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Sinfonia

forma de composição musical

Sinfonia é uma palavra de origem grega


[συμφωνία] que significa "Todos os sons
juntos" ([συμ = Syn] e [φωνία = fonia],
sendo fonia o mesmo que fonos, aquele
que produz qualquer coisa relativo ao
som, haja vista as palavras
membranofone, megafone e telefone).

A palavra já existente sinfonia foi


consolidada como conceito na música
erudita a partir do barroco, evoluindo até
emprestar a forma da sonata já
existente, passando a apresentar
características bastante diferentes do
passado. No período clássico a sinfonia
passou a ter três movimentos, sendo o
segundo sempre um Adagio (lento).
Após as contribuições de Ludwig van
Beethoven, as sinfonias passaram a ter
quatro movimentos.

Renascença tardia –Início do


Barroco
Bem próximo ao fim da Renascença e no
início do Barroco, a palavra sinfonia era
um nome alternativo para a canzona,
fantasia ou o ricercar. Estas eram, quase
sempre formas instrumentais fortemente
arreigadas a uma tradição de polifonia.
Mais tarde, no período barroco, era
usada para identificar um tipo de sonata,
especialmente a sonata trio ou uma
sonata para um conjunto grande de
instrumentos. Mais tarde, ainda no
barroco, a palavra foi utilizada para
indicar um prelúdio instrumental.

Abertura e/ou a antiga


sinfonia
Nas grandes formas vocal-instrumental
dos séculos XVII e XVIII, por exemplo,
nas óperas e oratórios, uma sinfonia
geralmente era um prelúdio, um interlúdio
ou um poslúdio contrastando com as
secções vocais ou de outro modo
diferentes.

No século XVII, uma forma específica de


tal peça introdutória foi a sinfonia de três
movimentos que se tornou um tipo
padrão de abertura da ópera italiana. Na
maioria das vezes essas obras eram em
Ré maior, para maximizar a ressonância
aberta das cordas dos instrumentos de
cordas, iniciando-se e encerrando-se
com um movimento rápido, intercalado
por um movimento lento. Exemplos
desse tipo de sinfonia italiana são as
numerosas aberturas em três
movimentos das óperas de Alessandro
Scarlatti, todas arquétipos das aberturas
italianas.

Na França, entretanto, as ouvertures


eram sempre peças introdutórias de um
único movimento, usualmente na forma
A-B-A, onde as seções A têm um
andamento lento, com um ritmo
duplamente pontuado, enquanto que a
seção intermediária B, era
comparativamente fluente e rápida. Esta
forma musical ficou conhecida como
abertura francesa. Com o tempo, este
tipo de ouverture foi adaptado pelos
compositores alemães como Johann
Sebastian Bach e George Frideric Handel,
do século XVIII em diante, também podia
ser o movimento introdutório de uma
suíte de danças, no caso em que a
palavra ouverture era usada como
sinônimo da inteira suíte, como, por
exemplo, as Aberturas Francesas, BWV
831, de Bach.

A maioria das óperas e oratórios de


Handel iniciam com um movimento
ouverture no estilo francês, mesmo que
ocasionalmente ele chame de sinfonia
esse movimento, como ele fez para O
Messias, identificando a abertura como
Sinfony. Mas Handel também usou o
prelúdio/interlúdio orquestral ao modo
italiano, por exemplo, a Introduzione da
cantata Delirio amoroso, HWV 99.
Também, a Pifa instrumental do Messias
não se enquadra tanto nos modelos
franceses. Uma anedota interessante diz
respeito a quando Mozart fez uma
versão em alemão do Messias, cerca de
30 anos após a morte de Handel. Ele
mudou o nome da abertura de Sinfony
para Ouvertüre, mas também alterou
ligeiramente suas características
francesas: ele atenuou o ritmo pontuado
da seção A com melodias mais fluentes
na trompa e acelerando um pouco esta
seção ele também a tornou um pouco
menos diferente da seção B. O resultado
é que a parte A fica parecendo não mais
do que um preâmbulo moderado de um
movimento sinfônico acelerado (a seção
B).

Neste meio tempo, também no início do


sécuo XVIII, a sinfonia no estilo italiano,
com 3 movimentos, começou a ganhar
vida por si mesma. Ela podia ser
composta como uma obra de concerto
independente, embora sem solistas. Por
exemplo, Vivaldi compôs tanto sinfonias
de 3 movimentos, não muito diferentes
de seus concertos, como sinfonias
similares como prelúdio para as suas
óperas.

Bach algumas vezes usou o termo


sinfonia no modo antiquado, à época, de
uma peça instrumental de um único
movimento, por exemplo, para as
invenções BWV 787-801, usando o estilo
polifônico de três vozes. Observe-se que
no século XX, os editores começaram a
publicar essas sinfonias como Invenções
a Três Partes (ou Invenções a Três
Vozes), em que Parte é uma melodia
independente (voz, mas com significado
instrumental) numa obra de um único
movimento.

Se Bach iniciava uma obra vocal com um


ou mais movimentos instrumentais
independentes ( o que era raro), ele
usualmente chamava tal peça de uma
sinfonia ou sonata. Para as sinfonias,
mesmo as com um único movimento, o
estilo era preferencialmente italiano do
que o francês:

Sinfonia de um movimento abrindo as


cantatas seculares Non sa che sia
dolore, BWV 209 e Mer Hahn en neue
Oberkeet, BWV 212
Sinfonia seguida por um "adagio" na
abertura do Oratório da Páscoa, BWV
249. Embora o coro entre no final do
terceiro movimento deste oratório, os
três movimentos sucessivos de
abertura pode ser vistos como uma
sinfonia italiana do oratório.
Alguns movimentos de abertura de
suas cantatas religiosas eram como
movimentos de concertos para órgão
(BWV 29, 35, 49, 169) – mais tarde,
Bach rearranjaria algumas dessas
sinfonias como movimentos de seus
concertos para cravo.

Tanto Bach como Handel usaram a


abertura no estilo francês para começar
suas suítes orquestrais. As suítes que
eles escreveram para instrumento solo,
via de regra, não tinham um movimento
introdutório, caso houvesse, esse
movimento era usualmente uma
Abertura/Ouverture (sempre no estilo
francês) ou um Prelúdio/Praeludium. O
estilo deste prelúdio era menos definido,
mas freqüentemente emularia o estilo de
um movimento rápido da sinfonia
italiana.

À medida que o século XVIII avançava, o


nome usual para o prelúdio instrumental
de uma obra vocal/teatral passou a ser
definido como abertura. Embora essas
aberturas geralmente eram de um único
movimento, elas não mais eram
construídas no estilo francês, mas antes,
adaptada à sinfonia introdutória italiana,
por exemplo, um motivo condutor, uma
reprise precedida por um
desenvolvimento temático mínimo e um
clima geral de expectativa e não de
resolução.
A ideia da sinfonia italiana com três
movimentos como uma composição
orquestral independente também
sobrviveu: As primeiras sinfonias de
Haydn e Mozart foram compostas nesse
formato. Mozart também compôs
divertimentos no formato da sinfonia
italiana com alguma ambigüidade quer
ele pretendesse que tais divertimentos
fossem composições instrumentais
independentes ou mais apropriadamente,
interlúdios instrumentais (para
produções teatrais etc.).

Mas, então, Haydn fez com que a


sinfonia italiana, de concerto, e a
abertura/suíte ao modo francês se
encontrassem novamente: ele pegou os
três movimentos de uma sinfonia e
inseriu um quarto movimento entre os
dois últimos movimentos do modelo
italiano. Este movimento adicional foi um
minueto, que, até então, tinha sido um
movimento quase obrigatório de uma
suíte. Ele também usou alguns aspectos
do da abertura no estilo francês e do que
era a forma sonata naqueles dias. Entre
tais recursos adicionais que foram
utilizados por Haydn estava, por
exemplo, a possibilidade de começar
como uma lenta introdução o primeiro
dos quatro movimentos desse novo
modelo. Nascia assim a sinfonia
moderna[1] .
Sinfonia com um novo
significado
Mais tarde, da era romântica em diante, a
palavra sinfonia foi ocasionalmente
usada como um nome alternativo para
sinfonia (symphony).[2] Era frequente,
mas não acontecia sempre, que o título
sinfonia fosse usado quando a obra
pretendia ser, ou era, vista como algo
mais leve, de menor tamanho e mais
italianizada, ou com o caráter mais
barroco do que a sinfonia (symphony)
plenamente romântica (de caráter
predominantemente germânico).
Entre os exemplos de sinfonias
compostas com esse enfoque após a
era clássica incluem-se:

As doze primeiras obras do gênero


compostas por Felix Mendelssohn
Bartholdy, a maioria delas composta
em três movimentos, para orquestra
de cordas, são às vezes chamadas de
sinfonias, no sentido barroco, para
diferençá-las das cinco sinfonias
(symphonies) mais elaboradas, todas
posteriores, e publicadas durante a
vida, ou logo após a morte, do
compositor. A Sinfonia (Symphony) nº
4, dita Italiana é uma composição da
primeira série que é sempre chamada
de sinfonia (symphony). Por outro
lado, Mendelssohn usou o termo
sinfonia na abertura de sua Sinfonia n.º
2 (Lobgesang). Esta atitude pode ser
interpretada como uma das muitas
referências a Bach que Mendelssohn
inseriu em sua música: estas
referências ao velho mestre foram
especialmente fortes em sua sinfonia-
cantata que deveria ter sua estreia na
Igreja de São Tomás, em Leipzig.
Vincent d'Indy escreveu uma Sinfonia
brevis de bello Gallico (Sinfonia breve
sobre a Guerra na Gália), sua Sinfonia
n.º 3
Richard Strauss chamou de Sinfonia
Doméstica a uma sinfonia (symphony)
em grande escala que ele compôs em
1902-1903. É possível que esta
sinfonia mostre um lado algo mais
alegre do que a maioria de suas
composições orquestrais, mas
grandes seções da obra também
retratam brigas e outras tensões
domésticas, concluindo com uma fuga
elaborada que restaura a coerência na
casa.
Benjamin Britten escreveu uma Sinfonia
da Requiem em 1941. Neste caso,
sinfonia é, antes, uma alusão à
seriedade e/ou solenidade, do que
algum tipo de luminosidade.
Sinfonia clássica e
romântica

Haydn compôs 106 sinfonias.

Composição musical escrita para


orquestra, geralmente estruturada em
quatro movimentos. No período clássico,
era estruturada da mesma maneira que a
sonata: o primeiro movimento rápido,
com a exposição, desenvolvimento e
recapitulação dos temas principais,
podendo algumas vezes ter uma
introdução lenta; o segundo movimento
sempre lento ou moderado, sem uma
orientação determinada quanto à forma,
e o terceiro movimento mais rápido que
o primeiro, geralmente estruturado como
um rondó. Algumas vezes, entre o
movimento lento e o rondó, era
introduzido um minueto.

A partir de Beethoven, o minueto passou


a ser substituído pelo scherzo, exceto
em sua oitava sinfonia. No Romantismo,
a sinfonia passou a adotar uma estrutura
mais flexível, algumas vezes em mais de
quatro movimentos, outras vezes em
apenas um ou dois movimentos. Alguns
dos compositores românticos que se
dedicaram à sinfonia foram Franz
Schubert, Camille Saint-Saëns, Johannes
Brahms, Felix Mendelssohn, Robert
Schumann, Gustav Mahler, Antonin
Dvorák e Jean Sibelius. No século XX, o
gênero foi explorado por compositores
como Heitor Villa-Lobos, Dmitri
Shostakovitch, Serguei Prokofiev, Sergei
Rachmaninoff, Philip Glass e Henryk
Górecki, entre outros.

No período barroco, a palavra Sinfonia


era usada para qualquer composição
orquestral, geralmente introdutória de
uma obra maior.
Algumas sinfonias famosas

De Wolfgang Amadeus Mozart

Mozart

Sinfonia n.º 20
Sinfonia n.º 31, "Paris"
Sinfonia n.º 35, "Haffner"
Sinfonia n.º 36, "Linz"
Sinfonia n.º 38, "Praga"
Sinfonia n.º 39
Sinfonia n.º 40
Sinfonia n.º 41, "Júpiter"
De Joseph Haydn

Sinfonia n.º 45, "Do Adeus"


Sinfonia n.º 48, "Maria Teresa"
Sinfonia n.º 92, "Oxford"
Sinfonia n.º 94, "Surpresa"
Sinfonia n.º 100, "Militar"
Sinfonia n.º 101, "O Relógio"
Sinfonia n.º 103, "O Rufar dos
Tambores"
Sinfonia n.º 104, "Londres"
De Ludwig van Beethoven

Sinfonia n.º 3, "Heróica"


Sinfonia n.º 5, "Do Destino"
Sinfonia n.º 6, "Pastoral"
Sinfonia n.º 7, "Movimento"
Sinfonia n.º 9, "Coral" ou "Ode à
Alegria" (ou "Ode an die Freude")
De Gustav Mahler

Sinfonia n.º 1, "Titã"


Sinfonia n.º 2, "Ressurreição"
Sinfonia n.º 5
Sinfonia n.º 6, "Trágica"
Sinfonia n.º 8, "Sinfonia dos Mil"
De outros compositores

Sinfonia n.º 8, de Antonin Dvořák


Sinfonia n.º 4, de Felix Mendelssohn,
"Italiana"
Sinfonia n.º 4, de Johannes Brahms
Sinfonia n.º 8, de Franz Schubert,
"Inacabada"
Sinfonia n.º 9, de Franz Schubert, "A
Grande"
Sinfonia n.º 9, de Antonin Dvořák, "Do
Novo Mundo"
Sinfonia n.º 3, de Robert Schumann,
"Renana"
Sinfonia n.º 5, de Dmitri Shostakovitch
Sinfonia n.º 3 de Henryk Górecki
Sinfonia n.º 6 de Tchaikovsky

Ver também
Sinfonia concertante
Sinfonietta
Motivo (música)
Divertimento (música) - forma musical

Referências
Manfred Bukofzer, Music in the
Baroque Era. New York, W.W. Norton &
Co., 1947. ISBN 0-393-09745-5
The New Harvard Dictionary of Music,
ed. Don Randel. Cambridge,
Massachusetts, Harvard University
Press, 1986. ISBN 0-674-61525-5
Article Sinfonia, in The New Grove
Dictionary of Music and Musicians, ed.
Stanley Sadie. 20 vol. London,
Macmillan Publishers Ltd., 1980. ISBN
1-56159-174-2

Ligações externas
Uma Seleção de sinfonias (http://www.
mutopiaproject.org/cgibin/make-table.
cgi?preview=1&searchingfor=sinfonia&
Composer=&Instrument=&Style=&timel
ength=1&timeunit=week&lilyversion=)
(do projeto Mutopia)

Referências
1. Há aqui uma indicação de difícil
tradução para o português. Nos
países latinos como Portugal (e por
consequência, o Brasil), Espanha,
Itália, a palavra sinfonia é usada
indistintamente para as obras do
período barroco e para a nova
estrutura criada por Haydn. Em
inglês, no entanto, são usadas
palavras diferentes: sinfonia, para as
composições que foram criadas
antes da reforma feita por Haydn e
symphony para a nova estrutura
musical. Assim, no original, a
Wikipédia anglófona, o texto reza:
Entre tais recursos que foram
utilizados por Haydn estava, por
exemplo, a possibilidade de começar
com uma lenta introdução o primeiro
dos quatro movimentos desse novo
modelo. Mas a composição
resultante não era mais chamada
sinfonia (pelo menos fora da
Espanha e da Itália). Nascia assim a
symphony. (N.T.)
2. Uma vez que no texto original, em
inglês, a diferença da grafia entre os
dois significados parece relevante, a
grafia em inglês, symphony, sempre
será citada entre parêntesis para
ajudar a identificar a diferença
pretendida pelo autor do original.
(N.T.)
Sinfonias por número
N.º 0 | N.º 1 | N.º 2 | N.º 3 | N.º 4 | N.º 5 |
N.º 6 | N.º 7 | N.º 8 | N.º 9 | N.º 10
Mais de dez sinfonias: Haydn (104),
Hovhaness (67), Mozart (41), Brian (32).
Ver a lista completa.
Ver também: Sinfonia concertante | Sinfonia
inacabada | Sinfonia para solista | Sinfonia
de câmara

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Sinfonia&oldid=65929654"

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18h03min de 24 de maio de 2023. •
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