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Sonata Vox Gabrieli de Stjepan Šulek

Biografia do Compositor

Compositor croata, maestro e violinista, Stjepan Šulek nasce em Zagreb no dia 06 de


agosto de 1914 e falece também em Zagreb no dia 16 de janeiro de 1986. Marcou a
cultura croata e a música do século XX pela sua
produção multifacetada. Šulek começou muito
cedo com o estudo do piano e do violino. Após o
ensino secundário concluído, Šułek estuda na
Academia de Música de Zagreb, onde se formou
em violino na classe de professor Vaclav Huml em
1936. Por um curto período, ele frequenta aulas de
composição na classe do professor Blagoje Bersa,
mas é um compositor autodidata. Começou a atuar
como músico de câmara e violinista da mais alta musicalidade desde 1933, atuando
ativamente em vários grupos de câmara; por alguns anos, liderou a Orquestra de Câmara
da Rádio-Televisão de Zagreb, como seu regente. Desde 1940, Šułek ensina violino e,
de 1947 até se reformar em 1975, foi professor de composição na Academia de Música
de Zagreb.

Análise da “Sonata Vox Gabieli” de Stjepan Šulek

A Sonata Vox Gabrieli para Trombone e Piano é composta por apenas um andamento,
não respeitando a forma clássica da sonata. Apesar de ter apenas um andamento está
divida em várias mudanças de carácter, evidenciadas pela mudança de articulação ou até
mesmo dinâmica.
A mudança mais acentuada consiste no material temático. Se na sonata clássica cada
andamento é independente, ou seja, cada secção detém material temático diferente,
neste caso, o compositor repete partes já apresentadas, mas com notas diferentes. No
final aparece uma reexposição do tema inicial, mas numa dinâmica mais elevada, e com

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uma alteração para o registo agudo, aludindo às alturas celestiais, já que o título da obra
remete ao anjo Gabriel.
A obra inicia com o piano com tercinas na mão esquerda e sextinas na mão direita.
Após isto, o trombone apresenta o tema A, com um caráter sustenuto e um ritmo
sincopado, mantendo sempre a dinâmica mf, já o piano mantém um caráter contrastante,
com um ritmo tercinado e com escalas ascendentes e descendentes na mão direita.

Após 16 compassos de Tema A, Šulek introduz uma ponte de ligação para o Tema B,
esta com 4 compassos, onde o trombone sustenta notas longas e o piano acompanha
com um ritmo de colcheias.

Depois desta ponte, o trombone faz a anacrusa para o Tema B, em Sol bemol, que
começa com um ritmo definido
pelas colcheias, e que é
acompanhado pelo piano.

O piano acompanha esta melodia igualmente com colcheias, mas estas no contratempo
do primeiro e do terceiro tempo.

Dentro da primeira parte desta sonata, ainda encontramos um Tema C, com o caracter
mais legato, com importância à

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dinâmica controlada, ao tipo de articulação a utilizar, e à característica principal, o
fraseado.

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Neste Tema C, o piano acompanha com
mínimas na mão direita, e semínimas na
mão esquerda. Ainda neste Tema C, Šulek
apresenta um subtema, numa dinâmica
mais reduzida, para criar um contraste com
a primeira parte. Este subtema inicia-se num registo mais agudo, e com um andamento
mais tranquilo. Apesar de ser contrastante, continuamos com a sobrevalorização do
legato.
Após estes três temas, Šulek dá início à segunda parte da sonata, embora antes disso
aconteça uma ponte de quase trinta compassos. Apesar de ser uma ponte de ligação
entre a primeira e segunda parte da sonata, pode dizer-se que ainda há um tema que é
repetido três vezes, mas com algumas alterações nas notas.
A segunda parte da sonata inicia-se com uma mudança repentina de carácter. Passa a ter
uma articulação mais definida, mas apenas com uma duração de três compassos, depois
retorna ao legato.

Após estes três temas, Šulek dá início à segunda parte da sonata, embora antes disso
aconteça uma ponte de quase trinta compassos. Apesar de ser uma ponte de ligação
entre a primeira e segunda parte da sonata, pode dizer-se que ainda há um tema que é
repetido três vezes, mas com algumas alterações nas notas.
A segunda parte da sonata inicia-se com uma mudança repentina de carácter. Passa a ter
uma articulação mais definida, mas apenas com uma duração de três compassos, depois
retorna ao legato.

Refira-se que mais uma vez este tema mais legato tem uma curta duração, exatamente
dezasseis compassos.
Depois disso, Šulek insere o segundo tema da segunda parte, mais extenso e, dentro
dele, o trombone tem de efetuar dois tipos diferenciados de articulação, no início mais

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longa e depois mais definida, devido à grande quantidade notas inseridas em sextinas.

Nesta segunda parte, é apresentada uma reexposição do Tema C da primeira parte da


sonata, mas agora transposto uma 4º Perfeita a cima. Novamente aparece o mesmo
subtema, mas agora uma 5º Perfeita a baixo.

Antes da segunda parte da sonata terminar, Šulek adiciona mais um tema, este também
dividido em duas partes. A primeira numa dinâmica ff, e a outra f. Inicia de forma
inesperada, pois vem de uma ponte com notas longas e em piano. Para criar o efeito
surpresa, o compositor utiliza tercinas de fusas, muito articulado e em fortíssimo.

Nesta parte, existe uma grande confusão entre o solista e o piano, pois o trombone está a
tocar de forma mais agressiva enquanto o piano acompanha com escalas em
semicolcheias, o que causa uma certa incerteza para quem ouve e até mesmo para quem
está a tocar. Este ambiente segue-se durante dezasseis compassos.

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Esta incerteza desagua no subtema deste último tema da segunda parte, pois o trombone
passa de fortíssimo para forte, e é onde o piano tem espaço para mostrar as suas
capacidades técnicas, pois aparecem várias escalas e o piano fica mais exposto porque o
trombone baixa a dinâmica.

Após isto, o solista encerra a segunda parte com um Sib pedal em fortíssimo.
Para não contrariar completamente a forma da sonata clássica, Šulek para acabar em
grande, faz uma reexposição do primeiro tema da sonata, mas agora, como referido
anteriormente, numa dinâmica mais elevada, mas cumprindo as regras impostas no
primeiro tema. O acompanhamento é ligeiramente alterado para que a sonoridade se
torne mais densa. O trombone explora um registo mais elevado para obter uma lírica
celestial, e fazer do instrumento a voz do Anjo Gabriel, como é sugerido pelo título da
sonata.

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