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Turma 12ªA, n.

º 1

O papel de João Domingos Bomtempo


no fomento da música em Portugal

Trabalho realizado para a disciplina de


História das Artes
Docente: Dr.ª Maria Mosa

Novembro de 2023

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Índice:

Introdução……………………………….………………………………………………….…..3

1 – João Domingos Bomtempo……………………………………………………………..4

1.1 – Raízes de João Bomtempo……………………………......………………...………..4

2 – Viagens Pela Europa……………………………………………………………………...5

2.1 – Época em Paris………………………………………………………………...………..5


2.2 – Época em Londres……………………………………………………………………...6
2.3 – Regresso a Portugal………………………………………………….………………...7
2.4 – Viagens por Londres, Lisboa e Paris………………………………………………..8

3 – Acontecimentos Políticos em Portugal………………….……………………….….10

3.1 – Época Liberal……………………………...………………………………………..….10


3.2 – Época Absolutista……………………………………………………….…………….11
3.3 – Revolução Liberal……………………….…………………………………………….11

Conclusão …………………………………………………………………………………….13

Bibliografia/Webgrafia …………………………………………….………………………..14

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Introdução

O Romantismo tem uma visão cética, crítica e pessimista sobre o seu tempo. A
crítica ao presente resultou na exaltação do passado, sobretudo do período medieval.
Este movimento é caracterizado pelo sentimentalismo, o sonho e o idealismo.
Com este movimento, aparecem novas formas de se fazer música e novos
compositores.
É neste contexto que surge a figura de João Domingos Bomtempo, um
compositor que se destacou pela sua qualidade no piano, as suas composições, e o
seu trabalho pedagógico
Este trabalho pretende apresentar o compositor, a sua história de vida e o seu
trabalho ao long desta. Está dividido em 3 capítulos distintos, mas que se interligam:
um primeiro capítulo acerca da sua biografia e estilo musical; um segundo capítulo, no
qual se destacou a Toccata; o último capítulo, dedicado à Canzone.
O trabalho realizado no âmbito da disciplina de História das Artes pretendeu ser
mais um contributo para o estudo de compositores importantes que marcaram a
história da música e eternizaram o seu nome.

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1 – João Domingos Bomtempo

Neste ponto irá apresentar-se brevemente as origens de João Domingos


Bomtempo, como também o contexto em que se encontrava e as suas influências.

1.1 – Raízes de João Bomtempo

João Domingos Bomtempo foi um compositor e pianista célebre, nascido em


Lisboa a 28 de dezembro de 1775. Era filho de Francesco Saverio Buontempo, oboísta
italiano que veio para Portugal a serviço do rei D. José, na Capela Real, e de Mariana
da Silva Bomtempo, uma mulher lisboeta.
João Bomtempo dedicou-se à música desde bastante cedo: aprendeu a tocar
oboé, sob direção paterna, e estudou piano e contraponto com os mestres do
Seminário Patriarcal, tais como o professor João de Sousa Carvalho. A 9 de julho de
1789, foi admitido na irmandade de Santa Cecília, como cantor na Bemposta.
Com o falecimento do seu pai em 1795, e o novo cargo de sustentar a sua
família, João Domingos Bomtempo substituiu o lugar do seu pai como oboísta na
Capela Real, posto que manteve até 1801.

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2 – Viagens pela Europa

Neste ponto irá apresentar-se os acontecimentos decorridos no percorrer das


viagens e estudos do compositor, relacionando estes com o estilo e obras do
compositor.

2.1 – Época em Paris

Com desejo de melhorar o seu engenho, e graças à reduzida turbolência política


após o tratado de Badajoz, resolveu estudar no estrangeiro. Ao contrário de muitos
músicos portugueses que estudavam música na Itália, Bomtempo decidiu ir para
França, para conseguir triunfar como pianista virtuoso e compositor de música
instrumental, virando costas à música operática.
Em 1801, Bomtempo viajou para Paris, levando consigo apenas algum ouro, e
uma carta de recomendação do barão Geraldo Venceslau Braamcamp.
Esta época foi ideal para os seus planos: em Paris, situava-se uma numerosa
colónia portuguesa, composta por exilados, que espalhavam ideiais liberais; e era,
precisamente, uma época de reconstituição social francesa, favorável aos artistas, que
trabalhavam nos salões parisienses, onde se reunia a burguesia e aristocracia.
Nesta nova cidade, Bomtempo interage com artistas reconhecidos e virtuosos,
tais como Libon, Field, Cramer e Dussek, entre outros. Sendo pianianista apto e
naturalmente habilidoso, acabou por se integrar facilmente na cena artística parisiense.
Em 1802, chegou a Paris o professor Muzio Clementi, acompanhado do seu
discípulo John Field. Bomtempo identifica-se profundamente com o estilo de Clementi,
que vai marcar e influenciar a sua forma composicional.
Três anos após a sua chegada, João Bomtempo deu um concerto na Sala
Olímpica, uma das mais elegantes e relevantes salas onde se poderia tocar. Este
espetáculo foi objeto de críticas favoráveis e positivas.
Em Paris, publica a sua primeira composição: uma sonata dedicada a D. Carlota
Joaquina, “Grande Sonate pour piano, em Fá M, op.1”; também compôs, de seguida,

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“Concerto nº1, em mi bemol, para piano e orquestra”, e “Concerto nº2 em fá menor,
para piano e orquestra”; e, em 1809, compôs a sua “Sinfonia nº1”, que foi muito bem
recebida pelo público e pelos críticos da época.
Inicia-se, com todas estas conquistas, um período de grande notoriedade para
Bomtempo, especialmente como pianista, e compositor. Afirma-se, então a sua
popularidade em Paris.
As Invasões Napoleónicas à Península Ibérica comprometeram a sua estadia
em França, razão pela qual abandona Paris em 1810, e parte para Londres.

No link abaixo, pode apreciar-se uma obra intitulada “Concerto nº1, em Mib, para
Piano e Orquestra” de João Domingos Bomtempo. Esta foi uma das suas primeiras
composições, e teve uma clara inspiração nas obras de Muzio Clementi.
https://youtu.be/E9fiCFt5DPs?si=okPXUW5CwnlXKEh4

2.2 – Época em Londres

Em outubro de 1810 chegou a Londres, onde foi brilhantemente recebido,


fazendo várias amizades, e atingindo uma alta consideração, tanto na colónia
portuguesa, como também nas principais famílias inglesas. João Bomtempo vai ser
apreciado pela duquesa de Hamilton, cuja filha foi sua aluna.
O seu contacto com Muzio Clementi torna-se mais frequente e é na editora do
músico italiano que Bomtempo publica a maior parte das suas obras.
A sua primeira composição impressa em Londres foi um conjunto de variações
sobre o tema de Paesiello, intitulada “Nel cor piú non mi sento”. Imprimiu-se, mais
tarde, o seu “Concerto nº3”, e o capricho e variações sobre o hino inglês,
intitulado “Capricho e Deus salve o Rei”. Publicou, também, as suas
primeiras três grandes sonatas para piano forte, “Grandes Sonatas para piano Op. 9
(3)”.
Quando chegou a Londres a notícia de que o exército português tinha,
finalmente, expulsado as tropas francesas, o embaixador português, D. Domingos de

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Sousa Coutinho, quis celebrar com uma grande festival. Esta foi realizada a 13 de maio
de 1811, no dia do aniversário de D. João VI, de forma a homenageá-lo. Bomtempo
compôs, para a festa, uma cantata, intitulada “Hino Lusitano”, cuja poesia foi escrita
pelo doutor Nolasco da Cunha. Esta cantata teve um enorme sucesso, sendo ouvida e
aplaudida pela mais alta sociedade inglesa. O hino imprimiu-se com o
título: “Hino lusitano consagrado à gloria de Sua Alteza Real o Príncipe Regente de
Portugal e da Nação Portuguesa”. Em seguida a esta festa, Bomtempo deu um grande
concerto público, onde se executou o hino pela segunda vez. O período em que
permaneceu em Londres foi incrivelmente fértil quanto às suas produções e
composições.
Em 1813, Bomtempo torna-se um dos primeiros 25 membros associados da
recém-criada Sociedade Filarmónica de Londres.
Com o fim do perigo napoleónico, e a reorganização da Europa com o
Congresso de Viena de 1815, Bomtempo ganha a liberdade de circular sem quaisquer
constrangimentos entre Paris, Londres e Lisboa.

No link abaixo, pode apreciar-se uma obra intitulada “Hino Lusitano” de João
Domingos Bomtempo. Esta é uma das suas obras mais conhecidas, e ajudou
Bomtempo a ganhar ainda mais relevância e popularidade na Inglaterra.
https://youtu.be/9VgRjL1gWUg?si=xcL_SfPnCghJb20V

2.3 – Regresso a Portugal

Com a nova possibilidade de viajar, João Bomtempo regressou a Portugal a


1815, pois este encontrava-se, finalmente, em sossego, graças ao fim da Guerra
Peninsular. Porém, ao contrário das suas expetativas, o seu país natal encontrava-se
numa situação de miséria, e o músico tornou-se inquieto pela situação política,
focando-se nesta invés dos seus talentos.
Para solenizar o facto de Fernando VII ter sido reintegrado no trono, o cônsul
espanhol de Lisboa organizou uma festa diplomática, a 30 de maio de 1814. Ele

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convidou Bomtempo para compor e dirigir uma cantata alegórica, intitulada “A Paz da
Europa, Cantata, Op. 17”. Durante este curto período em Portugal, Bomtempo
apresentou-se em público apenas nesta festa.
Preocupado com o desconhecimento da música instrumental e a lacuna na
cultura musical em Portugal, ele tenta reproduzir, em Lisboa, a célebre Phillharmonic
Society londrina, estabelecida em 1812. Em Portugal, esta ainda não vai ser realizada,
apesar das várias tentativas para a sua criação.
O ambiente vivido em Portugal torna-se mais negativo e pessimista, devido à
ausência da Corte portuguesa no Brasil, à intromissão inglesa na política portuguesa, e
o agravamento da repressão contra a Maçonaria Portuguesa e os princípios liberais.

2.4 – Viagens por Londres, Lisboa e Paris

Bomtempo voltou, consequentemente, para Londres, onde publicou algumas


obras, entre as quais, “Três Sonatas para Piano e Violino. Op. 18”, “Quinteto para piano
Op. 16”, “Sinfonia n.º 1 Op. 11”, uma valsa, uma marcha, e um método de piano com o
título: “Elemento de música e método de tocar piano forte, com exercícios em todos os
géneros, etc., obra oferecida à nação portuguesa”. Esta torna-se uma das suas
principais obras pedagógicas, dedicada à população portuguesa.
No mesmo ano, em 1816, regressou a Lisboa, onde viveu com dificuldades
durante dois anos, devido ao luto de D. Maria I. Após este extensivo luto, tentou
apresentar um concerto, porém, nunca chegou a realizá-lo.
Com uma grande instabilidade política em Portugal, deixou, uma vez mais, a
pátria em 1818, e fixou-se em Paris, onde publicou a sua “obra-prima”: o Requiem à
memória de Camões. Este é executado pela primeira vez a 1819, num concerto
particular na capital francesa.
Bomtempo permanece com uma enorme popularidade na Inglaterra, razão pela
qual volta nesse mesmo ano para Londres.

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No link abaixo, pode apreciar-se uma obra intitulada “Requiem em Dó menor,
Op. 23” de João Domingos Bomtempo. Esta foi uma das suas composições mais bem
recebidas e reconhecidas, sendo considerada, por vários, a sua “obra-prima”, e, desta
forma, um dos seus principais marcos na música.
https://youtu.be/ujK2SFZLv24?si=sd5y-rRRnBl8VgbD

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3 – Acontecimentos Políticos em Portugal

Neste ponto irá ser explorada a forma como o contexto político português afetou a
vida e os projectos planeados do compositor.

3.1 – Época Liberal

Bomtempo regressou, novamente, a Lisboa, no ano de 1820, na sequência do


movimento liberal em Portugal.
Ele apresentou-se na sessão das cortes, a 9 de março de 1821, onde
presenteou ao Soberano Congresso uma nova missa composta em homenagem à
regeneração portuguesa. Esta não foi impressa, porém, foi cantada na Igreja S.
Domingos, na festa do Juramento das Bases da Constituição, a 28 de março de 1821.
No dia 20 de outubro de 1821, celebrou-se uma missa em memória de Gomes
Freire de Andrade, um prestigiado general e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa, e
dos supliciados de 1817, para a qual Bomtempo escreveu uma nova missa de requiem.
Bomtempo tornou-se o músico e compositor favorito da Corte e de D. João IV,
sendo escolhido para dirigir a parte musical no enterro de D. Maria I, quando os seus
restos mortais chegaram à Basílica da Estrela.
Com novas condições favoráveis, Bomtempo conseguiu, finalmente, instituir
uma Sociedade Filarmónica, como a de Londres. Instalou-se numa casa da rua Nova
do Carmo, e, começando em agosto de 1822, iniciou uma primeira série dos notáveis
concertos periódicos. Nestes concertos, fazia-se grandes serviços à arte,
desenvolvendo o gosto pela boa música, e agrupando um conjunto de excelentes
amadores, estimulando a sua evolução musical. A sociedade teve um rápido
desenvolvimento.

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3.2 – Época Absolutista

Infelizmente, o projeto da Sociedade Filarmónica vai ser colocado de lado, pois a


sua atividade é proibida ao fim de quatro concertos, em resultado da Vilafrancada de D.
Miguel. Porém, esta é retomada em 1824, por influência dos seus apoiantes entre a
alta nobreza e a burguesia, tanto liberais como absolutistas, realizada numa parte do
palácio do Duque de Cadaval, denominado Palácio Velho. Inscreveram-se como sócios
muitas pessoas da alta sociedade, tais como os duques de Cadaval e de Latões,
condes de Subserra, marqueses de Palmela, e muitos outros.
O repertório tocado incluía, para além das obras do próprio Bomtempo, peças de
câmara de Boccherini, Hummel e Pleyel, assim como sinfonias de Haydn, Mozart e
Beethoven, e aberturas de Rossini. Na orquestra, os músicos amadores apareciam
lado a lado com os profissionais.
Estes concertos foram interrompidos em 1824, devido à Abrilada, e terminaram
definitivamente em Março de 1828, graças à dissolução das cortes e governo absoluto
de D. Miguel.
Bomtempo foi obrigado a refugiar-se no Consulado da Rússia após participar
nas archotadas (rebeliões populares), pois a sua integridade física estava a ser
seriamente ameaçada. O cônsul, Carlos de Razewich, que era seu amigo íntimo,
manteve-lo em segurança até ao restabelecimento do regime constitucional, com as
forças liberais de D. Pedro.

3.3 – Revolução Liberal

Com a vitória liberal de 1834, Bomtempo é nomeado por D. Pedro IV como


Professor de D. Maria II e condecorado com a Comenda da Ordem de Cristo.
Em 1836, é criado, sob inspiração de Almeida Garrett, o Conservatório Geral de
Arte Dramática, sendo entregue a Bomtempo o posto de diretor e professor de piano do
Conservatório de Música, mantendo-se ainda como chefe da Orquestra da Corte.

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Neste conservatório, implantou um novo e avançado modelo de pedagogia musical
contando para isso com o recurso aos métodos do seu amigo Muzio Clementi.
Seguiu-se um período de intensa atividade pedagógica e preocucupação com a
instituição, a sua nova escola.
Realizou-se a 7 de agosto de 1842, na igreja dos Caetanos, uma solenidade em
que os professores e os alunos executaram uma festiva missa escrita por Bomtempo,
dirigida pelo mesmo. Esta foi a sua última manifestação artística, porque, dez dias
depois, faleceu, vítima duma apoplexia.
Em Lisboa causou a maior consternação a sua morte, fizeram-se pomposas
exéquias, e D. Maria II deu ordem que o féretro fosse conduzido em coche da Casa
Real. Em 5 de novembro o Conservatório celebrou também solenes exéquias na igreja
dos Caetanos, executando-se a missa de requiem, que Bomtempo consagrara à
memória de Camões, e o libera-me, que escrevera para as exéquias de D. Pedro IV.

Conclusão

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João Domingos Bomtempo foi uma figura extremamente para a música em
Portugal por vários motivos: por um lado, as suas composições de música instrumental,
sinfónica e de câmara de imensurável qualidade alargaram o panorama musical
português, que, nesta época, encontrava-se dominado pela ópera italiana, sendo ele
um dos únicos compositores portugueses de música instrumental no XIX; por outro
lado, Bomtempo também foi defensor dos valores portugueses e na sua obra há uma
valorização da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa; e, finalmente,
Bomtempo foi um dos principais reformadores da música portuguesa, não só através
da criação do Conservatório de Música, que revolucionou completamente o ensino da
música em Portugal, havendo mais acessibilidade e meios, mas também através da
criação da Sociedade Filarmónica, pioneira na divulgação de música instrumental, e
que ajudou muitos músicos amadores a melhorar as suas habilidades e a integrar-se
na cena musical em Portugal.
João Bomtempo foi um pianista virtuoso, um compositor à frente do seu tempo,
e revolucionário quanto ao ensino de música em Portugal.

Bibliografia/Webgrafia

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https://www.arqnet.pt/dicionario/bomtempojd.html
https://capeiaarraiana.pt/2016/12/17/joao-domingos-bomtempo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Domingos_Bomtempo
https://www.editions-ava.com/pt/jo%C3%A3o-domingos-bontempo-1771-1842
https://grandpianorecords.com/Composer/ComposerDetails/16534
Nery, Rui Vieira; Castro, Paulo Ferreira (1991). "Síntese da Cultura Portuguesa -
História da Música". Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa.
Brito, Manuel Carlos; Cymbron, Luísa (1992). "História da Música Portuguesa".
Universidade Aberta, Lisboa.
PowerPoint “Romantismo”

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