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Atividade: fichamento 6
ambiguidade reside aí, pois ao mesmo tempo em que a música não dispensa os modelos da
linguagem verbal, tampouco precisa de explicações externas a si para existir. As então surgidas
formas instrumentais puras, como a suíte, o concerto, a sinfonia e a sonata, por exemplo,
dispensaram a linguagem verbal como comparativo de julgamento. Músicas desse tipo traziam
em suas próprias estruturações seu sentido de existir. A forma sonata, em especial, trazia
organização sintática própria e autônoma, residindo aí seus sentidos íntimos, seus “significados”,
sua razão de existir. O sistema tonal estava lá como organização interna dessas estruturas. A
música, enfim, tinha sua própria narrativa.
Uma outra crítica feita pelos pensadores iluministas à música instrumental se
concentrava na ideia de que uma arte que se limitasse a provocar uma reação impulsiva e
prazerosa em seu público não era desejada. Porém, esta arte imediata, hedonista, que afastava o
homem de qualquer reflexão, era institucionalmente aceita na corte e representada por um certo
tipo de música instrumental, que cumpria um papel acessório e decorativo em festas, jantares e
reuniões sociais diversas. Nesse sentido, a música instrumental, quando comparada à música
vocal e operística, era vista apenas como um conjunto de sons simultâneos, desconexos e
alienantes, pois era difícil para um iluminista conceber que um pensamento artístico, coerente,
engajado e reflexivo pudesse se prestar a uma situação tão frívolo. A música de J. S. Bach, por
exemplo, esteve no centro desses dilemas – fortemente criticada por uns e valorizada por outros.
A autora finaliza aí seu livro, deixando em aberto os desdobramentos históricos do assunto.
A música minimalista
Talvez esta seja a tendência estético-musical mais representativa da contemporaneidade,
baseada em repetições insistentes de notas musicais ou sons, com sutis variações ao longo do
tempo, ou ênfase na estaticidade suprema e utilização de modos. Como resultado, tem-se peças
longas, de efeitos hipnóticos e convite à introspecção. O pluralismo cultural emergente na década
de 1960 deu início a movimentos artísticos com variedade e rapidez surpreendentes. A estética
minimalista foi uma dessas tendências que questionaram certos valores clássico-românticos, bem
como deram interessantes alternativas à complicação e hermetismo apresentados por
composições modernistas. A música minimalista dialoga com a tradição, mas de uma maneira
acessível. Nos reapresenta os modos com referências históricas e geográficas várias.
Nesse contexto, Terry Riley, pianista e compositor, foi o grande pioneiro da linha
minimalista. Ele tem discografia extensa e está em plena atividade musical até hoje. A cultura
tradicional indiana reflete diretamente nas obras de Riley. Além disso, ele recebeu influências,
influenciou e atuou com grandes figuras da música nova, experimental, do jazz e do rock.
Técnicas e equipamentos eletrônicos são uma constante em suas músicas e apresentações.
Durante as audições da aula, então, foram ouvidas as obras Keyboard study nº 1 (1965), In C
3
(1968) e In the Summer (1975), de Terry Riley. Além dessas, também foram tocadas obras dos
grupos The Who e King Crimson, de Mike Oldfield, de Meredith Monk e de Laurie Anderson.