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Atividade
Bolero de Maurice Ravel
Antes de ouvirmos a obra escolhida, vamos ouvir primeiro os instrumentos que pertencem à
orquestra sinfónica.

1. Após ouvires os instrumentos faz a ligação de cada instrumento à


sua família.
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O que é o Bolero de Ravel?


Boléro é uma obra do francês Maurice Ravel (1875-1937) escrita sob encomenda para a
dançarina Ida Rubinstein. Sim: ela foi criada como um balet e assim teve sua estreia, em
1928. No programa constava a seguinte descrição:
Dentro de uma taverna na Espanha, pessoas dançam sob o lustre de latão pendurado
no teto. Incentivada pelo público, a dançarina pula sobre uma mesa longa e seus passos
se tornam cada vez mais animados.
Hoje em dia, porém, ela é raramente apresentada com dança; o mais comum é ouvi-la
em salas de concerto. Aos que duvidam da origem espanhola de seu ritmo, recomendo
ouvir os primeiros 30 segundos desde vídeo aqui e tirarem suas próprias conclusões.
Formato
A proposta de Bolero é bastante audaciosa: uma melodia em duas partes, aqui
chamadas de “A” e “B”, repete-se várias (muitas!) vezes trocando apenas de
instrumentação, indo de pianíssimo a fortíssimo num longo crescendo. A cada repetição
da melodia, um novo instrumento assume a parte do solo. Eis a lista, na sequência
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1. Flauta
O primeiro instrumento solo do Bolero é a flauta, um instrumento de sopro que, apesar
de ser feito de metal, pertence ao
grupo das “madeiras”:
O flautim ou piccolo é um parente
próximo da flauta, de timbre similar porém mais agudo. A orquestra de Boléro emprega
dois flautins, conforme veremos mais à frente (seção 9-A).
2. Clarinete em Si bemol
O segundo instrumento solo do Bolero é o clarinete, outro instrumento do grupo das
madeiras. Porém, o que mais intriga os iniciantes é o que significa o tal “Si bemol”.
A orquestra sinfónica tradicional emprega vários tipos
diferentes de clarinete. Os mais comuns são: o pequeno
clarinete em Mi bemol (também conhecido por Requinta),
os clarinetes em Dó, em Si bemol e em Lá, e o clarinete-
baixo em Si bemol (também conhecido por Clarone). A
diferença entre a requinta e o clarone é fácil de perceber:
um é bem agudo, e o outro muito grave. Mas e os outros
três?
A nota musical que descreve o clarinete é da afinação
principal do instrumento, ou seja, na prática ela delimita as
tonalidades onde o instrumento tocará melhor e mais
afinado. Assim, o clarinete em Si bemol se dá melhor em tonalidades com bemóis, e o
clarinete em Lá em tonalidades com sustenidos. E para não confundir os músicos, na
partitura são anotadas as notas como se fossem todas num clarinete em Dó; o mesmo
dedilhado que soa “dó” num clarinete em Dó soará Si bemol num clarinete em Si bemol
e Lá num clarinete em Lá. Veja por exemplo como fica a partitura da melodia do Bolero,
que é em Dó Maior, no clarinete em Si bemol:
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Uma curiosidade: não tem harpa no


Bolero de Ravel? Tem sim! Mas ela
toca apenas no acompanhamento, e
sua primeira aparição é aqui ao final
do solo do clarinete

3. Fagote
O primeiro instrumento a tocar a segunda parte da melodia (a parte B) é
o fagote.
O fagote também pertence ao grupo dos sopros de madeira, e possui um
outro parente que soa uma oitava mais grave, o contrafagote. Ravel
emprega um contrafagote no Bolero, mas o instrumento apenas ajuda no
acompanhamento sem ganhar maior destaque.

4. Clarinete em Mi bemol
Falamos tanto da família dos clarinetes, e aqui está mais um deles: o pequeno clarinete
em mi bemol conhecido como requinta.

5. Oboé d’amore
Ao contrário do que muitos pensam, o instrumento a seguir não é o
oboé, mas um parente dele, o oboé d’amore:
A família do oboé compreende vários instrumentos, mas os três mais
usados são o oboé tradicional, o oboé d’amore (afinado em Lá) e o
corne inglês (afinado em Fá). O oboé d’amore possui um timbre um
pouco mais grave do que o oboé tradicional, mas não tão escuro
quanto o do corne inglês, e foi usado com frequência durante o
barroco. Durante o romantismo ele foi preterido em favor do oboé
tradicional, mas ressurgiu depois no início do século XX.
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Ravel também emprega dois oboés tradicionais e um corne inglês no Bolero, mas eles
não aparecem sozinhos, apenas em grupo (veja depois na seção 10-A). Um século antes,
Berlioz havia escrito um diálogo entre o oboé e o corne inglês no movimento lento de
sua Sinfonia Fantástica, e ali fica bem fácil distinguir o timbre de ambos (o oboé é o mais
agudo):

6. Trompete e flauta (A)


Voltando ao Bolero, agora ouvimos dois instrumentos tocando juntos, um trompete
com surdina e uma discreta flauta.
A surdina é uma peça de metal que abafa o som do instrumento, por vezes alterando
seu timbre. E falando em timbre, lá no final (seções 17-A e 18-B) ouviremos um outro
tipo de trompete de timbre mais brilhante, o trompete piccolo. Mas a pergunta que vale
mesmo um milhão é, como é que o trompetista consegue tantas notas com apenas 3
pistões?
O trompete é um instrumento de sopro do grupo dos metais, e é o primeiro desse grupo
a tocar aqui no Bolero. Diferente das madeiras, para produzir som nos metais não basta
apenas assoprar: é necessário vibrar os lábios, da mesma maneira como se toca um
berrante ou uma vuvuzela. O ar dentro do tubo vibra por simpatia, e o instrumento
acaba produzindo um dos sons da série harmônica dependendo de como se vibra os
lábios. O som produzido é geralmente uma das notas entre o 3º e o 16º harmônico – e

é por isso que o trompete natural, que não possui pistões nem válvulas, tem uma
quantidade tão limitada de notas. Já no trompete moderno, conforme os pistões são
pressionados, o instrumento passa a emitir sons de outras séries harmônicas. A
combinação de três pistões gera 7 séries harmônicas diferentes, o que dá 2 oitavas e
meia de notas cromáticas.

7. Saxofone tenor (B)


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O saxofone é um instrumento de sopro que une a potência


dos instrumentos de metal com a agilidade dos sopros de
madeira. Assim como o clarinete, existem vários saxofones
com afinações diferentes, e Ravel acabou escolhendo para
o Bolero três tipos diferentes de saxofone. Primeiro
ouvimos aqui o sax tenor e na seção seguinte (8-B), os
saxofones sopranino e soprano:
8. Saxofone sopranino, depois Saxofone soprano (B)
A seção B da melodia do Bolero possui notas muito graves
para instrumentos agudos, e é por isso que a melodia começa com o saxofone sopranino
mas deste trecho em diante é substituído pelo saxofone soprano:

Atualmente as orquestras preferem empregar um saxofone soprano para toda a secção,


primeiro porque o sopranino é um saxofone um tanto incomum, e segundo porque este
é o único lugar onde ele aparece em todo o Bolero, sendo assim fácil de substituí-lo.
Apesar de ser feito de metal, o saxofone pertence ao grupo das madeiras porque seu
modo de produção de som é similar ao do clarinete, com boquilha e palheta. Para
pertencer ao grupo dos metais, o instrumento teria de produzir som com a vibração dos
lábios conforme explicado anteriormente com o trompete, e este não é o caso do
saxofone.

9. Trompa, 2 flautins e celesta (A)


Muitas pessoas têm dificuldade para reconhecer este instrumento aqui, que às vezes
soa como uma trompa, às vezes como uma harmônica de
vidro. Afinal, que instrumento é este?
Na verdade não são um,
mas quatro instrumentos
que tocam juntos: trompa,
celesta e dois flautins.
A trompa é um
instrumento do grupo dos metais e que possui de três a
quatro chaves, funcionando de maneira similar ao
trompete já descrito na seção 6-A. Já a celesta é um instrumento de teclado que se
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parece com um piano, e o flautim foi oportunamente citado na seção 1-A quando
falamos das flautas. Porém, apenas citar os instrumentos desta seção não revela o
segredo magistral de Ravel…
Quando um instrumento qualquer produz um som, a nota gerada nunca tem uma
frequência pura: fisicamente ela sempre vem acompanhada de outras notas com um
volume sonoro muito baixo, conhecidas por “frequências harmônicas” ou simplesmente
“harmônicos”. É a diferença de intensidade de cada um destes harmônicos que cria o
timbre, e faz com que o clarinete, por exemplo, soe tão diferente do oboé mesmo
quando emitindo a mesma nota. O segredo de Ravel, nesta seção, foi colocar
instrumentos agudos justamente em cima dos harmônicos da trompa, alterando assim
o seu timbre.
Então, desmontando o segredo: a trompa toca a melodia solo em Dó Maior; a celesta
toca as mesmas notas uma oitava acima (o 1º harmônico) e 2 oitavas acima (o 3º
harmônico); um flautim toca as notas uma oitava e meia acima (o 2º harmônico, com a
melodia transposta para Sol Maior), e um segundo flautim toca duas oitavas e uma terça
acima (o 4º harmônico, com a melodia em Mi Maior). Vamos ouvir:
Trompa – Celesta 1 – Flautim 1 – Celesta 2 – Flautim 2 – Montagem
Porém, tudo isso só funciona se os instrumentos agudos tocarem suavemente, seguindo
as instruções da partitura e sem se destacarem acima do som da trompa, do contrário a
mágica não funcionará.
Na transição para a próxima seção, as cordas em pizzicato (isto é, tocadas com o dedo e
não com o arco) sugerem o som de uma guitarra, notem:

10. Oboé, oboé d’amore, corne inglês e 2 clarinetes


Aqui ouvimos vários instrumentos de madeira a tocar juntos.
Curiosamente, o oboé d’amore toca em Sol Maior, exatamente como
um dos flautins na seção anterior
Comum a todos os instrumentos desta seção é o uso de palhetas, que
são lâminas finas que vibram com a passagem do ar. É a vibração da
palheta que faz a coluna de ar vibrar dentro do tubo do instrumento,
produzindo o som. Clarinetes e saxofones possuem uma palheta só,
presa à boquilha; oboés e fagotes possuem duas palhetas presas uma
à outra.
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11. Trombone
O trombone é outro instrumento do grupo dos metais, de funcionamento similar ao
trompete descrito na seção 6-A. Porém, enquanto
o trompete possui pistões para fazer o ar passar por
caminhos mais longos, o trombone possui uma vara
deslizante com a mesma função.
Bem no final os trombones deslizam várias vezes a sua vara de uma nota para outra,
um efeito chamado de glissando. Poucos instrumentos de sopro conseguem executar
glissandos com tanta facilidade quanto o trombone.

12. Sopros de madeira


E finalmente ouvimos os sopros de madeira a tocar juntos, não todos eles mas uma boa
parte:
2 flautas, flautim, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes e o saxofone tenor.
O flautim não possui notas graves o suficiente para tocar toda a melodia da seção B,
assim deste ponto em diante ele para de tocar
No final da seção, surge o tímpano para ajudar na parte do acompanhamento

13. Primeiros violinos e sopros


Aqui temos a entrada triunfal dos primeiros violinos. Eles não tocam sozinhos: a melodia
é compartilhada também com 2 flautas, flautim, 2 oboés e 2 clarinetes.
Uma pergunta muito comum sobre violinos é, como o músico sabe onde estão as notas?
A resposta é simples: ouvindo! Com o estudo e a prática do instrumento, o músico
iniciante vai treinando o seu ouvido para sons cada vez mais afinados, e a mão adquire
uma espécie de “memória” para a localização das notas – o mesmo tipo de memória
que as pessoas utilizam para caminhar em casa na escuridão sem esbarrar nos móveis.

14. Primeiros e segundos violinos com sopros


E outra pergunta frequente: qual a diferença entre os primeiros e segundos violinos?
Fisicamente, nenhuma: os instrumentos são os mesmos, apenas os músicos estão
divididos em dois grupos para tocarem coisas diferentes, ou juntarem as forças quando
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necessário. Pelo mesmo motivo temos na orquestra duas flautas, dois clarinetes, dois
fagotes, etc.
E aqui a resposta à mesma pergunta na prática: compare o áudio da seção anterior (13-
A), onde os primeiros violinos tocavam a melodia, com o desta seção, onde os primeiros
e segundos violinos dividem-se tocando melodia e harmonias.
Da mesma forma que antes, os violinos aqui também não tocam sozinhos: a melodia é
compartilhada com 2 flautas, flautim, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes e saxofone
tenor.

15. Violinos e sopros


Nesta seção, temos primeiros e segundos violinos, 2 flautas,
flautim, 2 oboés, corne inglês e trompete:
Quando a melodia da seção B caminha para as notas graves, o
flautim é substituído pelo clarinete baixo, o trompete pela
trompa e os segundos violinos pelas
violas.

16. Cordas e sopros


E finalmente temos grande parte da família das cordas
tocando juntas: primeiros e segundos violinos, violas e
violoncelos, e mais 2 flautas, flautim, 2 oboés, corne inglês,
2 clarinetes, trombone e saxofone soprano:
No final, o flautim é substituído pelo clarone, e o saxofone
soprano pelo saxofone tenor:

17. Vários instrumentos


Última apresentação da seção A: primeiros violinos, 2 flautas, flautim, 3 trompetes,
trompete Piccolo, saxofone soprano e saxofone tenor.
Diferente das outras vezes, aqui a seção A não é repetida.
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18. Vários instrumentos


Última apresentação (porém incompleta) da seção B: primeiros violinos, 2 flautas,
flautim, 3 trompetes, trompete piccolo, saxofone soprano, saxofone tenor e trombone:
E diferente das outras vezes, a melodia é interrompida quando chega na parte dos
graves, deslocando-se por um breve trecho para Mi Maior.
O retorno a Dó Maior é bem dramático e nos apresenta a mais três instrumentos de
percussão: o bumbo, os pratos e o tam-tam.
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Agora que já tens conhecimentos sobre a obra, vamos escutar novamente e diz qual a
ordem da obra.

1- ________________________________________________________________
2- ________________________________________________________________
3- ________________________________________________________________
4- ________________________________________________________________
5- ________________________________________________________________
6- ________________________________________________________________
7- ________________________________________________________________
8- ________________________________________________________________
9- ________________________________________________________________
10- ________________________________________________________________
11- ________________________________________________________________
12- ________________________________________________________________
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