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A música na sociedade

contemporânea
Mudanças de linguagem
 A música altera a sua linguagem,

 A maior parte das realidades musicais


agora não servem,

 Mudanças (novas formas e evolução):


melodia, harmonia, orquestração e ritmo.

 A música não deixa de coexistir, pode é


ser designada de conservadora, não
acompanhando as novas tendências.
Quadro abstrato, Kandinsky.

Nu, descendo as escadas, inspiração de


movimento e ritmo, Duchamp.
Melodia
Antes Agora

Melodia e convenções Valorização da melodia

Frase, motivo, repetições Novas intenções e condicionantes

Prescinde-se da procura de uma beleza formal e da efusão lírica dos clássico-românticos.


Evita-se a simetria e repetição.
Contém amplos saltos intervalares e uso de “dentes de serra”, é angular.

Erwartung “Espera”, Shoenberg

contenção apressado
Harmonia
Os acordes de música clássica
Preferência por acordes com 6/7 notas
(3 notas/repetição)

Maior dissonância, e clusters


Maior consonância

Intervalo de 3ª (do-mi-sol) Substituição por intervalos de 4ª.

Aumento da sensação de dissonância, igual importância entre notas,


Aumento da capacidade expressiva da música;
Não se evidenciam cadências claras e lógicas;
Melodia e harmonia movimentam-se em independência total.
A tonalidade

 Tendência para usar os sons de forma delicada e livre;

 Esbate-se a diferença entre maior e menor e a distinção entre cromático e


diatónico;

 Retorno à música medieval, procura de novas relações, novo conceito de


centro tonal;

 Mistura de diversas tonalidades (bitonalismo) e várias (politonalismo)


 Proliferação de novas ideias contrariando a métrica e pulsação regular;

 Procura-se o inesperado; recriação dos ritmos da vida moderna;

 Influência da música extraeuropeia, e busca de ritmos primitivos através do


Jazz;

 Inspiração nos ritmos livres do gregoriano e moteto medieval.

 Procura de ritmos tradicionais , baseados em 5,6,7,8, ou 13 tempos;

 A obra não se submete ao mesmo ritmo, mas sim uma mudança continuada,
daí supressão da barra de compasso;

 Nascem novas polirritmias, multirritmos,

 Exploração da técnica de ostinato – ou ritmo ostinato. O Ritmo


A textura
 Recuperação do contraponto de Bach;

 Através de uma nova melodia vigorosa – frequentemente de caráter


instrumental – recuperam o sentido linear da música;

 Estas linhas não se confinam somente a uma única melodia, se não a


blocos de várias linhas conjuntas;

 Ligeira independência de vozes, fomentando um forte clima de


dissonância.
A orquestração
 Evita-se a ideia de sonoridade conjunta de grandes blocos;

 Procura-se que cada instrumento destaque a personalidade ou por família;

 Reestabelece-se os sons específicos e próprios, os timbres individuais,

 Fomenta-se a ideia de recuperação do espírito de música de câmara;

 Multiplicam-se os instrumentos de percussão e respetivas funções da orquestra;

 Não se cultiva a ideia de orquestra válida para toda a música,


 O compositor concebe uma orquestra para cada obra;
 Finalmente a contribuição da música eletrónica, variedade colorística.
 Não se pode falar de
A forma
implementação da forma
ou formas;

 A forma surge associada


à investigação pessoal, na
procura e na criação das
próprias formas

Noiva de vento, Oscar, Kokoschka


A música contemporânea até à
I Guerra Mundial

 Esta forma de linguagem impôs-se gradualmente e com dificuldade num


sentimento dominado por Mahler e Richard Strauss.

 Esta nova conceção musical tem o seu centro de evolução em:

 Paris (Impressionismo – Stravinsky)


 Viena (Expressionismo – Schoenberg);

 Verificam-se algumas ruturas radicais como: Futurismo em Itália,


Várias correntes estilísticas

 Pluralismo, ausência de conceito unitário.

 Mesmo com a variedade plural há uma linha de pensamento inerente –


Modernismo,

 A ideia de modernismo tenta reinventar uma nova visão sobre a música


do futuro (Zukunfstmusik),

 Assente na novidade e inovação, - vanguarda;

 Valoriza originalidade,
1º Modernismo - Impressionismo

Pois o que sobretudo desejamos é a matiz,


Não cor! Somente meias sombras!
Ah! Só a matiz une o sonho com o sonho,
a flauta com a trompa.

Paul Verlaine
 Movimento francês desenvolvido por pintores que tentavam captar a sua
“1ª impressão” sobre um tema mediante diversos tratamentos de cor e luz;

 A resposta literária ao impressionismo foi o simbolismo, em que os textos


sugeriam imagens e ideias em substituição da sua descrição;

Impressionismo
Na música o impressionismo caracterizou-se por:

 escalas exóticas (cromáticas, tons inteiros),


as dissonâncias por resolver,
acordes paralelos,
a rica cor orquestral e ritmo livre;
Formas programáticas em pequena escala.
Os pintores impressionistas

 Em 1869, Claude Monet tenta contrariar os salões


académicos parisienses, organizando uma exposição
no estúdio de Nadar (fotógrafo)

 Como todos os termos em arte inicialmente apresenta-


se com uma conotação negativa,

 Fascinados pela mudança continua da aparência das


Impressão do Sol nascente - Monet
coisas, procuravam a frescura das 1ª impressões
sobre….
Poetas simbolistas
 Sugeriam em substituição da descrição;

 Evidenciavam o símbolo em substituição da afirmação da coisa;


fortemente influenciados por Edgar Allan Poe:

 Charles Baudelaire (1821-1869),


 Stéphane Mallarmé (1842-1849)
 Paul Verlaine (1844-1896)

 Sensíveis ao som de uma palavra como ao seu significado, tentavam


evocar imagens poéticas que afetassem todos os sentidos.
O impressionismo na música

 Esgotamento do sistema maior e menor,


 Atração por outras escalas;
 Modos eclesiásticos (ideia de som arcaico);
 Intervalos primários: 8ª,4ª,5ª (organum medieval);
 Sensíveis ao tom mourisco das canções de Espanha;
 Orquestras javanesas e japoneses que atuaram em Paris )Exposição
Universal de 1889;
 Exploração de diferentes espetros de altura cromática sonora;
 Acordes paralelos ou deslizantes;
 Flutuação entre tonalidade; criando
efeitos fugazes comparáveis com os
difusos perfis da pintura,

 Cor orquestral:

 fusão de timbres,
 flautas e clarinetes com obscuros
registos graves;
 Violinos brilhante âmbito superior,
 Trompas e trompetas meias em
sordina;
 A harpa, celesta e triângulo, Monet, experimentação da cor….
carrilhão, timbales……
Exemplos de características musicais
Escalas de tons inteiros a partir de Dó:

Excerto de Pelléas Mélisande, Debussy, ilustra


escala de tons inteiros
Movimento paralelo de acordes (8ª e 5ª), ex; de
organum primitivo

Ex: em A Catedral
submergida de Debussy
Acorde de 9ª construído a partir de Dò

Acordes paralelos de 9ª na ópera Pelléas Mélisande


Música francesa nos finais do séc. XIX-XX

 1871 – Sociedade Nacional para a Música Francesa;

 1894 – Schola Cantorum: Massenet, Vincent d’Indy, Fauré

 Estudo da grande herança da música francesa;

 Nacionalismo histórico (tomada de consciência daquilo que é e foi a


música francesa)
Debussy (1862-1918): A arte como experiência sensorial

 Pelléas et Mélisande (1902) – baseada no drama de Maeterlinck,


criticada como decadente e carente de melodia, forma e substância.

 No entanto a sua serena e subtil intensidade provocou um forte


impacto no público convertendo-se num êxito internacional.

 Inexistências de recitativos e ária/recitação contínua;

 valorização texto;
 Outros.
Prélude “L’aprés-midi d’un faune” - 1894

 Poema sinfónico,

 A orquestra é formada por: 3 flautas, 2 oboés, 1corne-inglês,


2 clarinetes, 2 fgt, 4 cornetas de pistão, 2 harpas, e instrumentos
de cordas.

 Poeta simbolista: Stéphane Mallarmé.

 Forma ternária livre; A-B-A’.


Poema:
Estas ninfas quero eu perpetuar.
Tão puro,
o seu claro rubor, que volteia no duro ar
pesando a sopor.
Foi um sonho o que amei?
Massa de velha noite, essa dúvida, sei,
muito ramo subtil estendendo,
provava
meu engano infeliz, que enganado
tomava
por triunfo, afinal um pecado de rosas.
Reflitamos. Cartaz de Leon Bakst,
representando Nijinsky,1912.
O tema na flauta denominado Excerto de Partitura
como elemento recorrente, porque
surge várias vezes, com alterações
graduais.

O tema apresenta-se como um


ritornello com sentido cromático,
concedendo-lhe um ar oriental de
arabesco.

Sonoridade adormecida,
especialmente com a harpa.
Atenção:

 Sinuosas melodias líricas, o cromatismo inicial que se


repete.
 Rico colorido instrumental;
 timbres individuais que se destacam na orquestra;
 Ritmo fluido de forma livre;
 Sensação de flutuação;
 Tom sensual expresso no poema
Reflexos na água – Images (1905)
 Tema mínimo, 3 notas, pouco evidentes, sobre elas acordes
flutuantes.

 Como o acorde entra na mão direita e esquerda do piano,


forma uma série de harmonias dissonantes: sol-la-si (sensação
de hipnotismo).

 Acordes flutuantes e deslizantes paralelos na mão direita –


descrevem o sentido da água.
 Referências ao organum medieval acordes paralelos cc. 9-10,
 Ideia de perda de medida com o uso de complexas escalas
Veneza, grande canal, virtuosísticas.
Monet.
Alteração de medida
Maurice Ravel: posimpressionismo
 A música deste compositor é impressionista de inspiração e
neoclássica na sua estrutura,

 O compositor sentiu-se atraído pelos estilos de música mundial, entre


eles o ritmo dos bailes de Espanha, - visível no ciclo de Canções Don
Quixote e Dulcinea.

 Caracteriza-se pelo impulso rítmico, a harmonia dissonante e uma


orquestração brilhante – marco de forma clássica.

 Venerou os antigos cravistas franceses, experimentou a música


medieval,
Ravel Debussy

brilhantismo suavidade

Ritmos Raramente
incisivos se afirmam

Sentido
Libertação
tonal mais
do som
firme

Harmonia mais
dissonante

Melodias mais
amplas
Duas Canções de Don Quixote e Dulcinea

 1932- 33
 Poema de Paul Morand.
 Canções para barítono e orquestra.
 Cada uma delas baseada numa dança espanhola:

1. Guajira
2. Zortziko
3. Jota.

 Canção novelesca: chanson romanesque.


 Canção épica: chanson épique.
 Canção báquica: chanson à boire.
Canção novelesca:
 4 estrofes exaustivamente compostas: estilo silábico com diferentes
métricas;

 Dissonâncias nas figuras de acompanhamento e nos interlúdios;

 Mudança de tonalidade maior e menor,

 A mesma música para os 2 últimos versos de 4ª estrofe.

 Coda sobre a palavra Dulcinea: a voz não termina na tónica.


Bolero

melodia

acompanhamento

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