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AULA 5 – ESTÉTICA DA MÚSICA

Fugue BWW 1001 - J. S. Bach


- No século XIII, muita coisa aconteceu  estamos aqui
- Permanece o antigo paradoxo: a música existe de forma independente do texto? Até então não.
- Surgimento do Sistema Tonal
- É o grande acontecimento musical do século XVIII; a grande novidade
- Fruto do pensamento cartesiano; Rameau: um racionalista
- Aconteceu por consequência do Temperamento Igual
- É uma estética: se uma obra segue o Sistema Tonal, a música diz coisas e se vale dela mesma
- Ouvimos uma fuga, a qual só se tornou possível por conta do Sistema Tonal. O mesmo vale para
outras formas musicais: concerto grosso (grande), suíte (suítes antigas transformadas em música
somente), forma sonata etc.
- Formas musicais passam a esboçar uma independência do texto, mas não conseguiram se
estabelecer de fato. Elas ficaram restritas a alguns espaços (de alta intelectualidade). Em geral, até
hoje, as pessoas não aceitam muito.
- Sonata: é uma peça ou uma maneira de fazer partes de peças  seu esquema de modulação também
só se tornou possível com o S. T.
- Fuga: baseia-se na imitação (um tema, depois outro, depois outro, até o ponto em que todo mundo
fala junto)  vira uma bagunça. Triálogos ou quadriálogos até que se chega a uma conclusão e
termina (quase sempre, em Bach, termina em um acorde maior). É, então, uma história contada por
meio de sons.
- Barroco e Clássico se misturam bastante cronologicamente.

SÉCULOS XVII - XVIII


- Razão – natureza – progresso
- A teoria musical assumiu funções de guia para a prática musical e composição
- Estabeleceu-se o sistema de harmonia tonal
- Música para imitar conceitos e afetos, com foco nos efeitos que ela causa

Renée Descartes (1596-1650)


- Filósofo, físico, matemático
- Segundo ele, a finalidade da música “é agradar e mover em nós as variadas paixões”. As
paixões da alma: explicações de natureza acústica e fisiológica de como a música age em nossos
sentidos e alma
- Outros pensadores franceses da época: Voltaire, Diderot, Rousseau
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1600: a ópera se estabeleceu como gênero musical supremo em França e Itália


1702 (França): início de discussões acerca do que é mais importante: música ou letra
- A ópera assumiu dois estilos diferentes, um na Itália, outro na França  embate
- A tradição racionalista da corte francesa conteve as extravagâncias e espontaneidade italianas; a
música deveria se ater a normas, ser simples e elegante (de “bom gosto”)  forte característica
dos compositores franceses: esse ar classudo
- A maioria não achava que a música sobrevivia sem letra

Pág. 82: uma fala interessante


- Música instrumental, clássica: remete às elites; é a música da corte. Servia para ser tocada em
jantares etc.  hedonista: voltada ao prazer
- Os pensadores franceses, viam essa música instrumental com estranhamento. Ela servia para as
cortes, para jantares, mas e aí? O que significa? Nada. Então não serve para nada. É só para corte,
mas o resto da sociedade não tem acesso.  Aqui, temos um prenúncio revolucionário, que
queria derrubar as monarquias (Revolução Francesa, pensamento iluminista)
Colocar isso no fichamento 6

A arte deveria imitar a natureza, sim, mas melhorando-a, depurando-a, analisando-a 


mas isso na visão de quem?
- Tônica geral: música versus letra
- A música, por si só, não teria capacidade de representação. Música + palavra, sim
- A música, portanto, estaria subordinada ao texto poético. Seria inferior em termos hierárquicos
- Com o cenário operístico no centro das atenções, a interdependência música-letra levou à
publicação de manuais de retórica musical para a mais perfeita adequação entre figuras de
linguagem e trechos musicais

Jean-Philippe Rameau (1683-1764)


- Tratado de harmonia (1722)
- Músico neo-pitagórico, racionalista, iluminista e cartesiano, Rameau baseou sua ordem musical
por meio de números e proporções matemáticas, considerando que a própria natureza é mensurável
em termos de números e proporções
- Se ele se baseou em regras, se baseou na natureza, então se baseou em Pitágoras
- Por essa lógica, a música bastaria a si própria, assim cumprindo sua função de integrar o todo e,
ao mesmo tempo, depurar e representar a natureza, independentemente de texto poético!
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- Mas ele teve opositores. O principal deles: Jean-Jacques Rousseau, que escreveu em
diversas áreas (vamos ver melhor isso na próxima aula).

Sistema harmônico tonal (jônico & eólio)  surgimento de novas formas


- Fuga: tema / cânone / imitação / “discussão sem palavras”
- Suíte: vários movimentos relacionados a danças tradicionais de vários países  uso de danças
folclóricas, populares = movimento da música pura de se aproximar das culturas populares,
baseando-se no real, no concreto (o âmbito popular sempre deu um jeito de adentrar as cortes)
- Sonata: peça para ser tocada (instrumental)
- Forma sonata: sintaxe específica e fixa para compor uma obra ou parte de uma obra  puro
racionalismo
- Concerto: consonância, disputa, acordo  vozes que disputam no S. T. para ver quem ganha.
O solista dialoga/disputa com a massa orquestral

- Nasce o discurso musical puro; a música conta sua própria história, apenas por meio de sons
- Tudo isso, mesmo com o uso de danças folclóricas, atingindo o patamar de música pura,
superior. Portanto, incomodava.

- Áustria, Alemanha e França: principais países que participaram desse processo do Sistema
Tonal  Classicismo principalmente. Itália não foi tão relevante nesse processo.
- Classicismo: envolveu muito mais gente que apenas Haydn, Mozart e Beethoven

Curso e discurso do Sistema Musical (Tonal)  outro livro interessante


- Não é possível traduzir música em palavras; elas nunca vão dar conta.
- Sonata, o que queres de mim? Quero ser ouvida, simplesmente. Não precisa haver um sentido.

MINIMALISMO (EUA c. 1960)

Antecedentes nas artes visuais (assim como o impressionismo e o concretismo):


- Abstracionismo = ausência de significado
- Concretismo = a coisa em si
- Geometrismo = linhas puras
- Materiais brutos = sem manipulação
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- Simplicidade extrema = “menos é mais”


- Ready-made = produtos rearranjados

- Trata-se de uma linha de pensamento artístico que coloca abaixo toda a tradição

- É concreto, abstrato, geométrico. Serve para ser visto e só.

Minimalismo em música
- Talvez a tendência estético-musical mais representativa da contemporaneidade
- Ênfase em repetições insistentes de notas musicais ou sons, com sutis variações ao longo do
tempo, ou ênfase na estaticidade suprema e utilização de modos
- Retomada dos modos: escalas trabalhadas como modos, sem a lógica binária jônico e
eólio. Nosso compositor de hoje focou muito nisso.
- Em geral, as peças são longas, de efeitos hipnóticos e convidam à introspecção  também
compostas para fins meditativos etc.

- O pluralismo cultural emergente na década de 1960 deu início a movimentos artísticos com
variedade e rapidez surpreendentes. A estética minimalista em música foi uma dessas tendências
- Essa estética agiu contra certos valores clássico-românticos, bem como contra a crescente
complicação e hermetismo apresentados por composições modernistas
- A música minimalista dialoga com a tradição, mas de uma maneira acessível. Nos
reapresenta os modos com referências históricas e geográficas várias  assim como
outros compositores como John Cage e Messiaen foram pegar inspiração na música
indiana, do Gamelão, de Bali etc.

Terry Riley (Califórnia, EUA, 1935)


- Pianista e compositor, é o grande pioneiro da linha minimalista
- Ele tem discografia extensa e está em plena atividade musical até hoje
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- A cultural tradicional indiana reflete diretamente nas obras de Riley. Além disso, ele recebeu
influências, influenciou e atuou com grandes figuras da música nova, experimental, do jazz e do
rock
- Técnicas e equipamentos eletrônicos são uma constante em suas músicas e apresentações

In C – Terry Riley
- Instrumentos indianos, cello, violino, baixo acústico, teclado, piano, flauta, percussão, trompete,
clarinete, guitarra, saxofone, trompa.
- Variações de dinâmica, repetições e ostinatos que vão construindo massas sonoras e tímbricas
- Essa simplificação ao extremo consegue ser atual, moderna e, também, fazer referência à
origem de tudo (os modos)  ela faz algumas referências ao sistema tonal, claro, mas evita
colocar as coisas de maneira óbvia.
- Em certos momentos, melodias de fundo são construídas
- Toque ancestral: música sem início, meio e fim. É possível começar a ouvi-la de qualquer parte.
Ela pode permanecer tocando o tempo todo.

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