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A Belle Epoquè foi um movimento em que a cultura cosmopolita exerceu

sua exuberância e sua classe ao longo de décadas, começando pelos


meados de 1871 e tendo seu término com o início da Primeira Grande
Guerra (1914).

Antes de 1914, acontecimentos políticos no Oriente não afetavam o


Ocidente como hoje, devido ausência de rádios, televisão e outros meios
de comunicação. Assim, a vida para os lados Ocidentais era sempre mais
“bela”, gerando uma visão de estabilidade da vida mundana paralelamente à da
vida privada, incentivando a prosperidade das classes mais ricas.

Essa vida fácil (também ligada a uma estabilidade dos preços)


proporcionava a segurança de um futuro livre de grandes obstáculos, o
que não deixou de contribuir para o isolamento das diferentes partes da
sociedade.

A partir disso, a vida mundana exigia um certo “formalismo”, que proporcionava


burgueses e nobres um certo “suporte artificial”, rico e elegante, para impor suas
vidas aos outros.

Não obstante, vale destacar enquanto movimento artístico da Belle


Époque, o estilo “Art Nouveau”, um fazer ornamental de cores vibrantes e
formas sinuosas, presente desde as fachadas dos edifícios até nos objetos
decorativos, como joias e mobiliários. No âmbito da pintura, também se destacou
o Impressionismo de Claude Monet (1840- 1926).

Inspirações

A natureza foi a fonte de inspiração dos impressionistas, suas obras fixam


um determinado instante, onde se mesclam vários tons de luz e cor.
Ausência da linha, pois a forma se distingue do espaço pela cor, ou pela mancha
de luz projetada sobre o corpo no espaço. As figuras são transformadas em
massas coloridas, não interessam os modelos, e sim as modificações que a luz
vai produzir neles. A cor é leve e transparente. O elemento predominante é a
luz solar. Rejeitam os tradicionais temas mitológicos e imaginários,
buscando novas fontes de inspiração recorrem à paisagens e cenas do cotidiano.
Incentivava-se a produção ao ar livre, diretamente inspirada pela beleza
efémera das paisagens, e na verdade o que interessava agora era apenas
captar precisamente a fugacidade desses momentos transitórios numa ou duas
pinceladas…

Inspiração realista, pinta somente o que vê. Caráter eminentemente visual,


não se interessa pelos valores subjetivos, psicológicos ou intelectuais, o
impressionista é considerado um artista alienado dos problemas sociais.

Impressionismo musica

O impressionismo na música é semelhante ao impressionismo nas artes


plásticas. Nele, ao invés de tentar mostrar uma imagem com perfeição, a arte
busca mostrar uma possível visão do objeto retratado – não sob a visão
específica do autor (usar a visão do autor é uma característica romântica), mas
sim sob uma visão geral ou social do fato. Por isso as imagens não tinham linhas
definidas quando olhadas proximamente, porém traziam uma impressão ou
sentimento quando analisada como um todo.

Analogamente, a música impressionista buscava uma transgressão nas


linhas melódicas claras do romantismo, para trazer uma ideia mais de
emoções e sensações nas peças. Com isso, musicas impressionistas
geralmente tem partes que são analogamente mais “borradas” ou confusas
como as pinturas. Essa característica do “borrão sonoro” evita a construção de
tensões e resoluções com ferramentas da música tonal (romântica e clássica).

Para tentar trazer essa percepção de emoção maior que melodia na música
impressionista, os compositores da época buscavam modificar os timbres
dos instrumentos orquestrados e trazer novas cadencias e harmonias.
Instrumentos que antes tinham timbres alegres e agudos passaram a ser usados
com timbres mais sombrios e graves como clarinetes e flautas. Temos novos
instrumentos com timbres mais leves e oníricos como harpas e os metais tinham
seus timbres atenuados com mutes.

O impressionismo na música também provocou uma quebra de regras e


paradigmas. Os compositores Maurice Ravel e Claude Debussy, ambos
franceses, transportaram os conceitos da pintura para a música, e em suas obras
o cenário e a atmosfera são mais importantes do que o equilíbrio e a clareza
musical.

Ravel – uma outra visão do impressionismo

Ravel é um compositor francês que estava no mesmo contexto dos outros


compositores impressionistas (Debussy, Satie, outros), porém a sua música
mais conhecida é marcada pela repetição de um tema, que é uma tradição
típica de movimentos anteriores ao impressionismo. Trata-se do Bolero.
Nela, porém, temos um tema que segue o impressionismo, já que o
sentimento é construído na música inteira, com um crescendo constante.
Essa é uma música que frequentemente é entendida como uma música que é
significativa pelo timbre.

Debussy

Para entender a relevância de Claude Debussy é necessário analisar suas


obras e como elas destoavam do que era criado naquela época. Ele causou
estranheza em boa parte do público e da classe artística.

Debussy buscava sempre o livre-arbítrio em suas composições. Queria um


som puro e real e dizia: "Não existe teoria. É necessário somente ouvir.
Prazer, esta é a lei.” Em sua obra, a música libertou-se de regras tradicionais
das repetições e cadências rítmicas. Ele rompeu também com normas da
harmonia clássica, criando acordes isolados, timbres e contrastes entre
registros.

Graças à expressão usada por Debussy nos acordes que compõem esta
peça, tão dissonantes entre si, conseguimos mesmo ouvir a água na
peça.

Alguns momentos cruciais nesta caracterização:

 No minuto 1:16 conseguimos ouvir uma subida que se aproveita das notas mais
agudas do piano para nos dar a sensação de água cristalina a correr enquanto
temos uma melodia, mais uma vez, algo dissonante, até chegarmos à
reexposição do tema também com este efeito.
 No minuto 2:32 podemos ouvir uma técnica semelhante à que ouvimos na obra
“Un Sospiro” de Liszt, no entanto, num registo mais agudo, para evoluir para um
tema de maior amplitude sonora, até chegarmos a uma repetição muito mais
simplista do tema principal a seguir a várias sequências de acordes.

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