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HISTÓRIA DA MÚSICA II

PERÍODO CLÁSSICO
Prof. João Berchmans

Teresina, abril de 2016


Transição: Século XVIII. Aspectos
Culturais, Políticos, Estéticos
 Evolução cultural da Europa concentrou-se nas
regiões ocidentais do continente e no meio
urbano
 Cidades de comércio, centros urbanos, portos
marítimos, cidades universitárias
 A arte monárquica dos séculos anteriores
permaneceu cumprindo as suas funções:
música da corte, festas, cerimônias...
 Por volta de 1750 a arte monárquica começa a
entrar em declínio
Transição: Século XVIII. Aspectos
Culturais, Políticos, Estéticos
 Entretanto, o ciclo aristocrático continua e boa
parte da música foi criada neste ambiente
 Com o advento dos meios burgueses de
propagação cultural, percebe-se um
deslocamento do eixo cultural para este meio:
uma vida musical nova
 A burguesia irá retomar os elementos da vida
musical da corte e dos salões da aristocracia:
uma cultura musical autônoma espelhada no
concerto público e na ópera cômica.
Transição: Século XVIII. Aspectos
Culturais, Políticos, Estéticos
 Ao replicar os modelos da corte, a música em
ambiente burguês passa a assumir um status de
personalidade própria e prestígio como símbolo
e signo de um estatuto social
 Foi produzido alguns artifícios para favorecer o
entretenimento do público, como competições
entre instrumentistas e cantores, óperas voltadas
para as exigências do público e dos cantores,
cortes nas passagens menos acessíveis, peças
curtas e ligeiras, divertimentos, etc.
Transição: Século XVIII. Aspectos
Culturais, Políticos, Estéticos
 A música então foi aos poucos se agregando
aos saraus domésticos, ao círculo familiar e às
amizades burguesas, festas, saraus.
 O piano, símbolo da música burguesa, passa a
ser um imperativo social, um signo de boa
educação.
 Surge o amadorismo musical, ou diletante
musical
Barroco x Classicismo

➢O discurso musical barroco é fundamentado


inteiramente na variedade permanente oferecida
pela harmonia sequencial, pela continuidade
modulatória.

➢O classicismo, por sua vez, se estrutura na


articulação frasística relegando o processo
modulatório a segundo plano.
Transição

➢ É procedimento normal do Classicismo o


estancar o discurso, numa determinada,
seção que ele quer mais dramática.
➢ No Barroco, o discurso é linear e
permanente
Transição

 A passagem do Barroco ao Classicismo (Bach,


†1750) percorre diferentes estágios:

 Estilo galante
 Estilo da ópera cômica; Rococó Musical
 Sonata e da sinfonia
Transição
 Estilo Galante
 Elegante, amável e cortês
 Reação ao estilo erudito do Barroco, à rigidez do
contraponto e à textura polifônica.
 Audição
 Adagio e Fuga em fa menor – Wilhelm Freidmann
Bach
 Sinfonia em Fa Maior – Carl Phillipp Emmanuel
Bach
 Sinfonia em sol menor - Johann Cristian Bach
Transição
 Ópera bufa
 Escola napolitana
 Caráter burguês e jocoso
 Temas cotidianos
 Vivacidade e movimento
 Ação coletiva
 Recitativos, árias e canções
 La Serva Padrona, de Pergolesi
Transição
 Escola de Mannhein
 Corte do príncipe Karl Theodor (1742-1799);
 Princípios da orquestra moderna (solista e naipes);
 Baixo contínuo substituído por um princípio melódico que
domina a obra;
 Variação temática (contratastes melódicos) dentre das partes;
 Efeitos de crescendos, acordes arpejados, trêmulos;
 Alternância fp como caráter dramático;
 Minueto como terceiro movimento da sinfonia;
 Trompas como pedais orquestrais;
 Johann Stamitz - Sinfonia Concertante para violino,
viola e orquestra em Re Maior
Origens do Estilo Clássico
 Duas Concepções Contrastantes

 A música é “uma dádiva de Deus para ser usada


apenas em sua honra” (Werckmeister, 1670)
 “A música é um luxo inocente e, em boa verdade,
desnecessária à nossa existência, embora seja
grandemente proveitosa e agradável ao sentido do
ouvido” (Burney, 1776)
Origens do Estilo Clássico
 Concepção Filosófica – O Iluminismo

 Uma atitude contra a religião sobrenatural e a Igreja


em prol de uma religião natural e de uma moral
prática;
 Contra a metafísica em prol da ciência aplicada;
 Contra a autoridade em prol da liberdade e
igualdade do indivíduo;
Período Clássico
 Iluminismo
 Independência do homem
 Racionalismo: capacidade de juízo crítico
 Ruptura com à antiga ordem: dignidade, liberdade e
felicidade
 Declaração dos Direitos do Homem
(EUA,1776)
 Revolução Francesa (1789)
 Fim da servidão, tolerância religiosa e secularização
Período Clássico
 Desenvolvimento da cultura burguesa
 Música centrada nas casas particulares, nos cafés e
salões públicos
 Diderot e D’Alembert: fé na capacidade intelectual
do homem e o progresso
 Contra o modo de vida barroco (pomposo,
artificial) pelo simples e natural
 Rouseau:
 Felicidade do homem em liberdade e virtude;
 O regresso à natureza
 Surge o homem criador, o gênio natural
Concepções do Iluminismo
 Valorização da razão, considerada o mais
importante instrumento para se alcançar
qualquer tipo de conhecimento;
 Valorização do questionamento, da
investigação e da experiência como forma de
conhecimento tanto da natureza quanto da
sociedade, política ou economia;
 Crença nas leis naturais, normas da natureza
que regem todas as transformações que
ocorrem no comportamento humano, nas
sociedades e na natureza;
Concepções do Iluminismo
 crença nos direitos naturais, que todos os
indivíduos possuem em relação à vida, à
liberdade, à posse de bens materiais;
 crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos
privilégios da nobreza e do clero;
 defesa da liberdade política e econômica e da
igualdade de todos perante a lei;
 crítica à Igreja Católica, embora não se
excluísse a crença em Deus.
Século XVIII: aspectos sociais
 Era cosmopolita: as diferenças nacionais foram
minimizadas;
 Internacionalização da vida e das idéias;
 Os compositores exerciam suas atividades em
regiões distintas de seu país de origem ;
 Houve uma forte proteção das artes pelos
governantes, cuja arte refletia os aspectos
sociais
Período Clássico
 Perfeição da escrita: linguagem antes patética e
grave, agora amena e natural
 Racionalismo
 Ideal de beleza: harmonia e proporção
 Equilíbrio entre sentimento e intelecto e
conteúdo e forma
 Música dirigida à humanidade
Período Clássico
 Período de Transição (Rococó Clássico)
 Estilo Galante: elegante, simples e de entretenimento
 Ópera buffa italiana
 Empfindsamkeit (sensibilidade)
 Strum and Drang (tempestade e ímpeto)
 Estilo galante: maneira de compor
 Oposição ao estilo elaborado pelo rígido contraponto
e da textura polifônica
 Ornamentação simples e textura clara
Período Clássico
 O novo no lugar do antigo
 Desaparecem o baixo contínuo e a polifonia
contrapontística
 Centralização na melodia que procura exprimir de
forma simples e natural
 Contrastes mais reduzidos (descontinuidade das
estruturas do andamento
Período Cássico
 Mais leve, de textura mais clara e menos
complicada que a barroca; é principalmente
homofônica – a melodia sustentada por
acompanhamento de acordes (mas o
contraponto continua presente).
 Ênfase na beleza e na graça da melodia e da
forma, proporção e equilíbrio, moderação e
controle; refinada e elegante no caráter,
com a estrutura formal e a expressividade
em perfeito equilíbrio.
Período Cássico
 Maior variedade e contraste em uma peça:
de tonalidade, melodias, ritmos e dinâmica
(agora utilizando o crescendo e sforzando);
frequentes mudanças de diposição e timbres.
 As melodias tendem a ser mais curtas que as
barrocas, com frases bem delineadas e
caências bem definidas.
 A orquestra cresce em tamanho; o cravo
contínuo cai em desuso e as madeiras se
tornam uma seção independente.
Período Clássico
 O cravo é substituído pelo piano: as primeiras
músicas para piano são pobres em textura, com
largo emprego do baixo de Alberti (Hydn e
Mozart), mas depois se tornam mais sonoras
ricas e vigorosas (Beethoven).
 Atribui-se importância à música instrumental –
muitos tipos: sonata, trio, quarteto de cordas,
sinfonia, concerto, serenata e divertimento.
Compositores
W. Amadeus Mozart
W. Amadeus Mozart
 Wolfgang Amadeus Mozart, nome completo:
Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus
Mozart;
 27 de Janeiro de 1756 – 5 de Dezembro de 1791;
 Foi um compositor prolífico e influente do
período clássico, autor de mais de 600 obras -
muitas tidas como referências da música
sinfônica, concertante, operática, coral,
pianística e de câmara - e um dos compositores
de música clássica mais populares de todos os
tempos.
Franz Joseph Haydn
Franz Joseph Haydn
 Rohrau, 31 de março de 1732 — Viena, 
31 de maio de 1809
 Haydn passou a maior parte de sua carreira
como músico de corte para a rica família dos
Eszterházy (30 anos). Isolado de outros
compositores, foi, segundo ele próprio,
“forçado a ser original”.
Sonata
 Composição instrumental em vários
andamentos
 Sonata solo
 Para um único instrumento, geralmente piano ou
violino
 Sonata a duo, geralmente para violino ou
violoncelo e piano
 Trio, quarteto e outros conjuntos de câmera
Sonata. Origem
 Sonata (do latim sonare, soar) eram peças
instrumentais sem estrutura formal rígida;
 Surgiu em Veneza, no final do século XVI com
o uso da policoralidade que permitia o
contraste de dinâmica e timbre e pela estrutura
em seções, o que daria posteriormente à
diferença de andamentos
 Audição
 Giovanni Gabrielli - Sonata
Sonata. Forma Bitemática
 Aparece com Carl Phillip Emanuel Bach (1714
- 1788), sendo dividida em seções
denominadas:
 Exposição:
 Apresentação da Idéia Principal - 1 Tema na Tônica
 b) Período de Transição
 c) 2 Tema no tom vizinho
 d) Coda
Sonata. Forma Bitemática
 Desenvolvimento:
 Fragmentos dos temas ouvidos na exposição
 Reexposição
 Tema Principal na Tônica
 2 Tema
 Coda
Sonata Clássica

 Tem 3 ou 4 movimentos
 1º. Movimento – Rápido e dramático às vezes com
uma introdução lenta. Estruturado na forma sonata;
 2º. Movimento – Lento e lírico em tonalidade vizinha
ao primeiro movimento
 3º. Movimento – Minueto
 4º. Movimento – Finale – Andamento rápido e na
forma rondó (ABACABA)
Forma Sonata
 Exposição
 Nela se apresentam os temas (A e B)
 O Tema A ( na tonalidade principal)
 Transição ou ponte prepara a mudança para o Tema
B
 Modo maior : Tônica para a Dominante
 Modo menor: Tônica para o Relativo
 Tema B: na Dominante ou Relativo Maior
Forma Sonata
 Desenvolvimento
 Utiliza fragmentos dos temas apresentados na
primeira seção (Exposição)
 Utiliza modulações mais amplas
Forma Sonata
 Reexposição (Recapitulação)
 Retoma a exposição
 Tema B aparece na tonalidade principal
 Coda (cauda)
 Constitui a conclusão da movimento com
fragmentos melódicos dos temas apresentados
Período Clássico: Sinfonia
 Executava-se no Período Barroco na igreja no início de
uma cantata ou oratória; no teatro no início da ópera
 Na Itália, Giovanni Battista Sammartini (1700-1775)
 Escola de Berlim: os filhos de Bach
 Escola de MannheinDomínio da melodia (abolido ao baixo
contínuo)
 Estrutura temática contrastante
 Efeitos de crescendo e decrescendo, acordes arpejados, trêmulos
 Escrita autônoma para os sopros
 Uso preferencial do clarinete
 Trompas como apoio harmônico contínuo (pedais orquestrais)
 Minueto como terceiro andamento da sinfonia com Johann
Stamitz (1717-1757)
Período Clássico
 Mozart
 Sinfonias
 Óperas
 Música Sacra
 Haydn
 Sinfonias
 Óperas
 Música Sacra
Ópera no Classicismo
 Ópera Séria: antecedentes
 Origem no período barroco
 Influenciada pela escola napolitana
 Bel canto
 Compositores
 Nicolo Porpora
 Nicollo Jomelli
 C. W. Gluck
 Paisiello
 Mozart
Ópera Clássica: antecedentes
 Características
 Alegórica (representando lições morais, justiça,
liberdade)
 Mitológica: com temas da Antiguidade
 Heroico-patética: destinos individuais, virtuosística
 Estrutura
 Recitativos: melodia superficial, quase recitado com
acompanhamento do cravo (recitativo seco)
 Árias: de caráter lírico, põem fim às cenas
 Abertura: Introdução Instrumental
Ópera Cômica: buffa
 Origem na escola napolitana
 A ópera dos palcos europeus conservava-se presa aos
padrões da ópera cômica napolitana desde o momento
em que Alessandro Scarlatti fizera predominar a força
emocional do texto sobre a música de teatro, que foi
um foco da atenção dos classicistas.
 Caráter jocoso (drama jocoso)
 Primeiro modelo: La serva padrona de Pergolsei
 Trata-se de uma comédia musical
 Temas da vida cotidiana
 Personagens arquétipos
Compositores
 W. A. Mozart
 Nicollo Jomelli
 N. Piccinni
 Giovanni Paisielo
 Domenico Cimarosa
Ópera Séria
 Transformações
 A ópera seria tratava de assuntos épicos e
engrandecedores;
 A refinada corte francesa do século XVIII se dividia
em dois grupos antagônicos. De um lado se punham
os partidários da ópera cômica (Rousseau) do outro
ficavam os apreciadores de Rameau, que procurara
manter uma dramaticidade equilibrada em suas
composições (Querelle dos Boufons);
Reforma de Gluck
 A música se sujeita ao texto, não a um fim em
si mesma (reação ao bel canto)
 Recitativo executado pela orquestra de cordas
(retira-se de cena o recitativo seco)
 Coro faz parte da ação
 Bailado com coro na ação
 A abertura faz parte da cena dramática, não
uma peça independente
Compositores
 J. P.Rameau
 C. W. Gluck
 W. A.Mozart
 J. Haydn

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