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Os primórdios da polifonia e a

música do séc. XIII


Contexto Cultural
• Séc. XI – Importância crucial na história do
ocidente;

– 1) Reanimar da vida económica;


– 2) Aumento da população;
– 3) Desbravar de terras incultas;
– 4) Nascimento de cidades modernas;
– 5) Conquista da Inglaterra pelos Normandos;
– 6) Reconquista da Penísula Ibérica;
– 7) Primeira cruzada;
Contexto Cultural
– 8) Um ressurgimento cultural com traduções do grego
e do árabe;
– 9) Primórdios das universidades e da filosofia
escolástica;
– 10) Difusão da arquitectura Românica;

• A independência cultural do Ocidente foi-se


marcando com o desenvolvimento da literatura
em língua vernácula;
– Cisma (1054) entre as igrejas do Ocidente e do
Oriente;
Em Portugal

• 1128 – Batalha de S. Mamede;


• 1143 – D. Afonso Henriques – Rei;
• 1179 – Reconhecimento Papal;
• 1131 – Mosteiro de Santa Cruz;
Contexto Musical

• Séc. XI – Século crucial para a música


pois iniciaram-se neste periodo mudanças
que, levadas às últimas consequências,
vêm conferir à Música Ocidental muitas
das suas características fundamentais que
a distinguem das outras músicas do
mundo.
Contexto Musical

• Em resumo:
– 1) Composição vai substituindo gradualmente a
improvisação enquanto forma de criação de peças
musicais;
– 2) Com a invenção da notação musical a música
pode aprender-se a partir do manuscrito; → Intérprete;
– 3) Teorização da música/princípios ordenadores;
• Teoria dos 8 modos, ritmo, consonâcias, sistemas, tratados;
– 4) A polifonia começa a substituir a monofonia;
Contexto Musical

• !!! NOTA:!!!
– Mudanças de forma gradual;

• Continua a monofonia (Antífonas, Hinos e


Sequências);
• Continua a improvisação (Aspectos estilísticos);
Contexto Musical
• Primeiros 600 anos da era Cristã;
– A Igreja Cristã (a Ocidente) absorve e
adapta para uso próprio tudo o que pode ir
buscar à música da antiguidade e do
Oriente;
1000
Anos
• + 400 anos para sistematizar, codificar,
e disseminar por toda a Europa
Ocidental;
– Herança ainda válida hoje;
– Adquire uma nova  no séc. XVI;
Organum Primitivo (Organon)
• A) Organum paralelo
– Polifonia pela 1ª vez descrita na “Musica
enchiriadis” (Tratado de música);
• Scolica enchiriadis – Manual complementar;
Vox Principalis (Cantochão)
4ª, 5ª
Vox Organalis
• B) Organum com movimento obliquo
– Mistura da paralelo com obliquo;
Organum Primitivo
• C) Organum séc. XI;
– (pág. 99 – Guido d’Arezzo);
– Winchester Troper;
• Organum livre → nota contra nota;
– Ex. CD I 30

• Troca da voz organalis com a voz principalis;


V.O.
V.P. (Cantochão)
• Ler conclusão pág. 100 e 101;
Organum Melismático

• Organum melismático (Florido, Aquitano,


S. Marcial (Limoges – França));
• XIIin – Sul de França, Espanha (Santiago de
Compostela);
Organum Melismático
Tenere – Manter (XV2) – voz mais grave de uma composição

• A) Tenor aparece por baixo em notas longas


(Cantochão) → Tocado ou Cantado; (cd 32)
Notação – Organum duplum (purum);
uma • Define o estilo (assim como por ex. a Sonata);
Solo (Organalis – comprimento variável)
por
cima • B) Descante – quando as vozes se movem ao
da mesmo tempo (com modos rítmicos);
outra • C) Versus – Tenor não baseado no
cantochão; (cd 31)
– Composições polifónicas de poemas latinos
Organum Melismático
• Consequências de A);
– Aumenta significativamente a duração das
peças;
– Retira à voz inferior o seu carácter original;

• Quanto ao ponto C) (versus), regra geral


se canta a mesma letra/texto;
• Tropo
Os modos rítmicos
• Ao longo do séc. XII e XIIIin a notação foi-
se desenvolvendo em padrões de notas
longas e curtas (breves);
– ca. 1250 – os padrões estão codificados em 6
modos rítmicos diferentes;
• Ligaduras ou grupo de notas;
• Baseado numa unidade trinitária – perfection;

Princípio fundamental ≠ do da nossa notação


Os modos rítmicos
• Seis modos rítmicos identificados por um
simples número;

• I – troqueu
• II – jâmbico
• III – dáctilo
• IV – anapesto (correspondência aos pés
métricos da poesia francesa e latina);
Organum de “Notre Dame” (Paris)

• Séc. XII até XIV – Desenvolvimento da


polifonia no Norte de França de onde se
expande para o resto da Europa;
– Leonin – ca. 1135 – ca. 1201; Nomes conhecidos
devido a um tratado
– Perotin – ca. 1170 – 1236; “Anonymus IV”
Organum de “Notre Dame” (Paris)
• Leonin – Magnus Liber Organi ();
– Compôs graduais, Aleluias, responsórios para
a missa e ofícios;
• Para todo o ano litúrgico;
– Alterna secções de Organa (pl. de Organum)
com secções de clausulae (pl. de clausula)
descante → Modos Rítmicos;
Voz superior pode movimentar-se livremente mas alguns
autores defendem o uso de modos rítmicos;
Organum de “Notre Dame”
• “Uma das características distintivas do estilo de Leonin
era a justaposição de elementos antigos e novos,
fazendo alternar e contrastar passagens de organum do
tipo melismático com o ritmo mais animado das
cláusulas de descante. À medida que avançava o séc.
XIII, o organum purum, foi sendo gradualmente
abandonado em favor do descante; no decurso desta
evolução as cláusulas começaram por se transformar
em peças quase independentes, acabando por dar
origem a uma forma nova, o motete.”

• In pág.109 – Grout e Palisca


Organum de “Notre Dame”
• Perotin;
– Revisão da obra de Leonin;
• Substituindo secções de organum por clausula de
descante;
• Substituindo secções mais antigas de descante
por novas clausulas de descante – clausulae de
substituição;
• Tenor – frequentemente repetição de:
– A) padrões rítmicos;
– B) segmentos melódicos;
Organum de “Notre Dame”

• Perotin compôs muitos organa a 3 e 4 Vv.;


Quadruplum
Triplum
Também designava a composição no seu conjunto
Duplum
Tenor
Organum de “Notre Dame”
• Johannes de Garlândia – De mensurabili
musica – Cópula;

• Cruzamento das vozes superiores;


Cópula • Uso de modos rítmicos nas 2 vozes superiores;
• Notas longas no Tenor;
• Presente dois estilos diferentes,quer
combinados, quer alternados;
• A música tendia-se a organizar-se em
frases antecedentes e consequentes;
Perotin ()
Conductos Polifónico
( cd 45)

E
S
T
– Poemas métricos em latim, quase nunca litúrgicos;
I • A temática era usualmente acontecimentos históricos e/ou
L questões morais;
O
– Tenor original (não baseado no cantochão);
C
O – As 2, 3, 4 vozes movimentam-se num ritmo idêntico;
N
D – O texto é declamado (cantado) em conjunto;
U
C
– Estilo silábico;
T – Ás vezes cantam no princípio e no fim longos
O
S melismas → caudae;
Nota: Tem 3 textos
O Motete
• “mot” – palavra;

• Textos acrescidos às vozes superiores da


clausula descante → origina Motete;

• Duplum = Motetus;

• Códice de Montpellier, códice de Bamberg,


Códice de Las Huelgas;
O Motete – Origens e características gerais

• XIII1 – acréscimo de palavras às vozes


superiores de uma clausula descante;

– Novo género independente de composição; o Motete


(Mot);
• Duplum = Motetus;
• Compositores livremente adaptaram clausulas
existentes e motetes, adicionando ou
substituindo novas vozes superiores e textos;
O Motete – Origens e características gerais

• Alguns motetes também eram compostos de


novo, em vez de se trabalhar uma clausula
existente, mas sempre usando fragmentos de
cantochão no tenor;
• Mais tarde, ainda no séc. XIII, começa-se a usar
também melodias de canções profanas como
tenor;
• Tenores compostos baseado em repetições de
padrões rítmicos;
– Provávelmente eram tocados em vez de cantados;
• O motete também começa a ser executado em
ocasiões de carácter profano;
O Motete – Origens e características gerais

• Os textos eram sacros ou profanos mas não


precisavam de estar relacionados com o tenor;
– 3Vv. – 2 em latim ou 2 em francês (ou então uma de
cada, o que era mais raro);
• Os textos das vozes superiores eram ≠s mas
estavam relacionados pelo tema;
• O motete é identificado pelo título/nome
completo;
• Cadências das vozes superiores em momentos
≠s para manter movimento;
O Motete – O Texto
• Os textos eram escritos, quase sempre, para a
música (pré-existente);
• Muitas vezes as mesmas vogais ou sílabas
apareciam nos textos;
– O que conferia uma maior unidade sonora;
– Fazendo pequenos jogos com o “eco”, fazendo
sobresaír alguma(s) palavra(s);
• Triplum – Texto alegre;
• Motetus – Texto lamentoso;
• Os textos em frances eram quase sempre de
temática amorosa;
O Motete Franconiano
• XIII2 – Composições de motetes cuja voz
superior se movimenta mais rápido que o
motetus;
–  ≠s estilos entre as 2 vozes superiores – até aqui
tinham um carácter análogo;
– Triplum – texto mais longo e uma melodia rápida com notas
Motete breves e frases curtas de âmbito reduzido;
Franconiano – Motetus – melodia mais ampla, repousada, mais lírica;

• Franco de Colónia – período de actividade entre


1250 – 1280;
– Compositor e teórico;
O Motete Petroniano ()

• Petrus da Cruce – activo entre 1270 –


1300;
• Triplum – notas com valores aínda mais
rápidos – velocidade da fala;
–  = 132 (em meados do séc. XIII) – No final
do séc. XIII a  ≈ 65 – Inflação métrica – no
séc. XIV a semibreve () era = 1;
O Motete
• Harmónicamente, tanto o motete
franconiano como o petroniano, eram
idênticos aos primeiros motetes, ou seja;
– 8as e 5as – consonâncias nos tempos fortes;
• XIIIend – estandardização das cadências;
– 6as 8as
– 3as 5as
• 4ª - dissonância;
• 3a – consonância;
Hoqueto (ochetus) ()

• Hocket = Palavra francesa para soluço;


• Melodia interrompida por uma pausa em
que as notas que faltam são feitas por
outra voz;
• Muito usado nos finais do séc. XIII e XIVin ;
• Os hoquetos são virtuosísticos e
expressivos → Importância do texto;
• XIIIend, XIVin passa a ser um género (e não
uma técnica);
Hoqueto
Hoqueto
Notação no séc. XIII
• O canto silábico impossibilitava o uso de
ligaduras;
• Torna-se necessário um sistema que indique o
valor individual de cada nota/figura;
• “Ars cantus mensurabilis” – Franco de Colónia;
– ca. 1280:
– Desenhos/formas ≠s das figuras para ≠s valores de
duração; (assim como hoje!!!)
– Consequência: Polifonia em formato de Coro;
• 4 figuras – a longa dupla, a longa, breve e
semibreve;
Notação no séc. XIII
• Unidade de tempo: tempus (sing. de tempora);
• Perfection = 3 tempora;

• Embora o sistema continuasse a ser ternário,


veio conceder uma nova liberdade aos
compositores libertando-os dos modos rítmicos;
ARS ANTIQUA

• !! Conclusão: Pág 126;!!


- Desenvolvimento da Polifonia
- Organum
- Conductos
- Motete

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