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Palavra

Viva

TEOLOGIA BASICA 1
Palavra
Viva
Panorama da bíblia
“ Toda a Escritura é divinamente inspirada por Deus, e proveitosa
para ensinar, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado em toda a
boa obra.”

2 Timóteo 3:16

Perspectiva e Propósito

A mensagem central da Bíblia é o próprio Deus, revelando seu


amor à humanidade. Ela tem o propósito de revelá-lo, bem como Seu
caráter e princípios, além de ensinar o homem, e capacitá-lo para um
viver pleno - em sintonia com o plano divino e com a criação.

Identificação de autores, contexto e cultura

A Bíblia foi escrita ao longo de 35 gerações, por aprox


imadamente 1.500 anos, por autores diferentes, em lugares
diferentes. A Bíblia é muito mais do que um livro de histórias; é a
revelação dada por Deus ao ser humano. Dividida em dois grandes
blocos, a saber: Antigo Testamento e Novo Testamento. Também
chamada de “ Palavra” , é a expressão do coração de Deus.
Uma ferramenta divina, com o propósito de convidar o ser humano a
ouvi- lo.
Abaix o, um resumo das informações iniciais sobre a escrita
bíblica.

➔ Aprox imadamente 35 gerações;

➔ Aproximadamente 1.500 anos;

➔ Aprox imadamente 40 autores;

➔ 3 continentes diferentes (África, Ásia e Europa);

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Palavra
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Pessoas a quem Deus utilizou para enviar sua mensagem.

AUTOR FUNÇÃO

Moisés Líder, Estadista

Amós Pastor de Ovelhas

Pedro Pescador

Lucas Médico

Davi, Salomão Reis

Paulo Rabino, Filósofo

Esdras Sacerdote

Neemias Funcionário Público

Deus usou pessoas diferentes como autores, um desempenha


uma função completamente diferente do outro e sao de ambientes
sociais diversos, m o s t r a n d o q u e E le atua em todos os lugares,
através de qualquer pessoa.

Contexto Histórico

Sobre o contex to histórico podemos dizer que ela não foi escrita em
ordem cronológica. Embora a autoridade da Bíblia convirja sobre o tex
to, e não sobre os eventos que narra, ainda assim é de ex trema
importância ler a Bíblia à luz do período que se origina,

A história tem um significado teológico; a teologia está baseada em


eventos históricos” Sendo assim a história bíblica “ não é um registro
objetivo dos eventos puramente humanos. É um relato comovente dos
atos de Deus na história, conforme opera no mundo para salvar seu
povo. Em consequência ela é teológica, profética, a história da aliança.

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Palavra
Viva

Estilos Literários

Quais os estilos literários que podemos encontrar na Bíblia?

O Antigo Testamento contém pouco material técnico. Na maior parte,


seus conteúdos podem ser descritos sob duas rubricas: narrativas e
poemas

Narrativas

A prosa bíblica se assemelha ao que chamamos de narração


literária, ou seja, em seu núcleo ex istem personagens, que agem em
determinado tempo, movimentando-se em um dado local. Está
presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A Bíblia é rica,
apresenta uma gama de estilos. Diferenciá-los é um caminho para
conhecê-los cada vez melhor e, assim, nos aprofundarmos na
revelação divina.

Poesia

➔ Concisão - A característica principal da poesia é ser sucinta (ou


sintética). A poesia diz muito com poucas palavras. É a maneira
literária mais rápida de causar impacto. Gera meditação
instantânea.
“ O Senhor é meu pastor e nada me faltará” Salmos
23: 1

➔ Paralelismo - Corresponde às repetições. A poesia hebraica


contém elevada proporção de repetições. Vale ressaltar que os
versos paralelos não são estritamente idênticos: são
semelhantes, apesar de apresentarem diferenças. O paralelismo
não “ diz a mesma coisa usando palavras diferentes” . O que é
lido na segunda parte do paralelismo é um complemento, uma
agregação, ao pensamento da primeira parte, de modo
apreciável. Por ex emplo:

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Palavra
Viva
“ Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento
anuncia a obra de suas mãos” Salmos 19: 1

➔ Imagem - Ainda que as imagens sejam encontradas ao longo da


Bíblia, elas acontecem com mais frequência e intensidade nas
porções poéticas. A imagem contribui para a densidade da
poesia, pois, permite aos autores comunicar sua mensagem
usando poucas palavras. A imagem é um modo indireto de falar
ou escrever. Ao contrário da declaração direta, uma imagem
compara algo ou alguém com outra coisa, ou outra pessoa.
Repare no efeito da imagem a partir deste ex emplo:

“ Eu te comparo, minha amada, a uma égua


aparelhada para uma das carruagens do Faraó” .
(Cântico dos Cânticos 1:9)

O estilo literário é muito importante para os nossos estudos, pois


revela uma estratégia de leitura. Funcionam como um veículo estratégico,
por meio do qual o autor comunica sua mensagem ao leitor. Assim,
entendemos que o estilo literário também atua como uma ferramenta
de revelação. A escolha do gênero sinaliza ao leitor como receber a
mensagem.

Mesmo quando tratamos de tex tos proféticos, as narrativas e os


poemas são a base da escrita do Antigo Testamento. A totalidade da
Bíblia conta ainda com outros estilos, apresentados a seguir:

➔ Crônicas ou Narrativas - Um registro de fatos. Por meio desse


estilo, podemos constatar diversas análises sobre o tempo, o
local, o governo e povo da época relatada.

➔ Genealogia - Estilo intimamente ligado à história. Em alguns


momentos no enredo do povo bíblico, foi necessário citar a
árvore genealógica para entender algumas situações, como
entender quem era determinado personagem e a quem estava
ligado.

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➔ Poesia - Os Salmos e os Cânticos são poesias. Foram cantados e
registrados sob diferentes contex tos históricos, por muitas
pessoas.

➔ Histórico - A Bíblia cita acontecimentos, fazendo uma narrativa


de situações passadas.

➔ Profecias - São as palavras registradas com o propósito de ex


pressar uma intervenção dos céus. São revelações sobre o
futuro. Por ex emplo, no capítulo 9 de Isaías, é citado o
nascimento de Jesus há cerca de 700 anos antes de acontecer.

Evidências

A Bíblia foi escrita em múltiplos lugares, abrangendo diversos


contextos históricos, tais quais desertos, vilarejos, prisões, palácios,
montanhas e metrópoles. Deus fala em todos esses lugares. Esses
lugares dão contextos que são muito importantes para a melhor
interpretação da Palavra. As evidências bíblicas comprovam a sua
preciosidade. Evidências são fragmentos, que nos trazem respostas
essenciais ao nosso conhecimento bíblico. Podemos citar algumas:

➔ Unidade literária - A bíblia possui um eix o que está em


harmonia, apesar de ter sido escrita em diversos lugares e por
diversas pessoas;

➔ Profecias cumpridas - Existem palavras na bíblia que se


cumpriram precisamente, mesmo não tendo sido vistas por seus
profetas;

➔ Atualidade - Você lê a bíblia no ano passado e Deus falou com


você, você lê hoje e Deus fala com você. A bíblia é atual para os
episódios sociais e questões do nosso dia a dia;

➔ Efeito transformador - Você pode ler grandes obras, de grandes

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Palavra
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pensadores, porém a bíblia possui, além de
conhecimento, um efeito renovador. É capaz de mudar histórias,
contex to, pois ela apresenta um conteúdo transformador;

➔ Preservação no tempo - A bíblia foi preservada e disseminada.


Atualmente é o livro mais lido, traduzido e vendido no mundo.
Resistiu a guerras, pestes, fome e deserto. Apesar de tudo, ex
iste hoje como antigamente.

“ Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a


minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e
com ele cearei, e ele comigo.” (Apocalipse 3:20)

Muitas vezes usamos este texto para várias ocasiões de


evangelismo. Mas João tinha como alvo um povo: a igreja. Precisamos
ex trair a essência, o contex to, por isso conservamos essa visão sobre
a Bíblia, sobre a Palavra.

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Introdução ao antigo testamento

Noção Geral

Para estudar a Bíblia, é necessário uma noção geral do que está


nela, para melhor entender o que Deus quer nos dizer em Sua Palavra.
Aqui teremos a oportunidade de mergulhar nos ensinos e buscar essa
noção. Sendo assim, o que faremos aqui é traçar um mapa para ter
uma dimensão do Antigo Testamento, que é o primeiro parte da Bíblia,
possuindo trinta e nove (39) livros, os quais foram escritos em
hebraico (com alguns fragmentos em aramaico) e divididos nestas
categorias:

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Cada uma dessas categorias requer um olhar específico e é de
suma importância lembrar das diferenças. Tenhamos em mente que
as categorias se evidenciam com base na intenção dos escritores e nas
características (estilo) de seus livros. Por ex emplo, nos livros
históricos é notável a intenção de narrar uma história enfatizando a
teologia, isto é, contar um fato enriquecendo-o com a presença de
Deus (o Antigo Testamento é marcado pelos relatos da aliança entre
Deus e Seu povo), logo, cada categoria terá atributos próprios.
Pentateuco

É o grupo dos cinco primeiros livros da Bíblia, chamado Livros da Lei,


respectivamente:
➔ Gênesis
➔ Êxodo
➔ Levítico
➔ Números
➔ Deuteronômio.
Foram escritos por Moisés e são conhecidos na bíblia judaica como Torá.
A lei ensina os princípios de Deus e coloca luz sobre o povo para viver
em sociedade; de imensa importância, concedia ordem e sentido às
relações humanas, com seu próx imo e com seu Deus.

Livros Poéticos

Também chamados Livros de Sabedoria, demandam mais cuidado


na análise e interpretação por conta da linguagem metafórica e
subjetividade. Marcado por textos mais artísticos e afetivos,
encontramos músicas, poesias, ditados e orações, muitos deles
pautados na conhecida poética hebraica dos paralelismos. Contam os
sentimentos, os acontecimentos e a liturgia do povo de Israel.
➔ Livro de Jo
➔ Livro de Salmos
➔ Livro de Proverbios

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➔ Livro de Eclesisastes
➔ Livro de Cantares

Dentro desse grupo, um dos mais conhecidos é o Livro de Jó, que


cronologicamente, foi o primeiro livro a ser escrito, e sua autoria é
atribuída a Moisés ou Salomão. Já o Livro dos Salmos é uma coletânea
de canções e possui vários autores, incluindo o rei Davi.

Livros Históricos

Relatam os eventos na história do povo hebreu, destacando suas


conquistas, fracassos e o início da monarquia. Nesse livro, podemos
perceber a ação de Deus junto ao povo judeu. A narrativa histórica
hebraica é marcadamente diferente de outros povos, a preocupação
dos hebreus era sempre falar da aliança com Deus, destacando-a
por meio de linguagem concreta e do uso de imagens específicas à
sua cultura.
➔ Josué
➔ Juizes
➔ Rute
➔ I Samuel
➔ II Samuel
➔ I Reis
➔ II Reis
➔ l Crônicas
➔ II Crônicas
➔ Esdras
➔ Neemias
➔ Ester

Livros Proféticos

Com o foco nas mensagens, estão divididos em duas partes:


Profetas Maiores e Profetas Menores, esse nome se deve ao volume, e não
a importância, dos profetas em si. Pensar nos livros proféticos é como

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pensar em uma coletânea de sermões. Mesmo havendo cinco livros
na categoria dos profetas maiores, esses foram escritos por apenas
quatro autores. Jeremias escreveu dois livros, um homônimo e o
chamado “ Lamentações de Jeremias” .

➔ Isaías
➔ Jeremias
➔ Lamentações
➔ Baruc
➔ Ezequiel
➔ Daniel
➔ Oséias
➔ Joel
➔ Amós
➔ Obadias
➔ Jonas
➔ Miquéias
➔ Naum
➔ Habacuc
➔ Sofonias
➔ Ageu
➔ Zacarias
➔ Malaquias

Datação

Saber que as datas são aproximadas e não exatas, ajuda-nos a


compreender melhor esses livros. Há discordância entre os estudiosos
e suas linhas teológicas, mas verificamos dois padrões de datação
distintos:

Lunissolar

Era o sistema de datação mais antigo, no qual a lua e o sol


definem o calendário, sendo que os doze ciclos lunares somam 354

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dias. Nesse sistema era estabelecida uma relação entre
um acontecimento e outro, como, por ex emplo, uma guerra, uma
enchente, ou um determinado rei. Tal método é chamado de cronologia
relativa. A datação da cronologia Assíria é usada como referência para
entendermos, aproximarmos ou traduzirmos as datas para o padrão
da datação atual. Um dos exemplos desse padrão de cronologia
relativa se encontra no livro de Reis.

“ Quatrocentos e oitenta anos depois que os


israelitas saíram do Egito, no quarto ano do reinado
de Salomão em Israel, no mês de zive, o segundo
mês, ele começou a construir o templo do Senhor.”
(1 Reis 6: 1)

Juliano

É o segundo sistema de datação, criado por Júlio César, baseia-


se num ano de 365 dias divididos em 12 meses de 28 a 31 dias.

Lembre-se: a datação ortodoxa cristã tem o nascimento de Cristo


como referência, sendo assim, as datas das escrituras antes do
nascimento de Cristo aparecerão de forma decrescente. Veja o
exemplo nas tabelas abaixo:

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Não existe um método para datar com precisão. Quando
falamos sobre a queda, dilúvio e Babel, trata-se de eventos muito
antigos que estão fora do calendário-padrão atual. O Pentateuco é o
local, na Bíblia, onde encontramos essas narrativas.
pós essas datas aproximadas, vemos os patriarcas.

Quando chegamos por volta do ano de 1600, estudamos sobre a


escravidão no Egito:

Depois do ano de 1300, segue-se a saída do povo (êxodo), o deserto

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e a chegada à Canaã. Deste ponto até o final, já acontece a produção
dos livros poéticos.

Lembre-se de sempre conferir as diferenças entre os sistemas de


datação.

Logo após, o reino se divide. É a ruptura entre os reinos de Israel e


Judá.

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Observação: O povo hebreu recebe pela primeira vez o Pentateuco
somente na chegada à Canaã. Embora os textos de Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio, se refiram a um período anterior, são
lidos no momento histórico posterior. Atenção para este detalhe: Uma
coisa é entender que a lei foi dada ao povo no deserto, como vemos
em Êx odo 20, outra coisa é o Pentateuco, isto é, a compilação dos
livros. Só foram recebidos em formato escrito quando o povo voltou do
ex ílio. Em suma, eles conheciam a lei, conheciam a própria história,
mas não tinham um “ livro” . No tempo em que a lei foi dada aos
hebreus, o Pentateuco, como nós o conhecemos, ainda não existia.

Observe na página a seguir o anexo com a figura que ilustra os


livros do Antigo Testamento:

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Introdução ao novo testamento
O Novo Testamento narra a vida e a obra do Deus encarnado,
Jesus Cristo; o marco de um novo tempo para toda a humanidade. É
o surgimento do Evangelho, o início da dispensação da graça e da
Igreja, relata a evangelização dos povos do mundo através do
movimento apostólico e a grande revelação para o fim dos tempos.
Ter uma visão panorâmica é essencial para continuar se aprofundando
nos seus estudos. Dentro desse entendimento, vamos agora ao Novo
Testamento, o segundo tomo da Bíblia e que é composto por vinte e
sete (27) livros, sob a seguinte estrutura:

CATEGORIA NÚMERO DE LIVROS

Evangelhos Quatro (4) livros

Livros Históricos Um (1) livro

Cartas (Paulinas e Gerais) Vinte e uma (21) cartas

Livros Proféticos Um (1) livro

Período intercanônico

Antes de nos aprofundarmos no estudo do Novo Testamento, é


importante saber que houve um intervalo entre os escritos do Antigo
e do Novo Testamento chamado de período intercanônico, que teve a
duração aproximada de 430 anos. No último livro do Antigo
Testamento, Malaquias, através desse profeta, Deus exorta Israel por sua
altivez e também cria a expectativa de um renovo da aliança entre
Deus e seu povo.

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Língua

Embora o hebraico seja a língua do povo de Israel, era o aramaico


que se falava nos tempos de Jesus. O hebraico era um “ idioma
sagrado” , reservado para assuntos litúrgicos, como as orações. Não
era usado nas atividades sociais e comerciais comuns, ademais, o
Novo Testamento foi escrito em grego, que era o idioma mundial
corrente, usado no comércio do Mar Mediterrâneo.

Alexandre, o Grande (por volta de 360 a.C.), entendia que a


melhor forma de conquistar outra nação não era simplesmente através
do poderio militar, mas também através da cultura. O povo
conquistado militarmente precisava ser conquistado culturalmente,
assimilando a tradição do povo dominante. O império romano
replicava essa ideia de forma que os povos que eram dominados por
Roma, inevitavelmente, tinham contato com a língua do império. A
língua vernácula ainda era o latim, mas o próprio senado mantinha
seus discursos em grego, entendendo a importância da língua. Para a
expansão do cristianismo era estratégico ter seus tex tos em grego,
pois alcançariam mais pessoas e nações, até onde se estendesse o
império, se estenderia também a proclamação do evangelho. Por sua
força, o império romano absorveu a cultura e filosofia gregas. Estima-
se que por volta do ano 50 d.C o território alcançado era de 4 200 000
km²

O contexto histórico é muito importante para entender os livros


bíblicos. Como exemplo do quanto a perspectiva cultural pode enriquecer
nosso entendimento, segue adiante, uma das possíveis ex plicações
para o “ pei e” como símbolo cristão:
Nos três primeiros séculos, os cristãos foram perseguidos pelo
império romano. Nesse contexto de perseguição, os cristãos passaram
a viver escondidos e criaram um modo de identificar outro cristão, um
deles desenhava um arco no chão ou em qualquer lugar possível, se
a outra pessoa entendesse e desenhasse outro arco, identificavam
que ambos eram cristãos. Os dois arcos sobrepostos formavam um

peixe.

Livros Sinóticos

A proposta dos sinóticos é ter diferentes livros contando histórias


iguais. Ex: Mateus, Marcos e Lucas. Eles não são idênticos, mas
contam as mesmas histórias, expressando percepções diferentes. Os
livros sinóticos são perspectivas distintas que nos enriquecem. Segue
abaixo um gráfico de semelhanças e diferenças:

Diferenças Coincidências

Mateus 42 58

Marcos 7 93

Lucas 59 41
Evangelho de Mateus

Existem algumas dúvidas sobre a autoria do livro, o debate é se


Mateus foi o próprio autor ou se ele foi a “ fonte” utilizada para o livro
ser escrito. O que sabemos é que Mateus foi um dos doze apóstolos (Atos
1: 13) e um publicano (um sinônimo para coletor de impostos); de
acordo com Marcos 2:4, o livro foi escrito para cristãos judeus de fala
grega pois há mais de 100 citações ao Antigo Testamento, promovendo
uma transição para Novo Testamento - o escritor do Evangelho de Mateus
pressupõe que seu leitor esteja familiarizado com o Antigo Testamento.
Essas peculiaridades foram notadas pelo teólogo Broadus David Hale,
ele sugere a possibilidade de que a palavra “ Leuin” , traduzida como “
Levi” em Marcos 2: 14 e Lucas 5: 27, seja mais bem expressa como “
levita” , indicando que Mateus pertencesse à tribo de Levi, já que um
Judeu ter dois nomes não era impossível, mas pouco provável. Se essa
posição estiver correta, isso explicaria o fato de Mateus conhecer tão
bem a tradição judaica e o ambiente da cultura grega.

Data e propósito

Mateus foi escrito entre 65-75 d.C.

O Evangelho de Mateus mostra que seu alvo era o povo judeu, a


intenção do autor é demonstrar que Jesus é o Messias, o filho de Deus,
o verdadeiro Rei prometido por Deus e esperado pelo povo de Israel. O
tema do livro é o Reino dos Céus, e como os outros evangelhos, foi
escrito no momento de separação entre a igreja e a sinagoga. Nessa
separação existiam dois problemas, de um lado havia quem estivesse
usando a salvação pela graça como pretexto para viver uma vida de
promiscuidade, e do outro haviam os legalistas, que impunham uma
lista interminável de “ sim” e “ não” , como regras para o viver diário.
Mateus escreveu para combater os dois erros gerados nesses ex
tremos - o legalismo e o antinomismo. Ainda podemos ressaltar o
aspecto litúrgico do livro, escrito para preencher as necessidades de
adoração e leitura pública.
Evangelho de Marcos

A maioria dos estudiosos afirma que esse é o livro mais antigo


dos quatro evangelhos, entende-se que Marcos é usado como fonte
para os outros evangelhos, tendo em vista que cerca de 95% do seu
conteúdo é usado por Lucas e Mateus (na contramão, apenas cerca
de trinta versículos, dos 661 existentes no livro de Marcos, não
aparecem em Mateus e Lucas). O grego utilizado pelo autor é mais
rudimentar, em contraste aos evangelhos de Mateus e Lucas que
apresentam um grego mais refinado., tendo Marcos como o
evangelho mais antigo. Sua autoria é atribuída a João Marcos, filho de
Maria (não confundir com a mãe de Jesus), foi na casa de Maria onde
Pedro se abrigou depois de ter sido espancado na prisão e conseguido
fugir.

“ E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe


de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde
muitos estavam reunidos e oravam” .
Atos 12:12

A prox imidade entre Marcos e Pedro, revelada nesse versículo, é


confirmada pelos pais da Igreja. Eusébio escreve que Marcos foi
intérprete de Pedro e que escreveu precisamente tudo o que lembrou,
mas não em ordem cronológica. Justino Mártir diz que o livro de
Marcos corresponde às memórias de Pedro. Clemente de Alex andria
afirma que Pedro ainda estava vivo quando Marcos escreveu e que
verificou a precisão da narrativa de Marcos. O autor do evangelho é o
mesmo personagem que Paulo e Barnabé levaram na chamada “
primeira viagem missionária” (Atos 12: 25), pois era primo de Barnabé.

“ Aristarco, meu companheiro de prisão, envia-lhes


saudações, bem como Marcos, primo de Barnabé.
Vocês receberam instruções a respeito de Marcos, e
se ele for visitá-los, recebam-no.”
Colossenses 4:10
Na segunda viagem missionária, Barnabé quis levar Marcos outra
vez, mas Paulo não aceitou (Atos 15:39). No tex to de Colossenses,
citado anteriormente, Marcos é um dos cooperadores do ministério de
Paulo (Filemom 1: 24 confirma esse fato); em 2 Timóteo 4: 11 Paulo pede
para Timóteo levar Marcos. Finalmente, a passagem de I Pedro 5:12-13
relata que Marcos está com Pedro.

Data e Propósito

A datação e o local da escrita do livro de Marcos são alvo de


profundo debate e discordância, mas ousamos dizer que
provavelmente Marcos escreveu da Itália, em Roma, por volta do ano
65 d. C. De um lado, existia a necessidade do registro escrito do
evangelho, e do outro, se o livro foi escrito entre as mortes de Paulo e
Pedro, numa igreja perseguida surge a necessidade de uma
recompensa pela transmissão das boas-novas baseadas no Kerigma
apostólico (mensagem pregada pelos apóstolos), enfatizando a
inauguração do Reino e a revelação do Filho do Homem.

Evangelho de Lucas

Lucas apresenta uma riqueza de vocabulário muito acima dos


outros evangelhos, sua gramática refinada e o estilo fazem crer que
o autor tinha o grego como língua materna e que seja considerado por
muitos como “ uma perfeita jóia grega” . O livro fala sobre alegria como
nenhum outro evangelho, dando ênfase ao Espírito Santo, além de
conferir proeminência às mulheres. Ainda é preciso destacar que os
livros de Lucas e Atos são dois volumes de uma única obra. Lucas foi
o companheiro de Paulo em suas viagens, chamado de “ o médico
amado” . Há referências sobre ele nos trechos a seguir:

“ Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos


e traze-o, pois me é útil para o ministério.”
2 Timóteo 4:11
“ Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também
Demas.”
Colossenses 4:14

“ Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus


cooperadores.”
Filemom 1:24

Uma das evidências que mostra a parceria entre Lucas e Paulo é a


mudança para o pronome “ nós” por quatro secções em Atos. A primeira
em Atos 16:10-17, a segunda em Atos 20:5-1, a terceira em Atos 21:1-
18, e a quarta em Atos 27:1-28. Ao compararmos os companheiros de
Paulo, eliminando aqueles que são improváveis,
nos certificamos tanto da autoria de Lucas quanto da parceria entre
ele e Paulo. Além disso, o conteúdo teológico aponta também nessa
direção, ex istem mais de 100 palavras que aparecem nos escritos
paulinos, que são encontradas apenas nos livros de Lucas e Atos, é
um número que não pode ser ignorado.

Existe um registro da tradição cristã, escrito por volta de 160-180


d. C. Tendo o objetivo de combater uma heresia chamada
Marcionismo, diz: “ Lucas é Sírio de Antioquia, um médico por
profissão, que foi discípulo dos apóstolos, e posteriormente
acompanhou Paulo até o seu martírio. Serviu ao Senhor sem cessar,
solteiro sem filhos, e dormiu com a idade de 84 anos na Beócia, cheio
do Espírito Santo.” ¹ Concluindo, o Evangelho de Lucas se distingue
pelo interesse nas relações pessoais entre pobres e ricos, judeus e
samaritanos.

Data e propósito

É datado por volta de 70 d.C. (depois de Cristo), quanto ao seu


propósito, o próprio início do livro nos oferece orientação,
primeiramente, tinha a intenção de dar certeza às pessoas daquela
comunidade, para que pudessem “ conhecer a verdade” ; em
segundo lugar, tinha a finalidade de apresentar um relato ordenado,
não em relação à cronologia dos eventos, mas especialmente sua
organização e estruturação da mensagem. No que diz respeito à
marcante divergência entre judeus e cristãos, Lucas visava promover
a comunhão entre os convertidos de origens distintas. Finalmente,
havia um problema enfrentado pelos cristãos de segunda geração: a
aparente demora na volta de Jesus - Lucas escreve para que a “
consciência da parousia” (volta de Jesus) fosse melhor compreendida.

Evangelho de João

A simplicidade e a limitação do vocabulário em grego contrastam


com a profundidade teológica. De um lado se apresenta a clareza
marcante, ao passo que de outro uma infindável fonte de sabedoria.
Os críticos modernos tendem a serem bastante resistentes em
receberem o Apóstolo João como o autor do quarto evangelho, apesar
do tex to bíblico dizer: “ Houve um homem enviado de Deus, cujo nome
era João.” (João 1:6). Afirmam ser esse João algum mártir da primeira
geração de cristãos, entretanto, permanece a tradição cristã de que o
autor do Evangelho de João era judeu, testemunha ocular de Jesus e
era o próprio apóstolo. Por ter participado da ceia e ser a única
testemunha, entre os apóstolos, da crucificação, esse evangelho nos
revela a ocasião na qual Pedro pergunta sobre o futuro do discípulo:

“ E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele


discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se
recostara também sobre o seu peito, e que
dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo
Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que
será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até
que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que
aquele discípulo não havia de morrer. Jesus,
porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu
quero que ele fique até que eu venha, que te

importa a ti? Este é o discípulo que testifica


destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu
testemunho é verdadeiro” .
João 21: 21-24

Afirmamos que a tradição cristã crê no testemunho do próprio


tex to, que diz que o autor é o mesmo discípulo amado.

Data e propósito

Foi escrito possivelmente na última ou penúltima década do


primeiro século, sendo o livro mais tardio. O próprio evangelho
declara o seu propósito de forma explícita:

“ Estes, porém, foram escritos para que creiais que


Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” .
João 20:31

À época em que foi escrito, já começavam a surgir as primeiras


sementes do gnosticismo na sociedade da época. Embora também
seja dotado de narrativa histórica, o evangelho de João é característico
por sua intenção de combater o gnosticismo. Sendo assim, era um
livro com veio apologético, isto é, de defesa do cristianismo. Ao
mesmo tempo, tinha cunho evangelístico, visando fortalecer a fé dos
que já criam. As respostas teológicas oferecidas por João, além de
profundas, carregavam em si muito conhecimento prático. Uma união
completa de elementos teóricos densos e uma linguagem tranqüila,
voltada para o povo.

Atos

É um livro histórico, e dos livros do Novo Testamento, Atos é o


único que visa apresentar uma narrativa dos fatos imediatamente
seguintes à morte e ressurreição de Cristo, os primeiros passos e
desafios. Se o evangelho prevê a igreja e as epístolas pressupõem a
Igreja, o livro de Atos faz uma ponte entre os evangelhos e as

epístolas. Sendo assim, esse livro foi escrito para descrever o


surgimento e o desenvolvimento da Igreja. A autoria, já mencionada, cabe
a Lucas, e foi escrito depois do evangelho, provavelmente na década
de 60 d.C.

Propósito

“ Uma narrativa de tudo que Jesus começou não só a fazer, mas a


ensinar” . A história apresentada em Atos não se reduz aos atos dos
apóstolos ou até mesmo aos atos da igreja. É preciso entender que as
ações e eventos narrados em Atos são necessariamente a continuação
das obras de Jesus, “ Lucas interpretou e escreveu sobre os eventos
para dar certeza a cada cristão daquela geração e, por
ex tensão, aos cristãos de todas as gerações, de que o movimento
cristão não resultou de especulações filosóficas humanas, de
interesse político, tão pouco de narrativas mitológicas ou lendas; mas,
de uma revelação do único Deus verdadeiro, demonstrando no tempo
e na história a iniciativa graciosa e amorosa de Deus em cada
etapa: seja na sua encarnação, no seu ministério, na sua morte, e na
ressurreição, a ex altação do Senhor Jesus Cristo” .

Cartas

Ao contrário do que se supõe, as cartas foram escritas antes dos


evangelhos. Os evangelhos foram escritos somente alguns anos após
o registro de todas as epístolas. As cartas foram escritas para
resolverem problemas teológicos, ou ainda questões práticas na
vida das comunidades que acabaram de nascer. Eram levadas ao
seu destinatário por alguém de confiança para que a carta pudesse ser
lida pela comunidade. Cartas eram usadas para a comunicação
comercial, oficial ou particular e também tiveram utilidade até mesmo
como uma espécie de anúncio público, “ cartas abertas” que
informavam ao público sobre itens dignos de nota.

Dois modelos se distinguiam: “ cartas genuínas” e as “ epístolas” .


A carta era pessoal e dirigida a uma pessoa em particular tratando de
uma questão específica, já as epístolas eram dispositivos literários,
tendo em vista uma audiência maior de leitores, sua finalidade era ser
publicada pois havia a intenção de que seus argumentos fossem
conhecidos - os tex tos bíblicos se enquadram nas duas descrições. À
época, o comum era uma média de 90 palavras, sendo que o normal
das epístolas era por volta de 200 palavras. As cartas de Paulo tinham
em média

1300 palavras; Filemom, a menor carta de Paulo, tem 335


palavras; Romanos, a maior, tem 7.101; Fica claro que as cartas de
Paulo eram endereçadas a pessoas e públicos específicos, mas a
universalidade e a profundidade de seus conteúdos fizeram com que
fossem consideradas verdadeiras composições literárias, conhecidas
como “ epístolas” .

Amanuenses

A maior parte das cartas foi escrita por escribas profissionais, eles
eram chamados “ amanuenses” , e cobravam pelo número de linhas. De
costume, a carta começava com o nome do remetente e um título que
o identificaria ao receptor, seguia uma saudação (os judeus usavam “
paz” ). A carta era feita de papiro enrolado e escrita com tinta de
pouca qualidade, era necessário que o amanuense
usasse o tinteiro constantemente, e no fim do processo, o amanuense
cortaria o papiro no número equivalente ao de “ páginas” , depois
enrolaria e selaria com cera.

Cartas paulinas

As epístolas são divididas em dois grupos: Paulinas e Gerais, sendo


as primeiras escritas somente por Paulo e as últimas por outros
apóstolos. Vamos começar tratando das categorias entre as próprias
cartas paulinas. São treze (13) ao todo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo,
Tito e por último a epístola de Filemom.

Durante a segunda viagem missionária em Corinto, entre os anos


49 e 52 d.C, Paulo escreveu I e II Tessalonicenses. No curso da terceira
viagem missionária, entre 52 a 56 d. C, quando se encontrava em Éfeso,
escreveu I Coríntios e a carta de II Coríntios foi escrita ainda na terceira
viagem missionária, quando estava na Macedônia. Gálatas e Romanos
escreveu estando na cidade grega de Corinto.

Durante o primeiro aprisionamento em Roma, por volta de 58-60


d. C, escreveu Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon; e as epístolas
pastorais, que são as duas cartas a Timóteo e uma a Tito, foram escritas
entre 62-65 d. C. Escreveu 1 Timóteo estando na Macedônia e a carta a
Tito pode ter sido redigida lá também (ou em Corinto); por fim, 2 Timóteo
foi escrita em Roma, pouco antes de sua morte.

A carta aos Tessalonicenses é reconhecida por seu viés escatológico,


já as cartas da terceira viagem missionária, falam de soteriologia
(doutrina da salvação). Por sua vez, as cartas que Paulo escreveu na
prisão, ensinam sobre cristologia. Por uma questão lógica e prática,
as epístolas pastorais dão ênfase à eclesiologia (ensinos sobre a
igreja). Vale lembrar que muitas cartas tratam de todas as doutrinas,
a distinção é para fins de estudo e revela as particularidades.

Cartas gerais

Como supracitado, foram escritas pelos outros apóstolos e são


oito (8) no total: Tiago; 1, 2 e 3 João; 1 e 2 Pedro; Judas; Hebreus. São
encíclicas, isto é, não foram endereçadas a uma igreja específica, mas
a todas as igrejas.

A epístola de Tiago é considerada literatura de sabedoria e funciona


no Novo Testamento como “ Provérbios” funciona no Antigo
Testamento.
Em I Pedro a palavra-chave é “ esperança” . Foi feita para os cristãos
que estiveram debaix o de pressão durante muito tempo e ainda
enfrentariam muitos desafios. Pedro ex orta aos seus leitores que
transformem suas esperanças em algo atraente para as pessoas da
sociedade em que vivem, dando conselhos práticos para ajudar nas
relações do dia a dia. Tanto em II Pedro quanto em Judas o objetivo é
a defesa da fé. Os autores se preocupam com os falsos mestres,
combatendo suas heresias e advertindo seus leitores do engano e do
estrago que estes produziam.

As epístolas joaninas também foram escritas com o propósito de


advertir os cristãos dos falsos mestres e suas heresias, que é um dos
sinais escatológicos, esses falsos mestres haviam sido membros da igreja,
mas são tratados como crentes ilegítimos e estão agrupados debaixo do
espírito do anticristo. As epístolas de João apresentam quatro pontos em
comum:

➔ Escatologia - A promessa da vinda de Jesus, a vida eterna, e o dia


do juízo como sendo atividade do próprio Cristo.

➔ Morte de Cristo - Apresentada como propiciatória, a morte de


Cristo é ensinada no evangelho de João para despertar a fé, ao
passo que nas epístolas foram escritas para aprofundar a
convicção do crente.

➔ Espírito Santo - É aquele que está presente no cristão. Nos


evangelhos o Espírito aparece, e nas epístolas é uma forma de
autenticar a experiência da salvação.

➔ Centralidade de Cristo - No evangelho de João, Deus é


apresentado como Espírito ( O Espírito de Deus) enquanto na
epístola João se preocupa em apresentar Jesus Cristo como o
centro da nossa fé.
Hebreus

O livro de Hebreus se diferencia dos demais livros da bíblia, tem


início como um tratado teológico, continua como um sermão e termina
como uma carta. O vocabulário se revela no melhor grego literário do
Novo Testamento e o conteúdo do tex to mostra que o autor está
bastante familiarizado tanto com o Antigo Testamento quanto com a
forma que era interpretada no primeiro século. A autoria de Hebreus é
alvo de muita especulação até os dias de hoje, podendo ser Paulo, Lucas,
Barnabé, Apolo ou Silvano, e, apesar de muitas hipóteses, o consenso
repousa na impossibilidade de identificar o real autor.

Propósito

O livro foi escrito com o propósito de evangelizar Judeus não


convertidos, apresentando Jesus como o messias prometido de Israel,
além de advertir contra a apostasia e de exortar a maturidade cristã.

Apocalipse

Encontramos três gêneros literários distintos em Apocalipse:


epístola, profecia e o próprio gênero apocalíptico. O Livro de Apocalipse
precisa ser visto como fonte de fé e motivação para os cristãos na luta
contra o sofrimento, pois o maior objetivo deste livro é produzir “
esperança” no coração do cristão diante de desafios cada vez maiores.
A literatura apocalíptica pode ser considerada um “ tratado para
tempos difíceis” e surgiu em um momento onde a voz profética estava
escassa, com o propósito de dar direcionamento ao povo. Buscava
responder questões fundamentais, como o sofrimento dos justos, e
apontava para um tempo futuro onde Deus iria intervir para julgar o
mundo e estabelecer a justiça. É possível traçar algumas
características que diferenciam esse livro profético.
➔ Escatológica - por apontar para o futuro;

➔ Significação histórica - com o peso do sofrimento e da


perseguição, o Apocalipse mostra o significado da história e
sua direção.

➔ Defesa radical dos justos - Lembrando que estes eram, e


ainda são espremidos pelo sofrimento e perseguição, o livro
é uma resposta ao anseio dos escolhidos.

➔ Visões - são usadas como meio de revelação da mensagem.

➔ Simbolismo - ao invés do que o senso comum costuma


imaginar, o simbolismo em Apocalipse não tem o objetivo
de amedrontar o leitor, mas de ajudá-lo a compreender a
obra de Deus frente ao fim da história. O símbolo tanto serve
ao fim de expressar o significado de realidades espirituais,
de forma a serem mais facilmente assimiladas, quanto
funciona como barreira àqueles que não conhecem seus
significados.
Existia naquela época um grupo chamado Concilia, formado de
oficiais romanos que andavam de cidade em cidade com o propósito
de promover o culto ao imperador. Dentre suas competências, esse
grupo ouvia as acusações feitas contra quem se recusava a dizer “
César é Senhor” , esses eram levados para fazer a sua confissão em
público e sua resistência era punida com a morte. Durante esse
momento, localizado no primeiro século, vários templos foram
erguidos por todo o império, César Domiciano, ao se declarar a
personificação da deusa do império romano, foi o primeiro imperador
a forçar essas práticas de culto. João, movido pelo Espírito, escreve às
igrejas mostrando quem é o Senhor da História. Ele convocava o povo
de Deus a ter fé e esperança até o fim.
Não devemos perder de vista o tom profético do livro, as profecias
apontam para fatos reais que aconteceram no passado, que estão
se realizando no presente e que se realizarão no futuro, até o fim da
história. Esses eventos reais são descritos de maneira simbólica,
lembrando mais uma vez que essas profecias são dadas por meio de
linguagem simbólica, seria um erro terrível as interpretar literalmente
sem levar em conta seus profundos significados.

Datação

Depois do ano 50, as primeiras cartas que temos registro por ordem
cronológica são 1 e 2 Tessalonicenses. Logo depois veio Gálatas,
seguida de 1 e 2 Coríntios, continuando o registro veio Romanos e, por
fim, Tiago.

Na década de 60 temos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.


Quando estamos chegando à década de 70 temos 1 e 2 Timóteo e Tito; 1
e 2 Pedro aparecem ainda na década de 60, bem como o livro de
Hebreus.
Chegando à década de 70 temos o aparecimento do livro de Marcos,
seguido de Mateus, e no final da década de 70 registram-se Lucas e
Atos.

Na década de 80 vemos Judas, e na década de 90, Apocalipse,


João e às três epístolas de João.

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