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reconhecimento.
Resumo: O presente trabalho pretende realizar uma revisão na bibliografia pesquisada sobre a
conquista do espaço de mulheres compositoras e instrumentistas na música romântica durante o século
XIX. O desenvolvimento se dá através da contextualização histórica do período, com destaque aos
conflitos e ao contrassenso no que diz respeito à participação feminina na Europa e no Brasil. É de
destaque o crescente número de mulheres ativas na música a partir do século XIX com belas obras,
embora por vezes não reconhecidas.
Abstract: This document intends to do a review in the researched bibliography about the space
conquested by composers and musicians women in the period of romantic music during XIX century.
The development goes through the historical context of the period, with the emphasis on the difficulty
with regards to female participation in Europe and Brazil. It is interesting to point up the growing
number of women who are active in the musical scene occurred since XIX century, although they are
not always recognized for their work.
1
Hector Berlioz (1803-1869), foi um músico e compositor com contribuições relevantes para orquestra
moderna, e de grande influência para o desenvolvimento do romantismo. É mundialmente conhecido pela sua
maior obra, a Sinfonia Fantástica.
Junto ao período de música romântica, havia outro importante movimento
acontecendo. Em diversos ramos da carreira musical, haviam mulheres lutando pelo direito de
poder exercer a profissão que esteve ideológica e historicamente ligada ao sexo masculino. A
literatura especializada em música possui uma grande lacuna no que diz respeito à
participação feminina no cenário musical no decorrer dos séculos, talvez por ser uma
historiografia escrita por homens. Ou mesmo condições sociais fizeram com que a mulher
ficasse limitada a atuar por fora dos palcos, como professoras, em vez de fazerem aparições
públicas.
O romantismo foi um período musical bem documentado e estiveram presentes
cerca de vinte compositoras, ao menos até onde se sabe hoje.
Nos dias atuais, a “nova musicologia” tem a preocupação com os chamados
estudo de gênero. Existem mulheres que estão ganhando seu devido reconhecimento aos
poucos, como podemos citar Clara Schumann, que aprendeu a tocar piano com seu pai, Herr
Wick, que sempre a incentivou. Clara construiu uma sólida e bem sucedida carreira como
pianista, bem como ajudava com as despesas da família, ainda que seu marido, Robert
Schumann, não aprovasse suas turnês. Clara perdeu a confiança em si mesma e parou de
compor cedo, mas ainda assim, até o fim da vida foi consagrada como a compositora,
instrumentista e professora que foi.
Assim como Clara, houveram muitas outras artistas que tiveram a carreira
influenciada pelo marido ou pai. Também pode-se destacar o trabalho de Fanny Mendelsson,
irmã de Félix, ambos tiveram uma ótima educação musical. Fanny se dedicava a compor e
suas peças aparecem junto às do irmão, assinadas por ele. Infelizmente, deixou da carreira por
influência do pai, que a convenceu da opinião geral da época de que a arte para as mulheres
deveria ser apenas um passatempo, jamais uma carreira.
Figura 3: Dammenkapellen
As dificuldades eram muitas, desde receber menos do que os homens, existia
também a dificuldade de encontrar mulheres que tocassem alguns instrumentos em específico,
o que ocasionava na contratação esporádica de homens. A ideologia da época não permitia
que grandes salas de concerto abrissem suas portas para as Ladie’s Orchestras, limitando suas
apresentações a parques, promovendo concertos ao ar livre.
Mesmo com a forte resistência encontrada, em alguns países como Áustria e
Inglaterra, as Ladie’s Orchestras chegaram a organizar turnês.
No que diz respeito à integração de músicos homens e mulheres, o cenário
demorou a mudar. Na mesma época das Dammenkapellen, mulheres ainda não eram aceitas
na London Orchestral Association até 1913. Não muito distante dos dias atuais, por exemplo,
a Orquestra Filarmônica de Viena só passou a aceitar musicistas no ano de 1997, o que só
demonstra que, mesmo com muitos caminhos abertos no século XIX para a profissionalização
da mulher, ainda há muito o que mudar.
Ainda assim, haviam várias barreiras de tratamento entre homens e mulheres. Não
recebiam a mesma educação, as leis agiam de forma diferente e a ideologia patriarcal ainda
era presente.
No entanto, graças à expansão cultural que havia, os salões do século XIX foram
um importante espaço para atuação feminina. Cabia à mulher preparar um ambiente cordial
para receber o público e mediar encontros importantes. Na maioria das vezes elas atuavam
como intérpretes, sendo cantoras ou pianistas, começando assim, suas aparições públicas.
Em outros locais como o teatro, a aparição da mulher ainda não era bem vista
como atriz ou cantora. Pouco consta na literatura especializada sobre suas participações como
compositoras, regentes ou instrumentistas. Em contrapartida, como professoras de música, era
um serviço que se intensificava ao longo do período, talvez por ser mais próximo do papel
doméstico que era doutrinado.
A transição do século XIX para XX apresenta uma grande mudança nos papéis
atribuídos à mulher, dentre eles o processo de luta pelo direito do voto feminino. Há uma
quantidade significante de mulheres pianistas, como o caso de Ivone de Geslin e Fanny
Guimarães. Também há expansão no número de mulheres compositoras nessa época, visto
que há na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a catalogação de 332 peças assinadas por
mulheres. Dentre essas assinaturas estão as de Luiza Leonardo e Chiquinha Gonzaga.
Francisca (ou Chiquinha) Gonzaga foi um nome de destaque para a época por sua
emancipação e enfrentamento contra o preconceito da época para atuar como compositora e
regente teatral. Compôs música para piano e orquestra voltadas ao teatro e foi a primeira
mulher a reger uma orquestra no Brasil.
GOMES; MONTES; CARNEIRO, Alice C.P.; Gustavo S.; Karine G.. A música no
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