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Resumo – História da Música I

 Música Medieval: (até cerca de 1450 – séc. XV)


➔ Cantochão:
- Música mais antiga que se tem conhecimento.
- Consiste em apenas uma melodia (monofônica)
- Não tinha acompanhamento
- Quase sempre se mantia em apenas uma oitava
- Obedecia às acentuações naturais das palavras (prosódia)
- Tipos:
1) Silábico: uma sílaba para cada nota
2) Melismático: várias notas em uma única sílaba
3) Neumático: mistura silábico e melismático
- Quanto à emissão:
1) Direto: sem alternância, todos cantam juntos de forma direta
2) Responsorial: o coro alterna com um solista
3) Antifonal: quando os coros cantam alternadamente
- “Canto Gregoriano”: Papa Gregório não compôs nada, somente compilou um repertório que passou a
ser utilizado na igreja.

➔ Monodia Secular:
- Apenas uma linha melódica
- Diferentemente do cantochão, podia ter a presença de instrumentos
- Canções em língua vernácula (língua que era falada pelo povo) e não mais em latim apenas
- Tipos:
1) Canção de Gesta: narrava um feito heróico, real ou fictício
2) Canção de Amigo / Amor: geralmente uma voz feminina cantando sobre seu enamorado
3) Cantigas de escárnio e maldizer: utilizavam-se de ironias e sarcasmos para fazer críticas
- Jograis ou Menestréis: músicos que executavam as canções
- Trovadores e Troveiros: eram os compositores

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Nascimento de três tipos de composição polifônica: organum, conductus e o moteto:

➔ Organum:
- Primeira forma de música polifônica, com duas ou mais linhas melódicas
- “Musica enchiriaids” (anônimo): tratado de como executar polifonia
- Vox Principalis: cantochão
- Vox Organalis: voz acrescentada
- Tipos:
1) Organum Paralelo: voz principal e organal em intervalos de 4ª e 5ª paralelas
2) Organum Livre: a fim de fugir do paralelismo entre as vozes, passou-se a ter outros tipos de
movimentações:
Movimento Oblíquo: enquanto uma voz se mantém a outra se movimenta
Movimento Contrário: enquanto uma voz sobe a outra desce e vice-versa
Exemplo:

3) Organum Melismático: a voz principal (tenor = tenere = sustentar) se estica utilizando notas de
longos valores, enquanto a voz organal utiliza-se de figuras de menores valores em estilo melismático
Exemplo:

4) Organum de Notre-Dame: composições mais elaboradas, com mais vozes


Compositores mais proeminentes: Léonin e Pérotin
Descante: quando as vozes seguem em similaridade rítmica
Cláusula: quando no meio da peça passa-se do organum (polifônico) para o cantochão
(monódico).

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➔ Conductos:
- As vozes seguem em similaridade rítimica (Descante)
- Melodia inédita no tenor (antes era utilizado um cantochão já existente)
- Usava o mesmo texto em todas as vozes

➔ Motetos:
- Mots = texto / palavras em Francês
- Um texto diferente para cada voz:
- Tenor: utilizava o texto do cantochão
- Duplum: texto de tamanho intermediário (maior que o tenor, menor que o triplum)
- Triplum: a voz que tinha o texto mais longo, e era executada com notas de durações mais curtas
Exemplo:

- Moteto Franconiano (Franco de Colônia – Alemanha)


. Teor secular, não mais religioso
- Moteto Pretoriano (Petrus de la Croix – França)
. Triplum com RITMO análogo à fala

➔ Principais características das músicas dos séculos XII e XII – resumo:


- Desenvolvimento da Polifonia se deu com:
1) Organum
2) Conductos
3) Moteto
- Centralizada em Paris
- Dependência do cantochão (utilizavam no tenor um cantochão já existente)
- Âmbito limitado da melodia (não ultrapassava uma oitava)
- Destaque para o triplum
- “Ars antiqua” = Arte Antiga: divisão ternário do tempo, algo mais voltado para as danças

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 Música Renascentista: (anos 1450 até 1600 – séculos XV e XVI)
Importante Lembrar:
Século XIV: Humanismo
- religião X ciência
- igreja X estado
- antropocentrismo (homem como figura central, não mais Deus)

- “Ars nova” = nova arte ou nova técnica: título de um tratado escrito em 1322 ou 1323 pelo compositor e
poeta Philippe de Vitry (1291-1361), bispo de Meaux na França.
- Divisão binária do tempo (antes era ternário)
- Os compositores do século XIV produziram muito mais música profana do que música sacra.

➔ Moteto Isorítimico:
- Padrão longo (imperceptível) que será repetido ao longo da peça (garante ao compositor uma certa
“organização” da composição):
- Padrão dos intervalos melódicos: color
- Padrão dos intervalos rítmicos: talea
- Esses padrões, color e talea, eram repetidos sucessivamente durante toda a obra criando uma unidade.
- Color e Talea podiam ter a mesma duração ou não. Ou seja: os dois poderiam ser do mesmo tamanho,
ou uma parte poderia ser maior que a outra.
Exemplo:
Em Vermelho: Talea (rítmo) / Em Azul: Color (notas)

Nota-se que nesse exemplo acima, a talea é menor que a color.

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➔ Guillaume de Machaut (1300 – 1377 / França)
- Mais importante compositor da “Ars Nova”
- Foi o 1° a compor uma Missa de forma completa, interligada (antes, cada parte podia ser de um “lugar”)
. Missa de Notre-Dame
. Missa (“partes”): Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei.

➔ Falso Bordão (“Fauxbourdon”)


- Foi um impulso para a Música Renascentista (séc. XVI)
- Surgiu na Inglaterra
- A melodia principal era a do soprano
- As outras vozes seguiam paralelamente em intervalos de 4ª e 6ª em relação ao soprano
- O soprano cantava o que antes era a voz do tenor, mas uma oitava acima
- As demais vozes seguiam de forma “IMPROVISADA”
- John Dustable (1390 – 1453) é considerado por alguns como o 1° compositor renascentista

➔ Estilos Nacionais:
Na Itália:
- Frotolla:
. Profana / Popular
. Canções estróficas e silábicas
. Harmonias diatônicas simples
. Melodia na voz mais aguda
. Geralmente a 4 vozes
- Lauda:
. Versão religiosa da Frotolla (texto religioso)
Na França:
- Nova chanson francesa:
. Temas seculares
. Canções ligeiras, rápidas, bem ritmadas
. Geralmente compasso binário
. Melodia principal na voz mais aguda
. Breves trechos de imitação entre as vozes

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NOTA: Clament Janequin – Chanson Descritiva:
- Composição que tinham imitações de outros sons (onomatopeia), como por exemplo: os gritos de aves
(na música “le chant des oiseaux”/canção dos pássaros) e sons de espadas (na música “la guerre”/a
guerra)

Na Alemanha:
- Lied:
. Desenvolvimento tardio da polifonia (do fim do séc. XV para o XVI)
. Canção polifônica popular
. Mais dramático
. A 3 vozes
. Melodia principal na voz do tenor
. Estrófico
. Silábico
Na Espanha:
- Villancico:
. Versão espanhola da Frotolla
Na Inglaterra:
. Mais próxima da música sacra
. Sonoridade mais plena
. 5 ou 6 vozes
. Próximo ao estilo de Descante (similaridade rítmica entre as vozes)
. Mais lento, reflexivo
. NÃO é estrófico
. Hino Inglês:
Hino Completo: (full anthem)
. Escrito para coro
. Contrapontístico
. Sem acompanhamento
Hino em Verso: (verse anthem)
. Para 1 ou mais solistas
. Com acompanhamento de órgão ou viola
. Breves passagens para o coro

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➔ Madrigal (séc. XVI)
- Inspirado na técnica do falso bordão
- Gênero mais importante da música profana/secular/popular Italiana no séc XVI
- Poemas mais sérios, reflexivos
- Sobre poemas breves
- NÃO estrófico (pois o texto é breve, não tem como ficar repetindo a melodia)
- Ideia de reforçar o texto (ex: quando se canta “o dia claro” a melodia sobe; quando se canta “a noite
escura” a melodia desce)
- Essencialmente vocal, sem instrumentos
- Compositores:
- Cipriano de Rore: mais importante de sua geração
- Carlo Gesualdo: auge do cromatismo italiano
- Claudio Monteverdi: compôs tanto no Renascimento quanto no Barroco *

➔ Canções com Alaúde (“Ayre”) – surge na França, mas fica mais famoso na Inglaterra
- Homofonia (uma voz principal cantada + acompanhamento pelo alaúde com “acordes incompletos”)
- Compositores:
. John Dowland (1562 – 1626)
. Thomas Campion (1567 – 1620)

➔ Músicas instrumentais do séc. XVI


- Acréscimo de interesse pela música instrumental por parte dos “compositores sérios”
- Nascimento de estilos e formas independentes de composição para instrumentos
- Surgimento de métodos de técnicas para os instrumentos: descrevem os instrumentos ou dão instruções
sobre a forma de os tocar (o primeiro em 1511)
- Eram usadas as composições que seriam para vozes, mas ao invés de cantadas, eram executadas pelos
instrumentos

➔ Reforma Protestante
- Martinho Lutero (1483 – 1546 / Alemanha)
- Visava levar as pessoas a um contato mais direto com Deus

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- “Contrafacta”: substituição de um texto por outro sem mudança significativa na música, ou seja, quando
uma canção que já possui letra receber um novo poema. Os Hinos Protestantes tinham novos textos
alemães adaptados às antigas melodias.
- Coral Luterano: Lutero pretendia que a assembleia dos fiéis voltasse a cantar os seus hinos litúrgicos, e
não mais somente assistisse, pois as polifonias complexas só eram cantadas por pessoas instruídas; bem
como o canto gregoriano era considerado difícil para os fiéis, além de ser cantado em latim. Por isso
Lutero e seus colaboradores decidiram estabelecer um repertório de hinos, em língua alemã, para ser
conhecido e cantado pelos membros da nova igreja nascente.

➔ Contrareforma: (“resposta” da Igreja Católica à Reforma de Lutero)


- Concílio de Trento (1545 – 1563)
- Principais queixas que se fizeram ouvir no Concílio de Trento em relação à música:
. Seu espírito frequentemente profano, evidenciado nas missas baseadas em cantusfirmus profanos
ou na imitação de chansons
. À complexa polifonia que impossibilitava a compreensão das palavras da liturgia
. Houve quem criticasse o uso excessivo de instrumentos ruidosos na igreja
. Pronúncias incorretas
. À negligência e a atitude geralmente irreverente dos cantores
- O concílio foi extremamente vago, não abordou nenhum carácter técnico, nem foram especificamente
proibidas a polifonia ou a imitação de modelos profanos, somente recomendou-se “evitar tudo o que
fosse ‘impuro ou lascivo’”

➔ Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525 - 1594)


- Se tornou um MODELO para a música sacra de sua época
- Foi considerado “o príncipe da música”, e as suas obras como a “perfeição absoluta” do estilo sacro.
- Estudou as obras dos compositores franco-flamengos, alcançando perfeito domínio das suas técnicas
- Suas obras eram essencialmente vocais
- Realizou uma revisão da música dos livros litúrgicos oficiais para que estivessem de acordo com as
alterações introduzidas nos textos pelo Concílio de Trento e para limpar os cantos de “barbarismos,
obscuridades, contrariedades e superfluidades”

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- Lenda sobre o Palestrina ser o “Salvador da Polifonia”:
. Dizia-se que o Concílio de Trento queria abolir a polifonia, pois, devido a grande complexidade
das composições, ninguém conseguia entender os textos. Sendo assim, Palestrina teria composto uma
missa a seis vozes (“Missa do Papa Marcelo” - 1567) para demonstrar que o estilo polifônico não
comprometia necessariamente a compreensão do texto; Palestrina teria, assim, se tornado o “salvador da
música sacra”. No entanto, isso nunca foi de fato confirmado.

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