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Resumo do capítulo 6 – “Dança, teatro e movimento”

A classificação de expressões como teatro, dança e música é uma


característica ocidental, determinada por uma forma compartimentada de
entender o mundo. No oriente, assim como em algumas expressões
culturais brasileiras, há diversas expressões artísticas em que as palavras
“teatro”, “dança” ou “música” não podem ser utilizadas para defini-las
completamente.
A divisão entre as artes acabou concedendo o movimento do corpo á
dança, enquanto a palavra se ligou essencialmente ao teatro. Essa
separação vem sendo questionada desde o final do século XIX, tanto no
campo do teatro quanto no da dança.

Artes híbridas
Arte híbrida é o resultado de um entrecruzamento de elementos de um
ou mais campos artísticos em sua criação e exibição ao público.
Diferentemente do que acham, o teatro também pode ser o corpo em
movimento e a dança também pode ser palavra. Um exemplo de arte
híbrida, unindo teatro, música e dança, é a Ópera de Pequim, expressão
artística e cultural da China.
A Ópera de Pequim começou a se desenvolver no século XVIII, como uma
arte que une canto, recitação, música, dança e acrobacia com figurinos e
objetos de cena complexos, em um palco destituído de cenário ou outros
elementos decorativos.
Na cultura brasileira - de matrizes indígenas, africanas, portugueses,
espanholas, entre outras – há muitas manifestações que englobam
diferentes campos artísticos. Podemos citar como exemplo a capoeira,
patrimônio cultural da humanidade.
Em 2008, a roda de capoeira e o ofício de mestre de capoeira foram
registrados pelo Iphan. Esses reconhecimentos nacionais e internacionais
contribuem para que a capoeira seja valorizada, bem como seus mestres e
praticantes, e para a continuidade dessa tradição brasileira.
Atualmente, a capoeira é amplamente praticada no Brasil, sendo uma das
expressões culturais brasileiras mais conhecidas do mundo todo. Assim
como a ópera de Pequim, a capoeira é uma manifestação híbrida, pois
inclui jogo, música, dança, brincadeira, acrobacia e luta.

Teatro gestual
Na virada do século XIX para o século XX, vários atores e diretores
passaram a buscar uma forma de teatro que se voltasse mais ao corpo,
desvinculando o teatro da palavra como forma primordial ou única de
expressão. Essa atenção ao corpo do ator acabou dando origem ao teatro
gestual, entre outros movimentos teatrais com princípios parecidos. O
teatro gestual também pode ser considerado uma arte híbrida, pois tem
em sua expressividade elementos técnicos e estéticos do teatro, do circo,
da pantomima (arte de narrar por meio do movimento corporal e das
expressões faciais podendo prescindir da palavra, por exemplo, a obra) e
da dança.
Há vários grupos teatrais que trabalham com o teatro gestual. Dentre eles,
destaca-se a Cia. Dos a Deux, criada pelos brasileiros Artur Ribeiro e André
Curti na última década do século XX, na França. Seus espetáculos
trabalham uma técnica corporal muito precisa, utilizando elementos do
teatro, da dança e do circo, explorando a manipulação de objetos, bonecos
e elementos móveis do cenário. Por serem sem palavras, são apresentados
para públicos de diversas nacionalidades, facilitando a comunicação e a
circulação da obra por todo o mundo.
A busca do movimento nas artes cênicas contemporâneas não passa,
necessariamente, pela ideia de “perfeição” dos corpos normalmente
atribuída aos bailarinos de danças clássicas. Muitos grupos começaram a
construir suas obras a partir da incorporação da deficiência física ao
vocabulário de seus movimentos com resultados artísticos instigantes e
provocativos.

Dança, teatro e cinema


Iniciadas na Alemanha entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial, as
criações de artistas europeus desse período demonstram que o teatro e a
dança não podem ser compreendidos por separações, mas sim pela união
de seus principais elementos: o movimento e a palavra.
A dança-teatro de Pina Bausch leva ao palco o movimento da vida e se
nutre de necessidade de expressão humana.
A expressão dança-teatro surge impulsionada pela dança expressionista
alemã.
Já o termo dança moderna é mais amplo e define a dança que surge no
início do século XX na Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do
mundo, questionando os padrões de movimento e a estética estabelecidos
pelo balé clássico. Nesse período, destacam-se artistas que propõem
movimentos mais relacionados ao cotidiano dos indivíduos e ás aspirações
do ser humano comum. Isadora Duncan, Rudolf Laban, Doris Humphrey,
Ruth St. Denis e Ted Shawn são alguns dos principais nomes entre os que
ficaram conhecidos com a primeira geração da dança moderna.
Motivados pelo significado das palavras anotadas, ao criar movimentos e
ao compartilhar com os outros integrantes da turma as várias versões das
sequências de movimentos criadas pelo grupo, foram reproduzidas
algumas qualidades do movimento.
Na dança-teatro, esses movimentos são associados as emoções que os
geram. Com as ações dos corpos, as emoções podem se transformar em
movimentos, diminuindo as fronteiras entre duas áreas de conhecimento
que se completam e se integram: a dança e o teatro.
O alemão Kurt Jooss se tornou o pioneiro na utilização do movimento em
espaços inusitados, uma vez que a obra inteira acontece em torno de uma
mesa, e, para ele, a eliminação das falas nas cenas A mesa verde aumenta
a qualidade do movimento.
Outro elemento importante que revela o caráter híbrido dessa obra é a
utilização das máscaras, identificadas historicamente com o teatro, como
forma de esconder o rosto dos intérpretes e revelar a imagem da máscara
contribuindo para a identificação caricatural e paródica dos corpos em
movimentos com os políticos.

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