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Questão 1:

Estilo Galante
Galante é um estilo musical muito popular no século XVIII. É considerado um estilo de
transição entre o barroco e o classicismo. O termo surgiu em Versalhes no reinado de Luís
XIV como uma reação contra o estilo de música do barroco que apelava à complexidade
harmónica, melodias pouco naturais e entoação difícil. Portanto o estilo galante identificou-
se com a elegância, o engenho e o bom gosto e mais especificamente com um estilo de
música mais simples, com harmonias que enfatizam a tónica e a dominante, melodias
cantabile, frases curtas e uma distinção mais clara entre o solista e o acompanhamento.
O objetivo deste estilo era apelar ao maior número de público possível, os compositores que
adotaram este estilo começam a compor com a ideia de venda ao público e como resultado
havia uma menor exigência técnica e a escrita polifónica ficou reduzida ao essencial.
A ascensão deste estilo também está relacionada com ascensão da burguesia. Este novo
estilo demarcou a diferença e a modernidade que a sociedade estava a passar. O estilo
galante era mais acessível à principiantes (no piano, por exemplo) que usavam a música
como forma de entretenimento e exibição dos seus talentos e estudos.

Leonardo Vinci (1690–1730), who was widely recognized as an innovator: his light textures,
simple harmony, periodic melody and formula-based cadences typify the early galant. His
immediate followers in this light and gracious manner were Hasse and Pergolesi, who used
more decoration, particularly triplet figures and inverted dotted rhythms

Sturm Und Drang


O sturm und drang é uma tendência literária pré-romântica que começa por surgir
na literatura alemã e tem o seu auge na década de 1770. O termo foi originalmente usado
em uma peça de teatro de Friedrich Maximilian Klinger ambientada durante a guerra de
independência dos Estados Unidos. A violência e a rebelião dos colonos transmitida nesta
peça faz parte no início do movimento do sturm und drang. O livro escrito por Goethe
intitulado “Os Sofrimentos do Jovem Werther” também é um marco do início deste
movimento. O livro ficou associado com uma onda de suicídios e o acontecimento ficou
conhecido como o “efeito Werther”. No entanto, este é ligado ao movimento sturm und
drang devido aos sentimentos exagerados de amor correspondido, mas impossível, do
personagem principal que faz com que este no fim acabe com a sua vida.
A função deste estilo de música era expressar as paixões do ser humano usando o
sublime como uma forma de despertar outras paixões. Neste estilo a natureza não é usada
como um exemplo de equilíbrio, como no estilo galante, mas sim como um exemplo de
irracionalidade demonstrada nos elementos que não são compreendidos, como a
tempestade. O objetivo deste estilo era invocar uma atmosfera de terror, drama e violência.
Estes objetivos são alcançados na música através da prevalência de tonalidades menores,
sonoridades maciças, contrastes abruptos, uso de cromatismos, dissonâncias, instabilidade
tonal, síncopas e acentuações inesperadas.

Sensibilidade
...............
Questão 2:
La serva Padrona: “A serpina penserete”
Esta peça é uma Ária Da Capo, com uma textura de melodia acompanhada, dividida
maioritariamente em três partes: ritornello, a e b.
A peça começa com um ritornello do compasso 1 ao 3 em Si bemol maior. No compasso 2
podemos observar que a série de fusas criam uma onomatopeia, uma ideia de riso, que se
encaixa na temática da cena.
A parte A está entre os compassos 3 e 60, no entanto esta também é dividida em duas
secções. A secção a do compasso 3 ao 10 e a secção b do compasso 30 ao 36. A primeira
secção da parte A está na tonalidade de Si bemol maior entre o compasso 3 e 10, a
tonalidade mais frequente da peça. Do compasso 10 ao 30 existe um aparte feito pela
personagem que é dirigido ao público na tonalidade de Fá maior. Na secção b da parte A do
compasso 30 ao 36 a música encontra-se na tonalidade de fá maior e novamente existe um
aparte feito pela personagem dos compassos 37 ao 60 em si bemol maior. A parte a assim
revela ma simetria em relação as suas divisões, esta começa e termina em si bemol maior
(compassos 3 ao 10 e 37 ao 60) e as subdivisões mais centrais em fá maior.
A parte B está na tonalidade de sol menor, a relativa menor de Si bemol maior, para realçar
o lamento feito pela personagem de Serpina nesta passagem. Encontra-se entre os
compassos 60 a 77.
Como esta peça é uma ária da capo esta estrutura volta a repetir-se mais uma vez o que é
muitas vezes cortado por certos produtores.
A prática vinda do barroco dizia que não havia mudanças de tonalidade na mesma secção,
por isso esta ária sai das normas criadas anteriormente.

Questão 3
Nesta ária Serpina manipula as emoções de Uberto ao persuadi-lo de que este vai
sentir a falta dela depois que ela tiver saído da casa para se casar. Para isso a secção a é
num andamento largo e há muita repetição de texto e música que demostra o objetivo de
Serpina de manipular Uberto. Entre a parte a e o aparte as cordas passam a tocar fusas que
dão a ideia de riso que será demostrado no aparte que é uma secção mais rápida, onde
Serpina comenta os efeitos que o seu lamento e sedução estão a ter em Uberto. As
mudanças de andamento para allegro demonstram as mudanças de humor da personagem.
As silabas tónicas são realçadas pela música fazendo com que o discurso seja o mais
próximo possível da fala. Por exemplo na primeira frase: A Serpina penserete na sílaba pi de
serpina a nota é a mais aguda desta frase e em re de penserete há uma articulação com
fusas que realçam a sílaba.
Também na frase e direte: ah! poverina a exclamação ah é realçada com um trítono
descendente dando a ideia de que Uberto ficaria triste por ver Serpina sair A mesma frase
nos compassos 32 e 33 é repetida para transmitir a ideia de insistência de Serpina. Também
existem articulações como uma suspensão para acompanhar a vírgula no texto, por
exemplo, no compasso 7.
Na parte b a personagem de Serpina pede perdão à Uberto pelas suas impertinencias
e falhas e, por essa razão, esta parte da música está na tonalidade de sol menor. A música
realça a frase: mi perdoni com uma segunda menor descendente que era uma figura de
choro (figura do pianto) para realçar o suposto sentimento de arrependimento de Serpina.
Serpina volta a mostrar o seu sentimento verdadeiro no aparte onde diz que o seu plano
não poderia estar a correr melhor e a música acompanha esse sentimento com uma
mudança de andamento para allegro, tal como nos outros aparte.
Questão 2:
La serva Padrona: “Sempre in contrasti”
Este recitativo está em forma de ária da capo e está dividida em três partes
principais: ritornello, a e b.
O ritornello está na tonalidade de Fá maior e está entre os compassos 1 e 7.
A parte a está subdividida em quatro secções. A primeira na tonalidade de fá maior
entre os compassos 7 e 19 dirigida à Sepina. A segunda na tonalidade de dó maior entre os
compassos 19 e 25 dirigida à Vespone. A terceira em Sol menor e fá maior entre os
compassos 25 e 44 dirigida à Serpina. A última do compasso 44 ao 53 na tonalidade de fá
maior dirigida à Vespone.
Na parte A existe uma repetição em relação a quem o personagem se está a dirigir
(Serpina ou Vespone), no entanto não existe uma simetria, como na ária “A Sepina
penserete”, pois a ária começa e termina em fá maior, mas nas secções mais interiores não
existe uma só tonalidade.
Logo de seguida há uma repetição do ritornello do compasso 53 ao 58.
A parte B pode ser subdividida em duas. Uma primeira dos compassos 58 ao 63 na
tonalidade de fá menor num estilo mais melismático e uma segunda do compasso 64 ao 76
na tonalidade de ré menor, relativa menor de fá maior, onde o estilo silábico retorna.
De seguida começa uma parte instrumental na tonalidade de fá maior fazendo assim
o da capo.
O facto desta ária não ser simétrica demostra uma experimentação formal da parte
do compositor que no futuro daria origem à forma sonata. A organização tonal da peça
contribui para a dinâmica e mudanças de pensamento da personagem

Questão 3
Nesta ária Uberto reclama da sua serva Serpina ser muito demorada e rebelde. Para
isso a música começa com um andamento allegro assai, um andamento mais rápido, para
mostrar a inquietação de Uberto.
Nesta ária há uma exploração do registo agudo e grave por exemplo nos compassos
28 a 30 onde o personagem diz e qua e là; /e su e giù /e sì e no, ou seja, e aqui e ali/ e para
cima e para baixo/ e sim e não, a melodia também tem saltos grandes (os extremos tem um
intervalo de decima segunda) para demostrar esse contraste. Também há um exagero do
estilo silábico, um exemplo sendo no mesmo excerto, mencionado anteriormente, mas
também no excerto do compasso 71 a 73 onde Uberto imagina reação de Serpina. Esses
recursos são usados para uma construção da personagem cômica. Nos compassos 38 ao 40
o personagem mostra-se cansado de estar sempre com essa serva rebelde então na frase
“or questo basti” a palavra “basti” é cantada numa nota aguda que dá a ideia de que Uberto
está a gritar.
Na parte B Uberto imagina qual será o futuro de Serpina e diz que ela ainda terá que
chorar a sua desgraça. A música retrata o sentimento da personagem, por exemplo, na
palavra “piangere” (chorar) onde há um grande melisma dando a ideia de choro.

Sempre em contraste

com você é,

e aqui e ali; Sempre in contrasti

e para cima e para baixo con te si sta,

e sim e não; e qua e là;

agora isso é suficiente; e su e giù

você pode terminar. e sì e no;

Vespone você acha? ah! or questo basti;

Eu tenho que morrer? finir si può.

Meu senhor, não Mache ti pare? ah!

Ho io a crepare?

Mas você ainda terá que Signor mio, no.

chorar sua desgraça,

e então você dirá que está bem. Però dovrai pur sempre

O que você diz piangere la tua disgrazia,

Não é assim? e allor dirai che ben ti sta.

Ah! O que! Não! Sim, mas é assim Che dici tu?

Non è così?

Ah! Che! No! Sì, ma così è.

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