Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MUSICAL
AULA 1
1.1 Altura
2
em relação à nota Lá 3 1 de frequência 440 Hz. Isso significa que o Lá uma oitava
acima (Lá 4), para ser afinado, deve ter o dobro de vibrações, 880 Hz, e o Lá
oitava abaixo (Lá 2), a metade, 220 Hz.
Essa padronização do Lá 3 em 440 Hz é moderna, de maneira que, em
diferentes períodos da história, músicos estipularam outras frequências como
referência. Segundo o matemático inglês Alexander John Ellis (1814-1890),
entre os anos 1619 e 1874, o Lá 3 teve variações entre 376,3 e 570,7 Hz.
Atualmente, essa padronização em 440 Hz já se modificou, e diversas orquestras
ao redor do mundo utilizam o Lá 442 Hz. Muitos fatores levam os músicos a
escolherem a padronização do Lá em diferentes frequências. Talvez a principal
delas está relacionada aos materiais de que os instrumentos são fabricados,
especialmente os de cordas friccionadas, como o violino. Nos períodos barroco
e clássico, as cordas do violino eram feitas por materiais menos resistentes,
portanto não sustentavam a afinação com tanta eficiência. Por consequência, os
violinistas preferiam aplicar menos pressão sobre a corda, escolhendo a
frequência do Lá mais baixa, por volta de 435 Hz. Hoje em dia, com o
desenvolvimento tecnológico, uma pressão maior pode ser exercida sem que a
corda desafine, o que torna possível subir o Lá de referência, tornando o som do
instrumento mais brilhante.
Para quem já assistiu a um concerto de uma orquestra sinfônica, deve ter
percebido que, antes de ele iniciar-se, ocorre a afinação da orquestra. É uma
espécie de ritual em que o spalla 2 permanece em pé em frente ao grupo, e
solicita ao oboé (instrumento de sopro de paleta dupla) para que execute a nota
Lá 4 de referência, para que, então, o restante dos músicos afinem seus
instrumentos. É justamente neste momento que o oboé reproduzirá a nota Lá
convencionado pela orquestra, e que pode variar de frequência, de acordo com
o estilo da orquestra, país ou região. Atualmente, muitos oboístas utilizam o
afinador eletrônico, que demonstrará com exatidão a frequência da nota.
Padronizou-se o oboé como instrumento para entoar o Lá de afinação para a
orquestra, pois seu som penetrante é o ideal para a realização do procedimento.
O parâmetro da altura, é aquele que fornece o material principal para que
as melodias e harmonias ocorram. Para que a música em si aconteça, essas
alturas definidas são articuladas pelos outros parâmetros do som. Porém,
Fonte: O autor.
TEMA 2 – DURAÇÃO
5
como no caso do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Nos dias atuais,
Bach foi extensivamente gravado por músicos de todo o mundo, por isso é
possível identificar diferentes versões de uma mesma obra, com variações de
andamento consideráveis.
De todos os instrumentos musicais, a percussão é aquela que apresenta
o carácter rítmico de forma mais ressaltada, pois demarca com clareza a
localização dos sons. No entanto, por mais contraditório que pareça, o músico
que executa os instrumentos percutidos não consegue, de maneira geral,
controlar a duração do som. Depois do ato de percutir, o percussionista não tem
mais domínio sobre a sonoridade do instrumento. O golpe, com a mão ou a
baqueta, dispara a sonoridade da pele ou do corpo do instrumento, que, em
seguida, apresenta uma diminuição natural. Portanto, o maior foco da
sonoridade da percussão está no exato momento em que o instrumento entra
em vibração. Já os instrumentos de cordas e sopros têm um funcionamento
bastante diferente. No violino, o músico tem total controle do tempo de duração
do som, com base na contínua fricção do arco sobre a corda. Assim como no
trompete, em que, por meio do uso da respiração, o músico consegue prolongar
os sons a seu critério.
Os instrumentos de percussão são fundamentais na execução do papel
de suporte rítmico, tanto na música erudita quanto popular. Além de pontuarem
nitidamente a posição das notas, a maioria deles também apresenta a
característica de não emitir altura definida. Essa sonoridade neutra colabora para
separar o acompanhamento rítmico, da textura harmônica e melódica. A bateria
em uma banda de rock, por exemplo, é composta principalmente de tambores e
pratos, instrumentos que emitem sons de frequência indefinida. Eles são
capazes de fornecer, com eficiência, a moldura rítmica, com os tempos e as
subdivisões, em que as notas dos instrumentos harmônicos e melódicos, como
baixo, guitarra e voz, serão encaixadas.
TEMA 3 – INTENSIDADE
6
estes são mais apropriados quando o assunto for sobre altura da nota, ou a
afinação.
A força, ou nível de energia, com a qual o som chega aos nossos ouvidos
é chamada de volume, e tem como unidade de medida o decibel (dB).
Começamos a perceber ondas sonoras a partir de 1 dB, portanto ruídos
noturnos, a respiração de uma pessoa dormindo, sussurros, o tic-tac de um
relógio atuam em uma extensão entre 0 a 30 dB. Uma conversa entre pessoas
e o ruído do trânsito emitem ondas sonoras de 40 a 80 dB. Ruídos nocivos ao
ouvido humano, podendo causar danos à saúde auditiva, percorrem de 120 a
190 dB, como o barulho do avião, explosões e tiros de armas.
As variações de intensidade dos sons na música caracterizam o que
chamamos de dinâmica, elemento fundamental da expressividade musical. O
ser humano tem a habilidade natural de perceber uma grande variação de
volume, o que torna a dinâmica um elemento com muitas possibilidades sonoras,
capaz de criar grandes contrastes na música. Em um concerto de orquestra, o
público pode encontrar trechos de muita sutileza, por exemplo, uma sequência
de acordes de minúsculo volume sonoro executado somente pelos violinos. Mas
também partes da música na qual todos os naipes da orquestra – cordas, sopros
e percussão – atuam em conjunto, causando impacto de grande intensidade de
som. A música popular normalmente apresenta uma estabilidade maior de
volume, já que o contraste de intensidade sonora não é tão explorado, pois o
foco principal encontra-se na constância rítmica e harmônica do
acompanhamento, dando espaço para a parte principal, geralmente a voz, atuar.
As alterações de dinâmica são tão importantes que podem influenciar
consideravelmente na nossa compreensão do discurso musical. Se uma melodia
importante é tocada com uma intensidade sonora fraca em relação ao
acompanhamento, ela pode perder relevância na música ou até mesmo não ser
percebida pela plateia. Não é à toa que, em grande parte dos ensaios de uma
orquestra, o maestro realiza diversos acertos de dinâmica, para que todas as
informações sonoras sejam ouvidas conforme seu devido nível de importância.
Esses ajustes também devem ser feitos, pois existe uma enorme variabilidade
de fatores que influenciam no volume da orquestra, como a intensidade com a
qual cada músico individualmente executa seu instrumento, a acústica da sala
de concerto, a maneira como a orquestra é disposta no palco e até a qualidade
dos instrumentos em si.
7
Na música popular, durante a gravação de uma canção, o momento em
que os ajustes de volume são realizados é de fundamental importância no
processo. A chamada “mixagem” é um procedimento demorado e exige muita
atenção e sensibilidade auditiva do profissional encarregado. Quanto maior a
qualidade da gravação, maior detalhamento exige no momento de equilibrar as
dinâmicas de cada instrumento captado. O volume de cada sonoridade na
música pode alterar a forma como a pessoa assimila o conteúdo da canção. O
equilíbrio perfeito dos instrumentos e vozes e das regiões agudas e graves torna
a música mais agradável de se escutar.
Em cada instrumento musical, as realizações das variações de dinâmicas
são alcançadas por meio de diferentes técnicas. Em um sintetizador eletrônico,
ou teclado elétrico, o volume pode ser controlado simplesmente por um botão,
que se move para cima e para baixo. Mas nem sempre é simples assim, em
alguns instrumentos, controlar a intensidade é um grande desafio. Na orquestra
sinfônica, instrumentos como o oboé e o fagote precisam de muito estudo e
treino para realizar dinâmicas bastante fracas, principalmente no momento de
início do som. Sua principal fonte geradora de som é composta de dois pedaços
de cana em contato, a chamada palheta dupla, que ao ser acionada pela coluna
de ar do músico, impõe certa resistência até que entre em vibração, dificultando
a realização do princípio das notas. Já o integrante da orquestra de palheta
simples, o clarinete, tem o potencial de iniciar o som de uma nota quase de
maneira imperceptível, tamanho o controle das dinâmicas fracas ele é capaz.
Por vezes, as regiões graves e agudas têm naturalmente potências de volume
distintas. É o que acontece na flauta transversal, em que a oitava mais grave (Dó
3 ao Dó 4) tem certo limite ao executar dinâmicas fortes. Já a oitava aguda (Dó
5 ao Dó 6) impõe dificuldade na execução de dinâmicas fracas, pois o flautista
precisa de uma coluna de ar intensa para que as notas ocorram. Os instrumentos
de cordas – violino, viola, cello e contrabaixo – podem realizar grandes
contrastes de dinâmica, sem grandes complicações. Porém, o pizzicato, técnica
em que o músico não utiliza o arco, e sim pinça as cordas com os dedos, tem
certo limite de dinâmica, não alcançando intensidades muito fortes. Sendo
assim, cada instrumento tem sua especificidade em relação à realização de
diferentes dinâmicas. Na verdade, o maior desafio acaba caindo sobre o
compositor, que, no momento em que escreve uma obra orquestral, deve
8
conhecer devidamente todas as particularidades dos instrumentos em termos de
controle de volume sonoro.
É interessante refletir que a dinâmica nada mais é que perspectiva em
música. A intensidade coloca os sons em diferentes planos, os fracos
posicionados mais distante, e os fortes bem próximos, criando uma terceira
dimensão (Schafer, 1992, p. 65).
TEMA 4 – TIMBRE
Fonte: O autor.
Diversos fatores físicos atuam nas ondas sonoras para que elas formem,
no todo, uma coloração específica. Um deles é a série harmônica, já mencionada
anteriormente. Dependendo do instrumento, determinadas notas da série
harmônica podem apresentar-se com mais evidência. Se o timbre é
caracteristicamente brilhante, em grande parte é porque as notas parciais
agudas prevalecem em sua sonoridade. Outro fator é a maneira aplicada para
que o instrumento emita som. No violino, a forma de tocar com o arco contém
um timbre radicalmente diferente da técnica do pizzicato, quando a corda é
pinçada com os dedos. Nos sopros, o material com o qual o instrumento é feito
também fornece diferentes colorações ao som, podendo ser produzido com
madeira, metal ou, no caso de instrumentos não profissionais, de plástico.
Compositores da música orquestral sinfônica encontram no parâmetro do
timbre inúmeras possibilidades para criar interesse em sua música. Uma mesma
melodia, quando executada sucessivamente por dois instrumentos distintos,
pode apresentar um novo sentido ou ser expressa de formas diferentes, apesar
de conter exatamente a mesma sequência de notas. O acompanhamento pode
ganhar ou perder dramaticidade de acordo com o grupo de instrumentos que o
9
executa. Além da diferença de qualidade sonora individual, o compositor pode
escolher realizar combinações tímbricas com dois ou mais instrumentos. Uma
das mais belas colorações melódicas da música orquestral se dá quando o som
do cello é combinado com o da trompa, formando uma massa sonora intensa e
extremamente expressiva.
Na voz humana, o timbre manifesta-se de forma mais específica, de modo
que cada pessoa tem uma sonoridade vocal própria. De olhos vendados,
podemos reconhecer facilmente uma pessoa pelo seu timbre da voz. Também
reconhecemos ao telefone, em que o som sempre sofre uma pequena distorção.
Quando gostamos muito de um cantor, somos capazes de identificá-lo
rapidamente, mesmo em uma canção jamais ouvida. Na música vocal, é normal
existir um predomínio de certo tipo de timbre, comum a cantores de um mesmo
estilo. A técnica utilizada na ópera deixa o timbre dos cantores muito brilhante,
já que é preciso potência sonora para cantar acima de uma orquestra e sem
amplificação. O idioma em que as canções são cantadas também pode
influenciar o timbre das vozes. O português, por exemplo, tem a presença
marcante das vogais, deixando a sonoridade da música suavizada, característica
facilmente perceptível no estilo da bossa nova.
Na música moderna e contemporânea, o parâmetro do timbre é ricamente
explorado, pois frequentemente as obras não apresentam elementos
tradicionais, como melodia e harmonia. A busca por novos timbres torna-se o
maior atrativo para os compositores, que procuram inovar por meio de
colorações sonoras e da investigação tímbrica dos instrumentos. Com base na
tentativa de que um único instrumento possa conceber diversos timbres,
modificando a sua qualidade sonora, deu-se origem ao que foi chamado de
técnica estendida: formas não convencionais de execução. O próprio pizzicato,
em suas primeiras aparições, configurava-se uma técnica estendida, até tornar-
se uma forma convencional de tocar os instrumentos de cordas.
Nos instrumentos de percussão de orquestra, de altura indefinida, a
propriedade do timbre é essencial. Por não terem função melódica ou harmônica,
sua função principal, na maioria das vezes, é a de colorir momentos especiais
na obra. Por isso, normalmente, o percussionista realiza uma longa pesquisa na
tentativa de alcançar a melhor qualidade de timbre possível, buscando a baqueta
certa, seu ângulo mais apropriado, o lugar de toque com o melhor som, e, no
10
caso do bumbo, o nível de tensão da pele que dará ao instrumento a sonoridade
mais encorpada.
TEMA 5 – DISTÂNCIA
Fonte: O autor.
NA PRÁTICA
12
a obra em sua totalidade 4 (por volta de 16 minutos) e perceba como Ravel faz
uso da intensidade, duração, altura e timbre para criar os mais diferentes
contrastes musicais.
FINALIZANDO
14