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Língua Portuguesa
modalidade a distância
1
Disciplina
Psicologia
da Aprendizagem
Licenciatura em Letras
2 Língua Portuguesa
modalidade a distância
MATERIAL DIDÁTICO
ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO
Laura Maria Silva Araújo Alves
REVISÃO
Maria Risolêta Silva Julião
COORDENAÇÃO DE EDIÇÃO
Maria Cristina Ataide Lobato
IMPRESSÃO
Gráfica Universitária - UFPA
Disciplina
Psicologia
da Aprendizagem
Belém-Pa
2014
volume 15
Licenciatura em Letras
4 Língua Portuguesa
modalidade a distância
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Aloizio Mercadante Oliva
VICE-REITOR
Horácio Schneider
SUMÁRIO
Unidade 1 – Processos de aprendizagem ..... 9
Atividade 1 – Conceiros, características e tipos de aprendizagem ..... 11
Atividade 2 – Maturação e aprendizagem ..... 17
Atividade 3 – Motivação e aprendizagem ..... 25
APRESENTAÇÃO
Caro (a) aluno (a),
Psicologia da Aprendizagem é uma disciplina que faz parte do sexto módulo do
Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa – na Modalidade a Distância.
Esta disciplina, que tem uma carga horária de 68 horas, centra-se em conhecer os
processos de aprendizagem; as várias abordagens que deram surgimento às teorias da
aprendizagem (Skinner, Bandura, Gagné, Piaget, Ausubel, Bruner, Rogers e Vygotsky);
o multicuturalismo, a aprendizagem e o desenvolvimento humano. Na última unidade,
você vai conhecer a linguagem, a rede de significações e as culturas infantis.
Estão previstas 20 horas por semana para você proceder à leitura do material
didático, ao estudo dos conteúdos, ao desenvolvimento dos exercícios. O seu bom
desempenho neste ou em qualquer módulo do curso depende, em parte, da sua capacidade
de se disciplinar. Não deixe de participar dos encontros com seu tutor e com os colegas,
pois essas interações são imprescindíveis ao alcance sucesso no processo de ensino
aprendizagem. Portanto, organize-se.
Bom estudo!
Licenciatura em Letras
8 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
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PROCESSOS
DE APRENDIZAGEM
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modalidade a distância
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
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CONCEITOS,
CARACTERÍSTICAS E TIPOS
DE APRENDIZAGEM
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12 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• conhecer os conceitos de aprendizagem;
• distinguir os tipos de aprendizagem;
• identificar as características da aprendizagem.
psicomotora e afetiva. Veja o esquema ao lado sobre a dinâmica • Aprendizagem refere-se à mudança
no comportamento de um sujeito
de interação desses três elementos da aprendizagem.
a uma determinada situação.
• Aprendizagem pode ser definida
Dinâmica da interação entre como um processo de construção
os elementos da aprendizagem e de assimilação de uma nova resposta.
• Aprendizagem é uma modificação
no desempenho que ocorre em função
da prática.
• Aprendizagem é um processo que
se manifesta por meio de mudanças
adaptadas no comportamento
individual.
• Aprendizagem pode ser definida
como um processo de construção
e de assimilação de uma nova resposta.
APRENDIZAGEM
forma não-mecânica, por exemplo, uma data histórica, são
Como exemplo de aprendizagem
necessárias as causas e as consequências deste fato histórico
cognitiva podemos citar atividades
desenvolvidas pelo sujeito para que o sujeito reelabore o conhecimento a ser adquirido.
cotidianamente: ler um livro, fazer um
Aprendizagem Psicomotora é aquela que envolve
cálculo, tocar um instrumento musical,
teclar um computador, entre outras. respostas musculares adquiridas mediante treino e prática.
Um exemplo de aprendizagem Há, de fato, aprendizagens em que é importante à aquisição
psicomotora: quando uma criança de habilidades psicomotoras. A aprendizagem psicomotora
começa a aprender a escrever é aquela em que o sujeito utiliza o desenvolvimento motor
percebe-se que todo o seu corpo fica
na aprendizagem, que pode ser classificado em dois tipos:
tenso, seus dedos tornam-se rígidos,
agarrando o lápis com muita força; primário e secundário. O tipo primário inclui os movimentos
observa-se, que só com a prática globais do corpo, como andar, saltar, atirar, nadar, correr,
os movimentos ficam mais flexíveis entre outros; já o secundário envolve o controle de músculos
e mais delicados. Portanto,
menores, como escrever e usar instrumentos que exigem a
determinadas aprendizagens
exigem o envolvimento coordenação dos músculos.
de aspectos psicomotores.
Aprendizagem Afetiva é aquela que resulta de sinais
Entre as diversas aprendizagens
internos ao indivíduo e pode ser identificada como experi-
afetivas podemos destacar as
preferências por determinados ências, tais como prazer e dor, satisfação ou descontenta-
atividades como: esportes, cinema, mento, alegria ou ansiedade. Algumas experiências afetivas
leituras, músicas, entre outras. acompanham sempre as experiências cognitivas, portanto
a aprendizagem afetiva é concomitante com a cognitiva. A
aprendizagem afetiva, que é também conhecida como apren-
dizagem apreciativa e aprendizagem emocional, compreende atitudes e valores sociais,
definidos por gostos, preferências, simpatias, costumes, crenças, hábitos e ideais. Todo ser
humano busca em suas aprendizagens o envolvimento de emoções que lhe proporcione
prazer e satisfação.
exercício
1. Elabore uma pesquisa, em bibliotecas e na internet, sobre os diversos conceitos de
aprendizagem.
4. Sugerimos que você assista ao filme “Nenhum a Menos”, vencedor do festival de Veneza
de 1999, e faça as atividades que se propõe a seguir:
a) relacione as atitudes da personagem central com os tipos de aprendizagem;
b) descreva os comportamentos das personagens considerando as características da
aprendizagem.
Licenciatura em Letras
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modalidade a distância
bibliografia
bock, Ana Maria, gonçalves, Mª Graça & furtado, Odair (orgs.). Psicologia Sócio-Histórica:
uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
campos, Dinah Martins de S. Psicologia da Aprendizagem. São Paulo: Vozes, 1987.
moreira, Marco Antônio. Ensino Aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo: Editora
Moraes, 1987.
netto, Samuel Pfromm. Psicologia da Aprendizagem e do ensino. São Paulo: Editora da usp, 1987.
resumo da atividade 1
Como o objetivo de apresentar os conceitos de aprendizagem, nesta atividade
aprendemos que o ser humano desde o nascimento aprende a conviver com as outras
pessoas; aprende os valores culturais; aprende a desempenhar papeis sociais; aprende a
usar instrumentos e signos construídos historicamente pelo ser humano; aprende a ter
desejos e interesses. Nesse sentido, a aprendizagem envolve o uso e desenvolvimento de
todas as capacidades e potencialidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e afetivas.
Abordamos ainda, nesta atividade, que a aprendizagem — um processo importante para
o desenvolvimento do sujeito — abrange aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores.
Destacamos também que a aprendizagem humana apresenta algumas características
básicas como: dinâmica, contínua, global, pessoal, gradativa e cumulativa.
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
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MATURAÇÃO
E APRENDIZAGEM
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Licenciatura em Letras
18 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você terá capacidade de
• conhecer a abordagem maturacionista;
• identificar as matrizes inatista - maturacionistas;
• distinguir os princípios da abordagem inatista - maturacionista.
resolver todos os testes propostos para cada idade, sua inteligência seria considerada
normal. Se ela resolvesse tarefas para crianças com mais idade, seu qi estaria acima da
média. E, se, ao contrário, ela acertasse questões propostas a crianças de menor idade,
sua inteligência seria considerada abaixo da média.
Essas habilidades, segundo Binet, não podem ser aprendidas, mas, ao contrário,
são biologicamente determinadas. Portanto, a inteligência é vista com atributo fixado
pela hereditariedade.
aqueles comportamentos que, numa determinada idade, pudessem ser tomados como
indicadores do nível de inteligência da criança, ou seja, a evolução dos comportamentos
considerados típicos não o interessaram, mas sim a capacidade da criança de realizar as
tarefas na idade tida como adequada.
exercício
1. Analise a seguinte afirmativa: “Os fatores biológicos (hereditariedade e maturação) são
mais decisivos na determinação da inteligência e do desenvolvimento do que os fatores
externos ou do contexto social em que vivem as crianças”.
2. Parafraseando o ditado popular “filho de peixe, peixinho é”, o que você acha da abor-
dagem do inatista - maturacionistas de que uma criança que é filha, neta ou sobrinha
de músico apresenta inclinação e facilidades para aprender música. Você acha que tal
aptidão existe porque a criança herdou ou porque foi educada num ambiente que favo-
receu contato com a música?
3. Leia o livro “A Terra dos Meninos Pelados”, de Graciliano Ramos. Neste livro, o refe-
rido autor conta história de um menino considerado diferente. Após a leitura, procure
desenvolver as seguintes atividades:
a) exponha as diferenças sentidas pelo menino;
b) apresente as consequências dessas diferenças na vida do menino.
bibliografia
binet, a.; simon, t. Testes para medida do desenvolvimento da inteligência nas crianças. São
Paulo: Editora Companhia Melhoramentos, 1929.
gesell, Arnold. Criança dos 5 aos 10 anos. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
______. O jovem dos 10 anos aos 16 anos. Lisboa: Publicação Dom Quixote, 1996.
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
23
resumo da atividade 2
Nesta atividade procuramos destacar que, para a abordagem inatista - matura-
cionista, a aprendizagem depende do desenvolvimento, ou seja, que o sujeito é capaz ou
não de aprender é determinado pelo nível de maturação de suas habilidades. A ideia é
que o sujeito é portador de atributos universais. Verificamos também que a maturação,
aptidão, inteligência são temas destacados pelos inatistas - maturacionistas, que atribuem
um papel central a fatores biológicos no desenvolvimento do sujeito. Aproveitamos para
destacar os estudos em psicologia desenvolvidos no início do século xx pelos pesquisa-
dores Alfred Binet e Arnold Gesell.
Licenciatura em Letras
24 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
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MOTIVAÇÃO
E APRENDIZAGEM
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Licenciatura em Letras
26 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• compreender a importância da motivação na aprendizagem;
• identificar os processos motivacionais;
• verificar a relação da motivação com o ensino-aprendizagem.
O ser humano vive uma constante busca de satisfazer suas vontades, e isso que o
motiva nas suas variadas atividades desde que as estas lhe sejam interessantes. A motivação
como algo interior a cada pessoa, pois o grau de satisfação ou insatisfação faz parte dos
sentimentos e emoções de cada sujeito.
Cada sujeito executa suas ações de maneira única, pois estas estão marcadas pela
personalidade de cada ser. O modo como cada um desempenha uma tarefa é particular,
Unidade 1
Processos de
Aprendizagem
27
pois cada pessoa possui estratégias próprias, ou seja, ninguém pratica de forma idêntica
uma mesma ação, em visa que as pessoas têm suas experiências individuais que irão
exercer forte influência no desenvolvimento das ações. Cada sujeito tem o seu perfil de
motivação, de modo que certos impulsos são particularmente fortes, ou seja, se o sujeito
aprendiz gosta de determinado objeto ou situação mais ele sentirá prazer com esses ob-
jetos e situações e tentará se afastar do que não lhe desperta interesse.
Para a Psicologia da Motivação, todo sujeito dispõe de certos recursos pessoais, que
são: tempo, energia, talentos, conhecimentos e habilidades. Estes poderão ser investidos
numa certa atividade e esse investimento pessoal recairá sobre esta atividade escolhida
e será mantido enquanto os fatores motivacionais estiverem atuando. A motivação tem
a ver com a importância ou o valor que a pessoa enxerga nas atividades que irá realizar.
motivação de sobra, proveniente de seu instinto e da fisiologia que lhe cobra nutrição
e dos afetos expressos pelo choro, por vezes intensos e fortes, e pelos movimentos mais
bruscos de braços e pernas.
Teorias psicológicas constatam que o aluno que entra na escola com medo do fracas-
so tende a desencadear sentimento de insegurança. À medida que passa a ter no fracasso
a sua “marca registrada”, o aluno desenvolve uma autopercepção negativa de si mesmo.
Experiências sistemáticas de insucesso causam no aluno um autoconceito que obedece
a um processo de internalização que está relacionada com o mundo externo, isto é, com
pessoas ou situações sociais. Com a continuação do contato e com o passar do tempo,
esse processo, que era interpessoal, passa a ser internalizado, tornando-se intrapessoal.
O conhecimento que o sujeito faz de si não é inato, ou seja, não nascemos com
o conceito pronto de nós mesmos. Ao contrário, ele é construído e definido ao longo
do desenvolvimento do sujeito graças às experiências de sucessos e fracassos vividas no
ambiente familiar, escolar e social. Em outras palavras, a criança, nos primeiros anos
Licenciatura em Letras
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modalidade a distância
de vida, recebe a informação sobre si dos pais e dos familiares próximos; no entanto, à
medida que a criança cresce e amplia seu círculo de relações aparecem outras pessoas
significativas que influenciam paulatinamente suas informações sobre si.
O descontentamento com o trabalho docente tem sido cada vez mais acentuado,
o que acarreta nos professores algum problema de saúde relacionado à profissão, como:
dor de garganta e fadiga mental, além de inúmeros problemas de relacionamento com os
alunos em sala. Sabe-se que os fatores que levam professores e alunos a terem autoestima
baixa não são tão óbvios como se poderia supor. O fato de os sujeitos se auto atribuírem
ou de se rotularem alguém como tendo uma autoestima baixa precisa ser visto com
muito cuidado.
A relação entre a autoestima e a evasão vem sendo investigada há alguns anos por
diversos pesquisadores da educação e da psicologia. Os estudos indicam que os alunos
evadidos tendiam a ter autoestima mais baixa do que os que ficavam. Outra pesquisa
constatou que, entre os sete principais fatores que concorrem para a evasão escolar, quatro
estariam relacionados com autoestima. Alunos evadidos tendiam a cultivar o sentimento
de que lhes falta inteligência ou habilidade para se sair bem nos estudos e apresentavam
um nível baixo de autoestima. Com relação ao professor, por sua vez, apesar de complexo,
o problema apresenta elementos que permitem algumas inferências.
exercício
1. Converse com alguns professores e alunos do 4º ano. Pergunte-lhes como veem a
motivação na escola, ou seja, o que eles gostam e não gostam na escola. Anote as res-
postas. Confronte o que pensam os alunos e professores sobre as motivações intrínsecas
e extrínsecas. A seguir, apresente os fatores que ambos apontam como problemáticas
motivacionais para a aprendizagem.
2. Assista aos filmes “Ao Mestre com Carinho” e “A Sociedade dos Poetas Mortos” e
elabore um texto reflexivo sobre a motivação no processo ensino - aprendizagem.
bibliografia
birch, David; veroff, Joseph. Motivação. São Paulo: Herder, 1970.
coll, César; marchesi, Álvaro; palácios, Jesús & Colaboradores. Desenvolvimento
psicológico e educação: psicologia da educação escolar. 2 edição. Porto Alegre: Artmed, 2004.
filho, Geraldo Francisco. A psicologia no contexto educacional. São Paulo: Editora Átoma, 2002.
lipp, Marilda. O stress do professor. Campinas, São Paulo: Papirus, 2002.
______. Ensino Aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo: Editora Moraes, 1987.
moysés, l. A auto-estima se constrói passo a passo. Campinas, São Paulo: Papirus, 2001.
Licenciatura em Letras
32 Língua Portuguesa
modalidade a distância
resumo da atividade 3
Por meio desta atividade procuramos discutir que a motivação humana pode
se intrínseca e extrínseca. A motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de
determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de
alguma forma, geradora de satisfação. A motivação extrínseca tem sido definida como
a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, para a ob-
tenção de recompensas (materiais e sociais), de reconhecimento, objetivando atender
aos comandos ou pressões de outras pessoas, ou demonstrar competências. Discutimos
ainda que a motivação para aprender é um fator de grande importância no processo
ensino - aprendizagem e é um problema que preocupa os educadores em todos os níveis
de ensino. Uma parte importante dessa motivação reside no interesse do sujeito em
satisfazer seus desejos e habilidades.
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
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u n i d a d e 2
TEORIAS
DA APRENDIZAGEM
Licenciatura em Letras
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modalidade a distância
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
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ABORDAGEM
COMPORTAMENTISTA
(SKINNER, BANDURA E GAGNÉ)
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Licenciatura em Letras
36 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você estará preparado para
• conhecer os princípios que fundamental a abordagem comportamentista;
• identificar os princípios das teorias comportamentistas;
• identificar a visão de aprendizagem de Skinner, Bandura e Gagné.
teoria comportamentista
Como já foi abordado na unidade 1, o conceito de aprendizagem, não é tão simples
como se pensa. Há diversas concepções de aprendizagem, ou seja, há controvérsias básicas
entre as várias teorias psicológicas que procuram explicar os processos de aprendizagem
e mostrar sua contribuição para a educação.
b. f. skinner
B. F. Skinner, psicólogo americano comumente tido como o fundador
do Behaviorismo, foi o mais famoso representante desta corrente da psi-
cologia, fundada por seu compatriota John Watson. Skinner nasceu em
20 de março de 1904 na pequena cidade de Susquehanna, na Pensilvânia.
Seu pai era advogado e sua mãe uma mulher de personalidade forte que
o criou segundo padrões muito exigentes de educação. Graduou-se em
língua inglesa no colégio de Hamilton, no Norte do Estado de Nova York,
onde não se adaptou muito bem, por ser avesso ao jogo de futebol e a
encontros sociais. Escrevia no jornal da escola com manifesto radicalismo,
atacando professores e colegas estudantes, e inclusive criticando a própria
escola, proclamando que era ateu, apesar de estar em uma Universidade
onde a presença diária ao serviço religioso na capela era uma exigência. Seu ambiente da infância
era estável e não lhe faltou afeto por parte dos familiares. Quando criança e adolescente, gostava
de construir coisas tais como trenós, carrinhos, jangadas, carrosséis, entre outros. Apresentava
interesse pelo comportamento dos animais, mantendo um estoque de tartarugas, cobras, lagartos,
sapos e esquilos listrados. É influenciado pela teoria dos reflexos condicionados de Ivan Pavlov
e pelas ideias de John B. Watson sobre a teoria do reforço positivo e negativo do behaviorismo.
Um de seus livros O Comportamento dos Organismos foi considerado “um dos poucos livros
que mudaram a face da Psicologia moderna”. Doutorou-se em Harvard, em 1931, e depois de
alguns anos lecionou na Universidade de Minnesota e na Universidade de Indiana, da qual foi
presidente. Regressou a Harvard como professor e pesquisador em 1947. Desenvolveu trabalhos
de aplicação tecnológica dos princípios da análise experimental do comportamento no campo do
ensino e no trabalho psicoterapêutico. Skinner morre em 1990, aos 86 anos.
Para Skinner, o reforço é toda consequência que, seguido de uma resposta, altera
a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. Assim, o reforço pode ser positivo
ou negativo. O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura
resposta que o produz. O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade
da resposta que o remove. Os chamados reforços negativos devem ser usados para des-
timular certos comportamentos, como, por exemplo, repressões e ameaças. O reforço
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
39
Para Skinner, cabe ao professor criar passo a passo as etapas de ensino de maneira
gradual evitando assim que a aprendizagem não seja cansativa ou enfadonha. Em ou-
tras palavras, quer dizer que não se deve dar um passo tão grande que o aprendiz fique
desorientado ou não saiba para onde ir, ou onde se perdeu. Ao aprendiz cabe adquirir
os comportamentos desejáveis, fazendo os ajustes necessários para promover a apren-
dizagem de forma adequada.
albert bandura
Nasceu em 1925, em Mundare, uma pequena aldeia no Canadá. Graduou-
-se com o Prêmio Bolocan em Psicologia. Em 1951 e 1952, Bandura re-
cebeu seu diploma de mestrado e doutorado da Universidade de Iowa. A
teoria da Aprendizagem Social de Bandura alcançou projeção nos estudos
do comportamento da criança, na década de 60 do século XX nos EUA.
Ainda hoje esta teoria tem dado contribuições para os estudos de agressi-
vidade e violência na Educação Infantil. É, assim como Skinner, da linha
behaviorista da Psicologia, porém enxerga o comportamento humano
com um viés cognitivo. Enfatiza a modificação do comportamento do
indivíduo durante a sua interação. Para ele, o indivíduo é capaz de aprender também por reforço
vicário (ou aprendizagem vicariante), ou seja, pela observação do comportamento dos outros e de
suas consequências, com contato indireto com o reforço. Entre o estímulo e a resposta, afirma ele,
há também o espaço cognitivo de cada indivíduo. Doutorou-se em 1952 na Universidade do Iowa,
exercendo a partir de então a atividade de professor na Universidade de Stanford. No início da
década de 1960 Bandura propôs a Teoria da Aprendizagem Social, segundo a qual uma boa parte
das aprendizagens que um indivíduo adquire decorre da imitação ou modelagem. O ponto forte
da Teoria da Aprendizagem Social é o fato de ela reconhecer e combinar elementos das teorias
comportamentalistas e cognitivistas. Para Bandura, as estruturas cognitivas, o comportamento
e o meio interagem entre si, sendo cada uma destas influenciadas e influentes sobre as outras.
Nessa perspectiva, as pessoas são o produto do seu meio, mas escolhem e moldam o meio por um
processo de interações que tem influências recíprocas. Nessa teoria emerge o conceito de Mode-
lagem, segundo o qual as pessoas podem aprender por imitação do comportamento dos outros.
Ele contribuiu com a observação de que o reforço pode não ser necessário somente
para o sujeito da resposta, pois o reforço age sobre todos do grupo pela imitação. É um
reforço vicariante. Mas pode ocorrer que o sujeito imitado desenvolva comportamentos
especiais, que não serão imitados. Há muitos comportamentos aprendidos pela imitação
de um modelo comportamento.
A Teoria da Aprendizagem Social, proposta pela primeira vez por Bandura na dé-
cada de 60, sobretudo quanto ao efeito da violência, foi importante para a compreensão
dos processos de aprendizagem na criança.
Bandura e seus colegas conduziram uma série de estudos pioneiros nesta área, hoje
bastantes conhecidos sobre a aprendizagem observacional de comportamentos agressivos
em crianças. Nesses estudos, Bandura estabeleceu dois grupos: um experimental e outro
de controle. Em um grupo as crianças assistiam a um filme que mostrava um adulto ten-
do comportamento agressivo com um palhaço de plástico inflável – socando, batendo,
dando pontapés e marteladas no boneco João Bobo.
robert gagné
Robert M. Gagné nasceu em North Andover, Massachusetts, em 1916.
Obteve o grau de Mestre na Universidade de Yale e o de Doutor em
psicologia, na Universidade de Brown. Em 1969 foi professor na Univer-
sidade Estadual da Flórida. Considerado neobehaviorista, Gagné situa-se
entre os pesquisadores interessados na tecnologia educacional, isto é,
na aplicação dos princípios da ciência da aprendizagem aos problemas
práticos do ensino. Gagné define aprendizagem como uma modificação
na disposição o na capacidade do homem, modificação esta que não pode
ser retirada ou simplesmente atribuída ao processo de crescimento. Foi
diretor de pesquisa do laboratório da formação aérea dos EUA e consul-
tor do departamento de defesa. Em 1962, publicou o artigo Treinamento Militar e princípios de
aprendizagem. Em 1968 publicou Hierarquias da Aprendizagem. Considera que a habilidade de
cada um varia conforme a capacidade de cada um. Para que aconteça a aprendizagem deve haver
o interesse do aluno, a motivação, o desejo de realizar a tarefa. Deve-se respeitar a capacidade do
aluno, as diferenças individuais e as habilidades especificas, com avaliações constantes. A escola
perde a qualidade porque não avança para novos conceitos. A avaliação não comparativa, que só
é valida se houver mudança de comportamento desejada, não precisa ser escrita mas tem que ser
desafiadora. Morreu em 2002.
Nessa teoria, são dois tipos distintos de eventos, os externos e os internos ao apren-
diz. Os primeiros relacionados à estimulação e os produtos resultantes da sua resposta.
Os últimos, acredita-se, ocorrem no sistema nervoso central do estudante, e são inferidos
de observações externas.
Atos de aprendizagem são precedidos, segundo Gagné, por uma série típica de
eventos de aprendizagem a qual se dá por meio de oito fases (Modelo de Processamento
de Informação), cada uma com um nome que identifica o processo interno envolvido no
evento. As fases e os processos de aprendizagem, segundo Gagné (1971)são: motivação,
apreensão, aquisição, retenção, lembrança ou rememoração, generalização, desempenho
e feedback ou retroalimentação.
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
45
Com relação à instrução e ao papel do professor, por se tratar de uma teoria que
prevê mudança comportamental persistente, a fase da aprendizagem consiste de um
ou mais processos internos, no sistema nervoso central do aluno, que transformam a
informação até que o aprendiz responda com um desempenho. Tais processos internos
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
47
podem ser influenciados por eventos externos, por estimulação do ambiente do indiví-
duo. Logo, cabe ao docente a tarefa de promover a aprendizagem por meio da instrução,
planejando-a, administrando-a e avaliando-a quanto à sua eficácia por meio da avaliação
da aprendizagem do aprendiz.
Neste contexto é possível trabalhar do final para o início de cada objetivo de apren-
dizagem para determinar quais são os requisitos necessários e os tipos de aprendizagem
a serem utilizados. Após essa análise, é possível estabelecer um mapa e uma sequência de
aprendizagem. Segundo Gagné, a importância de mapear a sequência de aprendizagem
é principalmente evitar erros que surgem quando etapas são omitidas na aquisição de
um determinado conhecimento em uma área de conteúdo.
exercício
1. Organize um quadro comparativo com as idéias do pensamento de Skinner, Bandura
e Gagné sobre aprendizagem.
2. Com base na concepção de aprendizagem de Gagné, faça uma análise sobre a influência
do computador no processo ensino – aprendizagem.
bibliografia
francisco filho, g. A psicologia no contexto educacional. São Paulo: Editora Átoma, 2002.
mizukami, m. das g. n. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: epu, 1986.
gagné, r. Como se realiza a aprendizagem. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1971.
moreira, Marco Antônio. Teorias de aprendizagem. Porto Alegre: epu, 1999.
oliveira. j. b. a; Chadwick c. b. Tecnologia educacional: teorias da instrução. 8. ed. Petrópolis:
Vozes, 1994.
filho, Geraldo Francisco. A psicologia no contexto educacional. São Paulo: Editora Átoma, 2002.
resumo da atividade 4
Com o objetivo de apresentar os teóricos da abordagem comportamentista, na
atividade 4 discorremos sobre os principais teóricos da aprendizagem. Verificamos que
a abordagem comportamental se baseia na teoria comportamental de Skinner, a qual
defende que a aprendizagem é fruto de condicionamento operante, ou seja, um compor-
tamento reforçado, até que ele seja condicionado de tal forma que, ao se retirar o reforço,
o comportamento continue a acontecer. Durante a atividade, você aprendeu que a teoria
de aprendizagem por meio da modelagem social proposta por Bandura descreve que todos
os fenômenos de aprendizagem que resultam de experiência direta podem ocorrer de
forma vicária (imitação), ou seja, por meio da observação do comportamento de outros
sujeitos. Para Bandura, o sujeito pode adquirir padrões e respostas por meio da obser-
vação do comportamento de modelos apropriados. Apresentamos ainda a concepção de
aprendizagem em Gagné, chamando atenção para os procedimentos da aprendizagem
por um modelo de processamento de informação.
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
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ABORDAGEM
COGNITIVISTA
(PIAGET, AUSUBEL E BRUNER)
a t i v i d a d e 5
Licenciatura em Letras
50 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• identificar as teorias cognitivistas;
• distiguir as concepções de aprendizagem nas diversas teorias cognitivistas;
• reconhecer as contribuições das teorias de Piaget, Ausubel e Bruner para o processo
ensino – aprendizagem;
• identificar as diferenças no processo de aprendizagem nas teorias de Piaget, Ausubel
e Bruner.
teorias cognitivistas
Para os cognitivistas, aprendizagem é mais que um produto do ambiente, das
pessoas ou de fatores que são externos ao sujeito. Podemos dizer então que este tipo de
abordagem é predominantemente interacionista, pois considera que o sujeito e o mundo
são analisados conjuntamente.
A teoria cognitiva aborda como o ser humano conhece seu mundo ou obtém
conhecimentos a respeito deste, e como usa este conhecimento para guiar suas decisões
e agir. Portanto, procura-se em compreender a mente e suas capacidades ou realizações
na aprendizagem; ocupa-se, em saber de que maneira a mente obtém o conhecimento
e como o utiliza. Enfim, o cognitivismo está mais preocupado em explicar como os su-
jeitos processam os estímulos que encontram. Em outras palavras, como eles percebem,
interpretam mentalmente e armazenam a informação que recebem do ambiente.
jean piaget
Nasceu na Suíça, em 1896. Desde criança interessou-se pelo estudo dos
moluscos, chegando a publicar seus primeiros trabalhos de observação
quando tinha 15 anos de idade. A partir de estudos realizados na área da,
dedica maior interesse à epistemologia genética. Há indícios de que rea-
lizou análise do comportamento dos próprios filhos. Essas observações
foram significativas para a construção das etapas do desenvolvimento
infantil que realizou nas Faculdades de Genebra e Sorbonne. Estudou
inicialmente biologia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de
Psicologia, Epistemologia e Educação. Em 1923 lança seu primeiro livro
“A linguagem e o pensamento da criança”. Abordou temas gerais, como
a relação entre pensamento e linguagem (1923), o desenvolvimento na criança, do julgamento e
do raciocínio (1924), da representação do mundo (1926), da causalidade física (1927) e do jul-
gamento moral (1927). Foi professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954;
tornando-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Em 1955, tornou-se
diretor do Centro de Epistemologia Genética de Genebra, onde reuniu cientistas de diferentes áreas
(matemáticos, biólogos, psicólogos e lógicos) interessados em pesquisar problemas epistemológi-
cos. É considerado um dos principais teóricos do desenvolvimento infantil pela sua contribuição
na área da psicogenética. A formação em Ciências Naturais levou-o a buscar compreender o co-
nhecimento com base biológica. Para ele, conhecer é organizar, estruturar e explicar a realidade
a partir daquilo que se vivencia nas experiências com os objetos do conhecimento. Durante sua
vida, Piaget escreveu mais de cinquenta livros e diversas centenas de artigos. Faleceu em 1980 em
Genebra, aos 84 anos de idade.
Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua capacidade de observação. Aos onze
anos percebeu um melro albino em uma praça de sua cidade. A observação deste pássaro
gerou seu primeiro trabalho científico de observação. Formado em Biologia, interessou-se
por pesquisar sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos, sobretudo
como a criança constrói o conhecimento. Piaget questionava-se: como a criança constrói
o conhecimento.
Licenciatura em Letras
52 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Ele conclui, a partir de observações experimentais com a criança, por exemplo, que o
desenvolvimento é adaptação, a busca de um equilíbrio entre organismo e os desafios que
o ambiente apresenta a ela, como pessoas, situações, necessidades e objetos novos. Sendo
assim, a cada nova ação ou conhecimento irá se construir a partir de outros esquemas de
ação ampliados ou transformados, isto é, a partir do esquema de ação já sedimentada nas
estruturas cognitivas da criança, ela poderá construir uma nova forma de ação. A criança,
diz Piaget, só é capaz de perceber o mundo e atuar sobre ele com a ajuda de esquemas de
ação que já está consolidado na sua estrutura cognitiva. Daí o conhecimento na criança
ser gradativamente construído.
esquemas não são fixos, mas mudam continuamente ou tornam-se mais refinados.Para
Piaget, uma criança, quando nasce, apresenta poucos esquemas (sendo de natureza reflexa),
e à medida que se desenvolve, seus esquemas tornam-se generalizados, mais diferenciados
e mais numerosos. Estes esquemas são utilizados para processar e identificar a entrada de
estímulos, e graças a isto o organismo está apto a diferenciar estímulos, como também
está apto a generalizá-los. O funcionamento é mais ou menos o seguinte: uma criança
apresenta um certo número de esquemas, que grosseiramente poderiam ser comparados
com fichas de um arquivo. Diante de um estímulo, a criança tenta “encaixar” o estímulo
em um esquema disponível. Os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os
eventos como eles são percebidos pelo organismo. Classificam-se em grupos, de acordo
com características comuns.
equilibração: a equilibração é uma propriedade intrínseca e constitutiva da vida
mental. Por meio dela é que se mantém um estado de equilíbrio ou de adaptação em
relação ao meio. Segundo Piaget, toda vez que, em nossa relação com o meio, surgem
conflitos, contradições ou outros tipos de dificuldade, nossa capacidade de auto-regulação
ou equilibração entra em ação, no sentido de recuperá-los. Portanto, a equilibração, de
uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação,
e, assim, é considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à
criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente.
Este período caracteriza-se pelo egocentrismo: isto é, a criança ainda não se mostra
capaz de colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é estático e rí-
gido, a criança capta estados momentâneos, sem juntá-los em um todo; pelo desequilíbrio:
há uma predominância de acomodações e não das assimilações; pela irreversibilidade: a
criança parece incapaz de compreender que existem fenômenos reversíveis, isto é, que se
fizermos certas transformações, somos capazes de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio
original, como, por exemplo, a sensibilidade do estado da água, que se transforma em
gelo e que volta à forma original ao ser aquecida.
Estágio Operatório Concreto (7 aos 11 anos): a criança começa a lidar com con-
ceitos abstratos como os números e relacionamentos. Esse estágio é caracterizado por
uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos. É
caracterizado pela capacidade da criança em mentalmente fazer a reversibilidade. Apesar
de ainda trabalhar com objetos (material concreto) agora representados, sua flexibilidade
de pensamento permite um sem número de aprendizagens.
Como já vimos, a linguagem, neste período, começa a ser muito egocêntrica, pouco
socializada, ou seja, a linguagem está centrada na própria criança. Ela não consegue dis-
tinguir o ponto de vista próprio, do ponto de vista do outro e, por isso, revela confusão
entre o pessoal e o social, o subjetivo e o objetivo.
No estágio das operações formais, desenvolvido a partir dos 12 anos de idade, a criança
inicia sua transição para o modo adulto de pensar, sendo capaz de pensar sobre ideias
abstratas. Tem início os processos de pensamento hipotético-dedutivos. A representação
agora permite a abstração total.
Nesta fase, para Piaget, existe um desenvolvimento da moral que ocorre por eta-
pas, de acordo com os estágios do desenvolvimento humano. Para Piaget, toda moral
consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no
respeito que o indivíduo adquire por essas regras. Isso porque Piaget entende que nos
jogos coletivos as relações interindividuais são regidas por normas que, apesar de herdadas
culturalmente, podem ser modificadas consensualmente entre os jogadores, no entanto
o dever de ‘respeitá-las’ implica a moral por envolver questões de justiça e honestidade.
Desse modo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange três fases:
a) Anomia: na fase de anomia, natural na criança pequena até os 5 anos, amoral não se
coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado
pelas relações bem x mal e sim pelo sentido de hábito, de dever;
b) Heterônoma: na moralidade heretônoma, os deveres são vistos como externos, im-
postos coercitivamente, e não como obrigações elaboradas pela consciência. Aos 9, 10
anos, a moral é a autoridade, ou seja, as regras não correspondem a um acordo mútuo
firmado entre os jogadores, mas sim a algo imposto pela tradição e, portanto, imutável;
c) Autonomia: nesta fase a criança adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos
com consciência de sua necessidade e significação. Corresponde ao último estágio do
desenvolvimento da moral, em que há a legitimação das regras e a criança pensa a
moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras é entendido como decorrente
de acordos mútuos entre os jogadores, no entanto cada um deles consegue conce-
ber a si próprio como possível ‘legislador’ em regime de cooperação entre todos os
membros do grupo.
Piaget contribuiu com a Educação por trazer ideias e resultados que alertam
sobre as fases próprias para a construção da cognição, e, além disso, por considerar o
aluno como agente e ao mesmo tempo como parte de algo maior, que é a sociedade e o
ambiente; enfim, por alertar que o conhecimento se dá pela interação do sujeito com o
meio ambiente físico e social.
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
57
david ausubel
Nasceu em Nova York, em 1918. Após sua formação acadêmica, em
território canadense resolve dedicar-se à educação no intuito de bus-
car as melhorias necessárias ao verdadeiro aprendizado. Ausubel foi
totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, tornando-se
então um representante do cognitivismo. Filho de família judia e pobre,
imigrantes da Europa Central, cresceu insatisfeito com a educação que
recebera. Revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais passara
na escola, afirma que a educação é violenta e reacionária. Para ele, “A
escola é um cárcere para meninos. O crime de todos é a pouca idade e por isso os carcereiros
lhes dão castigos”. Totalmente contra a aprendizagem puramente mecânica, torna-se um repre-
sentante do cognitivismo, e propõe uma aprendizagem que tenha uma “estrutura cognitivista”,
de modo a intensificar a aprendizagem como um processo de armazenamento de informações
que, ao agrupar-se no âmbito mental do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente
no futuro, por meio da organização e integração dos conteúdos apreendidos significativamente.
Morreu em 2008.
Segundo Ausubel, para haver aprendizagem significativa são necessárias duas con-
dições: em primeiro lugar, o aprendiz precisa ter uma disposição para aprender, pois se o
sujeito quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será
mecânica; em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente
significativo, ou seja, ele tem que ser lógica e psicologicamente significativo. O significa-
do lógico depende somente da natureza do conteúdo, já o significado psicológico é uma
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58 Língua Portuguesa
modalidade a distância
experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que
têm significado ou não para si próprio.
Ausubel relaciona alguns aspectos que devem existir para que ocorra
a aprendizagem significativa no aprendiz:
1. a chave da aprendizagem significativa está na relação das novas ideias
e conceitos com a bagagem cognitiva do aprendiz;
2. o aprendiz só aprende o que potencialmente é significativo para ele;
3. o material da aprendizagem deve ser potencialmente significativo;
4. o aprendiz deve querer e estar motivado para aprender os novos conhecimentos.
O professor deve criar desequilíbrios e desafios, sem nunca oferecer aos alunos a
solução pronta, mas deve apresentar a informação de forma organizada e mostrar ao aluno
como as ideias novas se relacionam com as antigas. Portanto, cabe ao professor observar
e analisar o comportamento dos alunos e tratá-los de acordo com suas características
peculiares, dentro de sua fase de aprendizagem.
Ausubel acreditava que o professor deve dar aos alunos liberdade para elaborarem
suas conclusões, bem como evitar rotinas e respostas padronizadas. Considera a impor-
tância de o aluno investigar, pesquisar, orientar e criar ambientes que favoreçam a troca
e a cooperação. Ao aluno cabe adquirir experiência pelo trabalho autônomo, integrar e
processar as informações para gerar novos conhecimentos.
Por isso, Ausubel sugere a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar
a nova aprendizagem, levando o aprendiz ao desenvolvimento de conceitos subsunçores,
de modo a facilitar a aprendizagem subsequente.
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60 Língua Portuguesa
modalidade a distância
jerome bruner
Jerome S. Bruner nasceu no ano de 1915 na cidade de Nova Iorque e viveu
a maior parte da sua carreira como professor e investigador. Graduou-
-se em Psicologia pela universidade de Duke em 1937. Foi então para
Harvard em 1941, onde obteve o grau de Doutor em Psicología. No
começo da Segunda Guerra Mundial, Bruner iniciou suas pesquisas em
Psicologia Social. Nesse contexto, ingressou-se na guerra, trabalhando
no Departamento de Psicologia do seu quartel. Depois da guerra, voltou
a Harvard e publicou em 1947 um artigo onde descrevia a importância
das necessidades no desenvolvimento da percepção humana. Nesse artigo
constatamos que seu estudo conclui que os valores e as necessidades determinavam as percepções
humanas. A Psicologia Cognitiva objetiva desenvolver habilidades intelectuais da pessoa, para que
esta obtenha o máximo conhecimento. Em 1960, Bruner fundou o Centro de Estudos Cognitivos
da Universidade de Harvard. Bruner deu um forte impulso à Psicologia, tornando-a científica e,
com isso, obteve respeito social e acadêmico. Bruner manteve a regra básica da ciência: observar
os fenômenos e, a partir dessa observação, elaborar as conclusões.
Bruner afirma que a teoria de instrução deve se direcionar para quatro aspectos
principais: (1) predisposição na direção do aprendizado, (2) modos nos quais um corpo de
conhecimento pode ser estruturado, para que seja facilmente compreendido pelo aluno,
(3) sequências mais efetivas nas quais apresentar o material e (4) natureza e ritmo das
recompensas e punições. Bons métodos para estruturar o aprendizado devem resultar em
simplificação, geração de novas proposições e aumento da manipulação da informação.
Em seu trabalho mais recente, Bruner expandiu sua estrutura teórica para abranger os
aspectos sociais e culturais do aprendizado.
Bruner foi um dos grandes impulsionadores da teoria cognitivista, mas acabou mais
tarde por abandonar essa mesma teoria, alegando que se tratava de um modelo bastante limi-
tado por não considerar a cultura como elemento importante para a constituição do sujeito.
Em relação ao pensamento humano, ele afirma que a mente humana não percorre os
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
63
Segundo Bruner, uma informação por si só sozinha não possui qualquer tipo de
significado e, para que essa representação possa ser útil para nós, tem obrigatoriamente
que ter significado. A mente, mais do que tratar a informação, cria significados para
cada uma, enquanto o computador se limita a aplicar regras que alguém as introduziu e
que para ele são abstratas. Neste processo, a mente é criativa, produz sentido, é pessoal,
subjectiva, insere-se num contexto social e numa determinada cultura.
Bruner reconhece que, em cada cultura, existe ao que se chama de psicologia po-
pular, que consiste na forma como um sujeito num determinado contexto social tenta
compreender o que são os sujeitos, por que razão se comportam de determinada forma
e como encaram os seus problemas. Estes conteúdos são adquiridos no processo de so-
cialização numa dada sociedade.
cresce e aprende conceitos e princípios que não se podem “mostrar”. A representação icônica
realiza-se por interiorização dos gestos e das percepções sob forma de esquemas estáveis.
Bruner defende que existe um desejo natural de aprender por parte da criança, uma
motivação que conduzirá a um maior sucesso escolar. Refere-se também à necessidade
do reforço, ou seja, entende que uma aprendizagem bem sucedida deveria ser reforçada
para aumentar a probabilidade de se repetir.
Quanto aos recursos didáticos, Bruner diz que eles podem ajudar o processo de
ensino caso forneçam informação não disponível na experiência escolar. Quanto ao aluno,
Bruner considera que este precisa ser educado e, para tanto, terá de se adaptar à escola e
sentir-se motivado a aprendizagem.
exercício
1. Comente a afirmativa: “Para Piaget os estágios do desenvolvimento da criança são
universais embora cada criança possua características peculiares”. Você concorda com
essa afirmativa?
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
65
bibliografia
bock, Ana Maria, gonçalves, Mª Graça & furtado, Odair (orgs.). Psicologia sócio- histórica:
uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
bruner, j. O processo de educação. São Paulo: Nacional, 1972.
______. Uma nova teoria da aprendizagem. Rio de Janeiro: Bloch, 1973.
______. A cultura da educação. Porto Alegre: artmed, 1997.
______. Atos de significação. Porto Alegre: artmed, 2002.
francisco filho, g. A psicologia no contexto educacional. São Paulo: Editora Átoma, 2002.
goulart, Iris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 5. ed.
Petrópolis: Vozes, 1983.
mizukami, m. das g. n. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: epu, 1986.
moreira, Marco Antônio. Teorias de aprendizagem. Porto Alegre: epu, 1999.
oliveira, j. b. a; Chadwick c. b. Tecnologia educacional: teorias da instrução. 8. ed. Petrópolis:
Editora Vozes, 1994.
richmond, Peter Graham. Piaget: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: ibrasa, 1981.
resumo da atividade 5
A atividade da atividade 5 teve por objetivo o reconhecimento de que para os
cognitivistas a aprendizagem inclui perceber, interpretar e mentalmente armazenar a
informação que é recebida do ambiente. Aprendemos, por essa abordagem, que o processo
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66 Língua Portuguesa
modalidade a distância
ABORDAGEM
HUMANISTA
(ROGERS)
a t i v i d a d e 6
Licenciatura em Letras
68 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• identificar os princípios filosóficos e psicológicos da teoria humanista;
• compreender as diferenças no processo de aprendizagem na teoria de Rogers.
teoria humanista
A abordagem humanista vem preencher um imenso vazio no campo psicológico
e educacional em geral, com uma importância enorme, já que trata, preferencialmente,
dos sentimentos, valores e expectativas dos seres humanos, os quais não tinham sido
considerados nem pelo comportamentalismo, nem pelo cognitivismo.
Para os humanistas, o ser humano é um agente eletivo, capaz de escolher seu pró-
prio destino; que também é um agente livre, capaz de estabelecer suas próprias metas, e,
finalmente, e também um agente responsável pelas suas próprias escolhas.
Para os humanistas, as pessoas não são motivadas somente por impulsos básicos
de necessidades fisiológicas ou de subsistência. Elas sentem necessidade de desenvolver
as suas capacidades e os seus potenciais para alcançar a autorrealização; o foco não é,
portanto, o do ego ou a adaptação ao meio. O significado e os valores do sujeito devem
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
69
A abordagem humanista, que surge nos anos 60, foi adotada num cenário onde
até então reinavam a psicanálise e o beharvorismo. A abordagem humanista dá ênfase às
relações interpessoais e ao crescimento que delas resulta relacionado ao desenvolvimento
da personalidade do sujeito, em seus processos de construção e organização pessoal da
realidade e da capacidade que o sujeito tem de atuar como pessoa integrada. O principal
representante da abordagem humanista é o americano Carl Rogers (1902-1987).
carl rogers
Carl R. Rogers nasceu no dia 8 de janeiro de 1902 em Oak Park, Chicago,
Estados Unidos, numa família cristã cuja religiosidade era rigorosamente
fundamentalista. Estudou na Universidade de Wisconsin. Como psicó-
logo, trabalhou primeiramente com crianças em Rochester, Nova York,
num centro de orientação infantil, onde permaneceu por doze anos, os
quais os ajudaram a compreender formal e diretamente o que ele iria
denominar mais tarde de Abordagem Centrada na Pessoa, que foi apri-
morada por suas experiências como professor na Universidade de Ohio
e depois como diretor de um novo centro de aconselhamento baseado
em suas ideias na Universidade de Chicago, onde publicou Terapia
Centrada no Cliente (1951), que continha sua primeira teoria formal sobre a terapia, sua teoria
da personalidade e algumas pesquisas que reforçavam sua conclusão. Foi um dos pioneiros nos
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70 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Carl Rogers acredita que ninguém ensina ninguém. O importante não é o ensino,
mas sim a aprendizagem. O professor não ensina, facilita a aprendizagem e ajuda ao cres-
cimento da pessoa. O primeiro objetivo do modelo não-diretivo é ajudar o aluno a atingir
níveis mais elevados de integração pessoal, de bem estar e de autoestima. O professor
assume o papel do psicoterapeuta, numa relação de ajuda que permite ao aluno um melhor
conhecimento de si, a tomada de consciência dos seus valores e das suas necessidades.
exercício
1. Rogers considera que o aluno tem o livre arbítrio para decidir o que aprender e que
ele é capaz de avaliar o que é significativo para ele ou não; depende do próprio aluno
perceber-se a si mesmo e valorar-se com consciência. Qual a sua opinião a esse respeito?
bibliografia
francisco filho, g. A Psicologia no contexto educacional. São Paulo; Editora Átoma, 2002.
frick, willard b. Psicologia humanista: entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de
Janeiro: Zahar, 1975.
mizukami, m. das g. n. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: epu, 1986.
moreira, Marco Antônio. Teorias de aprendizagem. Porto Alegre: epu, 1999.
oliveira, j. b. a; Chadwick c. b. Tecnologia educacional: teorias da instrução. 8. ed. Petrópolis:
Vozes, 1994.
rogers, c. O tratamento clínico da criança-problema. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
________. Sobre o poder pessoal. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
________. Liberdade de aprender em nossa década. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
resumo da atividade 6
Como o propósito de conhecer a concepção humanista de aprendizagem, apre-
sentamos a você nesta atividade o pensamento de Rogers. Com ele você aprendeu que
sua abordagem explica que o ensino seja centrado no aprendiz, que clima da sala de aula
deve ter o aprendiz como centro do processo ensino-aprendizagem. Rogers confirma
que na potencialidade do sujeito para aprender e que ele tem o livre arbítrio para decidir
o que quer aprender. Portanto, verificamos que, para Rogers, o sujeito tem a liberdade
para aprender. Ele reconhece ainda que o professor é um facilitador da aprendizagem.
Entende que é preciso banir a educação ameaçadora e desconfortável para o aprendiz.
Unidade 2
Principais teorias
da aprendizagem
75
ABORDAGEM
SÓCIO-HISTÓRICA
(VYGOTSKY)
a t i v i d a d e 7
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76 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• entender os princípios da abordagem sócio-histórica;
• identificar a visão de Vygotsky sobre os processos de aprendizagem;
• reconhecer as contribuições de Vygotsky à Educação.
teoria sócio-histórica
Ancorada na Psicologia Soviética a perspectiva sócio-histórica, tendo o materia-
lismo histórico-dialético como pano de fundo, expressa em seus métodos e arcabouço
conceitual as marcas de sua filiação dialética. Ele assinala a “crise da Psicologia” de seu
tempo, que se debate entre modelos que privilegiam ora a mente e os aspectos internos
do indivíduo, ora o comportamento externo. Defendia construir o que chamou de uma
nova Psicologia Dialética, que deveria refletir o sujeito em sua totalidade, articulando
dialeticamente os aspectos externos com os internos, considerando a relação do sujeito
com a sociedade à qual pertence.
l. s. vygotsky
Nasceu em 1896 e morreu em 1934. Foi advogado, filósofo; estudou
história, além de neuropsicologia. Analisou e fez criticas sobre as bases
do pensamento behaviorista, gestaltista e sobre o positivismo e o prag-
matismo americano, adotando o marxismo como epistemologia básica
para realizar seus trabalhos de pesquisa. Fez estudo sobre a história da
Psicologia, tendo inclusive criticado as principais correntes psicológicas
por não compreender o homem como sujeito cultural. Fez ainda estudos
sobre o desenvolvimento dos seres humanos, dando destaque à lingua-
gem, à formação de conceitos, ao pensamento em diferentes culturas,
ao processo de aprendizagem e ao cérebro humano diante da evolução
histórica e ao intercâmbio social. Iniciou sua carreira aos 21 anos, após a Revolução Russa de
1917. Trabalhou com crianças com problemas de cegueira, retardo mental severo, afasia etc.
Seus estudos e publicações de seus livros só chegaram ao mundo ocidental na década de 1980.
Sua produção intelectual foi intensa : Vygostsky chega a elaborar cerca de 200 estudos científicos
sobre diferentes temas.
Vygotsky nos faz pensar que temos dois nascimentos: um primeiro nascimento
que é o físico, no qual apresentamos nosso arcabouço genético; e um segundo nasci-
mento, o social no qual nos desenvolvemos a partir da cultura e das relações sócias que
estabelecemos ao logo da vida.
Você já deve ter observado que, desde o nascimento, a criança está em constante
interação com os adultos, que procuram incorporar nessa interação conhecimentos da
cultura, atribuindo significado às condutas e aos objetos culturais que se formaram ao
logo da história do homem. Assim, a criança internaliza conhecimentos por meio das
interações sociais. Conforme o pensamento vygotskiano, o desenvolvimento e a apren-
dizagem do sujeito humano se dão a partir das constantes interações com o meio social
em que este vive.
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78 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Vygotsky destaca, ainda, o papel da mediação social: (1) nas relações entre o sujeito
e seu ambiente (mediado pelas ferramentas) e (2) nas atividades psíquicas intraindividuais
(mediadas pelos signos); e ressalta também, (3) a passagem entre o interpsíquico e o in-
trapsíquico nas situações de comunicação social. Estes são os três princípios fundamentais,
totalmente interdependentes, nos quais Vygotsky sustenta a teoria do desenvolvimento
dos processos mentais superiores. Um dos pontos mais interessantes no processo de
aprendizagem é a zona de desenvolvimento proximal (zdp).
Entre esses dois planos está a zdp, que indica a região onde os conteúdos devem
ser trabalhados, pois está acima do que já se sabe, e abaixo daquilo que, naquele momento,
não se conseguiria aprender. Assim, novos conteúdos vão sendo internalizados, recons-
truídos no plano interno de atividades. Com isso, o plano inferior, de desenvolvimento
real sobe e empurra, consigo o plano de desenvolvimento potencial, o que gera assim o
aprendizado.
Vygotsky rompe com a concepção de que o aprendiz deve, sozinho, descobrir suas
respostas; de que a aprendizagem é resultante de uma atividade individual, basicamente
interpessoal. Aquilo que o aprendiz realiza hoje com a ajuda dos demais estará realizan-
do sozinho amanhã. A aprendizagem implica apropriação de conhecimentos, que exige
planejamento constante e reorganização contínua de experiências significativas para os
alunos. A reorganização das experiências de aprendizagem deve considerar o quanto de
colaboração o aluno ainda necessita, para chegar a produzir determinadas atividades, de
forma independente.
exercício
1. Sintetize o desenvolvimento da linguagem na criança segundo a concepção de Vygotsky.
4. Assista ao documentário “Nascidos em Bordéis”e faça uma análise, com base no pen-
samento de Vygotsky, de como a cultura é um elemento fundamental no processo de
internalização dos conhecimentos sociais.
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80 Língua Portuguesa
modalidade a distância
bibliografia
berger, p. i; luckmann, t. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.
bock, a. m., gonçalves, m. g., furtado, o. (orgs.). Psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
moll, l. c. Vygotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1996.
oliveira, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizagem e desenvolvimento. São Paulo: Ed. Scipione,
1993.
rego, t. c. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 13.ed, São Paulo: Editora
Vozes. 2002.
vygotsky, liev s., luria, alexander r. et leontiev, alexis n. Linguagem, desenvolvimento
e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.
vygotsky, liev s. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
______. Pensamento e linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
resumo da atividade 7
Na atividade 7 destacamos a teoria psicológica sociocultural de Vygotsky, que va-
loriza principalmente a mediação simbólica e se preocupa com as capacidades psíquicas
a serem desenvolvidas na interrelação do sujeito com as demais pessoas. Aprendemos
também que, segundo Vygotsky, isso ocorre na relação do aprendiz com o mundo, me-
diada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o que faz com que o
homem se distinga dos outros animais nas suas formas de agir no e com o mundo. Por
fim, destaca nesta atividade o pensamento de Vygotsky sobre os processos de aprendiza-
gem e desenvolvimento, dando ênfase à linguagem e à internalização de conhecimentos
do inter para o intrapsíquico.
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
81
u n i d a d e 3
MULTICULTURALISMO,
APRENDIZAGEM
E DESENVOLVIMENTO
HUMANO
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82 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
83
A LINGUAGEM COMO
MEDIADORA
DA APRENDIZAGEM
E DESENVOLVIMENTO
a t i v i d a d e 8
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84 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade você deverá
• identificar a linguagem como mediadora da aprendizagem;
• conhecer as diversas abordagens sobre a linguagem;
• verificar o papel da linguagem na constituição do sujeito.
Sabe-se, no entanto, que a linguagem verbal não serve apenas como instrumento
de comunicação, o seu papel vai mais além. O homem a utiliza para expressar seus pensa-
mentos, raciocinar, ordenar, analisar, sintetizar a informação, relacionar fatos percebidos,
enfim, para conhecer, interpretar e transformar o mundo. Acima de tudo, a linguagem
permite ao homem transmitir informações das mais complexas que foram produzidas
ao longo de muitos séculos de prática histórico-social.
A linguagem, segundo Luria (1991), não existe entre os animais, que apenas emitem
sons que expressam seus estados e contagiam seus semelhantes, como, por exemplo, o
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
85
Para a teoria do reforço defendida por Skinner, a linguagem é aprendida por meio
do condicionamento operante baseado em reforçamento seletivo de respostas verbais
emitidas pelo sujeito. Os pais e outros adultos reforçam
gradativamente a criança que aprende para que ela imite as
REFORÇAMENTO
respostas de fala de e adultos, ou seja, estimulam a aprendi-
O reforçamento seria um esquema
zagem por meio do reforçamento.
de observações e imitações do
comportamento verbal para ampliar
Bandura parece ter razão ao falar do modelo social no
o repertório verbal da criança.
qual as crianças escutam a linguagem à sua volta e, mesmo não Influenciado pelo behaviorismo
imitando a fala do modelo social, estão certamente adquirindo americano de Skinner, Bandura
cognitivamente informações do seu meio cultural. Portanto, (apud rappaport, 1981, p. 78)
podemos dizer que, para os teóricos da aprendizagem social, vai mais além dizendo que a criança
aprende a sua língua materna por meio
a modelagem seria indispensável à aquisição da linguagem.
de uma aprendizagem social, ou seja,
O grande marco do contexto dos estudos da lingua- a aprendizagem se dá mediada por
modelos sociais, porque como diz ele:
gem foi na década de 1960 com os trabalhos de Chomsky,
se a aprendizagem social ocorresse
entre os quis a Gramática Gerativa-Transformacional, um exclusivamente em ternos de
modelo analítico segundo o qual a criança aprende sua lín- consequências reforçadoras e punitivas,
gua materna por meio de um sistema de regras. Esse novo a maioria das pessoas não sobreviveria
modelo teve uma extraordinária repercussão no contexto ao processo de socialização [...].
de desempenho para colocar em ação este saber. Podemos entender, pela compreensão
de Chomsky, que a criança ouve enunciados gramaticais e não gramaticais e só constrói
sua linguagem simplesmente ao ser exposta aos desempenhos de alguém. Impressio-
nado com a rapidez extraordinária das aquisições linguísticas de crianças pequenas, ele
deduziu que não se trata de uma aprendizagem, mas principalmente de uma estrutura
pré-formada, pré-programada. Assim, com o termo “Gramática Universal”, certamente
Chomsky está se referindo a essas estruturas comuns a todas as linguagens.
Piaget diz que ambos são processos separados: a linguagem só acontece depois
que a criança já alcançou determinados níveis de habilidades mentais. O desempenho
linguístico da criança, além de depender dos aspectos maturacionais orgânicos, depende
do grau de estimulação verbal e social que a criança vai receber do ambiente, quer dizer
que, num ambiente social onde a linguagem do adulto é “bem elaborada”, é provável que
as expressões ouvidas pela criança ampliem e enriqueçam seu repertório verbal.
A linguagem socializada acontece antes dos cinco anos quando a criança começa
a se manifestar por meio de ordens, pedidos, ameaças, súplicas, entre outros. É a fase
em que a criança troca pensamentos com os outros, seja para informar seu interlocutor
acerca de algo, seja para buscar com ele um objetivo comum, estabelecendo o diálogo.
Para Piaget, nas crianças a linguagem está especialmente ligada à ação, principalmente
nas atividades lúdicas.
de comunicação. Leontiev afirma que a criança desde o seu nascimento está rodeada de
um mundo objetivo criado pelo homem, isto é, a linguagem, as proposições, os conceitos,
as ideias.
juntam-se, surgindo um novo tipo de organização linguístico-cognitivo. Ele diz que essas
duas linhas se encontram neste momento – o pensamento se torna verbal e a linguagem
racional. A partir das ferramentas que estão à sua disposição, a criança passa a sentir a
necessidade das palavras e tenta aprender os signos, porquanto a criança começa a per-
ceber que existem propósitos para a fala e que há um nome para cada coisa. É, portanto,
a descoberta da função simbólica da palavra.
Sabe-se que o meio social no qual o falante se situa está repleto de conceitos, de
valores, de sentido ideológico, que impulsionam e, consequentemente, organizam a
sua atividade mental. Além disso, para Vygotsky, a linguagem representa um marco
no desenvolvimento da criança, pois a linguagem habilita as crianças a providenciarem
instrumentos auxiliadores na solução de tarefas difíceis, a planejarem a solução para um
problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento.
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
91
exercício
1. Faça um trabalho de pesquisa abordado o papel da linguagem no processo de apren-
dizagem.
2. Luria, Leontiev e Vygotsky criticavam os estruturalistas da linguagem e consideravam
a linguagem o alicerce para o desenvolvimento mental e social da criança. Explique as
críticas aos estruturalistas da linguagem.
3. Comente a afirmativa: “O homem é um sujeito histórico, datado, concreto, marcado
pela cultura. A linguagem é mediadora da consciência.
bibliografia
skinner, b. f. Ciência e comportamento. 9.ed. São Paulo: Martins Pontes, 1994.
chomsky, n. Diálogos. São Paulo: Cultrix, 1977.
______. Chomsky o Skinner? La Genesis Del lenguaje. Barcelona: imprenta y libreria de
Montse, 1977.
______. Language. Nova Iorque: Harcout, Brance &World, 1968.
gardner, h. A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva. São Paulo: Editora
usp, 1995.
leontiev, a. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte Universitário, 1972.
luria, a. r. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos sociais e culturais. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1986.
luria , a.; leontiev, a.; vygotsky, l. s. al et. Bases psicológicas da aprendizagem e
desenvolvimento. São Paulo: Editora Moraes, 1991.
vygotsky, l. s. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
______. Pensamento e linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
resumo da atividade 8
Nesta atividade focalizamos os autores que destacam a linguagem como um ele-
mento importante para a aprendizagem e para o desenvolvimento. Aprendemos que a
linguagem e a mediadora das estruturas mentais superiores e fundamental para a forma-
ção da consciência. Aprendemos que, assim como Luria e Leontiev, Vygotsky também
se preocupou com a linguagem infantil. Abordou-a não como um sistema linguístico de
estrutura abstrata, mas em seu aspecto funcional, psicológico e fundamentalmente social,
histórico. Interessava-lhe estudar a linguagem como constituidora do sujeito, procurando,
assim, enfocar a relação entre pensamento e linguagem.
Licenciatura em Letras
92 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
93
A REDE DE
SIGNIFICAÇÕES NO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
a t i v i d a d e 9
Licenciatura em Letras
94 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
São objetivos de aprendizagem a serem alcançados ao final dos seus estudos nesta
atividade:
• explicar a rede de significações e o desenvolvimento humano;
• compreender o processo de construção do ser humano e a rede de significações na
formação do sujeito;
• identificar a matriz teórico-metodológica da rede de significação;
• verificar a importância da rede de significações no processo de desenvolvimento e
aprendizagem.
Cada um de nós enfrenta de forma única e singular o desafio que a vida nos
apresenta. Certamente, você deve lembrar-se de um fato vivenciado na sua infância, das
relações estabelecidas com amigos, parentes e diversas outras pessoas que, ao longo dessa
fase, passaram por sua infância. Quando narramos nossa infância, por exemplo, podemos
ver como nos constituímos como sujeitos, que pertencemos a um contexto social, que
pertencemos a uma família e estabelecemos uma rede de relações em ambientes diversos.
Para esclarecer melhor esse aspecto, trazemos como exemplo a história de Marcos,
que, ao fazer um memorial da sua vida, nos apresenta parte de sua infância vivida no Piauí:
História de infância e a rede de significados (redsig)
Nasci na cidade da Parnaíba, Piauí, sou filho mais velho de minha mãe que se casou aos
15 anos e me te teve com 17 anos. Antes de mim nasceu minha irmã Socorro, que morreu
logo bebê. Quando eu nasci meu pai estava preso por ter assassinado um homem por
causa de uma briga banal por conta de uns litros de leite. Ambos vendiam leite líquido
oferecendo de porta em porta em um lugarejo pequeno chamado Luís Corrêa. Enquanto
meu pai estava preso, minha mãe alugou um quarto próximo à delegacia no sentido de
facilitar suas visitas ao meu pai, que logo foi absolvido por apresentar legítima defesa e
ser réu primário. Um irmão de meu pai cedeu uma casa num sítio para que morássemos.
Morei lá até os 6 anos. Logo depois de mim nasceu minha irmã Regina, que morreu vítima
de pneumonia. Em seguida vieram o Carlos, o Paulo e o Roberto. Em 1974, a cidade de
Parnaíba passou por enchentes e muitas famílias ficaram desabrigadas. Meu pai ficou
desempregado, a minha mãe era quem sustentava a casa trabalhando em uma fábrica.
Ela teve que dispensar a pessoa que tomava conta de nós e tive de assumir a responsa-
bilidade dos serviços domésticos. Meu pai nos levava à escola de bicicleta. No caminho
passávamos por vacarias, campos e ruas de areia. Quando chegava a casa ia cuidar dos
afazeres domésticos. Eu tinha que puxar água do poço comunitário e dar banho nos meus
irmãos. À noite, quando a mamãe chegava eu podia estudar ou ir para frente da nossa
casa ouvir histórias de assombrações, piadas, adivinhações ou brincar de cair no poço,
pira se esconde ou bom barqueiro. Quando eu tinha 8 anos, com o dinheiro da fábrica,
minha mãe comprou uma máquina de costura e passou a costurar roupas e a fazer
panos de crochê para vender na feira. Aos sábados e domingos eu e minha mãe íamos à
feira vender suas produções. Ela estirava uma esteira na calçada em frente a uma loja
e nós arrumávamos as peças conforme os preços. Vendíamos muito. Assim minha mãe
Licenciatura em Letras
96 Língua Portuguesa
modalidade a distância
comprou a nossa primeira televisão preta e branca. Comprava também carrinhos e bolas
para os meus irmãos e bonecas para a minha irmã Claudia, que por sinal quando bebê
era eu quem trocava suas fraldas e dava banho, fazia mingau e a colocava para dormir
cantando músicas de ninar. “Era a mamãe quem fazia as nossas roupas e cada um de
nós possuía um par de sandálias e um par de sapatos”.
O texto narrativo citado foi extraído do artigo “A Rede de Significados na Constituição
do Sujeito para Bakhtin”, publicado na Revista Margens (v.2, n.3, jun, 2005), Editora
da ufpa, Belém: Paka-Tatu.
Sabemos que os sujeitos são seres humanos: amam, sofrem, divertem-se, pensam a
respeito de suas condições e de suas experiências de vida, posicionam-se, possuem desejos
e propostas de melhoria de vida. Enfim, são sujeitos imersos numa Rede de Significações
que constroem a história de suas vidas e que precisam mostrar a suas singularidades.
Certamente é nesse processo que cada um vai se arquitetando como sujeito, dando assim
significado e sentido à sua existência. Mas, então, o que é a rede de significações?
uma matriz sócio-histórica elaborada por Vygotsky, Valsiner, Bruner e Bakhtin, pilares
da perspectiva teórico-metodológica dessa nova concepção de desenvolvimento humano.
Por essa ótica, entende-se que, desde o início da vida, as relações são construídas
a partir das “interações”, ou seja, de ações partilhadas. Dessa forma, não existe uma
única rede de significações na constituição de um sujeito, mas várias redes articuladas
entre si, interligando e interligadas por teias, compondo uma malha com diversos
pontos de encontro.
Ao entrar nessa rede de relações sociais, a criança vai construindo, com a ajuda
das pessoas, habilidades que facilitarão o seu desenvolvimento. A criança nos primeiros
meses de vida aprende reflexos como o de agarrar e de sugar, que são facilitados pelo
contato intimamente associados ao contato do bebê com a mãe. Ainda no primeiro ano
de vida, as crianças são capazes de localizar fontes sonoras, discriminar cheiros e ritmos.
Nesse contexto, as pessoas com as quais a criança convive desempenham um papel muito
importante para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, sobretudo a figura
materna. É a mãe, principal figura de referência para a criança, que irá proporcionar o
desenvolvimento das habilidades inatas do bebê, por meio de suas ações e interações com
ele, bem como estimular a organização de seu ambiente. O ambiente diversificado em
estímulos e recursos facilitará e ampliará as capacidades de desenvolvimento da criança.
e agir: sua própria consciência e identidade. O sujeito é um ser social, por isso, além de
um nascimento físico, o homem experimenta um segundo nascimento, o social.
Propondo uma Psicologia Cultural, Bruner (2001) enfatiza que não é possível negar
nossa constituição biológica, mas esta sozinha nos oferece apenas um conhecimento par-
cial sobre o sujeito, especialmente porque é a cultura que nos diferencia e nos distingue
um dos outros. A cultura, na visão de Bruner e Valsiner, é moldadora do comportamento
humano, pois os sujeitos produzem significados nos contextos culturais onde estão inse-
ridos. Enfim, os sujeitos são resultados desse processo de produção de significados. Como
diz Bruner (2001), a cultura molda (educa) a mente. Em outras palavras, ele afirma que
nossa mente pode ser tão influenciada pela cultura simbólica
que esta poderá remodelar a estrutura rígida e operacional
BAKHTIN
do sistema cognitivo.
Bakhtin nasceu em 1895 em Orel,
localidade a sul de Moscovo, de família Para Bakhtin (1992a,b), Bruner (2001) e Valsiner (2000),
aristocrática em decadência, cresceu a cultura forma e estrutura a mente. Há uma espécie de
entre Vínius e Odessa. Estudou
Filosofia e Letras na Universidade simbiose entre cérebro e cultura. Sendo assim, não podemos
de São Petersburgo, abordando em compreender o sujeito e sua ação sem conhecer a cultura na
profundidade a formação em filosofia qual ele está inserida, sem conhecer suas relações sociais, sua
alemã.Viveu em Leningrado após a
história, sua identidade social. Seguindo o mesmo raciocínio
vitória da revolução em 1917. Entre os
anos 24 e 29 conheceu os principais bakhtiniano, Bruner também enfatiza o papel da linguagem
expoentes do Formalismo russo e na constituição do sujeito, colocando-a como uma ferra-
publicou Freudismo (1927), O método menta essencial no processamento do mundo, sobretudo,
formal nos estudos literários (1928) e
no planejamento da ação do sujeito.
Marxismo e Filosofia da Linguagem
(1929), sendo esta última talvez a sua
Nessa mesma direção, para Vygotsky o cérebro é visto
obra mais célebre. Os seus trabalhos
só foram conhecidos no Ocidente como um sistema flexível capaz de servir a novas e diferentes
progressivamente a partir da década funções, sem que sejam necessárias transformações no órgão
de 80, atingiram grande prestígio e físico. O funcionamento cerebral é moldado ao longo da his-
referencialidade póstuma nos anos
tória da espécie e do desenvolvimento individual. Como diz
90 e ainda se destacam na atualidade.
Seu trabalho considerado influente na Vygotsky, a estrutura e o funcionamento do cérebro humano,
área de teoria literária, crítica literária, que levaram milhões de anos para evoluir, também passam
sociolinguística, análise do discurso e por mudanças no curso do desenvolvimento do sujeito,
semiótica. Morreu em 1975.
devido à interação do homem com o meio físico e social.
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
99
exercício
1. Elabore um texto no qual se destaquem os aspectos que norteiam a matriz da rede de
significação na constituição do sujeito.
2. Com base nos pressupostos da rede de significações, elabore um memorial de sua
infância tendo como base a história de infância narrada de Marcos.
3. Você pode assistir aos filmes “A Cidade das Crianças” e “Filhos do Paraíso”, para enten-
der o universo infantil, sobretudo as relações das crianças com o mundo social e cultural.
bibliografia
alves, l. m. s. a. A rede de significados na constituição do sujeito para Bakhtin. Revista Margens,
v.2, n.3, jun, 2005, Editora da ufpa, Belém: Paka-Tatu, 2005.
bakhtin, m. Estética da criação verbal. São Paulo: hucitec, 1992a.
______. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: hucitec, 1992b.
kishimoto, t. m. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1993.
bruner, j. A cultura da Educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
rogoff, b. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: ArtMed, 2005.
rossetti-ferreira, m. c.; amorim, k. de s., silva, a. p. s.; carvalho, a. m. a.(orgs.).
Rede de significações e o desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2004.
valsiner, j. Culture and human development: na introduction. London: Sage, 2000.
vygotsky, l. s. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
______. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
resumo da atividade 9
Nesta atividade procuramos trazer à discussão a rede de significações no desenvol-
vimento e sua contribuição no processo de construção dos seres humanos. Para a rede de
significações, o ser humano é um ser de relações, e essas relações se dão em complexas
redes nas quais se articulam significações de várias origens. Destacamos também, nesta
atividade, os principais pilares teóricos dessa perspectiva: autores sócio-históricos ou
socioculturais, como Vygotsky, Bruner, Valsiner e Bakhtin. A perspectiva da rede de
significações destaca que o sujeito se constitui por meio das interações sociais e da cultura.
Licenciatura em Letras
100 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
101
CULTURA E
DESENVOLVIMENTO HUMANO
a t i v i d a d e 10
Licenciatura em Letras
102 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
- verificar a importância da cultura no desenvolvimento humano;
- identificar a visão de Vygotsky, Luria e Leontiev e a cultura;
- discutir a relação da cultura com o desenvolvimento e aprendizagem do sujeito.
Mas, afinal, o que caracteriza o ser humano? O que diferencia o humano dos outros
animais? Quais nossas particularidades como humanos? Qual o papel da cultura no nosso
desenvolvimento? Quando nos colocamos essas questões, logo pensamos na capacidade
humana de se comunicar e resolver situações complexas que outros animais não teriam.
Mas, então, o que nos diferencia dos macacos? Estudos realizados por Vygotsky e
Luria apontam que, embora existam similaridades no padrão de aprendizagem de ma-
cacos e humanos, indiscutivelmente o fator cultural é determinante. Segundos eles, os
macacos desenvolvem ferramentas para resolução de problemas, mas não o trabalho, que
é considerado uma condição fundamental para a vida e atividade humana. Além disso,
falta-lhes a comunicação por meio da linguagem verbal.
Podemos dizer que, no caso do chimpanzé, suas experiências não beneficiam a sua
espécie, pois nasce e acaba imediatamente com ele. Já no caso do humano, o processo
ocorre de forma contrária, uma vez que toda experiência de um sujeito é transmitida aos
demais, o que promove um grande processo de acumulação de conhecimentos, isto é, de
transferência de conhecimentos produzidos pela espécie humana.
Podemos então entender que cada sujeito, ao interagir com sua cultura, envolve-se
ativamente na interpretação do significado da experiência, e também cria coletivamente
mundos interacionais.
O ser humano torna-se um ser cultural porque evolui biologicamente para tanto,
o que, por sua vez, favoreceu a evolução da cultura.
As crianças ribeirinhas e das zonas rurais que estudam em escolas de ilhas e escolas
de fazendas, respectivamente, se locomovem por meio de barcos e canoas e animais, como
é o caso das crianças da ilha do Marajó que chegam à escola montadas em búfalos. Existe
no Brasil uma pluralidade em relação à infância, pois se configura uma heterogeneidade de
crianças: que trabalha e não estuda; a que cuida de outra criança, entre outras atividades
domésticas. No Estado do Pará, por exemplo, as crianças vivem em ambientes diversos.
Existem as ribeirinhas, as da carvoaria, as indígenas, as do campo, entre outras.
A cultura não é estática, mas dinâmica, construída por meio dos esforços de sujeitos
que trabalharam conjuntamente, utilizando e adaptando instrumentos mentais e simbóli-
cos proporcionados por predecessores e, durante o processo, criando novos instrumentos.
A herança de milhares de anos de história humana dá a cada geração genes de processos
inatos que a prontifica para se somar à vida humana. A aprendizagem humana é facilitada
por uma infância longa, em comparação com outras espécies animais, que conseguem
imediatamente sua independência. A infância longa ajuda a criança a aprender a usar a
linguagem e outras invenções culturais.
Neste ponto, você deve ter percebido que a discussão não terminou, que continua
ainda. Desse modo, discutiremos a seguir como as culturas infantis foram construídas
no decorrer do desenvolvimento da criança em épocas passadas e como se realiza a da
cultura infantil na modernidade.
exercício
1. Faça uma pesquisa em bibliotecas e na internet sobre o conceito de cultura.
2. Você concorda com a concepção de que a cultura é um elemento fundamental para
entendermos o sujeito?
3. Comente a seguinte afirmativa: “O homem age de acordo com seus padrões culturais”.
4. Assista ao documentário “Não é o que parece”, produzido pelo canal Futura em parceria
com o Conselho Regional de Psicologia, que trata da importância da dimensão subjetiva
em nossas vidas.
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
107
bibliografia
alves, l. m. s. a. A rede de significados na constituição do sujeito para Bakhtin. Revista Margens,
v. 2, n.3, jun, 2005, Editora da ufpa, Belém: Paka-Tatu. 2005.
bock, Ana Maria, gonçalves, mª Graça & furtado, Odair (orgs.). Psicologia socio-histórica:
uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez, 2001.
carvalho, a.; salles, f. & guimarães, m. Desenvolvimento e aprendizagem. Belo
Horizonte: Editora ufmg, 2002.
laraia, r. de b. Cultura: um conceito antropológico. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar editora, 1988.
rogoff, b. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2005.
rossetti-ferreira, m. c.; amorim, k. de s., silva, a. p. s.; carvalho, a. m. a.(orgs.).
Rede de significações e o desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2004.
vygotsky, l. s. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
______. Pensamento e linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
resumo da atividade 10
Nesta atividade verificamos a importância do multiculturalismo nos estudos do
desenvolvimento e da aprendizagem. Foi possível também identificar a cultura como ele-
mento fundamental para o processo de desenvolvimento da criança. Constatamos ainda
que o homem age de acordo com seus padrões culturais, pois a cultura é determinante
para formação da consciência do sujeito. Para os psicólogos culturalistas, o funciona-
mento psicológico do sujeito é constituído de processos que são mediados culturalmente
e desenvolvido historicamente.
Licenciatura em Letras
108 Língua Portuguesa
modalidade a distância
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
109
CULTURAS INFANTIS
E A INFÂNCIA
a t i v i d a d e 11
Licenciatura em Letras
110 Língua Portuguesa
modalidade a distância
objetivos
Ao final desta atividade, você deverá
• entender a importância das culturas infantis;
• identificar o papel das culturas infantis no desenvolvimento da criança;
• reconhecer as contribuições das brincadeiras no processo de aprendizagem e desen-
volvimento.
A infância é uma construção social, uma criação da sociedade sujeita a mudar sem-
pre que surgem transformações sociais mais amplas. Estudiosos da Psicologia, tal como
Piaget, pensavam que o desenvolvimento da criança era moldado por forças biológicas
e que seus estágios de desenvolvimento biológico seriam fixos e imutáveis.
Sabe-se hoje que a infância não pode ser compreendida isoladamente, desconectada
das estruturas sociais em que as crianças estão inseridas e de suas relações com as culturas
adultas. Isto é, as culturas infantis surgem na medida em que as crianças, interagindo com
os adultos e certamente com seus pares, estabelecem sentidos ao mundo em que vivem.
Você já deve ter observado que as crianças brincam e que durante a brincadeira
elas expressam sua percepção de mundo e vivenciam papeis sociais nas brincadeiras de
faz-de-conta. Além disso, a sua cultura está presente como norteadora das atividades
lúdicas. Perguntamos a você: como a criança efetivamente expressa a sua cultura nas
brincadeiras? É importante lembrarmos que a criança em desenvolvimento não é um ser
passivo. Pelo contrário, desde o nascimento a criança estabelece interações com o adulto,
e isso possibilita que elas apresentem sua forma de interagir com o mundo e, assim, criam
suas representações deste mundo.
As culturas das crianças, como já foi dito, são um conjunto de atividades ou roti-
nas, artefatos, valores e ideias que elas produzem e partilham em interações com os seus
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
111
pares. As manifestações infantis são provenientes de uma cultura própria das crianças.
Suas expressões, nas mais variadas linguagens, decorrem da relação com a cultura que as
cerca, ou seja, com os bens culturais que a sociedade disponibiliza para elas.
Na última década do século xx, segundo Sarmento (2001), houve avanços signifi-
cativos na pesquisa sobre culturas infantis no âmbito dessa abordagem. E a brincadeira,
como atividade lúdica, é um traço fundamental da cultura infantil, sendo condição de
Licenciatura em Letras
112 Língua Portuguesa
modalidade a distância
A criança brinca porque necessita se exercitar, exprimir seu mundo interior, imitar
aspectos da vida adulta para compreendê-la. Além disso, brincar faz parte do processo
de socialização da criança, pois no brincar ela desenvolve seu raciocínio lógico e suas
habilidades, assim como valores, costumes da sociedade a qual pertence. O brincar edu-
cativo remete à experimentação de emoções, desejos, sentimentos e, principalmente à
apropriação da cultura na infância.
Unidade 3
Multiculturalismo, aprendizagem
e desenvolvimeto humano
113
Brougère (2003) define o brincar como uma atividade cultural dinâmica e infor-
mativa, que tem como função promover e desenvolver a criança. “É uma construção
cultural”, não tem um tempo determinado e preciso para acontecer e, quando acontece,
faz-se de forma espontânea e criativa, envolvendo as múltiplas linguagens que se apre-
sentam no âmbito familiar e nas instituições educacional, impregnadas de significação
social e cultural. Vygotsky especifica ainda que uma das funções básicas e importantes
do ato de brincar é dar liberdade para que a criança aprenda a resolver situações que se
apresentam no seu cotidiano.
Estudos apontam que as crianças de uma mesma cultura brincam com temas
comuns a elas, e representam papeis de pessoas que interagem nessa cultura. Nas brinca-
deiras de faz-de-conta, por exemplo, os temas como educação, escola, relações familiares
aparecem recorrentemente quando as crianças brincam de “casinha”, situação em que
se representam as figuras da mãe, do pai, dos filhos, do médico, do policial, do bandido
e assim por diante. Além disso, as crianças em suas brincadeiras, buscam fugir de deter-
minados contexto, uma vez que a fantasia, por ser mais desejável, as fazem se afastar da
realidade; dessa maneira, o faz-de-conta pode ser considerado uma fuga do mundo real.
ao mesmo tempo em que projeta para o futuro. Ao brincar, a criança representa ações
que terá quando for adulta (mãe, professora, médico, entre outras).
exercício
1. Você já parou para pensar por que a criança brinca? Qual a função da brincadeira para
o desenvolvimento da criança?
2. Faça um trabalho de observação das brincadeiras de um grupo de crianças, destacando:
a) O que elas brincam?
b) Com quem brincam?
c) Quais os objetos ou brinquedos?
d) Qual o tempo da brincadeira?
3) A partir da observação das brincadeiras infantis faça um debate sobre as brincadeiras
infantis, confrontando os modos como a veem Piaget e Vygotsky.
4) Assista ao documentário “Criança, a alma do negócio”, que aborda os temas sobre
publicidade, consumo e infância. Após essa tarefa, faça um texto crítico em que sejam
destacadas as influências da propaganda no comportamento da criança.
bibliografia
bomtempo, e. A brincadeira de faz-de-conta: lugar do simbolismo, da representação, do
imaginário. In: kishimoto, t. m. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez,
2009, p.57 – 72.
brougère, g. Brinquedo e cultura. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
sarmento, m. j. Crianças: educação, culturas e cidadania activa. Perspectiva. Revista do
Centro de Ciências da Educação. v. 23, Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa
Catarina, 2005.
______. As culturas da infância nas encruzilhadas da segunda modernidade. In: cerisara,
a.b. (org.). Crianças e miúdos: perspectivas sócio-pedagógicas da infância e educação. Coleção
em foco, Edições Asa, Portugal, 2004.
Licenciatura em Letras
116 Língua Portuguesa
modalidade a distância
resumo da atividade 11
Nesta atividade destacamos como a criança brinca e porque necessita se exerci-
tar, exprimir seu mundo interior, imitar aspectos da vida adulta para compreendê-la.
Brincar faz parte do processo de socialização da criança, pois no brincar ela desenvolve
seu raciocínio lógico e suas habilidades, assim como valores, costumes da sociedade a
qual pertence. Verificamos também, nesta atividade, que o brincar educativo remete a
experimentação de emoções, desejos, sentimentos e principalmente a apropriação da sua
cultura. Ou seja, o brincar é compreendido como uma atividade que permite a criança
elaborar e organizar suas ideias, assim como, é uma necessidade humana se apropriar
dos brinquedos e das brincadeiras que vão contribuir de forma significativa para o de-
senvolvimento e aprendizagem, além disso, a criança assinala valores culturais e socais
essenciais para sua formação. Finalizamos as atividade abordando que a brincadeira de
faz-de-conta cria “zona de desenvolvimento proximal”, a criança interage com signifi-
cados desligados de seus objetos, sem que isso interfira em sua ação real. Na brincadeira
a criança submete suas atitudes às regras estabelecidas.
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Língua Portuguesa
modalidade a distância
117
SOBRE A CONTEUDISTA
Profa. Dra. Laura Maria Silva Araújo Alves
é professora do Instituto de Ciências da Educação da ufpa. Psicóloga, mestre em
Letras pela ufpa e doutora em Psicologia da Educação pela puc-São Paulo. Trabalha
com o ensino da Psicologia da Aprendizagem e desenvolvimento humano nos cursos de
Licenciatura da ufpa. É coordenadora do grupo de pesquisa ecos (Constituição do
Sujeito, Cultura e Educação). Orienta dissertações e teses do ppged-ufpa na temática
da história da infância na Amazônia paraense, na Psicologia do desenvolvimento humano
e Linguagem.