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A canção “Grândola Vila Morena” teve sua primeira versão escrita como um
poema, em 1964, pelo cantor e compositor português Zeca Afonso. A obra
homenageia o povo da vila de Grândola, que se situa em uma província
portuguesa chamada Alentejo, região natural de maior extensão em Portugal.
A letra fala sobre a união de um povo em prol do bem comum e, por isso, essa
obra se tornou um grande símbolo musical de resistência durante a Revolução dos
Cravos em Portugal. Além disso, a repercussão da canção se deu em diversas
outras manifestações populares ocorridas ao redor do mundo e ganhou novas
versões com diferentes interpretações de artistas, como Nara Leão, Garotos
Podres, Juventude Maldita, Amália Rodrigues e Banda 365, que produziu a versão
indicada pelo Cespe para o PAS 3.
O aspecto de resistência que essa obra ganhou se deve ao seu caráter de ode à
democracia e manifesto contra a opressão, sendo assim classificada como uma
música revolucionária.
Nos últimos versos da canção, ocorre uma referência a uma espécie de árvore
denominada azinheira. As características dessa planta traduzem exatamente o
sentimento que Zeca Afonso quis passar em sua composição. A azinheira é típica
de Portugal, possui grande capacidade de adaptação ao meio, proporciona grande
área de sombra e possui grande longevidade podendo chegar aos 150 anos de
vida. Por isso, ocorre a citação nos versos “à sombra duma azinheira” e “ Que já
não sabia a idade”. Tais aspectos revelam, metaforicamente, a ligação da árvore
com o contexto de luta social, já que a coletividade da SMFOG era vista como um
importante elemento no polo de luta contra o fascismo.
Nos anos 80, a canção ganhou uma versão punk rock da banda paulista 365. No
vídeoclipe apresentado pela banda, é possível ver cenas da época da Revolução
dos Cravos em Portugal.
A banda paulista 365 foi fundada em 1983, trazendo fortemente seu estilo punk
rock em um momento no qual esse gênero crescia muito no Brasil durante os anos
80. A banda teve reconhecimento por conta de suas canções de protesto, que
foram denominadas por alguns críticos como “rock de combate”.
Instrumentos
A canção “Grândola Vila Morena”, ao ganhar sua versão punk rock, conta com
instrumentos típicos do gênero como bateria, guitarra e baixo. No início da canção,
ocorre uma referência à Portugal, utilizando a guitarra portuguesa para manter as
origens da música.
Contexto Histórico
Em 1974, a canção foi uma das senhas transmitidas no rádio pelo Movimento das
Forças Armadas portuguesas para dar início à Revolução dos Cravos, que lutou
pelo fim do regime salazarista e perdurou durante 40 anos em Portugal.
A música foi uma das primeiras composições da banda e a ideia surgiu enquanto o
grupo se reunia para compor e lembraram de uma colega da escola que havia
passado por um relacionamento abusivo. O nome dela não era Camila, mas a
história é verídica.
O nome Camila veio depois por meio de uma reportagem de jornal sobre um filme
que se chama Camila, o símbolo de uma mulher. Os compositores, apesar de
serem do sexo masculino e não se encaixarem nesse lugar de vítima, utilizam da
empatia para retratar o contexto abusivo que muitas mulheres passam
diariamente.
Nos primeiros versos, a história retrata um fim de festa em que provavelmente teria
acontecido algum conflito entre o casal. Dessa forma, a garota teria passado por
situação de violência psicológica e por isso queria que essa e outras situações de
violência, que subentende-se que eram comuns no relacionamento, não
acontecessem mais.
Observa-se presente também a questão da violência física, nos versos que falam
sobre “da vergonha do espelho, aquelas marcas”. Além disso, a parte que fala: “As
coisas aconteciam com alguma explicação” mostra o sentimento de culpabilização
da mulher sobre as situações de violência, em que muitas vezes acham que são
culpadas por sofrerem esse tipo de violência. Inclusive por isso, mesmo querendo
romper com aquele cotidiano abusivo, a mulher se sente incapaz de falar ou de
buscar ajuda.
Outro ponto relevante é que, no final da música, é retratado que a pessoa que
sofre a violência ainda é apenas uma garota de 17 anos que não sabe o que fazer.
Esse aspecto mostra que, dentro de uma sociedade machista que naturaliza o
controle masculino dentro dos relacionamentos, as mulheres começam a sofrer
violências cada vez mais novas e acabam passando por isso por muitos anos por
não terem informação, orientação e coragem para buscar uma saída.
Nenhum de nós teve origem na década de 80 com o estilo rock brasileiro, que
estava crescente naquela época. A história do grupo começou com ensaios na
garagem, mas foi a partir da sua primeira apresentação que veio o nome do grupo.
Seu primeiro disco em 88 teve como um dos grandes sucessos a música “Camila
Camila”, sua primeira produção musical. Apesar do grupo ser de Porto Alegre, a
canção fez tanto sucesso que se espalhou pelo Brasil. Os integrantes são Thedy
Corrêa, Carlos Stein, Sady Homrich, Veco Marques e João Vicenti.
O grupo passou por uma longa jornada na música, e no ano de 2019, completaram
33 anos de carreira, com 17 discos gravados, mais de 2000 shows e uma grande
quantidade de sucessos produzidos.
Instrumentos musicais
Na música “Camila Camila”, a banda de estilo rock brasileiro utiliza para a música
os instrumentos: baixo, guitarra, violão, bateria, teclado. Com destaque para a
guitarra, que é muito marcante na música.
A música possui uma influência do estilo pop, mas predomina o estilo do rock
brasileiro na música pelo uso acentuado da guitarra elétrica, inclusive no início, em
que o guitarrista começa a sonoridade da música antes da letra.
DONA DE MIM
“Já chorei mares e rios, Mas não afogo, não. Sempre dou o meu jeitinho, É bruto,
mas é com carinho, Porque Deus me fez assim, Dona de mim.”
A segunda mulher é uma professora negra que tem sua aula interrompida por um
tiroteio, o que mostra a realidade da violência em muitas regiões periféricas e que
se conecta com a vida da cantora. A terceira realidade é a de uma advogada que
defende uma mulher negra (cantora) diante de um tribunal composto apenas por
homens brancos, o que mostra a necessidade de representatividade e união entre
as mulheres. Além disso, no final, Iza aparece cantando com outras mulheres em
uma igreja, o que mostra a necessidade de união e de força entre o meio feminino.
Sobre Iza
Isabela Cristina Correia de Lima Lima, mais conhecida como Iza, é uma cantora
brasileira de origem carioca, sua mãe é professora de música e artes, e seu pai é
militar, os dois são primos de segundo grau, motivo pelo qual ela recebeu o
sobrenome Lima duas vezes. Iza nasceu em 1990 e começou a cantar desde
muito nova; como era de origem humilde, fazia apresentações para arrecadar
valores simbólicos. Aos 14 anos tornou-se mais conhecida na igreja e também
começou a fazer shows em eventos maiores.
Instrumentos
Contexto histórico
E em 2006 houve a criação da Lei Maria da Penha, que impactou fortemente nas
políticas públicas e nas ações direcionadas às mulheres, e reconhece:
Portanto, esse debate tem sido cada vez mais recorrente e necessário, e por isso
são importantes obras artísticas contemporâneas, assim como essa, para o
reconhecimento e divulgação da luta das mulheres.
MALDITOS CROMOSSOMOS
O grande conflito da composição é que os seres são produto desse sistema, por
isso não há como fugir dele. Portanto, é preciso se conformar com a ideia de ser
mais uma cópia, diante da dificuldade de se impor autonomia e singularidade
nessas circunstâncias. A principal crítica da música é ao sistema de genealogia,
que nos impõem conceitos e valores passados hereditariamente, em que muitas
vezes defeitos terríveis vão sendo passados em diante.
Instrumentos
O compasso acelerado do ritmo expressa a emoção que a letra busca levar aos
ouvintes e, por isso, o uso expressivo da guitarra elétrica e da bateria ajudam a
potencializar a intensidade da música.
Contexto Histórico
MULAMBA
Veja o que diz Amanda, uma das vocalistas da banda, sobre o objetivo da arte
musical de Mulamba:
“Nunca vimos o movimento [das mulheres] tão fortalecido, o caminho que estamos
traçando e onde estamos chegando, nada apagará essa luz. Aquela mulher dona
de casa percebeu a força que ela tem. Já baixamos muito a cabeça e engolimos
muito sapo, agora não tem mais jeito, é uma roda que não vamos deixar de girar
não.”
Veja também o que diz Fer Koppe, violoncelista da banda, acerca da visão que
Mulamba possui diante do papel da música de resistência:
Sobre Mulamba
Instrumentos
O gênero musical de “Mulamba” pode ser classificado como uma mistura de rock,
pop rock e MPB. A presença das guitarras distorcidas confere um peso maior à
sonoridade da composição, no intuito de transmitir emoção e vigor na melodia.
Contexto Histórico
A canção “O encontro de Lampião com Eike Batista” faz parte do álbum “Pedras e
sonhos”, da banda El Efecto, e retrata o encontro de um empresário, Eike Batista,
com um homem cangaceiro. Na história, o empresário dá o maior lance de uma
licitação criada pelo governo para administração de um terreno às margens do Rio
São Francisco. No entanto, o local já é habitado por lampião e seus seguidores,
assim inicia-se o conflito. Eike e sua comitiva oferecem vida nova ao homem em
troca de sua cessão, porém não adiantou. O Lampião era um homem muito
simples, e por isso não se importava com bens materiais oferecidos pelos “hômi
tudo de preto”, como ele mesmo chama.
A música possui forte influência da literatura de cordel, por conta das rimas e do
tema popular. A letra possui cunho social e político, sintetizando a intenção
fundamental da banda El efecto: conjugar instigação política e inquietação
estéticas. Na obra musical, ocorre o embate de classes sociais diferentes e a
imposição da parte menos favorecida socialmente, que no caso é o Lampião.
Característico por ser um homem rústico e corajoso, o Lampião não se rebaixa à
figura elitista do empresário, expulsando-o de seu terreno. A música seguiu a
tradição dos encontros do cordel, e teve Eike como a encarnação da máquina e
Lampião como metáfora da resistência necessária.
A canção foi inspirada nas relações entre o empresário Eike Batista e o governo. A
faixa foi escrita em 2012, quando o empresário brasileiro Eike Batista estava no
auge de sua fortuna. No entanto, a canção ganhou repercussão no início de 2017
quando houve um escândalo político e Eike Batista é preso por corrupção ativa e
lavagem de dinheiro na “operação eficiência”, desdobramento da lava jato do rio. O
ex bilionário é acusado de pagar propina em troca de contratos com o governo
estadual.
Sobre El efecto
“Recebemos algumas críticas por conta da música, atacando-nos por termos essa
orientação de esquerda, por romantizar a figura do Lampião... Ao mesmo tempo,
ela é anterior às manifestações de 2013 e não entrou nesse período de grande
polarização nas discussões políticas que vivemos. E também foi um importante
meio de estreitarmos laços com lutas e iniciativas que defendemos.”
“Gostamos muito de música e nos incomodamos com o mundo tal qual ele é. A
banda surgiu da ideia de conjugar esses dois sentimentos, de produzir algo
estimulante e capaz de gerar inquietação, tanto política, quanto estética. Essa é
nossa pretensão. Em relação às referências, a ideia é que elas estejam sempre se
ampliando através da pesquisa musical. Buscamos mergulhar nas tradições de
cada gênero e assimilar traços de suas linguagens. Nesse sentido, as fontes de
inspiração são infinitas. Algumas mais emblemáticas são Karnak, Racionais MC`s,
Rage Against the Machine, Revelação, Moacir Santos, Astor Piazolla, Chico
Buarque, Faith no More…”
Instrumentos
A canção “O encontro de lampião com Eike batista” promove uma mistura intensa
de ritmos, notando-se a presença de rock pesado, que segue uma linha de
hardcore e progressivo, xaxado, funk e ritmo cangaceiro típico da região
nordestina. A música possui um forte lirismo poético, ou seja, poesia destinada ao
canto, com acompanhamento instrumental.
Contexto Histórico
Eike representa a metáfora de uma lógica do sistema, que o descartou após uma
série de desencadeamentos econômicos que prejudicaram seus negócios, até
culminar em sua prisão em 2017. A música trabalhou a sua composição com base
no fato capitalista de repetição dos papéis, em que as pessoas são cada vez mais
substituíveis. Ou seja, se Eike foi descartado de cena, haverá uma outra pessoa
para tomar o seu lugar, fazendo com que os fatos se repitam.
Letra
A obra “Quarteto de cordas com helicópteros” ficou conhecida por conta de sua
proposta inusitada de composição, feita em 1995 para ser parte de uma ópera
denominada “Quarta feira de luz”. Seu enredo apresenta personagens bíblicos,
como Eva, Miguel e Lúcifer, e é formada por 4 movimentos, constituídos pela
mistura de música orquestral com música eletrônica.
Nesse contexto, a obra “Quarteto de cordas com helicópteros” entra em cena de
uma maneira inovadora, sendo apresentada ao público da ópera por meio de uma
transmissão ao vivo por meio de telões dispostos no teatro em que ocorria a
apresentação musical. Nesse momento, o público assiste a performance de quatro
instrumentistas, tocando ao vivo instrumentos clássicos dentro de um helicóptero.
“Quarteto de cordas com helicópteros” não possui ligação, quanto à sua estrutura
musical, com a ópera “Quarta feira de luz”, por isso é pautada pelo CESPE como
uma obra musical independente.
Acerca da ideia por trás da obra e seu planejamento, é importante entender como
se deu o preparo cênico e musical. Stockhausen coloca cada um dos 4
instrumentistas em um helicóptero diferente, que sobrevoa a região do teatro onde
está ocorrendo a ópera.
Essa referência mostra que a entrada dessa obra na ópera “Quarta feira de luz”,
por meio de uma transmissão ao vivo, também tem um fundamento crítico diante
da guerra, ainda que haja uma demonstração do poderio econômico e “bélico” das
forças militares.
Estilo do artista
As músicas de Stockhausen revolucionaram a percepção de ritmo, harmonia e
melodia. Suas canções causam perturbação e são completamente fora dos
padrões. Não é possível ter uma percepção clara de andamento e padrão rítmico
em suas obras, pois o principal ponto abordado por esse artista é a fuga dos
padrões harmônicos em prol da ressignificação do que é música, conceito que se
torna cada vez mais relativo nos tempos contemporâneos.
Stockhausen trabalhou com a ideia da música serial. A técnica consiste na
enumeração de notas que serão trabalhadas em sequência, o que poderá culminar
na obra de Stockhausen uma tendência dodecafônica, ao explorar todas as 12
notas musicais possíveis. Sua música também era do tipo intuitiva, ou seja, não há
nota fixa, pois o artista vai gerando sua composição a partir da inspiração dos
músicos e a partir de sua intuição.
Música de Vanguarda
A música contemporânea surgiu após o movimento impressionista e gerou
algumas tendências abrangentes, já que a liberdade formal era um de seus
pontos-chave, não havendo limitações criativas. Dentro das heranças
contemporâneas que temos até os dias atuais, estão a música de vanguarda e as
tendências neoclássicas e neorromânticas que também surgem no período do
século XX.
Serialismo integral
Música concreta
Minimalismo
Música eletrônica
Música pontilhista
Música aleatória
Música Microtonal
As músicas eletrônica, a microtonal, a aleatória e o serialismo integral são
marcantes na obra “Quarteto de cordas com helicópteros”, revelando as raízes do
trabalho de Stockhausen, que explorou com diversidade o universo de sua época
artística.
Instrumentos
Qualquer som constante pode ser transformado em ruído por meio de recursos
eletrônicos. Esse processo e o conhecimento desse fenômeno permitiram ao
Stockhausen estabelecer os limites de audição entre o quarteto e o helicóptero, e
em seguida transcender todo o conjunto como uma unidade, fazendo com que
uma coisa se misture sonoramente à outra. A própria forma de execução dos
instrumentos na obra demonstra a intenção de Stockhausen em misturar a
musicalidade do quarteto de cordas ao som emitido pela hélice e aparelhagem do
helicóptero. Portanto, percebe-se que o ponto de inovação de Stockhausen não se
dá apenas na ideia dos helicópteros, mas também no modo de tocar instrumentos
tradicionais da música de concerto.
Durante o voo, o ruído das hélices nas diferentes altitudes passa a ser entendido
como música, e não o que o quarteto de cordas está tocando, demonstrando o
protagonismo intencionado de Stockhausen em cima da presença sonora do
helicóptero, posto em primeiro plano em relação à música do quarteto. A mudança
de altitude faz com que a frequência emitida pelas hélices fique mais aguda ou
mais grave, e com isso Stockhausen consegue trabalhar uma ideia melódica em
cima da sonoridade vinda dos helicópteros.
Contexto Histórico
A valorização dos elementos culturais pode ser vista, por exemplo, nos
personagens. Cada personagem é uma representação de alguma figura
relacionada a construção cultural de Brasília, sendo sagrado e possuindo sua
própria história.
Influências
Por conta do novo mito e das novas figuras, surge a necessidade de uma nova
sonoridade que converse com a manifestação.
Criou-se o Samba Pisado, dança e ritmo musical com raízes fortes retiradas do
maracatu, original de Pernambuco, em que os instrumentos como os tambores e a
caixa são tocados em um braço só, por tradição.
A sonoridade está ligada ao maracatu rural e uma pulsada baseada em uma célula
rítmica extraída do som da pisada dos brincantes do cavalo marinho ao fazerem o
mergulhão, uma brincadeira de aquecimento antes de entrarem na roda.
Instrumentos
- Caracaxá: Um tipo de chocalho feito de lata. Utilizado para marcar o compasso;
Elevação mental
Triz compôs a música “Elevação Mental”, que traz na letra o ativismo da causa
LGBT. Em suas falas:
“A inspiração para a criação da letra foi movida pela tristeza de saber que ainda
existem pessoas tão arrogantes, intolerantes e ignorantes sobre o assunto. Tentei
através dos versos falar de uma maneira curta e direta como é a vivência de uma
pessoa que está inserida no meio, abordando temas pesados e tristes sobre a
realidade de pessoas como nós que são diariamente marginalizadas, esquecidas e
humilhadas”.
“A ideia é justamente mostrar que pessoas como eu são inteligentes sim, são
talentosas sim, e podem fazer tudo que quiserem e desempenhar qualquer papel
que quiserem simplesmente porque temos capacidade e porque podemos fazer
isso, com qualidade e inteligência. Nossas capacidades não estão restritas a
nossas orientações ou aos nossos gêneros e qualquer um que tenha um pingo de
sanidade conseguirá enxergar isso”.
Na letra, existe uma forte crítica às formas de preconceito existentes, o artista traz,
inclusive, o dado de que o Brasil é o país em que mais pessoas transsexuais
morrem assassinadas, o que se torna inaceitável em um contexto contemporâneo,
em que os meios de acesso à informação são cada vez mais acessíveis. O
primeiro clipe da música de Triz foi gravado por meio de um celular e divulgado no
YouTube, revelando a necessidade do artista em expor seu apelo por meio do
RAP. Posteriormente, foi regravado utilizando recursos audiovisuais mais
complexos.
Triz Rutzats nasceu no bairro Pedreira, em São Paulo. Em sua carreira artística
mostra com sua voz a força de suas rimas para a causa LGBTQ+. Ganhou
popularidade após o lançamento de “Elevação Mental” em 2017.
Triz identifica-se como transgênero não binário, e por isso prefere a utilização de
pronomes neutros. Suas canções misturam a juventude dos ritmos urbanos com a
tradição da canção brasileira, e as influências vão de Sabotage a Cartola, de Bob
Marley a Elis Regina, passando por diversos gêneros e estilos. Na canção
analisada há forte influência da MPB, apesar de ser um RAP.
Instrumentos
Contexto histórico
A obra musical “Elevação Mental” foi lançada em 2017, período em que a luta
contra a LGBTFobia estava crescendo cada vez mais diante de um contexto
violento e de atrasos sociais.
O Brasil possui um alto índice de assassinatos de pessoas LGBT por crimes de
ódio. Mesmo São Paulo possuindo a maior Parada do Orgulho LGBT do mundo,
somente no ano de 2017, segundo dados do Grupo Gay da Bahia, atingiu-se o
recorde de 445 pessoas LGBT assassinadas no Brasil, e isso dá mais de uma
pessoa assassinada por dia ao longo do ano, fora os casos não registrados ou
omitidos.
Além de lidar com o preconceito diário, pessoas desses grupos precisam enfrentar
fatos políticos que colocam o Brasil em posição de extremo atraso frente ao tema
da homossexualidade: em 2017, um juiz federal providenciou que psicólogos
oferecessem a terapia de reversão sexual, conhecida como “cura gay”, prática
proibida pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. Mesmo com a decisão
sendo suspensa pelo STF, esse tema ainda é discutido.
Soma-se a isso uma patrulha dos setores mais conservadores que lutam para que
as discussões acerca das questões de gênero e de sexualidade não ocorram no
âmbito escolar ou cultural.
Ilumina o mundo
“Abra suas portas, deixe a paz entrar; Solte o seu medo dessa solidão; Não
demora muito tudo se acertar”
O vídeo começa com um garoto chegando em casa chamando pela mãe, ele só
encontra a sua carta de despedida. A vida desse menino é retratada em meio a
desilusões amorosas e até uma quase tentativa de suicídio.
A canção foi criada junto com o rapper Pelé MilFlows, do grupo musical 1Kilo, além
de ter o apoio da instituição CVV (Centro de Valorização da Vida). Essa é uma
instituição com mais de 50 anos, que auxilia pessoas com suporte emocional sem
nenhum custo. O serviço é feito por meio de ligação para o número 188 e tem o
objetivo de reduzir os casos de suicídio do Brasil.
A produção do vídeo foi feita em 2019 pela ASIGLA, e filmada nas cidades de
Porto Alegre e Rio de Janeiro. O roteiro é de Santa Cruz em coparticipação com
Vinicius Barros Gonçalves e Tom Silveira.
Sobre Detonautas
A banda Detonautas Roque Clube, de origem carioca, busca expressão nos estilos
rock, hip-hop e rap. Geralmente, as letras das músicas abordam contextos sociais
e políticos como violência, corrupção, e também relacionamentos amorosos.
Vale citar que o nome da banda é uma homenagem a seu processo de formação,
vem da influência da junção inicial do grupo e das apresentações pela internet, por
isso Detonautas (detonadores + internautas).
O grupo começou em 1997, mas somente em 2002 expandiram com seu primeiro
álbum “Detonautas Roque Clube”, que é o nome completo da banda. O grupo é
composto por Tico Santa Cruz, Renato Rocha, Fábio Brasil, DJ Cleston, Phill e
André Macca.
Instrumentos musicais
A música possui influência do Rap. Isso fica claro em alguns momentos em que a
música é falada, e em outros, quando mais de uma voz está presente na canção.
Contexto histórico
Me deixe mudo
Aquilo que para Walter Franco era um sonho de expressividade musical, para uma
parte das pessoas que escutaram foi considerada como pesadelo. Pode ser pelo
fato de o público ter tido dificuldade em relação à música.
A letra expressa uma forma de transporte não verbal, ou seja, possui a extensão
de um instrumento, por isso depara-se com uma reflexão de “mente quieta” ou
vazia de pensamentos.
Na letra há uma escolha do tempo verbal imperativo afirmativo que rege os outros
verbos: seja o avesso, seja a metade, fique à vontade. É possível que os
comandos dos verbos no imperativo sejam uma referência ao regime militar, que
impôs censura aos artistas, “fique calada”, “não diga nada”.
A própria obra configura-se como uma resposta a esses comandos, já que “Me
deixe mudo” é a música com maior registro de silêncios no Brasil. No entanto, essa
é uma característica marcante em várias obras de Walter.
Concretismo
A obra de Walter possui inspiração na poesia concreta, por isso vamos pontuar
algumas características desse movimento. O concretismo foi criado por artistas
que estavam cansados da arte figurativa.
Instrumentos
Uma característica marcante dessa obra é que não é possível definir um gênero
específico, há elementos de aproximação com a música experimental e o MPB. A
estrutura é complexa, e a textura, homofônica. Vale destacar que em alguns
momentos não é possível identificar a textura homofônica da música, isso por
conta da complexidade da canção. A música pode ser considerada como
pertencente ao estilo da música marginal.
Contexto histórico
Durante esse período, a mídia e todas as expressões de arte que não fossem
aprovadas pelo governo eram censuradas e a imposição dos ideais militaristas
bloqueou a liberdade de expressão da sociedade. Atos de tortura também foram
praticados em caso de oposição ao sistema, o qual era propagandeado de forma
alienadora por meio dos veículos de comunicação.
Uma das grandes atrações dos anos 70 foram os festivais de música, que atraíram
muitos artistas e um grande público. Nesses festivais surgiram movimentos como o
Tropicalismo e grandes nomes da MPB. Walter Franco participou de um dos
festivais de música com uma obra intitulada “Cabeça”, o júri estava tendencioso
para conceder o prêmio de melhor canção para essa obra de Walter, no entanto, o
público não reagiu bem à composição, a obra foi mal compreendida pelas massas.
Uma das juradas, Nara Leão, acabou dando uma entrevista que desagradou os
militares. Diante disso, o júri inicial foi desfeito, e os novos jurados concederam o
prêmio para outro artista.
Não recomendado
Comentários sobre a letra
A música Não Recomendado carrega discurso político que potencializa as
minorias e o indivíduo homossexual marginalizado. Utilizando da ironia, a música
diz que essas pessoas não são recomendadas para a sociedade. Mencionando
a "tarja de conforto no meu corpo" para dizer que essas pessoas, por outro lado,
são felizes e legítimas para enfrentar a marginalização que a sociedade as impõe.
Caio Prado, compositor, inicia a canção com uma denúncia à exposição das
minorias marginalizadas nos principais meios de comunicação, que utilizam
manchetes sensacionalistas com o intuito de alertar a população sobre os perigos
aos quais estão sendo expostas. Esses “perigos” são representados pela liberdade
de gênero e sexualidade.
No refrão, infere-se que o "não recomendado" surge se referindo ao vocabulário
médico, como se as posturas e comportamentos homossexuais fossem uma
espécie de doença. Há, também, a utilização da palavra "censura" e censura-se
somente o que não é permitido ser visto. Tudo isso vem como retrato da falta de
espaço e da marginalização desses grupos em nossa sociedade.
Na estrofe após o primeiro refrão, podemos ver uma série de adjetivos que
atribuem valores negativos ao referido personagem. Personagem constantemente
julgado, examinado, avaliado e caracterizado como ruim pela sociedade
preconceituosa, machista e homofóbica.
Por fim, reiterando a rejeição aos LGBTQ+, a canção apresenta algumas atitudes
que devem ser tomadas pelas pessoas diante da exposição às aberrações: “não
olhe nos seus olhos”, “não beba do seu copo”, legitimando a discriminação.
São inspirados por Cazuza, Gilberto Gil, Chico Buarque e tudo aquilo que há de
transgressor na música brasileira. Para eles, é importante fazer da música
potência ativa para buscar reflexões e superar paradigmas da sociedade. O grupo
usa sua arte para provocar a platéia para reflexões acerca das questões de
gênero.
Em seus shows, o trio tentou quebrar preconceitos e dar voz a fatia marginalizada
da sociedade se apresentando com vestes consideradas femininas. Passaram por
vários estados do Brasil e chegaram a dividir palco com Ney Matogrosso.
Atualmente, os integrantes do grupo seguem carreira solo.
Instrumentos
Contexto histórico
Os LGBTQ+ são um dos grupos que mais têm sofrido com essa marginalização
como citado acima. Diversos são os movimentos e lutas para que estes tenham
visibilidade, voz e garantia de direitos.
O real resiste
A música “O real resiste” é a faixa que dá nome ao mais novo álbum de Arnaldo
Antunes, lançado em 2019.
Além disso, o fato de dizer que muitas coisas, como desmatamento e homofobia,
não existem traz a crítica à perspectiva de descaso com relação a muitos desses
debates, os quais são essenciais na luta contra a marginalização de grupos sociais
e pela sustentabilidade da natureza e do planeta.
Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho é paulista e nasceu em 1960. Desde muito
novo passou a ter interesse pela arte, seja na linguagem quanto na música.
No início da carreira musical, fez parte do grupo Titãs, mas depois entrou no trio
dos Tribalistas, o qual marcou ainda mais o seu reconhecimento nacional. O grupo
formado por ele, Marisa Monte e Carlinhos Brown repercutiu bastante, e em 2003
ganharam o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro.
De fato, o artista teve uma longa jornada na arte, além de músico é também poeta
e compositor. Sua trajetória começou ainda com uma publicação na época da
escola, depois foi para a faculdade de Letras e mesmo depois, tendo entrado para
a música, continuou produzindo paralelamente na literatura e em livros de poesia.
Chegando perto dos 60 anos, produziu um novo trabalho musical, que retrata,
tanto no álbum, e mais especificamente na música “o real resiste”, uma crítica ao
Governo Federal em vigência e seus posicionamentos em relação à cultura,
política, questão ambiental e social. O artista diz que não há mais uma polarização
entre esquerda e direita, mas uma polarização de quem defende a civilidade e
outros que querem fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Instrumentos musicais
A canção alinha os versos que se sobressaem na melodia, isso ocorre pela forma
em que foram colocados no arranjo. Os versos foram valorizados de modo que o
foco principal da música seja dar visibilidade à estrutura poética, inclusive por isso
não há bateria e percussão, para ter uma sonoridade mais enxuta.
Contexto Histórico
A música faz referências críticas a posturas tomadas pelo atual presidente, que
normatiza questões como tortura, censura e problemáticas sociais que foram
bastante presentes na época da ditadura militar.
Vale ressaltar que o período militar teve início com a entrada do General Castelo
Branco no poder. Esse golpe tinha por objetivo romper com as mudanças que
estavam sendo propostas no governo de João Goulart por meio das reformas de
base. O regime durou 21 anos e, dentre suas principais características, podemos
citar a criação dos Atos Institucionais, que eram decretos que expandiram os
poderes dos militares, assegurando sua permanência no poder, e restringiam os
direitos individuais.
Letra
A obra “Quarteto para o fim dos tempos” começou a ser escrita em 1940 pelo
compositor francês Olivier Messiaen, que se encontrava em um campo de
concentração alemão na condição de prisioneiro no período de Segunda Guerra
Mundial. A música foi finalizada em janeiro de 1941 e teve a sua primeira
apresentação dentro do próprio campo de concentração. Em um dia extremamente
frio, os outros prisioneiros se reuniram para ouvir a composição de Messiaen
diante do triste contexto em que viviam.
“E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua
cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como
colunas de fogo; E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito
sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra; E clamou com grande voz, como quando
ruge um leão; e, havendo clamado, os sete trovões emitiram as suas vozes. E,
quando os sete trovões acabaram de emitir as suas vozes, eu ia escrever; mas
ouvi uma voz do céu, que me dizia: Sela o que os sete trovões emitiram, e não o
escrevas.
E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu,
E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele
há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais
demora;
Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o
segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.” Apocalipse 10:1-7
Messiaen se apega a essa passagem bíblica devido aos enigmas que a mesma
demonstra. O contexto de medo e de fim dos tempos que o livro de Apocalipse traz
se relaciona diretamente com a mensagem que Messiaen gostaria de transmitir,
pois sendo ele um homem de fé, nunca havia entendido o sentido da guerra,
lamentando a situação mundial daquele período.
A passagem bíblica destacada acima fala sobre a volta de Deus, que será capaz
de consumar todo o mistério da vida e oferecer salvação. O trecho relata que o
Deus que habita todos os lugares, com seu pé direito sobre o mar e o esquerdo
sobre a terra, é onipresente.
Olivier Messiaen (1908 - 1992) foi um importante compositor francês do século XX.
Tendo vivido em contextos caóticos configurados pelas duas grandes guerras
mundiais, Messiaen se mostrou muito apegado à religião e à fé. Seu movimento
artístico é o modernismo, sendo esse o principal contexto de suas obras musicais.
Então Messiaen compõe a obra “Quarteto para o fim dos tempos”, inicialmente
escrita para ser tocada em violoncelo, violino e clarineta, sendo esses os únicos
instrumentos disponíveis no campo. Posteriormente, o compositor acrescenta uma
parte para o piano, o qual ele mesmo toca, então de fato, a música pode ser
considerada um quarteto. Quando Messiaen saiu da prisão em 1941, ele foi
nomeado professor de harmonia. Posteriormente, professor de composição no
Conservatório de Paris. Ele compôs diversas obras, muitas delas marcadas por
novos ritmos e por elementos exóticos ou religiosos.
Modernismo
Diante do âmbito musical, o período modernista representou grandes mudanças
que vinham acontecendo pouco a pouco na sociedade. Surgindo na primeira
metade do século XX, o modernismo possui um caráter extremamente
experimental. Esse movimento propôs um diálogo entre o antigo e o novo,
mostrando que a arte da época precisava estar em sintonia com o espírito de
novidade vivido no século XX.
Os instrumentos utilizados na obra “Quarteto para o fim dos tempos” são o violino,
o violoncelo, a clarineta e o piano. Lembrando que inicialmente a obra não foi
executada com piano por conta da falta desse instrumento no campo de
concentração.
canção livre;
improvisada;
prática da experimentação;
liberdade formal na construção melódica;
melodias fragmentadas e outras sobrepostas;
marcação de tempo atípica, sendo difícil marcar e entender as notas.
O longo solo do violino no seu registro agudo, e a ideia de sinos representada pelo
piano, transcrevem a ressurreição de cristo e a sua ascensão aos Céus.
Contexto histórico
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) se caracterizou como um conflito em
estado total de guerra, que dividiu o mundo entre o lado dos países Aliados e o
lado dos países do Eixo. O conflito teve como estopim a invasão da Polônia pelos
alemães em 1º de setembro de 1939. Desde o fim da Primeira Guerra, a Alemanha
estava sob vigilância, suas atitudes expansionistas eram condenadas, e a invasão
da Polônia trouxe a necessidade de intervenção.
Supremacia alemã;
Equilíbrio entre as forças;
Derrota dos países do Eixo (entre os quais estava a Alemanha).
Esse conflito ficou marcado por uma série de acontecimentos impactantes, tais
como o Massacre de Katyn, o holocausto, o Massacre de Babi yar e o lançamento
das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. O fim da guerra se deu em
setembro de 1945, quando os japoneses assinaram um documento que
reconhecia sua rendição incondicional aos americanos (os nazistas renderam-se
aos Aliados em maio de 1945).
O objetivo dos nazistas com as mortes em massa nas câmaras de gás era formar
uma sociedade pura, livre de deficientes, homossexuais e judeus.