XVII para o século XVIII
(significativamente, este fato coincide com a consumação do método científico
contemporâneo, consequência da aplicação empírica, com conotação científica do
modelo de metrificação temporal desenvolvido e praticado no âmbito da música ao longo
dos séculos anteriores).

O século XIV é marcado por profundas crises e transformações em praticamente todos os


setores da atividade humana, momento no qual a erudição predomina sobre o
pensamento poético e contemplativo, sendo mais empírico do que nos períodos
anteriores.

No âmbito da música, os compositores procuram tornar mais complexos os


procedimentos composicionais, assim como estabelecer, também, todas as combinações
sonoras e rítmicas possíveis. O compositor Philippe de Vitry, um cônego político de idéias
artísticas não convencionais, publica um tratado sobre composição musical chamado Ars
nova musicae, do qual deriva a denominação da música dessa época; ou seja, a Ars nova
propriamente dita. A possibilidade do surgimento dessa nova polifonia e de suas
intrincadas tramas melódicas deu-se graças aos progressos da notação musical. Um dos
compositores que mais se destacou na utilização das novas regras polifônicas foi o
francês Gillaume de Machaut, mestre de teologia e secretário do rei da Boêmia. Machaut
é extremamente cuidadoso na finalização e no acabamento de suas obras, representando
o ideal da época que era exatamente o de se ter mais esmero com o que se pretendia
criar em termos artísticos.

Procura-se, assim, a perenidade da obra de arte e, sobretudo na música, a preocupação


maior é que esta seja um monumento artístico durável que sobreviva aos infortúnios do
tempo. Uma das principais obras de Gillaume de Machaut é a Messe de Nostre Dame,
considerada uma das peças musicais mais representativas do período, cuja estrutura
composicional expressa de forma contundente o complexo jogo polifônico das várias
melodias e vozes de sua tessitura musical.
Monodia profana medieval: música dos trovadores

Durante a Idade Média, ao lado do canto gregoriano e da música polifônica, floresceu,


como expressão musical profana, a canção trovadoresca. A arte dos trovadores foi
cultivada a princípio por príncipes, condes marqueses, só mais tarde encontramos ao lado
dos nomes ilustres, alguns de origem humilde, saído da burguesia.

Há controvérsia quanto à origem do movimento trovadoresco sob os pontos de vista


clássico, que defendia a origem grega romana; eclesiástico, que atribuíam à influência da
igreja sobre as formas profanas das músicas e dos textos medievais; arabistas que
atribuíam à influência oriental através das cruzadas ou da Península Ibérica; e os
folcloristas defendem a inspiração popular.

Entretanto, é sabido que todas essas correntes fornecem apreciáveis argumentos e


provas de valor, sugerindo-nos que tenha sido um conjunto dessas influências que tenha
propiciado o surgimento deste movimento. O movimento musical dessa época (sec. IX ao
XI), iniciou-se com os bardos da alta Idade Média.

Foi o período em que floresceram as canções de gesta que exaltavam as proezas dos
tempos heróicos e vieram a constituir mais tarde os grandes poemas épicos, como a
célebre canção de Rolando, que tanta influencia exerceu sobre a epopeia Medieval.
Pouco depois, apareceram no sul da França os primeiros exemplos da poesia lírica
inteiramente cantada em língua vulgar e desenvolveu-se a arte dos trovadores. Foram
estes que promoveram, especialmente na alta aristocracia, um movimento artístico a
princípio ainda ligado à igreja, mas que logo dela se separou.

Os hinos sacros começaram a ser substituídos pelo canto heróico e, o culto a Maria, pelo
amor cortês. O primeiro trovador conhecido foi Guilherme IX de Poitiers, duque de
Aquitânia, e um dos mais célebres foi Ricardo Coração de Leão. Foi com os trovadores
que se iniciou a história documentada da música profana medieval O movimento
trovadoresco, iniciado na França, alastrou-se pela Europa através dos guerreiros que
partiam para as cruzadas, dos trovadores e jograis que visitavam cortes estrangeiras.

O movimento
Paralelamente ao canto homófono da igreja existiu uma canção homófona profana,
originada do canto gregoriano, do qual apropriou os modos. Os poetas, quase sempre
músicos, completavam as pequenas formas líricas em que vazavam o seu estro, com
singelas melodias que garantiam beleza de todo e tinham origem no canto gregoriano e
em certas tradições orais profanas, de cunho parcialmente popular. Os cantos dos
trovadores eram escritos em notas quadradas como as que até hoje são usadas no canto
gregoriano. O ritmo dependia do verso, havendo seis tipos, chamados de modos
Geralmente nobres, compunham eles mesmos a poesia e a música das suas canções,
que eram interpretadas em público aos menestréis, servos que peregrinavam de castelo
em castelo, levando seus instrumentos: alaúde viola e harpa. Eram figuras
imprescindíveis nas festas de aldeia e dos castelos.

Como no canto gregoriano, a canção popular também se transmitia oralmente.


O texto das canções era tirado das Sagradas Escrituras; a melodia, em geral, não tinha
relação com o texto. Uma mesma melodia servia para diversas letras, tomando os nomes
mais disparatados. Os instrumentos usados pelos trovadores foram numerosos e
variados. Entre os de corda, predominavam a harpa, o alaúde a cítara, a teorba e o
bandolim.

O mais comum era a vilela, espécie e viola de cinco cordas. Outros foram os saltérios, o
organistro, diferentes flautas trompa, trombone, corneta etc.
5.MÚSICA MODAL

A música modal se caracteriza pela importância dada às combinações entre as notas e a


seus resultados sonoros particulares. De acordo com a função e o texto cantado, o
compositor usa um modo escalar diferente. O fundamento da música modal é a
composição melódica, seja em uma monodia (uma só melodia) ou em uma polifonia (mais
de uma melodia, simultâneas). A música modal já era feita na Grécia antiga, onde cada
modo representava um estado de espírito, no que era conhecido como Ethos dos modos.
Também foi empregada por diversas culturas ao longo da história. Foi ainda a base da
música eclesiástica na idade média. Mesmo com o surgimento do sistema tonal, a música
modal permaneceu, sobretudo, em manifestações populares e folclóricas, sendo utilizado
também como "tempero" musical em composições tonais. A partir do romantismo, foi
retomado o interesse pela música modal na música de concerto. Diversos compositores
desse período, como Johannes Brahms se utilizaram do modalismo. Os compositores
impressionistas também se utilizaram da música modal em suas composições. Ainda na
música de concerto, a música modal despota com grande importância também na obra de
compositores nacionalistas como Béla Bartok e Zoltán Kodály (Hungria); Guerra-Peixe,
Radamés Gnattali e Villa-Lobos (Brasil). Por apresentar uma tonalidade definida, a música
modal não pode ser considerada atonal, visto que o termo música atonal designa um
rompimento deliberado com o sistema tonal, iniciado, sobretudo em fins do século XIX e
início do século XX.
Himnodias e Salmodias
A música erudita no ocidente começa com a proliferação das comunidades cristãs, entre
os séculos I e VI. Suas fontes são a música judaica (os Salmos) e a música helênica
sobrevivente na antiga Roma. As principais formas musicais são as salmodias, cantos de
Salmos ou parte de Salmos da Bíblia, e himnodias, cantos realizados sobre textos novos,
cantados numa única linha melódica, sem acompanhamento. A música não dispõe, então,
de uma notação precisa. São utilizados signos fonéticos acompanhados de neumas, que
indicam a movimentação melódica. Levando-se em conta que o sistema neumático está
para a escrita musical moderna, o que um bloco de anotações está para um livro.
Porém no século VI com a rápida expansão do cristianismo exige maior rigor do Vaticano,
que unifica a prática litúrgica romana. O papa Gregório I (São Gregório, o Magno)
institucionaliza o canto gregoriano, que se torna modelo para a Europa católica. Século XI
Guido D’Arezzo identifica a repetição regular das notas em oitavas, anotando-as sobre
uma pauta de quatro linhas na qual as ordenava de baixo para cima como graves acutae,
superacutae
.
É desse mesmo período o surgimento do minnersangers germânicos, menestréis
membros da nobreza que cantam canções de conteúdo amoroso. No sul da França
aparecem os primeiros trovadores. Século XII, a prática polifônica dá um salto com a
música escrita por compositores que atuam na Catedral de Notre-Dame. Eles dispõem de
uma notação musical evoluída, em que não só as notas vêm grafadas, mas também os
ritmos. Destacam-se compositores como Léonin e Pérotin. Séculos XIII-XIV – Surgem a
Ars Antiqua, entre 1240 e 1325, e a Ars Nova, de 1320 a 1380. Ambas têm como principal
forma de composição o motete, moldado a partir de textos cristãos não litúrgicos, que logo
são traduzidos para o francês. Na Ars Antiqua, textos de origens diferentes aparecem
cantados em contraponto, enquanto na Ars Nova tais sobreposições são mais restritas.
Uma distinção importante entre elas é a presença, na Ars Nova, de uma polifonia
resultante da notação musical mais precisa surgida a partir de 1300. Minnesang era a
tradição da lírica e canção escrita na Alemanha, que floresceu no século 12 e continuou
até o século 14. As pessoas que escreveram e realizaram Minnesang são conhecidos
como Minnesingers (Minnesänger). Os meistersanger germânicos, mestres cantores da
burguesia, substituem os minnersanger. No norte da França surgem os troveiros. Tanto os
meistersanger quanto os troveiros exercem forte influência na música e poesia medieval
européia.

Século XV Em Roma, um grupo de compositores faz música predominantemente


religiosa, fundindo elementos da escola franco-flamenga com a riqueza das melodias
italianas. A escola romana retoma o canto gregoriano na composição polifônica,
atendendo às exigências da Contra-Reforma. Seu principal representante é Giovanni
Pierluigi da Palestrina, cuja obra é modelo para as escolas posteriores. A independência
e o equilíbrio entre as vozes melódicas e a melodia agradável são ressaltados nos
tratados de contraponto polifônico de Berardi, no século XVII, e de Fux, já no século XVIII.
Séculos XVI-XVII Desenvolve-se o madrigal italiano, conjunção perfeita entre música e
texto. O madrigal é herdeiro direto das chansons francesas, que já possuíam caráter
descritivo e usavam cantos de pássaros, gritos de pregão nas ruas e a narração de
batalhas como temática. Baseia-se na prática polifônica e na homofonia nascente. A
música, inspirada pelo texto, utiliza-se de recursos sonoros para descrever as cenas que
o texto narra. Por seu caráter dramático, o madrigal é o elo entre a música modal
medieval e renascentista e a música tonal do barroco, classicismo e romantismo.

Seus principais compositores são Luca Marenzio, Andrea Gabrieli, Carlo Gesualdo di
Venosa e Claudio Monteverdi. Refletindo a preocupação dos membros da Camerata de
Florença em recriar o drama grego antigo com música, Jacopo Peri compõe a primeira
ópera-Dafne (1598 partituras extraviadas). 1660-1750 Período de auge do barroco.
Predomina a música vocal-instrumental voltada ao texto a ser cantado. É a época das
primeiras óperas, das grandes cantatas e oratórios e da fuga, definindo o início da música
tonal. A polifonia, com as vozes melódicas independentes do coro, cede lugar à
homofonia. As melodias são simples, acompanhadas, facilitando a compreensão do texto.
A música instrumental, além de pontuar as óperas com passagens instrumentais, surge
como linguagem independente, favorecendo o virtuosismo técnico. Floresce a música
para órgão, cravo e espineta: O Cravo Bem Temperado e Prelúdios e Fugas para Órgão,
de Johann Sebastian Bach; as Sonatas de Domenico Scarlatti. A música modal medieval
e suas variantes dão espaço aos dois modos tonais: o maior e o menor. As alturas notas
são organizadas em um desses dois modos, a partir de uma das 12 alturas cromáticas (as
sete notas mais suas alterações, sustenido ou bemol), as quais dão nome às tonalidades:
dó menor, dó maior, ré maior etc. Século XVIII (início) – A ópera torna-se a música mais
popular na Itália, fazendo a transição entre o barroco e o classicismo. Seu principal
compositor é Alessandro Scarlatti, pai de Domenico Scarlatti, e a cidade de Nápoles é o
centro da atividade operística, difundindo esse estilo musical que predominará nesse
século. Entre seus compositores se destacam também o alemão Georg Friedrich Haendel
(que, além das óperas, fez grande sucesso em Londres com oratórios como O Messias),
Niccolò Jommelli, compositor napolitano que serviu à corte de Lisboa, e Joseph Haydn.
Ópera, a linguagem da ópera é renovada no início do século XIX por Gioacchino Rossini e
Vincenzo Bellini com o uso de temas vindos da vida cotidiana.

Na segunda metade do século há um retorno ao drama, em obras de caráter heróico ou


mitológico, nas óperas de Giuseppe Verdi, criador das conhecidas Aida e La Traviata, e de
Richard Wagner, de Tristão e Isolda. Seguindo ainda a linguagem da música tonal surgem
as óperas de Giacomo Puccini, como La Bohème, Tosca, Madame Butterfly e a inacabada
Turandot. Richard Strauss mantém a tradição do poema sinfônico em óperas como
Salomé e Electra. Século XVIII (final) – A sonata clássica torna-se a forma musical mais
importante. Nela, os momentos de tensão e relaxamento são à base de obras para
instrumento solo e posteriormente para quartetos de cordas, trios e orquestra. Os
compositores que mais contribuem para o auge da sonata são Wolfgang Amadeus Mozart
e Joseph Haydn. Já com Ludwig van Beethoven a sonata deixa de ser um jogo de
variações sobre as melodias principais e se transforma numa profunda rede de inter-
relações entre ritmos, melodias e timbres. Junto com Franz Schubert, Beethoven realiza a
transição do classicismo para o romantismo.

Século XIX Sobre bases tonais sólidas, o período romântico é o derradeiro momento da
música tonal. Formas livres tais como prelúdios, rapsódias, sinfonismo, virtuosismo
instrumental e movimentos nacionais incorporam elementos alheios à tonalidade estrita
do classicismo. Franz Schubert compõe seu Quinteto em Lá Menor, Op. 114, mais
conhecido como quinteto A Truta, por referir-se a sua canção Die Forelle (a truta). Com as
últimas obras de Beethoven, esse será um dos primeiros passos rumo ao romantismo que
predominará por quase todo o século XIX. O período do lied (canção para voz e
instrumento), das grandes sinfonias e das grandes óperas. Frédéric Chopin inicia seus
Estudos para Piano, Op. 10, em 1829, enriquecendo o repertório para o instrumento
predominante no século XIX. Destacam-se também suas mazurcas, polonaises,
impromptus baladas. Franz Liszt abre um novo caminho para a composição musical
inaugurando o gênero poema sinfônico com sua obra para orquestra Les Preludes, de
1848-1852. Continuando o projeto de Liszt e do alemão Robert Schumann (que, além de
ampliar as possibilidades do lied e da música para piano, atua como crítico no jornal Neue
Zeitschrift für Musik), Richard Wagner leva o sistema tonal até o limiar, abrindo caminho
para a música atonal (música sem tonalidade) que predominará no século XX. Em
contrapartida, Johannes Brahms, com sua música sinfônica, representa a reiteração da
tonalidade e a retomada dos ideais clássicos.

A tonalidade também sobrevive na tradição operística francesa (Gounod, Massenet, Bizet)


e italiana (com o belcanto de Rossini, Donizetti e Bellini e as óperas de Verdi); na segunda
metade do século, Puccini leva adiante a popularidade da ópera italiana. 1890 – O francês
Claude Debussy dá o primeiro passo para o impressionismo musical com seu Quarteto de
Cordas em Sol Maior e Prelúdio à Tarde de um Fauno (1894), este último baseado em um
poema simbolista de Stéphane Mallarmé. Suas obras, influenciadas pela música oriental,
valorizam a sonoridade dos instrumentos musicais para transmitir emoções e estados de
espírito. Ao lado de Debussy atuarão compositores como Erik Satie, autor de
Gymnopédies, e Maurice Ravel que normalmente é conhecido pelo seu famoso Bolero.
Com seu ciclo de nove sinfonias, caracterizadas pela ironia, monumentalidade e ampla
exploração dos recursos orquestrais, o autor austríaco Gustav Mahler supera e esgota a
escrita tradicional no gênero.

Ao lado das sinfonias de Mahler, a produção tardia do compositor alemão Richard Strauss
(como a ópera O Cavaleiro da Rosa e o poema sinfônico Assim Falava Zaratustra) é
considerada uma das últimas expressões do romantismo. 1912-1913 – Às vésperas da I
Guerra Mundial, a Europa assiste à estréia de três obras que marcarão as mudanças na
música no século XX. De um lado A Sagração da Primavera, do russo radicado em Paris
Igor Stravinski, o trabalho mais marcante do atonalismo. Fazendo uso de elementos do
folclore, ela influenciará fortemente a música de tendência nacionalista do início do
século. De outro, o Pierrot Lunaire, de Arnold Schoenberg (mentor do grupo que ficou
conhecido como Segunda Escola de Viena), e As Seis Bagatelas, Op. 9, para quarteto de
cordas, de seu aluno Anton von Webern, obras que abrirão caminho ao dodecafonismo e
ao serialismo. Outro aluno de Schoenberg, Alban Berg, será o responsável pelas mais
bem-sucedidas óperas da estética dodecafônica: Wozzeck e Lulu.
6. TROVADORISMO

A mais antiga manifestação literária do galego-portuguesa de que se tem notícia é “Ora


faz ost´o senhor de Navarra”, escárneo político do português João Soares de Paiva,
datada por volta de 1196 ou 1198. Ao ser essa cantiga a mais antiga registada, a crítica
data destes anos o começo da lírica medieval galaico-portuguesa, se bem que já há
algum tempo fosse cultivada. Dão-se como datas simbólicas da morte abrupta desta
estética ora 1350, ano da redacção do testamento do Conde de Barcelos, ora 1354, ano
em que morre este último mecenas. Após esta época de esplendor deu-se uma etapa de
transição decadente conhecida como a Escola galego-castelhana, que tem a sua
representação em numerosos autores activos entre a segunda metade do século XIV e a
primeira do XV, recolhidos no Cancioneiro de Baena. Esta época é antesala dos Séculos
Escuros da Galiza e do Quinhentismo en Portugal.

Admite-se que a iniciativa do movimento poético-musical tenha partido do sul da França,


da Proença, cujos trovadores denominavam-se troubadours e produziam da língua d’oc,
de onde se originou a língua espanhola. Os trovadores do norte da França chamavam-se
trouvères, e produziam na língua d’oil, que se transformou na língua francesa. Eram
igualmente numerosas, cerca de 450 pessoas, embora os do norte tenham produzido
muito mais peças, de maior virilidade, dada pelo idioma menos harmonioso, e de temas
mais complexos. Os trovadores alemães chamam-se Minnesaenger e Meistersaenger,
cuja arte Meistersaenger. Interpretavam pessoalmente suas composições, que eram
longas, bem cuidadas e não simples canções populares. Usaram notação quadrada e
ritmo melódico decorrente da métrica poética.

A arte dos trovadores

A arte dos trovadores, para bem compreendidas, há que se considerar de par com o
espírito cavalheiresco medieval, com as Cruzadas e com a alma religiosa que as animou.
As canções são de várias espécies, classificadas em canções pessoais ou narrativas.
Entre as canções pessoais, temos: Canção amorosa, culto amoroso do trovador pela sua
dama. Canção política tem por objetivo o louvor, o elogio ou a censura às pessoas ou aos
fatos. Planh (lamento) canção de morte criada por ocasião da morte de um grande Tenso
disputa em torno de um assunto de galanteria, de política ou de moral, canção dialogada.
Canção das cruzadas exaltando a guerra santa e convidando a participar dela. Jogo
partido desafio poético entre interlocutores. No segundo gênero, estão colocados: Alba
música e letra com profunda influência poética, a mais erudita. Chanson de toile narração
de tristes amores pastourelle diálogo galante entre uma pastora e um cavalheiro.
Baladas, rondós, estampie breves temas separados por estribilho constante.

Importância da arte trovadoresca

Os trovadores contribuíram em muito para o desenvolvimento da arte musical. Eram os


divulgadores dos costumes e práticas musicais pelas viagens, promovendo o desenvolver
do conhecimento e dos gostos musicais; disseminação do uso dos seus movimentos
musicais; o quadramento das melodias contribui para o advento da música mensurada;
uso frequente de alterações cromáticas contribui para o surgimento das escalas
modernas.
7. ARS ANTIQUA

Todo o processo musical que se desenvolveu entre os séculos XI e XIV constitui o que
historicamente se conhece como Ars antiqua, e se caracteriza pelo nascimento da
polifonia. A polifonia originou-se na igreja da Bem-aventurada Virgem Maria, antecessora
da catedral gótica de Notre Dame, em Paris. Se o cantochão é a expressão musical da
arte românica, a polifonia é a da arte gótica. Seu surgimento deu-se de forma gradual.
Seus passos principais foram os seguintes: Organum, diafonia ou contraponto (séculos IX
e X).
A uma voz tomada do gregoriano, cantus firmus ou voz principal nela está a firme crença
da fé se opunha por baixo, à distância de cinco notas (intervalo de quinta abaixo), uma
voz totalmente paralela, chamada voz organal (vox organalis), porque atuava como um
acompanhamento de órgão à melodia principal. Para realizar ou criar o organum, a cada
som do cantus firmus deve se contrapor, ao mesmo tempo, um som da voz organal.
Como cada som se chama ponto (punctum), estabelece-se uma contraposição de pontos,
o contraponto musical. Discantus (século XI).
Se no organum a voz principal e as vozes agregadas se conduzem em um mesmo
sentido paralelas, no discantus a Vox organalis se desenvolve em um movimento
contrário: se a voz principal sobe, a voz organal baixa, e vice-versa. Conductus (século
XIII). A voz principal ou cantus firmus que se utiliza não é mais extraída do canto
gregoriano, mas criada pelo autor, que sobre ela realiza sua polifonia. Gymel e falso-
bordão.
Constitui a contribuição inglesa à polifonia. Se nos passos anteriores as vozes se
desenvolvem por movimentos a intervalos de quartas, quintas e oitavas, no gymel e no
falso-bordão admitem-se, respectivamente, os intervalos de terças e sextas. Ars Antiqua,
também chamada ars veterum ou ars Vetus, refere-se à música praticada na Europa do
final da Idade Média entre aproximadamente 1170 e 1310, cobrindo o período da escola
de Notre Dame de polifonia e os anos subsequentes que viu o início do desenvolvimento
do moteto. Normalmente, o termo é restrito à música sacra, excluindo a música secular
dos trovadores e trouveres, no entanto, por vezes, o termo é usado mais livremente para
significar toda a música europeia do século XIII, e um pouco antes. O termo ars antiqua é
usado em oposição a Ars Nova, que se refere ao período de atividade musical entre
aproximadamente 1310 e 1375.
Pérotin
Na ars antiqua quase todos os compositores foram anônimos. Contudo, dois grandes
nomes deste período foram destacados: Pérotin, também chamado de Pérotin, o Grande,
era um compositor magnifico, foi um dos poucos compositores de sua época, cujo nome
foi preservado, e pode ser seguramente ligado a composições individuais, isto devido ao
testemunho de um anônimo Inglês estudante em Notre Dame conhecido como
Anonymous IV, que escreveu sobre ele e seu predecessor Leonino. IV anônimo o chamou
de "Magister Perotinus" ("Pérotin Master").
Pérotin (c. 1160 – Paris, c. 1236) foi um compositor nascido na França, que fez parte da
Escola de Notre-Dame. Não se possui quaisquer informações biográficas acerca deste
músico genial. Sabe-se apenas que esteve ligado à nova Catedral de Notre-Dame de
Paris (cuja construção viu ser acabada) na qualidade de compositor de organa:
desempenhou, portanto, funções análogas às de mestre de capela, entre 1180 e 1230,
aproximadamente.
À volta de Perotin e de seu predecessor, Leonin, devem ter gravitado numerosos alunos
anônimos, de que foram encontradas algumas obras e que são designados pelo nome
genérico de Escola de Notre-Dame. Estes músicos cultivaram os gêneros do organum 2,
3 ou 4 partes, das quais só uma, em valores longos, retirada da literatura, tem texto), do
moteto (derivado do organum; a voz principal, ou tenor, é instrumental, sendo as vozes
organais cantadas sobre um texto, em estilo silábico) e de conductus (forma mais
rudimentar onde o tenor é, geralmente, uma melodia profana e todas as partes, menos o
triplum, em estilo silábico). Mas só se puderam atribuir, com certeza, a Perotin, 4 organas
e 4 conducti.
Leonin
Leonin (ou Leoninus) nasceu em c.1135, provavelmente em Paris. Mestre de capela da
igreja de Bienheureuse-Vierge-Marie (que em breve, viria a ser a catedral de Notre-Dame
de Paris), primeiro grande representante da Escola de Notre Dame, era considerado o
melhor compositor de organa do seu tempo. Porém Não foi encontrado qualquer
documento que pudesse estabelecer a sua biografia, nem qualquer manuscrito que lhe
pudesse ser atribuído com certeza. Morreu provavelmente em Paris, em 1201. No
período subsequente, Petrus de Cruce, um compositor de motetos, é um dos poucos cujo
nome foi preservado.
O teórico da música mais famosa da primeira metade do século 13, Johannes de
Garlandia, foi o autor do Mensurabili De Musica (cerca de 1240), o tratado que definiu e
mais completamente elucidados os modos rítmicos. Um teórico alemão de um período um
pouco mais tarde, Franco de Colônia, foi o primeiro a descrever um sistema de notação
em que as notas têm diferentes formatos completamente diferentes valores rítmicos (no
cantus Ars mensurabilis de cerca de 1280), uma inovação que teve um enorme impacto
sobre a história subsequente da música europeia.
A maior parte da música grafada sobrevivente do século 13 utiliza os modos rítmicos
como definidos pela Garlandia. A ars antiqua às vezes é dividido em dois períodos
difíceis, conhecido como o início gótico e do gótico alto. O gótico inicial inclui a música
francesa composta no Notre Dame escola até cerca de 1260, e do gótico alto todas as
músicas entre aquela época e sobre 1310 ou 1320, o início convencional da Ars Nova. As
formas de organum e conductus atingido o seu pico máximo de desenvolvimento no
gótico, e começou a declinar no gótico alto, sendo substituído pelo moteto.
8. ARS NOVA

No século XIV mudanças começaram ocorrer no campo social em busca de novas


projeções, a Europa marcada pela guerra dos cem Anos, criou caminhos para o
engendramento de outras sensibilidades em busca de maior complexidade intelectual, no
que toca a musica as novas ideias apareceram em um tratado conjuntural chamado de
Ars nova escrita por volta de 1322 pelo cônego francês Philippe de Vitry. Vitry foium
compositor e teórico cujo trabalho influenciou as práticas de composição de muitas
gerações subseqüentes.

Talvez o mais conhecido para um tratado sobre a "Arte Nova" do seu tempo, seus motetos
exibem também o uso mais antigo conhecido de isorhythm no moteto tenor. Nascido na
França, em 1291, Philippe de Vitry não era apenas um músico famoso e poeta, mas
também um bispo, administrador, diplomata e conselheiro político. Passou a maior parte
de sua vida em Paris, trabalhando nas cortes francesas de Charles IV, VI Philippe e Jean
II, mas viajou muitas vezes como parte de suas atividades diplomáticas. Em uma de suas
missões diplomáticas para Avignon, Vitry fez amizade com o grande Petrarca e se
tornaram admiradores mútuos, Vitry referindo-se a Petrarca como "o poeta real da
França."Vitry foi bastante prolífero durante o período conhecido como o Ars Nova
(aproximadamente 1315-1375).

Em seu tratado teorico detalhou um método novo e revolucionário de notação, um


método que permitiu muito maior sutileza e complexidade rítmica. Maior fluidez e
expressão na melodia, não mais derivada do gregoriano. Novos conceitos rítmicos, como
a isorritmia (igualdade de períodos rítmicos) e uma aproximação ao nosso atual
compasso. Maior coerência na sintaxe musical: frases musicais encadeadas com mais
lógica musical. Novos conceitos harmônicos, como a cadência final. Surgimento de uma
música profana, com total liberdade temática e adaptação de textos não latinos.
Maior liberdade na condução vocal, com o aparecimento de valores mais curtos.

O método foi muito para frente pensar e reflete um mundo cada vez mais secular que foi
influenciado pelas novas tecnologias e a tragédia da Peste Negra.Guillaume de Machaut
foi o principal compositor importante para Ars nova, viveu entre os anos de 1300-1377,
entrou para posteridade como um dos primeiro compositor a colocar musica em um texto
em uma missa latina.

Essa missa entrou para á historia com o nome missa de notre dame. A Messe de Notre
Dame é composta por cinco partes: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei seguidas
pela peça final Ite missa est. às três vozes que eram habituais nas obras polifónicas da
época, Machaut adicionou uma quartavoz paracontra tenor.Ao considerar o ordinário da
missa como uma unidade musical, rompe com o costume de selecionar fortuitamente as
diferentes partes de este a serem interpretadas durante o serviço religioso.

Esta unidade se logra principalmente a partir da homogeneidade estilística mais que por
qualquer recurso musical propriamente dito. As partes do Gloria e do Credo são
compostas num estilo silábico (uma sílaba por cada nota), provavelmente devido ao
tamanho dos seus textos.Não é possível saber de maneira certa a forma em que devia
ser executada a obra.

No entanto é muito provável que todas as vozes tenham sido dobradas por instrumentos.
Esta tese ésustentada devido ao estilo melódico do contra tenor, à presença de breves
interlúdios no Gloria e Credo para otenor e contra tenor e a carência de texto para essa
voz em algumas das versões manuscritas da missa, o que abre também a possibilidade
de que essas vozes tenham sido executadas exclusivamente de forma instrumental, pelo
menos durante alguns episódios da obra.

A grande facilidade de escrita proposta por vitry ao novo método de excreta propiciou o
desenvolvimento de todo um novo estilo musical, que acabou por receber o mesmo nome
Ars nova. Vigorando no século XIV. Porem surgiu uma corrente estética que defendia a
beleza autônoma da música, justificada pela maravilha que os sons em si possuem. Ou
seja, a música tinha como fim o deleite sensitivo dos sons. Produziu-se uma ruptura
quase total com o passado e a consequente agitação deu lugar à condenação eclesiástica
da nova música.

Entre os defensores da nova arte está o filósofo francês Jean de Muris (c.1291-c. 1351),
para quem “a música é, entre todas as artes, a mais doce, porque nenhuma proporciona
tanto prazer em tão breve tempo”. Com essa afirmação proclamava-se, em certa medida,
a supremacia da voluptuosidade sobre a razão. Especialmente na França e na Itália. Em
contraposição, a técnica notacional e o estilo do período precedente passaram a ser
conhecidos como Ars antiqua (arte antiga).

Suas principais distinções formais e estéticas em relação à fase anterior apareceram nos
campos do ritmo, da harmonia e da temática, sendo privilegiados os gêneros de música
profana; também foram criadas ou se popularizaram várias estruturas novas de
composição, como o moteto e o madrigal. No terreno da notação propriamente dita
aperfeiçoou-se o sistema da pauta, se modificaram desenhos e valores de várias notas e
se introduziram diversos símbolos inteiramente novos, provendo para os compositores e
intérpretes um instrumento gráfico muito mais flexível e exato para descrever e transmitir
os avanços técnicos e os crescentes e sutis refinamentos da música prática. No final do
período as inovações receberam ainda maior sofisticação, dando origem à escola
chamada Ars subtilior, a arte mais sutil.

Embora dois sistemas principais de notação houvessem emergido nos cerca de 150 anos
de prevalência dos princípios da Ars nova, um na França e outro na Itália, o sistema
italiano não foi capaz de assegurar uma penetração em larga escala, e logo desapareceu
diante da maior eficiência do sistema francês. Tantas mudanças foram o reflexo do
criativo e inquisitivo período de transição entre a Idade Média e o Renascimento, quando
o universo das primeiras fases da Idade Média, dominado quase monoliticamente pela
Igreja Católica, deu lugar a uma sociedade mais laicizada, onde a influência do
humanismo, da escolástica, de uma tendência a uma abordagem lógica e racionalista do
conhecimento, e do pensamento idealista da civilização clássica greco-romana, ora
redivivo, se tornaram forças determinantes em toda sua evolução.

O legado dessa fase de intensa atividade e renovação da música foi, na técnica, a


sistematização dos componentes essenciais do sistema de notação musical usada hoje
em dia e o lançamento das bases da polifonia a várias vozes e da harmonia moderna, e,
na estética, a libertação dos compositores de sua dependência das formas eclesiásticas
para veicular sua melhor música, possibilitando ainda que suas personalidades criativas
individuais ganhassem legitimidade e encontrassem um novo espaço de expressão. Além
disso, a Ars nova foi uma inspiração para os compositores do século XX, estimulando
pesquisas no terreno rítmico, perceptual, estrutural e harmônico que levaram à revolução
de toda a arte musical moderna e também, especificamente, à criação da técnica serial.
AS PRINCIPAIS ESCOLAS NA ARS NOVA

No início do século XIV surgiu uma corrente estética que defendia a beleza autônoma da
música, justificada pela maravilha intrínseca que os sons em si possuem. Com isto gerou-
se uma ruptura quase total com o passado e a conseqüente agitação deu lugar à
condenação eclesiástica da nova arte. A supremacia da voluptuosidade sobre a razão.

França
Na escola francesa destacam-se dois autores na Ars nova: Philippe de Vitry e Guillaume
de Machaut.

Itália
O mais conhecido compositor italiano da Ars nova foi Francisco Landino (1325-1397),
músico cego e grande organista. Suas obras são comparáveis, em frescor e
sensualidade, às da escola francesa.

Espanha
A contribuição espanhola à música da Ars nova é representada pelo Llibre Vermell, do
monastério de Montserrat. Foi copiado ao final do século XIV e sua finalidade era entreter
aos peregrinos com danças e Cânticos interpretados na igreja ou praça do monastério.
9. O RENASCIMENTO

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o


período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do
século XVII. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa
cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Seja como for, o
período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam
o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar de estas transformações
serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando
a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas
medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes,
na filosofia e nas ciências. Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e
revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as
mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista.

O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas as
noções de Renascimento como hoje o entenderam surgiu a partir da publicação do livro
de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o
período como uma época de "descoberta do mundo e do homem.” O Renascimento
cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais
centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península
Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado
pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg.

A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão,
porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na
Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e
em suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que
o termo "Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a
difusão européia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do
Maneirismo.

Além disso, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de
opiniões historicamente consagradas a respeito deste período, considerando-as
insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito mais
complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações.

O Humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento.


Baseia-se em diversos conceitos associados: Neoplatonismo, Antropocentrismo,
Hedonismo, Racionalismo, Otimismo e Individualismo. O Humanismo, antes que um
corpo filosófico é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da
evidência empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos
originais, ao contrário da escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças
entre os autores e comentaristas.

O Humanismo afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da


natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura
clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocentrista e
racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros
da vida manifesta. Seu precursor foi Petrarca, e o conceito se consolidou no século XV
principalmente através dos escritos de Marsilio Ficino, Erasmo de Roterdão, Pico della
Mirandola e Thomas More.
O brilhante florescimento cultural e científico renascentista deu origem a sentimentos de
otimismo, abrindo positivamente o homem para o novo e incentivando seu espírito de
pesquisa. O desenvolvimento de uma nova atitude perante a vida deixava para trás a
espiritualidade excessiva do gótico e via o mundo material com suas belezas naturais e
culturais como um local a ser desfrutado, com ênfase na experiência individual e nas
possibilidades latentes do homem.

Além disso, os experimentos democráticos italianos, o crescente prestígio do artista como


um erudito e não como um simples artesão, e um novo conceito de educação que
valorizava os talentos individuais de cada um e buscava desenvolver o homem num ser
completo e integrado, com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e
físicas, nutriam sentimentos novos de liberdade social e individual. Reunindo esse corpus
eclético de ideias, os homens do Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda
alguns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias da perfectibilidade e do
progresso, que na prática impulsionaram positivamente a ciência de modo a tornar o
período em foco como o marco inicial da ciência moderna.

Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção de que a história é cíclica e tem
fases de declínio inevitável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças além de
seu poder e não tem domínio completo sobre seus pensamentos, capacidades e paixões,
nem sobre a duração de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico debate teórico
entre os eruditos, recheado por fatos novos que apareciam a cada momento, que só teve
uma resolução prática no século XVII, com a afirmação irresistível e definitiva da
importância da ciência. Por um lado, alguns daqueles homens se viam como herdeiros de
uma tradição que havia desaparecido por mil anos, crendo reviver de fato uma grande
cultura antiga, e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos romanos.

Mas havia outros que viam sua própria época como distinta tanto da Idade Média como
da Antiguidade, com um estilo de vida até então inédito sobre a face da Terra, sentimento
que era baseado exatamente no óbvio progresso da ciência.

A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos,
e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a
própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das grandes
navegações, levando consigo a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia,
a engenharia, a filologia e vários outros ramos do saber a um nível de complexidade,
eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento
exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade
como uma expansão contínua e sempre para melhor.

Talvez seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que mais liga o
Renascimento à antiguidade clássica e o que melhor define sua essência e seu legado. O
seguinte trecho de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser citado para
ilustrar o espírito do Renascimento. Logo os humanistas preconizavam para a formação
do homem ideal, são de corpo e espírito, ao mesmo tempo um filósofo, um cientista e um
artista, se desenvolveram a partir da estrutura de ensino medieval do Trivium e do
Quadrivium, que sistematizavam o conhecimento da época.

A novidade renascentista não foi tanto a ressurreição da sabedoria antiga, mas sua
ampliação e aprofundamento com a criação de novas ciências e disciplinas, de uma nova
visão de mundo e do homem e de um novo conceito de ensino e educação. O resultado
foi um grande e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do intelecto e das
habilidades gerais do homem, que tinha origem na cultura greco-romana e que de fato em
parte se perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é preciso lembrar que
apesar da ideia que os renascentistas pudessem ter de si mesmos, o movimento jamais
poderia ser uma imitação literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto do
Catolicismo, cujos valores e cosmogonia eram bem diversos dos do antigo paganismo.

Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética de harmonização do


Neoplatonismo pagão com a religião cristã. Entre tantas características, o movimento
renascentista foi conhecido pela disseminação do humanismo. De forma geral, o
humanismo manifesta o interesse que os intelectuais e artistas dessa época tiveram em
tratar e explorar os assuntos que estivessem intimamente ligados à figura do homem.
Com isso, seria firmado um contraponto em que poderíamos sugerir que os
renascentistas firmavam uma clara ruptura para com os valores do pensamento medieval.

O pensamento medieval tendia a ver o homem como uma criatura vil, uma "massa de
podridão, pó e cinza", como se lê em De laude flagellorum de Pedro Damião, no século
XI. Mas quando se eleva a voz de Pico della Mirandola no século XV o homem já
representava o centro do universo, um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo,
livre, criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas de Hermes
Trismegisto "Grande milagre é o homem" e do árabe Abdala desambiguação necessária
Não há nada mais maravilhoso do que o homem” Esse otimismo se perderia novamente
no século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do
pragmatismo em Erasmo, Maquiavel, Rabelais e Montaigne, que veneravam a beleza dos
ideais do classicismo, mas tristemente constatavam a impossibilidade de sua aplicação
prática universal e testemunhavam o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das
populações e outros problemas sociais e morais do homem real de seu tempo.

Cabe notar que muitos pesquisadores consideram esta fase final não como uma etapa no
grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como um movimento distinto e
autônomo, dando-lhe o nome de Maneirismo.
10. A MÚSICA NA RENASCENÇA

O renascimento Científico deve ser entendido dentro do contexto do renascimento


Cultural, ocorrido na Europa entre os séculos XV e XVI. Foi um período marcado por
grandes avanços nas ciências, possibilitados pelos estudos e experimentos de grandes
cientistas. Contudo, o Renascimento também é compreendido pelo período da história
européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico,
especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e
difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.

Uma das marca do Renascimento em musica foi à inversão da impressão das partituras,
apartir de 1473 vários escritores passaram à partitura a técnica inventada por Rothenberg.
Em 1468 Ottaviano dei Petrucci tornou-se o primeiro editor de musica tornando assim, a
rápida difusão das obras musicais. Música renascentista refere-se à música europeia
escrita durante a renascença, ou seja, no período que vai, aproximadamente do ano de
1400 d.C a 1600 d.C. A definição do início do período renascentista é difícil devido à falta
de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. Adicionalmente, o
processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não
havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo tão cedo
quanto 1300 E. C. até tão tarde quanto 1470 E. C. A pesquisa musicológica recente,
entretanto, sugere que o conceito de início, de um modo geral, deve ser evitado, devido
às dificuldades extremas ao definir o significado e a demarcação da época para o termo.
Entretanto, é seguro se afirmar que o movimento humanista italiano revelando e
divulgando a estética das antigas Roma e Grécia, contribuiu, num nível conceitual, para
uma revalidação acelerada da música, mas sua influência direta sobre a teoria musical,
composição e interpretação é apenas sugestiva.

Em linhas gerais, a música do Renascimento não oferece um panorama de quebras


abruptas de continuidade, e todo o longo período pode ser considerado o terreno da lenta
transformação do universo modal para o tonal, e da polifonia horizontal para a harmonia
vertical. O Renascimento foi também um período de grande renovação no tratamento da
voz e na orquestração, no instrumental e na consolidação dos gêneros e formas
puramente instrumentais com as suítes de danças para bailes, havendo grande demanda
por animação musical em todo festejo ou cerimônia, público ou privado.

O Codex Squarcialupi (Biblioteca Medicea Laurenziana, Med. Pal. 87) é um manuscrito


musical iluminado compilado em Florença, na Itália, no início do século XV. É a maior
fonte de música do Trecento italiano. Mostrando Francesco Landini tocando um organetto
Luca della Robbia: Relevo para um coro, 1431-38. Museo Dell’opera Del Duomo,
Florença. Na técnica compositiva a polifonia melismática dos organa, derivada
diretamente do canto gregoriano, é abandonada em favor de uma escrita mais enxuta,
com vozes tratadas de maneira cada vez mais equilibrada. No início do período o
movimento paralelo é usado com moderação, acidentes são raros, mas as dissonâncias
duras são comuns. Mais adiante a escrita a três vozes começa a apresentar tríades,
dando uma impressão de tonalidade. Tenta-se pela primeira vez escrever música
descritiva ou programática, os rígidos modos rítmicos cedem lugar à isorritmia e a formas
mais livres e dinâmicas como a balada, a chanson e o madrigal. Na música sacra a forma
da missa se torna a mais prestigiada. A notação evolui para adoção de notas de menor
valor, e mais para o final do período passa a ser aceito o intervalo de terça como
consonância, quando antes apenas a quinta, a oitava e o uníssono o eram.
Os precursores desta transformação não foram italianos, mais franceses como Guillaume
de Machaut, autor da maior realização musical do Trecento em toda Europa, a Missa de
Notre Dame, e Philippe de Vitry, muito elogiado por Petrarca. Da música italiana dessa
fase inicial muito pouco chegou a nós, embora se saiba que a atividade era intensa e
quase toda no terreno profano, sendo as principais fontes de partituras o Codex Rossi, o
Codex Squarcialupi e o Codex Panciatichi.

Entre seus representantes estão Matteo da Perugia, Donato da Cascia, Johannes Ciconia
e, sobretudo Francesco Landini. Somente no Cinquecento a música italiana começou a
desenvolver características próprias e originais, sendo até então muito dependente da
escola franco-flamenga. O predomínio de influências do norte não significa que o
interesse italiano pela música fosse pequeno.

Na ausência de exemplos musicais da Antiguidade para serem emulados, filósofos


italianos como Ficino se voltaram para textos clássicos de Platão e Aristóteles em busca
de referências para que se pudesse criar uma música digna dos antigos. Nesse processo
um significativo papel foi desempenhado por Lorenzo de' Medici em Florença, que fundou
uma academia musical e atraiu diversos músicos europeus, e por Isabella d'Este, cuja
pequena, mas brilhante corte em Mântua atraiu poetas que escreviam em italianos
poemas simples para serem musicados, e lá a récita de poesia, assim como em outros
centros italianos, era geralmente acompanhada de música. O gênero preferido era a
frottola, que já mostrava uma estrutura harmônica tonal bem definida e contribuiria para
renovar o madrigal, com sua típica fidelidade ao texto e aos afetos. Outros gêneros
polifônicos como a missa e o moteto fazem a esta altura pleno uso da imitação entre as
vozes e todas são tratadas de um modo semelhante.

Compositores flamengos importantes trabalham na Itália, como Adriaen Willaert e Jacob


Arcadelt, mas as figuras mais célebres do século são Giovanni da Palestrina, italiano, e
Orlande de Lassus, flamengo, que estabelecem um padrão para a música coral que seria
seguido em todo o continente, com uma escrita melodiosa e rica, de grande equilíbrio
formal e nobre expressividade, preservando a inteligibilidade do texto, aspecto que no
período anterior muitas vezes era secundário e se perdia na intrincada complexidade do
contraponto.

A alta Renascença, alto Renascimento ou alto Renascentismo representa, na história da


arte, o ponto culminante da arte da Renascença italiana entre 1450 e 1527. Devido ao
Papa Júlio II ter patrocinado muitos artistas durante este tempo, o movimento foi centrado
em Roma, que anteriormente tinha sido organizado em Florença. A alta Renascença é
vista por muitos, como a maior explosão do gênio criativo da história.

A impressão de sua música se equipara à grandeza idealista da alta Renascença,


florescendo em uma fase em que o Maneirismo já se manifestava com força em outras
artes como a pintura e escultura. No final do século aparecem três grandes figuras, Carlo
Gesualdo, Giovanni Gabrieli e Claudio Monteverdi considerado o último grande
madrigalista, certamente o maior compositor italiano de sua geração, um dos grandes
operistas de todos os tempos e uma das personalidades mais influentes de toda a história
da música do ocidente. Que introduziriam avanços na harmonia e um senso de cor e
timbre que enriqueceriam a música dando-lhe uma expressividade e dramatismo
maneiristas e a preparariam para o Barroco. Monteverdi em especial é importante por ser
o primeiro grande operista da história, e suas óperas L'Orfeo (1607) e L'Arianna (1608,
perdida, só resta uma famosa ária, o Lamento) representam o nobre ocaso da música
renascentista e os primeiros grandes marcos do barroco musical.
11. Música vocal Renascentista

A Historia da Musica Renascentista: O período da Renascença caracterizou-se, na


História da Europa Ocidental, sobretudo pelo enorme interesse pelo saber e cultura,
particularmente pelas ideias e conhecimentos dos antigos gregos e romanos. Foi também
uma época de grandes descobertas e explorações, em que Vasco da Gama, Colombo,
Cabral e outros exploradores empreendiam viagens, enquanto notáveis avanços se
processavam na Ciência e Astronomia. Os compositores passaram a ter um interesse
muito mais vivo pela música profana (música não religiosa), e em escrever peças
exclusivamente para instrumentos, já não usados somente para acompanhar vozes. No
entanto, os maiores tesouros musicais renascentistas foram compostos para a igreja, num
estilo descrito como polifonia coral ou policoral e cantados sem acompanhamento de
instrumentos. A música renascentista é de estilo polifónico, ou seja, possui várias
melodias tocadas ou cantadas ao mesmo tempo.
Música vocal: Na Basílica de São Marcos, em Veneza, havia dois grandes órgãos e duas
galerias para coro, situadas em ambos os lados do edifício. Isso deu aos compositores a
ideia de compor peças para mais de um coro, chamadas policorais. Assim, uma voz vinda
da esquerda é respondida pelo coro da direita e vice-versa. Algumas das peças mais
impressionantes são as de Giovani Gabrielli (1555 – 1612), que escreveu corais para
dois, três ou até mais grupos. Os Motetos eram peças escritas para, no mínimo, quatro
vozes, cantados geralmente nas igrejas. Na música renascentista, como continuidade
histórica e artística que vinha se elaborando principalmente nos três últimos séculos da
Idade Média, atingiu seu apogeu o estilo coral polifônico a capella isto é, o canto de várias
vozes, interpretado por solistas, ou por um ou mais coros, sem acompanhamento
instrumental.
Essa música se corporificou, mediante As técnicas de contraponto, aperfeiçoadas pelas
escolas dos Países Baixos e através da influência franco-flamenga difundida por toda a
Europa. Na primeira fase da Renascença musical, destacou-se, de modo especial,
Josquin des Près (1440-1521), aluno de Ockeguem, chamado "o Príncipe dos
Compositores" e "luz da escola flamenga", considerado pelos estudiosos "a encarnação
da música renascentista”. Segundo uma observação de Lutero sobre Josquin, citada por
Kiefer, em sua obra História e Significado das Formas Musicais, "as notas tinham de
sujeitar-se à sua vontade", pois ele não era como outros mestres do canto que tinham de
se submeter à determinação das notas. Tal comentário se faz pertinente, pelo fato de que
muitos compositores permitiram que os artifícios técnicos do contraponto escravizassem a
expressão musical.
Havia em Josquin uma preocupação muito clara em traduzir musicalmente o sentido das
palavras do texto e ele o fazia de modo profundamente expressivo, tendo usado a
imitação canônica com autêntica maestria. Após a morte de Josquin, considerado
fundador da escola franco-flamenga, seus discípulos se espalharam pela Europa,
difundindo as avançadas conquistas da técnica contrapontística concretizada pelos
mestres dos Países Baixos. Assim, de acordo com o estilo musical da época, os
compositores, com liberdade determinada e precisão científica, teciam teias de diversas
melodias, que soavam independentes, num sentido horizontal, embora entrelaçadas
simultaneamente, explorando, numa trama musical, todos os recursos da imitação vocal.
Esta é a chamada textura polifônica, que contrasta com a monofônica, dotada de uma
única linha melódica, própria, por exemplo, do cantochão medieval.
Difere-se também da homofônica ou acordal que utiliza, com frequência, para todas as
vozes, o mesmo ritmo, geralmente predominando uma linha vocal mais aguda sobre as
outras que, como blocos verticais, têm a função de acompanhamento. Nas principais
formas musicais da Renascença afirmou-se a cerrada textura polifônica, em que são
concebidas as vozes horizontalmente. A escrita em acordes foi mais utilizada em canções
profa-nas que se ligavam, de modo especial, ao ritmo bem marcado da dança ou da
poesia. Tudo isto ocorria ainda dentro da linguagem modal. No entanto, através da
chamada musica ficta ou falsa, haviam sido muito ampliadas, desde o século XIV, as
perspectivas de invenção melódica.
A musica ficta consistia na possibilidade de emprego alternativo de notas "estranhas" aos
modos ou escalas básicos, mediante "acidentes" indicados no texto musical. Surgiu
também, no Renascimento, uma tendência no sentido de valorizar o uso de mais dois
outros modos ou escalas: o jonico (de dó a dó), que, posteriormente, seria chamado maior
e o eólio (lá a lá), hoje denominado "menor natural". Durante a Renascença, o compositor
trabalhava a imitação de forma diferente do compositor medieval. Na Idade Média, as
vozes eram linhas melódicas, distintas e independentes entre si, uma "contra a outra". Na
música renascentista, as imitações de cada "antecedente" trecho melódico a serem
repetidos de forma regular ou irregular, pelas demais vozes fluíam, com continuidade
muito natural, em todo o tecido musical, geralmente sem cisões, na passagem de uma
secção à outra, mesmo quando, após a imitação de um fragmento melódico por todas as
vozes, era introduzido novo antecedente que seria tratado da mesma forma.
O interesse pela música profana era intenso. A canção polifônica francesa hora
apresentava-se frequentemente naturalista, empregando, por vezes, com o intuito de
descrição, efeitos onomatopaicos e eventualmente, a métrica greco-latina, em que a
poesia condicionava o ritmo da música. Os escritores e músicos do grupo La Pléiade,
chefiados pelo poeta Ronsard sonharam em realizar uma música á maneira greco-
romana, submetida á antiga métrica rítmica. Dentre as mais grandiosas e expressivas
obras da Renascença, ressaltam-se aquelas compostas para a Igreja Católica, sobe as
formas de moteto e missa.
12. MUSICA INSTRUMENTAL
Até ao começo do século XVI, os compositores usavam os instrumentos apenas para
acompanhar o canto. Contudo, durante o século XVI, os compositores passaram a ter
cada vez mais interesse em escrever música somente para instrumentos. Em muitos
lares, além de flautas, alaúdes e violas, havia também um instrumento de teclado, que
podia ser um pequeno órgão, um virginal ou um clavicórdio. A maioria dos compositores
ingleses escreveu peças para o virginal. No Renascimento surgiram os primeiros álbuns
de música, só para instrumentos de teclados. Muitos instrumentos, como as charamelas,
as flautas e alguns tipos de cornetos medievais e cromornes continuavam populares.
Outros, como o alaúde, passaram por aperfeiçoamentos. Alguns Compositores
Renascentistas: Josquin des Préz (1440 1521), Palestrina (1525).

Transição Idade Média – Renascimento na música


Refere-se a uma divisão do tempo que engloba praticamente 1.000 anos de história do
continente europeu. Essa classificação para o período - "Média" - foi uma forma que os
homens dos séculos 14 e 15, dos reinos italianos, mostrarem que eram inovadores,
modernos, transformadores. Na idade Média a transição para o Renascimento (1400
1450) em musica, Características: Livre emprego dos intervalos de terça e sexta; Uso das
técnicas do contraponto imitativo e do cânone; A música não é tonal nem modal, é a
transição. A preocupação em compor uma música mais agradável e menos cerebral Com
características voltadas para a homogeneidade das vozes e equilíbrio, A voz principal
deixa de ser na voz grave para a voz superior, Uso da música ficta. Uso do Fauxbourdon:
técnica de composição aplicada a duas e três vozes. Duas vozes: melodia principal na
voz superior e a voz inferior apresentam intervalos de sextas paralelas intercaladas com
oitavas.

Três vozes: melodia principal no soprano e as demais vozes apresentam intervalos de


sexta e quarta justa abaixo. Presença de saltos e ornamentos (cadências) Fauxbourdon.
Chanson: composição polifônica sobre um texto profano francês. Composição a duas,
três e quatro vozes. Textura a quatro vozes (final do século XV): Cantus (melodia)
discantus/ superius (voz mais alta) – hoje soprano Contratenor altus / altus – hoje
contralto ou altotenor (tenere =sustentar) hoje tenorcontratenor bassus/ bassus – hoje
baixo. Compositores: John Dunstable ou Dunstaple (Inglaterra c. 1390 1453) Além de
compositor foi matemático e astrônomo; Trabalhou para o Duque de Bedford (1422-1425).
Obras: aproximadamente 70 conhecidas, compreendidos entre: Motetos isorrítmicos,
partes do ordinário da missa (característica: uso do cantus firmus no tenor e linha
melódica ornamentada no soprano).

Cantigas profanas.
Ducado de Borgonha: nobres ricos e subordinados ao rei (França) que gostavam de arte
e contratavam artistas (pintores, músicos etc) para trabalhar nas capelas e nos
divertimentos da corte (festas). Borgonha: região que compreende atualmente a Bélgica e
o extremo nordeste da França. Nobres: Felipe, o Bom (reinado: 1419-1467); Carlos, o
Temerário (reinado: 1467 – 1477)

A corte borgonhesa reuniu um número significativo de músicos e compositores, formando


a chamada Escola franca flamenga. As obras dos compositores patrocinados pelas cortes
borgonhesas influenciaram outros centros musicais europeus (Roma, Inglaterra etc).

Influenciados pela obra de John Dunstable os compositores da Escola franco-flamenga


irão influenciar por um longo tempo a música renascentista. Escola franco-flamenga
(principais compositores): Guillaume Dufay (Bélgica, c.1400-1474). Gilles
Binchois(Bélgica, 1400 – 1460). Principais composições do período borgonhês: missas;
magnificats; motetos chansons.
13. O BARROCO

O século XVII trouxe à música a revolução mais profunda desde aquela promovida pela
Ars nova no século XIV, e talvez tão importante quanto a que foi implementada pela
música moderna no século XX. É certo que tais mudanças não surgiram do nada e
tiveram precursores, e demoraram anos até serem absorvidas em larga escala, mas em
torno do ano 1600 se apresentaram obras que constituem verdadeiro marcos de
passagem. Esse novo espírito requereu a criação de um vocabulário musical vastamente
expandido e uma rápida evolução na técnica, especialmente a vocal.

As origens do Barroco musical estão no contraste entre dois estilos nitidamente


diferenciados, a chamada prima prattica, o estilo geral do século XVI, e o seconda
prattica, derivado de inovações na música de teatro italiana. Na harmonia, outra área que
sofreu mudança significativa, abandonaram-se os modos gregos ainda prevalentes no
século anterior para adotar-se o sistema tonal, construído a partir de apenas duas
escalas, a maior e a menor, que encontrou sua expressão mais típica na técnica do baixo
contínuo.

Além disso, se instalou a primazia do texto e dos afetos sobre a forma e a sonoridade; o
contraponto e os estilos polifônicos, especialmente na música sacra, sobreviveram, mas
descartaram texturas intrincadas onde o texto se torna incompreensível, como ocorria no
Renascimento; iniciou-se a teorização da performance com tratados e manuais para
profissionais e amadores; foram introduzidas afinações temperadas e formas
concertantes; o baixo e a melodia assumem um lugar destacado na construção das
estruturas; a melodia buscou fontes populares e a dissonância passou a ser empregada
como recurso expressivo; as vozes superior e inferior foram enfatizadas; às sonoridades
interválicas sucederam as acórdicas, e escolas nacionais desenvolveram características
idiossincráticas.

Entretanto, assim como nas outras artes, o Barroco musical foi uma pletora de
tendências distintas; George Buelow considera que a diversidade foi tão grande que o
conceito perdeu relevância como definição de uma unidade estilística, mas reconhece que
o termo se fixou na musicologia. No terreno da simbologia e linguagem musical, foi de
grande importância o desenvolvimento da doutrina dos afetos, propondo que recursos
técnicos específicos e padronizados usados na composição podiam despertar emoções
no ouvinte igualmente específicas e comuns a todos.

A doutrina teve sua primeira formulação no final do Renascimento através do trabalho de


músicos florentinos que estavam engajados na ressurreição da música da Grécia Antiga e
que foram os fundadores da ópera. De acordo com sua interpretação de idéias de Platão,
procuravam estabelecer relações exatas entre palavra e música. Para eles uma ideia
musical não era somente uma representação de um afeto, mas sua verdadeira
materialização. Os recursos técnicos da doutrina foram minuciosamente catalogados e
sistematizados por vários teóricos do Barroco como Athanasius Kircher, Andreas
Werckmeister, Johann David Heinichen e Johann Mattheson. Mattheson escreveu com
especial detalhe sobre o assunto em seu Der vollkommene Capellmeister (O perfeito
mestre de capela, 1739).

Como exemplo, disse que os intervalos amplos suscitavam alegria, e a tristeza era
despertada por intervalos pequenos, a fúria se descrevia com uma harmonia rude
associada há um tempo rápido. A doutrina teve uma aplicação particularmente importante
no desenvolvimento da ópera. A opera se estruturava sobre diversas convenções, e as
árias se construíam sobre modelos padronizados para cada tipo de emoção a ser
ilustrada. Por exemplo, árias de fúria tipicamente eram em tempos rápidos com muitas
vocalizações em coloratura, intervalos amplos e tempos rápidos, frequentemente na clave
de ré menor, enquanto que árias de amor muitas vezes eram compostas em lá maior. Tais
convenções eram tão padronizadas que se por qualquer motivo um cantor não apreciasse
de certa ária composta para ele podia sem maiores problemas substituí-la por outra de
sua preferência, de outra fonte, desde que expressasse o mesmo afeto.

Música vocal
Interior de uma casa de ópera do século XVIII Jean Le Pautre: Apresentação de Alceste,
de Jean-Baptiste Lully, no Pátio de Mármore do Palácio de Versalhes, 1674 Capa da
primeira edição da ópera Giulio Cesare, de Haendel Entre os gêneros vocais teve um
papel importante à forma policoral com estruturas antifonais, os chamados cori spezzati,
desenvolvida por Andrea Gabrieli e Giovanni Gabrieli em Veneza, na passagem do século
XVI para o século XVII, estabelecendo precedentes para os gêneros concertantes vocais
e instrumentais e inovando nas técnicas polifônicas.

Mas possivelmente a mais influente e seminal forma vocal a se desenvolver no Barroco


foi à ópera, o mais ambicioso projeto de exploração dos efeitos dramáticos em música,
com o auxílio de representação cênica e requintadas cenografias. Os precursores da
ópera foram os florentinos Giulio Caccini e Jacopo Peri, cuja ópera Euridice (1600),
composta conjuntamente, é a mais antiga que sobreviveu, mas o primeiro grande
expoente foi o veneziano Claudio Monteverdi, que em 1607 apresentou seu L'Orfeo,
seguido de várias outras composições importantes e influentes, como L'Arianna e
L'Incoronazione di Poppea. Suas óperas, como todas as de sua época, fizeram face ao
desafio de estabelecer uma unidade coerente para um paradoxo de origem - a tentativa
de criar uma representação realista num contexto artístico que primava pelo artificialismo
e convencionalismo.

Para Ringer as óperas de Monteverdi foram uma resposta brilhante para esse desafio,
estão entre as mais pura e essencialmente teatrais de todo o repertório sem perder em
nada suas qualidades musicais, e foram à primeira tentativa bem sucedida da ilustração
dos afetos humanos em música numa escala monumental, sempre amarrada a um senso
de responsabilidade ética. Com isso ele revolucionou a prática de seu tempo e se tornou
o fundador de toda uma nova estética que teve uma influência enorme em todas as
gerações de operistas posteriores.

Enquanto Monteverdi desenvolvia a parte final de sua carreira em Veneza, Roma e


Nápoles também patrocinavam uma rica atividade operística, introduzindo outras
novidades: um uso mais frequente do coro, introdução de intermezzi dançados entre os
atos, e a adoção de uma abertura em estilo de canzona.
A ópera logo ganhou ampla aceitação, e o gosto popular passou a influir sobre os
compositores, utilizando melodias populares e cenárias suntuosas e engenhosas, com
maquinismos cênicos para efeitos especiais e aberturas no estilo de fanfarras. O desejo
da audiência por melodias facilmente memorizáveis e cantáveis possibilitou a progressiva
distinção entre árias e recitativos

No início do século XVIII fixou-se a fórmula da opera seria cuja dramaturgia se


desenvolveu em boa parte como uma resposta à crítica francesa daqueles que
frequentemente era vistos como "libretos impuros e corrompedores". Como resposta, a
Accademia dell’arcadia, sediada em Roma, buscou retornar a ópera italiana aos princípios
clássicos, obedecendo às unidades dramáticas de Aristóteles e substituindo tramas
"imorais" por narrativas altamente moralistas, que buscavam instruir, além de entreter. No
entanto, os finais quase sempre trágicos do drama clássico eram rejeitados, por motivos
de decoro; os principais autores de libretos da opera seria como Apostolo Zeno e Pietro
Metastasio acreditava que a virtude devia ser recompensada, e mostrada triunfando. Os
episódios cômicos e o balé, comuns na ópera francesa, foram banidos, mas foram o
período áureo dos solistas vocais virtuosos, especialmente os castrati.

Ainda no século XVII ópera se difundiu para a França, onde se adaptou à tradição da
tragédia e do balé e formou a chamada tragédia lírica, que se tornou uma instituição
nacional. Na França a abertura italiana se transformou em uma peça mais consistente, a
chamada abertura francesa, com uma seção em fugatto.

Os mestres da tragédia lírica foram Jean-Baptiste Lully e Jean-Philippe Rameau. Na


Alemanha a ópera não foi tão popular, mas não obstante recebeu atenção em várias
cidades importantes, como Hamburgo, Munique e Dresden. Na Áustria, Viena foi um
grande centro operístico, e em toda a área germânica a influência italiana foi
predominante, com destaque para os compositores Reinhard Keiser, Niccolò Jommelli,
Georg Philipp Telemann e Johann Adolph Hasse. Na Inglaterra a situação era semelhante
à da França, podendo desenvolver um estilo nacional com Henry Purcell e John Blow
antes dos italianos, ou italianizado como Handel, dominarem a cena no século XVIII. Os
operistas napolitanos também ajudaram a desenvolver outro gênero de música vocal
dramática, a cantata, para voz solo com acompanhamento instrumental. Giacomo
Carissimi consolidou o gênero num modelo compacto, com duas ou três árias
entremeadas de recitativos, forma levada adiante por vários outros compositores e
introduzida na França por Marc-Antoine Charpentier.

Em virtude da progressiva diluição dos limites entre os gêneros sacros e profanos, logo a
cantata foi adotada como veículo de temas religiosos, originando a cantata sacra. Nesta
forma foi muito popular nos países germânicos, onde se tornou parte integrante do culto
luterano. Seu maior cultivador foi Johann Sebastian Bach, mas também se dedicaram ao
gênero Dietrich Buxtehude e Johann Kuhnau. Paralelamente à evolução da ópera, surgiu
o oratório, o seu equivalente sacro, e a paixão, também semelhante. Emilio de' Cavalieri é
tido como o fundador do oratório com sua Rappresentazione di anima e di corpo, estreada
em Roma em 1600, e Carissimi, Alessandro Scarlatti, Heinrich Schütz e Georg Friedrich
Handel deram importantes contribuições à expansão da forma.
14. A ÓPERA
A dificuldade para se compreender o texto cantado em meio à complexa escrita polifônica,
não preocupou a penas os religiosos no conselho de Trento, mais muitos artista de
Florença quer ficaram inquietos. Porem no final do século XVI tentou-se Recriar a unidade
entre musica e drama que imaginavam ter no teatro grego antigo. Voltaram à antiguidade
clássica buscando novos modelos estítico. Baseado nesta perspectiva, estes
pesquisadores da arte não reformularam como imaginavam o teatro grego, criaram uma
nova forma de musica A ópera.

Nos tempos medievais, o acompanhamento musical fazia parte de todas as peças


teatrais, e também era usado pelos trovadores como um arranjo para suas óperas
pastoris, dentre as quais destacasse "Le Jeu de Robin et de Marion" de Adam de la Halle.
Mas a forma da ópera que se desenvolveu e se transformou no drama musical de nossos
dias, surgiu em Florença no final do Renascimento, devido aos esforços de um grupo de
nobres florentinos conhecidos como a "Camerata". A primeira obra, intitulada "Dafne", de
Peri e Rinuccini, foi composta em 1597 cuja partitura foi perdida no tempo. Mais a
primeira realização importante do gênero estreitou em 1607 na Itália, A ópera La favola d
´orfeo de Claudio Montoverdi. Incensada a ter hoje nos mais importantes centros de ópera
do mundo.

Caccini contribuiu também com alguns números musicais para essa obra, e no mesmo
ano arranjou todo o libreto para uma partitura própria. Mas como "Dafne" foi perdida, na
realidade a primeira ópera foi "Eurídice", escrita pelos mesmos compositores para as
bodas de Henrique IV e Maria de Médicis, em 1600. O principio fundamental sobre o qual
foi escrita esta ópera era que o desenrolar dramático e a interpretação tiveram o mesmo
tratamento de importância. Com o surgimento da ópera, a música não ficou unicamente
relegada à polifonia do contraponto da escola secular, e isso revela a imediata
popularidade que obteve essa nova forma. No fim do século XVII se estabeleceram
diversos teatros de ópera em várias cidades da França e da Itália. Os centros de
atividades no campo da ópera se concentraram em Viena e Hamburgo, sendo um dos
teatros mais antigos da Alemanha o da cidade de Bayreuth, a pequena cidade que mais
tarde seria famosa pela construção do teatro para as festividades dos dramas de Richard
Wagner.

A escola mais importante foi a de Veneza, onde provavelmente surgiu o primeiro gênio da
ópera, Monteverdi (1567-1643). Monteverdi nasceu em Cremona e foi um dos primeiros
membros da sociedade "Os Filarmônicos de Bologna", a qual realizou notáveis
progressos na arte musical e contribuiu com o crescimento do drama lírico com suas duas
óperas “Arianas” e "Orfeo".

Em "Orfeo" (1607), Monteverdi escreveu o primeiro dueto. Em 1634 introduziu nos


violinos da partitura de "Il Combatimento di Trancredi i Clorinda" o trêmulo para descrever
a agitação durante a cena do duelo e o pizzicato para representar os golpes das espadas.
Seu discípulo, Cavalli (1599-1676) aperfeiçoou o estilo de Monteverdi, agrupando várias
vozes em duetos, tercetos e quartetos, e dando aos coros um lugar de importância
secundária. Cavalli introduziu, também, os elementos cômicos. Contemporâneos de
Cavalli, encontramos Carissimi (1604-1674), de Roma, que se distinguiram notavelmente
nos oratórios. Seu discípulo Cesti (1620-1669), introduziu na escola veneziana o estilo do
oratório de Carissimi. Só que o público já clamava pela forma implantada por Cavalli, e
por isso Cesti dividiu a ópera em duas classes: A ópera séria e a ópera bufa. A ópera bufa
deve distinguir-se da ópera cômica, produzida mais tarde na França, na qual o diálogo é
falado. Na ópera cômica a ação não é necessariamente cômica, como podemos ver
exemplos em "Les Deux Journées", "Carmen", etc. "O Barbeiro de Sevilla", de Rossini, é
um exemplo de ópera bufa.

A ópera séria se apresentava muito elaborada, apresentando várias cenas diferentes, sem
se importar com o efeito dramático, e a estas cenas se somavam grandes coros sem
nenhuma razão também dramática. A orquestra era meramente um acompanhamento,
trazendo, por vezes, como resultado algumas situações um tanto absurdas. A ópera bufa
era de caráter ligeiro e burlesco. Mantinha grande parte do efeito dramático, mas
freqüentemente se convertia em vulgar e comum. O diálogo se mantinha por meio de
recitativos, problema mais tarde resolvido com a introdução de árias, duetos e corais.
Esse estilo de ópera se tornou muito popular em Nápoles, que dava aos cantores maiores
oportunidades para exibir suas técnicas vocais.

Nessas óperas sempre havia seis personagens; três de cada sexo, todos amantes.
Constava de três atos, cada um terminando com uma ária. Um mesmo personagem não
podia ter duas árias sucessivas, e nenhuma dessas árias poderia ter como sucessão
outra da mesma classe. As árias principais se empenhavam para terminar o primeiro e o
segundo atos. O segundo e terceiro atos continham cada um pelo menos um dueto para o
herói e a heroína, mas não se encontravam trios nem números concertantes.
Stradella (1645-1681) empregou os métodos de Carissimi em todas as suas obras; mas a
grande importância da Escola Napolitana se deve aos esforços de Scarlatti (1659-1725)
que conecta a severa escola do contraponto e a escola livre do bel canto. Com Scarlatti a
melodia adquire maior fluência e graça, e as árias tomam uma forma definida de recitativo
e ária.

Scarlatti passou a usar também a forma de Abertura. Os que seguiram os passos de


Scarlatti foram: Porpora (1686-1766); Durante (1684-1755), que teve vários ilustres
pupilos, incluindo entre eles Logroscino (1700-1763), o inventor do que se chamou
concertante final. Piccini (1728-1800) desenvolveu ainda mais esta forma. Foi um dos
compositores mais salientes da ópera durante o período de Glück em Paris. Em Nápoles
surgiu Pergolesi (1710-1736), que escreveu uma obra notável, "La serva Padrona";
Jommelli (1714-1785), chamado o Glück italiano; Galuppi (1706-1785), chamado "o pai da
ópera bufa". Nessa época o maior expoente na ópera séria foi Bononcini (1660-1750).

O primeiro compositor alemão notável foi Händel. Sua primeira ópera foi escrita para
Hamburgo, mas no ano de 1706 seu mudou para a Itália, onde se dedicou ao estilo da
Escola Italiana. Händel escreveu quarenta e duas óperas, mas mesmo com suas
múltiplas belezas, há muito desapareceram do cenário musical. Händel viveu de 1685 a
1759. A primeira ópera francesa foi apresentada em 1659, composta por Perrin (1620-
1675), mas a Escola Francesa permaneceu estagnada até o surgimento de Lully (1632-
1687). A maior parte de suas obras foi inspirada nas obras de Molière.

Em suas óperas, Lully procurava seguir o texto e adaptar as musicas com as obras, mas
sem empregar árias, duetos ou adornos para ajudá-lo na linha musical. Rameau (1683-
1764) seguiu as tradições de Lully, mas como possuía um conhecimento mais amplo do
lado técnico de sua arte, deu à orquestra um método, todavia mais rico e original de
tratamento, introduzindo muitos novos efeitos, realmente originais. Mas a grande
importância de Romeau está na influência que sua música exerceu sobre Glück.
Glück (1714-1787) foi o primeiro reformador do drama lírico. Ele nasceu na Áustria, perto
de Viena, mas seus primeiros estudos das formas operísticas se deram na Itália. Depois
de obter considerável fama na produção de óperas italianas convencionais, foi para a
Inglaterra. Mas não satisfeito com as condições lá existentes para a ópera e
compreendendo que necessitava de maiores estudos, resolveu visitar Paris, onde se
sentiu muito atraído pelas obras de Romeau.

Ao voltar a Viena se dedicou novamente a sérios estudos, tendo sempre em mente o


desejo de estabelecer uma relação mais íntima entre a música e o drama. Em 1762
estreia "Orfeu", ópera em que coloca em jogo muitas de suas teorias. Mas somente com a
produção de "Alceste", em 1767, que ele passou a ser considerado um dos principais
compositores de drama lírico do mundo. No prefácio de "Alceste", Glück admite que estes
princípios sejam as ideias fundamentais sobre as quais se formou o drama lírico e declara
quer serão a base para todas as próximas óperas.

Depois vieram Mozart, com suas óperas notáveis: "O Rapto do Serralho", "As Bodas de
Fígaro", "Don Giovanni", "Cosi fan Tutte", "A Flauta Mágica", etc. Com Von Weber (1786-
1826) inicia-se a ópera romântica alemã. Em "Der Freischütz" ele oferece ao povo alemão
sua primeira ópera nacional. Os dois grandes contemporâneos de Von Weber na
Alemanha foram Spohr (1784-1859) e Marschner (1795-1861). O século XIX marca o
passo mais gigantesco para a ópera e o surgimento dos maiores compositores musicais,
cujas obras continuam mantendo seu lugar nos mais variados teatros do mundo inteiro.
15. O CLASSICISMO

A história da criação estética no Ocidente desenrolou-se, em grande parte, com a


alternância de períodos "clássicos", em que predominou a busca de harmonia e
proporção, e de fases caracterizadas por tendências mais livres, como o barroco e o
romantismo, em que se valorizou sobre tudo a expressão da subjetividade e da fantasia
do artista. O termo classicismo, a rigor, refere-se a um movimento cultural baseado nos
modelos da antiguidade clássica e que impôs em diferentes momentos históricos:
Renascimento, século XVII e, em sua versão conhecida como neoclassicismo, entre o
final do século XVIII e começo do XIX. Como traços peculiares a essa atitude estética
devem ser apontados à importância conferida aos mestres gregos e romanos, o sentido
das proporções, a harmonia entre as partes e a busca do equilíbrio e o desejo de imitar a
natureza (mimese). Essa imitação, no entanto, não pretendia apenas a cópia, mas a
seleção de seus princípios básicos e sua representação racional.

Na realidade, os grandes mestres do classicismo nunca se limitaram a imitar modelos do


passado: absorveram seu espírito, para adaptá-lo a seu próprio tempo. O classicismo,
portanto, buscava antes de tudo refletir a ordem do mundo e seus componentes
essenciais. Sob tal perspectiva pode-se dizer, em sentido amplo, que o classicismo
constitui uma determinada atitude artística que tem reaparecido continuamente nos mais
diversos momentos da história.

Antiguidade clássica - O período clássico por excelência da arte grega foi o século V a.C.
quando, principalmente em Atenas, estabeleceram-se os princípios fundamentais do
classicismo. Nas artes plásticas, partia-se das proporções ideais do corpo humano para
chegar à proporção total no universo. Essa concepção relacionava-se às ideias dos
pitagóricos, para os quais a harmonia se fundava nos números.

Na arquitetura, a linguagem clássica difundiu-se com maior intensidade graças ao êxito


das duas grandes ordens: a dórica, sóbria e rigorosa, e a jônica, de maior plasticidade. A
Acrópole de Atenas, com seu estudado equilíbrio de ambas, constituiu a síntese do
espírito grego. Uma mesma preocupação estética marcou os escultores Fídias, Miron e
Policleto. Este último, com seu "Doríforo", fixou as proporções ideais do corpo humano.
Embora os poemas de Homero já apresentassem concepções clássicas, foram os
filósofos Platão e Aristóteles e os trágicos Sófocles, Ésquilo e Eurípides que
estabeleceram as normas, contudo, e princípios literários fundamentais que
reapareceriam ao longo da história nas diversas versões do classicismo. Este encontrou
em Platão um caminho para o ideal, enquanto que Aristóteles, em sua Poética,
estabeleceu os princípios da mimese ou imitação da natureza.

Em música o termo ‘Clássico’, é empregado em dois sentidos diferentes. As vezes de


forma equivocada , usam a expressão ‘música clássica’ considerando toda a música
dividida em duas grandes partes: ‘clássica’ e ‘popular’. Para o musicólogo, entretanto,
‘música clássica’ tem sentido especial e preciso: é a música composta entre
aproximadamente 1750 e 1810, que inclui a música de Haydn e Mozart, bem como as
composições iniciais de Beethoven. O classicismo é profundamente influenciado pelos
ideais humanistas, que colocam o homem como centro do universo. Reproduz o mundo
real, mas molda‐o de acordo com o que se considera ideal.

As obras refletem princípios como harmonia, ordem, lógica, equilíbrio, simetria,


objetividade e refinamento. A razão é mais importante que a emoção. A transição da
música barroca para a clássica é feita, sobretudo por Carl Philip Emanuel Bach (1714‐
1788) e por Johann Christian Bach (1735‐1782), filhos do compositor Johann Sebastian
Bach (1685‐1750). Os compositores passam a elaborar formas mais desenvolvidas, como
a sinfonia e os concertos para instrumentos e orquestra. A sonata é a principal forma
musical do período e um passo definitivo e direção à música tonal.

A música clássica mostra‐se refinada e elegante e tende a ser mais leve menos
complicada que a barroca. Os compositores procuram realçar a beleza e a graça das
melodias. A orquestra está em desenvolvimento. Os compositores deixaram de usar o
cravo e acrescentaram mais instrumentos de sopro (clarineta, por exemplo).
No classicismo a dinâmica passou a ser explorada em todas as suas possibilidades. Nos
períodos anteriores não se usava, ou melhor, não se indicava objetivamente alguma
mudança de nuances deste parâmetro. “Na última fase do Barroco, havia somente
indicações de contrastes entre trechos musicais em “piano” e fortes”. Já os clássicos
tiveram a ideia de se utilizar o "crescendo" e do "decrescendo", graduando a dinâmica e
inventando seus respectivos sinais. Esta técnica foi muito desenvolvida pelos
compositores de Mannheim (Alemanha) e divulgada posteriormente por Haydn e Mozart.

Novos instrumentos apareceram: entre eles o piano (inventado em 1698 por Bartolomeo
Cristofori – 1655/1731, para que tivessem à mão um instrumento de teclado que pudesse
dar sons suaves e fortes) e o clarinete (inventado no início do século 18 por Jacob Denner
1681/1735). Melhoraram os mecanismos e as extensões do oboé e do fagote. O
violoncelo ganhou uma ponta para apoiá‐lo no chão (antes era preso entre as pernas pelo
executante) e descobriram a maravilha do seu timbre.

Também a música conheceu um período classicista, iniciado no final do século XVIII, após
a morte de Johann Sebastian Bach, e que se estendeu aproximadamente até 1830,
quando foi substituído pelo romantismo. Viena tornou-se a capital musical da Europa.
Buscava-se uma linguagem harmônica distante das formas polifônicas barrocas, na qual
predominasse o equilíbrio, a serenidade e a alegria.

Sua expressão mais frequente foi à sonata e a sinfonia. O apogeu desse movimento viu-
se marcado pela supremacia da escola alemã, com Haydn e Mozart. Ao longo dos
séculos XIX e XX, os sucessivos movimentos artísticos levaram a uma ruptura com esta
noção de criação, que implicava a sujeição a determinados preceitos. Isso não significou,
no entanto, o desaparecimento dos ideais greco-romanos, que sobreviveram até hoje em
todos os artistas que dão ênfase à harmonia, ao equilíbrio e à captação contemplativa do
mundo.
15. O ROMANTISMO

A Revolução Francesa causou profundas transformações, não apenas políticas, mas


abalou todas as estruturas do pensamento espraiando sua influência no campo das artes,
da cultura e da filosofia, sob a forma de um surto de liberalismo que se traduzia na defesa
dos Direitos do Homem, da democracia e da liberdade de expressão. Alterando a
mentalidade europeia e modificando os seus critérios de valor. Assim a música e a arte de
modo geral procuravam se desligar da arte do passado deixando aos poucos os salões
dos palácios e pondo-se mais ao alcance da nova classe social em ascensão, a
burguesia, e invadindo as salas de concerto, conquistando um novo público ávido de uma
nova estética.

O movimento romântico constitui uma reação contra o racionalismo e o classicismo,


opondo à universalidade dos clássicos o individualismo e o subjetivismo. Enquanto no
Classicismo havia uma grande preocupação pelo equilíbrio entre a estrutura formal e a
expressividade, no romantismo os compositores buscavam uma maior liberdade da forma
e uma expressão mais intensa e vigorosa das emoções, frequentemente revelando seus
sentimentos mais profundos, inclusive seus sofrimentos.

Além da forte expressividade outra característica marcante no período musical romântico


é a chamada música programática ou música descritiva. Não que em outros momentos da
história da música não houvesse esse tipo de produção, mas no período romântico, essa
é uma tendência bastante acentuada. Neste aspecto, muits vezes, o romantismo literário
se confunde com o musical. Muitos compositores românticos eram ávidos leitores e
tinham grande interesse pelas outras artes, relacionando-se estreitamente com escritores
e pintores. Não raro uma composição romântica tinha como fonte de inspiração um
quadro visto ou um livro lido pelo compositor. Mas aqui mais uma vez a necessidade de
expressar, a música, aliás, tem no romantismo a função essencial de expressar, e a alma
é o objeto que se deve primordialmente retratar. Muitas das composições pintam quadros,
contam histórias; o individualismo romântico incitará frequentemente o músico a “pintar”
suas próprias experiências. Entretanto, apesar do individualismo, da subjetividade e do
desejo de expressar emoções, o músico romântico ainda respeita a forma e muitas das
regras de composição herdadas do classismo.

O Romantismo surge sobre bases tonais sólidas, o período romântico é o derradeiro


momento da música tonal. Entre os traços comuns aos compositores do período podemos
ressaltar a maior liberdade de modulação e o cromatismo cada vez mais progressivo que
levou os músicos até a fronteira do sistema tonal de Bach.
E é esse cromatismo que vai garantir uma maior liberdade e expressividade a essa
música individualista” e “subjetiva”. As formas livres, lieds, prelúdios, rapsódias, o
sinfonismo, o virtuosismo instrumental e os movimentos nacionais incorporam elementos
alheios à tonalidade estrita do classicismo e esta lentamente se desfaz, até chegar à beira
da atonalidade com a música de Wagner (1813-1883). Outro aspecto de destaque do
período romântico está na própria concepção de artista da época. A concepção do
homem genial incita a buscar na biografia do artista os sinais de um destino excepcional.
Os reveses da vida tendem a satisfazer a sanha do público, pois o artista genial é o
eterno sofredor, em volta do mito estão à pobreza, a humilhação, as desventuras
amorosas (Beethoven), a incompreensão dos contemporâneos, a doença (Beethoven) ou
a loucura (Berlioz e Schumann) contribuem para a admiração sobre o caráter singular do
artista. Na verdade os artistas românticos eram eles mesmos bastante atentos à
publicidade da sua imagem. Ou como diria Flaubert “O artista deve dar um jeito para fazer
a posteridade acreditar que ele não viveu”.
O músico romântico procurou se firmar como um artista autônomo, deixando de se
submeter a patronos ricos, como ocorria no período barroco e clássico. Isso
evidentemente garantia uma maior liberdade de criação aos músicos Durante o
Romantismo houve um rico florescimento da canção, principalmente do lied (‘canção’ em
alemão) para piano e canto. O primeiro grande compositor de lieder (plural de lied) foi
Schubert (1797-1828). Essa forma é também desenvolvida mais tarde por Robert
Schumann (1810-1856) e mais posteriormente por Johannes Brahms (1833-1897).
Inicialmente os textos são retirados da poesia romântica alemã de Goethe (1749-1832) e
Heine (1799-1856).
Também são características da época as formas livres como os prelúdios, rapsódias,
noturnos, estudos, improvisos etc., presentes na obra de Frederic Chopin (1810-1849) e
Franz Liszt. Essas peças são geralmente para piano solo e realçam o virtuosismo
instrumental, dividindo a importância do concerto entre a obra e a presença do intérprete.

A ópera
As óperas mais famosas hoje em dia são as românticas. Os grandes compositores de
óperas do Romantismo foram os italianos Verdi e Rossini e na Alemanha, Wagner. No
Brasil, destaca-se Antônio Carlos Gomes com suas óperas O Guarani, Fosca, O Escravo,
etc. A orquestra cresceu não só em tamanho, mas como em abrangência. A seção dos
metais ganhou maior importância. Na seção das madeiras adicionou-se o flautim, o
clarone, o corne inglês e o contrafagote. Os instrumentos de percussão ficaram mais
variados. O concerto romântico usava grandes orquestras; e os compositores, agora sob
o desafio da habilidade técnica dos virtuosos, tornavam a parte do solo cada vez mais
difícil. Compreende obras para grandes orquestras e privilegia o virtuosismo. Destaca-se
a obra de Johannes Brahms, com suas quatro sinfonias, dos franceses César Franc
(1822-1890) e Hector Berlioz (1803-1869), que revoluciona a concepção da orquestra
clássica ao acrescentar mais instrumentos em sua Sinfonia fantástica, op.14, de 1830,
reformulando os modos de instrumentação vigentes em sua época. Outro aspecto de
destaque no período romântico é o nacionalismo. A música do final do século XIX, embora
imbuída do individualismo, reflete as preocupações coletivas relacionadas aos
movimentos de unificação que marcam a Europa. Até a metade do século XIX, toda a
música fora dominada pelas influências alemãs.

Foi quando compositores de outros países, principalmente os russos, passaram a ter a


necessidade de criar a sua música, enaltecendo as suas raízes e a sua pátria. Inspirava-
se em ritmos, danças, canções, lendas e harmonias folclóricas de seus países. É o
chamado Nacionalismo Musical. Músicos como Bedrich Smetana (1824-1884) e Antonin
Dvorák (1841-1904), Edvard Grieg (1843-1907), Modest Musorgsky (1839-1881) e Pyotr
Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) empregaram com freqüência temas nacionalistas em suas
óperas, enquanto suas obras sinfônicas adquiriam intensidade e identidade própria ao
combinar coloridos nacionalistas com os procedimentos estruturais estabelecidos pela
corrente principal alemã.

A imagem que temos hoje da chamada música erudita é notadamente romântica. Não é à
toa, portanto, que nas salas de concerto, o piano seja visto como instrumento de
destaque, ao lado do violino, que também ganhou fama como instrumento solo e
orquestral. No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. Quase todos os
compositores românticos escreveram para este instrumento, os mais importantes foram:
Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms. Embora em meio às obras
destes compositores se encontrem sonatas, a preferência era para peças curtas e de
forma mais livre. Havia uma grande variedade, entre elas, as danças como as valsas, as
polonaises e as mazurcas, peças breves como o romance, a canção sem palavras, o
prelúdio, o noturno, a balada e o improviso.

Outro tipo de composição foi o étude (Estudo), cujo objetivo era o aprimoramento técnico
do instrumentista (aqui se destaca mais uma vez os “estudos para piano”). Com efeito,
durante esta época houve um grande avanço nesse sentido, favorecendo a figura do
virtuose: músico de concerto, dotado de uma extraordinária técnica. Virtuoses como o
violinista Paganini e o pianista Liszt eram admirados por platéias assombradas. O século
XIX apresenta um novo público formado pela classe social burguesa que se interessa
pela arte intimista: obras para solista, música de câmara e representações vocais, com
acompanhamento instrumental, e a poesia de diferentes países.

O canto acompanhado quer com cravo, piano ou guitarra, possuem as qualidades


específicas nacionais, as que encontramos no lied alemão, na melodie francesa ou na
canção espanhola ou inglesa.

Ainda que antigo na forma, e talvez até por isso, é imediata a identificação do público
graças aos temas que essas canções “românticas”, evocam, tão próximas aos anseios do
homem burguês. Como foi definido por Heinrich Heine, o lied é o “coração que canta o
peito que se agita”. A canção é a expressão musical de um “estado de espírito”, impõe a
primazia da paixão e dos sentimentos sobre a razão, junto à ideia de liberdade e
exaltação da natureza. Entre os lieder mais famosos estão evidentemente os de
Schubert, a exemplo de “Nacht und Träume”, considerado um dos mais belos do autor.
Schubert fez cerca de seiscentos e cinqüenta leader, nas formas mais diversas, desde a
simples canção estrófica até a cena dramática ou a cantata. No que se referem à música
coral, as mais importantes realizações dos compositores românticos estão na forma do
oratório e do réquiem (missa fúnebre).

Dentre os mais belos oratórios se incluem o “Elias”, de Mendelssohn (1809-1847),


composto nos moldes de Haendel; “L´Enfance du Christ” (A infância de Cristo) de Berlioz
(1803-1869); e “The Dream of Gerontius” (O sonho de Gerôncio) de Elgar (1857-1934),
que em vez de se basear em algum texto bíblico, constitui o arranjo de um poema
religioso. Certas Missas de Réquiem são importantísssimas e algumas mais apropriadas
para serem apresentadas em casas de concerto do que em uma igreja. O réquiem de
Berlioz, por exemplo, exige uma imensa orquestra com oito pares de tímpanos e quatro
grupos extras de metais, posicionadosnos quatro cantos do coro e da orquestra. O
Réquiem de Verdi embora de estilo dramático, é sincero em seu sentimento religioso. Em
nítido contrastre com estas obras de caráter grandiloquente está o calmo e sereno
réquiem do compositor francês Gabriel Fauré (1845-1924).

Não podemos deixar de citar o réquiem de Brahms, considerado por alguns como a mais
bela obra coral do romantismo, composto por ocasião da morte de sua mãe. Para essa
obra, em vez de musicar o usual texto latino, Brahms (1833-1897) selecionou passagens
significativas da Bíblia. No que se refere ao canto não se pode falar sobre romantismo
sem citar a importância da ópera, é na verdade nessa forma musical ampla e complexa,
que une o canto e a interpretação, musica e teatro que está o verdadeiro destaque da
musical vocal no período.

Surge uma nova ópera italiana em que às artes do bel canto somam-se um forte elemento
histriônico: os cantores também têm que emocionar ou divertir o público com artes de
ator. O enredo acaba crescendo em importância. A grande ária ainda é o ingrediente
essencial, mas como centro da cena dramática. Essa nova importância do elemento
teatral é a contrribuição italiana à ópera romântica. Destacam-se autores como Rossini
(1792-1868), Bellini (1801-1835) e Donizette (1797-1848). Outras mudanças significativas:
os adornos não podem ficar à decisão do intérprete que tende a abusar deles (o que era
comum no barroco); todos devem figurar na partitura porque o brilhantismo das vozes não
será desde essa altura o único interesse das representações; a missão da orquestra vai
além de simples acompanhamento das vozes, tendo um papel bastante relevante.

A primeira reação à música lírica italiana partiu de Weber (1786-1826) que deu
características germânicas a opera inspirando-se na época medieval e na mitologia
alemã. A forma vocal oscila entre o canto propriamente dito e o Singspiel, alternando o
diálogo falado com árias.

Entretanto é inovador por introduzir na ópera a essência musical popular alemã. Seu
herdeiro seria Richard Wagner (1813-1883), que em busca de uma “obra de arte integral”,
criou o Drama Musical. Este reunia a pintura, a poesia e a arquitetura, além da música.
Mas, não contente com o drama isolado Wagner compôs uma tetralogia (conjunto de
quatro dramas). As suas experiências no canto tonal deram a obra wagneriana tal
originalidade que criou para os demais compositores românticos um dilema, ou uniam-se
a Wagner ou lutavam contra ele. A estrutura do cromatismo wagneriano e a figura do leit
motiv levavam a música para a beira da atonalidade, era na realidade um caminho difícil
de ser seguido, um caminho sem volta.

A renovação na ópera completou-se com a ideia wagneriana de estrutura continua da


ação, de maneira que o conjunto não seja dividido apenas por uma sucessão de árias,
interlúdios, coros, duos, etc., que surgem como consequência da ação dramática, mas
que não devem partir a obra em seções prejudicando a ideia geral de unidade. Wagner é
quem leva a termo essa ideia que será acolhida não só pelos compositores de língua
alemã, mas também pelo italiano Giuseppe Verdi (1813-1901), um dos maiores autores
de óperas do período romântico, que criou as célebres “Nabuco”, “Aida”. “Rigolleto” e
tantas outras que saíram da pena do prolixo e popular compositor, que celebizou-se em
pouco tempo estendendo a sua influência a românticos de todo o mundo, incluindo Carlos
Gomes (1836-1896)

Na França aporta a estrutura da grande ópera que já havia estado presente na tradição
espetacular da ópera-ballet de Lully. A mesma variedade musical do lied romântico
manifesta-se também na ópera, na complexidade dos arranjos orquestrais e na
dificuldade do traçado das linhas melódicas. Destacam-se as óperas de Meyerbeer (1791-
1901) e a leveza da opereta cômica de Offenbach (1919-1880) mais próxima do music
hall.

Características do Romantismo

Individualismo:

Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano,


abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por
emoções e sentimentos.
Subjetivismo:
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o
mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa.
Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua
perspectiva naquilo que as suas sensações captam. Com plena liberdade de criar, o
artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a
temática sempre retomada em sua obra.
Idealização:
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas
características. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o índio é visto
como herói nacional e a noção de pátria também são idealizados.
Sentimentalismo exacerbado:
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa
escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns à saudade, a tristeza
e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como
o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa à realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só
sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado.
Emoção acima de tudo.
Egocentrismo:
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos
colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os
na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Natureza interagindo com o eu lírico:


A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento
narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de
passagens, às tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por
exemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o
eu-lírico. A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do
poeta.
Grotesco e sublime:
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa à idealização do
personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto
de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo:
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu
próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar
as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam
grandes guerras e batalhas.
Indianismo:
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para
idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam
como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques
Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o
índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Byronismo:
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado
para vícios, bebida, fumo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida
do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo
pessimismo, pela angústia

Era Romântica

A Era Romântica é um período da história da música que se convenciona classificar entre


o ano de 1815 até o início do século XX. Designa ainda qualquer música escrita durante
esse período ou posterior (neorromantismo), que se enquadre na estética do período
romântico. Foi precedido pelo classicismo e sucedido pelas tendências modernistas. A
época do romantismo musical coincide com o romantismo na Literatura, Filosofia e Artes
Plásticas. A idéia geral do romantismo é que a verdade não poderia ser deduzida a partir
de axiomas.
Certas realidades só poderiam ser captadas através da emoção, do sentimento e da
intuição. Por essa razão, a música romântica é caracterizada pela maior flexibilidade das
formas musicais e procurando focar mais o sentimento transmitido pela música do que
propriamente a estética, ao contrário do Classicismo. No entanto, os gêneros musicais
clássicos, tais como a sinfonia e o concerto, continuaram sendo escritos.

Estética musical

No romantismo, estabeleceram-se vários conceitos de tonalidades para descrever os


vocabulários harmônicos herdados do Barroco e do classicismo. Os compositores
românticos tentaram juntar as grandes estruturas harmônicas desenvolvidas por Haydn e
aperfeiçoadas por Mozart e Beethoven com suas próprias inovações, buscando maior
fluidez de movimento, maior contraste, e cobrir as necessidades harmônicas de obras
mais extensas.
O cromatismo utilizou uma forma mais frequente e variada, assim como as dissonâncias.
A mudança de tom acontecia de maneira mais brusca que no Classicismo, e as
modulações ocorriam entre tons cada vez mais distantes. As propriedades dos acordes de
sétima diminuta, que permite modular praticamente qualquer tonalidade. Durante o
Período Romântico, foram feitas analogias entre a Música e a Poesia ou a estruturas
narrativas. Ao mesmo tempo, criou-se uma base mais sistemática para a composição e
interpretação da música de concerto. Houve também um crescente interesse nas
melodias e temas, assim como na composição de canções. Não esquecendo o grande
desenvolvimento da orquestra sinfônica e do virtuosismo, com obras cada vez mais
complexas.

O lied romantico
O melhor veículo para expressar os sentimentos românticos foi o lied, que apareceu no
século XVI e que, no século XIX, recebeu novo impulso graças a poetas como Goethe e
Schiller. Características do lied romântico Lied é uma palavra alemã cujo plural é lieder e
que significa “canção”. Porém, como forma musical, tem uma acepção mais concreta: é
uma canção para voz solista com acompanhamento de piano, cuja música é composta
baseando-se em um poema.
Dessa maneira, consegue-se a íntima união entre o texto e a música Predominam dois
tipos formais principais: o lied estrófico, em que cada estrofe do texto tem a mesma
melodia, e o livre, em que a música se adapta à expressão e aos sentimentos presentes
em cada parte do texto. Este último foi o tipo habitual no século XIX. O compositor
austríaco Schubert consagrou esse gênero. Outros compositores que também cultivaram
o lied foram Schumann, Brahms e Hugo Wolf.

Franz Schubert
Franz Schubert (1797-1828) foi o verdadeiro criador do lied romântico. Sua obra esteve
marcada pelos movimentos literários românticos, o lirismo e a exaltação do folclore
alemão. Pôs música em textos dos poetas Schiller e Goethe, entre outros. Seus temas
prediletos eram o amor, a morte e a natureza. Compôs mais de seiscentos lieder, que
estão entre o melhor da produção romântica, nos quais consegue uma integração
completa com o texto Estão agrupados em coleções, como Die schöne Mülerin (1823),
com vinte canções, e Die Winterreise (1827), com 24 canções. Sua obra póstuma foi
Schwanengesang (1828), escrita no ano de sua morte e que contém 14 lieder.
Robert Schumann
Robert Schumann (1810-1856), que teve ampla formação literária, afastou-se da temática
popular e aproximou-se da poesia culta, alemã e mundial. Seus poetas preferidos foram
Hoffmann (1776-1822), Goethe, Byron, Schiller e, acima de todos, Heinrich Heine (1797-
1856). Seus acompanhamentos pianísticos sublinham enfaticamente o texto dos lieder. O
lied de Schumann diferencia-se do de Schubert na maneira de tratar a melodia, no
acompanhamento e em sua preocupação pelo sentimento. A forma é livre, adaptando-se
à poesia de cada estrofe, e sua grande inovação apoia-se no acompanhamento
pianístico, que em muitas ocasiões é protagonista, ou comenta psicologicamente o texto.
Compôs 250 lieder. Sobre textos de Heine está construído seu ciclo Amor de poeta
(1840), com melodias ternas e líricas, às quais o acompanhamento do piano imprime um
caráter irônico. Seu outro grande ciclo, Amor e vida de uma mulher (1840), foi realizado
sobre oito poemas do poeta alemão Adelbert von Chamisso (1781-1838).

Johannes Brahms
Johannes Brahms (1833-1897) compôs mais de trezentos lieder sob influência de
Schumann, em seu sentimentalismo, e de Schubert, em seu caráter popular. Sobre textos
de Ludwig Tiek (1773-1853), compôs a obra Romances de Magelone (1861-69), que inclui
15 lieder ligados por um argumento comum. Merece destaque sua última obra, Quatro
canções sérias (1896).

Hugo Wolf
Hugo Wolf (1860-1903) foi o mais importante autor de lieder do final do Romantismo. Sob
influência de Wagner, utilizou o princípio da “declamação contínua”, em que o texto é
parte mais importante da obra. Sua música foi uma das mais avançadas da época no que
se refere à desagregação das tonalidades, e a principal característica de seus lieder é o
aspecto dramático. Escreveu mais de trezentos lieder, destacando-se os Lieder sobre
Goethe (1890), Lieder espanhóis (1891) e Lieder italianos (1892-1896).

Gustav Mahler
No Romantismo tardio, Gustav Mahler (1860-1911) substituiu o acompanhamento do
piano pelo da orquestra sinfônica. Entre seus lieder merecem especial menção Des
Knaben Wunderhorn (1892-1898), Kindertotenlieder (1904) e A canção da Terra (1909),
considerada por muitos sua obra-prima.
A ÓPERA ROMÂNTICA ITALIANA
Na Itália do século XIX, a ópera se impôs como gênero predileto, a ponto de ofuscar as
demais formas musicais. A ópera romântica serviu para expressar as ideias de unidade
liberdade e patriotismo pelas quais a Itália lutou nesse período.
16, O NACIONALISMO
Dos frutos do romantismo foi que muitos compositores começaram a procurar, de diversas
maneiras, expressar na música os sentimentos de seu povo. O nacionalismo musical
desenvolveu-se de diversas formas em vários países; muitos compositores estudaram o
folclore de seu país e aproveitaram música folclórica em suas obras. Na França, o
nacionalismo criou uma marcante e nova tradição na ópera e em obras sinfônicas
dramáticas. George Bizet compôs Carmen, uma das mais conhecidas e executadas
óperas até hoje. Franz Liszt, húngaro de nascimento, mas que estendeu suas atividades
tanto à França como à Alemanha, representa um vínculo musical entre esses dois países.
Na Alemanha, Richard Wagner dominou a forma operística com seus revolucionários
dramas musical. Johannes Brahms rejeitou a influência do teatro e procurou dar
continuidade à tradição de Beethoven, preferia a música pura sem dramatizações. A
valsa do estilo vienense e a ópera ligeira começaram com Johann Strauss e atingiram o
auge com seu filho. Na Itália, Rossini, Puccini e Verdi desenvolveram a ópera que atingiu
o auge e seus mais belos momentos.

O mais popular compositor russo é Tchaikovsky, com sinfonias que continuam a serem as
mais admiradas obras russas do gênero. Rachmaninoff concentrou-se principalmente em
peças para o piano. O nacionalismo foi uma ideologia surgida após a Revolução Francesa
e teve uma grande influência na organização política de muitos estados durante todo o
século XIX. A origem do nacionalismo prende-se com a Revolução Industrial e o
capitalismo surgido nos finais do século XVIII em alguns países da Europa e o seu
consequente desenvolvimento económico levou a que outros países almejassem alcançar
as mesmas vantagens económicas e políticas.

Segundo alguns autores, a ideologia do nacionalismo serviu para mobilizar outros países
na criação de circunstâncias políticas que levassem ao desenvolvimento económico e
material através do capitalismo. Este processo veio a verificar-se também durante o
século XX, na redefinição das fronteiras, posteriormente ao fim da Primeira e da Segunda
Grande Guerra, em que algumas nações deram origem a novos países.
Os movimentos nacionalistas estão ligados tanto a fações políticas de esquerda como da
direita, tendo dado origem a regimes fascistas na Europa, mas também a movimentos
autonomistas tanto em África como na Ásia.

O nacionalismo, embora mais concentrado nas identidades históricas e culturais dos


povos, foi também usado pelos setores próracistas para sustentar as diferenças étnicas
que estiveram na base dos movimentos fascistas, neofascistas ou os setores
nacionalistas conservadores que defendem certas formas menos radicais de racismo. As
ideologias racistas alegam certas relações entre características biológicas reais ou
induzidas das "raças" com as diferenças culturais e históricas dos povos.

A distinção entre nação e estado é pertinente dado que dentro de um mesmo estado
podem coexistir diferentes nações como é o caso, por exemplo, de Espanha, com o País
Basco e a Catalunha. Existem nações que não estão organizadas política ou
institucionalmente, mas que podem ser consideradas nações pelo facto de
tradicionalmente partilharem um sentimento de identidade nacional, como é o caso de
muitas nações inseridas na grande maioria dos estados africanos.

Nacionalismo musical
Na segunda metade do século XIX se dá um fenômeno novo no panorama musical
europeu que consistia na incorporação de gerações musicais pertencentes a países que
até então tinham estado geralmente à margem da evolução musical, não tanto porque
não se tenha cultivado neles a música, mas por ter importado em detrimento da produção
nacional. Trata-se de países que tinham vivido sobre o império da música italiana, como
por exemplo, a Espanha, ou sobre a influência globalizada da França, como por exemplo,
a Rússia. São habitualmente nações da periferia europeia, lugares que começam a
triunfar as ideias nacionalistas que levarão, ao longo desta época, o intento de livrar-se da
dominação de outros países, singularmente do império Austríaco, ou de afirmar a vontade
popular frente a regimes de sobrevivência medieval, como o caso da Rússia Czarista.
As razões básicas destes movimentos musicais de caráter nacionalista estão no campo
puramente artístico dentro da ideologia que o Romantismo tinha formulado, de modo que
o Nacionalismo não será senão um caso particular do Romantismo aplicado a
determinados países. Realmente o Romantismo tinha prestado atenção aos temas
populares, ao folclore e inclusive a melodia de caráter popular.

E se isto tinha se produzido nos países que mantinham a liderança musical, nada se
oporia para que essa ideologia fosse praticada com mais força em países onde podia
constituir-se como um reflexo das aspirações políticas de tipo nacionalista. É por isso que
em algumas nações com afã nacionalista se utilizou a música como elemento de cultivo
para passar a manifestações próprias mais pragmáticas que as meramente musicais e
artísticas e também a situação contraria. Utilizou-se, em outros lugares, a basesocial já
de caráter nacionalista para potenciar a expressão artística e, concretamente a musical.
17.MODA, TONAL E ATONAL

Se há uma avançada discussão técnica sobre a chamada música "modal" e sua relação com o "tonalismo"
e, em certos círculos, também com o "atonalismo", por que há tanta polêmica e tanta confusão em
relação a essas categorias? Por que há tantas maneiras diferentes de interpretar tais conceitos? Por que
algumas dessas interpretações são, inclusive, contraditórias entre si? Acreditamos que uma visão
estética do assunto possa esclarecer um pouco a situação, dando a cada corrente seu espaço e sua
pertinência. De qualquer maneira, a existência de tão diferentes abordagens já mostra que a discussão
não pode ser resolvida apenas tecnicamente; ela precisa, também, de uma contextualização filosófica
mínima.

Dentro desta contextualização que propomos é a histórica: que músicas podem ser consideradas
"modais"? Aqui já há problemas, pois o conceito de "modalismo" não é unívoco. Em linhas gerais,
são totalmente modais, no Ocidente, a Música da Antiguidade (Grécia e Roma), a Música da Idade
Média e a Música do Renascimento. A grande marca dessa música modal ocidental é o Canto Gregoriano
cristão, mas essa música modal está presente também em toda a música popular e em toda a música
profana medieval e renascentista, incluindo, por exemplo, o Trovadorismo. Os modos que conhecemos e
aplicamos na teoria músical moderna - jônio, dórico, frígio, lídio, mixolídio, eólio elócrio - são uma
denominação grega para os modos eclesiásticos adaptados, isto é, nossos modos não são gregos, eles
apenas receberam, posteriormente, nomes dos modos gregos originais num outro contexto.

A característica principal da música modal é a presença constante da "nota centro", a qual, de certa
forma, nunca é realmente abandonada: a música modal gira em torno do centro. Assim, a música modal
pura não tem "harmonia" - no sentido de tríades e de funções harmônicas. Essa presença do centro dota
esse tipo de música de uma característica "hipnótica", que faz com que ela geralmente apareça ligada a
algum tipo de ritual: realmente, a música da Antigüidade e a do período medieval não são independentes
de cultos, festas, solenidades e funções religiosas.

A partir desses pressupostos, podemos chamar também de "modais" - por analogia - as músicas
orientais, africanas e AMERICANAS tradicionais. Embora tais músicas não utilizem os modos diatônicos
que nós ocidentais utilizamos, elas continuaram, até pouco tempo atrás - e continuam ainda em certos
lugares - presentes em cerimônias ritualísticas, jamais assumindo os riscos estéticos proporcionados pela
harmonia tonal das tríades maiores e menores. Estruturalmente, há uma forte tendência pentatônica nas
músicas africanas, do Extremo Oriente e dos índios americanos, e uma tendência para a utilização de
escalas com mais sons do que a nossa na Índia e no Médio Oriente.

Já a música tonal - presença na música ocidental a partir do período Barroco (1600 em diante) e
passando pelo Classicismo, Romantismo e chegando até nossos dias - destaca-se pelo contraste entre o
modo maior e o menor, pelo conceito de função harmônica e suas polarizações (tônica, subdominante,
dominante) e pela melodia acompanhada por acordes formados pela superposição de tríades. Ainda há,
no tonalismo, uma nota centro: ela, no entanto, é abandonada para criar uma expectativa de retorno. Há
uma tensão que anseia por resolução, há um risco constante de perda da unidade. Como conseqüência, a
música tonal pode ser submetida a modulações, isto é, a mudanças de centro no interior de uma mesma
peça. São exemplos de músicas tonais as obras dos mestres da música erudita mais conhecida, como
Bach, Mozart, Beethoven, Schumann e Wagner, e quase toda a música popular que ouvimos desde que
nascemos.

Dessa forma, quando falamos de utilização dos modos na música popular ou erudita no século XX, não
estamos falando de um modalismo total, mas de uma fusão entre modalismo e tonalismo. Explicando
melhor: quando um guitarrista improvisa sobre o modo dórico, ele está usando tríades, ele pensa em
acordes. Esses acordes serão maiores ou menores - menores, se ele estiver pensando em dórico - e,
sendo maiores ou menores, caracterizam uma música tonal, por mais exótica que ela possa ser.

Assim, quando falamos em modalismo no século XX - e passamos a falar muito em modalismo na música
erudita a partir do Impressionismo e do Nacionalismo de finais do século XIX e, na música popular, em
todas as suas influências étnicas (incluindoblues, baião, flamenco, etc.) e, em especial, a partir do
conceito de improvisação modal do Cool Jazz dos anos 50 do século XX - estamos falando, em geral, de
um "neomodalismo", de um modalismo que funciona como um sabor modal dentro do sistema tonal.
Tal neomodalismo nega apenas certas resoluções tipológicas do tonalismo, mas, mesmo quando baseado
no folclore ou em músicas tradicionais, é submetido ao rigor harmônico das tríades tonais.

O dórico original era realmente modal, não era um "modo menor": era apenas o dórico, uma das
possibilidades de um sistema que ainda não tinha dividido o mundo em "terças maiores e terças
menores". Claro que não precisamos ser tão rigorosos com a terminologia: não tem nenhum problema se
chamarmos de "modal" uma melodia em modo maior onde as sétimas são sempre menores, desde que
saibamos que essa influência do modo mixolídio está sendo incorporada a uma música baseada em
tríades, está sendo harmonizada e, portanto, submetida a leis tonais.
Sem dúvida, o que estamos chamando de neomodalismo é uma forte tendência da música das últimas
décadas do século XX e, de certa forma, parece que ainda será bastante explorada nesse início de século
XXI. Trata-se de uma síntese ou fusão entre modalismo tradicional e teoria harmônica tonal, e é o
desconhecimento dessas fusão que, muitas vezes, gera tantas confusões nas exposições teóricas e nas
aplicações práticas sobre os modos.
18. A MÚSICA DO BRASIL

Introdução
A música do Brasil se formou a partir da mistura de elementos europeus, africanos e
indígenas, trazidos por colonizadores portugueses, escravos e pelos nativos que
habitavam o chamado Novo Mundo. Outras influências foram se somando ao longo da
história, estabelecendo uma enorme variedade de estilos musicais. Na época do
descobrimento do Brasil, os portugueses se espantaram com a maneira de vestir dos
nativos e a maneira como eles faziam músicas: cantando, dançando, tocando
instrumentos (chocalhos, flautas, tambores).

O maracá era um instrumento muito apreciado pelos índios tupis da costa do Brasil, e os
índios costumavam dançar em círculos cantando e batendo os pés. Um dos cantos dos
tupis era dedicado a uma ave amarela, uma espécie de arara, que eles chamavam
“Canide ioune” (ave amarela na língua tupi).
A música brasileira mistura elementos de várias culturas, principalmente as chamadas
culturas formadoras, que eram a dos colonizadores portugueses (europeia), a dos nativos
(indígena) e a dos escravos (africana).

É difícil dizer com certeza, quais foram os elementos de origem, mas sabemos que alguns
instrumentos musicais, por exemplo, são tradicionais de certas culturas. Os primeiros
professores de música no Brasil foram os padres Jesuítas, responsáveis pela catequese
dos indígenas, a partir de 1549. No sul do Brasil, os Jesuítas construíram as Missões, que
era um projeto que além de levar cultura aos índios guaranis, também os ensinavam a
religião católica, agricultura, e música vocal e instrumental, criando após dez anos,
orquestras inteiras só de guaranis.

Um filme que retrata muito bem a catequese feita na America do Sul pelos padres
Jesuítas é o Filme “THE MISSION” (gravado em 1986), do Diretor Roland Joffé, com o
ator Robert de Niro no papel principal.

O mais famoso padre jesuíta das Missões foi o padre José de Anchieta (1534-1597),
criador de muitas peças de teatro didáticas, que tinham a função de ensinar a religião de
uma forma criativa e espetacular aos índios.

Os padrões de interpretação e estilo, obviamente eram todos da cultura europeia, e o


objetivo era acima de tudo catequético, com escassa ou nula contribuição criativa original
da parte dos índios. Com o passar dos anos, os índios remanescentes dos massacres e
epidemias aos quais sofreram durante todo esse período, foram se retirando para regiões
mais remotas do Brasil, fugindo do contato com o homem branco, e sua participação na
vida musical nacional foi decrescendo, até quase desaparecer por completo.

Os indígenas não deixaram seus traços na construção da musica brasileira, apenas em


alguns gêneros folclóricos, mas de forma bem passiva, perante a imposição da cultura
colonizadora. Até o 19 Portugal foi a maior das influências na construção da música
brasileira, erudita e popular, porque introduziu a musica instrumental, harmônica, a
literatura musical e boa parte das formas musicais cultivadas no país ao longo dos
séculos, ainda que diversos elementos fossem de origem europeia e não portuguesa.

Ao longo do tempo o intercâmbio cultural com outros países além da metrópole


portuguesa, trouxeram vários elementos musicais típicos de outros países, que se
tornariam importantes, como as óperas italiana e francesa, e as danças típicas de outros
países, como a zarzuela, o bolero e a habanera de origem espanhola, as valsas e polcas
alemãs, e o jazz norte americano tiveram também sua participação e transformação
dentro da construção da música brasileira.

Até o início do século 18 a maior parte da música erudita era praticada apenas na Bahia e
Pernambuco (estados localizados no norte do Brasil), mas no final do século 18, essa
grande fusão de diversos elementos melódicos e ritmos africanos começaram a dar a
musica popular, uma sonoridade tipicamente brasileira, que se espalhou por todo o país e
formou os primeiros nomes da musica brasileira.

Classicismo

O Classicismo chegou ao Brasil em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Rio de


Janeiro, causando grande transformação na musica brasileira. Dom João Sexto trouxe
consigo a biblioteca musical dos Bragança – uma das melhores da Europa naquela época
–, e rapidamente mandou trazer músicos de Lisboa e da Itália, reorganizando a Capela
Real, muito prestigiada pela qualidade das músicas apresentadas.

Nesta época surgiu o primeiro grande compositor brasileiro, o padre Jose Mauricio Nunes
Garcia, e também Gabriel Fernandes da Trindade, compositor de modinhas e das únicas
peças de Orquestra de Câmara, e João de Deus de Castro Lobo.

Romantismo

A figura central neste difícil período foi Francisco Manuel da Silva, discípulo do Padre
José Maurício e sucessor de seu mestre na Capela. Era um compositor de escassos
recursos, mas que merece crédito por ter fundado o Conservatório de Música do Rio de
Janeiro, ter sido o regente do Teatro Lírico Fluminense, e também na Ópera Nacional, e o
autor do Hino Nacional Brasileiro. Sua obra refletiu a transição do gosto musical para o
Romantismo, quando o interesse dos compositores nacionais se voltou para a ópera, que
estava no seu auge, no Brasil.
A maior figura dessa época foi Antônio Carlos Gomes, que compôs óperas com temas
nacionalistas, mas com estética europeia, tais como “O Guarani” e “O Escravo”, que
conquistaram sucesso em teatros europeus exigentes, como o La Scala em Milão.

Nacionalismo

Brasilio Itiberê da Cunha, Luciano Gallet, e Alexandre Levy foram precursores dessa
corrente, Antonio Francisco Braga e Alberto Nepomuceno introduziram um sabor brasileiro
na musica nacional e empregaram largamente ritmos e melodias folclóricas em uma
síntese inovadora e efetiva com as estruturas formais de matriz europeia.

Mas Heitor Villa Lobos foi a maior figura do nacionalismo musical brasileiro, por ele ter
incorporado o folclore brasileiro em sua produção; dono de uma inspiração enérgica e
apaixonada, ele fez dos elementos nacionais e estrangeiros, eruditos e populares, um
estilo próprio de grande força e poder evocativo, em uma produção que empregava desde
instrumentos solo, onde o violão tinha destaque, até grandes recursos orquestrais em
seus poemas sinfônicos, concertos, sinfonias, bailados, e óperas, passando pelos
múltiplos gêneros da música de câmara, vocal e instrumental. Ele também desempenhou
um papel decisivo na vida musical do país em virtude de sua associação com o governo
central, conseguindo introduzir o ensino do canto orfeônico em todas as escolas de nível
médio. Das suas obras podemos citar os Choros, as Bachianas Brasileiras, as suítes
intituladas A Prole do Bebê, o Rudepoema, os bailados Uirapuru e Amazonas, e o
Noneto.
Vanguardas e sínteses posteriores contemporâneas

A partir de 1939, surgiram outras sínteses musicais, que respeitava a individualidade do


aluno, estimulando a livre criação antes mesmo do conhecimento aprofundado das regras
tradicionais de composição (harmonia, contraponto e fuga), e uma série de programas
radiofônicos divulgando seus princípios e obras de música contemporânea. Em seguida
surgiu um caminho independente e centrado em regionalismos, influenciando a música
popular brasileira instrumental. Atualmente todas as correntes contemporâneas
encontram representantes brasileiros, e a música erudita no país segue a tendência
mundial de usar livremente tanto elementos experimentais quanto consagrados.

A música erudita ainda recebe escasso apoio oficial, a despeito do crescente número de
escolas e de novos músicos formados, e do público apreciador.
Diversas capitais estaduais e outras tantas cidades do interior dispõem de pelo menos
uma orquestra sinfonica estável e uma escola superior de música, mas grupos de nível
realmente internacional ainda são poucos, além de poucas outras mantidas por grandes
empresas, como a Orquestra Sinfonica da Petrobras.

Grupos de câmara são mais numerosos e qualificados, e há milhares de intérpretes solo


com carreira consolidada fora do país, alem de maestros e instrumentistas que são
respeitados internacionalmente, e também das regulares temporadas de opera em São
Paulo, Rio de Janeiro e eventos de referencia nacional.

Música Popular

Os escravos negros tiveram o mesmo caso de dominação cultural que os índios, e sua
cultura foram muito importantes para a formação da música brasileira atual,
especialmente a musica popular.
A vinda de grandes contingentes de escravos da África para o Brasil a partir do século 16
não foi o suficiente, no inicio, para que a cultura oficial os considerasse importantes.

Eles eram considerados como raça inferior e desprezível demais para ser levada a sério,
mas seu destino foi diferente do destino dos índios, sua musicalidade logo foi notada pelo
colonizador, e por eles serem uma etnia mais integrável à cultura dominante, do que os
arredios índios, grande número de negros e mulatos (termo usado aos mestiços de
africanos e brancos) passaram a ser educados musicalmente - dentro dos padrões
portugueses, naturalmente – formando orquestras e bandas que eram muito louvadas
pela qualidade de seu desempenho.

A partir do século 17, eles começaram a formar irmandades de músicos, algumas


integradas somente por negros e mulatos, irmandades que passaram a monopolizar a
escrita e execução da música em boa parte do Brasil.
A maior influência africana na construção da musica brasileira, veio da diversidade de
ritmos, danças e instrumentos, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da
música popular e folclórica, a partir do século 20.

Origens

Os primeiros exemplos de música popular no Brasil datam do século 17, como o lundu,
uma dança africana que chegou ao Brasil, via Portugal, diretamente com os escravos
vindos de Angola.
De natureza sensual e humorística, foi censurada na metrópole, mas no Brasil recuperou
este caráter, apesar de ter incorporado algum polimento formal e instrumentos como o
bandolim.
Mais tarde o lundu, que no início não era cantado, evoluiu assumindo um caráter de
canção urbana e se tornando popular como dança de salão. Outra dança muito antiga é o
cateretê, de origem indígena e influenciada mais tarde pelos escravos africanos.

A Modinha

Entre os séculos 18 e 19 a modinha assumiu um lugar de destaque, de origem


portuguesa, e a partir de elementos da ópera italiana, a modinha é uma canção de caráter
sentimental de feição bastante simplificada, muitas vezes de estrutura estrófica e
acompanhada apenas de uma viola ou guitarra, e sendo de apelo direto às pessoas
comuns.
Era muito usada nos saraus dos aristocratas, e podia ser mais elaborada e ser
acompanhada por flautas e outros instrumentos, e ter textos de poetas importantes.

O Choro

Durante o período colonial e o Primeiro Império, as valsas, polcas,schotischs e tangos de


diversas origens estrangeiras encontraram no Brasil uma forma de expressão peculiar e
que, junto com a herança da modinha, viriam a ser a origem do Choro, um gênero que
recebeu este nome em virtude de seu caráter plangente. Surgiu em torno em 1880 e logo
adquiriu uma feição própria, onde o improviso tinha um papel principal, e estabilizando-se
na formação para uma flauta, um cavaquinho e um violão, e mais tarde ampliando seu
instrumental.
Seus maiores representantes foram Joaquim Antonio da Silva Calado, Anacleto de
Medeiros, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha.

O Samba

Derivado da umbigada, um ritmo africano, o samba surgiu em 1838, com influência da


modinha, do maxixe e do lundu, a palavra designava uma variedade de danças de origem
negra.

Em meados do século 20, a palavra samba definia diferentes tipos de música introduzidos
pelos escravos africanos, e sempre conduzidos por diversos tipos de batuques, mas que
assumiam características próprias em cada estado brasileiro, não só pela diversidade das
tribos de escravos, como pela peculiaridade de cada região em que foram assentados,
mas em geral era um tipo de música identificada para as pessoas mais humildes.

Em 1917, o samba saiu das rodas de improvisações dos morros cariocas, e foi
considerada representante da música popular brasileira.

Existem diversas formas regionais de samba em outras partes do país, mas o samba
moderno urbano, é cantados ao som de palmas e ritmo batucado, com uma, ou mais
partes de versos declamatório e tocado com instrumentos de corda, como cavaquinho,
violão, e vários instrumentos de percussão, como pandeiro, surdo e tamborim.

Com o passar dos anos, surgiram outras vertentes do samba urbano carioca, que
ganharam denominações próprias como o samba de breque, samba-canção, bossa nova,
samba-rock, pagode, entre outras.

Além de ser um dos gêneros musicais mais populares do Brasil, o samba é bastante
conhecido no exterior, sendo considerado como um símbolo brasileiro, ao lado do futebol
e do carnaval.

Esta história começou com o sucesso internacional da musica “Aquarela do Brasil”, de Ary
Barroso, depois se estendeu através de Carmen Miranda, que levou o samba para os
EUA, e consagrou também a Bossa Nova, que inseriu definitivamente o Brasil no cenário
mundial da música. Independente do idioma, o samba é sucesso em todo o mundo e
conquista muitos fãs onde quer que ele seja apresentado.

No fim dos anos 30 iniciou no Brasil a chamada Era do Rádio, que foi o meio de
comunicação que assumiu um importante papel de divulgador da música popular até a
década de 1950, e onde alguns intérpretes conquistaram uma grande audiência nacional.
Nesta época, podemos destacar Dolores Duran, Nora Ney, Vicente Celestino e Angela
Maria.

bossa nova
A Bossa Nova foi um movimento urbano, originado no fim dos anos 50 em saraus de
universitários e músicos da classe média. No início era apenas uma forma diferente de
cantar o samba, mas logo incorporou elementos do Jazz e do Impressionismo musical de
Debussy e Ravel, e desenvolveu um contorno intimista, leve e coloquial, com base na voz
solo e no piano, ou violão, para acompanhamento, e com refinamentos de harmonia e
ritmo.

Os maiores nomes dessa época são Nara Leão, Carlos Lyra, Joao Gilberto, Toquinho,
Vinicius de Morais, Tom Jobim e Maysa Matarazzo. Depois da bossa nova, na década de
60, o samba ganhou novas experimentações com outros gêneros, como o rock e o funk, e
experimentados por vários artistas, o período marcou uma afirmação e modernização
dentro da música popular, onde foram introduzidos novos estilos de composição e
interpretação, com os surgimentos da Musica Popular Brasileira, e movimentos como o
Tropicalismo e o Iê Iê Iê.

Dessa época diversos artistas surgiram como Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo
Vandré, Edu Lobo, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia, Wanderléia, e
outros. Na década de 70 a transição sofreu mais modificações e a nova safra de
músicos, que faziam musicas românticas, melódicas, foram classificados como bregas e
milhares de artistas também surgiram nessa época, e outros artistas mais fiéis as
tradições trataram de sustentar o estilo do samba original para não deixa-lo morrer.

Nos ano 80, surge o rock com uma safra infindável de estilos e músicos que marcaram a
historia da musica brasileira, dentre eles podemos citar as bandas: Blitz, Paralamas do
Sucesso, Titãs, Ultraje a Rigor, e Legiao Urbana, que ainda fazem muito sucesso, e tem
milhares de fãs de várias idades em todo o país.

Depois do samba, e com a crescente abertura do Brasil à cultura globalizada dos anos 90,
diversos gêneros e subgêneros musicais surgiram em todo o Brasil, como pagode, axé,
sertanejo, forró, lambada, e outros. E constantemente ainda continuam a surgir novos
ritmos e estilos, com novas denominações, em varias regiões do Brasil.

Como uma categoria à parte da música clássica e da Musica Popular Brasileira,


encontramos a música tradicional ou folclórica, um gênero constituído por expressões
musicais imutáveis, transmitidas de geração em geração, em todas as regiões do país,
onde os modernos meios de comunicação e o mercado de consumo não exercem
influência diluidora.

Estas expressões se encontram na maior parte ligadas a festividades, lendas e mitos


característicos de cada região, e preservam influências arcaicas, onde são detectáveis
traços medievais europeus, indígenas e dos escravos negros, muito antigos, ou de
elementos étnicos que pertencem a regiões de imigração de populações de fora do Brasil,
como ocorre no estado do Rio Grande do Sul, que recebeu grandes levas de italianos,
açorianos e alemães.

Dentro da classe de músicas tradicionais podem ser incluídas as praticadas pelos


remanescentes das tribos de índios que no passado povoavam todo o território nacional e
hoje vivem confinados em reservas, especialmente na região amazônica e do centro-
oeste, onde o contato com o colonizador foi menos profundo e transformador.
19. ROCK: A ORIGEM E HISTÓRIA DO ROCK AND ROLL

O Rock é uma vertente musical surgida do termo Rock and Roll. Originou-se nos
Estados Unidos na segunda metade do século XX, alcançando seu auge nos anos 70 e
80.
O gênero é fruto de uma combinação de diversos tipos de música, principalmente a
música negra, que com o passar do tempo, desdobrou-se também em outros subgêneros.
Hoje em dia ganhou o mundo e mobiliza grande número de pessoas que apreciam a
vertente, tendo até uma data em sua homenagem, o Dia Mundial do Rock, em 13 de
julho.
Origem do Rock: a semente do estilo musical
O surgimento do rock aconteceu nos EUA como consequência da mistura de outros
estilos musicais, com enfoque no jazz, folk, country e rhythm and blues.
As primeiras experimentações ocorreram ainda na década de 40, sobretudo em seus
últimos anos, mas foi nos anos 50 que a vertente ganhou contornos mais nítidos.
Os nomes que se destacaram nessa primeira fase foram: Jackie Brenston, Jerry Lee
Lewis, Johnny Cash, Jimmy Preston, Little Richard, Bill Haley, Chuck Berry (esse
considerado por muitos como o "pai do rock") e outros.
Apesar de quase sempre esquecidas, é importante pontuar a atuação das mulheres
nesse contexto. Nomes como Sister Rosetta Tharpe, Memphis Minnie, Aretha Franklin e
demais mulheres tiveram enorme importância para a história do rock.
O rock através das décadas
Nos anos 50 surge uma figura que viria a ser considerada mais tarde como "rei do rock",
era Elvis Presley. O rapaz branco vindo da cidade de Memphis, no Tennessee, cantava
no coro da igreja quando criança e recebeu influência do blues, vertente musical de
origem negra.
Elvis Presley é considerado o "rei do rock"
Elvis, imitando o estilo de músicos negros, deu ao rock visibilidade com uma postura
"rebelde", aliando à sonoridade empolgante uma dança provocativa, tanto que foi
chamado de Elvis, The Pelvis.
É importante salientar que, por conta de sua pele branca, Elvis teve maior espaço na
mídia da época e foi melhor aceito pela sociedade conservadora americana.
Ainda na década de 50, com as inovações tecnológicas, a guitarra elétrica foi criada,
dando um carácter eletrizante para os concertos de rock e vindo a ser um instrumento
essencial para o gênero.
Nos anos 60 aparecem novos nomes na cena e o rock ganha ainda mais o coração do
público.
Têm destaque nesse momento: The Doors, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Pink Floyd, além
das bandas The Beatles e Rolling Stones, que fizeram um sucesso estrondoso, ganhando
fãs no mundo todo.
O roqueiro Jimi Hendrix foi um grande nome no cenário musical dos anos 60
No último ano dessa década acontece o Festival Woodstock entre 15 e 18 de agosto na
cidade de Bethel, em Nova Iorque. Esse festival foi marcante na trajetória do rock'n'roll,
apresentando músicos importantes da época.
Os anos 70 foram marcados pelo aparecimento de bandas como Queen, Led Zeppelin,
Kiss, Black Sabbath, Ramones, The Clash, Sex Pistols, David Bowie, The Runaways
(banda exclusivamente feminina).
Nessa fase, os shows eram monumentais, com grande público enchendo enormes locais.
Nos anos 80 o comportamento e estética visual que imperavam eram bastante
excêntricos, trazendo muito brilho, penteados e roupas exageradas.
No meio musical não foi diferente, as bandas apresentavam essa ousadia e as que têm
destaque são: Bon Jovi, Van Halen, New Order, The Cure, Pretenders, Roxette, e muitas
outras
Já na década de 90, o estilo de rock que despontou foi o grunge, um rock alternativo
vindo de Seattle.
A banda de maior sucesso na época foi Nirvana, mas tiveram outros nomes importantes
como Pearl Jam, R.E.M, Alice in Chains, Soundgarden, Red Hot Chili Peppers, The
Offspring, Green Day.
Nos anos 2000 o rock perdeu um pouco de força por conta da crescente onda pop. Ainda
assim, tiveram espaço bandas como Evanescence, The Strokes, Interpol, Arctic Monkeys,
Franz Ferdinand, e outras.
As características marcantes do Rock
A palavra rock é uma derivação do termo em inglês rocking and rolling, que pode ser
entendido como "balançar e rolar", sugerindo uma dança com conotação sexual. Assim, o
rock já surge com uma aura transgressora e rebelde.
Mais do que um tipo de música, também tornou-se um estilo de vida, influenciando várias
gerações.
São muitos os subgêneros que se formaram e cada um tem características próprias.
Entretanto, podemos dizer que algumas são recorrentes, como:
•Atitude rebelde e impositiva;
•Ritmo contagiante;
•Autenticidade;
•Caráter contestador;
•Envolvimento do público.
Instrumentos comuns no rock
Normalmente as bandas de rock contam com 4 ou 5 integrantes, sendo que a base para a
sonoridade das músicas é feita a partir de uma guitarra elétrica, bateria, baixo elétrico e
teclado ou sintetizadores digitais.
Há ainda algumas bandas que aliam outros instrumentos, como flautas transversais,
saxofone e gaita, o que enriquece ainda mais as canções.
Os diversos estilos de rock
Como foi dito, muitos tipos de rock surgiram, com variadas características, agradando um
público diverso. Veja quais são esses estilos:
•Rockabilly
•Blues Rock
•Hard Rock
•Punk Rock
•Heavy Metal
•Garage Rock
•Rock psicodélico
•Rock progressivo
•Glam Rock
•Folk Rock
•New Wave
•Rock alternativo
•Grunge
•Pop Punk
•Indie Rock

O rock no Brasil e os seus principais representantes


No Brasil, o rock também teve grandes nomes. Aqui, o estilo musical começou a ganhar
força no início dos anos 60.
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A primeira representante do gênero foi Celly Campello, com um rock bem inocente. No
mesmo estilo surge o movimento de Jovem Guarda, tendo Wanderléa, Roberto Carlos e
Erasmo Carlos como ícones.
Mais tarde surgiram bandas que se tornaram verdadeiros clássicos - reconhecidas
mundialmente - como Os mutantes, formada em 1966, e Secos e Molhados, já da década
de 70. Outro nome importante dessa época é Raul Seixas.
Nos anos 80 foi a vez de dançar junto com Blitz, Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs,
Kid Abelha, dentre outras, como o Sepultura, estilo de rock mais pesado.
Os anos 90 foram marcados por nomes como Charlie Brown Jr, Nação Zumbi, Angra e
Cássia Eller. Já nos anos 2000 fizeram sucesso Los hermanos, Pitty, Fresno, NX Zero e
outras.
Atualmente o rock brasileiro apresenta muitas misturas, mesclando estilos, assim como
no mundo todo.
20. O JAZZ

O jazz é um estilo musical que nasceu nos EUA na região de Nova Orleans no final do
século XIX e início do século XX.
Tendo como berço a cultura afro-americana, o jazz possui ritmo não linear e sua maior
marca é a improvisação. Com o passar dos anos, muitos sub-gêneros surgiram dessa
mesma raiz.
É importante destacar também a grande relação entre os estilos musicais jazz e blues.
O surgimento do jazz tem como matriz principal a cultura africana. As pessoas capturadas
na África e levadas ao solo norte-americano para serem escravizadas tinham na música e
no canto uma espécie de "refúgio" no qual podiam expressar-se.
Assim, durante o trabalho nas plantações de arroz, algodão, açúcar e tabaco, os
trabalhadores entoavam canções coletivas.
Depois da abolição da escravidão no país em 1863, os negros aproximam-se dos
instrumentos ocidentais e ocorre uma mescla de culturas, melodias e ritmos.
Posteriormente, em torno de 1890, já com o crescimento das cidades, essa efervescência
sonora ganha corpo em Nova Orleans, Louisiana, mais precisamente no bairro de
Storyville, em bares chamados de Honky Tonks.
Nessa região, houve espaço para o desenvolvimento da música folclórica aliada às
influências americanas, que por sua vez foram inspiradas em referências europeias. Daí
surgem diversos ritmos como o Ragtime, Blues e Spirituals.
Da combinação desses ritmos e experimentações se origina o jazz que, assim como o
blues, se utiliza da "blue note", uma nota musical específica que confere característica
melancólica à música.
Foi por volta dos anos 20 que essa vertente musical ganha espaço em outros locais e
passa a fazer parte também da vida cultural da elite.
Além disso, nesse período novas tecnologias e maneiras de comunicação aparecem,
como o rádio, possibilitando que o jazz se difunda em diversas partes do planeta.
Foi por volta dos anos 20 que essa vertente musical ganha espaço em outros locais e
passa a fazer parte também da vida cultural da elite.
Além disso, nesse período novas tecnologias e maneiras de comunicação aparecem,
como o rádio, possibilitando que o jazz se difunda em diversas partes do planeta.
Estilos e artistas do Jazz
A trajetória do jazz foi marcada por muita experimentação, misturas sonoras e
improvisação. Tal fato gerou sub-gêneros, que apareceram mais ou menos nessa ordem
cronológica:
Swing e Big bands
Esses são os primeiros estilos jazzísticos de destaque, surgidos nos anos 30. O swing
passa a ser tocado em rádios e incita o fortalecimento da big bands, que eram orquestras
com vários músicos e instrumentos.
Nomes importantes dessa época são: Bix Beiderbecke, Billie Holiday, Ella Fitzgerald e
Louis Armstrong, que nessa época, já era bastante reconhecido e ganhou o título de "rei
do jazz".
Bebop e Hard bop
O bebop e hard bop são estilos de jazz mais "radicais", com sonoridades mais complexas
e rápidas. É a nessa época que o jaz ganha uma "modernização", nos anos 50. Artistas
importantes: Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bill Evans.
Cool jazz e Soul jazz
Essas vertentes surgem como oposição aos estilos anteriores. Apresentam maior
suavidade e linhas melódicas maiores. O soul jaz tem muita influência do blues. Um
grande artista dessa época é Miles Davis.
Free jazz
O free jazz aparece no fim dos anos 50 com estilo mais experimental, livre e
descompromissado com a simetria sonora. John Coltrane é um músico de destaque
desse gênero.
Fusion jazz
A partir dos anos 60 o jazz começa a mesclar-se com outros ritmos, principalmente o rock.
Aqui temos, por exemplo, nomes como Herbie Hancock e Frank Zappa.
Jazz Latino
O jazz latino é um ritmo latino-americano que mistura o jazz com outros instrumentos e
ritmos de salsa, merengue, mambo e samba.
Características do Jazz
São diversos os estilos de jazz, portanto suas características também se alteram de um
para outro, entretanto, podemos dizer que, no geral, essas particularidades se mantém:
•liberdade;
•improviso;
•interpretação individual;
•criatividade;
•ritmos não lineares;
•sonoridade dançante.
Jazz no Brasil
No Brasil, o surgimento do jazz esteve, a princípio, muito colado ao que se fazia nos EUA.
O estilo no país era feito como imitação das jazz bands norte-americanas, como é o caso
da banda comandada por Severino Araújo, por exemplo.
Mais tarde, no final da década de 50, com o aparecimento da Bossa Nova, surge também
o improviso, criatividade e liberdade tão característicos do jazz. Ou seja, é criado, enfim,
um tipo de música jazzística especificamente brasileira.
Nomes importantes dessa vertente no Brasil foram: João Gilberto, Zimbo Trio, Luiz Eça,
Hélio Delmiro, Victor Assis Brasil, Raul de Souza, Márcio Montarroyos, Rio Jazz
Orquestra, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.

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