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Análise Musical IV
2022/2023
Contextualização:
Na sua época, o público não recebeu esta obra de forma unânime. Como esta explorava
a dualidade de emoções, rompendo com as convenções musicais, a sinfonia era considerada
radical e revolucionária. As texturas, mudanças drásticas de dinâmicas e a complexidade
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harmónica são alguns exemplos que conferem à sinfonia do destino a sua tão marcada
individualidade. Assim, opiniões contrastantes surgiram. Enquanto alguns críticos aclamavam
a originalidade do compositor outros desprezavam-na. Contudo, a popularidade da peça
aumentou com o passar dos anos e atualmente é uma das obras mais populares e icónicas do
repertório sinfónico.
Análise:
Esta secção é um ótimo exemplo da textura que o início desta sinfonia enverga: o
uníssono orquestral. Apesar de ainda não estarem presentes todos os instrumentos, os que
estão apresentam a mesma série de notas: sol, sol, sol, mi. Tal como nos explica W. Piston no
seu livro Orchestration o uníssono orquestral ocorre “when a texture is composed of but one
element, this is most frequently in the nature of a melodic phrase delivered by anywhere from
one to all the instruments of the orchestra”.
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Por sua vez, o aspeto qualitativo é referente à relação existente entre os diversos
componentes. Estes agrupamentos são realizados com base no ritmo, direção e intervalos.
Como nos primeiros compassos da quinta sinfonia de Beethoven os instrumentos presentes
tocam a mesma melodia com o mesmo ritmo, encontramo-nos perante uma voz qualitativa.
Isto porque, a secção é inteiramente homorrítmica, homodirecional e homointervalar.
Contudo, é importante notar que para existir uma voz qualitativa não será necessário o
acumular destas três características
Láb: viola
Sol: violino 2
Aqui encontramos cinco vozes quantitativas: o fagote, dois violinos, viola e violoncelo.
Relativamente ao aspeto estrutural qualitativo podemos agrupar o fagote e o violoncelo numa
voz, uma vez que tocam em uníssono fazendo deste um
agrupamento homorrítmico, homodirecional e
homointervalar. As restantes cordas (violinos 1, violinos 2
e violas) repetem desfasadamente o motivo inicial e
sobre notas diferentes. Algo importante a notar é que as
imitações reforçam a independência das vozes, pelo que,
qualitativamente não as podemos agrupar. Através do
esquema apresentado na figura 4 facilmente inferimos que as Figura 4- Nº de vozes quantitativas e
qualitativas da secção 2
entradas destas imitações acontecem num intervalo de um
compasso de distância. Assim sendo, estamos neste excerto perante quatro vozes qualitativas.
São estas vozes independentes que conferem a textura contrapontística a este excerto
da obra tal como nos apresenta W. Piston na sua obra Orchestration: “The contrapunctual
texture consists entirely of melodic elements. The melodic lines may be designed in imitative
counterpoint, or they may be quite independent as melodies. The texture may be fugal, or it
may present a combination of melodies thematically significant, perhaps previously heard
singly, and so not new to the ear.”
Sobre este mesmo excerto, podemos ainda expor a sua natureza homofónica.
Segundo W. Berry no seu livro Structural Functions in Music: “Homophonic would literally
denote a condition of interdependent voices, but its traditional connotation is that of texture
in which a primary voice is accompanied by a subordinate fabric sometimes interactive in
tentative ways, the bass normally in a contradirectional or other contrapuntal relation to the
primary voice or voices!”.
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Este excerto conclui numa meia cadência e a distribuição das notas através dos
instrumentos é a que se pode verificar na figura 6:
Sol- Flauta 1
Oboé 1 + Violino 1
Clarinete 2, Trompete 2
Tímpanos
6
Ré- Flauta 2
Oboé 2
Contrabaixo
Bibliografia:
Sadie, S., & In Grove, G. (1980). The New Grove Dictionary of Music and Musicians