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BARROCO – Séculos XVII e XVIII

O século XVII foi marcado por governos absolutistas na Europa. Muitas cortes
européias se tornaram importantes centros da cultura musical, com destaque
para a corte do rei da França Luís XIV (ao lado). Entre os “empresários” da
música havia papas, os reis da Inglaterra e da Espanha e governadores de
estados independentes da Itália e Alemanha. Na história da música, as
publicações delimitam esse período, de forma aproximada, entre os anos de
1600 e 1750, ano em que falece Johann Sebastian Bach, um dos maiores mestres
da música de todos os tempos.

Importantes mudanças caracterizaram o desenvolvimento da arte musical ao longo do século XVII.


Houve uma intensa busca por uma ampliação de recursos que possibilitassem uma maior
intensidade na expressão do conteúdo emocional das obras. Os compositores procuravam
representar com o máximo de veracidade os afetos e estados de espírito coletivos intensificando os
efeitos musicais através de contrastes muitas vezes repentinos e agressivos. Os compositores da
Renascença, ao contrário, expressavam em primeiro lugar os sentimentos individuais.

Grande parte da música a partir do século XVII passou a ser escrita em


estruturas definidas de tempos fortes e fracos, isto é, em compassos. A
partir de 1650 se tornou freqüente a utilização de uma única indicação
de compasso correspondente a uma seqüência regular de estruturas
harmônicas e de acentos, separada por barras de compasso em espaços
regulares.

No século XVII, os compositores abordavam o ritmo de duas formas: o


ritmo de métrica regular, com barra de compasso e o ritmo livre, sem métrica, característicos das
peças instrumentais de improvisação. Era comum entre os compositores utilizar, de maneira
sucessiva, as duas formas em uma mesma obra. Como exemplo dessa prática, existe as associações
de toccata e fuga (música instrumental) e de recitativo e ária (música vocal).

Recitativo era uma forma vocal, escrita normalmente para uma voz, que seguia os ritmos e as
acentuações normais do texto. Ao longo do século XVII, o recitativo tornou-se não apenas um meio
para os diálogos, mas também um elemento de ligação entre as árias.

Ária - Forma vocal que pode ser escrita como uma peça independente ou como parte de uma obra
maior, a exemplo da ópera. As árias representavam composições simples sobre poesia ligeira, cujas
melodias serviram de material para vários tipos de canções e peças instrumentais entre os séculos
XVI e XVII. Teve um importante papel nas óperas, cantatas e oratórios ao longo do século XVII.

BAIXO CONTÍNUO – sistema de notação musical onde o compositor escrevia a melodia e o baixo; o
baixo era executando em um ou mais instrumentos chamados de contínuo (cravos, órgão e
alaúdes) e era geralmente reforçado por um instrumento de apoio (viola da gamba, fagote). Acima
das notas do baixo, o executante do contínuo colocava os acordes da forma que lhe convinha, pois
notas do acorde não estavam escritas. A grande importância dada ao baixo, o isolamento do baixo
e do soprano tornando-os as linhas principais da textura e a pouca importância dada às vozes
intermediárias enquanto linhas melódicas caracterizaram as composições musicais do século XVII.

ÓPERA é uma obra teatral que reúne monólogo, diálogo, cenário, atuação e música. A ligação entre
teatro e música está presente nas diversas culturas antigas, a exemplo das dramatizações nas
“tragédias” da Grécia Antiga, com a participação de coros e instrumentos. Apesar das práticas já
existentes, o nome ópera só foi utilizado para designar um gênero musical no final do século XVI.
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Dentro do século XVII, é possível considerar como precursores da ópera o
madrigal. A prática da combinação recitativo e ária se tornou uma característica
da ópera. Tal prática experimentou um considerável desenvolvimento na década
de 1620 em Roma. Mas foi em Veneza que, a partir de 1637, o teatro local passou
a receber o público mediante o pagamento de ingresso. Tal prática inovadora na
história da música logo se estenderia à Inglaterra, França e Alemanha, tornando-
se um fator decisivo para o desenvolvimento da ópera que até então dependia
exclusivamente dos recursos dos mecenas ricos e dos aristocratas. As primeiras
óperas são baseadas em mitologia grega, especialmente em tragédias, a primeira foi L´Orfeu, de
Claudio Monteverdi, composta em 1607.

MÚSICA DE CÂMERA – A maior parte da música profana escrita para a


execução amadora ou profissional no século XVII era música de câmara. Era
uma prática onde um grupo pequeno de vozes, ou instrumentos, ou ambos
executa uma mesma obra, sendo que cada voz ou instrumento executa uma
parte independente da estrutura musical da obra.

CANTATA – Na primeira metade do século, a cantata era um termo utilizado


para nomear tipos diferentes de composição vocal. A partir da metade do
século, a cantata se caracterizou como um gênero de composição para voz
solista, com acompanhamento de contínuo, dividida em partes ou seções nas
quais se alternavam recitativos e árias sobre um texto lírico ou de caráter
levemente dramático.

ORATÓRIO – Era um diálogo sacro que combinava elementos da narrativa, do diálogo e da


meditação. Os textos poderiam ser escritos em latim ou em italiano. Se diferenciava da ópera não
apenas pelo tema religioso, mas também pela utilização do coro para os recursos dramáticos,
narrativos e meditativos. O oratório abrigava em sua estrutura os recitativos, árias e partes
instrumentais.

Música Instrumental
Na primeira metade do século XVII, a música instrumental foi adquirindo o mesmo prestígio e
importância que a música vocal. Nesse período, os compositores passaram a criar obras para um
determinado instrumento, para explorar as possibilidades do tal instrumento, além de criarem
obras para conjuntos instrumentais distintos, aproveitando os contrastes, possibilidades e timbres
característicos de cada instrumento.

PRELÚDIO – É uma composição instrumental destinada a servir como uma espécie de introdução
para uma obra maior ou um grupo de peças. Se desenvolveu a partir das improvisações feitas pelos
instrumentistas para verificar a afinação, o toque e o timbre de seus instrumentos, além de serem
utilizados pelos organistas que, nas igrejas, os utilizavam para determinar a altura e o modo da
música a ser cantada na liturgia.

A “FANTASIA” era uma peça instrumental em estilo de improvisação, para alaúde (ou vihuela) ou
instrumentos de tecla, de duração mais longa, cuja forma era organizada de maneira mais
complexa.
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TOCCATA - Peça escrita para instrumentos de tecla, em estilo de improvisação, utilizada para exibir
o virtuosismo do instrumentista. A partir do século XVII, se tornaram obras de grandes proporções,
divididas em partes ou seções com contrastes entre si e mudanças repentinas de textura.
FUGA - Forma que se originou das partes em estilo de contraponto imitativo das toccatas. Com o
tempo, os compositores passaram a considerá-la como uma peça independente que poderia estar
associada à toccata e ao prelúdio. A fuga se inicia com a chamada “exposição” do tema, na tônica,
seguida da “resposta”, ou seja, da entrada da 2ª voz com o mesmo tema, porém na dominante.
Essa prática vai se repetindo em oitavas diferentes até que todas as vozes tenham entrado e a
“exposição” esteja completa.

SONATA - Inicialmente, durante as primeiras décadas do século XVII, a palavra sonata era utilizada
para nomear prelúdios e transições instrumentais que ocorriam entre as partes de uma obra vocal.
A partir de 1630, a sonata passou a caracterizar composições instrumentais independentes para um
pequeno grupo de instrumentos (de dois a quatro) com um baixo contínuo e contendo várias
partes ou seções com ritmos e texturas diferenciadas e contrastantes entre essas partes.

ORQUESTRA BARROCA – No final do século XVII inicia-se um


reconhecimento pela diferença entre a música escrita com um só
instrumento para cada parte (música de câmara) e a música de
conjunto escrita com mais de um instrumento para tocar cada parte
(música de orquestra). Nesse período, as aberturas de óperas eram
criadas especificamente para a orquestra e, geralmente, não eram
apropriadas para a execução como música de câmara.

SÉCULO XVIII

CASTRATI Eram cantores cuja extensão vocal correspondia totalmente à extensão das vozes
femininas. Isso só era possível com uma operação de corte dos canais provenientes dos testículos,
responsáveis pela liberação dos hormônios sexuais para a corrente sanguínea. A castração era
realizada antes da puberdade ou em sua fase inicial, até no máximo os dez anos. A prática da
castração de cantores jovens surgiu no século XVI com a necessidade de vozes agudas nos coros das
igrejas da Europa Ocidental, que não admitiam mulheres em suas práticas. A ópera foi responsável
pela ascensão e prestígio dessa categoria de artistas, especialmente no século XVIII.
O mais famoso dos castrati foi o italiano Carlo Broschi (1705-1782), conhecido como Farinelli. Sua
extensão vocal abrangia do Lá2 ao Ré6. Conta-se que era capaz de sustentar 150 notas em um só
fôlego. Encerrou sua carreira como cantor exclusivo do rei Felipe V da Espanha.

O Período Clássico, final do século XVIII

SONATA CLÁSSICA é uma composição em 3 ou 4 andamentos de “atmosferas” e tempos diferentes.


O primeiro andamento possui uma forma que caracteriza a “Forma Sonata”, dividido em três
secções ou partes: exposição do tema, desenvolvimento e recapitulação do tema.

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SINFONIA - Composição semelhante à Sonata Clássica, mas ao contrário dessa, as diversas secções
melódicas possuem um caráter vigoroso e enérgico e tendem a ser mais longas e mais fluentes,
com menos finais de frases e cadências perceptíveis.
A ORQUESTRA SINFÔNICA – Até o final do séc. XVIII, o cravo era o instrumento que “dirigia” a
orquestra. A partir do final do século, essa direção passou para o primeiro violino. A orquestra do
século XVIII era bem menor que a atual. Em 1756, a orquestra de Mannheim era composta por 20
violinos, 4 violas, 4 violoncelos, 4 contrabaixos, 2 flautas, 2 oboés, 2 fagotes, 4 trompas, 1 trompete
e 2 timbales. A orquestração sinfônica da época confiava todo o material musical principal às
cordas, sendo os instrumentos de sopro utilizados apenas para dobrar, reforçar e preencher as
harmonias. A partir do fim do século os instrumentos de sopro começam a receber material mais
importante e independente.

A ÓPERA COMICA OU “BUFA” - Este termo foi utilizado para caracterizar obras em estilo mais
ligeiro que o das óperas “sérias”. Em vez de abordarem temas heróicos ou mitológicos, as óperas
cômicas apresentavam estórias e personagens familiares, temas satíricos, podendo ser
representadas com recursos relativamente modestos. Tomou formas diferentes em diversos países
e seus libretos eram escritos sempre na língua nacional. Um dos mais importantes tipos de ópera
cômica surgiu na Itália e se chamava “Intermezzo”; o nome vem da origem de se apresentar breves
transições cômicas entre os atos de uma ópera séria.

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