Charles Rosen analisa as primeiras canções de Dichterliebe de Schumann. A primeira canção explora a relação entre voz e piano de forma sutil e ambígua. A segunda canção termina sem resolução, deixando uma sensação de incompletude, assim como a primeira. Rosen discute como Schumann usa elementos poéticos e musicais para criar um sentimento de sonho irrecuperável.
Charles Rosen analisa as primeiras canções de Dichterliebe de Schumann. A primeira canção explora a relação entre voz e piano de forma sutil e ambígua. A segunda canção termina sem resolução, deixando uma sensação de incompletude, assim como a primeira. Rosen discute como Schumann usa elementos poéticos e musicais para criar um sentimento de sonho irrecuperável.
Charles Rosen analisa as primeiras canções de Dichterliebe de Schumann. A primeira canção explora a relação entre voz e piano de forma sutil e ambígua. A segunda canção termina sem resolução, deixando uma sensação de incompletude, assim como a primeira. Rosen discute como Schumann usa elementos poéticos e musicais para criar um sentimento de sonho irrecuperável.
Resumo do livro "A Geração Romântica" de Charles Rosen sobre o
ciclo "Dichterliebe" de Schumann
Analise III
Victor Atanazio Pires RA 187840
Capitulo 2 - Renovação
Charles Rosen começa o segundo capitulo falando sobre a primeira canção do
Dichterliebe, ele fala de como essa canção é tão pouco inusitada em questão de formas e de como ele termina a música com uma dominante de fá sustenido menor com sétima, algo que pede uma resolução evidente. Rosen cita que "a verdadeira perícia dessa canção está na relação entre a voz e o piano, em questão de resolução e a sensação de que falta a resolução. No compasso 12 o piano resolve a linha vocal, se colidindo com a voz gerando uma sensação assombrosa, onde se encontra o momento de oposição mais importante da música. Essa ambiguidade entre voz e instrumento trabalha de forma crucial para a técnica de Schumann, a duplicação da voz em cima da nota prolongada do piano, isso que já era conhecido por Schubert um século antes. O sutil jogo entre melodia e acompanhamento e muito bem descrevido por Schubert, que por sua vez faz com que o piano não seja um instrumento de acompanhamento somente, mais que já possui linhas próprias de melodia. A relação entre esse acorde de dominante de fá sustenido menor com sétima no final se explica como o acorde mais instável, que se torna o pivô em torno do qual tudo ocorre. A estrutura tonal básica continua sendo linearmente a forma usada por Schumann que é o de definir um ponto de repouso, uma tríade central, dela se afastar e voltar a ela uma ou mais de uma vez. E apenar de completamente equilibrada, continua sendo instável.
Capitulo 2 – Aberta e Fechada
A segunda canção de Schumann apesar de cadenciar na tônica e de praticamente
não possuir qualquer ambiguidade em relação a sua tonalidade, de uma maneira significativa, possui ainda menos sentido que a primeira questão. A estrutura da Canção é na aparência mais simples que o poema, ele distorce a forma A B A A quando a quarta frase é entrada. Schumann também explora ainda mais intensamente a ambiguidade da voz com o piano, a voz duplica as notas da melodia do piano com exceção da última nota da frase repetida. A voz termina cada frase como uma questão e piano conclui sem concluir, essa nota qual o cantor se detém por três vezes suspensa, é a mesma nota do final da primeira canção, que é suspensa também, com a sensação de que não resolve. Schumann usa um caráter bem emocional e expressivo com seus pianíssimos, a reformulação da frase final nos dá uma cadência mais elaborada, e a harmonia ganha mais intensidade através de uma nova parte cromática de contralto. Na partitura a segunda canção pode até ter seu papel independente, mas na funcionalidade seu início depende da primeira canção. A cadencia de La maior que já era descartável, depois da fermata fica ainda mais desnecessária depois da pausa final, que é ainda mais longa, fica com a impressão de que é um mero contratempo de uma dominante de ré maior. Esta canção abre por si mesma, com um caráter de agitação, mais apenas os dois primeiros compassos possuem um caráter folclórico, a melodia não é apenas banal, além de vulgar, possui vários momentos inoportunos. Talvez Schumann tenha sido o primeiro compositor a transformar uma anedota musical em um efeito trágico, a utilizar o banal ou inoportuno, de maneira séria. E foi através dos grandes conjuntos de piano, que Schumann aprendeu a técnica de criar um ciclo de fragmentos.
Capitulo 3 – As obras inacabadas do passado
Rosen descreve no começo desse tópico elementos poéticos que contribuem na
música de Schumann, como os elementos da natureza, e como os poetas e Schumann exploram essas ferramentas. A ilusão de um sonho de um passado irrecuperável se estilhaça o cantor não pode terminar a canção, ele termina sobre uma tônica que se transformou em uma dissonância, então ele retorna o vaco das estrofes iniciais. E nunca um silencio foi tão ou mais importante que as próprias notas. Diferentemente de Beethoven que em seu ciclo de canções arrola em uma sequência interrupta, Schumann em seu ciclo faz várias canções separadas, não que isso significa que sejam canções independentes. De acordo com a técnica usada por Schubert, algumas canções terminam sem resolução, que por muitas vezes se resolvem na canção seguinte, e isso é explorado por Schumann em Frauenlieb und Leben e Dichterliebe. E essa é a característica a qual Schumann chama somente esses dois de "Cyclus". Todos os outros conjuntos de canções é dado o nome de "círculo de canções". Em Dichterliebe, Schumann busca sempre as trilhas harmônicas mais difíceis, diferente de Beethoven, não há unidade tonal principal e nem diferentes regiões tonais que encontramos em Schubert, mais ao contrario deles Schumann usa um senso contínuo de movimento e mesmo de crescimento de um centro tonal para o próximo. A única citação relevante de Schumann de uma canção para a outra é o poslúdio final, pois a melodia de muitas canções parece ser derivada da anterior sem se elevar/descer ao status de citação real. De acordo com Rosen, os Liederkreis, tanto de Heine quanto de Eichendorff, são tonalmente fechados. Para Schumann, tanto séries quanto os cliclos requeriam alguma espécie de retorno, e nesses dois conjuntos o retorno é de ordem harmônica.
*Das pag. 312-315 eu não obtive acesso pois essas páginas não estavam disponíveis em todos os pdf que procurei na internet. *