Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.

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Abrir portas onde se erguem muros Director: Manuel Carvalho Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • Ano XXXII • n.º 11.477 • Edição Lisboa • Assinaturas 808 200 095 • 1,30€

Belém admite
que Moedas
criou “ciclo
próprio”, que
só agora está
a começar
PSD ”Não é ainda
o tempo do
debate interno”
Opinião de
Paulo Rangel

Destaque 2 a 13, 17,

44 e Editorial MIGUEL FERASO CABRAL

Entrevista Eleições alemãs Aprendizagens

“Um défice Scholz ganhou É no 6.º ano que
orçamental mas Laschet os alunos pobres
nunca é uma também quer mais se afastam
folga” formar governo dos restantes
Nazaré da Costa Cabral, do Conselho O candidato conservador segue sem Novos dados revelam como a pande-
das Finanças Públicas, alerta: a situa- reconhecer a mudança na paisagem mia afectou mais alunos de contex-
ção Ænanceira do país “não política, mas na CDU há quem queira tos socioeconómicos mais desfavo-
é confortável” Economia, 28/29 admitir a derrota Mundo, 24/25 recidos Sociedade, 22
ISNN-0872-1548

966c8911-5ce2-4205-a8f3-7692267e9890
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2 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

AUTÁRQUICAS 2021

Geografia Análise
dos resultados
Autárquicas Resultados em
São José Almeida
2021 2017
F
ormalmente o PS ganhou
as autárquicas de domingo.
Resultados finais Teve mais eleitos e mais
PS
câmaras. Mas a
recuperação no número de
Coligação PS
câmaras e a reconquista
PSD simbólica pelo PSD, em coligação
Coligação PSD com o CDS, de cidades como
CDU (PCP-PEV) Lisboa, Coimbra, Funchal e
CDS-PP Portalegre transformam os
Independentes resultados em algo altamente
favorável e até numa espécie de
seguro de vida para os líderes
destes partidos, Rui Rio e
Francisco Rodrigues dos Santos.
O reforço dos dois líderes
Brancos deve-se, do ponto de vista
2021 2,5% simbólico, à surpresa da vitória
do ex-comissário europeu, Carlos
2017 2,62% Moedas, que roubou a câmara da
capital ao socialista Fernando
Nulos Medina. Mas expressa-se também
2021 1,58% em números. O PSD detém agora
114 presidências de municípios,
2017 1,93% AÇORES MADEIRA quando em 2017 tinha apenas 98,
enquanto o PS baixa de 161
Percentagem presidências de câmaras para 149.
por partido Reduz-se assim o fosso que
Em 2021 separava o primeiro e o segundo
partidos autárquicos. Era de 63
PS autarquias, agora ficou em 35.
34,25 AÇORES MADEIRA O encolher da diferença
garante, mesmo assim, que o PS
PSD
se assuma confortavelmente
13,25 como detentor da presidência da
PSD + Associação Nacional de
Municípios Portugueses. Ainda
10,85 que tenha visto o presidente
CDU deste organismo, Manuel
8,18 Machado, perder a Câmara de
Grupo Cidadãos
Coimbra. E permitiu que o líder
dos socialistas, António Costa,
5,55 tivesse cantado vitória no
CHEGA discurso de reacção aos
4,16

PS ganha, mas Rui Rio

BE
2,75
Abstenção nas eleições
autárquicas

50

40
46,32%
e Francisco Rodrigues dos
30

20

10
Santos ficam reforçados
0
Se é um facto que o PSD não ganhou as eleições autárquicas, o resultado obtido por
1976 2021 este partido, pelo simbolismo político de algumas das câmaras conquistadas,
Fonte: www.autarquicas2021.mai.gov.pt PÚBLICO
principalmente a de Lisboa, dá a Rui Rio um suplemento de alma
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 3

resultados na noite eleitoral.

Mas a mácula da derrota em
Lisboa não foi iludida pelo
também primeiro-ministro. “Se
sinto frustração, claro que sim, é
evidente que sim, isso é
indiscutível”, reconheceu
perante os jornalistas, já depois
de se ter juntado a Fernando
Medina para ouvir o seu sucessor
à frente da capital assumir a
derrota, nos termos de “pessoal e
intransmissível” e não como um
insucesso do PS ou do seu líder.
forma crítica pelo antigo líder
parlamentar, Hugo Soares. Este
assumido apoiante do putativo
candidato à liderança Luís
Montenegro declarou que estes
resultados “não são um cartão
amarelo ou alaranjado” ao
Governo e que “o PSD não é ainda
alternativa” de poder.
Aliviado e fortalecido face a
eventuais ataques à sua liderança
Æcou o presidente do CDS,
Francisco Rodrigues dos Santos.
Tanto que até citou Mark Twain.
como presidente da capital. Com Visto de Belém
esta vitória, o ex-comissário
europeu ganha um signiÆcativo
peso interno e entra no lote de Moedas criou “um ciclo
candidatos a putativos futuros
líderes a prazo. O próprio Carlos
Moedas proferiu uma declaração
próprio” que só agora
simbólica dessa porta aberta ao
futuro: “Hoje, começou um novo está a começar
ciclo, novos tempos. E eu estou
convencido de que começa em
Lisboa, mas não vai acabar em
Lisboa.” Leonete Botelho
Perdedora clara nas urnas é a

Ou seja, a curto prazo, não é
expectável que haja abalos de
poder na sede socialista do Largo
do Rato. Nem há certezas sobre
qual o futuro de Fernando
Medina, um dos putativos
candidatos a líder na sucessão de
António Costa. O ex-presidente da
Câmara de Lisboa não quis falar
sobre o tema na noite eleitoral. E
nada garante que depois desta
derrota meta em deÆnitivo “os
papéis para a reforma” da
actividade política e partidária.
Se é um facto que o PSD não
ganhou as eleições autárquicas, o
resultado obtido por este partido,
pelo simbolismo político de
algumas das câmaras
conquistadas, principalmente a
de Lisboa, dá a Rui Rio um
suplemento de alma, uma
legitimação que lhe advém de ter
conseguido inverter a tendência
de derrota do PSD desde as
autárquicas de 2013.
Na noite eleitoral, Rui Rio
optou por ignorar as oposições
internas e recusou-se a falar sobre
o futuro. Mas não deixou de
aÆrmar que o PSD está agora em
“melhores condições” para
disputar e ganhar as próximas
legislativas.
O que é facto é que ontem, no
rescaldo eleitoral, o sucesso
eleitoral do PSD já foi olhado de
“O anúncio da minha morte foi
manifestamente exagerado”,
ironizou e manifestou-se “muito
feliz por o CDS ter dado uma
extraordinária prova de vida”.
O teste à liderança de Francisco
Rodrigues dos Santos passou por
manter as seis câmaras que já
detinha — Albergaria-a-Velha,
Oliveira do Bairro, Ponte de Lima,
Santana, Vale de Cambra, Velas —
e por obter, fruto dos acordos
com Rui Moreira e com o PSD, um
vereador no Porto e outro em
Lisboa.
Por sua vez, Carlos Moedas sai
destas autárquicas não apenas
Reduz-se assim o
fosso que separava
o primeiro e o
segundo partidos
autárquicos. Era
de 63 autarquias,
agora ficou em 35
CDU. A coligação liderada pelo
PCP baixou de 24 para 19
câmaras. Entre as perdas está
uma das jóias da coroa dos
comunistas, a Câmara de Loures,
que foi roubada pelo socialista
Ricardo Leão ao comunista
Bernardino Soares, o ex-líder
parlamentar do PCP que já
chegou a ser apontado como
possível sucessor de Jerónimo de
Sousa.
De difícil digestão para a CDU
foi ver a socialista Inês de
Medeiros não só voltar a ganhar
em Almada como, ainda por
cima, fazê-lo com maioria
absoluta. Isto depois da CDU ter
apostado todas as Æchas neste
município e candidatado a
ex-presidente da Câmara de
Setúbal, Maria das Dores Meira.
Tendo perdido para o PS, além
de Loures, Montemor-o-Novo,
Moita, Alvito, Mora e Alpiarça, a
CDU teve como compensação, a
recuperação, aos socialistas, das
câmaras de Barrancos e de Viana
do Alentejo. E viu o seu candidato
todo-o-terreno João Ferreira não
só manter os dois vereadores na
Câmara de Lisboa, mas também
reforçar a votação na cidade. O
que o consolida, em termos de
leitura política externa, como
putativo candidato à sucessão de
Jerónimo de Sousa.
NUNO FERREIRA SANTOS
A
s eleições autárquicas abri-
ram um novo ciclo políti-
co… ao retardador: mos-
traram que há no país uma
tendência de mudança à
direita, mas ninguém sabe
ainda quando será o momento da
viragem. É assim que os resultados
das autárquicas são vistos em Belém
e esse momento de viragem preo-
cupa o Presidente da República. No
day after das autárquicas, cauteloso,
o chefe de Estado insistiu no mantra
da estabilidade: “Crises políticas
nos próximos dois anos não fazem
sentido, importa que haja Orçamen-
to do Estado para 2022 e 2023.”
Em Coimbra, um dos concelhos
mais simbólicos da mudança do PS
para o PSD, Marcelo Rebelo de Sou-
sa resistiu às investidas dos jornalis-
tas e não deixou cair uma palavra
que fosse para além do que tem dito
desde que começou o segundo man-
dato: “Estamos numa legislatura
que termina em 2023, estamos a
começar a aplicar o Plano de Recu-
peração e Resiliência e os fundos
estruturais”, e ainda no rescaldo da
pandemia. Não há margem para
imprevistos, depreende-se — pero
que los hay, los hay, como mostra-
ram as autárquicas.
O ambiente político está em
mudança e não é só o “quando” e o
“como” que merecem a atenção da
Presidência da República — a outra
incógnita, provavelmente a mais
importante, é quem vai liderar a
mudança. “Paulo Rangel estava pre-
parado para avançar esta semana,
mas o seu caminho Æcou muito mais
difícil”, ouviu o PÚBLICO em Belém.
Rui Rio viu a sua liderança reforçada
com algumas vitórias de peso —
umas claramente apostas suas,
outras nem por isso, como é o caso
de Carlos Moedas em Lisboa.
A vitória em Lisboa foi sobretudo
do antigo comissário europeu, que
Æca agora “numa posição muito for-
te para mais tarde marcar a vira-
gem”, comenta-se em Belém. “Moe-
das criou um ciclo próprio”, enten-
dem os mais próximos de Marcelo,
convictos, porém, que esse ciclo
tem uma primeira etapa que passa
por conseguir governar a câmara da
capital: “Ele é muito bom em esta-
belecer consensos, mas se houver
ruptura iminente, pode sempre for-
çar eleições intercalares e reforçar
a votação em novas eleições.”
Certo é que, Ænalmente, a direita
Marcelo terá dado um
“empurrão” a Moedas
parece fornecer uma alternativa
que agrada a Marcelo Rebelo de
Sousa. Há anos que defende, em
privado, as qualidades de Carlos
Moedas, enquanto em público vai
pedido uma alternativa forte. Em
Março, quando o então administra-
dor da Fundação Calouste Gul-
benkian anunciou a sua candidatu-
ra à câmara da capital, algumas
notícias davam conta de que Marce-
lo teria dado um empurrão à sua
decisão.
E o encontro entre Marcelo e
Moedas na Feira do Livro de Lisboa
a um mês das autárquicas — que
aconteceu como que por acaso mas
que, por acaso, Fernando Medina
evitou por estar em pré-campanha
—, foi convenientemente registado
pelas câmaras de televisão e máqui-
nas fotográÆcas dos jornalistas.
Antes da tomada de posse para o
segundo mandato, Marcelo Rebelo
de Sousa já antevia vários ciclos nos
cinco anos seguintes, dizendo mes-
mo que o seu mandato tinha vários
mandatos dentro. O primeiro ciclo,
que então chamou o da “clariÆca-
ção”, era precisamente marcado
pelas eleições autárquicas e pelo Æm
da pandemia. Já então apontava ao
PÚBLICO que o tiro de partida tinha
sido dado com a apresentação da
candidatura de Carlos Moedas a Lis-
boa, que fez mexer o tabuleiro polí-
tico, da direita à esquerda. À direita,
porque afastava a hipótese do
regresso triunfal de Passos Coelho.
À esquerda, ameaçava — como ago-
ra se conÆrmou — a hegemonia do
PS simbolizada na maior autarquia
do país.
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4 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
AUTÁRQUICAS 2021
Partidos sob nova ameaça PS e PSD empatados nos bastiões
PS PS
PSD PSD
PCP-PEV CDU
Independentes
AÇORES MADEIRA AÇORES MADEIRA
Fonte: MAI
À lupa Helena Pereira e Liliana Borges
Sete mapas Como os independentes
crescem, onde pára o BE,
que mostram o que são bastiões ou
onde se aprecia mais
as maiorias absolutas
os outros lados São mais de 60 as câmaras
que mudaram de partido
destas autárquicas Contados os votos, das 307 autar-
quias apuradas, houve 66 câmaras
que mudaram de cor partidária,
sete das quais pela primeira vez des-
de 1976. O único partido que man-
teve as suas câmaras intocáveis foi
o CDS, que agarrou as seis autar-
quias onde lidera. A mudança mais
evidente foi a da Câmara de Lisboa,
que 14 anos depois da governação
socialista voltou a ser do PSD.
Ainda que o PS tenha sido o par-
tido mais votado, o PSD foi quem
mais recuperou dos resultados de
2017, tendo vencido 32 câmaras (e
perdido outras 16), incluindo nas
coligações por si lideradas. Já o PS
perdeu 34 autarquias (incluindo a
PS “roubou” menos do que em 2017
Passou para
o PS
Passou para
a CDU
AÇORES MADEIRA
capital), tendo vencido em 22 con-
celhos.
Ainda à esquerda, também a CDU
(coligação que junta PCP e PEV)
registou algumas derrotas na noite
eleitoral. Depois de em 2017 ter per-
dido dez câmaras (nove para o PS),
a CDU voltou a encolher o número
de presidentes. De 24, a CDU passa
a presidir apenas 19 câmaras.
Houve ainda um aumento do
número de autarcas independentes.
Dos 17 autarcas independentes elei-
tos em 2017, o país vê agora a lide-
rança aumentar para 19. Destes, dez
eleitos ocuparão câmaras presididas
pelo PS e pelo PSD: quatro foram
perdidas pelo PSD (Batalha, Guarda,
Ílhavo e Caldas da Rainha) e seis
pelo PS (Marinha Grande, Golegã,
Figueira da Foz, Manteigas, Elvas e
Mealhada).
Ninguém tem medo
da maioria absoluta
Ler este mapa parece aparentemen-
te, parece simples. Mostra que os
eleitores do Norte gostam mais de
câmaras geridas por maioria abso-
Independentes nunc
AÇORES
luta e dentro destes casos destacam-
se as seis câmaras em que o partido
vencedor, o PSD, teve mais de 70%
dos votos. Foi o caso de Valpaços,
Boticas, Terras de Bouro, Sernance-
lhe, Vila Velha de Ródão ou Almo-
dôvar. A maior maioria do CDS Æcou
na casa dos 50% enquanto a CDU
ultrapassa os 60%. Já o PS tem três
câmaras com mais de 70% de maio-
ria, embora seja o campeão nas
maiorias absolutas por pequenas
margens.
Entre PS e CDU, saldo
positivo foi para o PS
CDU recupera duas câmaras perdi-
das em 2017: Barrancos e Viana do
Alentejo, mas as perdas são mais do
que os ganhos. Na noite de domingo,
viu o PS ganhar Loures por 2 mil
votos, Montemor-o-Novo, Mora,
Alpiarça, Alvito, Mora e Moita. Mora
e Montemor-o-Novo eram dois bas-
tiões a que presidia desde 1976. Por
curiosidade, a Câmara de Vila Viçosa
foi perdida para o PSD, passando a
CDU da presidência para o terceiro
lugar (18,72%; um eleito).
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 5

ca foram tantos BE quase desaparece do mapa Maiorias acima dos 50% dos votos Abstenção à beira-mar

Nós, Cidadãos 50-55

CDS-PP 55-60
BE 60-65
Chega 65-70
Livre Mais de 70
BE e Livre
Chega e BE

MADEIRA AÇORES MADEIRA AÇORES MADEIRA AÇORES MADEIRA

PÚBLICO

Na estreia, Chega elege
19 vereadores
Vamos aos partidos mais pequenos.
Na primeira vez que concorre a
autárquicas, o Chega conseguiu ele-
ger 19 vereadores. André Ventura
falhou a vitória para a Assembleia
Municipal de Moura, mas em con-
trapartida teve uma estreia em
vários pontos dispersos do país.
Elegeu em Loures, Sintra, Cascais,
Odivelas, Vila Verde, Mangualde,
Entroncamento, Azambuja, Santa-
rém, Benavente, Salvaterra de
Magos, Vila Franca de Xira, Seixal,
Sesimbra, Moita, Serpa, Moura, Por-
timão e Loulé.
O CDS sozinho, sem contar com
as coligações com o PSD, conseguiu
eleger 30 vereadores, entre os quais
seis presidentes de câmara, as mes-
mas que já tinha em 2017. A sua for-
ça eleitoral está localizada na região
Centro e Norte: Ponte de Lima,
Esposende, Vale de Cambra, Alber-
garia a Velha, Vagos, Oliveira do
Bairro, Águeda, Sever do Vouga e
Monchique.
Já o Nós, Cidadãos elegeu cinco
vereadores, dois em Oliveira de Fra-
O número de des, um no Alandroal, um no Crato
e outro em Vila Nova de Paiva.
independentes Mais atrás, Æcou ainda o Bloco de
Esquerda, reduzido a quatro verea-
tem vindo sempre dores (Lisboa, Porto, Almada, Sal-
vaterra de Magos), vendo cair mui-
a crescer desde as tos dos vereadores que tinha conse-
guido eleger em 2017, como
autárquicas de 2001. Portimão, Amadora, Vila Franca de
Xira, Abrantes, Torres Novas, Seixal
Primeiro, eram 31 e Moita.
eleitos (entre Independentes: uma força
presidentes em franca ascensão
de câmara Não há dúvida, o número de votos
e de eleitos autárquicos tem vindo
e vereadores). paulatinamente a crescer desde as
autárquicas de 2001. Primeiro, hou-
ve 31 independentes eleitos (entre
Agora, são 134 presidentes de câmara e vereado-
res, já sem contabilizar membros de
assembleia municipais ou de assem-
bleias de freguesia). Nas eleições de
2005, foram 45. Nas de 2009, 67.
Nas de 2013, conseguiram 112. Nas
de 2017, 130 e agora este domingo o
número alcançou os 134 vereadores
e presidentes de câmara.
Em muitos casos, trata-se de candi-
daturas genuinamente independen-
tes, como o Juntos Pelo Povo Na
Madeira, que detém uma câmara
municipal. Outros casos há de revol-
tosos contra os seus próprios partidos
de origem, como já aconteceu em
Elvas, Batalha ou Guarda. Outro dado
interessante é que nestas eleições o
número de independentes eleitos
(presidentes e vereadores) para as
câmaras municipais Æcou em quinto
lugar, acima do BE e do Chega.
O que nos diz a abstenção?
As eleições autárquicas de domingo
foram as segundas menos participa-
das de sempre, mas por pouco. Em
2013, bateu-se o recorde, com 47,4%;
nas eleições seguintes, em 2017, des-
ceu para 45%, para agora voltar a
aumentar para 46,35%.
Olhando para o mapa do país, veri-
Æca-se que a abstenção foi superior à
média nacional em cerca de 80 con-
celhos, a maior parte no litoral.
Nas presidenciais de Janeiro, 60,8%
dos portugueses não foram votar, o
que representou a percentagem mais
alta desde 1976. O facto de 2021 ser
ano de pandemia pode ter contribuí-
do para estes números, mas a realida-
de é que a fatia de abstencionistas
tem-se tornado maior a cada eleição,
à semelhança do que se passa em
vários países europeus.
Os bastiões
que ainda restam
Bastiões. Ainda vai continuar a ouvir
falar dessa palavra no que toca a elei-
ções autárquicas. O país partiu para
estas eleições com 32, ou seja, 32 con-
celhos que desde as primeiras elei-
ções autárquicas livres se mantiveram
sempre Æéis ao mesmo partido: o pre-
sidente de câmara foi mudando mas
o partido era sempre o mesmo. Des-
ses 32, apenas caíram sete: o Cartaxo
(mudou do PS para o PSD); Reguen-
gos de Monsaraz (passou do PS para
o PSD); Ferreira do Zêzere (do PSD
para o PS); Penela (do PSD para o PS);
Montemor-o-Novo (da CDU para o
PS); Mora (da CDU para o PS) e Moita
(também da CDU para o PS). Actual-
mente, a CDU mantém seis bastiões
e PSD e PS nove cada.
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6 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
AUTÁRQUICAS
Lisboa
Moedas dá sinal de abertura
para tentar governar a capital
Sofia Rodrigues
Candidato da coligação
PSD/CDS terá de fazer
entendimentos, sobretudo
com o PS, para conseguir
gerir o município
N
as primeiras declarações
públicas após a noite eleito-
ral, o presidente eleito da
Câmara de Lisboa quis dar
um sinal de abertura aos
outros partidos para abrir
caminho à governabilidade do muni-
cípio. É que a coligação PSD/CDS lide-
rada por Carlos Moedas não ganhou
com maioria e precisa de entendi-
mentos, sobretudo com o PS.
Na primeira acção após a vitória,
um almoço com os trabalhadores da
área da higiene urbana, Carlos Moe-
das disse contar “com todos os parti-
dos para governar a cidade”, defen-
dendo que é “preciso trabalhar em
conjunto” e acabar com a “política da
fricção”.
A coligação, que integra ainda os
partidos MPT/PPM/Aliança, elegeu
sete vereadores, o PS outros sete, a
CDU dois e o Bloco de Esquerda man-
teve um lugar. Apesar de a esquerda
ter uma maioria (dez vereadores con-
tra sete), a direcção do PSD acredita
que será possível Ærmar acordos com
o PS, caso a caso, que permitam
governar o município.
“Não vai ser fácil, é necessário
construir uma plataforma de enten-
dimento minimamente estável”, dis-
se à TSF David Justino, descartando
uma coligação formal entre PSD e PS.
“Aquilo que se apresenta como coli-
gação não será fácil, mas entendimen-
tos sobre orçamentos e aquilo que são
grandes deliberações, aí julgo que
será possível e desejável.”
A mesma posição foi assumida pelo
secretário-geral do PSD, José Silvano.
“Não tenho nenhuma dúvida de que
vai ser governável”, declarou à TSF,
considerando que, perante a votação
que indiciou “mudança”, os “lisboe-
tas vão pressionar” nesse sentido.
José Silvano destacou a “coragem” de
Carlos Moedas, que “deixou tudo”
para liderar a candidatura do PSD/
CDS a Lisboa.
Nos municípios, segundo deter-
mina a lei eleitoral, o partido ou
coligação que conquista mais votos
ganha a presidência da câmara, ao
contrário do que acontece em legis-
lativas, como se provou em 2015
quando a coligação PSD/CDS obteve
mais votos, mas o PS é que conse-
guiu formar Governo com uma
2021
maioria parlamentar.
A lei eleitoral para a Assembleia
da República tem regras muito dife-
rentes da lei eleitoral para as autar-
quias locais e não permite “gerin-
gonças”. “É presidente da câmara
municipal o primeiro candidato da
lista mais votada ou, no caso de
vacatura do cargo, o que se lhe
seguir na respectiva lista”, refere o
artigo 57.º da Lei n.º 169/99, que
estabelece o quadro de competên-
cias, assim como o regime jurídico
de funcionamento, dos órgãos dos
municípios e das freguesias .
No caso das eleições para as legis-
lativas, o líder do partido (ou coliga-
ção) mais votado é convidado pelo
Presidente da República a formar
Governo. Apresenta um programa
eleitoral na Assembleia da República
que tem de passar pelo crivo dos
deputados. O programa pode ser alvo
de uma moção de rejeição, como
aconteceu como Pedro Passos Coelho
em 2015. Foi então convidado Antó-
nio Costa, o líder do segundo partido
mais votado, o PS, para formar Gover-
no, o que conseguiu graças a acordos
(individuais) para o apoio parlamen-
tar do PCP/PEV e BE.
Esta situação que agora se vive na
câmara da capital já tem acontecido
Medina mais perdedor do que Moedas vencedor
as palavras de Fernando
N
Medina, o resultado eleitoral
de Lisboa foi “uma
indiscutível vitória pessoal e
política” do social-democrata
Carlos Moedas, que encabeçou
a coligação vencedora. Mas se
foi uma vitória de Moedas,
também para Medina a derrota
foi “pessoal e intransmissível”,
como o próprio admitiria.
Os números mostram que há
mais para saber quando se
procura saber quem ganhou e
quem perdeu. Afinal, foi Medina
quem perdeu a liderança da
capital ou Moedas que a
conquistou? A coligação
encabeçada por Moedas
conseguiu 34,25% dos votos,
enquanto a lista liderada por
Medina não foi além dos 33,3%, o
que representa uma diferença de
aproximadamente 2300 votos.
A desmobilização de votos
socialistas ficou clara no número
de freguesias lisboetas que
passaram para o PSD, entre as
quais Alvalade, Arroios e
Avenidas Novas (Campo de
um pouco porr todo o país ao longo tido de João Cotrim Figueiredo tinha
cadas.
das últimas décadas. rejeitado participar na coligação e
tónio Guterres era pri-
Quando António optou por apresentar um candidato
meiro-ministro,o, em 2000, o PS che- próprio, Bruno Horta Soares (depois
gou a apresentarar uma alteração legis- da desistência da primeira escolha).
lativa no sentido
tido de mudar estas Não foi eleito vereador, que era a ban-
regras, de forma
ma a impedir situações deira da campanha em Lisboa. Na
bilidade, que é o risco
de ingovernabilidade, capital, a IL elegeu três deputados
que agora paira a sobre a autarquia lis- municipais e 14 vogais de juntas de
ra, a reforma proposta
boeta. Na altura, freguesia.
as tentava reproduzir
pelos socialistas Em número de votos, o Chega Æcou
nas câmaras o modelo de formação à frente da IL em Lisboa, mas tam-
do Governo da República: quem bém não elegeu vereador,
ões para a Assembleia
ganha as eleições tal como o PAN. com
Municipal constitui
stitui uma vereação da Helena Pereira
sua conÆança. a. Evitar-se-iam assim
situações de bloqueio
oqueio na gestão autár-
quica e ultrapassar-se-iam,
assar-se-iam, também,
situações em que o presidente eleito,
em minoria, vê ê a sua gestão sistema-
sta em causa por uma
ticamente posta
iança negativa” entre
espécie de “aliança
vereadores doss diferentes partidos da
oposição.
IL e Chega sem vereadores
A coligação de Carlos Moedas parece
ter beneÆciado o do efeito do voto útil
— foi, aliás, uma
a das mensagens fortes
de campanha do social-democrata
— ao fechar a porta
orta à eleição de verea-
dores por parte te da Iniciativa Liberal
(IL) e do Chega.a. No caso da IL, o par-
Ourique, cujoo candidato era
Pedro Costa, filho de António
eve-se PS por uma
Costa, manteve-se
diferença de apenas 25 votos).
ntónio Costa tinha
Em 2013, António
esidência da câmara
vencido a presidência
de Lisboa comm 50,91% dos votos.
Quando Fernandoando Medina se de
candidatou pela primeira vez à Moedas
presidência, já depois de ter foi bem
assumido as funções de António mais contido (-1,1
Costa, venceu u com 42% do total pontos em
ora, Medina levou
de votos. Agora, Marvila).
gativa dos eleitores,
uma nota negativa Os números
perdendo nove ve pontos mostram uma
ace a 2017.
percentuais face transferência de
Tendo em conta a votos dos
comparação por freguesia entre socialistas para
os resultadoss de 2017 e 2021, a CDU,
Medina teve o melhor encabeçada por
desempenho o na Ajuda, onde João Ferreira. Ao
icar 4,8 pontos
acabou por ficar contrário do BE,
percentuais aquém de há quatro Ferreira não
nto na subida mais
anos, enquanto esteve no executivo
expressiva dee Moedas, o de Medina durante o
crata assegurou, no
social-democrata último mandato,
Lumiar, mais 4,5 pontos do que conseguindo aumentar o
em 2017. Já na a pior prestação, o voto da CDU em todas as
rdeu 12,9 pontos no
socialista perdeu freguesias lisboetas, com
Lumiar, sendo o que o pior registo excepção da Ajuda.
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 7

Porto

Moreira, o candidato que

falhou todos os objectivos
a que se tinha proposto
Apesar de as sondagens darem uma Sem maioria absoluta, o presiden-
Margarida Gomes
vitória folgada ao presidente da te da Câmara do Porto tenta encon-
Presidente da Câmara
Câ Câmara do Porto, o PSD foi um dos trar uma solução política que assegu-
vencedores da noite, ao eleger mais re a governação da cidade. Na madru-
do Porto nem sequer
se um vereador do que há quatro anos. gada de ontem, abriu a porta a futuros
conseguiu rentabilizar
renta O outro vencedor é Sérgio Aires, o entendimentos políticos com os par-
granjeou com
o capital que gra sociólogo que o Bloco de Esquerda tidos que vão ter assento no executivo
a gestão da pandemia
pand candidatou a estas eleições. É a pri- para garantir a governabilidade da
meira vez que o Bloco elege um verea- cidade. Não seria a primeira vez. Em

A
pesar ded ter sido reelei- dor para a Câmara do Porto. 2013, eleito pela primeira vez, sem
to par
para um terceiro Moreira tinha tudo para ter um últi- maioria, Moreira fez um acordo pós-
manda
mandato, Rui Moreira mo mandato confortável, mas a sua -eleitoral com o PS — Manuel Pizarro
é um d dos derrotados mensagem não terá passado, acaban- teve pelouros atribuídos —, mas a coli-
da noite
noi eleitoral de do por não beneÆciar do desconten- gação acabou por abortar a cinco
doming
domingo, não só por- tamento de uma franja do eleitorado meses das autárquicas, por decisão
que perdeu a m maioria absoluta do PS que não se reviu na escolha do do presidente da câmara.
(Æcou-se pelos 40,72%), mas candidato ao Porto, Tiago Barbosa No entanto, também admitiu gover-
também porque
porq falhou os Ribeiro, conotado com a ala mais à nar em minoria. E, em declarações
objectivos a quque se tinha pro- esquerda do PS. Os socialistas tiveram aos jornalistas, Moreira garantiu que
posto para o se seu último man- uma pesada derrota. Perderam um a governação da cidade estava asse-
dato, não tend
tendo conseguido vereador (elegeram três) e Æcaram-se gurada: “Aquilo que temos de avaliar
capitalizar o de
descontentamen- pelos 18,02% dos votos, menos dez é se valerá a pena tentarmos governar
to do eleitorad
eleitorado do PS que, no pontos percentuais do que nas últi- sozinhos, ou se haverá condições para
Porto, perdeu quase dez pon- mas autárquicas. chegar a acordo com algumas forças
tos percentuai
percentuais em relação às Há outro factor que pode ter ajuda- políticas — não sei dizer. Aliás, acho
últimas autárq
autárquicas. do a explicar a sua derrota política: que elas também não sabem.”
O presidente independente Moreira não foi capaz de captar novos Tal como Rui Moreira disse na sua
da segunda câmara
c do país eleitores por não ter apresentado um intervenção em que comentou
tinha pedido a aos portuenses projecto político novo para a cidade. os resultados eleitorais, não existe
um voto de conconÆança para que E a resposta que os portuenses lhe nenhum problema de ingovernabili-
voltassem a acracreditar em si, no deram no domingo é, de alguma dade, só se houver uma hecatombe,
seu projecto de d cidade e na maneira, o reÇexo da falta de entu- leia-se perda de mandato no âmbito
equipa que o acompanha. siasmo da cidade com a sua obra e do processo Selminho, cujo julga-
Pediu maioria no executivo com os seus mandatos. mento está marcado para 16 de
municipal (que já tinha), maio- Apesar de ter margem de manobra Novembro. A oposição diz que Morei-
assemb
ria na assembleia municipal para crescer, o candidato indepen- ra tem de aprender a governar em
(que nunca teveteve) e queria con- dente do Porto, o Nosso Movimento minoria “e sem birras” e mostrar
prim
quistar pela primeira vez a pre- também não foi capaz de traduzir a abertura para negociar.
Junt de Freguesia
sidência da Junta baixa taxa de rejeição na captação de Em matérias de grandes documen-
de Paranhos, b bastião do PSD. um novo eleitorado porque, na ver- tos, como é o caso do orçamento da
Falhou em toda a linha. dade, não apresentou novas razões câmara, por exemplo, a actual maio-
Apanhado de ssurpresa com os para que isso acontecesse. ria terá de acolher as propostas dos
elevados níveis de abstenção partidos da oposição. O PS, pela voz
nestas eleições qu que abriam a por- de Tiago Barbosa Ribeiro, já deixou
ta à perda da maio
maioria, o presiden- claro que não está disponível para
te da Câmara do Porto acabou fazer coligações com o movimento de
por não rentabiliz
rentabilizar o capital que Moreira, mas para fazer uma oposi-
conseguiu granje
granjear ao longo des- ção construtiva e apoiar as suas ideias.
te ano e meio co com a gestão da O vereador agora eleito disse ao
pandemia, o que p parece uma con- PÚBLICO que o PS vai aproveitar estes
tradição. Por outr
outro lado, desvalo-
rizou a escolha d do PSD. Nestas
Temos de avaliar quatro anos para se aÆrmar como
uma alternativa de cidade à actual
eleições, Rui Rio apostou
a no seu se valerá a pena maioria e lutar pelas suas ideias, que
ex-vice-presidente da Câmara do
Porto, Vladimir Fe Feliz, que se apre- tentarmos governar passam, essencialmente, por recla-
mar habitação para a classe média e
sentou à cidade co
político mais consiste
com um projecto
consistente, mais denso
sozinhos, ou se por uma maior coesão social. Acon-
tece que, em entrevista ao PÚBLICO,
e profundo do que há quatro anos.
Nesta corrida autárquica,
autár Vladimi-
haverá condições Moreira refutou qualquer entendi-
mento com o BE, que elegeu pela
ro Feliz teve o partido todo unido ao para chegar a primeira vez um vereador. Restam,
seu lado e acabou por conseguir capi-
talizar uma parte do eleitorado que acordo com algumas PS, PSD e CDU (que voltou a eleger
Ilda Figueiredo). Também a Iniciativa
votava Moreira. De Desta vez, o PSD
duplicou o número de mandatos,
forças políticas Liberal, que apoiou a candidatura do
movimento independente, terá uma
elegendo mais um d do que em 2017, Rui Moreira palavra a dizer porque vai ter repre-
conquistadando 17,25 17,25% dos votos. Presidente da Câmara do Porto sentação na assembleia municipal.
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8 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

AUTÁRQUICAS 2021
Eleições baralham detractores de Rio, mas estes não desistem

Críticos avisam que “não são favas contadas”

Sofia Rodrigues
Miguel Relvas reconhece
que o PSD ganhou as
eleições mas considera que
PSD ainda não se construiu
como “alternativa” ao PS
RUI GAUDÊNCIO
do PSD e, aí sim, cada militante será quico no peso interno do actual líder.
chamado a assumir as suas responsa- “As pessoas que estavam desconten-
bilidades”, escreveu. No artigo, o tes com Rui Rio não passaram, de
eurodeputado elogiou Carlos Moedas, repente, a estar contentes com Rui
assumiu a defesa de medidas internas Rio”, observou um próximo de Paulo
– como os contactos das estruturas Rangel, que vê como irreversíveis os
locais e até nacionais com a rede de apoios já conquistados, sobretudo,
quadros espalhada pelo país – mas no distrito do Porto. É neste distrito
também a de um programa partidá- onde o actual líder social-democrata

C
om leituras divergentes sobre
os contornos da vitória elei-
toral do PSD nas autárquicas,
as várias correntes sociais-
democratas — entre os mais
alinhados com Rui Rio e os
seus críticos — parecem apenas con-
vergir num ponto: a conquista de
Lisboa veio baralhar os dados e reco-
menda prudência na próxima dispu-
ta eleitoral interna.
No day-after da vitória social-de-
mocrata, o partido ainda está a dige-
rir os resultados sem que seja cris-
talino o que vão fazer potenciais
candidatos à liderança do partido
como Paulo Rangel ou Luís Monte-
negro. O balanço de Rui Rio para o
próximo ciclo Æcou evidente na noi-
te eleitoral mas o certo é que todos
— incluindo a direcção — se estão a
desdobrar em contactos para medir
o pulso ao partido.
Paulo Rangel, no artigo semanal
que escreve para o PÚBLICO, faz uma
pausa antes de próximos voos. “Não
é, pois, ainda o tempo da chamada
clariÆcação interna nem do debate
interno. Como bem disse o Presiden-
te do PSD, estamos ainda no períme-
tro do ciclo autárquico, das suas
implicações e repercussões. A seu
tempo, virá o ciclo eleitoral normal
rio, lançando as suas prioridades e as
linhas da oposição ao Governo.
O silêncio é agora o melhor conse-
lheiro entre os vários protagonistas e
ninguém quer arriscar assumir uma
posição deÆnitiva até porque terá de
haver um conselho nacional — para
discutir os resultados eleitorais — e
Rui Rio irá gerir o calendário confor-
me lhe for mais conveniente.
Os críticos admitem a vitória do
PSD mas não projectam o mesmo
sucesso nas legislativas frente a
António Costa. “O PSD ganhou as
eleições de forma clara. A questão
de construir uma alternativa de
governo é uma circunstância dife-
rente das autárquicas. As autárqui-
cas demonstraram a minha convic-
ção: há um cansaço da governação
socialista. Só não se reÇecte na per-
cepção nacional porque não há alter-
nativa”, aÆrmou ao PÚBLICO Miguel
Relvas, antigo número dois no
Governo de Passos Coelho.
O antigo dirigente nacional do PSD
elogia o seu antigo colega de Governo
e coloca-lhe desaÆos na capital: “Car-
los Moedas teve um excelente resul-
tado, é uma vitória mais pessoal do
que partidária e tem todas as condi-
ções para impor um modelo de gestão
moderna e galvanizadora. Terá de ter
Rio Rio era um homem feliz na noite de domingo
muita espertice política no enquadra-
mento em que a câmara está.”
Miguel Relvas, crítico da actual
direcção, antevê no PSD possíveis
surpresas à semelhança do que acon-
teceu nesta noite eleitoral de domin-
Há um cansaço go. “Nada está decidido no partido.
Quem julga que são favas contadas
da governação está enganado”, assegurou.
Dentro do partido há quem admita
socialista. Só não que este resultado eleitoral tenha tor-
se reflecte na nado ainda mais evidente a necessi-
dade de um entendimento entre
percepção nacional eventuais candidatos à liderança con-
tra Rui Rio. Os apoiantes de Paulo
porque não há Rangel acreditam que o eurodeputa-
do é o melhor posicionado para o
alternativa embate contra o actual líder do parti-
do até porque disputam eleitorado
Miguel Relvas interno. E desvalorizam a inÇuência
Ex-dirigente do PSD determinante do score eleitoral autár-
teve vantagem nas últimas directas.
Por outro lado, os apoiantes do
eurodeputado acreditam que a per-
cepção de vitória eleitoral se vai
dissipar nas próximas semanas
quando se inicia a discussão do
Orçamento do Estado e a atenção
volta a estar virada para a perfor-
mance do líder do partido.
Se Coimbra e Barcelos são “vitórias
pessoais” de Rui Rio, o sucesso não
comporta todo o desgaste do Gover-
no, segundo os críticos. Já David Jus-
tino, vice-presidente do PSD, acredita
que o resultado do PS vai ter “impli-
cações” na governação socialista.
Nos sectores mais afectos à actual
liderança é também ponto assente
que a conquista inesperada de Lisboa
veio dar ao presidente do partido o
argumento que lhe permite se con-
centrar nas legislativas de 2023. “Ago-
ra Rui Rio só tem de desalojar o inqui-
lino em São Bento”, gracejou um seu
apoiante.
Os sociais-democratas assumiram
a presidência de 113 municípios, um
resultado que supera o 2017. Miguel
Poiares Maduro, do conselho estraté-
gico nacional do PSD, defende que “o
PSD pode, se for inteligente, ter aqui
o gatilho para uma recuperação polí-
tica mais forte”.

No rescaldo das eleições

Autárquicas animam líder do CDS mas deixam Melo à espreita
Lisboa onde foi coligado com o PSD. Tanto na oposição como na direc- poder preparar a sua candidatura nos governos regionais da Madeira
Sofia Rodrigues
Elegeu três vereadores (embora ção fazem-se contas ao número de interna. Os apoiantes de Nuno Melo e Açores. Aliás, a direcção de Rodri-

A
vivência do dia seguinte às
autárquicas no CDS é
semelhante à do PSD. O
líder do CDS, Francisco
Rodrigues dos Santos,
ganhou um novo balão de
oxigénio e deixou os críticos em
banho-maria. Nuno Melo já se tinha
posicionado na corrida interna e
continua à espreita mas sabendo
que, internamente, o caminho não
Æcou facilitado. Se as autárquicas
eram uma prova de vida para o CDS,
a direcção não tem dúvidas de que
“o partido está vivo”.
O CDS conseguiu segurar as seis
câmaras que tinha, mas sobretudo
ganhou visibilidade na vitória de
Assunção Cristas tivesse deixado
quatro) e presidentes de junta, além
de ter colocado o número dois, Fili-
pe Anacoreta Correia, como vice-
presidente da câmara. Acima de
tudo, saiu vitoriosa a opção da
actual direcção de apoiar o social-
democrata Carlos Moedas e não
insistir em concorrer sozinho ou em
tentar que a antiga líder centrista
fosse a cabeça de lista numa coliga-
ção.
Tal como aconteceu em Lisboa e
Coimbra, Francisco Rodrigues dos
Santos reclama ganhos eleitorais em
oito capitais de distrito onde o CDS
concorreu coligado com o PSD e
chegou ao poder.
vereadores eleitos para perceber se
o CDS superou um dos objectivos
impostos por Francisco Rodrigues
dos Santos. Só depois de os dados
serem analisados à lupa é que Nuno
Melo terá condições para tomar uma
posição pública sobre se é candida-
to à liderança do CDS num cenário
em que o actual líder percorreu o
país em campanha para também
Francisco
Rodrigues dos
Santos não se
livra de
continuar
a ter críticos
à perna
estão longe de mostrar optimismo
na futura corrida em congresso e
mostram-se preocupados com o ris-
co de extinção do CDS por causa das
coligações com o PSD. “Sem o
ombro do PSD, o CDS desaparece”,
desabafa um antigo dirigente, refe-
rindo ainda que em alguns locais o
Chega Æcou à frente do partido.
Sinal desse apagamento, argu-
mentam os que não estão alinhados
com a direcção, é a perda de votos
onde concorreu sozinho, passando
de 2,59% (134 mil votos) em 2017
para 1,49% (cerca de 74 mil). O CDS
fez mais 30 coligações com o PSD do
que há quatro anos, algumas delas
resultantes das alianças celebradas
gues dos Santos quer somar o resul-
tado autárquico com o conquistado
nos Açores, que permitiu ao CDS
participar no governo regional lide-
rado pelo PSD.
Nestas eleições autárquicas, o
CDS conseguiu manter as seis câma-
ras que lidera — Velas (Açores), San-
tana (Madeira), Ponte de Lima (Via-
na do Castelo), Vale de Cambra,
Oliveira do Hospital e Abergaria-a-
Velha (Aveiro). No concelho de
Velas, os centristas conseguiram
aumentar os vereadores eleitos de
três para quatro, o que também
aconteceu em Oliveira do Bairro,
mas perderam um em Ponte de
Lima.
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1 de Outubro Edição especial de aniversário 24 páginas

18 anos com os
melhores paineleiros

o Inimigo Público
Se não aconteceu, podia ter acontecido
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10 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

AUTÁRQUICAS 2021
Negociações

Partidos passam por cima das autárquicas

e mantêm pressão para aprovar o orçamento
NUNO FERREIRA SANTOS

Maria Lopes

F
altam apenas 13 dias para a
proposta de lei do Orçamento
do Estado para 2022 (OE2022)
entrar no Parlamento e,
depois da campanha autár-
quica, as próximas duas
semanas serão de negociações entre
os partidos e o Governo. Depois dos
maus resultados nas autárquicas, as
forças de esquerda passam por cima
das eleições e, à porta das negocia-
ções com o executivo, insistem nas
exigências para aprovar as contas
públicas do próximo ano.
Mas são raros os protagonistas que
admitem os encontros: o PAN reúne-
se nesta terça-feira com os ministros
da Administração Interna e da Agri-
cultura (depois dos encontros há
algumas semanas com a Educação,
o Ambiente e a secretaria de Estado
da Igualdade) e daqui a uns dias com
as Finanças e novamente Ambiente;
o PEV ainda não acertou datas para
as reuniões desta semana.
Desta vez, os trabalhos de prepa-
ração e negociação com os partidos
estão mais atrasados do que o habi-
tual devido à campanha mas, sobre-
tudo, porque o Governo teve que
ceder à exigência dos partidos que
lhe viabilizaram o documento para
este ano: a elaboração de relatórios
de execução das medidas que cada
um incluiu no texto e que os leva-
ram a deixá-lo passar. A menos de duas semanas de ras”, desde as suiniculturas à avia- discussão do novo orçamento”, vin- com as eleições arrumadas, é tempo
E o PAN já pôs as cartas na mesa. o Governo entregar o OE022 ção passando pela renegociação ca ao PÚBLICO fonte da direcção do de dar efectiva resposta aos proble-
“É uma questão inultrapassável: a no Parlamento, os partidos das PPP rodoviárias; a formação de PEV. Mesmo correndo o risco de o mas do país – e que isso não se resu-
votação [para viabilizar o OE] está posicionam-se para a discussão trabalhadores de actividades polui- PEV não ver medidas suas inscritas me ao orçamento. Ainda assim, o
profundamente dependente do com o executivo socialista doras para poderem fazer a transi- e quantiÆcadas na proposta de lei líder do PCP enumerou alguns dos-
cumprimento e calendarização do ção energética; obrigação de as do Governo? “De que adianta ter siers que os comunistas querem
que Æcou inscrito para 2021”, garan- empresas poluidoras fazerem a lim- algo nosso no documento se depois negociar e desaÆou Costa a concre-
te ao PÚBLICO a líder do PAN. peza dos solos - por exemplo, usan- não se concretiza?” tizar os “recursos que propagan-
“Não termos nem calendarização do o fundo ambiental -; investimen- deia”, nomeadamente os fundos do
nem execução das medidas. Não é to na mobilidade e transportes Efeitos das eleições? PRR, avisando que “não há razão
uma forma séria de actuar”, argu- públicos; abolição de paraísos Æs- Na noite eleitoral, o orçamento veio que justiÆque que [o executivo] não
menta Inês de Sousa Real, que apon- cais; revisão de escalões do IRS e da à baila e António Costa colocara procure soluções para os problemas
ta os exemplos da integração proÆs- percentagem de imposto; e atribui- (ainda antes da conÆrmação do des- nacionais”.
sional das pessoas sem-abrigo e o ção do cheque-livro familiar. calabro em Lisboa) uma espécie de E foi enumerando o aumento de
combate ao tráÆco de seres huma-
nos como áreas em falta.
É uma questão As reuniões de veriÆcação do
OE2021 foram acontecendo desde
travão quando questionado sobre se
a vitória eleitoral socialista poderia
pensões, investimento no SNS, na
escola pública, nos transportes
Sobre o OE2022, avisa: “Não pode inultrapassável: Julho mas, pelo menos com o PEV, acicatar os partidos à esquerda e públicos, na habitação, na cultura e
ser só um orçamento com o cunho
do Governo.” E para o input do PAN a votação [para emperraram há umas semanas. Os
ecologistas tiveram dúvidas sobre a
diÆcultar as negociações do OE.
“Não há qualquer contaminação
defesa do ambiente, a que somou a
criação da rede pública de creches
o partido já identiÆcou uma longa
lista de questões que vão desde o
viabilizar o OE] está concretização de algumas medidas,
como é o caso da realocação dos
entre as eleições autárquicas e o pro-
cesso orçamental”, apontou. “Em
gratuitas; e não deixou de fora as
questões laborais. E ainda avisou
reforço dos apoios aos centros de
recolha animal às associações que
profundamente trabalhadores da Polis (cujos con-
cursos ou ainda decorrem ou nem
particular, o PCP sempre deixou cla-
ro que não misturava os dois assun-
que as soluções não podem limitar-
se às “leituras e conteúdos estritos
fazem esse serviço pelo Estado (para dependente sequer foram lançados) e da criação tos. E as eleições autárquicas são do OE”, têm que ir para lá disso.
a criação de uma rede paralela), pas-
sando por medidas de protecção da do cumprimento da linha de apoio à tesouraria para
micro e pequenas empresas (MPE)
mais ou menos irrelevantes para o
BE, já que não tem uma participação
Ontem, Catarina Martins seguia o
mesmo caminho e garantia que o BE
biodiversidade que Sousa Real diz
terem tido “abertura” do Governo.
do OE para 2021 que o OE2021 estipulava que fosse
lançada até ao Æm de Março.
autárquica signiÆcativa”, disse.
Mais tarde, Jerónimo de Sousa
mantém “na íntegra tanto a dispo-
nibilidade como o caderno de
Outras medidas são o Æm das Inês de Sousa Real “Há coisas que têm mesmo que defendeu, na sua intervenção de encargos” para o OE. Os temas,
“borlas Æscais às grandes poluido- Porta-voz do PAN ser executadas antes de se entrar na reacção aos resultados, que agora, esses, são comuns aos do PCP.
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Esta experiência
de beber café
é digna de um
Óscar
Quando a tradição encontra a maestria
das máquinas automáticas De’Longhi, o
seu momento de café em casa merece ser
premiado. Tal como Brad Pitt, estrela de
Hollywood, que prepara a sua simples, mas
perfeita, chávena de café com qualidade
GMRIQEXSKVʛƼGE

E
m chávena fria ou escaldada, café é
sinónimo de aromas profundos, sabores
diversificados e sensações dignas de uma
declaração de amor. Há sempre tempo para
um cafezinho, de cheiro marcante e sabor
encorpado, que casa bem com qualquer oc-
asião. É o companheiro ideal para começar
o dia, para fazer uma pausa ou para juntar
um grupo de amigos. Sem açúcar ou com es-
puma, a arte de preparar um bom café e, de
seguida, degustá-lo até à última gota, é tão
icónica como autêntica.
Não há melhor café como aquele que é prepa-
rado com os seus grãos de café favoritos e um
rápido toque de um botão — tal como uma
verdadeira estrela de Hollywood que prepara
a sua simples, mas perfeita, chávena de café.
Palavra de Brad Pitt que, depois da sua roti-
na diária em Los Angeles, anseia por chegar
a casa e finalmente relaxar, com um saboro-
so café expresso ou cappuccino cremoso.
Quando a tradição encontra a maestria das
máquinas de café automáticas De’Longhi, o
seu momento de café em casa atinge o sabor
da perfeição digno de um Óscar.
Um momento perfetto, do grão à chávena,
pelo qual o premiado actor dá agora a cara
como o novo embaixador da marca líder
mundial em máquinas de café para uso
doméstico. O segredo chega directamente
das estrelas até sua casa, embrulhado numa
história de sabor e prazer, sobre escolhas e
sensações surpreendentes. É a partir de grãos
de café bem frescos que se alcançam resulta-
dos inesquecíveis com máquinas de café au-
tomáticas que extraem toda a frescura dos
grãos e lhe oferecem uma experiência única
com qualidade cinematográfica.
O SEGREDO PARA O SEU MOMENTO especialmente se vive com uma família numer- expresso automáticas o principal motor deste
osa. Com um depósito de água de 2,2 litros de crescimento. “Acreditamos que o Brad Pitt é o
DE CAFÉ capacidade e um depósito para café em grão embaixador perfeito para mostrar a De’Long-
com 500 gramas de capacidade, a PrimaDon- hi ao mundo – ele personifica com excelência
Sempre que sentir vontade de saborear o
na Soul possibilita a memorização de até cinco o espírito da marca: ousado e global, mas ao
melhor aroma, pode fazê-lo no conforto da
perfis de utilizador, para que cada elemento mesmo tempo sofisticado e elegante”, explica
sua casa com a nova PrimaDonna Soul. Um
da família possa guardar os detalhes das suas Massimo Garavaglia, CEO da De’Longhi.
genuíno prazer para os amantes de grãos de
bebidas – sabor, quantidade e temperatura. Esta é a primeira campanha internacional da
café frescos, aromáticos e saborosos, graças
Ou não seria a De’Longhi uma empresa fa- marca, produzida por um trio de luxo premia-
à sua máxima qualidade de moagem e ex-
miliar de raízes e paixão tipicamente italianas do pelo filme La La Land, em 2016, o realizador
tracção. Esta é a primeira máquina de café
que cria produtos de excelência, versáteis, ele- Damien Chazelle, o cineasta Linus Sandgren e
automática com tecnologia Bean Adapt da
gantes, sofisticados e acessíveis a todos. o compositor Justin Hurwitz. Para completar
De’Longhi. Um sistema que reconhece o tipo
Ao longo dos últimos anos, a marca, fundada esta equipa de sonho, junta-se ainda o concei-
de grãos de café utilizados e ajusta automati-
em 1974, tem registado um crescimento ex- tuado fotógrafo de moda Lachlan Bailey. Uma
camente os níveis de moagem e infusão. As-
ponencial (especialmente durante os períodos campanha memorável, icónica e autêntica, tal
sim garante uma extracção de café perfeita,
de confinamento), sendo as máquinas de café como Brad Pitt e uma chávena de café.
preservando todo o sabor e aroma.
Numa viagem directamente à alma do café,
o ecrã táctil a cores — com alta resolução
— de 4,3 polegadas permite uma interacção
extremamente fácil e intuitiva. À distância
de um simples toque é possível seleccionar
entre 21 receitas predefinidas ou dar “asas à
imaginação” e personalizar as suas bebidas
favoritas, definindo o aroma, a quantidade e a
temperatura ideais. Todas as personalizações
são também possíveis de configurar através
da app “Coffee Link” (disponível para iOS e
Android).
Experimente começar o dia com um latte mac-
chiato, renovar energias com um expresso in-
tenso após o almoço, fazer uma pausa durante
a tarde para um descafeinado ou aquecer a
noite com um chocolate quente reconfortante.
O sistema LatteCrema ainda garante um cap-
puccino cremoso, com uma espuma de leite
densa, sempre à temperatura perfeita.
Esta é a máquina que merece ter em sua casa,
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12 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
AUTÁRQUICAS
Município emblemático para a CDU
Em Loures, não se
estranha a derrota
de Bernardino
Reportagem
Cristiana Faria Moreira
A CDU perdeu um dos
seus concelhos mais
emblemáticos. Após oito
anos de gestão comunista
voltou às mãos do PS
E
les costumam reunir-se ali na
esquina do banco junto à
Câmara de Loures ou no
jardim mesmo em frente.
Põe a conversa em dia,
jogam ao Sobe e Desce. Na
ressaca de mais uma noite eleitoral,
seria de esperar que as conversas
andassem à volta do resultado em
Loures e do Æm de oito anos de
gestão comunista. Mas, na verdade,
até se fala mais na surpresa que a
noite eleitoral trouxe para Lisboa.
“Aqui na câmara ganhou um Leão”,
havia de atirar Gabriel Costa, de 83
anos, encostado a um banco que
serve de “centro do dia”
improvisado todos os dias.
Gabriel Costa referia-se a Ricardo
Leão, o candidato do PS que tirou
das mãos do comunista Bernardino
Soares a Câmara de Loures — um
dos concelhos mais emblemáticos
do partido. A CDU conquistara o
concelho ao PS em 2013, com
Bernardino Soares. Agora, oito
Porque “falham” as sondagens?
São como os “testes covid”, uma “fotografia do momento”
Natália Faria
A
s críticas aos resultados das
sondagens transformaram-
se já num clássico do guião
das campanhas e das noites
eleitorais. “As sondagens
são uma vigarice”, vociferou
há uma semana o líder do PSD, Rui
Rio, acusando as empresas de sonda-
gens de serem “compradas”.
“As sondagens falharam em toda a
linha”, reforçou ontem Carlos Moe-
das, mal soube da reviravolta que o
catapultou para a presidência da
Câmara de Lisboa, derrotando Fer-
nando Medina, que as sondagens
vinham apontando como vencedor.
2021
anos depois, Loures voltou para a
esfera dos socialistas e às mãos de
Ricardo Leão que, além de
deputado, é o presidente da
Assembleia Municipal de Loures
neste mandato, para a qual foi
eleito pelo PS nas eleições
autárquicas de 2017. Antes disso,
entre 2001 e 2017, fora já vereador
naquela autarquia com e sem
pelouros.
“Foi como aconteceu em Lisboa
ao Medina. Acontece aos
melhores”, havia de atirar Manuel
da Cruz Silva, de 75 anos. Militante
do PCP desde 1974, ele confessa-se
surpreendido com o desfecho deste
combate autárquico. “Não pensei
que ele perdesse. Quanto a mim
não tem sido mau presidente. Há
quem diga mal, há quem diga
bem.”
Apesar da surpresa de Manuel,
no geral, os lourenses com quem o
PÚBLICO falou não se mostraram
surpreendidos com a mudança nos
destinos do município. Era tempo,
dizem, depois de oito anos de
gestão comunista, numa terra cuja
liderança costuma alternar entre
CDU e PS.
Ali no centro de Loures, os mais
velhos que habitualmente se
reúnem falam da falta de gente, dos
negócios que encerram, deixando
as lojas vazias, do marasmo do
centro da cidade. Gabriel Costa lá
acaba por confessar que não votou
em Bernardino Soares. Quando se
E por que razão, falharam, aÆnal, as
sondagens tão redondamente? “Não
falharam”, respondem os especialis-
tas ouvidos pelo PÚBLICO. O erro está
na maneira como estas vêm sendo
lidas, isto é, como uma antecipação
dos resultados na noite eleitoral, em
vez de como um retrato das tendên-
cias no momento em que são feitas.
As sondagens devem ser entendi-
das como os resultados dos testes
para a covid-19. “São uma fotograÆa
do momento”, sustenta a politóloga
Marina Costa Lobo, que integra o cen-
tro de sondagens do ICS/ISCTE. “Sen-
do que, depois, há momentos da
campanha, debates e mudanças no
comportamento dos candidatos que
Os mais idosos dizem que faltam espaços para conviverem
lhe pergunta a razão, ele aponta o
que faz falta na cidade. “Não é por
ser velho, mas aqui em Loures não
há um centro de dia para a
velharia. Quando está a chover, os
reformados andam aí debaixo dos
alpendres. Não têm onde passar o
tempo. É uma coisa que acho que
seria necessária”, diz. Pede ainda
um centro mais modernizado, para
atrair mais pessoas porque,
sobretudo ao Æm-de-semana,
aquela é “uma terra morta”.
O PS acabou por declarar vitória
vão alterando o sentido de voto dos
eleitores.” Não podem, assim, “ser
lidas como uma antecipação do resul-
tado das eleições”, acrescenta. E
recua alguns meses. “A sondagem
que Æzemos em Julho já tinha muito
presente a insatisfação dos eleitores,
quer em Lisboa quer no Porto, em
relação a problemas como a habita-
ção, os transportes. Quem tivesse
reparado nisto perceberia que algo
não estava a correr bem para [Fernan-
do] Medina e para [Rui] Moreira.”
O desacerto entre as sondagens e a
realidade dos votos não é de agora.
Nas autárquicas de 2001, Rui Rio dei-
xou o país incrédulo ao ganhar a pre-
sidência da Câmara do Porto contra
FOTOS: RICARDO LOPES
na segunda-feira, já madrugada
dentro. Atingiu 31,5% dos votos,
enquanto a CDU conseguiu 29% —
menos 2021 votos.
“A CDU já cá estava há oito anos e
chega a uma altura em que as
pessoas querem a mudança. A
única alternativa à CDU é o PS. Isso
é indiscutível”, havia de dizer Rui
Sardinha, de 61 anos, à saída de um
café próximo da câmara municipal.
Apesar de a câmara ter mudado
de mãos, a freguesia de Loures
continuou na CDU, assim como
todas as sondagens. Mais recente-
mente, quando Rui Moreira ocupou
o mesmo lugar, fê-lo contra as sonda-
gens que o colocavam em terceiro.
Pode por isso assumir-se que
falham?
“De maneira nenhuma”, diz Jorge
Cerol, do Centro de Sondagens da
Universidade Católica Portuguesa
(Cesop). Pegando no último exemplo,
lembra: “As sondagens Æzeram com
que Rui Moreira tenha posto o pé na
estrada, se mobilizasse e conseguisse
à última hora levar a votar pessoas
que, à partida, não estavam dispostas
a ir.” Às alterações do comportamen-
to dos candidatos somam-se outros
factores. “Há muita gente que parti-
Fanhões e Santo Antão e São Julião
do Tojal. Os comunistas perderam
Bucelas para o PS.
Já a união das freguesias de
Camarate, Unhos e Apelação, de
Moscavide e Portela, de Sacavém e
Prior Velho, de Santa Iria de Azóia,
São João da Talha e Bobadela e de
Santo António dos Cavaleiros e
Frielas, mantiveram-se socialistas
como há quatro anos. A freguesia
de Lousa é a única nas mãos do
PSD.
Uma realidade que Rui Sardinha
acredita que poderá mudar nos
próximos anos. “Na zona do
Infantado mora lá muito mais gente
do que em praticamente todo o
resto da freguesia de Loures.
Estamos a falar de prédios e prédios
que estão a ser construídos
consecutivamente”, nota o
munícipe. Isso poderá alterar
eleitorado que vota tipicamente na
CDU, diz. “A CDU acabará por
perder expressão. Não pensei que
fosse tão depressa como está a ser.”
Numa curta viagem do centro de
Loures para a zona do Infantado é
exactamente esse o cenário que se
encontra: prédios de sete, oito,
nove andares, muitos estaleiros de
obras. Por ali, Carolina Fernandes,
de 59 anos, diz que há muitas coisas
que não estão bem. A limpeza
urbana, a falta de espaços verdes e
parques infantis. “No Infantado é
tão caro o metro quadrado que
devia haver mais zonas verdes,
mais parques infantis. Cada vez que
eu olho é mais um prédio a nascer”,
nota a munícipe, que até votou
CDU apesar dos reparos que faz.
“Foi mais um voto de conÆança.”
PS e CDU mantêm ambos quatro
vereadores, o PSD perde um para o
Chega. Os munícipes entendem
este resultado como um voto que
expressa uma vontade de
mudança, mas que, pelo menos em
termos municipais, não terá grande
expressão.
cipa nas sondagens e que depois não
vai votar, o que constitui, por si só,
um factor de perturbação imensa.
Nas sondagens a abstenção costuma
andar na ordem dos 5% ou 7%, o que
não tem nada que ver com os 45% de
abstenção que depois se veriÆca.”
António Salvador, da empresa
Intercampus, acrescenta: as sonda-
gens têm de ser “devidamente inter-
pretadas”, mas há “uma falta de pre-
paração de quem as encomenda e de
quem as recebe”. Quanto às críticas
que ouviu, nomeadamente de Rio, diz
que são “tretas”: “Se ele não acredita
nas sondagens porque é que enco-
menda tantas, quiçá exigindo amos-
tras não muito robustas e Æáveis?”.
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 13

Tropeção
Em Coimbra, PS perdeu votos mesmo
nas freguesias em que ganhou
SÉRGIO AZENHA

Camilo Soldado

M
esmo nas freguesias de
Coimbra em que o PS
ganhou, os socialistas per-
deram votos. Foi assim em
praticamente todas as fre-
guesias do concelho que
escolheu o cabeça de uma lista onde
o PSD se juntou a outros seis partidos,
elegendo José Manuel Silva, presiden-
te da câmara municipal.
Em 18 freguesias, só em duas os

O MAIOR EVENTO
socialistas não perderam eleitores:
em Souselas e Botão, onde, ainda
assim, a coligação laranja teve o
melhor resultado do concelho

VÍNICO DE PORTUGAL
(52,62%) e em Brasfemes. De qual-
quer forma, estas duas freguesias
rurais de Coimbra estão longe de ser
as que contam com mais residentes.

Se este cenário ajuda a contar a his-
tória de um dia em que o voto no PS
de Manuel Machado recuou em qua-
se todas as frentes, a verdadeira chave
para a vitória do ex-bastonário da
Ordem dos Médicos esteve nas fre-
guesias urbanas, com Santo António
dos Olivais, que conta com maior
número de eleitores do concelho, à
cabeça. Só nesta freguesia, a vanta-
gem de Silva para Machado foi de
5286 votos. No total do concelho, a
coligação Junto Somos Coimbra con-
seguiu mais 7529 votos do que o PS.
Tradicionalmente, em autárquicas,
Santo António dos Olivais vota PSD.
No entanto, desde 2001, quando Car-
los Encarnação foi eleito, pondo Æm
à primeira passagem de Manuel
Machado pela presidência, que esta
freguesia não dava uma margem tão
confortável aos sociais-democratas
(54,25% em 2001 e 51,34% em 2021).
Na União de Freguesias de Coimbra,
onde se situa o centro histórico, a
vantagem também foi larga para o
PSD (mais 1456 votos).
Para virar o jogo, o PSD, que juntou
forças com o CDS, Nós Cidadãos,
PPM, RiR, Volt e Aliança, contou com
uma reconquista importante: a fre-
guesia periurbana de Eiras e São Pau-
lo de Frades, a segunda com mais
eleitores do concelho, que era ganha
pelo PS desde 2013. Os socialistas per-
deram também a presidência desta
junta de freguesia. São Martinho do
Bispo, a terceira maior freguesia, tam-
bém passou do rosa para o laranja.
“Uma exaustão”
E o que explica a derrota de um
homem que, somando os mandatos,
esteve 20 anos na presidência da
CMC? “Acho que há uma exaustão
do modelo de gestão coordenado
pelo PS e pelo presidente Manuel
Machado”, comenta o sociólogo e
José Manuel Silva foi bastonário da Ordem dos Médicos
professor catedrático da Universida-
de de Coimbra, Carlos Fortuna. A
coligação de José Manuel Silva ven-
ceu as eleições “não tanto pela qua-
lidade da proposta, mas pelo desgas-
te da outra gestão”, acrescenta o
académico que esteve ligado à géne-
se do movimento Cidadãos por
Coimbra, do qual se afastou ainda
antes das autárquicas de 2017.
Depois, “tudo demora tanto tempo
para fazer que deixa a cidade sus-
pensa, à espera e os cidadãos votam
numa coisa qualquer”, comenta. Diz
que “os pensadores de cidade, os
gestores, estão cansados, exauridos.
Falta pensamento a Coimbra e um
“Faltou pensamento
a Coimbra e um
programa que seja
consensualmente
mobilizador”,
diz Carlos Fortuna,
sociólogo
ESTÁ DE VOLTA
+ 200 STANDS DE VINHOS
+ 350 EXPOSITORES
+ 6000 M2 DE ÁREA
16 A 18 OUTUBRO 2021
FIL PARQUE DAS NAÇÕES LISBOA
programa que seja consensualmen-
te mobilizador”.
SAIBA MAIS
Os números viriam a conÆrmar a
primeira reacção do director de cam-
panha da coligação, Maló de Abreu,
que dava conta de uma maioria abso-
luta. José Manuel Silva Æcou com seis
das 11 cadeiras do executivo e o PS
com quatro vereadores, não sendo
claro que Machado assuma o lugar. A
CDU conseguiu segurar o vereador
Francisco Queirós, apesar de perder
648 votos em relação a 2017. De fora UMA PRODUÇÃO
do executivo volta a Æcar o Cidadãos
por Coimbra, movimento encabeça-
do por Jorge Gouveia Monteiro, que
contava com o apoio do BE.
Se no executivo José Manuel Silva
vai ter margem de manobra; na
Assembleia Municipal, a história é
ESPECIAL ASSINANTES
outra. Em 51 lugares possíveis, a coli-
gação dos sete partidos conseguiu 22 50% DESCONTO NO PASSE DIÁRIO
eleitos, a soma de 15 deputados com
10% DESCONTO NAS PROVAS ESPECIAIS
sete presidentes de junta de fregue-
sia. O PS Æca com menos dois assen- CÓDIGO DE DESCONTO NA ÁREA DO LEITOR DO PÚBLICO
tos (perdeu duas freguesias para o
PSD) e tem agora 21 eleitos. Os restan-
PARA MAIS INFORMAÇÕES CONTACTE-NOS PARA
assinaturas@publico.pt • 808 200 095
tes lugares são ocupados pela CDU
(5), pelo CpC (2) e pelo Chega, que (dias úteis das 9h às 18h)
elegeu um representante.
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14 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

Espaço público

As “sete vidas” de Rui Rio

N
as autárquicas de 2001,
Editorial Rui Rio enfrentou
Fernando Gomes, o
candidato socialista que
na década anterior tinha
tirado o Porto do marasmo, e Rui Rio
ganhou contra todas as previsões.
Manuel Carvalho Em 2019, face a uma ofensiva de Luís
Montenegro, arrisca com a
convocação de um conselho
extraordinário e derrota o seu
adversário. Um ano depois, com um
resultado decepcionante nas
legislativas de 2019, volta a ser
contestado e volta a ganhar as
Sem quadros que directas do PSD. Este ano, perante a
pensem pela sua cabeça, estagnação do PSD nas sondagens e
as perspectivas de resultados
sem liberdade para a desanimadores nas eleições
discussão aberta, sem autárquicas, novos opositores
antenas para captar o emergem e Rui Rio parece estar outra
que muda na economia vez perto do Æm de linha, mas, uma
vez mais, contra todas as previsões,
ou na sociedade, o PSD sai por cima.
tem a sua missão mais Como explicar a natureza e o
diÄcultada destino deste político-sempre-em-pé,
que abana regularmente até ao limite
da sustentabilidade para se reerguer
no momento mais crítico? Uma frase
de Miguel Veiga, uma Ægura maior do
PSD e do Porto, ajuda a explicar o
mistério: “Ele é melhor quando está
sob pressão.” É, de facto, nestes
momentos que a obstinação, a
coragem e o rasgo de Rui Rio melhor
se manifestam. Porque, em todos os
outros momentos, o que se extrai do
seu perÆl é a imagem de um político
previsível, ressentido com as críticas
e incapaz de lançar pontes para
captar energia e talento. Salva-se no
tudo-ou-nada, perde-se na gestão
contínua. É um político para grandes
momentos, não para a rotina que
tanto faz parte do poder como da
oposição.
Dizer que depois das autárquicas
Rio tem o caminho aberto para
disputar as próximas legislativas tem
de contar com estas duas faces. Ter
Lisboa, Barcelos ou o Funchal à mão,
ajuda, mas não resolve tudo. O seu
maior problema, o maior problema
do PSD, não está no discurso ou no
posicionamento por vezes
heterodoxo para um partido que foi
capaz de federar liberais e
sociais-democratas, funcionários
públicos e empresários, jovens e
velhos, o litoral e o interior: está na
sua diÆculdade de reunir o que de
melhor o PSD pode ter. Sem quadros
que pensem pela sua cabeça (logo,
que o critiquem), sem liberdade para
a discussão aberta, sem antenas para
captar o que muda na economia ou
na sociedade, o PSD tem a sua missão
mais diÆcultada.
As autárquicas produziram um
suplemento de alma, certo. Mas,
mesmo que Rui Rio tenha “sete
vidas”, este PSD sem rebeldia nem
rasgo ainda tem muito para andar.
Depois de inverter as tendências
favoráveis ao PS, Rio tem agora
condições únicas para reagir à
pressão que, como dizia Miguel
Veiga, o torna “melhor”.

CARTAS AO DIRECTOR
Premonição chinesa
Nos últimos dias temos vivido
momentos de suspense nos
mercados Ænanceiros devido à
ameaça da bancarrota do gigante
chinês Evergrande, todavia,
passou despercebida outra
decisão do Partido Comunista
chinês sobre a regulação de
activos Ænanceiros,
nomeadamente, no que se refere
às criptomoedas. Ao Æm de doze
anos de luta foi anunciado, pelo
Governo, a extinção da
negociação da bitcoin,
tornando-se assim, actualmente,
um activo ilegal no país. As
razões apontadas pelo executivo
incidem todas na preservação da
harmonia económica e do
bem-estar social.
No entanto, se analisarmos o
passado não é o primeiro caso
em que o país proíbe os seus
cidadãos de interagirem com
projectos capazes de alterarem
paradigmas, veja-se o exemplo
do Facebook, que foi proibido
precocemente e que actualmente
faz parte do quotidiano do grosso
da população mundial. Será isto
um presságio de uma possível
revolução no conceito de reserva
de valor?
Francisco Antunes, Tondela
Sim ao estilo Moedas,
não ao estilo Rio
Escrevi, várias vezes, aliás, que a
oposição que Moedas fazia a
Medina era muito mais
convincente do que a que Rio
fazia, ou melhor, não fazia a
Costa. E que Moedas estava a um
passo da liderança do PSD. Os
factos vieram dar-me razão com a
vitória de Moedas em Lisboa, que
previ no jornal PÚBLICO, e
tornam mais fácil o triunfo do
PSD nas legislativas de 2023,
como disse Rui Rio, que mantém
tabu quanto à questão da
liderança do partido. Mas oxalá
não se recandidate em Janeiro.
Rio tem sido o seguro do PS, o
seu abono de família, para não
dizer a muleta. Moedas ou Rangel
nunca o seriam. Ganhar as
legislativas em 2023 pressupõe
oposição vigorosa a Costa.
Manter Rio na liderança do PSD
equivale a dizer que os socialistas
foram os grandes vencedores
destas autárquicas — os mais
votados e Æcando com o melhor
líder da oposição que poderiam
ambicionar.
Simões Ilharco, Lisboa
Vitória de Pirro
Foi uma noite eleitoral arrasante
para Lisboa. Poucas terão sido as
eleições em que um resultado, na
noite eleitoral autárquica, terá
demorado tanto a deÆnir-se,
numa surpresa que constituiu
um grave revés político para
Fernando Medina, o autarca
perdedor, e uma vitória
retumbante para o ex-comissário
europeu, Carlos Moedas, que
teve de mudar de vida
proÆssional, numa jogada
arriscada, mas que lhe saiu bem,
para tentar a chance (vitoriosa)
de presidir aos destinos da
autarquia da capital.
Contudo, passada a euforia da
vitória, que só o prestigia, Carlos
Moedas vai deparar-se com um
executivo camarário que, para
além dos seus, lhe é claramente
desfavorável: a maioria de
esquerda na Câmara de Lisboa
será superior em três vereadores,
pois se ele tem sete e o PS terá os
mesmos sete, há que assinalar
também dois da CDU e um outro
eleito pelo Bloco de Esquerda.
Perante esta desvantagem a
vitória de Carlos Moedas pode
muito bem ter sido uma vitória
de Pirro.
Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha
Abstenção volta a
vencer com margem
Em Portugal, a busca incessante
pelo pão tira tempo aos cidadãos
para se debruçarem sobre tantos
outros interesses. Ao mesmo
tempo, não existe da parte dos
partidos políticas de
aproximação contínua e
mobilizadora, no sentido de
chamarem as pessoas à
actividade política. Assim sendo,
só (e exclusivamente) em actos
eleitorais é que somos chamados
para apoiarmos, sob todas as
formas, os partidos até ao voto
em urna. É francamente
poucochinho... sentimo-nos
defraudados, enganados e meros
números para balizar resultados
eleitorais.
Já se ouviram choros cínicos de
carpideira a lastimarem a elevada
abstenção. Seria bom e útil que
esta gente ligada aos partidos
tivesse sempre um
comportamento de inclusão e
mobilização dos portugueses,
que não fosse só em tempo de
eleições. Quando nos sentimos
meros “joguetes” para Æns
políticos, o resultado será sempre
uma abstenção a subir. O voto só
será a arma do Povo quando este
sentir que é representado por um
dos seus e com armas para, na
prática, poder responder às
inúmeras carências que revelam.
Esta campanha
governamentalizada também
contribuiu para o descrédito
destas eleições. As eleições não
podem ser só para cumprir
calendário.
Vítor Colaço Santos, São João das
Lampas

As cartas destinadas a esta secção têm de ser enviadas em exclusivo para o PÚBLICO e não devem exceder as 150 palavras (1000 caracteres). Devem indicar o nome, morada e contacto
telefónico do autor. Por razões de espaço e clareza, o PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e editar os textos e não prestará informação postal sobre eles cartasdirector@publico.pt
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 15

A opinião publicada no jornal respeita

a norma ortográfica escolhida pelos autores

BARTOON LUÍS AFONSO

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Ípsilon Paula Barreiros, Inês Nadais (editoras), Vasco Câmara (editor Ípsilon),
Isabel Coutinho (subeditora), Nuno Pacheco (redactor principal), Isabel

O NÚMERO NESTE DIA 28 DE SETEMBRO

25
Salema, Sérgio C. Andrade (grandes repórteres), Joana Amaral Cardoso,
Lucinda Canelas, Luís Miguel Queirós, Mário Lopes, Vítor Belanciano
Desporto Jorge Miguel Matias, Nuno Sousa (editores), Augusto Bernardino,
David Andrade, Diogo Oliveira, Marco Vaza, Paulo Curado Fugas Sandra Silva
1864 Karl Marx organiza, em Londres, a I Internacional, que dará corpo à criação Costa, Luís J. Santos (editores), Alexandra Prado Coelho (grande repórter),

dos primeiros partidos sociais-democratas e socialistas 1891 Morre, com 72 anos, o

escritor Herman Melville, autor de Moby Dick 1895 Morre, com 72 anos, o cientista
Louis Pasteur, fundador da microbiologia 1978 Morre, aos 65 anos, João Paulo I. O
pontificado durou 33 dias 1991 Morre, com 65 anos, o músico de jazz, compositor e
trompetista Miles Davis 1992 Morre Fernando Piteira Santos, ex-director do Diário
Luís Octávio Costa, Mara Gonçalves Guia do Lazer Sílvia Pereira
(coordenadora), Cláudia Alpendre, Sílvia Gap de Sousa Ímpar Bárbara Wong
(editora), Carla B. Ribeiro P3 Amanda Ribeiro, Ana Maria Henriques, Renata
Monteiro, Mariana Durães Projectos Editoriais João Pedro Pereira (editor),
João Mestre Fotografia Miguel Manso, Manuel Roberto (editores), Adriano
Miranda, Daniel Rocha, Nelson Garrido, Nuno Ferreira Santos, Paulo Pimenta,
Rui Gaudêncio, Alexandra Domingos (digitalização), Isabel Amorim

de Lisboa e figura destacada da oposição democrática à ditadura de Salazar 2003

Ainda há 25 câmaras que não
mudaram de cor. Contas feitas pelo
PÚBLICO em Junho apontavam
para um total de 32 câmaras que se
mantinham fiéis ao mesmo partido.
Morre, com 94 anos, Elia Kazan, realizador de Há Lodo no Cais 2015 Água líquida,
condição essencial à vida, é observada em Marte, anuncia a NASA 2016 Morre, com
93 anos, Shimon Peres, ex-presidente de Israel e Nobel da Paz 2020 Morre, aos 80
anos, Jorge Salavisa, bailarino e coreógrafo, dirigiu o Ballet Gulbenkian e a CNB
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16 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Espaço público
A bóia de Rio e a espinha de Costa
André Lamas Leite
O
bjectivamente falando, o PS
venceu as autárquicas, sendo já
de esperar uma diminuição das
câmaras municipais conquista-
das (159), depois dos melhores
resultados de sempre em
democracia de um partido em 2013 e 2017,
que, todavia, foi apenas de 11. A leitura
política, contudo, não se cinge à Matemática e
a perda de autarquias emblemáticas tornam
esta vitória um amargo de boca para Costa,
que nelas tanto se empenhou pessoalmente,
usando o PRR de modo que não me pareceu
conforme à tão apregoada ‘ética republicana’.
Apenas cinco das 18 capitais de distrito são
do PS (e das menos relevantes em termos
económico-demográÆcos), se bem que só em
três o PSD ganha sozinho, pois nas restantes
11 aparece coligado e Porto e Guarda Æcam
nas mãos de independentes. É verdade,
porém, que só em dois distritos o PSD é
maioritário (Aveiro e Guarda), a que se junta
a Madeira, assim como, em regra, nos
maiores centros populacionais urbanos, os
socialistas continuam a dominar, embora
com ganhos para o PSD, que começa a
libertar-se da caracterização mais recente de
Aparências e tendências subterrâneas
Manuel Loff
1.
É verdade, o PS permanece
largamente o maior partido
autárquico, reÇetindo um
predomínio que tem 12 anos e
que historicamente se acentua
com permanências mais ou
menos longas no poder central — que é aquilo
que não sabemos se o PS assegurará em 2023.
Em termos globais, o PS (incluindo coligações
com partidos menores em que se envolveu)
manteve praticamente a sua votação
(37,8%-37,6%). Mas esta vitória esconde uma
tendência subterrânea: uma quebra mais ou
menos generalizada nos grandes centros
urbanos (salvo pequena subida em Braga) e
suburbanos onde era governo, com relativa
exceção de alguns municípios da Área
Metropolitana do Porto (AMP), compensada
um partido do interior, rural e sobretudo a
norte.
Lisboa é, sem dúvida, a maior derrota
socialista da noite e, apesar da eleição do Ælho
de Costa para uma freguesia e do empenho do
pai, a derrota vai direitinha para Medina, com
as más opções de mobilidade e habitação para
a capital, acusando os exageros de um
turismo descontrolado, de tiques autoritários
e de fugas de informação sensível para
regimes pouco recomendáveis, o que,
sobretudo, pôs a nu uma casa sem liderança
forte e competente.
A vitória de Moedas deve-se sobretudo ao
cansaço quanto ao incumbente, pois o
ex-comissário não tem carisma e não pareceu
ter conseguido aÆrmar um verdadeiro
projecto político alternativo. Formou-se uma
coligação negativa que deu um balão de
oxigénio a Rio, fraquito, porém, na medida
em que a capital não é o país e mesmo na
primeira não está sedimentada uma base de
apoio que lhe permita alavancar-se, ao menos
para já, para as legislativas de 2023. Aliás, o
PS, no concelho de Lisboa, ganha em 13
freguesias e a coligação de Moedas em 11.
À hora a que escrevo, no Porto — nestas que
são das eleições mais surpreendentes e
disputadas — Moreira perde a maioria
absoluta no executivo (Æca com seis de 13
mandatos), o que implicará, julgo, acordos
pontuais ou uma mais difícil atribuição de
pelouros ao PSD. Falha ainda a maioria
absoluta na assembleia municipal e a vitória
em todas as freguesias. Não obstante, o
trabalho de oito anos aí está e os resultados
são a prova de que a abstenção, como regra,
por perdas nos dois maiores, Porto e Gaia, ou
o reforço em Almada, que se explica
fundamentalmente pela regra de que sempre
que o desaÆo da CDU podia pôr em perigo
câmaras socialistas, votantes da direita
Æzeram, como já faziam, voto útil no PS.
2. Pelo contrário, a direita clássica (PSD,
CDS e pequenos partidos, em coligação ou
não) não ganha votos (34,9%-34,4%, todas as
listas somadas). Para fazer uma estimativa de
quanto vale o conjunto da direita autárquica
em Portugal haverá que somar-lhes a IL (1,3%)
e o Chega (4,2%) e provavelmente a maioria
dos votos nas listas dos chamados indepen-
dentes (5,5%) que, a começar por Rui Moreira
ou Isaltino Morais. Se somarmos tudo isto, as
direitas, mais diversiÆcadas que no passado,
parecem ter regressado aos 42% que as
direitas congregaram na maioria das eleições
desde 1975. Hoje não seria suÆciente para
ganhar legislativas, mas não duvidemos que é
base suÆciente para 2023. O que voltamos a
perceber é que não voltará a haver Governo
de direita sem a extrema-direita. Ponto Ænal.
3. A CDU continua a conservar, bem
destacada, o lugar de terceira força autárquica,
com uma presença que continua insubstituída.
Mas é sobretudo no Sul que, dirigindo
castiga mais os independentes.
Vladimiro Feliz foi uma agradável surpresa,
por suplantar os votos do PSD de 2017 e por,
no início, ser quase um ilustre desconhecido
da maioria dos portuenses. Tiago Barbosa
Ribeiro foi vítima do abandono a que Costa
votou o Porto e das lutas Ægadais do PS da
cidade e do distrito. Deu o corpo às balas e
veremos como o partido o recompensará.
Mesmo assim, a queda tem estrondo: Pizarro
conseguira 28,55% em 2017 e Ribeiro obteve
cerca de menos dez pontos percentuais,
provavelmente capitalizados pelo BE, que
elege o primeiro vereador na Invicta, numa
campanha em que Sérgio Aires esteve em
crescendo, e para a CDU, que cresce de 5,89%
para 7,51%. Ilda Figueiredo continua a ser um
valor seguro e Æável.
Apesar de conhecidas as qualidades
negociais de Moedas, talvez Lisboa se torne
ingovernável e o PS tenha de se unir à CDU e
provocar eleições intercalares. Esta espinha
na coluna socialista não Æcará sem resposta à
altura, em especial num país tão centralista
quanto o nosso. Coimbra é sobretudo uma
A perda de autarquias
emblemáticas tornam
esta vitória um amargo
de boca para Costa
autarquias há muitos anos, continua a dispor
de um capital de conÆança que faz com que
duplique (Almada, Seixal, Évora) ou triplique
(Loures, Setúbal) em eleições autárquicas os
resultados que tem nas legislativas — o que a
não impede de perder câmaras para o PS, que
há muito domina politicamente o sul inteiro. O
que raras vezes se sublinha é que os resultados
autárquicos da CDU se aproximam cada vez
mais dos das legislativas. Essa já era a norma
em quase todo o Norte e Centro do país, em
Lisboa, na maioria do Algarve, e passou a ser a
norma, entre muitos exemplos, em
municípios como o Barreiro (20,86% nas
legislativas de 2019, 23,43% no domingo). Por
outras palavras, os 8,21% de domingo são mais
parecidos com os 6,46% das legislativas do que
há 20 ou há 40 anos quando a diferença era
muito maior. Pode-se dizer que há cada vez
mais continuidade e coerência entre um voto e
outro — mas não se pode dizer que a CDU
tenha perdido a sua função de alternativa à
esquerda do PS, com muito mais eÆcácia
comparativa que a do BE.
4. O BE, que se candidatou ao terço mais
populoso dos 308 concelhos do país, tem
resultados contraditórios: ao mesmo tempo
que recua em Lisboa (sem perder a vereado-
vitória de José Manuel Silva, que já Æzera
tremer Machado em 2017, que não
compreendeu que a cidade há muitos anos
estagnou e perdeu o estatuto de terceira do
país para Braga, Vila Nova de Gaia ou Sintra.
E Santana Lopes foi igual a si mesmo: o
dandy da política, homem com mais vidas que
os gatos e o eterno aspirante a transformar a
Figueira numa Saint-Tropez das Beiras.
O CDS, com as suas seis câmaras e as
coligações com o PSD dá a Rodrigues dos
Santos mais algum ar, embora não suÆciente
para evitar, a nível nacional, que o partido
seja quase irrelevante, o que, creio, aÆrmará
outro nome às legislativas.
O BE é um dos grandes derrotados, pois 22
anos depois, não consegue mais que quatro
mandatos em câmaras e Æca atrás, em votos e
mandatos (18), do Chega. A extrema-direita
vale 4,16% (cerca de 207 mil votos), o que,
comparado com a candidatura de Ventura às
presidenciais (496.773), signiÆca que tudo é
unipessoal e torna intelectualmente
desonesto dizer-se que há uma dinâmica de
crescimento. O semblante de Jerónimo dizia
tudo: a demograÆa é tramada e a proximidade
ao medicamento governamental já vinha
tendo estes efeitos secundários, agora
ampliÆcados por Almada, Loures ou Alvito.
Nada que ponha em causa o OE para 2022:
antecipar eleições não interessa (ainda) a
ninguém e o PCP tem um importante sentido
de dever patriótico.
Professor da Faculdade de Direito
da Universidade do Porto.
Escreve à terça-feira
ra), cresce de forma inédita no Porto, elegen-
do, pela primeira vez em 20 anos, um verea-
dor. Reduzido a 2,75% dos votos, o BE parece
estar condenado a estes quase 3% que teve
sempre e lhe permitem uma presença
importante nos centros urbanos, garantin-
do-lhes em muito poucos alguma capacidade
de negociação. Mas o quadro parece não
mudar; o BE é o reverso da CDU: uma grande
parte de quem nele conÆa nas legislativas,
prefere votar PS ou CDU nas autárquicas.
5. E o Chega? É outra aparência: a
extrema-direita parece consolidar uma parte
da votação (por enquanto irrepetível) de
Ventura nas presidenciais: quanto mais para
Sul se caminha, em território (Lisboa, Sintra e
Loures incluídos) em que o candidato racista
juntara 12%-14%, mais o Chega conserva hoje
50%-75% dos votos de Ventura; quanto mais
para Norte, mesmo no Litoral (em que os
resultados de Ventura foram os mais baixos),
essa proporção raramente chega aos 20%, o
que faz com que os 15%-20% que Ventura
conseguiu em vários concelhos
transmontanos e beirões se reduzam a nada.
Historiador. Escreve quinzenalmente
à terça-feira
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O PSD e Portugal: desafios da esperança
1.
Os resultados das eleições
Palavra autárquicas, mais do que pelos
e poder seus valores crus, valem pelo
sinal político que transmitem à
sociedade portuguesa, à opinião
pública e naturalmente aos
partidos e aos seus dirigentes e militantes. E o
sinal, apesar da vitória numérica do PS, é um
sinal de esperança para a construção de uma
Paulo Rangel
alternativa sólida e credível, capaz de
mobilizar os portugueses em torno de um
projecto reformista. Um projecto construído a
partir do espectro político que vai do centro (e
até do centro-esquerda) até à direita
moderada, que agregue e integre os muitos
independentes deste espaço que querem
abraçar a causa pública. O lugar natural do
PSD, dada a sua vocação maioritária, é mais
do que o centro: estende-se do centro para a
esquerda e a direita. Jogando com as palavras,
dir-se-ia, que, mais do que o centro, o PSD
deve ocupar um lugar central no panorama
político português. E, por isso, a alternativa
terá sempre de ser liderada e protagonizada
pelo PSD. Esse há-de ser um dos primeiros
desaÆos que estará na ordem do dia. É, aliás,
importante que o PSD volte a aÆrmar e nunca
abdique da sua vocação maioritária, pois o
risco de erosão progressiva da sua identidade
subsiste. Uma coisa são entendimentos,
Carlos Moedas coligações ou alianças, outra são “frentismos”
que descaracterizem a marca de água do PSD.
Cosmopolita, com perfil
executivo e rede 2. O tempo é agora de, saudavelmente e com
os pés na terra, celebrar este momento
internacional, vai dar a político. De o celebrar, saudando todos os
Lisboa um novo impulso. candidatos do PSD, aí incluídos os
independentes que integraram as respectivas
Mais do que uma vitória listas. Saudar todos os vencedores da noite
eleitoral, é toda uma nova eleitoral, e sem menoscabo para os restantes,
destacar o Carlos Moedas em Lisboa, o José
era que se inicia para os Manuel Silva em Coimbra, o Pedro Calado no
lisboetas Funchal e a Fermelinda Carvalho em
Portalegre. A vitória de Carlos Moedas — em
que, como ele muito bem sabe, sempre
acreditei do primeiro ao último dia — é
especialmente relevante. Pelo modo como
conseguiu agregar um número amplo de
forças políticas e integrar um sem número de
independentes, sem nunca beliscar a
identidade própria do PSD; pelo modo como,
no meio das maiores adversidades e até
hostilidades, se norteou sempre por ideias e
pelo projecto programático para Lisboa; pelo
modo como mobilizou os seus apoiantes
(lembrando muito a “mística” das campanhas
eleitorais dos anos 70 e 80). Mas é igualmente
importante atentar nos candidatos que não
venceram, tenham feito melhores ou piores
resultados. Nas várias campanhas locais em
António Costa que fui participando, conheci muitos dos
candidatos aos vários cargos.
A forma sôfrega e Impressionou-me a qualidade de muitos deles
atabalhoada como fez a e a sua disponibilidade para o serviço público.
Grande parte, mesmo que militantes, não
campanha eleitoral, em pareciam muito ligados à vida partidária. Ora,
muitos casos a passar o é fundamental que as estruturas locais e até
nacionais mantenham e intensiÆquem o
limite da demagogia, já contacto com esta enorme rede de quadros
prenunciava este sério sinal espalhada pelo país, envolvendo-os
directamente na vida do partido. São um
de derrota activo precioso, especialmente em tempos de
construção de uma alternativa forte e credível.
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 17
Como bem disse o líder
do PSD, estamos ainda
no perímetro do ciclo
autárquico. A seu tempo,
virá o ciclo eleitoral
normal do PSD e, aí sim,
cada militante será
chamado a assumir as
suas responsabilidades
3. Importa também fazer, tão brevemente
quanto possível, uma análise Æna e detalhada
dos resultados eleitorais em todas as suas
dimensões. É o tempo de, estimulados pelo
novo sinal político, estudar bem os números e
a sua distribuição territorial, em ordem a Æxar
e potenciar os ganhos e a inverter e reduzir as
perdas. O posicionamento estratégico e
táctico do PSD, a curto e a médio prazo, passa
pela análise, pela digestão e pela
compreensão destes resultados e das
tendências que eles podem projectar. Este
deve ser o debate que deve animar as
semanas que aí vêm. Não é, pois, ainda o
tempo da chamada clariÆcação interna nem
do debate interno. Como bem disse o
presidente do PSD, estamos ainda no
perímetro do ciclo autárquico, das suas
implicações e repercussões. A seu tempo, virá
o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada
militante será chamado a assumir as suas
responsabilidades.
4. A necessidade de estudar sistemática e
meticulosamente a actual implantação do
partido e o próximo ciclo eleitoral interno
não deve coibir o PSD, porém, de olhar desde
FOTÓGRAFO
já para os desaÆos substantivos e de projecto.
E de o fazer nas suas múltiplas estruturas,
mas também em diálogo cada vez mais
intenso e franco com a sociedade civil. À
cabeça penso naturalmente na aplicação dos
fundos europeus do PRR, mas também nos
agora quase esquecidos fundos estruturais
(2021-2027), muito mais relevantes em
volume. Tema que se liga à necessidade de
deixar de ter vergonha de assumir a criação
de riqueza e de melhor emprego como
prioridades e contraponto à gestão estatista
do Governo. As quais devem ir de par em par
com o combate à pobreza em articulação
directa com o sector social.
Tal como fez na década de 85-95, o PSD
deve retomar a liderança da promoção do
ambiente e da transição ecológica. E apostar
na valorização dos professores, da escola
pública, da avaliação e da exigência como
modelo educativo alternativo. Ou debater
como romper com a fractura artiÆcial entre
os funcionários públicos e os trabalhadores
dos sectores privado e social, tão alimentada
pela governação socialista. Da transição
digital, ciência e inovação a uma nova relação
com o mundo da cultura, os temas podem
multiplicar-se. O papel da política Æscal será
sempre um clássico, seja na criação de
riqueza, na equidade social ou na promoção
das famílias e da natalidade. A discussão
sobre o Futuro da Europa, mais pertinente do
que nunca, especialmente tendo em conta o
vazio da actual posição portuguesa. Tudo isto
sem esquecer o tema do Estado de direito,
nas suas várias dimensões. A defesa dos
direitos humanos contra discriminações de
todo o tipo (raça, género e outras). E claro,
hoje mais importante do que nunca, o
respeito pela independência judicial, pela
liberdade de imprensa, pela separação dos
poderes e pela capacidade de escrutinar os
executivos.
Eurodeputado (PSD).
Escreve à terça-feira
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18 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Sociedade Gastos são suportados pelo Estado e pelas famílias
Doença de Alzheimer custa cerca
de dois mil milhões de euros por ano
Investigadores do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência estimam que, em 2018, existiam
em Portugal cerca de 144 mil pessoas com 65 ou mais anos com doença de Alzheimer
Ana Maia
A doença de Alzheimer custa cerca
de dois mil milhões de euros, em
média, por ano, estima o Centro de
Estudos de Medicina Baseada na Evi-
dência (CEMBE), que avaliou os cus-
tos e a carga da principal doença
entre as demências. Gastos que se
dividem entre Estado e famílias e cujo
peso tem maior expressão nos custos
directos não médicos, onde se
incluem os cuidadores informais,
apoios sociais, entre outros. Os inves-
tigadores estimam que, em 2018,
existiam em Portugal cerca de 144 mil
pessoas com 65 ou mais ano com
doença de Alzheimer.
Os resultados da análise, que teve
o apoio da empresa de biotecnologia
Biogen, são apresentados hoje numa
conferência online organizada pela
associação Alzheimer Portugal. A
investigação procura dar um retrato
da doença, não só em termos econó-
micos, mas também o impacto que
provoca nos doentes e famílias. De
acordo com os dados apurados, em
2018, a doença de Alzheimer foi res-
ponsável por cerca de 7% dos anos de
vida perdidos por morte prematura
e por 45.754 anos perdidos por inca-
pacidade (estimativa de anos que o
total de doentes deixou de viver com
qualidade por estarem incapacitados
por causa da doença).
Esta é uma doença que se torna
mais provável à medida que a idade
avança. Segundo as estimativas, a
prevalência da doença nos homens
entre os 65 e os 69 anos é de 1,76%,
chegando aos 12,7% nos mais de 80
anos. No caso das mulheres, a preva-
lência é de 0,3% entre os 65 e os 69
anos mas a chegar aos 13,6% nas
mulheres com mais de 80 anos. Para
chegar a estes resultados, a equipa
cruzou múltiplas fontes nacionais,
como explicou João Costa, investiga-
dor do CEMBE, ao PÚBLICO.
“A prevalência da doença de Alzhei-
mer parte dos resultados do estudo
de Gonçalves-Pereira et al., 2017, que
apresenta a estimativa da demência,
sendo depois realizadas estimativas
dos autores para chegar especiÆca-
mente à prevalência da doença de
Alzheimer. Quanto à mortalidade, o
estudo parte dos dados dos certiÆca-
dos de óbito, disponíveis na Platafor-
ma da Mortalidade da Direcção Geral
de Saúde, sendo a mortalidade atri-
buível à doença de Alzheimer estima-
da pelos autores a partir do método
Retrato da doença
de Alzheimer
Prevalência estimada
de doença de Alzheimer
Doentes com alzheimer com mais de 65 anos
LIGEIRA MODERADA
36.789 59.245
Fonte: Estudo Custo e Carga da Doença de Alzheimer em Portugal – Centro de Estudos
de Medicina Baseada na Evidência
da fracção atribuível”, disse.
Há também um grande impacto da
doença em termos Ænanceiros, que
os investigadores estimam ascender
a cerca de dois mil milhões de euros
por ano, o equivalente a 1% do PIB.
São custos que se repartem em duas
fatias: gastos directos médicos e não
ANA MARIA COELHO
Já quanto ao ambulatório — o consu-
Custos anuais mo de recursos “foi estimado com
Cuidador informal (Estado + particulares)
base nos resultados de um painel de
1100 peritos portugueses”, disse João Cos-
Em milhões
ta —, os gastos em consultas, exames
de euros
e testes psicológicos rondaram os 166
milhões. No que respeita à medicação
Dispositivos
Apoios sociais de apoio, — estimativas tiveram como fonte os
2018 551 acessórios de dados das vendas nacionais dos medi-
cuidado e camentos —, os custos chegam a cerca
adaptações de 24 milhões de euros.
físicas ao A outra fatia, a maior, diz respeito
domicílio
a custos directos não médicos, que
122
Ambulatório
variam de acordo com a severidade
166 da doença. Nestes incluem-se gastos
Transportes com adaptações físicas nos domicílios
40 e dispositivos de apoio (122 milhões
Internamento de euros), apoios sociais como a rede
29
Medicação de cuidados continuados, lares e
24 apoio domiciliário (551 milhões) e cui-
dadores informais, que atingem cerca
GRAVE de 1,1 mil milhões de euros. Para esta
47.300 última estimativa, “considerou-se o
valor do salário mínimo nacional para
PÚBLICO
2020, incluindo subsídio de férias e
Natal, bem como a contribuição
patronal de 23,75% para a Segurança
médicos. Nos gastos directos médi- Social”, explicou João Costa, referin-
cos, incluem-se internamentos hos- do que “o custo médio estimado com
pitalares, cuidados em ambulatório a valorização monetária dos cuidados
e medicação. Usando a base de dados informais foi de 7500 euros”.
de morbilidade hospitalar da Admi- “A proporção de doentes com cui-
nistração Central do Sistema de Saú- dador informal foi estimada a partir
de de 2018, apuraram-se cerca de 29 de dados disponíveis no relatório de
milhões de custos em internamentos. monitorização da Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados
(RNCCI), tendo-se considerado a pro-
porção de utentes assistidos que
tinham apoio de vizinhos e familiares
(84%)”, referiu ainda.
Falta implementar estratégia
Para Isabel Santana, directora do ser-
viço de neurologia do Centro Hospi-
talar e Universitário de Coimbra e
co-autora do trabalho, “os números
não foram uma surpresa”. “Existem
estudos feitos em vários países que
apontam uma epidemiologia mais ou
menos igual na Europa e o custo da
doença corresponde a 0,65% do PIB
mundial. O impacto Ænanceiro é enor-
me e por isso está sinalizada, pelo G8,
como uma doença muito importan-
te”, referiu, salientando o impacto na
saúde que a doença tem.
“A doença de Alzheimer é a núme-
ro 1 das doenças que causam maior
número de anos vividos com incapa-
cidade. Incapacidade mental, funcio-
nal e por deterioração física. A espe-
rança média de vida após o diagnós-
tico é de dez anos, mas a partir do
quarto, quinto ano muitas vezes já
existe alta incapacidade”, disse, des-
tacando o peso que a doença ganha
com a idade. E apesar da investigação
e dos ensaios clínicos, “há 17 anos que
não há um novo medicamento” para
esta doença, referiu.
Se a investigação será uma das
áreas a abordar no debate, outra será
certamente a dos cuidadores infor-
mais. “É urgente implementar a estra-
tégia nacional para as demências e
reconhecer esta questão como uma
prioridade de saúde pública”, defen-
deu Maria do Rosário Zicke dos Reis,
vice-presidente da Alzheimer Portu-
gal, salientando que a questão dos
cuidadores informais “não pode ser
ignorada”.
“Não podemos Æcar satisfeitos com
um estatuto que não abrange todo o
país e que tem medidas modestas”,
disse. A responsável lembrou que em
Julho de 2019 os cinco planos regio-
nais para as demências estavam con-
cluídos. “Iniciar a sua implementação
fará uma enorme diferença. DeÆnem
o percurso de cuidados com o cuida-
dor a ter um papel activo. Uma das
grandes falhas é não haver uma boa
articulação entre cuidados de saúde
primários, cuidados hospitalares e
respostas sociais na comunidade. As
pessoas Æcam perdidas e isso atrasa
a obtenção de diagnóstico”, exempli-
Æcou.
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2.ª EDIÇÃO
CURSO DE CRÍTICA LITERÁRIA

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A PARTIR DE 7 DE OUTUBRO,
TODAS AS QUINTAS,
DAS 18H30 ÀS 20H

PARCEIROS:

INSCREVA-SE AQUI: DEZ LIÇÕES DE LITERATURA PORTUGUESA

LITERARIAMENTE FALANDO, É OBRA.

Depois do sucesso alcançado com a primeira edição, o curso de crítica literária
VAGAS LIMITADAS O Cânone regressa para uma 2.ª edição. Com um corpo docente de renome,
em dez lições será discutida e analisada a obra de alguns dos maiores autores
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DE PARTICIPAÇÃO DA portugueses de sempre. De Camões a Pessoa, de Florbela Espanca às Três Marias,
FUNDAÇÃO CUPERTINO através de um debate de ideias e de um confronto de opiniões distintas, descubra
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DE ENCERRAMENTO
NO FINAL DO CURSO,
NA PRESTIGIADA TORRE AUTORES EM ANÁLISE E CORPO DOCENTE:
LITERÁRIA,
A CONVITE DA FUNDAÇÃO 1. Cânone 5. Camilo Castelo Branco 9. Vitorino Nemésio
CUPERTINO DE MIRANDA António M. Feijó Abel Barros Baptista Rita Patrício

2. Luís de Camões 6. Cesário Verde 10. As Três Marias

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190 €* Maria Teresa Horta,

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A minha vida podia ser (quase) só isto:
ler livros e autores essenciais,
e ouvir a falar deles quem

”
os estudou a fundo
Carlos Vaz Marques
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20 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Sociedade
“Há demasiados” imigrantes que não se
regularizam “por deƊciência” do sistema
Joana Gorjão Henriques
Provedora de Justiça
deixou alertas numa
conferência organizada
pela Inspecção-Geral da
Administração Interna
As leis são boas, o problema é a sua
aplicação — e no que diz respeito aos
imigrantes essa é uma realidade. Esta
foi a mensagem da intervenção da
Provedora de Justiça, Maria Lúcia
Amaral, ontem num hotel em Lisboa,
no âmbito da conferência Retornos
Forçados e Direitos Humanos, orga-
nizada pela Inspecção-Geral da Admi-
nistração Interna (IGAI).
“Do ponto de vista legislativo temos
tomado a opção correcta”, mas é nos
processos administrativos pendentes,
na execução da lei, que “temos de
enfrentar as nossas fragilidades”, dis-
se. É “dever comum supri-las”, por-
que “estas fragilidades têm repercus-
sões na vida de quem se encontra em
má condição”, defendeu. “E não vejo
pior condição do que a do estrangeiro
que se encontra em terra inóspita.”
A Provedora de Justiça recebe esta
imagem, disse Maria Lúcia Amaral
com veemência na voz numa sala em
que esteve o ministro da Administra-
ção Interna, Eduardo Cabrita, na pla-
teia: “Há demasiadas pessoas que
chegam a território nacional e tardam
— muitas vezes por mais de dois anos
— em conseguir ver regularizada a sua
situação por deÆciência dos procedi-
Salgado tenta anular decisão de Carlos Alexandre que recusa
levantamento de caução de 1,5 milhões e dos bens arrestados
Sónia Trigueirão
O ex-banqueiro Ricardo Salgado quer
anular a decisão do juiz Carlos Ale-
xandre que o impede de levantar no
caso BES uma caução de 1,5 milhões
de euros, assim como o arresto de
bens. O objectivo de Salgado é juntar
dinheiro para pagar os 10,6 milhões
de euros pelos quais responde por
três crimes de abuso de conÆança, no
âmbito da Operação Marquês, e extin-
guir o procedimento criminal antes
de uma sentença.
O julgamento aproxima-se do Æm,
com alegações Ænais marcadas já para
22 de Outubro e o juiz Carlos Alexan-
dre está a travar os objectivos de
Ricardo Salgado, que, para pagar o
mentos administrativos pendentes.
Enquanto este tardar permanecer
estas pessoas são colocadas num lim-
bo perigoso, à mercê de todas as
indústrias maldosas que uma situa-
ção trágica como esta infelizmente
favorece e que nós sabemos que exis-
te. Não há política pública se não
enfrentamos este problema que
enquanto comunidade nacional nos
convoca.”
Maria Lúcia Amaral deu como
exemplo de boa prática a regulariza-
ção temporária dos imigrantes com
processos pendentes no Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em
Março de 2020 por causa da pande-
mia. Os atrasos na concessão de auto-
rização de residência têm sido uma
crítica constante ao SEF, por imigran-
tes e associações que os representam.
Há quem Æque quatro anos à espera.
Na conferência participaram várias
entidades públicas. A abertura foi
feita por Eduardo Cabrita, e de manhã
esteve presencialmente fechada aos
jornalistas embora estivesse a ser
transmitida por vídeo na Internet (à
tarde a entrada já foi permitida). O
tópico principal são os retornos for-
çados, mas foram vários os temas em
discussão.
Já Dulce Neto, presidente do Supre-
mo Tribunal Administrativo, defen-
deu que deveria ser pensada a criação
de um juízo especializado nos pedi-
dos de asilo, como existe em França.
Isto porque os números de processos
que entram em tribunal por causa de
pedidos de asilo, do estatuto de refu-
valor em causa, está a tentar recorrer
ao levantamento de bens arrestados
e de cauções, pagas no âmbito de dois
processos em que é arguido, o que
está relacionado com o caso BES e o
do Monte Branco, em que se investi-
gam suspeitas de branqueamento de
capitais e fraude Æscal.
A defesa do ex-banqueiro entregou,
no dia 23 de Setembro, um requeri-
mento em que pede a nulidade da
decisão do juiz Carlos Alexandre, ale-
gando irregularidade da mesma por
falta de fundamentação. Além disso,
os advogados de Ricardo Salgado ale-
gam, no documento a que o PÚBLICO
teve acesso, que há falta de compe-
tência por parte do tribunal. Ou seja,
não competia ao Tribunal Central de
giado ou de protecção internacional
tem aumentado nos últimos anos,
com Lisboa a dominar: foram 381 em
2018, dos quais 352 em Lisboa; 529
em 2019, dos quais 488 em Lisboa,
525 em 2020, dos quais 464 em Lis-
boa; e até 13 de Setembro 206 proces-
sos, 188 em Lisboa, revelou. “Em
termos de Çuxo migratório pode não
Presidente do
Supremo Tribunal
Administrativo
sugere a criação
de um juízo
especializado
Provedora esteve num debate sobre direitos humanos e migrantes
Instrução Criminal (TCIC) proferir
uma decisão sobre o requerimento
apresentado.
No que diz respeito à falta de fun-
damentação, o ex-banqueiro acusa o
juiz de se limitar a reproduzir o seu
requerimento e o que alega o Minis-
tério Público nas 12 páginas do despa-
cho. “Daqui resulta que, em rigor e
do ponto de vista substancial, a deci-
são do tribunal não contém funda-
Salgado foi
pronunciado
por três crimes
de abuso
de confiança
na Operação
Marquês
parecer expressivo mas para o siste-
ma judicial é um número que conges-
tiona o sistema, sobretudo porque se
trata de processos com natureza
urgente”, disse.
A magistrada referiu que este tipo
de casos exige preparação e obriga
“as autoridades administrativas e os
operadores judiciários, designada-
mente os juízes, a redobrados esfor-
ços para uma ampla compreensão
desta realidade e matérias nas suas
várias dimensões e vertentes, em
particular dos direitos fundamen-
tais”. E acrescentou que “não é pre-
ciso fazer futurologia para saber que
esse volume processual irá aumentar
até na sua complexidade, dado que
aos velhos problemas, que se situam
DANIEL ROCHA
mentação própria, o que gera a res-
pectiva nulidade (...), lê-se no novo
requerimento do ex-banqueiro, que
argumenta ainda com decisões do
tribunal da Relação de Lisboa, defen-
dendo que fazem jurisprudência
sobre esta matéria.
O juiz teve em conta as alegações
do Ministério Público (MP). No des-
pacho, o MP considera que os pressu-
postos que determinaram a Æxação
da caução mantêm-se inalterados e
que não está em causa o perigo de
fuga, mas sim a perturbação do
decurso do processo. “O requerimen-
to do arguido para que sejam levan-
tados bens arrestados para que possa
beneÆciar de soluções legais em rela-
ção às incriminações por que se
sobretudo a nível da integração das
comunidades migrantes e dos seus
descendentes, se somam os novos
problemas particularmente de
migrações causadas por alterações
climáticas hostis e por catástrofes
naturais”.
Na sua intervenção, o ministro refe-
riu que a migração legal é “uma prio-
ridade” que obriga Portugal “a ser
inÇexível naquilo que é a gestão das
fronteiras comuns europeias e o com-
bate a fenómenos criminais que
vivem da fragilidade humana extre-
ma”. Referiu que o tráÆco de seres
humanos deve ser “combatido à esca-
la nacional e articuladamente à esca-
la europeia”, destacando o novo
mandato da agência europeia de con-
trolo de fronteiras Frontex, a “primei-
ra força europeia com meios opera-
cionais próprios”. E acrescentou:
“Portugal que tinha há 30 anos atrás
menos de 100 mil cidadãos estrangei-
ros, atingiu, mesmo em tempos de
pandemia, cerca de 680 mil cidadãos
estrangeiros residentes legalmente
no Ænal de 2020”, salientou.
Já a inspectora-geral da Administra-
ção Interna, Anabela Cabral Ferreira,
destacou o apoio aos retornos força-
dos como área estratégica da IGAI.
“Desde 2015 que a IGAI é a entidade
que em Portugal monitoriza a acção
dos retornos forçados. Uma área que
merece crescente e permanente aten-
ção, desde logo pela vulnerabilidade
dos seres humanos que chegam a
Portugal e que querem permanecer
no país”. com Lusa
encontra pronunciado, é bem
demonstrativo do juízo de gravidade
que faz sobre as consequências dos
actos descritos na acusação”, lê-se.
Já no que diz respeito à questão da
competência, a defesa de Ricardo
Salgado alega que devia ser o juiz de
instrução a quem for distribuído a
instrução do processo BES a decidir
e não o juiz da fase de inquérito.
Ricardo Salgado também pediu o
levantamento da caução do processo
Monte Branco, no valor de 1,5 milhões
de euros, mas ainda não houve deci-
são. No processo Marquês, Salgado foi
pronunciado por alegadamente se ter
apropriado de 10,6 milhões de euros
com origem na Espírito Santo Enter-
prises.
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Neste processo, está em causa um ataque a um grupo rival
Caso Hells Angels: mais de 80
arguidos começam hoje a ser
julgados no multiusos de Camarate
Sónia Trigueirão
Estão em causa centenas
de crimes, entre os quais,
tentativa de homicídio,
associação criminosa
e tráfico de droga
Na sequência da criação em Portugal
de uma Ælial da sua grande rival a
nível internacional, a Los Bandidos,
ligada a Mário Machado, os mem-
bros do ramo português dos Hells
Angels, em Março de 2018, muniram-
se de martelos, tubos e bastões em
ferro e madeira, correntes, macha-
das, soqueiras, bastões extensíveis
e facas antes de rumarem ao restau-
rante Mesa do Prior, no Prior Velho,
Loures.
Das agressões resultaram seis feri-
dos, três dos quais graves. Mais de
80 arguidos foram acusados e pro-
nunciados por centenas de crimes,
entre os quais, tentativa de homicí-
dio, associação criminosa e detenção
de armas proibidas, mas também
extorsão e tráÆco de droga. Dado o
elevado número de arguidos, o jul-
gamento está previsto começar hoje
no espaço multiusos de Camarate, a
Fábrica, que teve de ser alvo de obras
para o efeito e será realizado por um
colectivo de juízes do Tribunal Judi-
cial da Comarca de Lisboa Norte,
liderado pela magistrada juíza Sara
Pina Cabral.
Em Outubro de 2020, no despacho
de pronúncia dos arguidos, o juiz do
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 21
Tribunal Central de Instrução Crimi-
nal (TCIC), Carlos Alexandre, conÆr-
mou quase na íntegra a acusação do
Ministério Público (MP).
Carlos Alexandre concluiu que
“este conjunto de elementos assim
agrupados não é um simples clube
recreativo ‘motard’, mas um conjun-
to de pessoas que se organizam em
moldes paramilitares ou semelhan-
tes ao modo de actuação de uma
milícia”. “Qualquer pessoa pode ser
‘motard’ ou não (...) mas para se fazer
parte desta associação tem de se
obedecer aos estatutos, o que impli-
ca obedecer às decisões do ‘chapter’
ou ‘charter’, o que for, e mesmo que
isso inclua, pasme-se, agressões/cas-
tigos (...) dos quais ninguém está a
salvo”, escreveu o juiz.
Carlos Alexandre disse ainda que
estava convicto de que esta “associa-
ção e este conjunto de elementos
que a integram estão em absoluta
consonância, hierarquizados e
imbuídos de uma obediência não só
aos estatutos e às obrigações que
deles decorrem, em qualquer lado
onde se encontrem”.
Ataque planeado
Além disso, e seguindo o que a pró-
pria acusação do Ministério Público
já defendia, de acordo com o despa-
cho de pronúncia e no que se refere
ao ataque que ocorreu no restauran-
te, “a actuação de todos os arguidos,
membros dos HAMC [Hells Angels
Motorcycle Club] obedeceu a um
processo de tomada de decisão e
Sociedade CLUB INTERNACIONAL DE FOOT-BALL
Fundado em 8 de Dezembro de 1902
INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
KAI PFAFFENBACH/REUTERS
Membro Honorário da Ordem de Benemerência
Medalha de Bons Serviços Desportivos
Medalha de Honra ao Mérito Desportivo
Estádio Pinto Basto, Avenida dos Bombeiros, Caramão de Ajuda, 1400-036 Lisboa. Tel.: 213014767
Fax 213040787 Site: www.cif.org.pt - NIF 500065500
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
CONVOCAÇÃO
Nos termos e ao abrigo do disposto nos art.ºs 25.º, 27.º e 18.º, n.º 10 dos Estatutos,
convoco a Assembleia Geral para reunir em sessão ordinária no dia 6 de Outubro
de 2021 às 18.00 horas em primeira convocação, e às 18.30 horas em segunda
convocação, no Clube, com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS
1. Apreciar e votar o Relatório e Contas da Direcção referentes ao exercício de 2020.
(A informação preparatória da Assembleia Geral estará disponível para consulta
no site do clube a partir do 8.º dia anterior à data da Assembleia Geral - em
www.cif.org.pt)
2. Apreciar os programas e orçamentos das listas de candidatos a submeter a
sufrágio no acto eleitoral no dia 12 de Outubro de 2021.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE
De forma a garantir, em termos de espaço e regras de conduta, as condições
que permitam o cumprimento das obrigações legais relativas à salvaguarda
das condições de saúde dos Sócios do CIF, deverão ser cumpridas as regras
preconizadas pela DGS.
ACTO ELEITORAL
Fixa-se o dia 12 de Outubro de 2021 para efectivação do sufrágio eleitoral para
o mandato correspondente ao triénio 2021-2024 dos Órgãos Sociais do Club
Internacional de Foot-Ball.
O direito de voto será exercido na sede do Clube, no referido dia 12 de Outubro,
entre as 09.00 horas e as 19.00 horas.
O anúncio do resultado eleitoral será efetuado na sede do clube, após a respetiva
contagem dos votos.
Lisboa, 27 de Setembro de 2021
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral (em exercício),
António Almeida Oliveira
planeamento operacional, designa-
Regulamento disponível
damente de recrutamento/convoca-
em www.fundacaorespublica.pt
tória dos membros e supporters
disponíveis, obtenção de armamen-
to, vestuário de ‘camuÇagem’,
meios de transporte, deÆnição de
pontos de concentração e de tarefas
durante o ataque, bem como de pla-
neamento de fuga”.
Nas alegações do debate instrutó-
rio, em 20 de Julho de 2020, o MP
pediu a ida a julgamento de todos os
arguidos, sustentando que todos
praticaram os crimes que constam
na acusação, que teve como meios
de prova escutas telefónicas, docu-
mentos apreendidos ao grupo Ensaios
motard e o depoimento de testemu-
originais
nhas e arguidos. O MP deu como
provado o ataque levado a cabo
sobre
pelos arguidos e membros do grupo
Hells Angels no restaurante Mesa do
Prior, bem como a perseguição movi-
da por estes a Mário Machado, líder
do movimento de extrema-direita
Nova Ordem Social e que pertencia
a um grupo motard rival.
O ramo português dos Hells Angels
era na altura liderado por um mestre
de artes marciais, que neste momen- 1º prémio 2º prémio 3º prémio
to já ultrapassou os 70 anos, e que 2.500€ 1.500€ 1.000€
também é arguido no processo. Tal
como um antigo skinhead conhecido Os melhores textos serão publicados
pela alcunha de “Rambo”, que este- Participe!
ve envolvido nas agressões racistas
ocorridas na noite em que morreu o
cabo-verdiano Alcindo Monteiro em
1995. Trata-se do homem que alega-
damente cheÆava a Ælial da Margem
Sul da mesma organização.
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22 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Sociedade
Alunos carenciados Ɗcam sempre atrás dos
mais favorecidos, mesmo com meios digitais
Clara Viana
Ensino à distância agrava
dificuldades a Matemática.
Resultados de inquéritos a
alunos mostram impacto do
estatuto socioeconómico
Tendo tido ou não acesso a computa-
dores e à Internet ou a aulas síncronas
durante o período em que as escolas
fecharam, o desempenho dos alunos
carenciados foi sempre “inferior” aos
dos seus colegas oriundos de meios
mais favorecidos. Esta é uma das prin-
cipais conclusões a que chegou o Ins-
tituto de Avaliação Educativa (Iave,
responsável pela avaliação externa)
após ter cruzado as classiÆcações das
provas de aferição realizadas em
Janeiro pelos alunos do 3.º, 6.º e
9.º anos de escolaridade com os
resultados dos inquéritos que foram
então aplicados sobre o seu contexto
socioeconómico.
Os resultados foram divulgados
ontem numa sessão em que partici-
pou também o secretário de Estado
adjunto e da Educação, João Costa. As
provas realizadas em Janeiro destina-
ram-se a avaliar a literacia em leitura,
ciências e matemática e foram feitas
por cerca de 24 mil alunos de 313 esco-
las. E o que o cruzamento do desem-
penho dos alunos com as suas condi-
ções familiares veio mais uma vez
conÆrmar foi que o estatuto socioeco-
nómico é “um importante preditor do
sucesso escolar dos alunos”. E que
pesa independentemente dos meios
a que tenham acesso.
Para avaliar esta dimensão, o Iave
foi comparar os desempenhos dos
alunos beneÆciários da Acção Social
Escolar (ASE, atribuída a agregados
com rendimentos mensais iguais ou
inferiores ao salário mínimo) com os
dos estudantes que não têm apoios
sociais. Primeira conclusão: os resul-
tados destes últimos “são sempre
superiores aos dos alunos com ASE,
em todas as literacias, em todos os
anos de escolaridade e em todos os
níveis de proÆciência”.
Mais concretamente, no 3.º ano, as
diferenças entre os dois grupos osci-
lam entre 5,9 e 6,7 pontos percen-
tuais; no 6.º ano , vão de 6,8 a 9,6 e
no 9.º ano variam entre 5,6 e 8,3. As
maiores diferenças no 3.º e 6.º ano,
registam-se a literacia da leitura, no
9.º ano, acentuam-se na literacia
matemática.
“É de salientar as diferenças de
desempenho verificadas em literacia
da leitura entre alunos com e sem
ASE, em particular no 6.º ano de
escolaridade, o que indicia que as
As provas realizadas em Janeiro competências ligadas à literacia da
destinaram-se a avaliar leitura são eventualmente mais difí-
a literacia em leitura, ciências ceis de desenvolver em contextos de
e matemática suspensão das aulas presenciais”,
sintetiza o Iave.
Através dos questionários, e porque
as provas de aferição foram realizadas
em pleno conÆnamento, tentou ava-
liar-se se o acesso a aulas síncronas
“está ou não relacionada com melho-
res desempenhos por parte dos alu-
Temos de tomar nos”. A resposta é sim. O Iave especi-
decisões sobre Æca o seguinte: “Este factor parece ter
um efeito mais expressivo no 3.º ano
quais são as áreas de escolaridade e parecem denotar
que devem ter uma maior dependência do contacto
com o professor por parte dos alunos”
maior incidência mais novos.
João Costa Por outro lado, acrescenta-se, “o
Secretário de Estado da desempenho dos alunos beneÆ#
Educação ciários de ASE é inferior, nas três
literacias e nos três anos de esco-
laridade, ao desempenho
dos alunos não beneÆciá-
rios de ASE, independen-
temente de terem tido
PAULO PIMENTA
acesso a aulas síncronas ou não”. Um
exemplo. No 3.º ano, entre os alunos
que tiveram “sempre” aulas síncro-
nas, a média numa escala de 100% em
literacia da leitura foi de 52,9% para
os alunos sem apoios sociais e de
47,6% para os mais carenciados.
Outra constatação patente no rela-
tório do Iave: mesmo tendo acesso a
estes meios digitais, os alunos com
ASE obtiveram resultados inferiores
aos demais alunos. Por exemplo, a
literacia matemática, os alunos do 9.º
ano de meios mais favorecidos tive-
ram uma média de 39,5%, enquanto
a dos beneÆciários da ASE foi de 31%.
Isto para os alunos com acesso a
meios digitais. Entre aqueles que não
tiveram esta possibilidade, a média
no primeiro grupo foi de 23,5% e no
segundo de 22,9%.
Matemática foi também o domínio
em que alunos do 2.º e 8.º anos tive-
ram piores desempenhos nas provas
de aferição de Junho deste ano. “As
informações recolhidas indiciam um
% de alunos que falharam*
em itens das provas de aferição
de Matemática do 2.º ano
2019 2021
Números e Operações
18,3
37,1
Geometria e Medida
22,8
37,2
Organização e Tratamento de dados
10,4
44,8
% de alunos que falharam*
em itens das provas de aferição
de Matemática do 8.º ano
2018 2021
Números e Operações
50
62,6
Geometria e Medidas
42,1
46,4
Álgebra
41,2
54
Organização e Tratamento de dados
41,5
62,1
* Alunos na categoria Não conseguiu/
Não respondeu
Fonte: Instituto de Avaliação Educativa, Iave PÚBLICO
desempenho inferior dos alunos em
comparação com os resultados obti-
dos nas provas de aferição de 2019.”
No 2.º ano de escolaridade, registou-
se uma “subida muito signiÆcativa”
na percentagem de alunos que não
conseguiram acertar nas respostas ou
não responderam, sendo o maior
aumento registada no domínio Orga-
nização e Tratamento de Dados, (mais
34,4 pontos percentuais) 30%. No 8.º
ano, também foi o domínio Organiza-
ção e Tratamento de Dados que teve
piores desempenhos, atingindo 62,1%
na categoria Não conseguiu/Não res-
pondeu, o que representa um aumen-
to de 20,6 pontos percentuais por
comparação com a prova realizada
em 2018 pelos alunos do 8.º ano.
“Nós temos de tomar decisões
sobre quais são as áreas que devem
ter maior incidência e não podemos
decidir com base em opiniões, temos
de decidir com base em evidências”,
disse o secretário de Estado da Edu-
cação, João Costa.
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Estratégia
de habitação
de Beja esquece
bairro cigano
Um dos mais graves problemas
habitacionais do Alentejo foi omitido
por todas as forças políticas
Carlos Dias
A promoção de soluções habitacio-
nais para os cerca de 800 membros
da comunidade cigana que vivem em
“condições habitacionais indignas”
no Bairro da Pedreiras em Beja,
como se preconiza na Estratégia
Local de Habitação (ELH), não mere-
ceu qualquer acolhimento por parte
de todos os autarcas com assento na
Câmara e Assembleia Municipal de
Beja (AMB) — PS, CDU, PSD e BE.
O debate tenso que rodeou a dis-
cussão da proposta apresentada pela
maioria socialista na Câmara de Beja
gerou controvérsia e animosidade
pelas opções tomadas, sem que se
vislumbrasse um comentário que
fosse sobre a situação que mantém
há vários anos cerca de 300 pessoas
sem água e sem energia eléctrica, a
viver em barracas, e mais de 500
alojadas em casas de alvenaria T2 em
condições precárias.
As condições de alojamento da
comunidade cigana de Beja é tema
mediático desde 2005, quando cer-
ca de 250 cidadãos ciganos foram
deslocados, sob vigilância do corpo
de intervenção da GNR, de um aglo-
merado de barracas para novas habi-
tações no Bairro das Pedreiras. O
modo precário como foram alojados
e cercados de um muro com três
metros de altura justiÆcou a conde-
nação do Estado português, em
Junho de 2011, por violação da Carta
Social Europeia.
A situação destas pessoas sur-
preenderia mais tarde, em Janeiro
de 2018, Ana Pinho, então secretária
de Estado da Habitação. Ao sair da
viatura que a transportou ao Bairro
das Pedreiras, acompanhada de Rosa
Monteiro, secretária de Estado para
a Cidadania e a Igualdade, olhou o
espaço em redor e escapou-lhe um
desabafo quase em surdina: “Tinha
informação sobre este bairro, mas o
que vejo é muito pior do que aquilo
que eu pensava.”
O panorama era desolador: “as
crianças circulavam mal agasalha-
das, acossadas por tosses persisten-
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 23
Partidos sem solução para o Bairro das Pedreiras~Local
PEDRO MARTINHO
tes, enquanto os pais reclamavam
por uma habitação que os libertasse
de vidas inteiras a viver debaixo de
toldos”, descrevia uma reportagem
do PÚBLICO feita nessa altura.
Ana Pinho persistia em assumir o
desconforto que o cenário lhe cau-
sava. “Quando se entra num bairro
destes, pensa-se logo na urgência e
na premência de encontrar uma res-
posta eÆcaz e efectiva.” Mas reco-
nheceu ser “mais complexo integrar
comunidades que foram desintegra-
das com o modelo de acesso à habi-
tação [do Bairro das Pedreiras] do
que integrar comunidades que nun-
ca o foram”. Estes casos, acentuou,
“precisam de uma resposta estrutu-
rada mas acima de tudo integrada”,
acentuou Ana Pinho.
Paulo Arsénio, presidente da
Câmara de Beja que na altura iniciava
o mandato que agora renovou, adian-
tava que, em primeiro lugar, “há que
fazer o diagnóstico da situação”,
reconhecendo que a autarquia tem
de se empenhar com os parceiros do
distrito e com o Governo para mini-
mizar um problema social “grave”.
Quatro anos depois, e com a
Estratégia Local de Habitação de
Beja aprovada, a comunidade ciga-
na do Bairro das Pedreiras vai con-
tinuar a contar com o apoio da Cruz Há cerca de 300 pessoas sem incluídas famílias ciganas, admitiu tou: a estratégia seguida para a ela-
Vermelha e da Cáritas, quando cho- água e sem energia eléctrica, a Paulo Arsénio ao PUBLICO, sem boração da ELH “não é a perfeita,
ver muito ou Æzer muito calor, sem viver em barracas, e mais de 500 explicar a ausência na estratégia de mas é a possível”, advertindo a AMB
que se vislumbre qualquer solução alojadas em casas precárias uma solução para o Bairro das para a “imperiosa” necessidade da
para o mais grave problema social Pedreiras. Mesmo assim, a aprova- sua aprovação. Quem a reprovasse
do Alentejo. ção da ELH na AMB alimentou a teria de suportar o ónus dessa deci-
controvérsia entre a presidência são, dado o curto prazo que falta
Recuperação e construção socialista e os seus opositores, que para a sua aceitação pelo IHRU.
A ELH que a Câmara de Beja vai pro- criticaram a ausência de debate Reagindo ao desaÆo da maioria
por junto do Instituto de Habitação
Com a Estratégia antes da aprovação da proposta socialista, a CDU absteve-se, “para
e Reabilitação Urbana (IHRU) prevê Local de Habitação Ænal, apesar de o executivo munici- não dizerem que é uma força de blo-
a recuperação de 162 fracções de pal se ter comprometido a discuti-la queio”, mas criticando o executivo
habitação social municipal, constru-
de Beja aprovada, com todas forças políticas naquele por confrontar os seus opositores
ção de 84 novos fogos para arrenda- não se vislumbra órgão autárquico. com situações de facto, apesar da
mento em regimes de renda apoiada Luís Miranda, vereador do Partido “forma canhestra como o documen-
e acessível, recuperação de 60 fogos
qualquer solução Socialista, reconheceu que o progra- to foi elaborado” com “base em dados
no centro histórico e nas freguesias para o mais grave ma “não é o mais adequado, talvez de 2001 a 2012”, acrescentou o PSD.
rurais para arrendamento em regime por alguma inércia da nossa parte”, A ELH foi aprovada na reunião da
de renda apoiada e acessível e a rea-
problema social considerando que faltou uma discus- AMB em Setembro, com os votos
bilitação de 22 habitações próprias do Alentejo são mais alargada e profunda, “que favoráveis do PS e do PSD e a absten-
de famílias vulneráveis. neste momento não era possível”. ção da CDU, do BE e do Movimento
Eventualmente, poderão ser O presidente da câmara acrescen- S. Matias com Todos.
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24 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Mundo Eleições na Alemanha
Após vitória
do SPD, Scholz
quer negociar
coligação — mas
Laschet também
Apesar do pior resultado da história
da CDU/CSU, o candidato conservador
quer liderar Governo. Verdes e Liberais
podem negociar primeiro entre si
Maria João Guimarães,
em Berlim
Quem vai negociar com quem? A
pergunta Æcou ontem no ar enquan-
to políticos alemães se desdobravam
em declarações sobre o resultado
eleitoral de domingo em que o Par-
tido Social-Democrata (SPD) venceu
por uma pequena margem, com
25,7% dos votos segundo os resulta-
dos preliminares, e a CDU/CSU caiu
para 24,1%, o pior resultado da sua
história.
Na manhã pós-eleitoral, Scholz
repetiu que é o seu partido que deve
liderar o próximo governo. Passadas
algumas horas, o candidato demo-
crata-cristão, Armin Laschet, voltou
a aÆrmar que o seu partido tinha um
mandato eleitoral para formar
governo, apelando a Verdes e a libe-
rais para negociar consigo. No
entanto, nem todos na CDU/CSU
concordam e há vozes a levantar-se
pedindo que o chefe do partido con-
ceda a derrota.
Os Verdes Æcaram em terceiro
lugar, com 14,8%, obtendo o melhor
resultado da sua história e uma gran-
de subida em relação às eleições ante-
riores, mas com algum amargo por
não terem conseguido concretizar a
disputa da chancelaria, que a dada
altura da campanha pareceu possível.
O Partido Liberal Democrata (FDP)
obteve 11,5% (10,7% em 2017).
O partido nacionalista Alternativa
para a Alemanha (AfD) desceu de
12,6% e de terceira maior força par-
lamentar (e a maior da oposição)
passou para sexta força a nível nacio-
nal, embora tenha sido a mais vota-
da nos estados federados da Turín-
gia e da Saxónia, no Leste (antiga
RDA). O seu grande tema mobiliza-
dor, a oposição a refugiados, desa-
pareceu do debate público e a estra-
tégia do partido de tentar capitalizar
o descontentamento com as medi-
das de contenção da pandemia não
os levou mais longe.
Finalmente, o partido Die Linke (A
Esquerda) teve uma enorme queda,
com 4,9% dos votos (em 2017 tinha
obtido 9,2%). A sua entrada no Parla-
mento foi assegurada apenas por ter
conseguido eleger três mandatos
directos (o sistema alemão tem uma
mistura de representação directa e
proporcionalidade e permite a parti-
dos abaixo dos 5%, o limite mínimo
para ter representação parlamentar,
entrar se elegerem também três can-
didatos por voto directo).
Quem será o chanceler?
O resultado por si só não diz quem vai
ser o próximo chanceler, que se segui-
rá a 16 anos de Angela Merkel. Não há
regras para incumbir um dos candi-
Notas das eleições
datos de negociar. Há, no entanto,
vários factores a favor de Scholz. Schäuble reeleito deputado, por ter ajustamentos para nacionalista AfD sobre como
A dinâmica da eleição é evidente: perde liderança do Parlamento equilibrar o sistema de votação evitar ser vigiado pelas
os vencedores são o SPD e os Verdes, Wolfgang Schäuble foi reeleito directa e proporcional. Este ano, autoridades, não conseguiu ser
que não só subiram a sua votação em deputado pelo seu círculo o Parlamento terá, segundo os eleito pela CDU na Turíngia.
relação a 2017, como juntos têm mais eleitoral de Offenburg resultados provisórios, 735 Maassen concorria a um
votos do que o campo oposto em ter- (Baden-Württemberg, Sul). Eleito membros, um número-recorde. mandato directo, mas ficou em
mos de propostas políticas, a CDU/ pela primeira vez em 1972, O Parlamento anterior tinha 709. segundo lugar, atrás do
CSU e os liberais. Schäuble foi sempre reeleito e candidato social-democrata que
Como comentava o professor de tem o recorde de deputado mais Candidato radical da CDU venceu o círculo, e assim não
Ciência Política da Universidade Livre antigo no Bundestag. No não é eleito entrará no Parlamento alemão.
de Berlim Thorsten Faas no Twitter: entanto, como o seu partido O antigo chefe dos serviços de
“Empiricamente, é assim: sim, há deixou de ser maioritário no informação interna Hans-Georg Berlim vota expropriação de
casos em que não é o maior grupo Parlamento, Schäuble (na foto) Maassen, suspeito de imóveis de grandes empresas
parlamentar a liderar o Governo. Mas deixará o cargo de presidente proximidade com extremistas e Em Berlim, um referendo, não
são excepções raras.” do Parlamento, já que é tradição de ter aconselhado o partido vinculativo, deu uma maioria
Na manhã de ontem, Olaf Scholz que este seja membro do grupo favorável à expropriação de
reaÆrmou que os resultados mostram parlamentar do partido com imóveis de grandes empresas
que a incumbência de formar gover- mais votos. Antes das eleições, que detenham mais de 3000
no cabe ao seu partido. Disse ainda Schäuble tinha declarado que apartamentos na cidade: 56,4%
que os partidos que subiram em rela- gostava de continuar no cargo. votaram “sim”. Os organizadores
ção à última eleição foram o SPD, os do referendo esperam que o
Verdes e os liberais, o que é mais um Bundestag com número- resultado pressione os políticos
motivo para formarem uma coligação -recorde de deputados a tomar a medida, que é, no
“semáforo”, chamada assim pelas O Parlamento alemão tem um entanto, criticada pelo potencial
cores dos partidos (vermelho, ama- número de deputados variável custo para os cofres do Estado.
relo, verde).
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Olaf Scholz viu o SPD superar a
União e agora quer suceder a
Angela Merkel como chanceler
Armin Laschet veio, mesmo assim,
dizer que o resultado não foi suÆcien-
temente claro, e que por isso se dis-
punha a negociar com Verdes e libe-
rais, apoiado na possibilidade de
liberais e Verdes negociarem primei-
ro entre eles, e depois verem qual o
partido que mais se adequava aos
seus compromissos para cheÆar uma
coligação.
Na noite eleitoral, o chefe do FDP,
Christian Lindner, deixou esta ideia,
que tinha também sido avançada pelo
co-líder dos Verdes, Robert Habeck,
na reacção às primeiras projecções.
No debate pós-eleitoral entre os
candidatos, Lindner elogiou o gover-
no de CDU e liberais liderado
por Laschet na Renânia do Norte-
Vestefália, enquanto a candidata dos
Verdes, Annalena Baerbock, disse
que a ideia de falar primeiro com os
Verdes acabada de propor por Lind-
ner lhe parecia fazer sentido, sem
expressar a preferência do partido
por uma coligação (claramente os
Verdes têm mais coincidências pro-
gramáticas com o SPD).
Os representantes dos partidos
prometeram ainda ter negociações
WOLFGANG RATTAY/REUTERS
rápidas, pôr logo em cima da mesa as
questões importantes e não Æcarem
perdidos nos pormenores. A última
vez que houve negociações, para uma
coligação Jamaica, entre CDU/CSU,
liberais e Verdes, terá acontecido isso,
criticou Lindner — a coligação ganha
o nome pelas cores dos partidos, que
juntas remetem para bandeira da
Jamaica. Embora esteja a posicionar-
se como o mais poderoso na coliga-
ção, os Verdes têm mais peso eleito-
ral, e Baerbock mencionou que não
pode ser ignorada a percentagem dos
partidos.
A meta apontada para uma nova
coligação volta a ser (como foi com a
coligação Jamaica em 2017), o Natal.
Em 2017, as conversações falharam,
com Lindner a anunciar que desistia
em Novembro (por isso está, desta
vez, mais pressionado a não ser por
sua responsabilidade que não há uma
coligação de governo). Começou um
processo de pressão para o SPD
entrar no Governo, o que o partido
tinha prometido que não fazia, e só
em Março é que o partido aprovou,
em referendo, a grande coligação
com a CDU.
A Alemanha também muda
Análise
Teresa de Sousa
1. De tanto nos Æxarmos no
“empate técnico” entre os dois
grandes partidos tradicionais,
quase passou desapercebida uma
real mudança na paisagem política
alemã.
A “curta” vitória do SPD signiÆca
uma subida de 5,2 por cento em
relação às últimas eleições e de 10
por cento em relação à
generalidade das sondagens de há
menos de um ano. A “quase
vitória” da CDU/CSU signiÆca uma
queda de 8,8 por cento em relação
aos resultados obtidos há quatro
anos por Angela Merkel, que já
foram os piores de sempre da
história do seu partido. Há,
portanto, um óbvio desejo de
mudança da parte dos eleitores.
A paisagem política alemã está a
mudar há mais de duas décadas,
seguindo, de resto, as grandes
tendências políticas das
democracias europeias desde o Æm
da Guerra Fria. No modelo inicial,
os dois grandes partidos populares
obtinham votações em redor dos
40 por cento, com os liberais do
FDP a fazer de partido-charneira. A
mudança começa com a
transformação dos Verdes, de
pequeno grupo radical,
contestatário e paciÆsta, para um
partido cada vez mais próximo do
mainstream, pela mão segura de
Joschka Fischer e com o seu
baptismo de fogo no Governo
federal, em 1998, tornando os
liberais menos relevantes na sua
função de “kingmakers”. Estas
eleições comprovaram que os
Verdes vieram para Æcar e para
contar, com uma subida de 5,8 por
cento em relação às últimas
eleições. Dão um contributo
decisivo para o reforço do “centro”,
apesar da queda relativa dos dois
velhos partidos de centro-esquerda
e de centro-direita. Chegou a
admitir-se que isso aconteceria à
custa do SPD. Não foi assim. Porque
Scholz o voltou a colocar no mesmo
centro pragmático e moderado no
qual o tinha colocado Willy Brandt
no Ænal dos anos 50, Helmut
Schmidt nos anos 80, ou Gerhard
Schroeder. Os liberais conseguiram
renascer das cinzas, na proporção
inversa à “centralização” da CDU
conduzida por Merkel. O enorme
prestígio da chanceler acabou por
diluir estas transformações, que
iam ocorrendo, e atrasar a sua
tradução eleitoral. A CDU vai
mergulhar numa crise de
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 25
reajustamento político que a levará
provavelmente um pouco mais
para a direita, mas que não será
pacíÆco. É um erro pensar que o
seu mau resultado se deve apenas
às gaèes ou à falta de carisma de
Armin Laschet. É uma crise de
identidade que vai ter de resolver.
2. Muita coisa mudou na política
alemã. A questão é saber que
coligação melhor traduz essa
mudança. Mas dar a um partido
que perdeu 8,8 por cento dos votos
a liderança do futuro Governo é
distorcer demasiado a vontade dos
eleitores, por maior que seja a
tentação. Todas as sondagens
indicavam que Olaf Scholz merecia
a preferência dos eleitores para
suceder a Merkel na chancelaria.
Uma sondagem realizada na
segunda-feira indicava que a
“coligação semáforo” (SPD, Verdes
e Liberais) era claramente a
preferida dos eleitores. Os outros
partidos de uma futura coligação
não podem ignorar estes sinais.
Os Verdes podem cair na
tentação da “equidistância” face ao
SPD e à CDU, porque isso lhes dá
maior margem de manobra
negocial. Mas estão demasiado
perto do SPD e demasiado longe da
Estas eleições
comprovaram
que os Verdes,
liderados por
Annalena
Baerbock,
vieram para ficar
CDU em aspectos fundamentais das
políticas sociais e económicas para
dar credibilidade a esta tese.
Quanto aos liberais, apesar da sua
recuperação, não podem repetir o
que Æzeram em 2017, quando a sua
intransigência obrigou Merkel a
abdicar de um Governo de
coligação “Jamaica” (CDU/CSU,
Verdes, Liberais) para se ver
forçada a renovar a “grande
coligação”. Terão de ser mais
maleáveis. Scholz é suÆcientemente
pragmático para negociar com eles.
Há algumas reformas que os
aproxima dos Verdes, como a
urgência da digitalização e um
certo espírito transformador que os
ambos partilham.
3. Entretanto, a Europa vai ter de
esperar com paciência pelo
regresso da Alemanha ao seu papel
de liderança europeia e para saber
em que termos exactamente esse
regresse se fará.
Há um sólido ponto de partida.
Olaf Scholz foi, como o seu
homólogo francês Bruno Le Maire,
o arquitecto do Fundo de
Recuperação e Resiliência
aprovado em Maio de 2020 pelos
líderes europeus. Coube-lhe a
tarefa de convencer a chanceler de
que era esse o único caminho, se
queria mesmo salvar a Europa.
Com uma grande diferença em
relação a Merkel e ao seu partido.
Para Scholz, algumas das
principais inovações do Fundo são
para manter — nomeadamente, um
fundo permanente (ou um
orçamento) da zona euro, para
prover a inevitáveis choques
assimétricos no futuro; o recurso à
emissão de dívida conjunta para
Ænanciar parte dos recursos da
própria União. Terá o apoio dos
Verdes. Já quanto à reforma do
PEC, o ainda ministro das Finanças
alemão mantém-se Æel à ortodoxia
do déÆce e da dívida, mas não
recusará o debate, que já está na
calha, sobre a sua reforma. Terá de
convencer os alemães de que a
partilha de riscos com alguns
países do Sul vale a pena. A batalha
será com os “frugais” internos e
externos — dos liberais alemães aos
liberais holandeses ou os
conservadores austríacos.
4. O Presidente francês vai
aproveitar os próximos meses, que
incluem a sua reeleição em
simultâneo com o exercício da
presidência rotativa do Conselho
da União Europeia, para ocupar o
vazio deixado pela transição alemã
e aÆrmar a sua liderança europeia.
Conta, em alguns dossiers, com o
apoio e a credibilidade de Mario
Draghi. Mas até no Eliseu se
reconhece que pouca coisa poderá
ser concretizada enquanto a
Alemanha se mantiver no “limbo”
pós-eleitoral.
O novo Governo alemão será
posto à prova numa Europa com
uma urgência gritante em deÆnir
que papel quer ter no mundo de
hoje. Dizem vários analistas
alemães que até a grande indústria
alemã já percebeu que não pode
continuar a apostar eternamente
no mercado chinês. Dizem os
problemas que a indústria alemã
está a enfrentar, devido às falhas
das cadeias de abastecimento, que
a Europa pode, aÆnal, precisar de
uma “política industrial”. Diz a
urgência climática, a que os
alemães são particularmente
sensíveis, que a transição “verde”
traz consigo um sem-número de
problemas que nem todos os
NordStream do mundo conseguem
resolver. Espera-se uma Alemanha
preparada para olhar para tudo
aquilo que esta nova realidade nos
diz, de preferência numa
perspectiva um pouco mais
europeia.
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26 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Mundo
Os EUA “venderam-nos ao nosso inimigo”,
acusa a afegã Zarifa Ghafari
Sofia Lorena
A mais jovem presidente
de câmara do Afeganistão
fugiu dos taliban. Mas não
desistiu do seu país. Fala
hoje na Leadership Summit
A juventude de Zarifa Ghafari ouve-se
no tom de voz, doce, com que recor-
da a infância ou lembra o “orgulho
incrível” que via nos olhos do pai
quando ela, a mais velha de oito
irmãos, começou a “ser bem-sucedi-
da”, a “provar-lhe do que era capaz”.
Aos 28 anos, o cansaço nota-se no
rosto e no corpo, mas a determinação
também. Os taliban mataram-lhe o
pai e agora ameaçam destruir-lhe o
país. Fugiu deles, mas não desiste de
os enfrentar, mesmo de longe.
Desde que os fundamentalistas
chegaram a Cabul, a 15 de Agosto, e
assumiram o controlo do Afeganistão,
têm feito promessas de moderação.
Ghafari não precisou de esperar para
ver. O movimento mostrou-lhe do que
era capaz bem antes de surpreender
o mundo pela rapidez com que con-
quistou o país de onde os Estados
Unidos se preparavam para retirar.
Em 2019, tornou-se a mais jovem
presidente de câmara do Afeganis-
tão. Estudou na Índia, dos 16 aos 22
anos, e voltou a casa cheia de projec-
tos. Fundou uma organização não-
governamental, a Assistência e Pro-
moção para Mulheres Afegãs; a
seguir lançou uma rádio dirigida às
jovens na cidade de Maidan Shar,
capital da província de Wardak, a 50
km de Cabul. “Depois, participei no
Parlamento da Juventude e comecei
a interessar-me por política, mas tra-
balhar para o Governo nunca me
passou pela cabeça”, diz.
Foi o homem que hoje é seu marido
que a incentivou a apresentar-se no
concurso público para presidente de
câmara de Maidan Shar, um dos
municípios onde, por razões de segu-
rança, não havia sido possível organi-
zar eleições. “Lá me convenci, mas
não imaginei que podia ser nomea-
da”, diz. Tinha dúvidas por causa da
situação em Maidan Shar e em War-
dak, onde “mais de 60% do território
já estava sob controlo dos taliban”.
A duas fases do Æm do processo,
soube que tinha a melhor classiÆca-
ção. Outros candidatos souberam do
mesmo e uniram-se para a tentar tra-
var — candidataram-se 138 pessoas e
ela era a única mulher. “Quando os vi
a tentarem rebaixar-me, ser escolhida
tornou-se um objectivo”, explica.
Quando a nomeação chegou, demo-
rou pouco a perceber que os desaÆos
mal tinham começado.
“Não consegui ir ao meu escritório
durante nove meses. Havia protestos
violentos contra mim. Gente ligada a
máÆas, a senhores da guerra, pessoas
em contacto com os taliban, todos
queriam garantir que eu não tomava
posse”, diz. “No Governo, propuse-
ram-me trabalhar a partir de Cabul.
Mas eu meti na cabeça que se ia ser
presidente da câmara, nem que fosse
por um dia, seria no meu gabinete,
na minha secretária, mesmo que me
demitisse a seguir.”
Seis meses depois, cansou-se de
esperar. “Escrevi um texto nas redes
sociais a contar o que estava a acon-
tecer. Dizia que se neste país não con-
seguia exercer os meus direitos era
melhor tirarem-me a minha identida-
de”, recorda. Para seu próprio espan-
to, com tantos homens decididos a
impedi-la de avançar, recebeu o apoio
de muitos mais. “Sete províncias
organizaram manifestações, houve
campanhas nas redes sociais, entre-
vistas... Nove meses depois de ser
nomeada, consegui sentar-me na
minha cadeira”, conta. “Foi um sen-
timento incrível, tinha lutado tanto
por aquele momento e estava ali.”
No entanto, as ameaças começa-
Ainda há tempo. ram de imediato e a primeira tentati-
va de assassínio demorou pouco.
É preciso Vinte dias depois do último atentado
pressionar contra a sua vida, em Novembro de
2020, homens armados mataram-lhe
os taliban, o pai com três tiros na cabeça. Ghafa-
obrigá-los a ouvir ri chorou e gritou. “Disse aos respon-
sáveis do Governo que a culpa era
os afegãos deles. Tinha-os avisado, pedido para
Zarifa Ghafari tomarem conta da minha família,
Ex-presidente da Câmara de para nos darem segurança.”
Maidan Shar, capital da província Depois da morte do pai, percebeu
de Wardak que tinha de proteger o resto da famí-
lia e aceitou um emprego no Ministé-
rio da Defesa, em Cabul. Era ali que
estava quando os taliban acabaram
aquilo que Ghafari estava a ver acon-
tecer desde Março de 2020, quando
foi assinado o acordo que selou a reti-
rada norte-americana, negociada
com os radicais. “Eles venderam-nos
ao nosso inimigo”, acusa.
Zarifa Ghafari saiu do país Saiu do país escondida e trouxe o
escondida, com o marido, a mãe marido, a mãe e os irmãos consigo
e os irmãos, e está agora a viver para a Alemanha. O cansaço com que
na Alemanha. O pai foi chegou a Lisboa, no domingo, é o
assassinado pelos taliban cansaço dos últimos anos somado ao
DANIEL ROCHA
das últimas semanas, das viagens
entre capitais e das conversas com
políticos e jornalistas. Todos os que
possam fazer a diferença ao partilhar
as suas palavras. È por isso que veio a
Portugal, a convite da Women on
Tech, para falar hoje na Leadership
Summit, no Casino Estoril.
“Ainda há tempo. É preciso pres-
sionar os taliban, obrigá-los a ouvir os
afegãos”, diz. Até porque, hoje, o Afe-
ganistão é um país com “muito mais
Zarifas”, onde as mulheres “são mais
de 50% das professoras e mais de 30%
dos que fazem a economia funcio-
nar”. “Eles não vão conseguir gover-
nar o país sem nós.”
Mas não basta obrigar os taliban a
negociar, é preciso “obrigar o Paquis-
tão a parar de se intrometer”, aÆrma,
acusando o país vizinho de agir como
“porta-voz” dos fundamentalistas,
depois de os ter “apoiado no regresso
ao poder”. “Como é que o Paquistão
se comporta como se tivesse todo o
poder em relação às grandes potên-
cias?”, questiona.
Os EUA dizem que gastaram mui-
tos milhões no seu país, ela responde
que os afegãos pagaram “com san-
gue, com a vida, com sonhos”. O
Afeganistão, diz, “era como uma Çor
bonita e eles ofereceram-nos aos que
a vão destruir”. Mas se depender
dela e da sua voz não será assim.
“Ainda é tempo”, insiste. “É por isso
não me calo.”
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Agência de Energia Atómica acusa
Irão de impedir inspecção a fábrica
João Ruela Ribeiro
Regime iraniano critica
agência da ONU e diz que
infra-estrutura em causa
está fora do âmbito das
inspecções acordadas
O Irão e a Agência Internacional de
Energia Atómica (AIEA) voltaram a
entrar em desacordo por causa das
inspecções aos locais de desenvolvi-
mento do programa nuclear irania-
no. Israel aumenta a pressão para
que a comunidade internacional
impeça o regime de Teerão de adqui-
rir armas nucleares.
No domingo, os inspectores da
AIEA disseram ter sido impedidos de
visitar as instalações de fabrico de
centrifugadoras em Karaj, perto de
Teerão. O incidente contraria os ter-
mos do acordo alcançado este mês
entre a agência das Nações Unidas e
as autoridades iranianas que haviam
voltado a autorizar as visitas aos locais
que integram o programa nuclear.
Esse entendimento previa que os
inspectores da ONU instalassem
novos cartões de memória em câma-
ras de vigilância nos seus locais ató-
micos sensíveis. A AIEA disse ser
“indispensável” repor os sistemas de
supervisão em todas as instalações
iranianas previamente acordadas.
Os dirigentes iranianos contestam
a posição da AIEA e lançaram críticas
à agência. O enviado às negociações,
Kazem Gharibabadi, lembrou que as
Primeiro-ministro da Austrália está a pensar
faltar à decisiva cimeira do clima em Glasgow
Alexandre Martins
O primeiro-ministro da Austrália,
Scott Morrison, não dá como certa a
sua participação na cimeira da
COP26, uma das mais importantes
reuniões dos últimos anos sobre o
combate às alterações climáticas.
O encontro, que vai decorrer entre
31 de Outubro e 12 de Novembro em
Glasgow, na Escócia, é visto como a
última esperança para que a inevitá-
vel subida da temperatura global
Æque abaixo de 1,5 graus — o limite a
partir do qual, segundo o consenso
da comunidade cientíÆca, as conse-
quências para as populações serão
dramáticas.
A ministra dos Negócios Estrangei-
instalações de Karaj foram alvo de
uma série de ataques de sabotagem,
o último dos quais em Junho, que
Teerão acredita terem sido levados
a cabo por Israel.
Gharibabadi criticou a AIEA por
nada ter dito sobre os ataques “terro-
ristas” e esclareceu que o acordo
alcançado há algumas semanas
incluía apenas “equipamento identi-
Æcado”, deixando de fora as instala-
ções de Karaj por se encontrarem sob
investigação judicial. “Qualquer deci-
são tomada pelo Irão sobre a vigilân-
cia dos seus equipamentos é apenas
baseada em considerações políticas,
e não legais, e a agência não pode,
nem deve, considerá-la uma prerro-
gativa sua”, disse Gharibabadi.
Presidente Ebrahim Raisi é crítico do acordo nuclear de 2015
ros da Austrália, Marise Payne, disse
ao jornal West Australian que o país
estará representado na cimeira “com
uma comitiva forte, seja quem for o
representante máximo”. E reaÆrmou
que o compromisso do Governo aus-
traliano com o combate às alterações
climáticas “é muito claro”.
Mas, a conÆrmar-se, a ausência do
primeiro-ministro da Austrália na
COP26 será vista como uma desva-
lorização da cimeira, à luz das críti-
cas de que o país tem sido alvo por
não se comprometer com as metas
mais ambiciosas do Acordo de Paris
de 2015.
“É mais uma viagem ao estrangeiro
e eu estive em quarentena durante
muito tempo”, disse Scott Morrison
O mais recente desentendimento
entre a AIEA e o Irão pode tornar
mais difícil o caminho para a revita-
lização do acordo nuclear assinado
em 2015 e que pretendia pôr Æm às
ambições nucleares do regime a tro-
co da remoção de sanções e da nor-
malização diplomática entre Teerão
e vários países ocidentais.
Desentendimento
entre a AIEA
e o Irão prejudica
a revitalização do
acordo nuclear
assinado em 2015
MAJID ASGARIPOUR/REUTERS
ao jornal West Australian. “Tenho de
me concentrar nas questões nacio-
nais e na pandemia. A Austrália vai
reabrir por volta dessa altura e vamos
ter muitos assuntos para gerir.”
Nos últimos meses, o primeiro-mi-
nistro australiano esteve na Cornua-
lha, no Reino Unido, para a cimeira
do G7; e em Washington, nos Estados
Unidos da América, para a primeira
reunião dos países do Quad (EUA,
A confirmar-se,
a ausência de
Scott Morrison
na COP26 será
vista como uma
desvalorização
da cimeira
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 27
Muitas das sanções voltaram a ser
impostas, estrangulando a economia
iraniana, enquanto o regime respon-
deu com a retoma do desenvolvi-
mento de tecnologia nuclear.
Apesar de Teerão insistir que o
programa nuclear tem unicamente
Æns civis, os seus adversários regio-
nais, com destaque para Israel,
temem que o desenvolvimento de
armamento nuclear pelo Irão possa
levar a um novo conÇito no Médio
Oriente.
O perÆl do novo Presidente irania-
no, Ebrahim Raisi, menos moderado
que o seu antecessor, Hassan Rohani,
que negociou o acordo, também traz
uma nova camada de incerteza ao
futuro do tratado.
O primeiro-ministro israelita, Naf-
tali Bennett, acusou o Irão de ter
violado “todas as linhas vermelhas”
no que respeita ao desenvolvimento
nuclear e garantiu que nunca irá per-
mitir que o seu adversário obtenha
armas nucleares. “O programa
nuclear iraniano atingiu um limiar
crucial, assim como a nossa tolerân-
cia”, aÆrmou Bennett durante o seu
discurso ontem na Assembleia Geral
da ONU.
O recém-eleito chefe de Governo
israelita fez apelos aos seus aliados,
nomeadamente ao Presidente dos
EUA, Joe Biden, que defende a retoma
do acordo nuclear, para que tomem
providências. No entanto, prometeu,
igualmente, agir sozinho. “Israel não
irá permitir que o Irão adquira armas
nucleares”, declarou Bennett.
Austrália, Japão e Índia) desde a reac-
tivação do diálogo estratégico entre
os quatro países durante a Adminis-
tração Trump, em 2017.
O pouco entusiasmo de Morrison
com a cimeira de Glasgow está rela-
cionado com o facto de a Austrália ser
um dos maiores poluidores do mun-
do em valores per capita. Segundo
um estudo de 2019 da organização
Climate Analytics, se os projectos do
Governo australiano para a expansão
dos combustíveis fósseis se concreti-
zarem — e se o resto do mundo adop-
tar, entretanto, medidas de combate
às alterações climáticas consistentes
com o Acordo de Paris —, a Austrália
poderá ser responsável por 17% das
emissões globais em 2030.
Mundo
Erdogan
admite voltar
a comprar
S-400 russo
“Ninguém pode interferir”
no processo de aquisição
do sistema de defesa
antimísseis da Rússia, diz
Presidente da Turquia
Recep Tayyip Erdogan, Presidente da
Turquia, admitiu que o país está a
ponderar comprar mais um sistema
antimísseis à Rússia apesar da oposi-
ção da NATO — aliança da qual faz
parte — e dos Estados Unidos.
Numa entrevista à televisão norte-
americana CBS News, o chefe de Esta-
do turco disse que “ninguém pode
interferir” no processo de escolha e
de aquisição de armamento por par-
te de Ancara. “No futuro, ninguém
será capaz de interferir em relação a
que tipo de sistema de defesa adqui-
rimos, de que país e em que nível.
Ninguém pode interferir nisso. Somos
os únicos a poder tomar essas deci-
sões”, aÆrmou.
Em 2019, a Turquia deixou os alia-
dos da NATO em alvoroço ao anunciar
a compra do sistema de defesa anti-
míssil S-400 à Federação Russa. Para
além de incompatível com o equipa-
mento militar utilizado pelos mem-
bros da aliança atlântica, o S-400 põe
em risco a utilização dos caças norte-
americanos F-35.
Por isso mesmo, Washington sus-
pendeu a participação de Ancara do
programa dos F-35 e, ao abrigo do
Countering America’s Adversaries
Through Sanctions Act (CAATSA),
impôs sanções à Presidência das
Indústrias de Defesa — uma institui-
ção civil criada por Ancara para for-
talecer a indústria de segurança
nacional e gerir o fornecimento de
tecnologia militar —, ao seu director
e a outros três funcionários.
Em resposta às declarações de
Erdogan, os EUA voltaram a acenar
com a possibilidade de sanções caso
a Turquia avance para a compra de
armamento russo. “Continuamos a
deixar claro à Turquia que qualquer
nova e signiÆcativa compra de armas
russas arrisca accionar as sanções,
separadas ou em acréscimo àquelas
impostas em Dezembro de 2020, pre-
vistas pelo CAATSA”, declarou um
porta-voz do Departamento de Esta-
do, citado pela Al-Jazira.
Ainda assim, Erdogan está disposto
a avançar para a compra de um
segundo sistema S-400. A divulgação
destas declarações em vésperas de se
reunir com Vladimir Putin, Presiden-
te russo, fazem antever que o tema da
reunião em Sochi (Rússia) — agendada
para amanhã — não seja apenas a vio-
lência no Noroeste da Síria.
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28 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Economia Faltam 14 dias para o Orçamento do Estado para 2022
Entrevista
Sérgio Aníbal Texto
Daniel Rocha Fotografia
Numa altura em que se entra na
fase decisiva da construção do
Orçamento do Estado (OE) para o
próximo ano, a presidente do
Conselho das Finanças Públicas
assinala que a política orçamental
em Portugal nos próximos anos vai
ter no Plano de Recuperação e
Resiliência um “almoço grátis”
que permite aumentar a despesa,
sem uma imediata expressão
orçamental. E, por isso, defende
que esta pode ser a altura para
discutir estratégias de
consolidação.
Estamos em vésperas de
apresentação de um orçamento
que surge já numa fase de
recuperação. Como é que se
pode garantir um equilíbrio
entre a necessidade de ainda
apoiar empresas e famílias e
necessidade de reduzir a dívida
pública?
O que é importante agora é que a
economia recupere bem, que as
pessoas e as empresas que Æcaram
numa situação de inactividade
temporária possam retomar as
suas actividades e os trabalhadores
possam voltar a receber os seus
salários. Uma questão que nos
deve preocupar nos próximos
anos é a da solidez e estabilidade
salarial, a de garantir que os
trabalhadores podem contar com
um salário, porque isso é
importante para as suas vidas e é
importante para o sistema de
pensões. O que não nos parece
desejável é a multiplicação de
apoios sociais com carácter não-
-contributivo, que, na verdade,
conÆguram prestações
assistencialistas, que criam
problemas nas contas públicas,
mas que depois também não
resolvem o problema e apenas
funcionam como um paliativo
para a ausência de crescimento
económico. Neste momento,
temos ainda em vigor algumas
medidas de apoio que foram
“Um déƊce orçamental
criadas durante a pandemia que é
natural que ainda se mantenham,
mas aquilo que esperamos é que
essas medidas, de facto, se
nunca é uma folga” assumam como medidas
temporárias, que possam vir a ser
descontinuadas ao longo do tempo
e que não se transformem em
medidas permanentes. Até porque
muitas destas medidas,
determinadas prestações sociais e
contratação de pessoal, podem
conÆgurar despesa rígida que
depois funciona como uma forma
Nazaré da Costa Cabral Presidente do Conselho das Finanças de pressão sobre o Orçamento do
Estado.
Públicas alerta para situação Änanceira “não-confortável” do O Governo apresentou essas
medidas como temporárias. Vê
país e apela a um debate sobre estratégia de consolidação algumas que corram o risco de
se tornar permanentes?
Há sempre esse risco. O mais
importante é que a economia seja
capaz de voltar a crescer e de criar
rendimento e riqueza para que as
pessoas possam, a partir dos seus
rendimentos, Ænanciar o Estado e
o sistema de Segurança Social.
Com a retoma da economia, o
Governo Æcou com uma folga
para tomar algumas medidas e
mesmo assim cumprir a meta do
déÆce que deÆniu no Programa
de Estabilidade?
Esta ideia de que há uma folga é
uma ideia para a qual temos de
olhar com cuidado. Um déÆce
orçamental nunca é uma folga.
Um déÆce signiÆca que as receitas
efectivas são menores do que as
despesas efectivas, o que obriga o
Estado a ter de se Ænanciar. Nas
situações de excedente, podemos
ter uma situação de folga
orçamental, mas nem sempre,
porque se um país tem uma dívida
pública que é considerada
excessiva, esse excedente tem de
ser alocado à redução da própria
dívida. Portanto, também não há
assim grande folga nessas
circunstâncias. Tivemos um
excedente orçamental de 177
milhões de euros em 2019 e não
havia ali propriamente uma folga
porque tínhamos uma dívida
muito signiÆcativa. Depois, com a
pandemia, regressámos aos
déÆces e muito expressivos. Em
2020, de 11.500 milhões de euros,
o equivalente a 5,7% do PIB. Para
2021, a nossa estimativa é de um
déÆce em torno de 9000 milhões
de euros. E para o próximo ano,
vamos ter ainda um déÆce da
ordem dos 5600 milhões de euros,
os tais 2,4% do PIB. Portanto, não
se pode dizer, com isto, que existe
uma folga orçamental.
Considera, portanto, que,
quando o Governo aponta, no
Programa de Estabilidade, para
um déÆce de 3,2%, não está a ser
suÆcientemente prudente, é
isso?
Tudo é relativo. Quando faço este
apanhado de indicadores, não
quero parecer demasiadamente
draconiana, nem severa. O
comportamento das Ænanças
públicas depende das
circunstâncias do momento, da
vida económica do país e das
necessidades económicas e sociais
do país. Agora há aqui um ponto
que não podemos esquecer, que é
o de que a nossa situação
Ænanceira não é uma situação
confortável. Aqui, falo da situação
da dívida pública. Embora as
regras orçamentais estejam
suspensas, há sempre mecanismos
de escrutínio daquilo que é a
imagem externa do país. Isso não
desaparece. Estamos sempre,
sempre a ser avaliados. Devo dizer
que esta questão foi gerida nos
últimos anos com cuidado pelo
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Governo. E, aliás, acabámos por
ter um prémio, porque temos tido
condições de Ænanciamento
consistentemente mais favoráveis
e isso deve-se, em boa medida, à
percepção, que eu acho que
houve, de que era preciso gerir
este tema com pinças, com
eÆcácia, para que Portugal, de
facto, fosse retirado dos radares
dos mercados Ænanceiros.
E agora, neste OE, até onde é
que o Governo tem de ir para
manter Portugal fora desses
“radares”?
A mensagem que tem de se
transmitir é de prudência
orçamental, uma mensagem de
que estamos apostados em manter
o controlo das Ænanças públicas,
para que logo que possível a
estratégia de descida da dívida
pública possa ser seguida.
Seria útil Portugal cumprir já a
regra dos 3% no déÆce no
próximo ano?
Desse ponto de vista estrito,
poderia ser útil. Claro que teremos
de ver se as circunstâncias
económicas e sociais também o
permitem. Mas é preciso ter isto
em conta: neste momento,
estamos muito longe dos tempos
de austeridade. O que temos é
uma política orçamental
expansionista, induzida por um
Plano de Recuperação e
Resiliência que acaba por
funcionar como o tal almoço grátis
porque não tem uma imediata
expressão orçamental. Nós
beneÆciamos de um extra, que nos
permite induzir um estímulo forte
do ponto de vista orçamental, sem
que isso tenha um reÇexo imediato
no déÆce orçamental. Portanto,
põe-se a questão agora de saber se
do lado interno é necessário
sobreaquecermos mais a
economia. Não tenho uma
resposta deÆnitiva em relação a
esta questão. Parece-me que não
devemos arrefecê-la, mas também
me questiono se vale a pena
sobreaquecer a economia para
além daquilo que fazem o próprio
PRR e todos os apoios que têm
vindo a ser dados. A austeridade é
um esforço de consolidação num
contexto de retracção económica,
é uma política restritiva
pró-cíclica. Agora, quando
entramos numa fase de expansão
e essa expansão for Ærme, se não
houver o risco de termos um
retrocesso, pergunto-me se não
devemos aproveitar este momento
para fazer uma consolidação. Não
é uma consolidação cega, é, com
calma, aproveitando este período
de uma certa distensão da política
orçamental, repensar os factores
estruturais de despesa, repensar
as políticas públicas. Não custa
nada debater as coisas, vale a pena
aproveitar este momento para
suscitar algumas questões mais
estruturantes relativamente ao
que vai ser a despesa pública.
Por exemplo, a Segurança
Social?
Deve ser discutida. Há um
esvaziamento daquilo que é a
Embora as regras dimensão seguradora do sistema
de Segurança Social. Se tivermos
orçamentais situações de erosão no mercado
estejam suspensas, de trabalho, isso de facto vai levar
a mudanças no Ænanciamento da
há sempre Segurança Social e, portanto, é
mecanismos de preciso saber como é que vamos
Ænanciar pensões que sejam
escrutínio daquilo adequadas e que garantam
que é a imagem rendimentos suÆcientes às
pessoas. É uma questão que tem
externa do país. de ser estuda.
Isso não Tem sido muito difícil chegar a
entendimentos sobre este tema
desaparece. em Portugal...
Estamos sempre, Sim. Sei que há aqui uma grande
dimensão ideológica. Mas acho
sempre a ser que, se calhar, este seria o
avaliados momento, de uma forma mais
ideologicamente neutra, se é que
isto é possível, para tentar discutir
A gestão da as coisas. E quem diz na
Segurança Social, diz também no
pandemia em sistema de saúde. Agora estamos a
Portugal Äcou contratar mais pessoal e, de facto,
havia essa necessidade. Mas, para
marcada por uma futuro, em que áreas é que vão ser
preferência maior necessários mais proÆssionais de
saúde? Não será em todas as
por medidas com áreas, não serão em todos os
impacto mediato, locais do país. Nunca vi esta
discussão — em relação àquilo que
indirecto se perspectiva quanto ao futuro
do Serviço Nacional de Saúde — a
ser feita.
As regras em 2023 As garantias que foram
vão regressar, assumidas pelo Estado podem
vir-nos a pesar dentro de alguns
admito que possa anos?
haver o período de É uma marca da gestão da
pandemia em Portugal. Se
transição para os compararmos com outros países,
países com dívida que optaram de uma forma muito
mais evidente por medidas com
mais elevada impacto orçamental imediato, a
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 29
gestão da pandemia em Portugal
Æcou marcada por uma
preferência maior por medidas
com impacto mediato, indirecto e
tentando conter um efeito mais
imediato no saldo orçamental.
É uma boa estratégia?
Saber se foi boa ou não, é algo que
os próximos anos nos vão dizer e
vai depender da forma como
vierem a decorrer as execuções
das garantias.
O Æm das moratórias é um
momento importante para
perceber isso...
Sim, porque é um momento para
determinar a capacidade de as
empresas regressarem à actividade
sem ajudas públicas e é um
momento em que o mercado vai
determinar quais as empresas que
não têm condições de
sobrevivência.
O que espera que aconteça na
reforma das regras orçamentais
europeias?
Com a pandemia, houve a
suspensão das regras e a questão
que se coloca, no fundo, é o que
vamos ter em 2023, quando as
regras voltarem a ser aplicadas.
Nada de muito substantivo foi
feito durante as presidências
alemã e portuguesa e agora o que
acontece é que há um impasse
político, porque os dois grandes
países da zona euro, a França e a
Alemanha, estão com processos
eleitorais a decorrer, com tudo o
que isto envolve nestas matérias.
No caso francês, o grande
impulsionador dessa reforma, o
Presidente Macron, vai ter
eleições presidenciais
exactamente no momento em que
se realiza a presidência francesa
da UE no primeiro semestre de
2022. Não sei se haverá condições
políticas para fazer aquilo que o
Presidente Macron tem dito que
faria. E, por outro lado, com a
recuperação que parece robusta
na zona euro, com as tensões
inÇacionistas que se antevêem, já
temos alguns países a defenderem
que as regras voltem tal como
estão. Sinceramente, creio que é
isso que vai acabar por acontecer.
As regras em 2023 vão regressar,
admito que possa haver o período
de transição para os países que
têm uma dívida mais elevada
poderem ter uma trajectória de
redução a uma velocidade mais
baixa. Mas também admito que as
regras voltem pura e
simplesmente como estavam.
Ainda assim, numa eventual
reforma futura das regras, o que
acha que seria essencial fazer,
nomeadamente para Portugal?
Também considero, tal como foi
proposto pelo Conselho
Orçamental Europeu, que é
desejável uma simpliÆcação e que
se passe a ter uma regra pensada
em torno da dívida pública. Essa é
que deve ser a grande
preocupação, nomeadamente
para os países que têm a dívida
pública elevada. Controlar a dívida
pública e trazê-la para níveis mais
moderados.
Em Portugal, precisamos das
regras europeias?
Acabaram por surgir como uma
necessidade. Mas, de todo o
modo, a avaliação que se faz da
realidade de cada país, com regras
ou sem elas, está sempre presente.
Porque, em última análise, os
chamados mecanismos de
mercado acabam por fazer esse
trabalho de distinguir o que é um
bom devedor e um mau devedor,
do tal perÆl de risco, em função
daquilo que é o historial
reputacional que esse mesmo país
apresenta.
Em Portugal, nos últimos anos,
essa pressão parece mais intensa
do que as próprias regras...
Exacto, acabámos por interiorizar
isso porque houve um momento
em que deixámos de ter acesso ao
Ænanciamento no mercado de
dívida. A força dessa pressão
existe e acabamos sempre por ser
confrontados com ela. De certa
forma, a regra orçamental é
essencialmente um mecanismo de
prudência.
A regra do déÆce de 3% e a regra
do saldo estrutural poderiam
ser abandonadas?
Essas regras estão um pouco
desajustadas face à realidade,
nomeadamente aquilo que são as
taxas de crescimento nominais da
economia, e podem ser
repensadas. Mas também sei que
estão num protocolo anexo aos
tratados da União Europeia, e
precisam de ser alteradas nos
mesmos termos, portanto é difícil
do ponto de vista político, não
vejo que possa acontecer nos
próximos tempos.
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30 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Economia
Turismo terá
“cheque” de
15 mil euros
para investir
Luís Villalobos
Ministro da Economia,
Pedro Siza Vieira, afirmou
que apoio a fundo perdido
vai chegar ao terreno
“nos próximos dias”
As empresas ligadas ao turismo e que
queiram adequar a sua oferta vão
poder contar com um “incentivo
Ænanceiro a fundo perdido aos inves-
timentos a realizar”, que pode ir “até
aos 15 mil euros”, segundo aÆrmou
ontem o ministro da Economia, Pedro
Siza Vieira.
Este apoio, intitulado de “Adaptar
Turismo”, vai ser lançado “nos pró-
ximos dias”, segundo adiantou o
ministro no discurso de sessão de
abertura da conferência do dia mun-
dial do turismo organizada pela Con-
federação do Turismo de Portugal
(CTP). “A retoma ainda é escassa,
mas é certa”, destacou, sublinhando
a importância do sector para o país
e o facto de a melhoria da actividade
surgir quando se está a entrar na épo-
ca baixa, o que faz com que seja
necessário manter os apoios ao sec-
tor. Ao todo, aÆrmou Siza Vieira, as
ajudas ao sector já somam 3300
milhões de euros.
Em breve, disse, haverá também
uma nova linha de crédito de apoio à
tesouraria, e nas próximas semanas
“os bancos e empresas dos sectores
mais afectados”, onde se destaca o
turismo, “terão de acordar as novas
condições dos Ænanciamentos” liga-
dos a moratórias, com o apoio do
Estado. Neste caso, trata-se do Reto-
mar, cujas regras foram publicadas na
passada sexta-feira. De acordo com o
Banco de Portugal, o alojamento e
restauração tinham 4137 milhões de
euros em moratórias no Ænal de Agos-
to, destacando-se como o segundo
maior após a construção. Beatriz Frei-
tas, presidente do Banco Português
de Fomento, recordou que o valor do
apoio do Estado ligado às moratórias
e aos sectores mais afectados pela
pandemia é de mil milhões de euros
em garantias.
O ministro adiantou também que
no início do próximo ano vai ser asse-
gurado apoio às empresas dos secto-
res mais afectados pela pandemia
“que pretendam assegurar uma redu-
ção do seu endividamento ao abrigo
das linhas covid”. “O programa Refor-
çar estará em funcionamento no iní-
cio do próximo ano, imediatamente
antes de terminar períodos de carên-
cia de capital das linhas covid destes
sectores”, explicou.
Ministério das Finanças já esclareceu as dúvidas levantadas pela Ordem dos Contabilistas
Fisco perdoa coima a quem
entregou IRS com semanas de atraso
Pedro Crisóstomo
Contribuintes que
apresentaram a declaração
de IRS entre 1 e 26 de Julho
podem solicitar
a dispensa da coima
A Autoridade Tributária e Aduaneira
(AT) não vai aplicar coima aos con-
tribuintes que, este ano, entregaram
o IRS com atraso nas semanas ime-
diatamente a seguir ao Æm do prazo
legal para a apresentação das decla-
rações de rendimento de 2020.
O período da entrega decorreu
durante três meses, de 1 de Abril a
30 de Junho deste ano, e quem cum-
priu esta obrigação Æscal fora de
prazo Æca sujeito a uma coima por-
que se considera que cometeu uma
infracção à luz das regras do Regime
Geral das Infracções Tributárias
(RGIT).
No entanto, o Governo decidiu
que os contribuintes que procede-
ram à regularização desta infracção
entre os dias 1 e 26 de Julho Æcarão a
salvo da coima e deu instruções ao
Æsco para não aplicar estas multas,
baseando-se numa regra do mesmo
diploma (o artigo 32.º do RGIT)
segundo a qual a administração tri-
butária pode perdoar uma coima se
se veriÆcarem três circunstâncias
cumulativamente: se a prática da
infracção não ocasionar um prejuízo
efectivo à receita tributária; se a fal-
ta cometida estiver “regularizada”;
e se essa falha “revelar um diminuto
grau de culpa”. Essa decisão emana
de um despacho assinado na quinta-
feira passada pelo secretário de Esta-
do adjunto dos Assuntos Fiscais,
António Mendonça Mendes, e é refe-
rida num ofício assinado no mesmo
dia pela subdirectora-geral da AT
Ana Cristina Bicho e tornado público
no Portal das Finanças na última
sexta-feira.
A subdirectora-geral responsável
pela área da justiça tributária explica
que o Æsco foi confrontado com
“dúvidas relativamente às notiÆca-
ções recebidas no âmbito do proce-
dimento de redução de coima e de
processos de contra-ordenação”
referentes à entrega das declarações
de IRS de 2020 fora do prazo.
Na origem dessas dúvidas está a
forma como se conta um prazo-limi-
te, não o próprio prazo da entrega
previsto no Código de IRS (de 1 de
Abril a 30 de Junho), mas outro, pre-
visto na Lei Geral Tributária (LGT),
onde se prevê que o Æsco tem de dis-
ponibilizar no Portal das Finanças,
“com uma antecedência mínima de
120 dias em relação à data-limite do
cumprimento da obrigação declara-
tiva”, os formulários digitais para a
entrega das obrigações declarativas
de IRS e IRC.
E foi o cumprimento deste prazo
que suscitou dúvidas sobre o que se
passaria em relação aos contribuin-
tes que entregaram o IRS alguns dias
depois da data-limite do cumpri-
mento desta obrigação perante a
AT.
A Ordem dos Contabilistas Certi-
NUNO FERREIRA SANTOS
Æcados (OCC), escreveu o Jornal de
Negócios, alega que os formulários
só foram disponibilizados nas con-
dições estabelecidas na lei no dia 29
de Março e que, por isso, os contri-
buintes têm o mesmo número de
dias para cumprir a obrigação decla-
rativa após o prazo legal sem que
Æquem sujeitos a uma coima.
Só que, por seu lado, o Æsco garan-
te que disponibilizou os formulários
digitais logo no dia 1 de Março deste
ano (os formulários digitais da Mode-
lo 3 e o Æcheiro em formato XML) e,
por essa razão, entende que os con-
tribuintes que submeteram as decla-
rações depois de 30 de Junho estarão
sujeitos a coima, mesmo quem o fez
entre os dias 1 e 26 de Junho.
Apesar de o atraso estar sujeito a
coima, o Æsco e o Governo conside-
ram que a nova regra — ao passar a
incluir a tal parte em que se diz que
os formulários têm de ser disponibi-
lizados nos 120 dias anteriores à
data-limite num “formato que pos-
sibilite o seu preenchimento e sub-
missão” — “não é de leitura imedia-
ta” e que exige um “conhecimento
do sistema tributário em vigor” e um
“domínio do conhecimento jurídi-
co” que “não é acessível/exigível ao
cidadão comum”.
Por isso, como o Ministério das
Finanças reconhece que a alteração
“pode ter criado a expectativa de
que teria havido, relativamente ao
prazo de entrega da Modelo 3, do
ano de 2020, uma prorrogação nos
termos daquela norma”, decidiu que
haverá uma dispensa das coimas.
Défice
agrava-se em
550 milhões
até Agosto
Pedro Crisóstomo
Aumento da despesa é
superior ao crescimento da
receita. Planos a prestações
para pagar IVA influenciam
resultado, diz o Governo
Portugal registou até Agosto um déÆ#
ce público de 6878 milhões de euros,
superior em 550 milhões ao valor
atingido até ao mesmo período do
ano passado. O agravamento, diz o
Ministério das Finanças, deve-se ao
facto de a despesa estar a crescer
mais do que a receita, sendo que,
deste lado da balança, há um efeito
a ter em conta: o prolongamento do
prazo de entrega do IVA de Agosto.
A despesa cresceu 5,1% e a receita
subiu 4,7%.
Num comunicado emitido ontem
com um resumo da execução orça-
mental dos nove primeiros meses do
ano, o gabinete do ministro das Finan-
ças, João Leão, refere que a despesa
com os apoios às empresas e às famí-
lias relacionados com a resposta à
pandemia ultrapassa os 4600 milhões
de euros, um montante que é já supe-
rior ao que foi “executado em todo o
ano 2020” (mais de 3500 milhões).
Neste pacote, cerca de 2170 milhões
referem-se a “apoios às empresas a
fundo perdido para suportar custos
com trabalhadores e custos Æxos”.
“Nos apoios às empresas destaca-
se o apoio extraordinário à retoma
progressiva de actividade (490
milhões de euros) e o layoff simpliÆ#
cado (366 milhões de euros). Ainda
no âmbito das medidas de apoio aos
custos com trabalhadores, o incentivo
extraordinário à normalização da
actividade empresarial atingiu os 305
milhões de euros”, diz o Governo.
A partir dos dados da Direcção-Ge-
ral do Orçamento, o Governo refere
que a despesa primária cresceu 6,5%,
sobretudo por causa dos encargos
que a Segurança Social teve de assu-
mir. Mesmo se forem excluídas as
medidas tomadas por causa da pan-
demia, regista-se um aumento das
despesas “com prestações sociais
excluindo pensões (+12,9%), em par-
ticular com as prestações de desem-
prego (+17,6%) e a Prestação Social
para a Inclusão (+37,7%)”, diz o Minis-
tério das Finanças.
Quanto à receita Æscal, há um cres-
cimento de 1% quando se olha para o
encaixe ajustado “de efeitos extraor-
dinários, tais como os diferimentos
originados pelos planos prestacio-
nais” de pagamento de impostos
(entrega do IVA de Agosto).
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CO
CONSELHO INTERMUNICIPAL
EDITAL
(cfr. art.º 56.º do anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12/9)
Gonçalo Rocha, Presidente do Conselho Intermunicipal da CIM do Tâmega e Sousa, faz sa-
ber que na 43.ª reunião ordinária do Conselho Intermunicipal, realizada em 2 de setembro de 2021,
na Sala de Exposições do Museu Municipal de Penafiel, foram tomadas as seguintes deliberações:
Período da Ordem do Dia
1. a) Ata da 42.ª reunião - Aprovada por unanimidade.
2. Departamento de Administração Geral
a) Informação n.º 895/2021 - Regime Jurídico da Segurança do Ciberespaço - Aprovada por una-
nimidade.
b) Informação n.º 910/2021 - Delegação de competências - Trabalhos de preparação do próximo
quadro comunitário - Aprovada por unanimidade.
3. Equipa Multidisciplinar de Apoio Geral e Finanças
a) Informação n.º 871/2021 - 7.ª Modificação Orçamental - 5.ª Alteração ao Plano, Alteração da
Receita e Alteração da Despesa - Aprovada por unanimidade.
4. Equipa Multidisciplinar de Gestão de Fundos de Coesão Territorial
b) Informação n.º 896/2021 - Alteração TIC P.I.02.03 - Aprovada por unanimidade.
c) Informação n.º 901/2021 - Alteração Quadro Investimento P.I. 10.1 - Aprovada por unanimi-
dade.
d) Informação n.º 908/2021 - Exercício de soma nula| Quadro Investimentos| Indicadores - Apro-
vada por unanimidade.
5. Equipa Multidisciplinar de Transportes e Mobilidade Sustentável
a) Informação n.º 877/2021 - “Estudo de Procura de uma solução ferroviária para o eixo Valongo -
Felgueiras” - Adjudicação - Ratificada por unanimidade.
b) Informação n.º 893/2021 - URBMARCO - Emissão de parecer prévio vinculativo pela AMT -
Aprovada por unanimidade.
c) Informação n.º 898/2021 - Relatório de Avaliação Preliminar 2021 - PART, PROTransP e Despa-
cho n.º 3515-A/2021, de 1 de abril - Aprovada por unanimidade.
d) Informação n.º 902/2021 - “Estudo de Procura de uma solução ferroviária para o eixo Valongo -
Felgueiras” - Comparticipação dos Municípios - Aprovada por unanimidade.
6. Equipa Multidisciplinar de Central de Compras
a) Informação n.º 851/2021 - Acordo-Quadro para prestação de serviços para lavagem e desin-
feção de contentores de resíduos sólidos urbanos - Adjudicação - Ratificada por unanimidade.
b) Informação n.º 873/2021 - Acordo-Quadro para o Fornecimento de Seguros 2 - Proposta de
Seleção - Ratificada por unanimidade.
c) Informação n.º 875/2021 - Acordo-Quadro para o Fornecimento de Refeições Escolares 2 - Pro-
posta de Seleção - Ratificada por unanimidade.
d) Informação n.º 883/2021 - Acordo-Quadro para Fornecimento de Leite Escolar - Abertura - Apro-
vada por unanimidade.
e) Informação n.º 884/2021 - Acordo-Quadro para Fornecimento de Fruta Escolar - Abertura -
Aprovada por unanimidade.
7. Equipa Multidisciplinar de Educação, Qualificação, Inovação Social, Cidadania e Saúde
a) Informação n.º 899/2021 - Ratificação de despachos do Secretariado Executivo. Pedido de dele-
gação de competências no Secretariado Executivo PIICIE - Aprovada por unanimidade.
8. Equipa Multidisciplinar de Gestão Ambiental e Transição Climática
c) Informação n.º 909/2021 - Cadastro de Infraestruturas de AA e SAR nos municípios de Castelo
de Paiva, Felgueiras, Lousada e Resende | Adenda ao contrato - Aprovada por unanimidade.
9. Aprovação da Ata n.º 43/2021 (cfr. artigo 34.º / 2 do CPA) - Aprovada por unanimidade.
10. Outros assuntos
a) Deliberações em minuta - Aprovado por unanimidade.
Penafiel, 23 de setembro de 2021
O Presidente do Conselho Intermunicipal, Gonçalo Rocha
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor
Carlos Garcia, a Associação Portuguesa
de Familiares e Amigos de Doentes de
Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma
Instituição Particular de Solidariedade
Social. É a única organização em Portugal,
de âmbito nacional, especificamente
constituída para promover a qualidade de
vida das pessoas com demência e dos seus
familiares e cuidadores. Tem cerca de dez
mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença,
Formação para cuidadores formais e
informais, Apoio domiciliário, Apoio
Social e Psicológico e Consultas Médicas
da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a
Alzheimer Portugal participa ativamente
no movimento mundial e europeu sobre as
demências, procurando reunir e divulgar
os conhecimentos mais recentes sobre a
Doença de Alzheimer, promovendo o seu
estudo, a investigação das suas causas,
efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa
- Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2
- Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura,
n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril
Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente
n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra
Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17,
3100-523 Pombal Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da
Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim
Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da
Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro
Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
EDITAL N.º 244/2021
CONCURSO PÚBLICO PARA A ADJUDICAÇÃO DA
CONCESSÃO DE EXPLORAÇÃO DO QUIOSQUE, SITO
EM SANTO AMARO, RUA DR. ANTÓNiO GUERREIRO
TELLO EM LAGOS
Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira, Presidente da
Câmara Municipal de Lagos:
Faz público que, em conformidade com o seu despacho, datado de
7 de setembro de 2021, exarado no uso da competência prevista
na alínea g) do n.º 1 do art.º 33.º do anexo l, da Lei n.º 75/2013, de
12 de setembro, na sua redação atual, delegada por deliberação
tomada na reunião extraordinária da Câmara realizada em
30/10/2019, se encontra aberto o procedimento de CONCURSO
PÚBLICO PARA A CONCESSÃO DE EXPLORAÇÃO DO
QUIOSQUE SITO EM SANTO AMARO, RUA DR. ANTÓNIO
GUERREIRO TELLO, EM LAGOS.
- Destino: Comércio - (Venda de jornais e revistas, artesanato,
gelados, águas, sumos e tabaco);
- Preço-Base Mensal: 40,00€ + IVA;
- Esclarecimentos e obtenção do programa do procedimento e
condições de ocupação:
Para obtenção do programa do procedimento e condições de
ocupação, deverão os interessados dirigir-se ao Gabinete do
Munícipe, Edifício Paços do Concelho Séc. XXI, todos os dias úteis
das 9h às 17h. - telef. 282 771700.
- Data-limite para apresentação de propostas: até às 17h00 do
dia 22 de Outubro de 2021
- Local, data e hora do ato público de abertura das propostas:
Auditório do Edifício Paços do Concelho Séc. XXI, Praça do Município,
em Lagos, no dia 25 de Outubro de 2021, pelas 15 horas.
E, para geral conhecimento se publica este e outros de igual teor
que vão ser afixados nos lugares públicos do costume.
Lagos, 21 de setembro de 2021
O Presidente da Câmara
Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira
Universidade do Minho
Unidade de Serviços de Recursos Humanos
ANÚNCIO M/F
EDIFÍCIO Torna-se público que se encontra aberto processo de recrutamento para a contratação
de um Técnico Superior, na modalidade de Contrato de Trabalho a Termo Resolutivo
DIOGO CÃO Incerto, ao abrigo do Código do Trabalho, na Universidade do Minho, sob Ref.ª
DOCA DE ALCÂNTARA CTTI- 23/21-CMEMS(1).
NORTE, LISBOA
(JUNTO AO REQUISITOS DE ADMISSÃO:
MUSEU DO ORIENTE) Possuir grau de Licenciatura em Engenharia dos Materiais, pelo menos 5 anos.
HORÁRIO:
O prazo para a apresentação das candidaturas decorre no período de 29/09/2021 a
2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H 06/10/2021.
SÁBADO: 11H – 17H O texto integral do processo de recrutamento e seleção encontra-se disponível em
https://intranet.uminho.pt/Pages/Documents.aspx?Area=Procedimentos%20Concursais
INFO: 210 111 010 A Diretora de Serviços, Sara Patrícia Costa Rodrigues
AVISO
PROCEDIMENTOS CONCURSAIS
Torna-se público que na sequência da deliberação do Conselho de Administração de três de
setembro de 2021, se encontra aberto até ao dia 18 de outubro, procedimento concursal para
preenchimento de 7 (sete) postos de trabalho, contrato de trabalho individual de trabalho por
tempo indeterminado nos termos do Código do Trabalho, para a empresa intermunicipal APdSE
– Águas Públicas da Serra da Estrela, EIM SA, nas seguintes categorias:
- Categoria de Técnico Superior
Ref. A) 1 Lugar – Engenharia, para o serviço de Eficiência, pertencente à Direção de Eficiência
e Clientes;
Ref. B) 1 Lugar – Administração, para o serviço de Contratação Pública, pertencente à Direção
de Administração e Finanças;
Ref. C) 1 Lugar – Engenharia, para o serviço de Qualidade da Água, pertencente à Direção de
Engenharia e Exploração;
Ref. D) 1 Lugar – Engenharia, para o serviço de Planeamento, pertencente à Direção de
Planeamento e Projetos;
- Categoria de Administrativo e Técnico Profissional
Ref. E) 2 Lugares - Administrativo, para o serviço de Atendimento, pertencente à Direção de
Eficiência e Clientes;
Ref. F) 1 Lugar - Administrativo, para a Direção de Engenharia e Exploração;
Os requisitos e o perfil de competências exigido, a composição do júri, os métodos e critérios
de seleção e outras informações de interesse para apresentação das candidaturas e para o
desenvolvimento do procedimento concursal em apreço, constam da publicação integral do aviso
de abertura que se encontra na página eletrónica da APdSE – Águas Públicas da Serra da Estrela
– área Recursos Humanos (https://apdse.pt/recursoshumanos/procedimentosconcursais).
O Presidente do Conselho de Administração, José Carlos Alexandrino Mendes
Público ClassiÄcados • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 31
Publicita-se a abertura de procedimentos de
recrutamento de Professores para a NOVA School of
Business and Economics, aos quais podem candidatar-
se indivíduos que reúnam as condições fixadas no aviso
disponível no seguinte endereço:
https://www2.novasbe.unl.pt/pt/sobre-nos/junte-se-a-nova-sbe
• Referência NOVASBE/PRD-003/2021 - 1 Lugar
na carreira/categoria de Professor Auxiliar em regime
de direito privado, na área disciplinar de Economia/
Microeconomia;
O prazo-limite para submissão das candidaturas é de 15
dias úteis a contar da data da publicação do presente
anúncio.
CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA
GERAL EXTRAORDINÁRIA
DA CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO
DE LOURES, SINTRA E LITORAL, C.R.L.
Nos termos do n.º 2 do artigo 26.º e dos artigos 27.º e 28.º dos Estatutos da Caixa de
Crédito Agrícola Mútuo de Loures, Sintra e Litoral, C.R.L., com sede em Rua Combatentes
da Grande Guerra, n.º 8 A, 2670-426 Loures, pessoa colectiva n.º 501 055 843, matriculada
na Conservatória do Registo Comercial de Loures sob o mesmo número, com o capital social
realizado de € 10.334.700 (variável), e na convicção de que, não obstante a actual situação de
pandemia, a sua realização venha a ser possível, convoco todos os Associados no pleno gozo
dos seus direitos a reunirem-se, em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 28 de Outubro de
2021, pelas 16 horas, na sede da Caixa Agrícola, para discutir e votar a seguinte
ORDEM DE TRABALHOS
PONTO ÚNICO - Discussão e votação de:
• alteração do n.º 4 do Artigo 10.º;
• alteração da alínea d) do Artigo 18.º;
• alteração do n.º 3 do Artigo 20º
• alteração do n.º 3 do Artigo 21.º;
• aditamento do n.º 4 do Artigo 21.º;
• alteração do n.º 4 que passa a n.º 5 e alteração do n.º 7 que passa a 8 do Artigo 21.º, e
consequente renumeração dos n.ºs 6 e 8, que passarão a ser os n.ºs 7 e 9 do Artigo 21.º;
• alteração do n.º 4 do Artigo 23.º;
• alteração do n.º 2 do Artigo 27.º;
• alteração das alíneas a) e b) do n.º 3 do Artigo 27.º;
• alteração do n.º 4 do Artigo 27.º;
• alteração das alíneas a), b) e c) do n.º 4 do Artigo 27.º;
• aditamento da alínea d) do n.º 4 do Artigo 27.º;
• alteração do nº 1 do Artigo 32º;
• alteração do Artigo 46.º
dos Estatutos da Caixa Agrícola, nos termos constantes da proposta cujo texto integral ficará
à disposição dos Associados na sede da Caixa Agrícola a partir da publicação da presente
convocatória, sem prejuízo de, na Assembleia Geral, poderem os Associados propor outras
redacções para os referidos Artigos.
Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia
Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número.
Tomando em consideração as medidas em vigor restritivas da aglomeração de pessoas, as
quais poderão ainda vigorar à data da realização da Assembleia Geral, incentivam-se os
Senhores Associados a privilegiarem o recurso ao voto por correspondência ou por
representação.
A. Voto por Correspondência
Os Associados podem exercer o seu direito de voto por correspondência, nos termos do artigo
31.º, n.ºs 3 a 6 dos Estatutos da Caixa Agrícola desde que sejam cumpridos, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
i. solicitem atempadamente, por escrito, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, os
boletins correspondentes a cada ponto da ordem de trabalhos e a carta que os deverá
capear;
ii. o sentido do voto seja expressamente indicado em relação a todos os pontos da ordem
de trabalhos;
iii. os boletins dêem entrada na sede da Caixa Agrícola até às dezasseis horas do segundo
dia útil anterior ao da Assembleia Geral, sendo a data e hora da entrada registada em
livro, registo que será encerrado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral logo que
terminado o prazo da sua válida recepção.
Cada boletim deverá ser dobrado em quatro e inserido em sobrescrito, em cujo rosto será
inscrito “Votação do(a) Associado(a) … [nome ou designação do Associado] para o Ponto Único
da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Loures,
Sintra e Litoral, C.R.L., convocada para as 16 horas do dia 28 de Outubro de 2021”, sendo os
referidos boletins capeados pela carta a que alude o requisito i. supra com a assinatura do
Associado reconhecida nos termos legais.
B. Voto por Representação
Nos termos do artigo 31.º, n.ºs 7 e seguintes dos Estatutos da Caixa Agrícola, qualquer
Associado poderá votar por procuração, conquanto constitua como mandatário familiar seu,
desde que maior de idade, ou outro Associado, sendo que este só poderá representar um
mandante.
A procuração deve ser outorgada em documento escrito, dele constando a identificação do
mandante e a identificação do mandatário, pelo menos através dos seus nomes completos,
números de identificação civil e respectivas moradas, data, hora e local da realização da
Assembleia e ponto ou pontos da ordem de trabalhos para a qual confere o mandato e,
querendo, o respectivo sentido de voto.
A procuração deverá ainda ser datada e dirigida ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
com a assinatura do mandante reconhecida nos termos legais.
C. Presença na Assembleia Geral
Para o caso dos Associados que ainda assim desejem estar presentes na Assembleia
Geral, adverte-se que, na data da sua realização, serão seguidas as orientações específicas
que venham a ser dimanadas quer por dispositivo legal subsequente à publicação desta
Convocatória e que então se encontre em vigor, quer pela Direcção-Geral de Saúde ou por
qualquer outra autoridade competente, designadamente quanto aos procedimentos de
segurança, saúde e higiene a adoptar na reunião, as quais serão devidamente divulgadas aos
Associados.
Sem embargo do anteriormente expresso, mais se adverte que, no mínimo, serão sempre
adoptados os seguintes procedimentos:
a) restrição de presença no local da reunião de uma pessoa em representação de cada
Associado, designadamente no que se refere a Associados pessoas colectivas;
b) distanciamento físico mínimo de dois (2) metros entre os presentes na reunião;
c) uso obrigatório de máscara ou viseira;
d) utilização das soluções desinfectantes cutâneas aquando da entrada na reunião.
Loures, 27 de Setembro de 2021
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, José Manuel Alvares da Costa e Oliveira
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32 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Cultura Rentrée: como podem os teatros reduzir a sua pegada ecológica?
A temporada 2021/2022
Daniel Dias
Enquanto celebram os primeiros
passos da rentrée, as direcções de
será mais “normal” para quase todos os teatros do país pen-
sam o mesmo: a temporada
2021/2022 será aquela que, Ænal-
mente, conseguirá trazer consigo o
os teatros. Será também regresso de alguma “normalidade”.
Até certo ponto, pensou-se o mesmo
no arranque de 2020/2021, mas ago-
mais verde?
ra as circunstâncias são marcada-
mente diferentes. Há um ano, ainda
não haviam sido comercializadas
vacinas eÆcazes na luta contra a
covid-19. Neste momento, mais de
80% da população portuguesa está
completamente imunizada, o que dá
alento a todos os sectores do país,
Com mais de 80% da população vacinada contra a covid-19, incluindo o cultural.
O actual quadro sanitário signiÆca
os teatros acreditam que a nova temporada sofrerá menos uma série de coisas importantes
contratempos. Agora, defendem algumas instituições, é o para os teatros, que, apesar de tudo,
estão de sobreaviso (o potencial sur-
momento para adoptar práticas mais sustentáveis gimento de variantes ainda mais
transmissíveis do que a Delta e resis-
tentes às vacinas não pode ser des-
cartado). As potencialidades do
online continuarão a ser exploradas,
mas este deixará de ter a inglória
missão de tentar substituir a expe-
riência presencial. As instituições
poderão voltar a encher as suas
salas, contanto que o país não recue
no desconÆnamento. E a circulação
de artistas e obras internacionais,
que nunca terá realmente cessado
— os conÆnamentos do passado ape-
nas travaram momentaneamente
essa circulação —, voltará a intensi-
Æcar-se.
A questão que agora se coloca é a
seguinte: como é que os teatros
poderão regressar a uma actividade
“normal” e, ao mesmo tempo, apro-
veitar o actual momento de ruptura
para responder aos grandes desaÆos
ambientais do nosso tempo, questio-
nando os seus próprios modelos e
reduzindo a sua pegada ecológica?
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PAULO PIMENTA
Os 46 teatros públicos que
integram a Convenção
Europeia de Teatro querem ser
neutros em termos de
emissões de dióxido de
carbono até 2030
Não é de hoje a preocupação da
indústria cultural com a sustentabi-
lidade, mas poderá argumentar-se
que a pandemia sublinhou a neces-
sidade de o sector das artes pensar
seriamente sobre aquilo que tem
feito em termos de mobilidade e os
caminhos que pode seguir para se
tornar um aliado na luta contra a
crise climática. Daí a meta deÆnida
em Junho pela Convenção Europeia
de Teatro (ETC, na sigla inglesa): os
46 teatros públicos desta rede for-
mal, que integra equipamentos de
25 países diferentes, querem ser
neutros em termos de emissões de
dióxido de carbono (CO2) até
2030.
Quão atingível é esta meta?
“Somos 46 teatros e uma coisa que
percebemos claramente é que a
Europa não é toda igual”, começa
por explicar ao PÚBLICO Cláudia
Belchior, do conselho de administra-
ção do lisboeta Teatro Nacional D.
Maria II, o único membro português
da ETC. “Há neste momento teatros
que estão a anos-luz daquilo que
está a ser feito noutras partes do
continente. O de Liège [Bélgica], por
exemplo, tem mesmo uma ‘equipa
verde’ — ou seja, um grupo de espe-
cialistas que estuda formas de tornar
mais ecológicas a organização e a
própria arquitectura do edifício — e
um Ænanciamento destinado a esta
área”, comenta, sugerindo que é de
se prever que determinadas institui-
ções consigam aproximar-se da neu-
tralidade carbónica mais facilmente
do que outras. “Mas não podemos
não ter esta ambição”, observa. “O
momento que atravessamos não nos
dá alternativa.”
O exemplo de Jérôme Bel
Patrícia Portela, directora artística
do Teatro Viriato (Viseu), partilha
dessa visão — “2030 é até capaz de
ser muito tarde”, salienta —, alertan-
do, porém, que os teatros não podem
ser extremistas, renunciando de for-
ma drástica à mobilidade ou deixan-
do de incluir companhias internacio-
nais na sua programação. “Um teatro
é um navio pesadíssimo, nada ecoló-
gico... Ao mesmo tempo, no entanto,
é uma espécie de arauto, um espaço
no qual é muito importante que cir-
culem mundos e vozes”, reÇecte a
escritora e dramaturga. “Estamos a
assistir à ascensão de uma série de
nacionalismos e movimentos xenó-
fobos. Este não é o momento para
nos isolarmos, para nos fecharmos
sobre nós próprios.”
Por onde poderá, então, passar o
caminho? “Os objectos artísticos
podem ‘itinerar’. Eles não têm de
trazer a comitiva de trabalho inteira
consigo.” O que Patrícia Portela
sugere vai ao encontro daquela que
é a visão de Jérôme Bel, importante
coreógrafo francês que já não apa-
nha aviões para se deslocar, prefe-
rindo o comboio, e que tenta tam-
bém não viajar com elencos próprios
— regra geral, as suas criações são
“entregues” a intérpretes proÆssio-
nais e amadores das localidades
onde são apresentadas. “A fortuna
artística circula e, ao mesmo tempo,
é permanentemente reinventada
por diferentes grupos de traba-
lho. Parece-me muito mais
desaÆante (e ecológico) mer-
gulhar neste tipo de missão
criativa do que movimentar
30 actores e 400 camiões TIR
para uma única apresenta-
ção”, defende.
A OÆcina, cooperativa
responsável pela gestão de
vários equipamentos cul-
turais de Guimarães,
está neste momento a
desenvolver um espec-
táculo com oito com-
panhias de países
diferentes que, a
materializar-se,
seguirá o mesmo
modelo: o plano é
que ele seja apresentado em cada
um dos países envolvidos e que
envolva bailarinos locais em todas
as instâncias. “Não queremos acabar
com a circulação de grandes elen-
cos, queremos pensar de uma forma
mais ecológica — e criar novas opor-
tunidades de trabalho pelo cami-
nho”, diz Fátima Alçada, directora
artística da OÆcina.
Estadias mais longas
A programadora não acredita que
os teatros da ETC conseguirão atin-
gir a neutralidade carbónica até
2030, “pelo simples motivo de que
eles teriam de remodelar a arquitec-
tura dos seus edifícios de uma
maneira signiÆcativa” — e esse pro-
cesso, lembra, estaria sempre
dependente de “um investimento
governamental volumoso”.
“Temos muitos equipamentos
antigos em Portugal e muitos deles
sofreram obras de reconversão nos
últimos tempos, mas essas obras
tiveram sobretudo que ver com um
apetrechamento das questões técni-
cas dos edifícios: os palcos, os cama-
rins, a acessibilidade… As questões
relacionadas com a eÆciência ener-
A fortuna artística
circula e é
reinventada por
diferentes grupos
de trabalho. É mais
desaÄante (e
ecológico)
mergulhar neste
tipo de missão
criativa do que
movimentar 30
actores e 400
camiões TIR para
uma apresentação
Patrícia Portela
Directora artística do
Teatro Viriato
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 33
gética e a sustentabilidade Æcaram
claramente de fora, o que é uma
pena. Perderam-se grandes oportu-
nidades. É inacreditável vivermos
num país com tantas horas de sol e
vermos que os edifícios não aprovei-
tam esta energia”, refere.
Convidada a sugerir caminhos
futuros, Fátima Alçada argumenta
que o sector das artes pode lutar
pela descarbonização ao lutar tam-
bém pela descentralização. “Porque
não levamos as companhias interna-
cionais a mais cidades quando via-
jam? Em vez de passarem só um
Æm-de-semana em Portugal e apre-
sentarem os seus espectáculos ape-
nas em Lisboa e no Porto, o que me
parece curto para os quilómetros
que têm de percorrer, têm uma esta-
da maior e vão a mais sítios.”
“Antes da pandemia, havia com-
panhias que em três dias seguidos
actuavam em Nova Iorque, Tóquio
e São Paulo. Isto é criminoso para o
ambiente”, observa Patrícia Portela.
“Os teatros querem sempre ter mui-
ta coisa na sua programação, mas se
calhar também têm de repensar a
pressa com a qual fazem as coisas.
Não podemos voltar a uma norma-
Porque não
levamos as
companhias
internacionais a
mais cidades
quando viajam?
Em vez de
passarem só um
Äm-de-semana em
Portugal e
apresentarem os
seus espectáculos
apenas em Lisboa
e no Porto...
Fátima Alçada
Directora
artística da
Oficina
lidade que não era saudável. Tem de
haver uma mudança, que acontece-
rá devagarinho, porque a complexi-
dade das estruturas que são os tea-
tros assim o exige”, aÆrma a direc-
tora do Teatro Viriato.
Mark Deputter, programador da
Culturgest (Lisboa), também usa a
palavra “devagarinho”, salientando
que a redução da pegada ecológica
tem de passar também por “atitudes
do próprio espectador”. “Vamos ter
de chegar a um ponto em que, pelo
menos nas cidades em que há con-
dições para isso, o público não che-
ga ao teatro de carro, preferindo
apanhar o metro ou o comboio para
se deslocar. Não vai ser amanhã, mas
temos de lá chegar.”
Organizem-se
Deputter, que não deixa de ser críti-
co da ÆlosoÆa de Jérôme Bel — “Res-
peito muito o seu trabalho, mas
penso que a sua posição face ao trá-
fego aéreo é eurocentrista. Para
quem vive em Paris, é fácil dizer:
‘Agora, só fazemos digressões de
comboio.’ Para quem vive na Grécia
ou na Bulgária (já nem falo do con-
tinente africano ou da América Lati-
na), a questão não é assim tão sim-
ples”, comenta —, não tem dúvidas
quando diz que o streaming não ocu-
pará o lugar do teatro presencial.
“Um espectáculo online pode estar
muito bem Ælmado e dar muito
‘sumo’ ao público, mas aquilo não é
teatro. Para haver teatro, tem de
haver um actor no palco e uma pes-
soa na plateia. O online está mais
perto do cinema do que do teatro.”
Para o programador nascido na
Bélgica, que quer pensar no digital
como “mais uma sala” e não como
“um substituto”, reduzir a pegada
ecológica é, mais do que largar o
teatro presencial “irreÇectidamen-
te”, apostar num “trabalho diário”
e em “pormenores pequenos”. “Não
imprimir demasiados papéis, não
usar garrafas de plástico, investir em
iluminação LED… Damos muita
importância a estas aparentes bana-
lidades na Culturgest”, conta.
“No Æm de 2019 debatíamos o Æm
do plástico descartável, mas depois
entrámos em pandemia e a solução
passou a ser o take-away. Passámos a
produzir dez vezes mais plástico do
que já produzíamos antes. Ninguém
diz: ‘Vamos produzir menos brinque-
dos.’ As pessoas dizem: ‘Como é que
nos adaptamos à pandemia para con-
tinuarmos a produzir os mesmos
brinquedos?’ É esta a mentalidade
que temos de mudar — e eu vejo no
meu sector uma enorme vonta-
de de mudança”, assinala
Patrícia Portela. “A susten-
tabilidade é o tema mais
urgente neste momento.
A pandemia é basicamen-
te o planeta a falar com o
ser humano e a gritar:
‘Por favor, organizem-
se.’ O mundo está a dar-
nos uma chance.”
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34 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Cultura
Problemas da realidade
Crítica de Teatro
SUPLEMENTO ESPECIAL Sou Uma Ópera, Um Tumulto,
FORMAÇÃO
Uma Ameaça
mmmmm
De Cristina Carvalhal, a partir de Siri
PARA
Hustvedt. Causas Comuns. São Luiz
Teatro Municipal (Sala Mário Viegas),
Lisboa. Até 10 de Outubro
A pista é um pedaço de papel encon-
EXECUTIVOS
trado junto a uma casa abandonada.
Casa abandonada onde se encontra
uma boa quantidade de cadernos
praticamente ilegíveis, os vários
QUE CURSO
volumes de uma História da Arte Oci-
dental e uma pen com um Æcheiro
intitulado Quartos da Asfixia, mais
uma frase, melhor, uma pergunta:
“O que é real?”
ESCOLHER?
Por esta altura, Sou Uma Ópera,
Um Tumulto, Uma Ameaça, que Cris-
tina Carvalhal (n. 1966) escreveu e
dirige a partir do romance O Mundo
Ardente, da escritora norte-america-
na Siri Hustvedt (n.1955), já tem o
Um dossier dedicado à oferta de MBA, enredo em andamento e por ele vai-
doutoramentos, mestrados e outros se sabendo que, parece — e há muitos
cursos em todo o país “parece” e “talvez” nesta história —,
a casa pertenceu a uma escritora que
imaginara uma artista plástica con-
temporânea, Helena, personagem
que, mais ou menos para testar as
+
águas, resolve criar para si uma outra
personagem, masculina, daí em
diante assinando como um homem
š As criptomoedas e a formação de executivos e vendo subitamente a popularidade
š Os rankings das escolas de negócios e o valor das suas obras crescer como
š Empresas e bom senso: nunca antes. Nem é preciso pergun-
entrevista com Martin Lindstrom tar outra vez o que é real, pois é já
š Lista completa de formação claro que à autora interessa reÇectir
sobre a percepção e como ela se
de executivos em Portugal
comporta na prática, mais do que
artística, quotidiana da sociedade
patriarcal. E, para isso, com tanto
30 DE SETEMBRO
pano para mangas e antes da coisa
Leia na edição impressa do dia
ou consulte a lista interactiva
em publico.pt
Julião Sarmento homenageado
O artista Julião Sarmento (1948-
2021) vai ser homenageado por
artistas, curadores e historiadores
num congresso internacional, entre
4 e 6 de Novembro, em Lisboa, que
terá por título “Na escalada do dese-
jo”.
“O desaparecimento de Julião
Sarmento foi um choque para todos,
e tendo em conta o impacto da sua
Ægura como artista no meio nacio-
nal e internacional, achámos que
Conteúdo reservado a quem assina o PÚBLICO fazia todo o sentido lançar um con-
Junte-se a nós e apoie o bom jornalismo gresso no dia do seu aniversário —
publico.pt/assinaturas faria 73 anos a 4 de Novembro”, jus-
tiÆcou a directora do Museu Nacio-
nal de Arte Contemporânea do
Chiado (MNAC), Emília Ferreira. A
se tornar eventualmente confusa,
falta aqui outro elemento: o exemplo
de Margaret Cavendish, que foi, na
vida real, duquesa de Newcastle, em
meados no século XVII, segundo a
escritora Æccional criada por Siri
Hustvedt inÇuência de Helena, uma
vida dedicada à ciência, à ÆlosoÆa, à
poesia, ao romance, à dramaturgia…
E a aturar o desprezo dos seus pares,
rejeitada muito mais pelo preconcei-
to de género do que pelas ideias
revolucionárias que procurava dis-
cutir. Acrescentar que um dos seus
romances tem por título A Descrição
de Um Novo Mundo Chamado O Mun-
do Ardente só serve para mostrar
como isto está tudo ligado e não é,
como pode parecer, um exercício de
diletância artística.
Cristina Carvalhal construiu um
texto sem facilidades, exigente para
o espectador, por vezes difícil de
acompanhar, como difícil é acompa-
nhar o pensamento de uma “escrito-
ra obcecada pelo funcionamento da
mente consciente”. No entanto esti-
mulante, desaÆante mesmo na forma
como explora as questões de género
iniciativa é fruto de parceria com a
Faculdade de Belas Artes da Univer-
sidade de Lisboa, onde irá decorrer,
presencialmente, com oradores
portugueses e estrangeiros, como
Pedro Lapa, DelÆm Sardo, Benjamin
Weil, Raquel Henriques da Silva,
Alexandre Melo, Cristina Guerra,
João Pinharanda e Nuno Crespo. “É
um pretexto para trazer ao debate
Entre 4 e 6 de
Novembro ,
congresso reúne
portugueses e
estrangeiros em
torno da obra de
Julião Sarmento
DR
e das premências que forjam e condi-
cionam a arte contemporânea e a
formação do gosto, isto é, mais uma
vez, a percepção dos outros e a iden-
tidade individual num mundo em que
é preciso salvar mulheres no Afega-
nistão taliban, ou o saber, no Ociden-
te, é pouco subtilmente perseguido
por preconceituosos empenhados
em corrigir preconceitos.
Para tal, a encenadora, com a mui-
to generosa colaboração de Inês
Rosado, Manuela Couto, Rosinda
Costa e Sílvia Filipe (e uma boa ajuda
do cenário de Nuno Carinhas, o dese-
nho de luz de Rui Monteiro e a cons-
trução sonora imaginada por Sérgio
Delgado) cria a sua narrativa sobre a
estrutura de uma conferência. Estra-
tagema cénico que evolui sem dor,
aos poucos transformando-se, atra-
vés de uma espécie de Çuxo de cons-
ciência, num questionamento sério
e imaginativo dos estereótipos e da
sua reprodução num mundo comple-
xo e contraditório, embora aparen-
temente progressista. Isto é: um
mundo que evolui, mas nem sempre
para melhor. Rui Monteiro
parte dos estudos feitos sobre a obra
de Sarmento e potenciar outros”,
vincou a directora do MNAC.
O encontro — que contará ainda
com a presença, entre outros, de
Clara Ferreira Alves, Ana Anacleto,
Bernardo Pinto de Almeida, Helena
Vasconcelos e Filipa Oliveira — vai
abrir uma opencall de propostas de
investigadores e autores que pos-
sam apresentar painéis sobre vários
temas ligados à obra de Sarmento.
Este será o primeiro de uma série
de congressos anuais dedicados a
Æguras da arte portuguesa contem-
porânea, e Nikias Skapinakis (1931-
2020) já foi escolhido para a próxi-
ma homenagem, em 2022. Lusa
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Um novo atlas interactivo mostra-lhe
como vai ser o clima no futuro
Atlas interactivo feito por especialistas do IPCC — incluindo uma cientista a trabalhar em Portugal —
pretende familiarizar o público em geral com a informação sobre as alterações climáticas regionais
Teresa Sofia Serafim
Está interessado em saber qual a
frequência dos dias com tempera-
turas acima dos 40 graus Celsius?
Também gostaria de saber se estes
dias quentes foram constantes no
passado e perceber as diferenças?
Pode explorar essas questões num
novo atlas interactivo criado por
especialistas do IPCC (sigla inglesa
de Painel Intergovernamental para
as Alterações Climáticas). Nesta fer-
ramenta, é possível obter informa-
ções sobre as alterações climáticas
a nível mais global ou regional,
incluindo cenários climáticos para
o futuro. A versão Ænal Æcou dispo-
nível ontem.
Este atlas interactivo permite uma
análise simples e dinâmica de infor-
mação sobre alterações climáticas.
Tudo isso pode ser feito com base
em dados observacionais e simula-
ções que foram apresentadas no
capítulo As Bases da Ciência Física
da Mudança Climática, que faz par-
te do Sexto Relatório de Avaliação do
IPCC — o último relatório. A ferra-
menta foi desenvolvida pelo Grupo
de Trabalho I, uma equipa de espe-
cialistas que elaborou o último capí-
tulo do relatório através de dados
físicos sobre os sistemas climáticos
e as alterações climáticas.
No último relatório, conÆrma-se
a grande inÇuência humana no
aquecimento global e nos fenóme-
nos associados. Concluiu-se que,
em qualquer cenário, a Terra deve
aquecer 1,5 graus Celsius até 2040.
Os restantes capítulos deste sexto
relatório do IPCC serão lançados em
2022. O novo atlas foi lançado pre-
cisamente no dia da divulgação do
novo relatório, a 9 de Agosto, e tem
o nome oÆcial de Atlas Interactivo
do Grupo de Trabalho I do Sexto Rela-
tório de Avaliação do IPCC.
Uma das cientistas responsáveis
por este atlas é Irina Gorodetskaya,
investigadora no Departamento de
Física e no Centro de Estudos do
Ambiente e do Mar, ambos na Uni-
versidade de Aveiro. O seu trabalho
recai sobre as regiões polares do
Árctico e da Antárctida. Para o atlas,
liderou a secção da Antárctida.
O objectivo do atlas é familiarizar
a audiência mais generalista com a
informação sobre as alterações cli-
máticas regionais, bem como com
as ferramentas cientíÆcas que foram
usadas para o último relatório do
DR
O grande IPCC, entre elas modelos climáticos
regionais ou globais. Toda a ferra-
contributo deste menta está disponível em inglês em
atlas é permitir interactive-atlas.ipcc.ch.
Irina Gorodetskaya destaca duas
que qualquer partes deste atlas: uma designada
pessoa explore Informação Regional, sobre as alte-
rações climáticas, onde se pode
informação básica explorar como vários parâmetros
sobre as alterações climáticos, como a temperatura e a
precipitação, estão a mudar desde
climáticas o período pré-industrial. Nessa par-
te, também se pode ver os valores
projectados para o século XXI, de
acordo com vários cenários para
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 35
Alterações climáticas Ciência
NASA
Ao lado, Irina Gorodetskaya,
cientista da Universidade
de Aveiro que contribuiu para
a elaboração do atlas
certas regiões. Pode ainda explorar-
se os extremos (como as tempera-
turas máximas e mínimas).
Numa outra parte, designada Sín-
tese Regional, é possível ter um resu-
mo das alterações climáticas por
cada região, tal como foi apresenta-
do pelo Grupo de Trabalho I no
sumário do relatório do IPCC para
decisores políticos e o resumo téc-
nico. Esta parte Æcou disponível
ontem.
“Este atlas é acessível para todas
as pessoas”, convida Irina Goro-
detskaya, acrescentando que tam-
bém poderá, claro, ser um bom
contributo para cientistas. “As expli-
cações, incluindo vídeos, sobre
como se deve usar o atlas estão dis-
poníveis logo na página inicial.”
Saber o que nos espera
E, no geral, qual poderá ser o gran-
de contributo desta nova ferramen-
ta? “O grande contributo deste atlas
interactivo é permitir que qualquer
pessoa explore informação básica
sobre as alterações climáticas tanto
a nível global como para regiões
concretas”, considera a investigado-
ra. E até dá um exemplo: se alguém
estiver interessado em saber qual a
frequência de dias extremamente
quentes (acima dos 40 graus Cel-
sius), poderá aceder ao atlas e
observar isso na parte Variable e
depois carregar em Maximum Tem-
perature. Aí, terá ainda uma opção
para ver o número de dias com uma
temperatura diária máxima acima
dos 40 graus Celsius.
“Assim, poderá veriÆcar quais são
os valores climáticos médios ao lon-
go da história (em vários períodos)
e explorar as projecções climáticas
para diferentes cenários futuros (uns
com mais emissões de gases com
efeito de estufa e outros com
menos), bem como dos níveis da
temperatura global (entre os 1,5
graus e os quatro graus Celsius)
durante o século XXI”, explica a
cientista. No Ænal, será possível ver
qual o número de dias com tempe-
raturas que excederem os 40 graus
Celsius a nível global. Mas não ter-
mina aí: pode ainda clicar-se apenas
para se obterem resultados regio-
nais, como na região do Mediterrâ-
neo, da qual faz parte Portugal.
“O atlas ajuda-nos a perceber a
informação do relatório do IPCC e
a ‘brincar’ com esses dados”, resu-
me a cientista. “Mostra-nos os pos-
síveis futuros cenários climáticos e
os diferentes níveis do aquecimento
global. O nosso futuro depende do
que Æzermos actualmente e pode-
mos veriÆcar aí como será através
de diferentes cenários.” Em concre-
to, esta ferramenta revela como o
clima de diferentes regiões está pro-
jectado para o futuro — isto de acor-
do com diferentes cenários, desde
os com baixas emissões de gases
com efeito de estufa (se forem feitos
cortes nas emissões nos próximos
anos) até cenários com elevadas
emissões de gases com efeito de
estufa (se os países continuarem as
suas taxas de emissões habituais).
Embora toda a informação no
atlas se baseie na avaliação feita
para o último relatório do IPCC, Iri-
na Gorodetskaya nota que ainda
serão feitas algumas melhorias nes-
ta ferramenta para que Æque mais
acessível — algumas dessas actuali-
zações até serão feitas com a ajuda
da avaliação dos utilizadores. Para
isso, basta preencher um inquérito
disponível na página inicial.
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36 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Guia
leituras
publico.pt/leituras
Sugestões
O ano em que
tudo parou
Para quê Tudo
Isto?
— Biografia de
Manuel António
Pina
Autoria: Álvaro
Magalhães (Ed.
Contraponto
480 págs.,
19,90€; nas livrarias
quinta-feira)
No início de Para quê Tudo Isto?—
Biografia de Manuel António Pina,
o escritor Álvaro Magalhães, que
conheceu muito bem o Prémio
Camões 2011, conta-nos que “este
rapazinho, quando lhe
perguntavam o que queria ser
quando fosse grande, um nefasto
hábito de sempre dos adultos,
respondia que queria ser santo,
bombeiro, detective, e também
queria ser Salazar, pensando que
isso — ser o ditador que então
governava o país com rédea curta
— era uma profissão. Entretanto,
contentava-se em ser o Deus de
milhões de criaturas que viviam
dentro da sua barriga”, lê-se na
página 23. O livro está dividido
em seis partes e começa na
infância do poeta. A sessão de
lançamento acontecerá a 2 de
Outubro, às 17h00, na Biblioteca
Municipal Almeida Garrett, no
Porto, com leituras de Rui de
Noronha Ozorio.
Juntos
Luke Adam
Hawker (ilustr.)
Marianne
Laidlaw(texto)
(Trad. de Valter
Hugo Mãe;
Porto Editora;
64 págs.,
16,60€; nas
livrarias desde
2 de Setembro)
Juntos tem uma daquelas
encadernações que nos fazem
lembrar os livros da nossa
infância, aqueles de capa dura
que tinham uma lombada em
O Ano do
Dilúvio
Autoria:
Margaret
Atwood (Trad.
de Miguel
Batista; Ed.
Bertrand; 480
págs., 18,80€;
nas livrarias quinta-feira)
Este é o segundo volume da
trilogia distópica MaddAddam,
uma sequela de Órix e Crex. Este
O Ano do Dilúvio “passa-se num
tempo em que as espécies estão
a transformar-se a uma enorme
velocidade, um sinal inequívoco
da iminência de uma catástrofe.
Adam One, o chefe da seita ‘Os
Jardineiros de Deus’, devotada à
fusão da ciência com a religião e à
preservação de toda a vida animal
e vegetal, é o herói e, de certa
forma, o porta-voz das
preocupações da autora
canadiana”, que é vegetariana,
feminista e ecologista convicta,
escrevia no Ípsilon a crítica
literária Helena Vasconcelos.
Numa entrevista ao Ípsilon,
Atwood explicava: “Em O Ano do
Dilúvio trata-se da vida do outro
lado do muro — o lado mais baixo
da sociedade, aquele onde o
espaço público foi abandonado e
tudo é permitido, mediante um
preço.”
tecido. Quem imaginaria que
uma obra que nos leva de volta
aos livros de grande formato do
passado, tenha sido criado num
presente pandémico e por isso
concebido remotamente? Os
seus autores, o ilustrador
britânico Luke Adam Hawker e a
editora Marianne Laidlaw, que
assina o texto que na edição
portuguesa é traduzido pelo
escritor Valter Hugo Mãe, não
podiam encontrar-se
presencialmente por causa do
confinamento. Por isso,
trabalharam em Juntos
reunindo-se durante meses
através do Zoom.
O que faz um ilustrador que
costuma passear e desenha a
olhar para o que o rodeia,
quando não pode sair de casa
para fazer os seus esboços
pelos cantos da cidade?
Imagina e desenha de memória.
Foi isso que aconteceu a Luke
Adam Hawker e deu origem ao
seu primeiro livro, uma novela
Um pouco de
Cinza e Glória
Autoria: Cláudia
Andrade
(Ed. Elsinore
136 págs.,
15,49€;
nas livrarias
desde ontem)
Um Pouco de Cinza e Glória é o
novo romance de Cláudia
Andrade, autora que em 2020
recebeu o Prémio SPA para
Melhor Livro de Ficção Narrativa.
Quando publicou o romance
Caronte à Espera, o crítico
literário José Riço Direitinho disse
que era “uma das vozes mais
singulares na literatura
portuguesa”. Neste novo livro
“cruzam-se histórias de vingança,
de amor, de dor, de luxúria, de
violência e de crime”, resume a
editora. “A evidência de que os
homens fugiam da guerra porque
tinham medo de morrer e o facto
de esse medo ser meio caminho
andado para ser morto faziam
Ariel despenhar-se
constantemente numa espiral
infinita, nauseante, impiedosa.
Tinha mais medo do medo do que
da soma de todas as coisas que
lhe metiam medo, e, por isso,
fazia tanta questão de o manter
sempre por perto, de nunca lhe
dar as costas.” (pág. 8)
Leituras Centenárias nas escolas
A 16 de Novembro assinala-se a abertura do ano do
centenário do nascimento de José Saramago (que se celebra
em 2022) com as Leituras Centenárias. Em 100 Escolas
Básicas portuguesas haverá sessões de leitura do conto A
Maior Flor do Mundo. A inscrição deve ser feita até 10 de
Outubro através do email centenário@josesaramago.org
gráfica que nos fala de um
momento em que a vida de
todos mudou, sem se referir
directamente à pandemia.
Hawker iniciou a sua carreira
como designer (fazia desenho
de arquitectura) até que em
2015 passou a dedicar-se
exclusivamente à ilustração, e
tal como explica a editora,
“sempre teve como foco o
desenho à vista, no local”. Aliás,
no seu site ou nas suas redes
sociais, onde tem mais de 200
mil seguidores, é comum
vermos fotografias dos seus
desenhos em frente aos
objectos retratados.
Um desses desenhos chamou
a atenção da editora Marianne
Laidlaw e foi ela que lhe propôs
fazerem um livro a meias.
Escreve Luke nos
agradecimentos, que Marianne
Laidlaw encontrou “as palavras
que nos guiam pelos desenhos”
e foi a sua confiança neste livro
que o tornou uma realidade.
As Maravilhas
Autoria: Elena
Medel
(Trad. de Vasco
Gato; Ed. Dom
Quixote
208 págs.,
14,90€; nas
livrarias hoje)
Elena Medel nasceu em Córdoba
em 1985 e vive em Madrid. Autora
de livros de poesia e de ensaio é
editora da La Bella Varsovia,
dedicada à edição de poesia. Este
As Maravilhas é o seu primeiro
romance e recebeu o Prémio
Francisco Umbral para Melhor
Livro do Ano 2020 e já foi vendido
para mais de doze países. Este é,
segundo a editora Anagrama que
publicou a obra original, “um
retrato lírico e honesto de duas
mulheres trabalhadoras”, “é um
romance de aprendizagem” sobre
a falta de dinheiro: “Qual o peso
da família nas nossas vidas, e qual
o peso do dinheiro? Que
acontece quando uma mãe
decide não cuidar da sua filha, e
quando uma filha decide não
cuidar da sua mãe? Seríamos
diferentes se tivéssemos nascido
noutro sítio, noutro tempo, noutro
corpo?” Neste romance há duas
mulheres: María e Alicia:
“Sabemos o que as separa, mas…
o que as une?”
A personagem principal deste
Juntos, editado em Portugal
pela Porto Editora, é inspirada
no avô do ilustrador que no final
do livro o confessa aos seus
leitores. Luke Adam Hawker
refere ainda que o seu cão
Robin, com quem dava passeios
durante os períodos de
confinamento, o inspirou
também. Este velho homem
cujo dia-a-dia acompanhamos
nesta novela gráfica tem por
companheiro um cão. Em
Juntos, recorda-se um ano em
que uma tempestade fez com
que tudo parasse: “De repente,
tudo parou. A máquina da vida
susteve-se. Podíamos sentir o
peso daquele céu negro sobre
as nossas cabeças. As ruas
foram deixadas ao abandono
num sopro. (…) As coisas
normais começaram a parecer
estranhas. Coisas estranhas
começaram a parecer normais.
Perdemos o rumo.” Isabel
Coutinho
Lisboa Clichê
Autoria: Daniel
Blaufuks
(Editora
Tinta-da-china
400 págs.,
21,90€; nas
livrarias hoje)
Lisboa Clichê é
lançado hoje, às 18h, no Museu
de Lisboa— Palácio Pimenta. A
apresentação será feita pela
professora Margarida Medeiros.
O fotógrafo e cineasta Daniel
Blaufuks, doutorado na
Universidade de Gales com uma
tese sobre as relações da
fotografia e do cinema, faz neste
Lisboa Clichê uma viagem aos
anos 1980. Ao lado das suas
fotografias, textos curtos que
funcionam quase como entradas
de um diário, mesmo quando
feitos à distância: “Um homem
de tronco nu desce uma rua
do Bairro Alto, enquanto um
outro está deitado encolhido
no chão, junto aos caixotes de
lixo. Uma cena neo-realista
comum nesse tempo, num
bairro pobre e maltratado.
Um dia um alcoólico contou-me
que bebia para esquecer
e eu perguntei-lhe o que é que
ele queria esquecer.
Respondeu-me que já não se
lembrava.”
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Cinema
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Mistério em Saint-Tropez M14.
17h55; Respect M14. 15h10; Shang-Chi e a
Lenda dos Dez Anéis M12. 21h20; Má Sorte
no Sexo ou Porno Acidental M18.
19h45; Valor da Vida M12. 17h15; Rifkin’s
Festival M12. 15h30, 17h25, 19h25,
21h30; Mandíbulas M12. 21h50; Cry Macho
- A Redenção M12. 15h25, 17h30,
21h55; Paraíso M6. 19h35; Silêncio - Vozes
de Lisboa M12. 19h30
Cinema City Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Free Guy: Herói Improvável M12.
17h10; Dreamland: Sonhos e Ilusões M12.
13h, 17h20, 19h20; Agente Haxe M12. 11h10,
13h15, 15h20, 17h25, 22h05; O Esquadrão
Suicida M16. 21h25; Patrulha Pata 11h15
(V.Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 15h10, 19h25; Boss Baby:
Negócios de Família M6. 11h10, 13h15,
15h20 (V.Port./2D); Maligno M16. 19h30,
21h45; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 16h, 17h30, 18h35, 21h10; A
Lenda do Cavaleiro Verde 21h20; Má Sorte
no Sexo ou Porno Acidental M18. 20h; A
Volta ao Mundo em 80 Dias M6. 11h40,
13h40, 15h25 (V.Port./2D); Rifkin’s
Festival M12. 15h40, 17h45, 19h40,
21h35; Cry Macho - A Redenção M12. 15h35,
17h40, 19h45, 21h55
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Cry Macho - A Redenção M12. 17h,
21h15; Paraíso M6. 15h, 19h
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Bem Bom M14. 16h30, 19h,
21h50; Listen 18h20; Agente Haxe M12.
13h20, 15h50; D’Artacão e os Três
Moscãoteiros: O Filme M6. 14h (V.
Port./2D); Respect M14. 21h10; After:
Depois do Desencontro M14. 21h30; Boss
Baby: Negócios de Família M6. 13h40,
16h10, 18h40 (V.Port./2D); Shang-Chi e a
Lenda dos Dez Anéis M12. 14h, 17h10,
21h; Valor da Vida M12. 18h, 20h50; Rifkin’s
Festival M12. 13h10, 15h40, 18h10,
21h20; Cry Macho - A Redenção M12.
13h30, 16h, 18h30, 21h40; Nova
Ordem M16. 13h10, 15h30
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12.
16h30; After M14. 17h35; Boss Baby M6.
13h50 (V.Port./2D); Maligno M16. 14h,
16h50, 23h; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h40, 15h30, 22h30; A Volta ao
Mundo em 80 Dias M6. 13h15,
15h25; Rifkin’s Festival M12. 13h20, 15h40,
21h; Cry Macho - A Redenção M12. 12h50,
15h10, 17h30; Assalto à Casa-Forte M12.
13h30, 16h10, 22h40; Meia-Noite em
Switchgrass M16. 13h, 15h20; Copshop -
Não Fazemos Prisioneiros M16. 17h40,
22h50; Até à Morte M16. 23h10; Shang-Chi
e a Lenda dos Dez Anéis M12. Sala IMAX -
13h10, 16h20
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12.
21h20; Dreamland: Sonhos e Ilusões M12.
13h30, 16h, 18h40; Patrulha Pata: O
Filme 13h25 (V.Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 15h40, 18h10, 20h35,
23h; Boss Baby: Negócios de Família M6.
13h15, 15h50, 18h25 (V.
Port./2D); Maligno M16. 21h30; Shang-Chi e
a Lenda dos Dez Anéis M12. 13h10, 16h10,
22h10; Rifkin’s Festival M12. 13h20, 16h10,
18h, 20h20, 22h40; Cry Macho - A
Redenção M12. 13h50, 16h25, 19h, 21h40
Medeia Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213142223
O Grito 15h; Falling - Um Homem Só M14.
Estreias
Rifkin’s Festival
De Woody Allen. Com Wallace
Shawn, Michael Garvey,
Damian Chapa, Louis Garrel.
GB/EUA/ESP. 2020. 88m.
Comédia Romântica. M12.
Mort Rifkin, crítico de cinema
nova-iorquino, decide
acompanhar a mulher ao
Festival de Cinema de San
Sebastian, onde ela faz
assessoria de imprensa. Lá, Mort
apercebe-se de um excesso de
cumplicidade dela com um
talentoso e muito atraente
realizador francês.
Agente Haxe
De Jean-Paul Salomé. Com
Isabelle Huppert. FRA. 2020.
104m. Comédia. M12.
Patience Portefeux trabalha
como tradutora de francês-árabe
para uma unidade policial ligada
ao tráÆco de estupefacientes.
Um dia, durante uma escuta
telefónica, apercebe-se que um
dos criminosos é o Ælho da
dedicada cuidadora da sua mãe.
Até a Morte
De S. K. Dale. EUA. 2021. 88m.
Terror. M16.
Um casal vai passar um
Æm-de-semana romântico numa
cabana junto a um lago. Depois
de uma noite aparentemente
perfeita, ele algema o braço ao
dela e dá um tiro na cabeça.
Copshop
Não Fazemos Prisioneiros
De Joe Carnahan. EUA. 2021.
107m. Thriller, Acção. M16.
Bob é contratado para acabar
com a vida de Teddy, um
criminoso que se meteu com as
pessoas erradas. Ao perceber
que está na mira de alguém
muito perigoso, Teddy encontra
apenas uma solução: cometer
um crime que o ponha atrás das
grades, de modo a ter
“protecção policial”.
Nova Ordem
De Michel Franco. FRA/MEX.
2020. 86m. Drama. M16.
Durante o caos gerado por um
golpe de estado na Cidade do
México, um casamento da alta
sociedade é invadido por um
grupo de indivíduos armados,
que tornam os convidados
reféns.
Silêncio - Vozes de Lisboa
De Judit Kalmar, Celine
Carlisle. POR. 2020. 86 m.
DOC. M12.
Um documentário que tem uma
Lisboa gentriÆcada como pano
de fundo.
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 37
Cartaz, críticas, trailers
e passatempos em
cinecartaz.publico.pt
12h30; Má Sorte no Sexo ou Porno
Acidental M18. 17h30; Rifkin’s Festival 22h;
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
Free Guy: Herói Improvável M12. 13h55,
16h35, 19h20, 22h; Bem Bom M14. 13h35,
16h15, 21h20; Manual de Sobrevivência
Para Pais M14. 14h05, 16h30; Agente
Haxe M12. 13h50, 16h25, 18h55, 21h25; O
Espião Inglês M12. 13h25, 16h05,
18h45; Mistério em Saint-Tropez M14.
14h30, 16h45, 22h05; Respect M14. 15h35,
18h40, 21h50; Falling - Um Homem Só M14.
13h30, 16h10, 18h50, 21h35; Maligno M16.
13h45, 19h05; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 13h15, 16h10, 19h05, 21h55; Rock
Dog - Há Festa no Parque M6. 13h20, 16h30
(V.Port./2D); Má Sorte no Sexo ou Porno
Acidental M18. 14h20, 19h15; A Volta ao
Mundo em 80 Dias M6. 14h10, 16h20 (V.
Port./2D); Rifkin’s Festival M12. 14h05,
16h35, 19h10, 21h30, 21h50; Caixa
Negra M12. 18h50, 21h45; Cry Macho - A
Redenção M12. 13h40, 16h20, 19h,
21h45; Paraíso M6. 13h20, 18h55; Nova
Ordem M16. 16h55, 21h50; Assalto à
Casa-Forte M12. 16h15, 21h40; Copshop -
Não Fazemos Prisioneiros M16. 18h40,
21h15; Quismat 2 19h
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011
- Vale de Mourelos. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12. 13h40,
16h15, 21h15; Listen 18h50; Dreamland:
Sonhos e Ilusões M12. 13h10; Os Croods:
Uma Nova Era M6. 22h30; Velocidade
Furiosa 9 22h20; Presos no Tempo 14h30,
17h20, 20h, 22h40 ; Tubarão Branco M12.
12h55; Mistério em Saint-Tropez M14.
13h20, 15h50, 18h20, 21h10; Patrulha Pata:
O Filme 14h, 16h10 (V.Port./2D); After:
Depois do Desencontro M14. 13h45, 16h40,
19h50; Boss Baby: Negócios de Família M6.
13h, 15h45, 18h10 (V.Port./2D); Shang-Chi e
a Lenda dos Dez Anéis M12. 12h40, 15h30,
18h30, 21h30; A Volta ao Mundo em 80
Dias M6. 12h30, 14h50, 17h, 19h15 (V.
Port./2D); Rifkin’s Festival M12. 13h45, 16h,
18h40, 20h50; Cry Macho - A
Redenção M12. 21h20; Nova Ordem M16.
15h10, 17h30, 20h10, 22h50 ; Assalto à
Casa-Forte M12. 15h40, 18h15,
21h; Meia-Noite em Switchgrass M16.
18h45, 21h05; Copshop - Não Fazemos
Prisioneiros M16. 13h50, 16h20, 19h40,
22h10; Até à Morte M16. 12h50, 15h, 17h10,
19h20, 21h40; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. Sala 4DX - 13h30, 16h20, 19h10,
22h
Amadora
Cinema City Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Free Guy: Herói Improvável M12. 19h40,
21h55; Dreamland: Sonhos e Ilusões M12.
15h40, 17h45; Velocidade Furiosa
9 21h20; Presos no Tempo 21h45; Jungle
Cruise - A Maldição nos Confins da
Selva M12. 16h; O Esquadrão Suicida M16.
15h25, 21h50; Mistério em
Saint-Tropez M14. 19h50; Patrulha Pata:
O Filme 17h55 (V.Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 15h30, 17h35,
21h50; Boss Baby: Negócios de Família M6.
15h35, 17h40, 19h45 (V.
Port./2D); Maligno M16. 19h10,
21h40; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 15h50, 17h20, 19h, 21h30; A
Volta ao Mundo em 80 Dias M6. 15h25,
17h30 (V.Port./2D) ; Rifkin’s Festival M12.
15h10, 17h20, 19h20, 21h25; Cry Macho
- A Redenção M12. 15h20, 17h25, 19h30,
21h35; Assalto à Casa-Forte M12.
19h35; Copshop - Não Fazemos
Prisioneiros M16. 15h15, 18h30, 19h55, 22h
Guia
UCI Ubbo
C.C. da Amadora,
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Free Guy: Herói Improvável M12. 13h25,
16h10, 18h40, 21h15; D’Artacão e os Três
Moscãoteiros: O Filme M6. 13h30
(V.Port./2D); O Esquadrão Suicida M16.
15h40, 18h35, 21h35; Patrulha Pata: O
Filme 14h05, 16h35 (V.Port./2D); Boss Baby:
Negócios de Família M6. 13h50, 16h15
(V.Port./2D); Maligno M16. 19h20,
21h50; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 13h15, 16h05, 18h55, 21h20,
21h45; Rock Dog - Há Festa no Parque M6.
14h, 16h50 (V.Port./2D); A Volta ao Mundo
em 80 Dias M6. 14h15, 16h25 (V.
Port./2D); Cry Macho - A Redenção M12.
18h50, 21h30; Meia-Noite em
Switchgrass M16. 19h10, 21h40; Copshop -
Não Fazemos Prisioneiros M16. 13h45,
16h20, 18h45, 21h25; Até à Morte M16.
13h55, 16h45, 19h05, 21h55; Quismat 2 19h
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
Alcabideche. T. 16996
Free Guy: Herói Improvável M12. 19h20,
22h; After: Depois do Desencontro M14.
14h15; Boss Baby: Negócios de Família M6.
14h (V.Port./2D); Maligno M16. 16h30,
19h00, 21h20; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 12h40, 15h45, 18h40, 21h30; A
Volta ao Mundo em 80 Dias M6. 13h30,
15h30, 17h30 (V.Port./2D); Rifkin’s
Festival M12. 12h50, 15h, 17h, 19h30,
21h45; Cry Macho - A Redenção M12.
16h20, 18h50, 21h10; Assalto à
Casa-Forte M12. 13h15, 15h50, 18h25,
20h55; Até à Morte M16. 13h, 15h15, 17h15,
19h45, 22h15; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. Sala IMAX - 14h30, 17h45, 20h45
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I. T. 215887311
Dreamland: Sonhos e Ilusões M12. 15h30,
17h30, 19h30; Respect M14. 15h45, 18h30,
21h15; Valor da Vida M12. 21h30; Rifkin’s
Festival M12. 15h50, 17h40, 19h30,
21h20; Cry Macho - A Redenção M12.
15h05, 17h10, 19h15, 21h20; Nova
Ordem M16. 15h45, 17h30, 19h35, 21h20
Caldas da Rainha
Cineplace - Caldas da Rainha
La Vie Caldas da Rainha Shopping Center.
Dreamland: Sonhos e Ilusões M12.
19h30; After: Depois do Desencontro M14.
17h20, 19h30; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 15h50, 18h30, 21h20; A Volta ao
Mundo em 80 Dias M6. 15h10, 17h10, 19h10
(V.Port./2D); Rifkin’s Festival M12. 15h15,
21h40; Cry Macho - A Redenção M12.
21h10; Nova Ordem M16. 15h20, 17h30,
21h50; Copshop - Não Fazemos
Prisioneiros M16. 16h30, 19h, 21h30
Sintra
Castello Lopes - Alegro Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte.
T. 219184352
Free Guy: Herói Improvável M12. 13h10,
19h05; Space Jam: Uma Nova Era M6.
14h30 (V.Port./2D); After: Depois do
Desencontro M14. 13h15, 17h20, 19h30,
21h40; Boss Baby: Negócios de Família M6.
13h10, 15h25, 17h40 (V.
Port./2D); Maligno M16. 17h, 19h20,
21h40; Shang-Chi e a Lenda dos Dez
Anéis M12. 13h15, 15h55, 18h35, 21h15;
A Volta ao Mundo em 80 Dias M6. 13h25
(V.Port./2D); Rifkin’s Festival M12. 13h20,
15h15, 17h10, 19h50, 21h45; Cry Macho
- A Redenção M12. 13h10, 15h20, 17h30,
19h40, 21h50; Nova Ordem M16. 19h55,
21h50; Copshop - Não Fazemos
Prisioneiros M16. 14h30, 16h50, 19h10,
21h30
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38 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Guia
Lazer
MÚSICA
Huun-Huur-Tu
LISBOA Teatro da Trindade. Dia
28/9, às 21h. 10€
Da república russa de Tuva chega
o fascinante canto gutural de um
grupo que associa essa tradição
vocal ao uso de instrumentos
como o igil, o khomuz ou o
dünggür. O concerto faz parte do
Ciclo Mundos, uma parceria da
Fundação Inatel com o Festival de
Músicas do Mundo de Sines.
EXPOSIÇÕES
At Play: Arquitectura & Jogo /
Fragmentos Arqueológicos da
Arquitectura Portuguesa
LISBOA Centro Cultural de
Belém. De 28/9 a 30/1. Terça a
domingo, das 10h às 18h. 6€
Com At Play: Arquitectura & Jogo, a
Garagem Sul enche-se de um hino
ao poder da imaginação, onde “os
lugares de recreio da infância e o
dos arquitectos, artistas e
designers se encontram”, sublinha
a folha de sala. Com curadoria de
David Malaud, procura
estabelecer um paralelo entre a
invenção de mundos feita pelas
crianças e a criação de outros
pelos arquitectos, na sua essência
e nos seus mecanismos,
lembrando que “cada um de nós é
um arquitecto brincalhão”. Outra
exposição inaugurada hoje,
Fragmentos Arqueológicos da
Arquitectura Portuguesa, mostra
um conjunto de maquetas e
desenhos, produzidos entre 1987 e
2006, que Æcaram à guarda do
CCB. O curador é André Tavares.
D. Maria II. De Princesa
Brasileira a Rainha de Portugal.
1819-1853
LISBOA Palácio Nacional da
Ajuda. De 26/5 a 31/10. Todos os
dias (excepto quinta), das 10h às
18h. 5€ (8€ para visita à
exposição e ao palácio)
Com Æm originalmente anunciado
para amanhã, a exposição foi
prolongada, oferecendo mais um
mês para ver centenas de peças,
documentos e jóias pessoais de D.
Maria II — entre elas, a Coroa Real
Portuguesa. Dedicada à vida e ao
reinado da monarca, e organizada
em parceria com o Museu da
Presidência da República, a
mostra está distribuída por 12
núcleos e dá a conhecer a última
mulher que cheÆou o Estado
português, também conhecida
como “A Educadora” e “A Boa
Mãe”.
Jogos Jogue também online.
Palavras-cruzadas, Lotaria Clássica 0 7 9 9 9
bridge e sudoku em
1.º Prémio 600.000€
publico.pt/jogos
Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios
Cruzadas 11.477 Paulo Freixinho
palavrascruzadas@publico.pt
HORIZONTAIS: 1. Em Lisboa, derrotou Medina e as sondagens. Destino. 2. Cadeia de montanhas que
se estende ao longo da costa ocidental da América do Sul. Campesino. 3. Tântalo (s. q.). Grupo de
indivíduos biológica e culturalmente homogéneo. 4. Amigo, companheiro. 5. Arrufo. Venceu as elei-
ções alemãs por pequena margem. 6. Autores (abrev.). Sufixo Internet (Países Baixos). Variante do
pronome “o”. 7. A subida dos preços desta fonte de energia lança nuvens sobre o Inverno europeu
(duas palavras juntas). 8. Autocarro. Apoquento. 9. Identidade Digital. Mulo. Imobilize-se. 10. A coliga-
ção que ganhou Arroios (duas palavras juntas). 11. Agarrar. Preposição que indica lugar. Interjeição
designativa de dúvida ou desconfiança.
VERTICAIS: 1. Símbolo de miliampere. Serviços Secretos dos EUA. Segunda lavra no Outono
(Trás-os-Montes). 2. Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de ser, ente. Oxítonos. 3.
Queijo originário dos Países Baixos. Pessoa notável na sua especialidade. Observei. 4. Preposição que
designa posse. Nação. Redução de maior. 5. Deste, desse ou daquele modo. Antigos navios de vela, de
guerra ou mercantes. 6. «Diz o roto ao (...), por que não te vestes tu?». Autoridade Tributária e
Aduaneira. A ti. 7. Anulou maioria feminina no Parlamento da Islândia. 8. (...) Christ Sullivan, a mãe que
lutou por todos os filhos autistas (1924-2021). Emitem luz. 9. No domingo passado, receberam os votos
de pouco mais de metade dos eleitores portugueses. (...) Bunche, Nobel da Paz (1950). 10. Ministério
da Administração Interna. Tencionou. 11. Remoinho de água (regional). Fraude. Samário (s. q.).
Solução do problema anterior
HORIZONTAIS: 1. Aerospacial. 2. Se. Meta. Mu. 3. Afia. Carles. 4. Lisboa. Tu. 5. Ab. Bazar. 6. Bruxelas. Ni.
7. Rilha. Oto. 8. Dubai. LA. 9. Abalsa. Jani. 10. In. Colorir. 11. Amoroso. Toa.
VERTICAIS: 1. AL. Buda. 2. Esfiar. Ubim. 3. Reis. Urbano. 4. Abaxial. 5. Sm. Obelisco. 6. Peca. Lh. Aos. 7.
Ata. Baal. Lo. 8. Cartas. Ajo. 9. Luz. Art. 10. Ame. António. 11. Lusório. Ira.
João Fanha © Alastair Chisholm 2008
Bridge bridgepublico@gmail.com Sudoku www.indigopuzzles.com
Dador: Sul Este joga o Rei. Deixamos fazer Problema10.728 (Fácil)
Vul: NS esta e a próxima vaza de espadas.
Na terceira volta prendemos com
NORTE o Ás e baldamos um ouro do
Ƅ Q7 morto. De seguida tiramos Ás, Rei
Ɔ K74
Ƈ QJ32 e Dama de paus. Mas Oeste
ƅ 8752 assiste apenas duas vezes. Temos
ainda as copas – Ás, Dama e copa
OESTE ESTE
Ƅ J9832 Ƅ K105 para o Rei. Felizmente todos
Ɔ J53 Ɔ 1098 assistem e agora podemos jogar Solução 10.726
Ƈ K106 Ƈ 987 um ouro para o Ás, renunciando à
ƅ 104 ƅ J963 passagem ao Rei, e apresentamos
SUL a última copa, a nona vaza que
Ƅ A64 precisavamos para cumprir. Se
Ɔ AQ62
Ƈ A54 porventura as copas não
ƅ AKQ estivessem de feição, teríamos
ainda a possibilidade de tentar a
passagem a ouros, apresentando
a Dama de ouros.
Oeste Norte Este Sul Ponto importante neste
2ƅ 1 combinar de hipóteses: a
passo 2Ƈ2 passo 2ST passagem fica para último!
passo 3ST Todos passam Problema10.729 (Difícil)
Considere o seguinte leilão:
Leilão: Qualquer forma de bridge. Oeste Norte Este Sul
1 – Forte indeterminado; 2 - Relais 1Ƈ passo ?
Carteio: Saída: 3Ƅ. Qual a melhor O que marca com a seguinte
linha de jogo? mão?
Ƅ8753 ƆKQ ƇAJ10872 ƅ 5
Solução: Existem oito vazas à
cabeça, falta apenas uma para Resposta: Marque uma espada. A Solução10.727
cumprir. Que hipóteses temos primeira prioridade no leilão é
para poder cumprir? encontrar fit em “rico”!
São quatro: 1 – Rei de espadas
bem colocado; 2 – Rei de ouros
em Este; 3 – copas 3-3 e 4 – paus
3-3. Qual a melhor forma de as
combinar?
Para começar, tentamos a
Dama de espadas do morto. Mas,
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CINEMA
O Homem Invisível
TVCine Top, 21h30
Há já vários anos que Cecilia Kass
se vê aprisionada a um
relacionamento disfuncional com
Adrian Griên, um cientista
brilhante, mas com
comportamentos de sociopata.
Um dia, ele suicida-se,
deixando-lhe uma enorme quantia
de dinheiro. Mas Cecilia depara-se
com uma série de situações
inexplicáveis que a fazem
suspeitar de que a morte de
Adrian tenha sido encenada.
Desesperada com o que lhe possa
acontecer, ela pede ajuda, sem
que ninguém acredite nas suas
palavras ou faça algo para a
proteger. Consciente de que agora
enfrenta um inimigo invisível, ela
vai ter de encontrar coragem de
lhe fazer frente sozinha.
Interpretado por Elisabeth Moss,
Aldis Hodge, Storm Reid, Harriet
Dyer e Oliver Jackson-Cohen, um
Ælme de terror com assinatura de
Leigh Whannell (Insidious:
Capítulo 3), inspirado no romance
homónimo de H. G. Wells.
Cães Danados
Hollywood, 00h55
Mr. Orange, Mr. Blonde, Mr. Pink e
Mr. Blue são contratados para a
estreia na realização de Quentin
Tarantino, que é também Mr.
Brown. Um elenco admirável, os
característicos diálogos aÆados e
uma história de acção em que
tudo dá para o torto de forma
sardónica — estes são os traços
distintivos de Quentin Tarantino,
já presentes nesta sua primeira
obra como realizador e
argumentista. Cães Danados deu
um novo nome e estilo à violência
Æltrada pela sua marca autoral e
foi aclamado pela crítica, tendo
dado origem a um culto que
prosseguiu com Pulp Fiction,
Jackie Brown e a sua restante obra.
O Tempo Reencontrado
RTP1, 00h56
A vida do escritor francês Marcel
Proust está a chegar ao Æm. Há
fotograÆas sobre a mesa de
cabeceira que lhe reavivam a
memória. Um milhão de histórias
passadas voltam. Catherine
Deneuve e John Malkovich
protagonizam esta adaptação do
universo de Proust por Raoul
Ruiz, que foi nomeada para a
Palma de Ouro em Cannes em
1999.
DESPORTO
Futebol: Liga dos Campeões -
FCP x Liverpool
TVI, 19h55
Jogo do Grupo B da Liga dos
Televisão
RTP1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Festa
das Vindimas 12.59 Jornal da Tarde
14.24 Os Nossos Dias 15.05 Festa das
Vindimas 17.30 Portugal em Directo
19.07 O Preço Certo 19.54 Direito de
Antena: APCVD 19.59 Telejornal
21.01 Primeira Pessoa: Pedro Cabrita
Reis 21.44 Joker
22.55 Cá Por Casa com Herman José -
Especial Nelo e Idália
23.56 Afeganistão: A Terra Ferida
0.56 O Tempo Reencontrado
3.37 Europa Minha
SIC
6.00 Edição da Manhã 8.35 Alô
Portugal 10.10 Casa Feliz 13.00
Primeiro Jornal 14.50 Linha Aberta
com Hernâni Carvalho 16.05 Júlia
18.15 Orgulho e Paixão 18.35 Fina
Estampa 19.15 Viver a Vida
19.57 Jornal da Noite
21.50 Amor Amor
22.35 A Serra
23.40 Bom Sucesso 0.35 Tempo de
Amar 0.15 Golpe de Sorte 2.00
Passadeira Vermelha 2.55 Linha
Aberta com Hernâni Carvalho
Os mais vistos da TV
Domingo, 26
Jornal da Noite
% Aud. Share
SIC 12,2
Autárquicas 2021 TVI 11,1
Big Brother - A Revelação TVI 10,8
Autárquicas 2021 TVI 10,5
Big Brother TVI 9,8
FONTE: CAEM
RTP2
6.32 Repórter África 7.00 Espaço Zig
Zag 10.33 Joga Quem Quizzer 10.55
Folha de Sala 11.00 Hotéis
Extraordinários: A Vida nos Bastidores
11.55 Voz do Ouro 12.38 Folha de Sala
12.46 Visita Guiada 13.32 Portugal
Mais Perto 14.00 Sociedade Civil
15.03 A Fé dos Homens 15.38 Joga
Quem Quizzer 16.01 Lago Balaton: O
Paraíso Escondido da Europa 16.51
Folha de Sala 16.59 Espaço Zig Zag
20.38 Folha de Sala 20.43 O Reino
Unido de Joanna Lumley
21.30 Jornal 2
22.01 A Fronteira
22.58 Folha de Sala 23.02 Nada Será
Como Dante 23.34 Wild Bill - Um
Polícia Americano em Inglaterra 0.23
Eurodeputados 0.51 E2 - Escola
Superior de Comunicação Social 1.19
Sociedade Civil 2.23 Euronews 5.48
Água de Mar
TVI
6.05 Curious George 6.30 Diário da
Manhã 7.00 Esta Manhã 10.09 Dois às
10 13.00 Jornal da Uma 14.45 A Única
Mulher 16.10 Goucha 18.15 Cristina
ComVida
19.15 Jornal das 8
19.55 Liga dos Campeões: FCP x
Liverpool
22.10 Festa
esta É Festa
23.00 Bem Me Quer 23.40 Big
Brother 2.15 Taken: Os Primeiros Anos
3.03 Doce Tentação 3.22 Fascínios
Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 39
RTP1 9,9%
23,1
RTP2 1,0
SIC
17,5
20,4
TVI
22,2
20,0 15,8
Cabo
18,8
38,3
TVCINE TOP
18.05 O Infiel 19.55 Operação Obscura
21.30 O Homem Invisível 23.35 Perigo
no Oceano 3 1.15 Kingsman: O Círculo
Dourado
FOX MOVIES
17.53 Procurado 19.34 Perseguição
Diabólica 21.15 Espião nas Horas Vagas
22.49 6 Balas 0.42 Cop Land - Zona
Exclusiva
HOLLYWOOD
17.50 Vencer a Qualquer Preço 19.35
Salva-te Se Puderes 21.30 Águas
Passadas 23.15 Anon 0.55 Cães
Danados
AXN
18.45 Investigação Criminal 21.09 The
Rookie 22.00 The Good Doctor 0.36
Mentes Criminosas 2.10 Investigação
Criminal
FOX
17.21 FBI 18.53 Investigação Criminal:
Los Angeles 20.34 Magnum P.I. 22.15
Chicago P.D. 23.02 Velocidade Furiosa 8
1.24 FBI
DISNEY CHANNEL
17.15 Lab Rats 18.25 Gravity Falls 19.15
Os Green na Cidade Grande 20.00 Casa
da Coruja 20.25 Lab Rats 21.10
Miraculous - As Aventuras de Ladybug
DISCOVERY
17.10 Alasca: A Última Fronteira 19.05
Aventura à Flor da Pele XL 21.00
Curiosidades da Terra 22.55 Regresso
às Origens: O Rancho Raney 0.40
Curiosidades da Terra 2.15
Desmontando o Cosmos
HISTÓRIA
17.29 Alienígenas 18.52 Ovni:
Tecnologia Alienígena 19.31 Os Maiores
Mistérios da História 20.51 Forjado no
Fogo 1.20 Piratas nas ilhas Baleares
ODISSEIA
17.57 Escola de Orangotangos 18.46 A
Minha Família e as Galápagos 19.34 O
Sol e o Homem 20.17 Supercarros 21.02
Caçador de Armas 21.47 Máquinas
Contra o Frio Extremo 22.30
Supercarros 23.15 Caçador de Armas
0.00 Máquinas Contra o Frio Extremo
Guia
Campeões em que o Futebol
Clube do Porto defronta a equipa
inglesa de Liverpool.
SÉRIE
The Good Doctor
AXN, 22h
Estreia-se a quinta temporada de
The Good Doctor, com os
episódios a serem emitidos 24
horas depois da exibição nos
Estados Unidos. Shaun, o jovem
médico com autismo e síndrome
do sábio, tem, ao longo da série,
desenvolvido as suas capacidades
de comunicação e de
relacionamento com outras
pessoas, o que tem dado azo a
vários passos importantes na sua
relação com Lea. E essa tendência
continua na nova temporada, que
traz modiÆcações no plantel. A
personagem Claire Browne
(Antonia Thomas) sai de campo e
outros médicos preparam-se para
a ribalta: os estagiários Asher
Wolke (Noah Galvin) e Jordan
Allen (Bria Hendersin), e o
cirurgião de trauma Mateo
Rendón Osma (Osvaldo
Benavides), vindo de uma missão
humanitária na Guatemala.
ENTREVISTA
Primeira Pessoa
RTP1, 21h01
Uma exibição do Primeira Pessoa,
com Fátima Campos Ferreira,
excepcionalmente a uma
terça-feira, que apresenta uma
conversa com Pedro Cabrita Reis,
um dos artistas portugueses com
mais reconhecimento
internacional. A entrevista
abrange a sua obra, o seu
percurso e as suas experiências.
DOCUMENTÁRIOS
Lago Balaton: O Paraíso
Escondido da Europa
RTP2, 16h01
Estreia deste documentário que
propicia uma viagem longe da
intervenção e exploração
humana, o lago de Balaton, na
Hungria. É o maior corpo de água
doce da Europa Central e as suas
margens são o habitat de uma
grande variedade de animais.
O Reino Unido de Joanna
Lumley
RTP2, 20h43
Estreia da série documental que
coloca Joanna Lumley
(Absolutamente Fabulosas) a
dar-nos a Grã-Bretanha através
dos seus olhos. Ao longo de três
episódios, a actriz e
apresentadora visita locais
inspirados na sua vida, das
Hébridas à Cornualha.
 Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.
Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
40 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

Guia

UMA COMÉDIA QUE NÃO FAZ RIR. Meteorologia

PORTUGAL PRÓXIMOS DIAS LISBOA
Viana do Castelo Quarta-feira, 29 Quinta-feira, 30 Sexta-feira, 1
Bragança
14 º
20º
22º
16º 27º 16º 28º 18º 26º
Braga 6º
20 º Índice UV Médio Índice UV Médio Índice UV Médio
10 º Vila Real
15º Porto Vento Fraco Vento Fraco Vento Fraco
2,2m
20º Humidade 53% Humidade 57% Humidade 62%
20 º 7º
O ponto de encontro dos grandes 11º
clássicos contemporâneos Viseu MEDIDOR DE CO2 QUALIDADE DO AR
Aveiro Guarda
21 º Mauna Loa, Havai Portugal
20º 9º 21º
12 º 8º Partes por milhão
(ppm) na atmosfera Porto Muito
Coimbra Valores por semana Bom
22º Coimbra Bom
9º Semana de 19 Set. 413,30
Castelo Branco
Semana de 12 Set. 413,09 Lisboa Médio
24 º Há um ano 411,27
Leiria 9º Há dez anos 389,16 Évora Fraco
20º
14º
Nível de segurança 350
Faro Mau
Nível pré-industrial 280
Santarém
Portalegre
24 º
24º
12º
10º SOL Lisboa LUA Lisboa

Lisboa 29 Set. 01h57

24 º 6 Out. 12h05
17º Évora
Setúbal 24º 13 Out. 03h25
25º 11º Nascente Poente Nascente Poente
16º 07h29 19h25 20 Out. 14h57 23h54 15h29*
*de amanhã

Sines Beja EUROPA

22º 25º Estocolmo
Helsínquia
15º 11 º Oslo
18º Talín

1,5m Riga
Copenhaga

Vílnius
Dublin Berlim
Amesterdão
Londres Varsóvia
Sagres 27º
16º Bruxelas
21º Faro Praga
16º Paris
Viena Budapeste
21º Genebra
0,8m
COLECÇÃO Açores Milão

EM CAPA Roma
Corvo
DURA Istambul
Madrid
Flores Lisboa
Graciosa 23º
23º Atenas
22º 2,8m
VOL. 6 – Um Cavalo Entra Num Bar, 23º São Jorge 20º
22º

de David Grossman 2,5m Terceira TEMPERATURAS ºC

Faial
Vencedor do Prémio Man Booker International 2017, Um Cavalo Entra Pico
24º São Miguel
Min. Máx. Min. Máx.
Num Bar é um fascinante e inquietante romance sobre a vida de Dov 23º 20º Amesterdão 12 17 Roma 16 29
Greenstein, um cómico de stand-up israelita. É durante um dos seus 1,5m Atenas 19 29 Viena 12 23
Ponta Delgada
Berlim 13 17 Bissau 26 32
espetáculos que começa a desfiar mais do que apenas piadas, uma
Sta Maria Bruxelas 12 18 Buenos Aires 14 17
história que irá alterar a vida de muitos dos presentes. Um conflito Madeira Bucareste 11 17 Cairo 22 31
entre a comédia e a tragédia, capaz de provocar uma montanha russa Porto Santo Budapeste 13 22 Caracas 20 29
de emoções em toda a plateia e no próprio leitor. Copenhaga 10 17 Cid. do Cabo 14 18
Madeira
24º 24º 24º 24º Dublin 7 15 Cid. do México 13 23
20º 20º
0,5m 1m Estocolmo 10 13 Díli 23 32

+10DO,9,92 OU0TU€BRO
Frankfurt 10 18 Hong Kong 27 33
EEncomende
comende também Funchal Genebra 11 20 Jerusalém 18 23
SÁBA eem: loja.publico.pt Istambul 16 23 Los Angeles 15 22
AL
COLECÇÃO MENS
ccoleccoes@publico.pt MARÉS Kiev 6 13 Luanda 23 26
COM O PÚBLICO
Preia-mar Baixa-mar *de amanhã

2210 111 020 Londres 10 16 Nova Deli 27 34

Leixões m Cascais m Faro m
Madrid 13 25 Nova Iorque 13 24
07h56 2,7 07h35 2,7 07h34 2,6 Milão 10 20 Pequim 17 25
14h15 1,4 13h53 1,6 13h34 1,5 Moscovo 4 10 Praia 25 30
Colecção de 12 livros em capa dura. PVP unitário: 10,90€. Preço total Oslo 9 14 Rio de Janeiro 20 29
da colecção: 130,80€. Periodicidade mensal no primeiro sábado de cada mês, 20h31 2,5 20h09 2,5 20h05 2,4 Paris 13 20 Riga 8 13
02h31* 1,5 02h07* 1,7 01h49* 1,6 Praga 12 21 Singapura 26 31
entre 1 de Maio de 2021 e 2 de Abril de 2022. Stock limitado.
Fontes: AccuWeather; Instituto Hidrográfico; QualAR/Agência Portuguesa do Ambiente; NOAA-ESRL
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 41

Segunda jornada da fase de grupos da Champions Desporto

FC Porto preparado para impedir que

o Liverpool volte a ser feliz no Dragão
Sem Mbemba, e provavelmente sem Pepe, os “dragões” recebem esta noite os “reds”, que golearam
os portistas nas duas últimas deslocações ao Estádio do Dragão em jogos da Liga dos Campeões
JOSE COELHO/LUSA

David Andrade
A história vale o que vale e no futebol
o historial de confrontos entre dois
clubes pouco ou nada diz aos joga-
dores quando o árbitro apita para o
início da partida. No entanto, a notí-
cia da visita do Liverpool de Jürgen
Klopp ao Estádio do Dragão deixa,
certamente, muitos adeptos do FC
Porto com o sobrolho franzido e um
frio na barriga: em 2018 e 2019, os
“reds” venceram na casa dos portis-
tas por 0-5 e 1-4.
Com as duas goleadas sofridas bem
frescas na memória, mas também
com uma meritória e moralizante
exibição em Madrid frente ao Atléti-
co no currículo desta edição da Liga
dos Campeões, Sérgio Conceição
alerta que esta noite vai defrontar “a
melhor equipa do mundo em alguns
momentos do jogo”, mas garante
que os “dragões” têm argumentos
para serem “muito competitivos e
ganharem”.
A estreia do FC Porto na Liga dos
Campeões 2021/22 foi há duas sema-
nas, em Madrid, no Wanda Metro-
politano, e foi um alerta à concor-
rência: no temível Grupo B, os “dra-
gões” não se vão esconder ou
abdicar de lutar por um dos dois
primeiros lugares. Ontem, ainda em
solo inglês, Jürgen Klopp fez questão
de recordar essa partida contra o
Atlético, dizendo que, “se tivesse
que existir um vencedor nesse jogo,
seria o FC Porto”, o que “diz muito
da equipa” que o Liverpool vai var Mané, Salah, Jota e companhia, jogo, é a melhor equipa do mundo”. Último treino do FC Porto muito elogiado por Klopp. Para o
defrontar na segunda jornada do é pouco provável que Conceição, “Trata-se de uma equipa forte no antes de receber o Liverpool treinador germânico, Diogo Jota
Grupo B da Liga dos Campeões. que já tem garantida a baixa de que faz, superagressiva na recupe- no Estádi o Dragão “tem uma personalidade muito forte
No entanto, mesmo tendo desva- Mbemba por castigo, tenha Pepe a ração de bola, com ataques rápidos e, apesar de ser jovem, é muito
lorizado as boas memórias que tem liderar a sua defesa. à baliza do adversário. Tem muitos maduro”. É muito bom trabalhar
dos últimos jogos que fez no Dragão Na antevisão de novo duelo com pontos fortes e estamos alertados com ele. Não é fácil melhorar a nossa
— “Isso para nós não serve de nada. Klopp, o treinador do FC Porto admi- para isso.” equipa, mas ele conseguiu isso. É um
Faz parte do passado” —, o técnico tiu que “o ponto da situação não é Num jogo que “vai ser diferente” jogador feito para o nosso estilo”,
alemão tem conseguido encontrar o risonho”: “Não treinou, vamos ver do duelo frente ao Atlético de Madrid aÆrmou o técnico.
antídoto para desmontar as estraté- amanhã [hoje]. Vai ser até à última, “porque o Liverpool tem caracterís- Já o internacional português, que
gias de Sérgio Conceição.
Sempre nas fases a eliminar (oita-
a ver se o conseguimos recuperar.
Pode interferir na nossa postura em
ticas, ideias e dinâmicas de jogo com-
pletamente diferentes”, Conceição
Classificação vai reencontrar o clube que repre-
sentou em 2016/17, assegura que os
vos-de-Ænal em 2017/18; “quartos” na campo e na estratégia para o jogo diz ter a equipa “preparada para GRUPO B jogadores do Liverpool estão “impe-
época seguinte), o Liverpool tem estar o Pepe ou não estar.” ganhar”, tendo, para isso, que “estar Jornada 2 didos de relaxar”, porque será “um
FC Porto-Liverpool 20h, TVI
sido um pesadelo para o FC Porto, Embora sublinhe que “cada jogo num momento altíssimo para con- jogo extremamente difícil” para os
Milan-Atlético de Madrid 20h, Eleven4
que parece não “encaixar” no habi- tem a sua história”, Conceição reco- trariar este favoritismo do adversá- ingleses. “Sei a diÆculdade que é
J V E D M-S P
tualmente ataque móvel dos “reds” nhece “ a identidade do Liverpool rio, que é teórico”. jogar no Dragão como visitante e já
— Sadio Mané marcou quatro golos não mudou” e, sem poupar nos elo- A teórica vantagem que o Liver- 1. Liverpool 1 1 0 0 3-2 3 alertei os meus companheiros para
nessas duas partidas entre portugue- gios ao rival, o treinador portista diz pool pode ter no duelo frente ao FC 2. Atlético de Madrid 1 0 1 0 0-0 1 isso. Estou feliz por voltar e acho que
ses e ingleses no Dragão — e, para que vai ter pela frente um adversá- Porto deve-se, também, à qualidade 3. FC Porto 1 0 1 0 0-0 1 vai ser um jogo dividido”, concluiu
complicar ainda mais a tarefa de tra- rio que “em alguns momentos do de um ex-portista, que ontem foi 4. Milan 1 0 0 1 2-3 0 o avançado de Gondomar.
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42 • Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021
Desporto
Sporting procura esquecer na Alemanha
a desilusão da sua estreia na Champions
Paulo Curado
“Leões” defrontam
Borussia Dortmund
na Liga dos Campeões.
Goleador Haaland
permanece em dúvida
A Liga dos Campeões, na versão
milionária ou na antiga Taça dos
Campeões Europeus, nunca foi uma
competição confortável para o Spor-
ting. No formato moderno, os
“leões” só ultrapassaram por uma
vez a fase de grupos, na temporada
2008-09, para serem eliminados
com estrondo, nos oitavos-de-Ænal,
pelo Bayern Munique, com um agre-
gado de 12-1. Nos últimos oito jogos
fora de casa venceram apenas uma
vez e serão poucos os que apostarão
num triunfo frente ao Borussia
Dortmund, na Alemanha, hoje, para
apagar a goleada caseira da primeira
ronda com o Ajax (1-5).
“O resultado do Ajax foi uma pan-
cada tão forte que o foco tem de estar
na nossa equipa, no que podemos
melhorar”, sublinhou o treinador
Rúben Amorim, ontem, na antevisão
da segunda jornada do Grupo C.
Frente ao principal candidato ao pri-
meiro lugar, os campeões portugue-
ses jogam a honra, mas também as
esperanças de ainda alcançarem a
fase eliminatória.
Com 23 golos já apontados nos
primeiros nove encontros desta tem-
porada em todas as competições —
mais nove do que o Sporting em igual
número de jogos —, o Dortmund tem
no jovem Erling Haaland, de 21 anos,
a sua grande referência atacante.
O gigante norueguês (1,94 metros)
foi o melhor marcador da última edi-
ção da Champions, com dez golos
em oito encontros. Esta época, soma
dez nos oito jogos em que participou,
que corresponde a 43,5% do total
dos golos da equipa.
Falhou a última partida para o
c ampeonato alemão, que o
Dortmund perdeu com o Monchen-
gladbach, por 1-0, para recuperar de
problemas físicos, levando a especu-
lações sobre a sua disponibilidade
para defrontar o Sporting. Mas, o
director desportivo do Borussia já
garantiu que estará apto para a par-
tida, assim como Marco Reus, que
também não alinhou na última ron-
da da Bundesliga.
Mais reservado foi, ontem, o trei-
nador do Dortmund, Marco Rose.
“Vamos ter de esperar até ao último
treino [para apurar as condições de
O Sporting treinou em
Alcochete antes de viajar
para Dortmund, na
Alemanha, onde hoje
defrontará o Borussia
Haaland e Reus], mas vai ser aper-
tado.”
Já Rúben Amorim desvalorizou
uma eventual ausência do avançado
nórdico, destacando as alternativas
de qualidade que a equipa alemã tem
no plantel. “[Sem Haaland] O Borus-
RODRIGO ANTUNES/LUSA
sia continua a ser uma grande equi-
pa”, reforçou, admitindo que a
inÇuência que o norueguês tem nos
golos pode mudar um pouco a forma
do adversário.
“Há transições que existem no
Borussia em que o guarda-redes ser-
Classificação
GRUPO C
Jornada 2
Borussia Dortmund-Sporting 20h,Eleven1
Ajax-Besiktas 17h45, Eleven2
J V E D M-S P
1. Ajax 1 1 0 0 5-1 3
2. B. Dortmund 1 1 0 0 2-1 3
3. Besiktas 1 0 0 1 1-2 0
4. Sporting 1 0 0 1 1-5 0
ve jogadores que jogam muito no
espaço para o Haaland. Se não jogas-
se, o Borussia perderia inÇuência
nos golos, e nós sabemos bem o que
isso custa a uma equipa”, explicou
Amorim.
Apesar do pesado desaire do Spor-
ting em Alvalade, frente ao Ajax,
Marco Rose não poupou também
elogios aos “leões”. “Não é à toa que
são campeões portugueses à frente
do BenÆca e do [FC] Porto”, subli-
nhou. “É uma boa equipa, mas para
nós, em casa, trata-se de ganhar os
três pontos e dar um sinal aos adver-
sários do grupo.”
As duas equipas já se defrontaram
duas vezes nas competições euro-
peias, na fase de grupos da Liga dos
Campeões de 2016-17, com a vitória
em ambas as ocasiões a cair para o
lado alemão. Em Lisboa, o Dortmund
venceu por 2-1, com golos de Pierre-
Emerick Aubameyang e Julian Weigl,
que está actualmente ao serviço de
Jorge Jesus no BenÆca, técnico que
orientava na altura o rival “leonino”.
O golo de honra do Sporting foi apon-
tado por Bruno César. Na Alemanha,
o Borussia voltou a vencer pela mar-
gem mínima, com um golo solitário
de Adrián Ramos.
Nesta última partida, alinhou pelos
germânicos o internacional portu-
guês Raphael Guerreiro, que continua
ao serviço do Dortmund. Da equipa
do Sporting, permanece o capitão
Sebastián Coates (titular nos dois
jogos), que se irá estrear nesta edição
da prova milionária, após ter falhado
o primeiro jogo com o Ajax, por estar
a cumprir castigo disciplinar.
Em 2016-17, o plantel dos lisboetas
contava ainda com Ricardo Esgaio,
que regressou esta temporada a Alva-
lade, após uma passagem de quatro
anos pelo Sp. Braga.
Fora das contas de Rúben Amo-
rim para esta segunda jornada da
Champions estão Gonçalo Inácio e
Pedro Gonçalves, ambos lesiona-
dos. Para a Alemanha seguiram os
defesas centrais da equipa B, Marsà
e João Goulart.
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Público • Terça-feira, 28 de Setembro de 2021 • 43

Desporto

ANDRE SANANO

Breves I Liga
Jornada 7
Futebol internacional Sporting-Marítimo 1-0
Gil Vicente-FC Porto
Brighton empata e
1-2
Moreirense-Arouca 2-1

falha assalto ao topo

V. Guimarães-Benfica 1-3
Tondela-Famalicão 3-2

da Premier League Sta. Clara-Sp. Braga

Portimonense-Vizela
1-1
0-0
P. Ferreira-Belenenses SAD 2-2
O Brighton empatou ontem a Boavista-Estoril 1-1
um golo no terreno do Crystal
Palace e, com esse resultado, J V E D M-S P
falhou o assalto à liderança 1. Benfica 7 7 0 0 19-4 21
isolada da Premier League. 2. FC Porto 7 5 2 0 16-4 17
Podendo tirar proveito das 3. Sporting 7 5 2 0 11-3 17
derrotas de Chelsea e 4. Estoril 7 4 2 1 10-5 14
Manchester United e do 5. Sp. Braga 7 3 3 1 10-6 12
empate do Chelsea na sexta 6. Portimonense 7 3 2 2 7-4 11
ronda da competição, o 7. Paços Ferreira 7 2 3 2 7-9 10
Brighton esteve a perder no 8. Boavista 7 2 3 2 9-9 9
terreno do 15.º classificado, 9. Gil Vicente 7 2 2 3 8-8 8
depois de Wilfried Zaha ter 10. V. Guimarães 7 1 4 2 7-6 7
colocado a equipa da casa em 11. Vizela 7 1 4 2 6-12 7
vantagemem cima do 12. Marítimo 7 1 3 3 6-9 6
intervalo, de penálti. Mas um 13. Tondela 7 2 0 5 10-14 6
golo aos 90’+5’ de Joel 14. Moreirense 7 1 3 3 10-16 6
Veltman garantiu a conquista 15. Arouca 7 1 2 4 7-14 5
de um ponto ao Brighton que Momento do jogo Portugal-Espanha, que os portugueses venceram, seguindo para as “meias” do Mundial 16. Santa Clara 7 1 2 4 5-15 5
passou a somar 13 pontos 17. Belenenses SAD 7 0 4 3 5-10 4
(juntando-se ao grupo dos 18. Famalicão 7 0 3 4 7-12 3
sextos classificados), mas
esbanjando a hipótese de ficar
com 15, que lhe daria a
Portugal bate Espanha e vai lutar Próxima jornada
Marítimo-Moreirense, Famalicão-Vitória,
Vizela-Santa Clara, FC Porto-P. Ferreira,
liderança isolada da Premier
League. com o Cazaquistão por lugar na final Arouca-Sporting, Benfica-Portimonense,
Estoril-Gil Vicente, Sp. Braga-Boavista,
Belenenses SAD-Tondela

Jorge Miguel Matias
Triunfo da selecção
portuguesa de futsal
nos “quartos” do Mundial
surgiu após prolongamento
Num jogo muito equilibrado do prin-
cípio ao Æm, a selecção portuguesa
de futsal derrotou ontem a sua con-
Xadrez génere espanhola por 4-2, após pro-
II Liga
fotograÆa, ao deixar passar a bola la acertou no poste esquerdo da bali-
Jornada 7
entre si o homem da barreira. za espanhola numa das melhores
E. Amadora-Leixões 2 Out, 11h, SPTV
A reacção portuguesa surgiu nos oportunidades portuguesas para se
últimos dez minutos da partida. Pri- colocar em vantagem na partida pela
Ac. Viseu-Académica 2 Out, 14h, SPTV
Feirense-Varzim 3 Out, 11h, SPTV
meiro, André Coelho, de fora da área, primeira vez — a outra foi um desvio Penafiel-Mafra 3 Out, 14h, SPTV
reduziu a desvantagem num remate de Ricardinho bem travado pelo guar- Benfica B-Desp. Chaves 3 Out, 14h, BTV
FC Porto B-Rio Ave 3 Out, 15h30, PC
forte, com o guarda-redes espanhol da-redes espanhol.
Casa Pia-Sp. Covilhã 3 Out, 19h
Herrero a não conseguir deter a bola, A partir desse momento, foi a Espa- Vilafranquense-Farense 3 Out, 19h30, C11
deixando-a escapar para dentro da nha quem fez o pressing Ænal, com Trofense-Nacional 4 Out, 20h15, SPTV
sua baliza. O lance foi ainda analisado Portugal a ver o seu adversário enviar
pelo VAR por um suposto empurrão uma bola ao poste, literalmente, no J V E D M-S P
de Ricardinho a um opositor no início último segundo do encontro. 1. Feirense 6 5 0 1 11-3 15

Carlsen lidera longamento, nos quartos-de-Ænal do da jogada, mas foi validado pela dupla O jogo seguiu então para prolonga- 2. Rio Ave 6 4 1 1 16-9 13

destacado final do Campeonato do Mundo, apurando-se de arbitragem. mento, com a selecção nacional car- 3. Benfica B 6 3 2 1 12-7 11
para as meias Ænais da prova, onde E, a quatro minutos do Æm, Portu- regada com cinco faltas. Mas um 4. Penafiel 6 3 1 2 4-3 10

Meltwater chess tour terá coo adversário o Cazaquistão.

Depois de um primeiro tempo com
gal chegou ao empate numa “jogada
de laboratório” após a cobrança de
remate de Ricardinho desviado pelo
espanhol Raya levou a bola a sobre-
5. Casa Pia
6 Mafra
6
6
3 1 2 9-6
3 1 2 7-5
10
10
O campeão mundial, Magnus ocasiões de golo para ambos os lados um lançamento lateral, Ænalizada voar o guarda-redes e a colocar a 7. Desp. Chaves 6 2 3 1 12-9 9
Carlsen, lidera destacado a — a maior das quais um pontapé livre por Zicky já no interior da área espa- selecção nacional, pela primeira vez, 8. Sp. Covilhã 6 2 3 1 6-5 9
final do Meltwater chess tour, falhado pelos espanhóis a 36 segun- nhola. em vantagem quando faltavam 2m46 9. FC Porto B 6 2 2 2 10-11 8
o 10.º evento desta série, cujas dos do intervalo —, só na segunda Portugal estava por cima da partida para o Æm da primeira parte do pro- 10. Leixões 6 2 2 2 9-10 8
nove provas anteriores foram parte o marcador funcionou. nesta fase do encontro e Panny Vare- longamento. 11. Trofense 6 1 4 1 5-5 7
realizadas online. Desta vez, A Espanha entrou muito forte e Com apenas cinco minutos pela 12. Ac. Viseu 6 2 1 3 10-12 7
três jogadores encontram-se aproveitou da melhor forma alguma frente, a Espanha não teve outro 13. Nacional 6 2 1 3 8-10 7
em Oslo — Carlsen, o polaco desconcentração dos portugueses remédio que não fosse jogar com o 14. Varzim 6 1 3 2 8-10 6
Duda e o holandês Giri —, nesta fase do jogo para se colocar em guarda-redes adiantado. E foi sem 15. E. Amadora 6 1 2 3 8-13 5
enquanto os restantes, vantagem. Em jeito de aviso, Raúl ninguém na baliza que Panny Varela 16. Vilafranquense 6 1 2 3 4-9 5
Aronian, Lagrave, Nakamura, Campos acertou no ferro da baliza à colocou Portugal a vencer por 4-2, 17. Farense 6 0 3 3 7-12 3
Mamediarov, Radjabov,
Artemiev e Wesley So, se
guarda de Bebé após uma perda de
bola de Afonso, para, logo a seguir,
Agora, ainda não depois de interceptar um remate de
um adversário.
18. Académica 6 0 2 4 6-13 2

Próxima Jornada Rio Ave-Vilafranquense,

encontram nas suas
residências, disputando-se as
partidas entre os jogadores
que estão em Oslo
Adolfo ter feito um “chapéu” ao guar-
da-redes nacional, após uma bola por
alto ter sido colocada por Ortiz nas
costas de Bruno Coelho e João
é momento de festa,
é momento de estarmos
felizes e orgulhosos,
Portugal, campeão europeu em
título, segue para as meias-Ænais do
Mundial onde terá como adversário
no dia 30 deste mês o Cazaquistão. A
Farense-Trofense, Sp. Covilhã-Nacional,
Mafra-Casa Pia, E. Amadora-Ac. Viseu,
Leixões-Feirense, Desp. Chaves-Penafiel,
Académica-FC Porto B, Varzim-Benfica B

presencialmente e os outros
duelos online. Cada encontro
é disputado à melhor de
quatro partidas de 15 minutos.
Matos.
Pouco depois, a 17 minutos para o
Æm do encontro, Adri fez o 2-0 para
os espanhóis, num livre directo em
que Bebé não Æcou muito bem na
mas ainda falta chegar
ao final do percurso
Jorge Braz
Seleccionador nacional
outra partida das meias-Ænais será
PUBLICIDADE
entre o Brasil e a Argentina. Os
melhores resultados de Portugal em
Mundiais são o terceiro lugar de 2000
e o quarto de 2016.
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Terça-feira, 28 de Setembro de 2021

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A política portuguesa voltou a ser uma coisa divertida

RUI GAUDÊNCIO
autárquicas de 2021. Há qualquer
O respeitinho coisa de novo no ar, que as
não é bonito sondagens manifestamente não
estão a ser capazes de captar e que a
comunicação social não está a ser
capaz de perceber. Talvez Rui Rio
tenha alguma razão quando critica
jornais e televisões por funcionarem
em circuito fechado a partir de
João Miguel Tavares
do PSD graças a Rui Rio ou apesar
de Rui Rio? Não é fácil encontrar
uma resposta para esta pergunta,
mas é ela que deve andar a ocupar a
cabeça de Paulo Rangel desde a
noite de domingo, e é para ela que
terá de encontrar uma solução.
O mesmo se passa do lado do PS.
Estes resultados traduzem um

O
s comentadores
desportivos
costumam ser
óptimos a explicar os
resultados dos jogos
depois de eles
terminarem, e os comentadores
políticos costumam ser excelentes a
explicar o que aconteceu nas
eleições depois de elas
acontecerem. Hoje não gostaria de
ser um desses comentadores.
Admito, confesso e declaro que
Æquei muito surpreendido com o
que aconteceu na noite eleitoral de
domingo, e que ainda ando à
procura de boas explicações para
tantas surpresas.
Eu estava, como toda a gente, à
espera de um recuo no número de
câmaras do PS e de um crescimento
razoável do PSD. Mas não estava à
espera disto. Nunca imaginei que
Carlos Moedas ganhasse a Câmara
de Lisboa. Nunca imaginei que Rui
Moreira perdesse a maioria absoluta
no Porto. Nunca pensei que o Bloco
perdesse dois terços dos seus 12
vereadores e que o Chega tivesse
mais 70 mil votos e cinco vezes mais
vereadores do que o BE. Nunca
pensei que o PS exibisse tantos
sinais de fraqueza numa campanha
onde António Costa deu tudo o que
tinha. Nunca pensei que em tantas
cidades por esse país fora a
arrogância e a barriga cheia de
autarcas incumbentes fossem tão
penalizadas pelos eleitores.
O panorama político português
mudou muito nas legislativas de
2019 e continua a mudar após as
Lisboa, sem conhecerem o
verdadeiro “pulsar” do país. Mas
será que Rio conhece? Na noite de
domingo, o PSD ganhou a batalha
das expectativas apesar das
sondagens ou graças às sondagens?
O PSD foi o partido vitorioso graças
a Rui Rio ou apesar de Rui Rio?
Não me entendam mal: Rui Rio é
um dos vencedores da noite, com
certeza. Mas escutem com atenção
o discurso de vitória de Carlos
Moedas e os “agradecimentos
muitos especiais” aos seus
“estrategas políticos mais
próximos”: SoÆa Galvão, Miguel
Morgado, João Marques de Almeida,
António Leitão Amaro. Quatro
Admito, confesso e fervorosos passistas, cuja simples
evocação deve causar calafrios na
declaro que Äquei espinha de Rui Rio. Carlos Moedas
surpreendido com venceu as eleições apoiado numa
equipa de altos quadros que Rio
o que aconteceu, e atirou para fora do Parlamento em
que ainda ando à 2019 e que continua a querer ver
atrás das costas em 2021. Donde, a
procura de boas questão é mais do que legítima: a
explicações Câmara de Lisboa caiu para o lado
desgaste profundo do Governo de
António Costa e da empáÆa
socialista? Aparentemente, sim.
Mas então porque é que todas as
sondagens continuam a dar o PSD a
15 pontos de distância? A existir tal
desgaste, ele é consequência da
pandemia? Talvez. Mas então
porque é que Marta Temido
aparece como favorita dos
portugueses a suceder a António
Costa na liderança do Partido
Socialista?
Fazer listas de vencedores e
vencidos é fácil. Perceber as razões
e consequências destes números é
muito difícil. No domingo, as
eleições foram uma enorme
surpresa. Mas nem os resultados
dão para dançar em cima da campa
política de António Costa, nem para
concluir que Rui Rio é a melhor
solução para a direita portuguesa
em 2023.
Jornalista
jmtavares@outlook.com

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Colecção
Long John Silver
Um dos maiores piratas de todos os tempos chega a Portugal numa série de quatro álbuns totalmente
inédita. Long John Silver é o protagonista de uma empolgante saga épica que transporta os leitores
por mares agitados, paragens perigosas e universos mágico-religiosos, com companheiros de viagem
imprevisíveis, submetidos a provações que testam a capacidade humana de entendimento. Sob a égide
do clássico A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, a aventura percorre caminhos nunca antes
trilhados que dão acesso a novos tesouros só ao alcance dos mais audazes. Long John Silver é uma
edição de coleccionador, com distribuição quinzenal, à quarta-feira, com o PÚBLICO, por mais 10,90€.

a durraa
em capadu
Colecçãooem

1.º ÁLBUM
Lady Vivian Hastings
Amanhã
Distribuição quinzenal
com o PÚBLICO
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UMA CAÇA AO TESOURO ENTRE DOIS CONTINENTES
A mítica cidade pré-colombiana
de Huayna Capac e a sua imensa
riqueza estão na mira do famoso
pirata e lady Vivian Hastings, dupla
improvável disposta a enfrentar
todos os perigos e obstáculos para
concretizar os seus desejos. Uma
série de coleccionador em quatro
álbuns, inédita em Portugal.
Há uma caça ao tesouro e piratas
carismáticos, conspirações e
obstáculos em locais exóticos,
dramas e fenómenos com coloração
sobrenatural: é de tudo isto que é
feita a série de banda desenhada
Long John Silver, resultado da
colaboração perfeita entre Xavier
Dorison e Mathieu Lauffray,
os autores dos quatro álbuns
que compõem a nova colecção
de BD do PÚBLICO, uma edição
de coleccionador que é publicada
pela primeira vez em Portugal.
Tudo começa no exacto momento
em que chega ao fim A Ilha do
Descubra o
Tesouro, de Robert Louis Stevenson,
que aliás é alvo de citação no início
do primeiro álbum. Figura maior
deste projecto aos quadradinhos
é o famoso e temível pirata e
aventureiro, que empresta o seu
tesouro mais
nome à série, e a sua fantástica
viagem entre dois continentes para
afastar o travo da ociosidade que
o faz emborcar álcool a rodos nas
tabernas do porto de Bristol...
É uma tal Lady Vivian Hastings quem
bem guardado
vem romper esse precário equilíbrio
pessoal, ao propor-lhe um negócio:
encontrar a mítica cidade
pré-colombiana de Huayna Capac
e o seu imenso tesouro.
A bordo do veleiro Neptuno,
da BD
extorquido a otomanos pouco
recomendáveis, Silver, Vivian e
uma tripulação bem peculiar vão
atravessar o oceano Atlântico e
penetrar no interior selvagem e
opressivo da Amazónia, enfrentando
todos os perigos, ameaças e riscos.
Os apreciadores das aventuras
de pirataria estarão, ao ler esta
LONG JOHN SILVER
obra, no seu território de eleição;
o argumento é clássico mas
superiormente desenvolvido, com
um fôlego épico a que o desenho
atribui ressonâncias particulares
– vejam-se as duplas pranchas
generosamente espalhadas ao
longo dos quatro tomos, facilitando
O PIRATA DE PRATA
uma imersão total na leitura. Os
autores conhecem bem os cânones
do género, com o ritmo narrativo
em crescendo a partir de um
arranque relativamente lento e
calmo (contextualização da acção;
De Xavier Dorison e Mathieu Lauffray apresentação das personagens;
explicação do propósito; preparação
para a viagem, etc.) até ao clímax
apoteótico com que termina o último
episódio (“explosão” da acção; balas
assobiando em todas as direcções,
canhões ao rubro, sangue a jorros...).
Desenvolvida entre 2007 e 2013 e
publicada directamente em álbum
pelo editor francês Dargaud, a série
fica a dever-se tanto à excelente
TEXTOS DE CARLOS PESSOA escrita de Dorison como ao desenho
talentoso de Lauffray. Em rigor,
é difícil separar os contributos,
pois este último autor é também
co-argumentista, e talvez isso
explique a simbiose entre a narrativa
e a sua tradução em imagens que é
referida em comentários de leitura
de alguns sites especializados. Pelo
lado do argumento, o perfil clássico
da construção da história é muito
bem compensado pela desenvoltura
com que os acontecimentos se
sucedem, num crescendo que
já ficou registado mais atrás:
um primeiro álbum de introdução;
um enfoque na tensão que vai
aumentando no segundo álbum;
a exploração da floresta opressora
no terceiro volume; e o
protagonismo do templo maldito
com ressonâncias mais mágico-
-religiosas do que fantásticas,
no quarto e último álbum.
O desenho de Lauffray é rico
de recursos, sem poupanças
na representação de espaços e
personagens – cenários detalhados,
planos dinâmicos, protagonistas com
uma expressividade facial poderosa
e, deve ser referido, excelentes
pinturas nas capas. Tal como no
livro que serve de referência à série
Long John Silver, as personagens
estão muito bem construídas ( John
Long Silver e Vivian Hastings acima
de todas, num diálogo permanente
de grande intensidade psicológica
e romanesca) e são ainda melhor
trabalhadas e contrastadas (piratas
violentos e cínicos ombreiam com o
médico honesto e sensível que relata
a história, por exemplo).
Os enquadramentos e a composição
das pranchas chamam a atenção
enquanto, por outro lado, a narrativa
vai evoluindo com fluidez perante
os olhos do leitor. O ambiente de
época e de contexto da história,
quer se trate da Inglaterra do
século XVIII ou das profundezas
da floresta amazónica, passando
pelas sequências em pleno oceano,
também não sofre qualquer reparo.
Em contrapartida, talvez seja
de lamentar o desaparecimento
demasiado rápido de Paris e lord
Byron. Mas faz parte da dinâmica
própria da banda desenhada que
algumas personagens, necessárias
à economia da história, acabem
por ser “sacrificadas” em nome
de um objectivo maior, no caso,
a caça ao tesouro.
Na conjugação de esforços e recursos
que foi necessário pôr em acção, o
que vale a pena referir ainda? Um
dos pontos fortes é o texto bem
trabalhado. Outro é a planificação
das pranchas, claramente acima
da média, de onde se liberta uma
espécie de “perfume”, por vezes
vago, noutros momentos forte,
mas sempre vincado.
Por tudo o que ficou escrito, pode
concluir-se que estamos perante
uma série de primeira água, que
convidamos os leitores do PÚBLICO
apreciadores de boa banda
desenhada a conhecer. Não darão
o seu tempo por mal empregue.
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SEIS PIRATAS FAMOSOS
BARBA NEGRA
(C. 1680-1718)
Edward Teach ou Thatch, mais
conhecido como Barba-Negra, foi um
pirata inglês. Nasceu provavelmente
em Bristol, Inglaterra. Operava nas
águas do Caribe e na costa leste
das colónias americanas. Por volta
de 1716 estabeleceu-se com os
seus seguidores na ilha caribenha
de Nova Providência. Perseguido
pelo governador da Virgínia, morreu
numa feroz batalha naval em 22 de
Novembro de 1718. Líder astuto e
calculista, desprezou o uso da força,
utilizando apenas a sua temível
imagem para obter a resposta
desejada.
HENRY MORGAN
(1635-1688)
Henry Morgan foi um corsário
galês que saqueou grande parte
do Caribe. Associado com o pirata
holandês Eduard Mansvelt e tendo
o governador da Jamaica Thomas
Modyford como protector, formou
uma companhia de flibusteiros que
saqueou repetidamente as colónias
espanholas. Um dos ataques que
ficaria famoso foi a Porto Bello. O rei
Carlos II de Inglaterra reconheceu o
seu contributo à coroa inglesa, deu-
-lhe o título de cavaleiro, nomeou-o
tenente-governador da Jamaica
com a tarefa de controlar a pirataria
na região. Já como governador da
Jamaica, viveu na ilha como rico
fazendeiro até sua morte.
© Dargaud 2021, Dorison & Lauffray - All rights reserved
FRANCIS DRAKE
(c. 1540-1596)
Francis Drake foi um capitão inglês,
vice-almirante do Reino da Inglaterra,
corsário e navegador famoso, e
um político no reinado de Isabel I
de Inglaterra, condecorado como
cavaleiro em 1581. Foi o segundo em
comando da frota inglesa que derrotou
a Armada Invencível espanhola
em 1588. Morreu de disenteria em
Janeiro de 1596, depois de um ataque
fracassado a San Juan, Porto Rico.
As suas façanhas eram lendárias,
tornando-o um herói para os ingleses,
mas um pirata para os espanhóis. O rei
Filipe II de Espanha chegou a oferecer
por ele uma recompensa de 20 000
ducados, soma fabulosa para a época.
JOHN RACKAM
(1682-1720)
John Rackham, também conhecido
como Calico Jack, foi um capitão pirata
inglês actuando nas Bahamas. O seu
apelido ficou a dever-se às roupas
coloridas que usava. Calico é lembrado
por aceitar na sua tripulação as duas
mulheres piratas mais notórias de
seu tempo, Anne Bonny e Mary Read.
Rackham foi capturado em 1720 pelo
caçador de piratas da Marinha Real,
Jonathan Barnet, levado a julgamento
por Sir Nicholas Lawes, governador da
Jamaica, e enforcado em novembro
daquele ano em Port Royal. Deve-se-lhe
a criação da Jolly Roger, designação
das bandeiras de piratas com fundo
preto e caveira branca com ossos
cruzados.
ANNE BONNY
(1702-1782, possível ano da morte)
MARY READ
(1684-1721, possível ano da morte)
Anne Bonny foi uma pirata irlandesa
juntamente com Mary Read. Foram
as duas capitãs mais famosas do
Caribe. A primeira era filha de um
advogado que deixara a Irlanda em
desgraça mas fez fortuna na Carolina
do Norte, Estados Unidos. A segunda
era filha ilegítima da viúva de um
capitão do mar chamado James Kid.
O pirata James Bonny desposou
Anne levando-a para as Bahamas,
mas ela envolveu-se a seguir com
Jack Morim Rackham, um pirata
de algum renome. Para escapar à
justiça, roubaram uma embarcação
e assim começaram uma vida de
pirataria juntos. Anne vestia-se como
um homem, era exímia no uso da
pistola e da espada, e considerada
tão perigosa quanto qualquer pirata
masculino. Em 1720, o navio Revenge
de Morim foi capturado e Anne feita
prisioneira conjuntamente com
Mary Read. Esta morreu de doença,
escapando à forca. Anne Bonny
saiu da prisão em circunstâncias
desconhecidas.
(Fonte: Wikipédia)
A SÉRIE VISTA PELOS AUTORES
Uma entrevista concedida pelos
autores ao editor francês da série
(Dargaud) faz um pouco mais de
luz sobre a génese e objectivos do
projecto. Excertos dessa conversa.
Stevenson havia deixado seu
personagem "em suspense".
Long John Silver era um
bastardo ou não? É bastante
agradável para um entusiasta
de A Ilha do Tesouro estender a
aventura e seguir a psicologia de
um personagem tão misterioso.
Existem outros personagens
"marcantes" que podem fazer-
-vos querer criar uma história?
Mathieu Lauffray: (...) Tenho uma
visão muito pessoal de Long John.
E, de facto, estou muito feliz em
poder dar um ponto de vista sobre
este personagem mítico. Ele é
obviamente uma figura crepuscular.
Ele é o último pirata. Ele sabe
disso, não terá um herdeiro. O seu
mundo está morto. À primeira
vista, muitos outros piratas podem
inspirar-me. Mas estou pensando
antes em ir para uma história da
era de ouro da pirataria, na época
em que representavam uma força
real. Capitão Sangue, por exemplo,
ou outro equivalente francês que
muitas vezes ignoramos. Esta
história iniciada por Xavier é mais
do domínio da aventura do que da
pirataria. É uma caça ao tesouro,
uma expedição, e mostramos o
último gesto do pirata, mas para
mostrar melhor o seu declínio.
Sem portos de embarque,
sem canhões, sem Jolly Rogers
tremulando ao vento!
Stevenson rima com aventura?
Xavier Dorison: Com certeza
(…) Se queremos escapar de uma
história, é melhor deixar um
lugar de onde escapar. Isto vale
para Long John e os piratas: eles
querem escapar da civilização que
é, simbolicamente, uma prisão. No
final do romance A Ilha do Tesouro,
há uma pergunta sem resposta
sobre Long John Silver. Quem é
ele realmente? Stevenson dá a
este personagem uma primeira
aparição, como um personagem
alegre. Depois descobrimos
que ele tem uma personalidade
perigosa, ele é um criminoso. No
final vemo-lo generoso, capaz de
salvar uma criança. Mas nunca
sabemos quem ele é no fundo,
e é isso que tentei aprofundar.
A maneira de fazer isso foi levá-
-lo ao fim do seu destino para
que se revelasse como é, com
verdadeira sinceridade. Insisto no
facto de que tudo isto é feito para
homenagear o escritor: espero que
tenhamos ganho a nossa aposta,
respeitar o trabalho de Stevenson.
Quais os pontos fortes e fracos
de um pirata? Que imagem
do pirata queriam dar de
Long John?
Xavier Dorison: Na minha
opinião, a maior qualidade de um
pirata é ser um sonhador. Ele não
segue os caminhos estabelecidos,
constrói o seu próprio mundo e
os seus próprios códigos. Nisso
ele é um campeão da liberdade.
E a sua maior falha… é ser um
sonhador. Não podemos negar
a realidade indefinidamente
sem pagar as consequências.
Além disso, quem sonha está,
por definição, "em outro lugar",
longe da realidade. No entanto,
essa vida real (para não dizer, a
sociedade) é o único lugar onde
construímos. Silver pode assumir
o controle de todos os navios, ele
nunca os construirá. O seu exílio
da sociedade condena-o a ser um
saqueador, nunca um arquitecto
ou construtor.
Mathieu Lauffray: Um pirata é
incapaz de se submeter a qualquer
sistema de valores diferente
daquele que escolheu. Ele escolhe
o navio em que quer navegar, ele
escolhe a sua missão e nomeia o
seu capitão. Mas não há fim para o
seu gosto inato pelo capricho! (...)
John fascina-me porque ele está
ciente de tudo isto, ao contrário
da maioria dos seus pares. Ele vê
a beleza desta batalha perdida
de antemão. Isto torna-o num
desfrutador consciente da
tragédia do seu ideal. Ele ama
o indivíduo. Ele respeita Lady
Hastings porque vê nela a coragem
de se levantar, de sair do seu
conforto. Assim como ele gostaria
de legar os seus valores ao jovem
Hawkins e depois ao jovem Jack
O'Kief. Ele gostaria que tudo isto
permanecesse. Tem medo do
vazio, medo da morte, chora por
este mundo que mata cegamente
a personalidade em benefício do
sistema.
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OS AUTORES
XAVIER DORISON
Argumentista
Xavier Dorison nasceu em Paris no dia 8 de
Outubro de 1972. Após três anos numa es-
cola comercial – durante os quais lançou
um Festival escolar de BD –, começa em
1997 a escrever o argumento do primei-
ro volume de Troisième Testament (dese-
nho de Alex Alice). Depois disso, trabalha
com Mathieu Lauffray no primeiro volume
da série Prophet, e com Christophe Bec na
série Sanctuaire. Em pouco tempo, Xavier
Dorison alcança um lugar de destaque na
banda desenhada, lugar que é confirmado
por W.E.S.T., série cujo argumento escreve
em parceria com Fabien Nury, para o dese-
nhador Christian Rossi.
Em 2006 é lançado o filme Les Brigades du
Tigre, adaptação da série televisiva com o
mesmo nome, que ele escreve em parceria
com Fabien Nury.
A COLECÇÃO Xavier Dorison e Mathieu Lauffray (textos) Mathieu Lauffray (desenhos)
Volume 1
Lady Vivian Hastings
29 de Setembro
Abandonada pelo marido, embarcado há
vários anos numa expedição que partiu à
descoberta do Novo Mundo, lady Vivian
Hastings permaneceu nas imediações de
Bristol, Inglaterra. Sozinha? Nem por isso!
Consciente dos seus atributos, não lhe fal-
tam pretendentes… Estes, todavia, des-
conhecem a sua preocupante situação
real: financeiramente arruinada e, sobre-
tudo, grávida. Tudo muda no dia em que
Vivian recebe finalmente notícias do ma-
rido, lord Hastings, que terá descoberto
o mítico tesouro de Huayna Capac. Para
que o irmão possa ir ter com ele à Amé-
rica do Sul, manda despojar Vivian de to-
dos os bens e pretende que ela ingresse
num convento. Mas esta, recusando-se a
fazer voto de castidade e de pobreza, de-
cide empreender viagem para assim rece-
ber parte do tesouro. E, apesar dos avisos
do Doutor Livesey, recorre a um bando de
homens de índole duvidosa, cujo chefe é
nada mais nada menos do que o temível
Long John Silver… Vivian faz um pacto de
sangue com este pirata, que se propõe le-
vá-la de barco até ao Novo Mundo a troco
de uma parte do tesouro.
Em 2007, reencontra Mathieu Lauffray para
desenvolver a série Long John Silver.
Em 2008, é convidado a escrever o argu-
mento do primeiro volume de XIII Mystery
(desenho de Ralph Meyer), um spin-off da
série XIII. Com este mesmo autor, virá a criar
Asgard, uma epopeia vicking.
Em 2014, com Thomas Allart, assina o ro-
mance futurista H.S.E. São do mesmo ano
Chant du Cygne e Red Skin, seguindo-se,
Undertaker (2015) e Aristophania (2019).
O mais recente desafio é dar continuidade
às aventuras de Thorgal.
Volume 2
Neptuno
13 de Outubro
Lady Vivian Hastings e Long John Silver
deixaram Bristol para atravessar o Atlânti-
co, rumo à mítica cidade de Huayna Ca-
pac. A viagem anuncia-se muito longa,
perigosa e incerta. Apesar do pacto de
sangue entre os dois (um contrato assina-
do no qual Silver se compromete a elimi-
nar o capitão Edward Hastings e assumir
o controlo do navio logo que chegarem
a Huayna Capac), as tensões entre a bela
Vivian e o temível pirata são muito fortes.
Aliás, tudo indica que o verdadeiro che-
fe a bordo é Silver – para complicar ainda
mais a situação, Vivian tem de esconder a
sua gravidez. A criada Elsie descobre uma
prova de que há piratas a bordo e quando
está prestes a revelá-la é encontrada mor-
ta, esmagada por tonéis. Apesar de os ter
amarrado devidamente, o jovem Jack, pro-
tegido de Silver, é condenado a ser chico-
teado até que confesse a sua negligência,
de nada servindo as súplicas do doutor
Livesey. A tensão a bordo está mais viva
do que nunca, mas já uma tempestade se
anuncia no rumo do Neptuno...
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MATHIEU LAUFFRAY
Argumentista e desenhador
Mathieu Lauffray nasceu em Paris no dia
17 de Fevereiro de 1970. Depois dos estu-
dos liceais, ingressa na École Nationale
Supérieure des Arts Décoratifs, em Paris.
Em 1995, para a sua tese de licenciatu-
ra, realiza, com argumento de Frédéric
Contremarche, uma história em BD intitula-
da Le serment de l’ambre, publicada no mes-
mo ano.
No ano seguinte, Olivier Vatine propõe-
-lhe ilustrar as capas das suas adaptações
de Star Wars em comic books. Em paralelo,
dedica-se a diversos trabalhos de ilustração
para a imprensa e outras áreas.
Em 1997 encontra Christophe Gans, na al-
tura jovem realizador de Crying Freeman,
que lhe propõe trabalhar num ambicio-
so projecto de longa-metragem que não
irá por diante: Nemo, adaptação livre do
Volume 3
Labirinto de Esmeralda
27 de Outubro
Assim que avista a costa da América do Sul,
a tripulação do Neptuno vai finalmente res-
pirar de alívio e poder descansar da dure-
za da travessia, mais perigosa e aterrado-
ra do que estavam à espera. Após a morte
de Jack O’Kief, Long John Silver conven-
ceu a tripulação a amotinar-se contra o ca-
pitão e os marinheiros que lhe são fiéis. O
navio é palco de uma matança, durante a
qual o capitão Hastings é morto e lançado
borda fora com o mapa que indica o cami-
nho até ao tesouro de Huayna Capac. Du-
rante a noite, uma tempestade causa um
rombo sério no caso do navio, sendo ur-
gente acostar para proceder às reparações
que impeçam o naufrágio. A situação é de-
sesperada e os marinheiros começam a du-
vidar da capacidade de liderança de Long
John Silver. O índio Moc, que lhes serve de
guia, propõe a travessia de um estreito ro-
deado de recifes, mas a tripulação quer di-
rigir-se para a ilha de Tortuga. Dantzig, o
imediato do falecido capitão Hastings, in-
tervém para lhes dizer que o navio não re-
sistirá mais de duas horas sem ser repara-
do. É decidido arriscar pela perigosa rota
entre os recifes...
romance de Júlio Verne Vinte Mil Léguas
Submarinas.
Em 1999, os dois criadores renovam a sua
colaboração numa outra longa-metragem
que será bem-sucedida: Le Pacte des Loups.
Em 2000, Lauffray regressa a BD. Com a
cumplicidade de Xavier Dorison, argumen-
tista de Troisième Testament, desenha uma
nova série intitulada Prophet. No segundo
(2003) e no terceiro volumes (2003 e 2005)
é o próprio Lauffray quem assina o argu-
mento e o desenho.
Em 2006 envolve-se na realização de Long
John Silver (quatro álbuns), em parceria
com Xavier Dorison.
Em 2017, Mathieu Lauffray colabora com
Wilfrid Lupano numa aventura da série
Valérian.
Em 2020, lança a solo Raven.
Volume 4
Huayna Capac
10 de Novembro
O índio Moxtechica mostra a sua verda-
deira face ao fugir com o Neptuno e toda
a tripulação, deixando Long John Silver, o
doutor Livesey e Dantzig sozinhos no co-
ração da selva. O pirata não se desorien-
ta e lidera a tarefa de salvar toda a gente,
e em particular Vivian Hastings, seguindo
os sinais deixados pela passagem do na-
vio através da floresta tropical. O caminho
é longo e penoso, mas acabam por che-
gar até um enorme templo escondido no
coração da Amazónia. Esfomeado, Dant-
zig descobre uns ovos enormes e já ante-
vê o prazer de comer uma saborosa ome-
lete... No alto da cidadela, Silver e os seus
companheiros vislumbram Moxtechica,
que lhes atira a cabeça de um dos homens
da expedição desaparecidos mais cedo.
Esse gesto atrai numerosos répteis gigan-
tescos e, para não acabarem no estôma-
go dos animais, os homens sobem preci-
pitadamente a escadaria e penetram por
um acesso estreito ao interior do monu-
mento, na esperança de que isso os po-
nha a salvo dos répteis. Infelizmente, a
pressão dos animais começa a derrubar os
pilares, causando uma enorme derrocada...