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Festival e Congresso Mineiro de Dança do

Ventre - Comemoração Especial de 10 anos


ALEXANDRA NORONHA
Mestranda em Educação e Formação Humana FAE UEMG, Especialista
em Dança e Consciência Corporal, Psicopedagoga, Pedagoga,
Bailarina Internacional e Coreógrafa.
Membro e Delegada CID/UNESCO

Orientador: Fernando Zanetti


O que é cartografia?
A cartografia vai muito além do universo da Geografia e
da História, são paisagens subjetivas, no campo da dança
é como desenhar/cartografar com os próprios
movimentos do corpo transformando a paisagem,
melhor dizendo o espaço cênico com desenhos em
espiral, diagonal, círculos, rotações, asteriscos, frente-
trás, direita-esquerda, linhas que se cruzam, se rompem,
linhas transversais, infinitas ou não que ao mesmo
tempo criam, apresentam elementos contemporâneos, é
um corpo que vibra, dança, improvisa, encanta ao contar
uma história, representa e expressa os sentimentos mais
íntimos de um sujeito.
Emaranhado de linhas

Fonte: https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/emaranhado
Criação de territórios
Cartografia é sinuosa, com diferentes linhas, não é um
modelo pronto conforme Deleuze é imprevisível,
potencializa as práticas e torna-se a própria expressão da
dança, é a coreografia em movimento, na perspectiva
desse filósofo, cartografia é criar mundos:
"O cartógrafo está atento à vida que se faz, desfaz e refaz
nos mais diferentes espaços”.
Para ROLNIK (2011) as cartografias vão se desenhando e
desenvolvendo em territórios que vão tomando corpo,
um não existe sem o outro, elas desmancham certos
mundos e constroem outros. O cartógrafo é antes de
tudo um antapógrafo, ou seja, um artista plástico que
representa figuras humanas, mas ele deverá atentar-se as
inúmeras linguagens relacionadas com seu tempo.

Assim, a cartografia vai se construindo e ao mesmo


tempo determinados afetos vão criando novos sentidos,
um território vai se compondo para eles com uma grande
necessidade de descobrir, inventar novas cartografias,
novos mundos (ROLNIK, 2011).
Diversas linhas e formas

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/rabisco-linhas-caos-de-
bagunca-de-fio-enfiando-formas-de-vetor-isoladas_6707310.htm
Cartografia
 Metodologia de pesquisa da Filosofia;
 Produção crítica da Arte;
 Está ligada a criação (composição coreográfica);
 A cartografia como performance de dança.
 Cartografia está intimamente ligada a subjetividade.
Dançar de forma livre é construir seu território, pois
são as ações e expressões que produzem esse
território.
Cartografia é a prática de conhecimento conforme
filósofo Deleuze.
A performance e o improviso coloca o corpo
engessado, disciplinado e inativo em corpo criativo
com linhas de fuga e intensidade.
A cartografia do corpo em arte-dança é uma
biopotênia. Exemplo: Alex Neoral
https://www.youtube.com/watch?v=19mwd3z0zIk
Conceito de dispositivo
Dispositivo é um termo muito utilizado pelo filósofo e
psicólogo Foucault composto por linhas de natureza
diferentes, sendo um conjunto multilinear. As linhas do
dispositivo seguem direções e variações, projetam-se em
processos de desequilíbrio que se aproximam e ao
mesmo tempo afastam, por isso, essas linhas não se
delimitam ou envolvem sistemas homogêneos, o objeto,
o sujeito, a linguagem, dentre outros, (DELEUZE, 1990).
Dispositivos:
 Improviso: na linguagem da dança estabelece uma
grande ligação com a subjetividade, criação,
demonstração de emoções e sensações, base técnica,
espontaneidade, conhecimento teórico e musical.

 Performance: a performance em dança une todos


esses elementos, mas também técnicas do teatro e
circo, podendo ser crítica, alegre, romântica ou
dramática...é o trabalho de um cartógrafo!
IMPROVISO
O improviso é caracterizado por imprevisibilidade,
instabililidade de movimentos, ao mesmo tempo é
um ato reflexivo que produz novidades.
O bailarino que improvisa realiza uma reflexão
sobre sua condição antecipatória, o corpo produz
seus próprios padrões e estratégias. O bailarino que
improvisa sempre estabelece linhas de fuga,
imprevisibilidade e criação, está ligado ao processo
de subjetivação (construído por fatores externos e
internos, decorrente de condições histórico-sociais).
Dicas para improviso
 O improviso permite maior liberdade de criação dos
movimentos e execução no espaço cênico, no entanto,
é imprescindível que o profissional tenha
conhecimento teórico e movimentos técnicos básicos
da dança que irá executar, mas também estude a
estrutura da música como ritmo, contagem de tempo e
compasso.
 Escolha músicas que você goste, dance sem
compromisso...
PERFORMANCE
Performance engloba respostas corporais e sensórias
do indivíduo, onde a técnica representa uma fase de
aprendizado, a interpretação, sensações e
subjetividades são as fases determinantes, o
performer usa linhas de força produzindo maneiras
próprias de agir ou responder.
A performance pode ser improvisada e/ou
coreografada.
O termo performance de origem inglesa significa
desempenho, envolve diversos fundamentos ou melhor
dizendo, diversas linhas de dispositivo como expressões
teatrais, canto, dança e expressões dos artistas circenses
como por exemplo.
A dança performática está muito associada á dança-
teatro, bailarinos clássicos e modernos utilizam bastante
á dança-teatro, assim, como os bailarinos das danças
folclóricas, danças populares brasileiras, danças urbanas,
danças brasileiras, dança contemporânea, danças gregas
antigas, etc.
Dicas para performance
 Utilize sua imaginação;
 Abuse do seu olhar;
 Parte superior do corpo: tronco, ombros.
 Dance grande: exagere nos movimentos.
 Dê vida, sentimentos aos seus movimentos.
 Composição: maquiagem, penteados, figurinos são
elementos valiosos.
 Abuse de sua presença de palco e demonstre
confiança.
Coreografias (Escolas de Samba)
 Grupos são grandes (100 até + ou – 300).
 Técnicas básicas: o simples é tudo!
 Utilizamos muito parte superior do corpo, tronco,
braços, mãos.
 A ênfase está na expressão corporal e facial.
 Marcação de ritmo, musicalidade.
 Interpretação musical.
 Tem que ter alegria, harmonia e evolução.
 Marcação do refrão da música.
 Improviso (música ao vivo).
 Desfile de escola de samba é um ritual e uma
performance;
 Tem personagens: mestre-sala e porta-bandeira,
baianas, passistas... as alas, alegorias e comissão de
frente contam uma história;
 Performance: exige um estudo teórico grande,
memória corporal e conhecimento musical.
 Cartografia como performance de dança.
 Pina Bausch (bailarina e coreógrafa alemã)
PINA BAUSCH
Philippine Bausch, mais conhecida como Pina Bausch, foi uma
coreógrafa, dançarina, pedagoga de dança e diretora de balé
alemã. Conhecida principalmente por contar histórias enquanto
dança, suas coreografias eram baseadas nas experiências de vida
dos bailarinos e feitas conjuntamente. Utilizava a subjetividade
dos bailarinos.

https://www.amazon.com.br/Pina-Bausch-Biography-Penny-
Black/dp/178319989X
TSIFITETELI(Dança do Ventre
Grega)
GREEK BELLY DANCE: TSIFTETELI

Bailarina Rhea –
pioneira no Belly
Dance em Atenas
TSIFTETELI
É simplesmente a Dança do Ventre Grega, considerada
uma das danças mais importantes e significativas da
música e cultura grega. Por isso, é uma dança social,
tradicional e histórica na Grécia, as pessoas dançam e
improvisam juntas homens, mulheres, casais,
comunicam-se através da dança Tsifteteli.
Esta dança é a grande joia grega, foi transportada
principalmente pelos gregos de Esmirna, reflete de
forma mágica uma parte da história grega, período difícil
em que o povo helênico viveu sobre dominação do
Império Otamano, foram 400 anos de opressão e mortes.
Um pouco de história
 Os gregos colonizaram a costa ocidental da Ásia Menor
cerca de 1000 a.C. até o ano de 1922, quando houve a última
guerra entre os países, ocorreu muita destruição
principalmente para a Grécia, cidades como Esmirna
(Izmir) e Constantinopla (Istambul) foram completamente
destruídas. Após a catástrofe, os países acordaram trocar
suas populações, evitando um maior derramamento de
sangue. Essas pessoas trouxeram consigo uma fusão de
elementos gregos, turcos, armênios e árabes, desenvolvida
em sua moradia para recordar suas raízes, as letras e
melodias eram tristes e cantavam todo mal sofrido durante
o período de dominação.
 Arqueólogos e filósofos falam da Dança do Ventre na
Grécia desde os tempos antigos, mais de 5.000 anos,
quando as mulheres dançavam e cultuavam a deusa
Afrodite. Na idade média, nos templos medievais elas
dançavam através do intercâmbio cultural entre o
Império Bizantino e os árabes do Oriente Médio.
 o Tsifteteli, que no início era parte da cultura
Rembetiko, desenvolveu-se ao longo dos últimos 80
anos, espalhou-se por toda a Grécia e ficou estabelida
como a dança grega mais popular e mais comum,
juntamente com o Zeimbekiko.

 Atualmente, suas canções são mais alegres e não


transmitem tanta dor como era nas letras originais,
que falavam do sofrimento das pessoas que as criaram,
letras que falavam de emigração, pobreza, saudade,
amores perdidos, morte e desespero.
 O Tsifteteli quase não é difundido no Brasil, uma das
pioneiras foi Eleni Symban brasileira e bailarina,
residente em Atenas, ela formou um grupo de
professoras da qual faço parte. Apesar de símiles, os
movimentos do Tsifteteli são mais simples que os da
Dança Oriental, podendo ser praticando em qualquer
idade.
 Entretanto, sua execução não é facil, pois não existem
regras, é improvisado, necessário ter sentimento,
expressão e conhecimento da música grega apropriada
para dançar.
 TSIFTETELI: é simplesmente a expressão da alma, o
jogo do amor demonstrado através dos movimentos
sensuais dos quadris e mãos... Altamente expressivo e
romântico, suas formas simples e delicadas
impressiona pela singeleza de suas molduras. É uma
das expressões corporais femininas mais bonitas
existentes, simples e cheio de beleza, é para uma
mulher que tem segurança de ser quem é. É não ter
medo de desenhar linhas com o corpo e se deixar levar
pelo som e pela letra da música, capaz de transportar
sensualidade, individualidade, alegria e emoção,
parafraseando uma expressão muito famosa “no
tsifteteli o meu corpo diz o que o coração está cheio”.
Em suma, é uma dança sedutora e essencial à alma
feminina!!! (Epígrafe – by Alexandra Noronha)
E-book: Tsifiteteli

Coletânea de músicas gregas: Alexandra Noronha


E-book sobre o Tsifiteteli
Para aprofundar seus conhecimentos cadastra-se no site:
Site: http://www.elenisymban.eu
Referências
DELEUZE, Gilles. ¿Que és un dispositivo? In: Michel
Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1990, pp. 155-161.
Tradução de Wanderson Flor do Nascimento.
AGAMBEN, Giorgio. O que é dispositivo. Outra Travessia.
Setembro de 2005:
ttps://periodicos.ufsc.br/index.php/Outra/article/view/12576
/11743. Acesso em 30/03/2020.
ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações
contemporâneas do desejo/ Suely Rolnik. – Porto Alegre:
Sulina; Editora da UFRGS, 2011.
MUITO OBRIGADA!!!
Contato:
Site: alexandranoronha.negocio.site

Instagram: @noronhaalexandra

(31)98834-0072

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