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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE ARTES
PORTO ALEGRE – RS
BACHARELADO EM MÚSICA

MAICON CASSÂNEGO

ANÁLISE SEMIÓTICA MUSICAL – MÚSICA VITRINES DE CHICO


BUARQUE DE HOLANDA

Porto Alegre – RS
Setembro – 2015
MAICON CASSÂNEGO

ANÁLISE SEMIÓTICA MUSICAL – MÚSICA VITRINES DE CHICO


BUARQUE DE HOLANDA

Análise semiótica Musical da Música Vitrines


de Chico Buarque de Holanda através da
Análise Paradigmática e Sintagmática.

Porto Alegre – RS
Setembro – 2015
1. Análise Paradigmática:

1.1 Segmentação

Na segmentação buscamos demosntrar os elementos que compõem a melodia


de Chico Buarque.
Estas são as principais características:
A música está composta em Sol menor. A melodia inicia com a nota sol
e termina na nota sol, com cadência a tônica.
No primeiro compasso a música inicia no arpejo de sol menor segue
apresentando a melodia em sol menor na sequência e no final da frase ela
termina na dominante, ou seja, na nota ré.
A nota de impulso é o sol que nos primeiros acordes leva a melódia. A
primeira frase são arpejados.. na sequencia segue a melodia em grau conjunto
( Dó, ré, mi) onde no final da frase ocorre uma bordadura superior no fé
retornando ao Mi. No compasso 4 o anacruse de tercinas de colcheias a
melodia faz saltos de 4 e quinta subindo por graus conjuntos.
Na sequência a melodia vai variando entre esses movimentos citados
anteriormente. O motivo principal aparece também no compasso 8 e 9 com
ritmo diferente mas mesma composição melódica. Na metade da música até o
fim (compassos 15, 18, 24, 28, 29, 34 e 35) apresenta um ritmo diferente as
sextinas que dão uma quebra do que vinha sendo apresentado anteriormente.
No final faz uma cadência a tônica terminando em Sol menor
novamente.
1.2 Quadro de segmentação
2. Análise Sintagmática

2.1 Linearidade
A linearidade da música Vitrines encontra-se quadro de segmentação
acima descrito

2.2 Função
Motivo de Impulso (Sol, SIb, Ré) em forma de arpejo também é o
impulso inicial.
Motivo Cadencial: tem função conclusiva ( Si, La, Si, Ré – Sol)
Variaçao dos elementos básicos ( c.9-10);

2.3 Tipo
A peça tem motivo de impulso muito claro ao fazer o acorde de Sol
menor arpejado (C. 1 e 2); novamente aparece uma melodia arpejada no
compasso (5, 6 , 7, 8 ) porém esse arpejo se apresenta sempre com um salto
de quarta descendente e no compasso 8 num salto de quinta descendente.
Nos compassos 9,10,11 o motivo de impulso inicial se apresenta
novamente apenas com deslocamento rítmico.
O motivo contrastantes na peça são os saltos em relação a melodia que
que segue fazendo bordadura tanto ascendente como descendente em relação
a nota principal.

2.4 Sentido

A letra da música de Chico Buarque segue abaixo:


“Eu te vejo sumir por aí
te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão - Olha pra mim - Não faz assim - Não vai lá não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão”
A canção de Vitrines de Chico Buarque nos remete ao amado que tem
ciúmes de sua amada a vagar pela cidade. Interessante que na música no
momento em que o amado faz algumas afirmações firmes como “Da tua mão,
olha pra mim, não faz assim, não vai lá não” a melodia faz o salto e segue em
grau conjunto e mostra aparentemente firmeza assim como na fala.
Na sequência ele vai descrevendo de forma instável, visto que a música
esta sempre utilizando ritmo de tercinas e sextinas. Como uma instabilidade
emocional e ao mesmo tempo um nervosismo em querer estar com a bem
amada.
Ele a observa de fora. Na própria canção ele expressa que és o vigia
dela. Ele a cuida a vê, mas entende-se que o mesmo ainda não está ao lado
dela como seria seu desejo.
O jogo de palavras que o autor faz em sua poesia faz o ouvinte divagar
em relação ao real sentido que a poesia quer expressar. No entanto essa
autonomia que o ouvinte tem enriquece ainda mais a música do autor, visto
que a cada nova audição novas possibilidades de interpretação que os
ouvintes fazem da obra podem ser possíveis.
3. Conclusão

A análise Distributiva permite ao ouvinte ter um maior aprofundamento


dos elementos que o compositor utilizou em sua música para expressar a
letra da canção. Analisar os elementos musicais e as formas como os
mesmos se complementam dentro de uma obra permitem que possamos
chegar a um bom nível de clareza em relação ao que o compositor se
propôs na obra apresentada.
Importante fazer essa análise pois, mais do que uma visão subjetiva da
música, podemos identificar dentro das frases musicais e dos períodos da
mesma, o forma com que o compositor pensou sua canção.
Os executantes percebendo a real intenção consegue interpretar e dar o
real sentido que o compositor quer dar com os elementos musicais que ele
utilizou em sua obra.

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