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01/11/23

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QUARTA

EXEGESE.
O CARÁTER DISTINTIVO DA EXEGESE.
1 – SIMPLIFICANDO O ASSUNTO → A exegese consiste em um comentá rio,
uma explicaçã o para esclarecer textos ou passagens obscuras dos escritos
antigos.
2- Existe uma diferença entre o sermã o e a exegese; entre a homilética e a
prá tica exegética. O sermã o é a elocuçã o, a pregaçã o, ao passo, que a exegese
deve ser a base ou alicerce dessa pregaçã o. É na exegese que o mensageiro
encontrará o subsídio para sua prédica.
3 - A exegese se torna necessá ria, principalmente, quando se trata de texto
obscuro ou de difícil entendimento. O pregador deve pregar, também sobre
esses textos. Isso nã o quer dizer que é desnecessá rio fazer exegese de textos
de fá cil compreensã o, visto que exegese revela certas nuances do texto que
uma leitura comum nã o pode revelar.

A EISEGESE → Contrá rio, totalmente antagô nico à exegese. Na exegese o


analista deriva do texto as suas verdades mais implícitas, na eisegese
introduz no texto pensamentos que o texto nã o contém. A eisegese é
completamente indesejável ao honesto estudioso da Bíblia Sagrada. Tal
princípio é utilizado pelo teó logo liberal partindo do ponto de vista de que a
interpretaçã o da Bíblia deve partir da necessidade do povo e das aplicaçõ es
laicas. O teólogo reformado interpreta Bíblia olhando para a Bíblia, o
intérprete liberal parte das aspirações e necessidades humanas → um
claro exemplo desta assertiva é o nomear dos cultos em nossos dias:
Família, rosa, varões, vitória, virada... Quando a Bíblia é clara em nos
ensinar que o culto é a Deus, Deus NÃO nos dá culto! Expressõ es que
ouvimos em nosso meio.

DA RELAÇÃO DA EXEGESE COM OUTRAS CIÊNCIAS. O estudante da Bíblia,


sempre buscará subsídio em outros campos, tendo como afã a elucidaçã o do
texto em que se debruça, estes campos lhe fornecerã o luzes importantes à
interpretaçã o textual – Vejamos algumas ciências:

1- Hermenêutica → É a mã e, por excelência da Exegese, não há exegese se


não houver aspiração hermenêutica. O produto final da exegese é o que se
denomina, hermenêutica propriamente dita. Ela é definida como: Ciência ou
Teoria da Interpretação. Nos conduzirá à interpretação correta dos
tipos, figuras, símbolos, bem como das situações sociais, culturais,
religiosas, políticas, etc. dos tempos bíblicos. Enquanto a Exegese é a
ferramenta, a Hermenêutica é a prá tica, o produto da açã o do ferramental
exegético sobre o texto. Todo hermeneuta deve partir da exegese bíblica
para chegar à compreensão do texto.
2- Gramática → O pensamento do texto é expresso por palavras, daí a sua
relaçã o com a gramá tica. O estudante da Bíblia, precisa conhecer as
gramá ticas das línguas originais.
3- Lógica → A ló gica é a ciência do correto pensar. O exegeta precisa ter
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pensamentos bem ordenados e ló gicos. A Bíblia apresenta a ló gica de Deus
para o homem, nã o há nada sem propó sito, tudo tem um sentido real e
ló gico, mesmo quando revestido de um tom espiritual ou, mesmo,
miraculoso.
4- Geografia Bíblica → É a geografia que estuda a topografia da Palestina e
de todo o mundo bíblico; cidades, habitantes, planícies, montanhas, rios
mares e desertos e regiõ es em redor, bem como, produtos agrícolas,
minerais, etc. É necessá rio este conhecimento para se interpretar bem certos
textos. Ex. o que a Bíblia fala da distância em que estava Jesus, quando
do falecimento de Lázaro? Por que a Bíblia narra este detalhe?
5 – História →Conhecer as relaçõ es entre o povo escolhido e as naçõ es
vizinhas, especialmente as grandes monarquias como: Egito, Assíria, Caldéia,
Babilô nia, Média, Pérsia, Grécia, Macedô nia e Roma. A peculiaridade de
cada um, seu perfil, seus costumes, suas cores, seus deuses, sua
cultura... É necessá rio, especialmente, conhecer a histó ria e cultura dos
hebreus, como por exemplo: seus usos e costumes, suas instituiçõ es civis,
seus ritos e cerimô nias religiosas...
6 – Cronologia → A cronologia bíblica abrange questões difíceis e
complicadas eis um terreno em extremo perigoso, que o estudante da
Bíblia deve atentar bem! Muito embora seu conhecimento é necessá rio
para uma boa interpretaçã o. Cabe dizer e avaliar, que uma contagem
errada, pode produzir uma heresia!
7 - Línguas originais → É necessá rio conhecimento das línguas originais
(hebraico, aramaico e grego), para uma correta exegese. Não devemos nos
assustar com o enunciado, posto que hoje temos acesso às línguas
originais, como Bíblia online, logos Bible, Sword de Lord...
8 – Arqueologia → A arqueologia bíblica é importantíssima, principalmente,
a partir do século XVIII, quando descobertas importantes no campo da
arqueologia vêm incidir luz sobre o texto bíblico, principalmente, sobre o
texto veterotestamentá rio, como por exemplo, os MM (Manuscritos do Mar
Morto).

O PASSO A PASSO DA EXEGESE.


1 – Escolha do texto - É possível se fazer exegese de qualquer texto, mas, a
exegese pressupõ e que o texto deva apresentar alguma dificuldade. À s vezes,
esta dificuldade nã o é aparente na versã o, mas, no texto original sim.
2 - Delimitação da *pericope* (passagem da Bíblia) - É o estabelecimento
do contexto pró ximo anterior e pró ximo posterior, isolando-se assim a
pericope completa a ser estudada. Deve-se observar o conteú do do texto,
verificando-se: o início e fim do assunto tratado na pericope.
3 – Autoria - É preciso apresentar o autor e todas as nuances possíveis que
envolvam a sua personagem. Aspectos, idade, situaçã o cível, moral, religiosa,
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formaçã o cultural, etc.
4 - Datação - Diz respeito à época, nã o basta dizer o ano, mas todas as
circunstâ ncias que envolviam o profeta no seu contexto. O mais claro
exemplo disto, encontramos ao estudarmos os profetas (Is à Ml).
5 – Destinatários - É importante estabelecer os destinatá rios do escrito
alvo. Nã o basta apenas dizer a quem, mas, descrever o indivíduo ou
indivíduos ou povo a quem se dirige.
6 - Razão ou motivo - É preciso levantar o motivo ou motivos que levaram o
autor a escrever. Tais motivos podem possuir vá rias nuances, como: do ponto
de vista do destinatá rio, do ponto de vista da situaçã o circundante, do ponto
de vista do pró prio autor. Ex. Qual teria sido a razão de Paulo escrever Gl
6. 11? ... grandes letras vos escrevo...
7 - Análise da estrutura literária do texto - Essa é a aná lise que nos
permite conhecer toda a estrutura do texto, seja, linguística, histó rica,
estilística, social, política, teoló gica e analó gica. É também uma maneira de
separar, estruturalmente o texto, destacando os aspectos particulares do
texto. Nessa aná lise, é possível: determinar a estrutura do texto, observando,
seu estilo literá rio, e conhecer, por exemplo: seus paralelismos: histó ricos,
sínteses, antíteses, sinonímias (o que tem significado idêntico, ou muito
semelhante), figuras de linguagem, etc.
8 - Esboço do texto - É no esboço que o exegeta vai traçar as liçõ es do texto,
derivando do texto o seu ensino central e periférico. Seria levantar os
pensamentos latentes no texto.
9 - Comentário do texto - O comentá rio já é a exegese em sua forma final,
ou seja, a exegese propriamente dita. O exegeta deve tecer os seguintes
comentá rios sobre texto:
a) Filoló gico → Dá o sentido de cada palavra do texto Ap 3. 20; Sl 84. 6.
b) Hermenêutico → Procura interpretar o texto dentro do seu contexto
político, social, histó rico, literá rio, etc. A hermenêutica busca o
verdadeiro sentido do texto.
c) Teoló gico → Dá interpretaçã o ou sentido teoló gico doutriná rio do
texto At 8. 36.
d) Prá tico → Dá as liçõ es de ordem prá tica do texto. Seria a
contextualizaçã o da mensagem. A exegese é no aspecto prá tico:
Trazer o lá e o então para o aqui e agora.

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