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Análise da obra Quinteto “A truta” de Franz Schubert

Análise Musical VI
Ano letivo 2017/2018
Tiago Sousa, nº35696

No âmbito do trabalho da disciplina de análise musical VI proponho usar como objeto de


estudo a obra Quinteto “A truta” de Franz Schubert. Decidi escolher este exemplo musical
pois é uma obra com a qual estou bastante familiarizado e também porque é um género que
desperta muito o meu interesse pela formação do mesmo (quarteto de cordas e piano).
Outro facto interessante sobre esta obra musical é a mesma conter no seu quarto
andamento um tema e variações sobre o tema do Lied “A truta” (com o texto de Daniel
Schubart) escrito anteriormente pelo mesmo compositor. De facto, este género que é o
quinteto com piano nasceu no Romantismo e é muito importante pois eleva o piano no
plano da música de câmara, e neste caso em particular é interessantíssimo percebermos
como o compositor transmite o objetivismo das palavras do texto do Lied agora apenas em
expressão puramente instrumental.

A obra inicia com um acorde em tutti e logo em seguida o piano faz uma intervenção que irá
ser recorrente ao longo de todo o andamento, que consiste num arpejo em tercinas.
Podemos considerar que a textura que nos é apresentada é uma textura coral, com uma
escrita bastante intrincada, onde se destacam o violino e violoncelo pelas melodias que
desenvolvem. Todos os dez primeiros compassos consistem nesta alternância entre a escrita
coral com o elemento de arpejo do piano (elemento estrutural), que designarei por secção
A.

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Fig. 1- Elemento estrutural (Construído em Noteflight)

Fig.2- Secção A (extraído e trabalho através do IMSLP)

A partir do compasso onze, na secção B (compasso 11-18), abandonamos a escrita “coral”,


assim como desaparece também a alternância do piano com o quarteto. O piano agora
desenvolve melodias que vão ao encontro dos restantes, e o elemento estrutural aparece
nas linhas do quarteto.

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Fig.3- Secção B (Extraído e trabalhado através do IMSLP)

A secção C (19-25) aparece como um desenvolvimento da secção B, na medida em que


consiste numa aceleração motívica, quer por parte do piano, quer por parte do quarteto. O
piano, que anteriormente estava a desenvolver um tema/motivo de quatro compassos,
agora apresenta um motivo com apenas dois compassos, e no quarteto há uma enorme
alternância do elemento estrutural. Há que realçar também a alternância entre a viola e o
piano, que desempenham motivos semelhantes, como um diálogo. Esta secção é muito
interessante, pois demonstra um pouco a herança clássica que ainda subsiste no compositor,
pois este tipo de aceleração no período clássico servia para fazer uma “ponte” entre uma
secção e outra, pois aqui tem exatamente a mesma conotação.

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Fig. 4- Secção C (Extraído e trabalhado através do IMSLP)

Como referi antes, a secção C serviu como ponte para uma nova textura, textura esta que vai
ser a de melodia e acompanhamento (compassos 25-34). O contrabaixo, o violoncelo e a
viola desempenham o acompanhamento, o violino desempenha a melodia e o piano
regressa com o elemento estrutural.

Fig.5- Secção D (Extraído e trabalhado através do IMSLP)

A última secção de que irei falar neste trabalho trata-se de uma secção semelhante á secção
C, pois contém aceleração motívica quer na melodia quer na parte do piano. A melodia é
reduzida a pequenos elementos semelhantes entre si, e a parte do piano ganha destaque
devido aos valores curtos que desempenha em escalas e arpejos.

Fig. 6- Secção E (Extraído e trabalhado através do IMSLP)

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Tabela Final:

A B C D E
Violino; Vlc. Piano Piano Violino Violino
Viola; Cb. Violino Viola Viola; Vcl. Piano
Piano Viola Violino Contrabaixo Viola; Vlc

Contrabaixo Violoncelo Piano Contrabaixo


Contrabaixo

1-10 11-18 19-25 25-34 34-38

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