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Cantochão e Organum
O cantochão
Tipo de composição presente desde períodos muito antigos
(anteriores ao século IX, que é de quando datam os
primeiros documentos que fazem referência a música
polifônica, ou seja, a várias vozes)
Usada na liturgia da Igreja Católica (até os dias de hoje),
sob a forma do que ficou conhecido como canto gregoriano
Características
Monofônica
Métrica livre (declamatória)
Faz uso de um sistema de escalas conhecido como sistema
modal gregoriano
Organum
Século IX – documentos mais antigos que dão conta de
música polifônica (a várias vozes)
Organum primitivo ou paralelo
Forma mais antiga conhecida de polifonia na música
ocidental
Estilo “nota contra nota”
Estrutura
Vox principalis – a melodia principal gregoriana
Vox organalis – duplicação da voz principalis ao intervalo de
quarta ou quinta justa
Organum livre e melismático
Organum livre
Também no estilo nota contra nota, com a vox organalis agora
acima da vox principalis
Vox organalis movimenta-se livremente sobre a vox
principalis (ao invés de acompanhar o seu desenho melódico)
Organum melismático
Tenor – notas do cantochão gregoriano alongadas em sua
duração formando uma melodia-base
Vox organalis tece melismas* sobre as notas da vox principalis
*Melismas: floreios com a voz sobre uma mesma sílaba do texto cantado
Escola de Notre Dame
Moteto e conductus
A Escola de Notre Dame
Grupo de compositores reunidos em Paris, por ocasião
da construção da Catedral de Notre-Dame
Organum alcança um alto nível de elaboração
Apenas os nomes de dois compositores sobrevivem até
nossos dias
Léonin (c. 1135-1201) – primeiro mestre de coro da
Catedral
Pérotin (c. 1160-1236) – discípulo do primeiro, trabalhou
em Notre Dame de 1180 a 1225
Léonin
Compositor na Catedral de Notre Dame no século XII;
Introduziu diversas inovações nas composições de
organum
Nas partes silábicas (uma nota por sílaba) do canto
gregoriano original
Cada nota é estendida em notas mais longas, constituindo a
voz tenor (tenere, em italiano = sustentar)
Sobre a voz tenor compõe-se o organum – que aqui leva o
nome de duplum – em notas mais rápidas, utilizando padrões
rítmicos medidos, emprestados da poesia
As partes melismáticas do canto original (várias notas
por sílaba) vão constituir a clausula
Descanto e cláusula
Nas partes melismáticas do canto gregoriano original o tenor
assume ritmo mais rápido, movimentando-se junto com o
duplum
Esse estilo de composição ficou conhecido como descanto e a
parte da música onde ele ocorre chamava-se cláusula
Procedimentos comuns no organum duplum de Léonin
Repetição de padrões rítmicos
Repetições de trechos do canto
Sequência – trechos da melodia repetidos acima ou abaixo do
trecho original
Viderunt omnes (duplum)
Pérotin
Sucessor de Léonin como mestre de capela na Catedral
de Notre Dame de Paris
Desenvolveu ainda mais o organum, acrescentando-
lhe um triplum ou, por vezes, um quadruplum
(terceira e quarta voz)
Compôs cláusulas para serem executadas como peças
independentes
O moteto medieval
A partir do século XIII o duplum recebe outra letra
independente do texto litúrgico e passa a chamar-se
moteto (mot = palavra, em francês)
Um triplum em notas rápidas é composto, com letra
independente da letra do tenor e do duplum
O duplum e o triplum ajustam-se individualmente ao
tenor mas não necessariamente entre si, o que pode,
por vezes resultar em dissonâncias inusitadas
(composição em camadas)
Conductus
Composição que tinha como finalidade acompanhar o
oficiante em sua movimentação durante a missa
O voz do tenor era uma composição original (e não
mais emprestada de melodias gregorianas)
Ao contrário do moteto, que tinha um texto diferente
para cada uma das vozes, no conductus todas as vozes
cantam o mesmo texto
Danças e canções medievais
Troubadours e Trouvères
Menestréis
Danças medievais
Danças mais populares
Estampie – dança sapateada
Saltarello – dança saltada
Compostas em diversas partes, cada uma delas com
ritornello, comumente tocadas na forma “soli/tutti”
Primeira repetição – ouvert
Segunda repetição – clos
Tocada com diversas formações instrumentais
(usualmente o instrumental disponível no momento)
Troubadours e Trouvéres
Poetas de educação refinada, oriundo de classes
abastadas ou nobres
Troubadours – sul da França
Trouvéres – norte da França
Repertório de cerca de 2000 canções tendo como tema
recorrente o amor cortês
Menestréis
Músicos itinerantes
Origem nas classes baixas
Ars Antiqua x Ars Nova
A partir do século XIV, o desenvolvimento da polifonia
trouxe consigo a necessidade de inovações nas técnicas
composicionais e na notação musical
Tratados teóricos discorrem sobre a “nova técnica” de
se fazer música
Ars Nova Musicae – Johannes de Muris
Ars Nova Notandis – Philipe de Vitry
Ars Antiqua Ars Nova
Modos rítmicos Notação mensural
(padrões rítmicos)
Polifonia simples, Polifonia sofisticada,
disposta em camadas elaborada de forma
independentes entrelaçada
Clausula Isorritmo (padrão
rítmico que se repete
ao longo da música)
Hoquetus (= soluço) – contratempos em frases
musicais muito curtas, dando a impressão de soluços
Guillaume de Machaut (1300-1377)
Poeta, compositor e prelado na Catedral de Reims
Compositor de grande variedade de motetos, “virelais”,
rondós e baladas
Primeiro compositor de quem se tem notícia a fazer
um arranjo polifônico sobre as partes principais da
missa: Kyrie, Gloria, Credo, Santus/Benedictus, Agnus
Dei –a conhecida Missa de Notre Dame
Uso frequente de:
Isorritmo – padrão rítmico que se repete ao longo da
peça
Hoqueto – contratempos muito curtos
John Dunstable (1390-1453)
Primeira metade do século XV – trocas de influências entre
compositores franceses e ingleses
John Dunstable
Compositor de missas, motetos e chansons
Situado na transição entre o período medieval e o
renascentista, é considerado o precursor da harmonia
renascentista triádica
Uso ostensivo de acordes de sexta e terça, estilo que ficou
conhecido como falso bordão (fauxbourdon)
Composição da missa sobre um único cantus firmus, o que
conferia unidade e um caráter cíclico à composição
Exerceu notável influência sobre os compositores do
continente
Guillaume Dufay (1397-1474)
Pertence a chamada Escola Franco-flamenga (grupo de
compositores originários da França e Países Baixos)
situados na passagem entre o período medieval e o
renascentista
Admirador do estilo de seu contemporâneo, o
compositor inglês John Dunstable, foi também
compositor de missas, motetos e fauxbourdons.
Absorveu o estilo de se compor a missa monotemática
– um cantus firmus permeando toda a obra.