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Obra

Nona sinfonia (1824)

Artista

Ludwig van Beethoven

Biografia

Ludwig van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, no dia 17 de dezembro de 1770. Neto e filhos de
músicos, começou a estudar cravo e violino com apenas cinco anos de idade.
Aos sete anos começou a frequentar a escola pública, era tristonho e rebelde devido ao alcoolismo a que seu
pai se entregou.
Com oito anos participou de um recital na Academia de Sternengass e foi apresentado pelo pai como um
gênio. O mesmo anciava que o seu filho se torna-se o próximo Mozart, criança prodigio da altura, e que assim
pudesse angariar muito dinheiro.
A partir de 1781 passou a ter aulas com Christian Gottlied Neefe, organista-mor da corte que lhe mostrou
novos horizontes tocando a música de compositores famosos como Haydn e Mozart.
Nessa época começou a aprender piano, instrumento no qual se destacaria mais tarde.
Com apenas onze anos, foi nomeado organista-suplente da corte. Ao mesmo tempo se aperfeiçoava no
violino com o mestre Rovantini.
Revelando-se notável virtuose em vários instrumentos, Beethoven tinha apenas 13 anos quando foi
nomeado solista de cravo na corte de Bonn.
Beethoven passou a receber a proteção do Príncipe-Eleitor Max Frannz, governante de um dos trezentos pequenos
Estados que formavam o Império da Alemanha.
Nessa época, surgiu sua primeira obra divulgada: “Nove Variações para Piano Sobre uma Marcha de Ernest
Christopb Dressler”. Em 1784 escreveu “Três Sonatinas para Piano”.
Em 1787 ele foi encaminhado para Viena para estudar com Mozart levando uma carta de apresentação do Príncipe.
Ao tocar para o compositor ouviu: “É assombroso! Prestem atenção a este rapaz, pois ele ainda fará com que o
mundo fale a seu respeito”.
Dois meses depois, a doença e morte de sua mãe o levou de volta a Bonn. Logo depois morreu sua irmã.
Trabalhando como cravista da corte ele sustentava a casa.
Com 21 anos de idade, Beethoven já desfrutava de prestígio junto à nobreza de Bonn. As famílias mais
influentes faziam questão da companhia do músico em suas festas.
Mesmo com um temperamento imprevisível, Beethoven conquistou sólidas amizades. Em 1788 conheceu o conde
Ferdinand Ernest von Waldstein, que logo o tomou sob sua proteção.
Graças aos esforços de Waldstein, em 1792 Beethoven deixou sua terra natal para nunca mais voltar. Levava
na bagagem uma obra volumosa que permanecia em manuscritos, pois não havia editores em Bonn.
Quando chegou à capital da Áustria, fazia um ano que Mozart falecera. Passou a tomar aulas com Haydn,
com quem não se entendeu. Passou a ter aulas com Johann Schenk, sem que Haydn soubesse. Após um ano rompeu
com os dois.
Instalado no palácio de Karl Lichnowsky, Beethoven recebia uma pensão e o príncipe desejava que ele se
dedicasse inteiramente à música.
Só em 1795, com 25 anos, Beethoven pode fazer sua primeira apresentação pública. Na ocasião, executou
um concerto para piano que foi delirantemente aplaudido.
Logo em seguida, uma renomada editora publicou ao “Três Trios para Piano”, Violino e violoncelo, Opus 1,
dedicados ao príncipe Lichnowsky.
Em 1797, depois de publicar as “Três Sonatas para Piano, Opus 2”, conseguiu a edição de mais um trabalho,
“Trio em Bi Bemol, para Violino, Viola e Violoncelo, Opus 3”.
Seu crescente prestígio atraía alunos e convites para recitais, que lhe proporcionavam uma certa folga
financeira, o que lhe permitia vestir-se elegantemente e até ser sociável.
Beethoven era forte, baixo, circunspecto e tinha o rosto marcado pela varíola. A partir de 1797 teve início o drama
que se converteria na grande tragédia de sua vida: começou a ficar surdo.
Quando tinha 27 anos, Beethoven começou a desenvolver os primeiros sinais de surdez, porém ele escondeu
o problema de praticamente todos.
O violonista Karl Amenda foi a primeira pessoa a quem Beethoven confessou o que estava acontecendo.
Numa carta escrita em 1798, dizia: “Tenho piorado de minha surdez, e me pergunto o que será dos meus ouvidos”.
Nessa época, apaixonou-se por sua aluna Therese von Brunswick, mas não foi correspondido. Atirou-se com
fúria ao trabalho e compôs “Sonata em Dó Menor, para Piano, Opus 13” (1799), que se tornou conhecida como
“Patética”.
Na composição dessa obra prima musical Beethoven aplicara o profundo conhecimento que alcançara na
infatigável pesquisa da técnica para piano, após ter abandonado o antiquado cravo.
Em 1801 Beethoven escreveu para o seu médico relatando que estava há alguns anos perdendo a audição. Essa
perda progressiva do sentido que mais usava se arrastou durante praticamente três décadas, aos 48 já estava
completamente surdo.
Alguns pesquisadores suspeitam que a surdez do compositor teria sido consequência da varíola, do tifo ou
de uma gripe quase constante que lhe acometeu durante anos.
Porém, esse foi o início do período mais brilhante da carreira de Beethoven, quando produziu as grandes sinfonias
que lhe dariam imortalidade. O gênio tinha memória auditiva e era capaz de criar composições na sua cabeça
transformando-as, posteriormente, em partitura.
Beethoven criou aproximadamente 200 obras, algumas delas tornaram-se clássicos da música ocidental. As
principais criações do compositor foram a Nona Sinfonia e a Quinta Sinfonia

Motivações

Corrente artística

Há quem considere Beethoven o último dos clássicos. Há, por outro lado, quem o considere o primeiro dos
românticos. Talvez esteja nisso uma postura de fundamento romântico face à arte: a estética de Beethoven não
pretende como via de regra romper com a tradição, mas traz o sentimento de que o artista tem uma missão, uma
necessidade de exprimir uma ideologia. Ele se quer testemunha de seu tempo e da própria humanidade. Já desde as
suas primeiras obras esse posicionamento faz-se notar, a despeito da célebre (mas frágil) tripartição de suas fases
criadoras.
Na terceira fase, porém, essa postura aparece com maior nitidez e com um grau de abstração que denota
um posicionamento ideológico deliberadamente assumido, talvez determinado, em grande parte, pela surdez
progressiva que o acomete ainda jovem e que se transforma em surdez total bem antes do final de sua vida.
Exemplo maior disso é sem dúvida o procedimento inovador e peculiar empregado na Nona Sinfonia, op. 125: o uso
das vozes humanas. O emprego dessas vozes (coro e solistas) e do poema de Schiller (1759 – 1805) são ousadias que
vão para muito além da mera negação dos procedimentos clássicos de composição sinfônica. Beethoven faz uso de
um e de outro, na Sinfonia op. 125, não como veículo de expressão de idéias poéticas, mas como contribuição para a
realização de uma idéia musical.

Contexto Histórico

Quaisquer considerações qualitativas postas à parte, porém, o papel histórico de Beethoven foi bem mais
considerável: sua figura insubmissa – artística e socialmente – consolida uma subversão das relações entre a música
e a sociedade. Seria ingênuo atribuir tão somente à personalidade individual de Beethoven essa postura
revolucionária: o jovem músico contava dezenove anos quando eclode a Revolução Francesa. Os ideais de
democracia e de liberdade preconizados pela mentalidade revolucionária fazem eco na personalidade insubmissa e
subversiva de Beethoven; essa pré-disposição irrompe na sua obra, que não exprime idéias revolucionárias, mas é,
ela mesma, um ato de revolução.

Simbolismo & Valor da obra

Quando criou a Nona Sinfonia, entre 1822 e 1824, Beethoven já estava surdo. No dia 7 de maio de 1824 fez a
primeira apresentação da “Sinfonia n.º 9”, Opus 125, famosa como “Coral”, por incluir coro em seu quarto
movimento, sugerido pela Ode à Alegria de Schiller.
Ao fim da apresentação, uma tempestade de aplausos saudou o compositor, que completamente distraído
olhava fixamente para a partitura e continuava de costas para a plateia, como era habitual. Foi Karoline Unger,
contralto solista, que virou o compositor de modo a que ele pudesse ver a reação do público.
Beethoven estava muito à frente do seu tempo, pois até então as composições desse tipo contavam apenas
com a presença de instrumentos.
Os quatro solistas, além do coro, participam na parte final da Nona Sinfonia.
A “9.ª Sinfonia”, que foi a última das suas sinfonias, também é especialmente lembrada porque nela o
compositor se aproxima do povo, provocando um sentimento de união e unidade.
O manuscrito original da 9.ª Sinfonia, praticamente integral, que contém mais de 200 páginas, faz parte do
acervo do Departamento de Música da Biblioteca Estatal de Berlin, ao lado de outras obras-primas de Mozart e Bach.
No manuscrito em Berlin faltam apenas duas partes: uma delas (duas páginas) está em Bonn, na Casa de
Beethoven, e outra parte (três páginas) se encontra na Biblioteca Nacional em Paris.
O uso das vozes e as citações dos movimentos anteriores, dentre outras “ousadias” estilísticas, são

procedimentos que ganharam significado e importância especiais na música instrumental, na música


sinfônica e na música dramática do século XIX, não exatamente na geração que sucede a Beethoven, mas numa
geração posterior, da qual participam Mahler, Franck, Bruckner e o próprio Wagner.
Sem o isolamento do silêncio exterior, porém, Beethoven talvez não chegasse a atingir tal densidade de
pensamento musical.

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