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RESUMÃO DE MÚSICA CLÁSSICA

A música clássica (ou erudita) é produzida com base na música secular


(ou seja, sem tradições religiosas) e na erudição (sem tradições
populares), cuja atração estética reside principalmente na clareza, no
equilíbrio, na austeridade e na objetividade da estrutura formal, em lugar
da subjetividade, do emocionalismo exagerado ou da falta de limites de
linguagem musical – claro que existem exceções a essa definição.

Geralmente datada entre 1675 e 1900, costuma-se dividi-la em períodos


barroco, clássico, romântico, moderno e contemporâneo. Existem trechos
de música clássica que são conhecidos por muitas pessoas e utilizadas
desde filmes e apresentações culturais a toques de celular e venda de
gás.

Teoria musical

O som é uma onda mecânica que se propaga em um meio material


(como o ar). Algumas das características do som mudam de acordo com
o meio de propagação, como a velocidade e o comprimento de onda,
mas a frequência permanece constante durante todo o
percurso. Timbre é formato característico de cada onda sonora, que
depende do material que produziu o som – é o que diferencia dois sons
de mesma frequência (ou seja, mesma nota).

Nota musical é um termo empregado para designar o elemento mínimo


de um som, formado por um único modo de vibração do ar.
Comparando-se com o alfabeto, cada nota musical seria como uma letra.
Sendo assim, a cada nota corresponde a uma duração e está associada a
uma frequência, cuja unidade mais utilizada é o hertz (Hz). As ondas com
frequência baixa, entre 20 e 100 Hz, por exemplo, soam em nossos
ouvidos de forma grave, e sons com frequência elevada (acima de 400
Hz) soam de forma aguda. As notas escritas na partitura representam
uma frequência fundamental que pode ser enriquecida com diversos
harmônicos (múltiplos inteiros da frequência da onda) conforme as
características do instrumento.

O nome das notas tem a sua origem na música coral medieval, em


sistema idealizado pelo monge italiano Guido d’Arezzo. Seis sílabas foram
tiradas das primeiras seis frases do texto de um hino a São João Batista,
em que cada frase era cantada um grau acima na escala – a primeira
sílaba, ‘ut’, foi trocada por ‘dó’ posteriormente. Os países falantes da
Língua Inglesa mantiveram a utilização de letras para a nomenclatura das
alturas musicais: as letras A, B, C, D, E, F e G são utilizadas para as
alturas musicais lá, si, dó, ré, mi, fá e sol, respectivamente. Nesse caso,
geralmente as notas e acordes são conhecidas como cifras.

Escalas musicais são sequências ordenadas de notas. Um acorde é a


união de duas ou mais notas tocadas simultaneamente. Um tom é uma
distância de dois sustenidos.

A escala musical temperada pode ser definida matemáticamente como


uma progressão geométrica cujo primeiro termo é a frequência da nota
escolhida e cuja razão é o valor númerico 1.0594631 (em decorrência da
divisão de uma oitava em 12 intervalos). O sustenido (símbolo ‘#’) e o
bemol (b), também chamados de acidentes, servem para representar as
cinco notas chamadas enarmônicas (dó#, ré#, fá#, sol# e lá#)
existentes entre as sete notas denominadas naturais (dó, ré, mi, fá, sol,
lá e si). A diferença de nomenclatura (bemol ou sustenido) serve apenas
para indicar se estamos nos referindo a uma nota acima ou abaixo. Por
exemplo: Ré bemol é o mesmo que Dó sustenido.

Uma oitava é o intervalo entre uma nota musical e outra com a metade
ou o dobro de sua frequência. Na primeira oitava, o dó corresponde a
frequência de 261,63 Hz. Na segunda oitava o dó equivale a 523,26 Hz (o
dobro). Assim, dizer que uma nota está uma oitava acima significa dizer
que a nota é a mesma, porém ela está em uma região mais aguda do
instrumento.

Tessitura Sonora – Voz humana – Instrumentos. Note a classificação de


vozes conforme a frequência (é soprano, e não cipriano :P).
Fonte: Música e adoração.

O Dó maior, por exemplo, é a tonalidade que consiste na escala maior de


dó – definição equivalente para as outras notas. A sequência da escala
maior é: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom. Semitom é uma
distância de um sustenido. Já a escala menor é tom, semitom, tom, tom,
semitom, tom, tom.

Tempo é o nome dado à pulsação básica de uma composição musical.


Cada “clique” do metrônomo (relógio que mede o tempo andamento
musical) corresponde a um tempo, o que pode ser ajustado conforme o
ritmo (ou seja, a marcação do tempo de uma música). Os tempos se
agrupam em valores iguais e fixam-se dentro de divisões das pautas
musicais conhecidas como compassos. Muitos estilos musicais tradicionais
já presumem um determinado compasso: a valsa tem o compasso 3/4 e
o rock tipicamente usa os compassos 4/4,12/8 ou 3/4.

O pulso musical é o elemento primordial para o domínio do universo


rítmico. Os pulsos musicais podem ser organizados em grupos que
chamamos de compassos. Esta divisão dos compassos pode ser feita de
várias formas, sendo as mais comuns  os compassos de dois tempos ou
binários (como no samba), três tempos ou ternários (como nas valsas e
guarâneas) e quatro tempos ou quaternário (como no rock ‘n roll). Na
partitura, essa divisão dos compassos é sinalizada pelo uso de linhas
verticais que dividem a pauta de acordo com o tipo específico de
compasso. Veja mais sobre o tempo na música clicando no link.

Elementos da partitura

A música ocidental distingue-se de outras formas de música,


principalmente, por seu sistema de notação em partituras, em uso desde
o século XVI. Tal como qualquer outro sistema de escrita, dispõe de
símbolos próprios (notas musicais) que se associam a sons. Os
compositores as utilizam para prescrever a altura, a velocidade, a
métrica, o ritmo e a exata maneira de se executar uma peça musical.

As partituras necessariamente incluem um ou mais pentagramas, que


possuem 5 linhas e 4 espaços. Cada linha pode representar diferentes
notas musicais. Podemos representar as notas de forma gráfica
adicionando pequenas elipses com ou sem hastes de forma ordenada
sobre cinco pautas.
A marcação gráfica que serve para dar nome e altura à nota chama-se
clave. Orientando-se pela clave adotada para o trecho musical em
questão, podemos criar ou interpretar a música, convertendo cada
posição em uma nota musical. As claves mais usuais são a Clave de Sol
(encontrada na 2ª linha contada de baixo para cima, recebe a nota sol),
Clave de Fá (na 4ª linha, recebe a nota fá) e Clave de Dó (na 3ª linha,
recebe a nota dó).

Nota Sol na clave de Sol, compasso e as representações de duração (“as


brancas valem o dobro das pretas” – Prof. Jirafales). Fonte: Wikipedia

As claves propagam-se em intervalos definidos de tempo que as notas


têm capacidade de sugerir, podendo ser mais longas (maior duração) ou
mais curtas (menor duração). A duração em segundos de uma nota
depende do compasso, ou seja, o tempo da nota em uma música pode
ser diferente em outra música, se o compasso for diferente.

As pautas podem combinar-se, sendo tocadas ao mesmo tempo


(definindo a harmonia), ou em sequência (definindo a melodia) e, se
esses fatores, junto a alguns outros, forem combinados dentro de um
determinado padrão lógico pelo intelecto humano, na forma de arte, dá-
se a essa sequência o nome de música.

Veja esse jeito fácil de aprender escrita musical desenvolvido pelo PAM


(Projeto Alfabetização Musical) clicando no link.

Orquestra

Uma orquestra é um agrupamento instrumental utilizado para a execução


da música. Apresentam-se em grandes auditórios e comportam mais de
uma centena de músicos com seus respectivos instrumentos. A pequenas
orquestras dá-se o nome de bandas musicais.
Clique para ver maior. Fonte: De tudo, quase tudo!

Antigamente, dizia-se que uma orquestra sinfônica era integrada por


músicos profissionais remunerados, enquanto uma filarmônica era
composta só por músicos amadores. Já uma orquestra de câmara é um
conjunto bem menor e costuma ter entre oito e dezoito músicos. Abaixo
disso, o conjunto já passa a ser chamado de septeto, sexteto, quinteto e
assim por diante.

Uma orquestra sinfónica dispõe cinco classes de instrumentos:

 as cordas (violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, harpas)


 as madeiras (flautas, flautins, oboés, corne-inglês, clarinetes,
clarinete baixo, fagotes, contrafagotes)
 os metais (trompetes, trombones, trompas, tubas)
 os instrumentos de percussão (tímpanos, triângulo, caixas, bombo,
pratos, carrilhão sinfônico, etc)
 os instrumentos de teclas (piano, cravo, órgão)

Gêneros eruditos
O termo opus (sigla “op.”, do latim, “obra”) é comumente utilizado para
identificar as obras de um compositor, geralmente atribuído em ordem
cronológica – já “No.” refere-se ao número da sequência dentro de uma
obra. Uma obra é simplesmente um conjunto de movimentos, ou seja,
um conjunto de músicas ligadas umas com as outras. Uma sinfonia
geralmente é composta por 4 músicas, e um concerto, por três. Os
movimentos são entrecortados por pausas – para não desconcentrar os
músicos, o público não deve aplaudir durante as pausas. Cada
movimento geralmente tem o nome em italiano conforme a sua
velocidade, listados abaixo desde o mais rápido até a música mais lenta:

 Prestíssimo
 Presto
 Allegro
 Allegretto
 Andante
 Andantino
 Adagio
 Larghetto
 Largo

Existem variações, como “Allegro ma non troppo” (ou Allegro moderatto)


ou “Allegro ma non troppo, un poco maestoso “. Dentre os principais
gêneros da música erudita, estão:

Abertura – Música composta para orquestra, geralmente com caráter


festivo.

Cantata – Surgida na Itália (século XVII), caracterizada por ser cantada, à


diferença da tocata, executada por instrumentos de teclado, e da sonata,
composta para instrumentos de corda. Desenvolveu-se no Barroco,
atingindo seu apogeu com J.S.Bach.

Ópera – Peça teatral cantada, com acompanhamento orquestral. Surgiu


no final do século XVI, em Florença, como tentativa de recriar a tragédia
grega. Já uma opereta é uma pequena peça musical derivada da ópera
cômica, com partes faladas e cantadas.

Concerto – A principal característica de um concerto é a melodia de um


instrumento solista (ou mesmo dois ou até três), com o
acompanhamento orquestral. Por exemplo, num concerto para violino, o
violinista se destaca diante de uma orquestra. J.S.Bach foi o primeiro
compositor a consolidar o gênero em 3 movimentos – mas podem possuir
quatro ou dois movimentos. Geralmente, o primeiro possui uma
introdução orquestral, que antecede a entrada do instrumento solista. Na
maioria dos finais dos primeiros movimentos, há uma passagem onde o
solista executa seu instrumento solitariamente, até que a orquestra
retorne e conclua a primeira parte. Essa característica passou a existir a
partir do Classicismo. O segundo movimento é uma música lenta. Em
seguida, vem o terceiro movimento, a conclusão da obra. Tem duração
de 90 minutos em média, mas alguns chegam a 5 horas. Note que a
palavra é escrita com ‘c’ (se fosse com ‘s’, seria uma palavra originada do
verbo ‘consertar’, o que provavelmente demoraria mais do que 90
minutos e não teriam aplausos :P).

Missa – Gênero sacro católico. Quando possui caráter fúnebre, também é


conhecido como Réquiem. Oratório é a composição musical para solistas
vocais, coro e orquestra, geralmente de conteúdo religioso.

Serenata – Concerto de instrumentos de estilo leve e comunicativo.

Sinfonia – Diferente do concerto, não possui destaque de nenhum


instrumento, sendo que cada um possui várias participações ocasionais, e
orquestra de cordas carrega a melodia principal. O gênero divide-se em 4
partes (mas pode ter 3 ou 5): O primeiro movimento pode ser uma
música de caráter ligeiro, um allegro por exemplo. Alguns primeiros
movimentos possuem introdução lenta. O segundo movimento é a música
lenta da obra. Pode ser um largo, um andante, um adagio. O terceiro
movimento é conhecido como minueto. É a música mais simples da obra.
Possui um tema inicial, que em seguida é interrompido por outro tema
bem diferente. Antes de terminar, o tema inicial retorna, concluindo a
música. O quarto e último movimento (finale) pode ser a música mais
emotiva da obra.

Suíte – música instrumental desenvolvida na Alemanha e na França no


século XVII e XVIII, consiste em uma sequência de movimentos de
dança, todos na mesma tonalidade, mas variando no andamento.

Existem outras denominações importantes, como o Intermezzo (pequena


peça de caráter ligeiro, representada durante os ‘intervalos’ de um
movimento mais importante), Minueto (de origem francesa), Noturno (de
caráter melancólico), Polca (originária da Boêmia), Prelúdio (introdução
para uma peça musical), Rapsódia (composição mais livre), Tarantela (de
origem italiana) e Valsa (dança de compasso ternário, muito praticada
nos salões).

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