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A SINFONIA NO CLASSICISMO

Foi no classicismo que a sinfonia tomou a forma que conhecemos hoje, com
os convencionais quatro movimentos, a forma sonata do primeiro deles, a
multiplicidade de executantes para cada instrumento (ou não), a diversidade de
timbres. Diferentemente do concerto, a sinfonia não dá destaque especial a nenhum
instrumento, sendo que cada um possui várias participações ocasionais. É a música
para orquestra, é o “solo de batuta” do maestro.
Na França, as aberturas eram peças introdutórias de um único movimento,
usualmente na forma A-B-A, onde as seções A têm um andamento lento, normalmente
pomposo, enquanto a seção intermediária, B, era comparativamente fluente e rápida.
Com o tempo, este tipo de abertura passou a ser utilizada por compositores como
Bach e Handel. São assim os movimentos iniciais das famosas Quatro Aberturas para
Orquestra (ou Quatro Suítes Orquestrais) de Bach. No caso, era um movimento
introdutório para uma série de danças.
A abertura italiana era mais semelhante a um concerto de Vivaldi, tendo início
rápido, uma seção lenta e depois um final novamente rápido. Este o padrão de
abertura da ópera italiana. Exemplos desse tipo de sinfonia italiana são as numerosas
aberturas das óperas de Alessandro Scarlatti.
Também no início do século XVIII, os três movimentos da abertura italiana
separaram-se e começaram a ganhar vida independente. Tornou-se uma obra de
concerto sem solistas. Por exemplo, Vivaldi compôs aqueles 477 concertos em três
movimentos dos quais já falamos, mas também sinfonias de 3 movimentos, não muito
diferentes, em espírito, de seus concertos, apenas sem instrumento solista.
Essa ideia de sinfonia italiana com três movimentos como uma composição
orquestral independente tem intersecção com o classicismo: as primeiras sinfonias de
Haydn e Mozart foram compostas nesse formato. Um lindo exemplo de sinfonia em
estilo italiano foi composta por um filho genial de Bach, Carl Philipp Emanuel Bach.
Notem como ela é antecipatória. O primeiro movimento, de tema curto e afirmativo,
parece que nos aponta para Beethoven.
No modelo italiano, foi inserido um quarto movimento entre os dois últimos.
Este movimento adicional foi um minueto, que, até então, tinha sido um movimento
quase obrigatório de uma abertura (suíte) de estilo francês. Também passou a ser
utilizada a forma sonata, principalmente no primeiro movimento, algo que se firmou
como um padrão nas primeiras décadas da sinfonia. Nascia assim a sinfonia clássica.
Desta forma, o classicismo procurou realizar plenamente aquilo que os
últimos compositores barrocos já aspiravam: a criação de uma arte abstrata,
equilibrada, perfeita e absoluta.
Deste modo, o modelo clássico da sinfonia dividia-se então em 4 partes: O
primeiro movimento pode ser uma música de caráter ligeiro, um allegro por exemplo.
Alguns primeiros movimentos possuem uma curta introdução de caráter mais grave. O
segundo movimento é a parte lenta e reflexiva da obra. O terceiro movimento é
conhecido como minueto. É a música mais dançável da obra. O quarto e último
movimento (finale) tem características semelhantes à do primeiro movimento, mas
aqui o caráter é habitualmente triunfante, daquele tipo que busca o aplauso. Sim, há
que considerar o ambiente dos concertos.
O compositor mais representativo do espírito clássico foi Haydn (1732-1809),
autor de uma obra vastíssima, na qual as possibilidades musicais da Sinfonia foram
exploradas com grande riqueza inventiva.
O Classicismo já estava maduro quando se destacou no cenário musical a
figura de Wolfgang Amadeus Mozart, cuja obra é considerada por alguns como a
maior de todo o século XVIII. Ele foi um compositor eminentemente clássico, isto é, do
período clássico. Entretanto, muitas das suas peças, em especial as últimas,
antecipam a música que depois surgiria com Beethoven.

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