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Lição 5

COMPOSIÇÃO:
CONHECENDO AS PARTES

Fundamento do Estudo Bíblico

As próximas três lições lidarão com os aspectos do Método Sinté-


tico ou do Livro Inteiro para o estudo bíblico. O livro a ser examinado
será Habacuque. A palavra sintético não deve nos alarmar! Ela vem de
dois pequenos vocábulos gregos, que significam “juntos” e “pôr”; assim,
sintético significa “pôr juntos”.
Nesta e na próxima lição, empregaremos outras palavras incomuns.
Não desanime, caso não recorde ou conheça alguns desses vocábulos. O
mais importante é a ideia por trás dessas palavras. Caso você se lembre
de algumas das palavras, ótimo! Estas lições servirão de fundamento a
todo futuro estudo bíblico que você vier a fazer. Portanto, certifique-se
de haver compreendido cada ponto antes de passar ao próximo.

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Esboço da Lição

1. Definindo o Método do Livro Inteiro;


2. Princípios de Composição;
3. Grupos de Recursos Literários.

Objetivos da Lição

Ao concluir esta lição você será capaz de:


1. Utilizar o Método Sintético em seu estudo bíblico e identi-
ficar os mais importantes princípios de composição;
2. Definir sucintamente cada um dos recursos de composição
apresentados nesta lição;
3. Demonstrar melhor comunicação da mensagem bíblica aos
outros.

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TEXTO 1 | DEFININDO O MÉTODO
O MAPEAMENTO DO LIVRO DO LIVRO INTEIRO
NO MÉTODO SINTÉTICO

O método sintético, ou do livro inteiro,


Quando um arqueólogo vai cavar uma região
é da espécie do método indutivo, assim à procura de restos de civilizações antigas, ele
como os demais aqui estudados (tópico, trabalha a partir de uma pesquisa ampla e geral
biográfico e devocional); valoriza primor- da área, até os mínimos detalhes, onde até o pó
dialmente o pressuposto de unidade da é peneirado em busca de artigos de interesse. Ele
Escritura; constitui-se de pesquisa do tex- entra no local e faz um levantamento do terreno.
to e de seu contexto, consubstanciando a
Então, demarca-o em seções. O arqueólogo e
parte da hermenêutica que se denomina
“exegese”; consiste em uma visão pano- sua equipe de trabalhadores nunca começam
râmica (mapeamento) do conteúdo do uma “escavação”, sem antes fazer essa cuidadosa
livro; difere do método analítico porque pesquisa. Só então, eles realmente cavam procu-
este se atém à pesquisa minuciosa de se- rando por detalhes. Cada achado é eventualmente
ções (versículos, parágrafos, capítulos). examinado por completo, fotografado e registrado.
São indispensáveis ao método sintéti- Mas o arqueólogo não chega aos detalhes até que
co as perguntas factuais (identificadoras, tenha medido e feito um levantamento de toda a
temporais, locais, de modo) e reflexivas colina ou campo onde planeja trabalhar.
(definidoras, racionais e implicativas).

Tendo em vista que o contexto (imedia- O Método Sintético de estudo bíblico corres-
to ou remoto) é que define o significado ponde à pesquisa ampla e geral, que o arqueólogo faz
do termo, é muito importante associar o primeiro. O estudante da Bíblia é capaz de encontrar
potencial do campo semântico ao propó- o tesouro de significado mais rico nos detalhes das
sito do autor no texto examinado, assim Escrituras, quando primeiro vê o livro, ou a passagem
como às questões literárias. É por isso
principal a estudar, como um todo unificado.
que, de acordo com Grant R. Osborne, o
estudo do contexto da passagem diz res- Lembremo-nos que sintético significa “pôr
peito ao “contexto lógico” (p. 46, 47).
juntos”. O Método Sintético (ou Método do Livro
O contexto histórico é igualmente in- Inteiro) fornece uma visão geral do livro, uma “vista
vestigado no âmbito do estudo sintético, aérea”. Este método pode ser usado com uma parte de
momento em que o leitor deve tentar
um livro, se a parte for uma unidade (como um salmo
responder, à luz do texto e do contexto
das Escrituras, quem escreveu, a quem,
ou o Sermão do Monte), que pode permanecer sozinha.
quando e por quê, o que pode revelar
O primeiro passo no Método Sintético é ler
informações úteis acerca de autoria, des-
tinatários, ocasião da escrita, situação his-
o livro inteiro. Escolhemos um livro curto para
tórica e propósito. este estudo, a fim de que você possa lê-lo de uma
só vez. Ao chegar ao ponto de aplicar o método,
Nesse mister, o leitor deve buscar um
entendimento próprio do livro, lido, se
você estará procurando por informações específicas,
possível, “de uma sentada”; deve também enquanto relê o livro. Quando houver reunido as
fazer anotações, resumos e diagramas, informações por escrito, você fará um resumo,
talvez tentar um gráfico simples. Qualquer que

80 Hermenêutica Bíblica I
seja a forma que usar para resumir, você terá uma
boa compreensão geral do conteúdo e da mensagem esboçar todos os parágrafos, reconhe-
do livro. Então, assim como o arqueólogo e seus cer questões literárias básicas (gênero,
estrutura, estilo, figuras de linguagem)
tesouros, você poderá examinar cada pequena seção
e, em seguida, vincular todas as partes e
do livro em estudo e descobrir que a Santa Palavra verificar se há necessidade de revisão das
de Deus não pode ser exaurida! Enquanto vivermos, observações, interpretações, avaliações e
poderemos vir outra vez e de novo às passagens e, à correlações anteriormente aduzidas. Essa
cada vez, encontrarmos nova inspiração. revisão pode receber o auxílio de fontes
secundárias (dicionários do vernáculo, di-
cionários bíblicos, léxicos, atlas, comentá-
rios bíblicos, livros de hermenêutica).
EXERCÍCIOS
O método sintético é fundamental aos
demais métodos de estudo, sendo valio-
5.01 Assinale as informações que dizem respeito
so para a preparação de sermões e para
ao Método Sintético. quaisquer outras finalidades relacionadas
___a) É o mesmo que Método do Livro ao manejo da Bíblia.
Inteiro;
Referência bibliográfica:
___b) Trabalha com uma imagem geral;
OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica:
___c) Estudo de detalhe particular;
uma nova abordagem à interpretação bíblica;
___d) Visão panorâmica; tradução de Daniel de Oliveira, Robin. Mal-
___e) Posto junto; komes, Sueli da Silva, Saraiva. São Paulo: Vida
Nova, 2009, 766p.
___f) Procura por detalhes.
___g) Todas as alternativas estão corretas.

5.02 Quando aplicar o Método Sintético, seu plano de ação será ler:
___a) O livro todo, escrever os títulos dos capítulos, e escolher
o melhor versículo;
___b) Ler qualquer pequena porção, analisar cada detalhe, e
fazer um gráfico de seus achados;
___c) O livro todo de uma só vez, procurar informações especí-
ficas e fazer um resumo delas.

TEXTO 2 | PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO PRINCÍPIOS DE COMPOSIÇÃO E


FORMAS DE ELABORAÇÃO
A composição põe várias partes juntas para
A hermenêutica bíblica desenvolve-se
fazer delas uma coisa só, um todo. Uma compo- em três dimensões: história, literatura e
sição pode ser uma pintura, uma peça musical,

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 81


uma poesia ou a linguagem escrita. Qualquer que
teologia – é o que Köstenberger e Patter- seja a composição, expressará unidade. Ela terá início,
son chamam de “tríade hermenêutica”.
meio e fim. Se for uma obra de arte, terá várias partes
O estudo dos princípios de composição,
que se encontra na dimensão literária,
que se fundem para formar uma unidade.
está intimamente relacionado a doutrinas
Uma composição de palavras deve comunicar
como inspiração divina, autoridade bíbli-
ca, inerrância e unidade das Escrituras, e
pensamentos. Deus concedeu ao homem a
não se deve supor que as formas literárias linguagem. Com a linguagem veio a ordem, o
tenham sido escolhidas sem estreita co- arranjo e os princípios que tornam possível a
nexão com o conteúdo revelado e o pro- comunicação. Todo idioma tem ordem, embora
pósito do Espírito Santo. um possa diferir do outro.
Princípios ou padrões de composição,
também chamados de “recursos literá- As pessoas geralmente não consideram que os
rios”, “técnicas de retórica” ou “modelos autores da Bíblia tivessem um plano em mente,
estilísticos” (cf. OSBORNE, p. 62), são for- quando se sentaram para escrever o que sabemos
mas literárias empregadas pelo autor em ser a Sagrada Escritura. Damos a devida atenção à
cada parágrafo, a fim de veicular as ideias
inspiração dada pelo Espírito Santo a esses homens,
de modo apropriado, o que envolve os as-
pectos de argumentação e estética. Grant
mas negligenciamos compreender que o Santo
R. Osborne, citando alguns autores, ensi- Espírito usou as habilidades dos próprios escritores.
na que tais recursos exprimem relações As Escrituras são inspiradas pelo Espírito Santo no
de seleção; causa e efeito, e solução de conteúdo e na mensagem, e o Espírito Santo usou
problemas; comparação; descrição; e mu- os escritores, seu idioma, seu vocabulário e os estilos
dança de expectativa (cf. pp. 63-68).
literários da época de cada um.
Formas de elaboração, por sua vez, fo-
ram as maneiras pelas quais os autores Tinha de ser assim, porque o Espírito Santo
bíblicos deram consubstanciação à inspi- estava comunicando a Verdade. Comunicamo-nos
ração recebida: não há diferença na inspi- com as pessoas utilizando as formas de linguagem
ração, mas a forma como se deu o registro
que elas compreendem.
escriturístico é diferente em cada autor ou
Livro, e seu conhecimento contribui para Estou me demorando na explicação dos
a interpretação do texto correspondente.
princípios de composição, porque eles são impor-
Podemos afirmar que Moisés compilou tantes. Tenho certeza de que você reconhecerá
tradições orais e escritos antigos, incor- muitas das ideias que esses princípios representam.
porando-os ao Pentateuco, que também
é composto de leis, histórias, cânticos, Consideremos o apóstolo Paulo. Ele sabia que
profecias e de textos escritos “com o estava escrevendo cartas. Ele usava o modo costu-
dedo de Deus” (cf. Êx 31.18); nos Livros de
meiro para cartas em seus dias. Suas saudações são
Reis e Crônicas há os assentamentos pró-
prios dos palácios reais; há entre os vários bem semelhantes às saudações de epístolas daquele
profetas aqueles que receberam visões, período, encontradas por arqueólogos. Davi sabia
os que tiveram de vivenciar (e depois que estava escrevendo poesia. Já discutimos alguns
aspectos da poesia hebraica, e discutiremos mais na

82 Hermenêutica Bíblica I
Lição 6. Moisés escreveu a Lei de Deus com toda
a intenção de que ela se tornasse Escritura, que registrar) uma representação (“profetas
dramáticos”) e os que redigiram seus dis-
fosse apreciada pelas pessoas, como uma bênção
cursos ou simplesmente um repto; Lucas
e uma advertência. Consideremos Deuteronômio escreveu o Evangelho e Atos dos Após-
31.24-26: tolos a partir de uma apuração similar à
investigação jornalística; Neemias fez uso
“E aconteceu que, acabando Moisés de diários pessoais; para escrever o Apo-
de escrever as palavras desta Lei num calipse, João basicamente registrou o que
livro, até de todo as acabar, deu ordem viu na ilha de Patmos.
Moisés aos levitas que levavam a arca do As formas de elaboração e os princípios
concerto do Senhor, dizendo: Tomai este de composição agregam-se ao estilo e
livro da Lei e ponde-o ao lado da arca vocabulário de cada autor para a cons-
do concerto do Senhor, vosso Deus, para tituição da Escritura Sagrada, que, de
modo maravilhoso, não é palavra de ho-
que ali esteja por testemunha contra ti”.
mens, mas de Deus.
Todos os escritores, tanto do Antigo quanto
Referências bibliográficas:
do Novo Testamento, escreveram com a plena
consciência de estar escrevendo algo que comuni- KÖSTENBERGER, Andreas J., PATTERSON Ri-
caria. Ora, quando escrevemos algo, procuramos chard D. Convite à interpretação bíblica: a
tríade hermenêutica (história, literatura e teo-
ser claros. Existem princípios de arranjos simples logia); tradução de Daniel H. Kroker, Marcus
que é bom conhecermos, porque eles tornam Throup, Thomas de Lima. São Paulo: Vida
mais compreensível o todo. Nós os usamos, mas, Nova, 2015, 795.
talvez, nem todos tenhamos aprendido os seus OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica:
nomes ou compreendido que eles são princípios de uma nova abordagem à interpretação bíblica;
composição. Podemos comparar uma coisa com tradução de Daniel de Oliveira, Robin. Mal-
outra. Podemos usar ilustrações. Podemos repetir komes, Sueli da Silva, Saraiva. São Paulo: Vida
ideias, se realmente queremos que o leitor entenda Nova, 2009, 766p.

o ponto que enfatizamos. Podemos advertir.


Podemos falar as coisas de outro modo, a fim de ajudar alguém a
entender. Usamos todos esses princípios de escrita, também chamados
de recursos literários, se realmente queremos convencer alguém da
importância de nossas palavras.
Bem, os escritores da Bíblia fizeram a mesma coisa. Eles adver-
tiram, ilustraram, repetiram, fizeram comparação, mostraram relação
e declararam coisas de modos diferentes. Quando conseguimos ver
alguns desses princípios como pistas daquilo que o escritor bíblico estava
tentando comunicar, começamos a ver a sua motivação por trás deles. Os
olhos do nosso entendimento começam a se abrir, enquanto observamos
o poderoso uso que o Espírito Santo faz desses princípios.

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 83


EXERCÍCIOS
Assinale as alternativas corretas.

5.03 De acordo com o que estudamos, a composição pode ser:


___a) Uma pintura;
___b) Uma obra musical;
___c) Uma poesia;
___d) Todas as alternativas.

5.04 A composição de palavras deve comunicar:


___a) Virtude;
___b) Justiça;
___c) Pensamentos;
___d) Nenhuma das alternativas.

Marque “C” para certo e “E” para errado.


___5.05 As Escrituras são inspiradas, por isso o Espírito não
usou os escritores, sua língua, seu vocabulário, e as
formas de literatura de sua época, para escrevê-las;
___5.06 O Espírito Santo deu ao homem uma linguagem
diferente para escrever a Bíblia;
___5.07 Aqueles que escreveram as Escrituras tinham
consciência de que estavam escrevendo algo para ser
comunicado.

TEXTO 3 | GRUPOS DE RECURSOS


PARALELISMOS, INCLUSIO, LITERÁRIOS
QUIASMO, INVERSÃO, TRILOGIA,
ACRÓSTICO E PROVÉRBIO NUMÉRICO
Comparação e Contraste
Além dos recursos literários ora estuda-
dos, vejamos alguns outros cujo conheci- Comparação envolve a associação de duas ou
mento é de grande valor: mais coisas, que são, de algum modo, iguais ou
O paralelismo pode verificar-se nas for- semelhantes. Às vezes, as palavras “como”, “mesmo
mas sinonímica, antitética (de contraste) e que” e “igual” dão-nos a ideia de que duas ou mais
sintética (ou complementar), mas também coisas semelhantes estão sendo comparadas. Ao ver
isto, sabemos que a semelhança está sendo enfatizada

84 Hermenêutica Bíblica I
pelo autor. Ao conscientizarmo-nos de que está sendo
feita uma comparação entre duas ou mais coisas como paralelismo figurado (cf. Sl 1.4), em
semelhantes, dizemos: “Este é um recurso de compo- degraus (cf. Sl 29.1J) e circular (cf. Gn 37-
39 – a história de Judá e Tamar em meio
sição: a comparação!”. Podemos encontrar compa-
à história de José): no primeiro, há uma
ração em relação a pessoas, lugares, coisas ou ideias. figura de linguagem; no segundo, há re-
petição e adição ao verso anterior; no
A comparação é o primeiro dos vinte recursos
terceiro, um trecho se acha envolto entre
de composição que abordaremos nesta lição. Cada dois que formam entre si uma conexão.
recurso será explicado e ilustrado com um exemplo
Inclusio, se assemelha ao princípio de
das Escrituras.
sintetização (resumo), define-se como o
EXEMPLO: Em 1 Samuel 13.5, usando a retorno ao pensamento inicial, reiterando
palavra “como”, o autor faz uma compa- a premissa que vinha sendo desenvolvida
(cf. Gn 6.1-8 e 9.20-27; Pv 1.1 e 7; 31.10 e 29;
ração entre a quantidade de guerreiros e
Is 1.21 e 26; Jo 1.1 e 18; 2.11 e 4.46,54; 1.28
a quantidade de grãos de areia da praia. e 10.40; 1.29 e 19.36).
“E os filisteus se ajuntaram para pelejar O quiasmo é a disposição de palavras
contra Israel: trinta mil carros, e seis e fatos em seções paralelas e sucessivas,
mil cavaleiros, e povo em multidão com grande frequência no Antigo Testa-
mento, ocorrendo também em o Novo
como a areia que está à borda do mar”.
Testamento (cf. Sl 137.5,6; Mt 7.6; 1 Co
Contraste envolve diferenças entre coisas. Às 5.2-6; 9.19-22; 11.8-12 e muitas outras). Os-
vezes, as coisas comparadas apresentam apenas borne cita o entendimento de Raymond
Brown no sentido de que haveria um
pequenas diferenças. Noutras, porém, elas são
quiasmo em Jo 6.36-40 e 18.28-19.16. Um
totalmente diferentes. O contraste pode ser assina- importante exemplo estaria em Jo 13-16.
lado por palavras como “mas”, “ou”, “senão”,
A inversão é parecida com o quiasmo,
“antes”, “porém” etc. A essência do contraste não
com a diferença de que apresenta mais
está na palavra usada para assinalá-lo, mas no fato de quatro elementos (cf. Is 6.10).
de que qualidades diferentes estão sendo enfati-
Trilogia é a reunião de três elementos
zadas. Assim, procuremos o contraste!
relacionados entre si (cf. Jd 8 e 11).
EXEMPLO: Salmo 1. A estrutura inteira Acróstico é a construção em que os ver-
deste salmo baseia-se no contrate. As sos começam de acordo com a sequência
mesmas duas classes de pessoas – o justo e do alfabeto (Sl 9, 10, 25, 34, 37 e 111, entre
o ímpio – são contrastadas nos versos 1, 2, outros; Sl 119 – a cada oito versos, adota-se
3, 4 e 6. Note que no versículo 2 o contraste uma letra; cf. Pv 31.10-31). Em Lamenta-
ções, à exceção do capítulo 5, vemos este
foi assinalado pela palavra “antes”; no verso
recurso, sendo que no capítulo 3 se adota
4, “mas”; e no verso 6, “porém” .
uma letra a cada grupo de três versos.
“Bem-aventurado o varão que não Provérbios numéricos são aqueles que,
anda segundo o conselho dos ímpios, em seus enunciados, encerram quantida-
n e m s e d e té m n o c a min h o d o s

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 85


pecadores, nem se assenta na roda dos
des, para fins de memorização e estética escarnecedores. Antes, tem o seu prazer
(cf. Pv 6.16-19; 30.18.19). na lei do SENHOR, e na sua lei medita
A consideração dos princípios de com- de dia e de noite” (Salmo 1.1,2).
posição não está adstrita somente a ques-
tões teóricas, pois a falta de entendimento Repetição, Alternância,
a seu respeito pode ensejar interpretações
Continuidade e Continuação
equivocadas. Por exemplo, os provér-
bios numéricos constantes de Provérbios E s te s qu at ro re c u r s o s l iter á r io s s ã o
30.18,19 indicam coisas maravilhosas, cujo
semelhantes, mas distintos um do outro.
ponto de interseção é não deixarem vestí-
gios (os caminhos da águia no céu, do na- Repetição é a reutilização de palavras, frases ou
vio no meio do mar, da cobra na penha e
expressões idênticas, para dar ênfase. Por exemplo: no
do homem com uma virgem). No entanto,
alguns intérpretes podem dar a cada um segundo capítulo de Habacuque, por cinco vezes soa
desses elementos um sentido “espiritual” e a advertência “Ai daquele!”. Em Mateus 23, encon-
“místico”, divorciado da necessária ligação tramos vez após vez as palavras: “Ai de vós, escribas
que há entre as máximas. e fariseus, hipócritas!”. É uma enérgica repetição,
trazendo unidade de pensamento à passagem.
Referências bibliográficas:

OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica: EXEMPLO: Isaías 9.12,17,21; 10.4. Encon-


uma nova abordagem à interpretação bíblica; tramos nestes versículos a repetição da frase
tradução de Daniel de Oliveira, Robin. Mal- “[...] nem com tudo isto se apartou a sua ira,
komes, Sueli da Silva, Saraiva. São Paulo: Vida mas ainda está estendida a sua mão”.
Nova, 2009, 766p.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica:


Na alternância, vemos um tipo especial de
meios de descobrir a verdade da Bíblia; tra- repetição de um padrão. Há um belo exemplo disto
dutor Cesar de F. A. Bueno Vieira. São Pau- em Lucas 1 e 2, onde encontramos intercalação e
lo: Vida Nova, 1994, 356p. alternação entre os tópicos de João Batista e de Jesus:
o anúncio do nascimento de João e o anúncio do
nascimento de Jesus; o nascimento de João e o nascimento de Jesus. O
uso do recurso de alternância fortalece o contraste ou a comparação. É um
ótimo recurso literário, quando usado efetivamente, como Lucas utilizou.
EXEMPLO: 1 João 2.12-14. O padrão de
alternância entre filhos, pais e jovens, dos
versos 12 e 13, repete-se no verso 14.

“Filhinhos, escrevo-vos porque, pelo seu


nome, vos são perdoados os pecados.
Pais, escrevo-vos, porque conhe-
cestes aquele que é desde o princípio.
Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o

86 Hermenêutica Bíblica I
maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque
conhecestes o Pai. Eu vos escrevi, pais,
porque já conhecestes aquele que é
desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens,
porque sois fortes, e a palavra de Deus
está em vós, e já vencestes o maligno”.

A continuidade é aparente nas passagens onde se repete o uso de


termos mais ou menos iguais. Geralmente, ela é vista na expressão de
uma ideia repetida em termos similares. Pode haver um movimento em
direção a um ponto na passagem. Por exemplo, em Amós 1.3-2.6, há
uma sentença repetida: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões de
[...] e por quatro, não retirarei o castigo”. A mesma sentença é repetida
para Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe, Judá e, finalmente, Israel. Os
pecados de cada grupo são, de certo modo, diferentes, mas o padrão
é o mesmo. O movimento indica que a condenação chega cada vez
mais perto de Israel, o povo com quem Deus se preocupa intensamente.
Portanto, continuidade é o reuso de palavras ou frases similares para
expressar a mesma ideia.
EXEMPLO: Hebreus 4.1-11. O tema reapresentado
de diferentes maneiras, trazendo continuidade à
passagem, é o descanso.

A continuação envolve o tratamento estendido de um tema em


particular. Desenvolve-se o tema após introduzi-lo. A essência da
continuação é o progresso através da extensão. Já estudamos o parale-
lismo em conexão à poesia hebraica. A continuação acha-se intima-
mente relacionada ao paralelismo “sintético”, onde o pensamento
de uma linha é construído sobre a seguinte, ou nela estendido. Ao
estudar uma passagem das Escrituras, desenvolva o hábito de indagar:
“O que está sendo feito aqui?”. Ao ver que o autor está tomando uma
ideia e movendo-a, estendendo e desenvolvendo-a, ele está utilizando
o princípio da continuação. Encontramos isto especialmente em
narrativas ou passagens históricas. Em todo o livro de Jonas vemos
o recurso da continuação.
EXEMPLO: Jonas 1.3. Vemos a progressão das ações
separadas de Jonas: ele dispõe-se a fugir do Senhor;
vai para Jope; encontra um navio de saída para a
Espanha; paga a passagem e embarca nele.

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 87


“E Jonas se levantou para fugir de diante da face
do Senhor para Társis; e, descendo a Jope, achou
um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua
passagem e desceu para dentro dele, para ir com
eles para Társis, de diante da face do Senhor”.

Clímax e Crucialidade

O clímax envolve alcançar o ponto crítico de uma narrativa


(história), o ponto de interesse mais elevado. O autor constrói do menor
para o maior, até chegar ao ponto máximo de interesse e importância.
Então há um breve período em direção ao fim, onde as coisas são ligadas
e a tensão é aliviada, e vemos como tudo se resolve. Mas o clímax é o
ponto crítico. O livro de Êxodo é arranjado com um clímax. O seu ponto
alto está no capítulo 40.34,35. Após toda a narrativa da saída do Egito,
a entrega da Lei, as instruções e os detalhes do tabernáculo, a nuvem
cobre a congregação e a deslumbrante luz da presença do Senhor enche
a Tenda. Este é o clímax do livro!
EXEMPLO: Marcos 1.14-45. A passagem desenvol-
ve-se rumo ao clímax: Jesus começa a pregar (v. 14);
Ele chama os discípulos (vv. 16-20); Jesus mostra
autoridade (v.26); Espalha-se a notícia dos feitos de
Cristo (v. 28); Jesus prega nas aldeias (vv. 38, 39). Ele
cura os enfermos (vv. 41, 42); e, finalmente, pessoas
de todas as partes vêm a Cristo (clímax).

A crucialidade é relacionada ao clímax, mas encontra-se mais em


passagens de ensinamento do que em narrativas ou histórias. Nos trechos
de ensino, ela seria o ponto central na discussão, o eixo em torno do qual
gira o assunto discutido. Em uma carta como Gálatas, há muitos pontos
importantes, porque há subdiscussões dentro da discussão principal.
O ponto crucial, centro de toda a epístola, é Gálatas 5.1 – “Liberdade
é o que temos – Cristo pôs-nos livres!”. Os quatro primeiros capítulos
levam-nos a este ponto crucial, central.
Contudo, há outros pontos fundamentais ao longo de todo o ensina-
mento de Paulo aos gálatas. Um deles encontra-se em Gálatas 3.16. Paulo
vinha mostrando que a lei de Israel, insuficiente para a salvação, está, de
fato, relacionada à morte de Cristo (3.13). Então, ele continua a mostrar
como as promessas de Deus a Abraão foram, realmente, direcionadas a Jesus

88 Hermenêutica Bíblica I
Cristo, em quem tudo se cumpre. O versículo crucial, central, do qual tudo
isto depende e, sem o qual, tudo desmoronaria, está em Gálatas 3.16. As
promessas foram feitas ao descendente de Abraão (singular, e não plural).
Logo, crucialidade é o ponto central, ou eixo, nas passagens de
ensino. Ela também pode ser encontrada em narrativas ou histórias, não
como o clímax ou o ponto alto, mas como um ponto crucial. No livro de
Rute, por exemplo, há uma crucialidade quando Boaz senta-se ao portão
e negocia com o outro parente. Se as coisas não forem bem neste ponto,
tudo se desmoronará. Este é um ponto crucial.
EXEMPLO: João 11.45-54. O verso 54 mostra-nos que o
curso do ministério do Senhor mudou drasticamente,
porque Ele não estava mais fazendo tudo o que fazia.
Este versículo é um ponto crucial e mostra crucialidade.

“Jesus, pois, já não andava manifestamente entre


os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do
deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali
andava com os seus discípulos”. (João 11.54)

Particularização e Generalização

Particularização é quando o pensamento se move do geral para


o particular, bem semelhante ao estudo sintético, onde partimos da
pesquisa do livro inteiro para o estudo dos detalhes. Na particularização,
o movimento vai do todo às partes, do geral ao específico. Noutras
palavras, podemos ter uma generalização, tal como “Todos pecaram
e destituídos estão da glória de Deus”. Mas, “fulano pecou”, ou “eu
pequei” desce ao específico. Isto é particularização, às vezes chamada
de pensamento dedutivo.
EXEMPLO: Mateus 6.1-18. Jesus particulariza o tema
de seu ensino – O desempenho dos deveres religiosos
– , aplicando-o aos deveres específicos da caridade,
oração e jejum.

Generalização é o movimento do pensamento indutivo, indo do


exemplo específico ao princípio geral. É o inverso da particularização.
EXEMPLO: Tiago 2. Tiago inicia o capítulo 2 com
exemplos específicos da conduta cristã correta: tratar

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 89


as pessoas com amor, honrar aos pobres, amar ao
próximo, obedecer aos mandamentos. Ele parte dessas
atitudes específicas ao princípio geral, no último versí-
culo do capítulo, que se trata da concepção de que “a
fé sem obras é morta”.

Causalidade e Comprovação

O princípio da causalidade procede da causa para o efeito. Ele lida


primeiro com o motivo de alguma coisa e, então, com o resultado dela.
Vemos isto em Habacuque 2.5, passagem que fala do homem “que não
se farta, ajunta a si todas as nações e congrega a si todos os povos”. Causa:
ganância! Efeito: guerra!
EXEMPLO: Habacuque 2.17. Na primeira parte deste
versículo, vemos repetir-se o padrão da causa ao
efeito: a Babilônia cometera violência, derramara
sangue a fim de despojar outra nação; agora, experi-
mentaria o mesmo sofrimento e seria aterrorizada
pelos animais selvagens.

“Porque a violência cometida contra o Líbano te cobrirá,


e a destruição dos animais ferozes os assombrará [...]”.

Comprovação é o inverso de causalidade. A comprovação move-se


do efeito à causa. Algo acontece. A razão disto é explicada mais tarde.
“Porque” é uma palavra-chave no uso deste recurso literário. Eu digo:
“Meu dedo dói”. Alguém pergunta: “Por que?”. Eu respondo: “Porque
foi queimado”. É uma ilustração simples, mas mostra a progressão.
EXEMPLO: Habacuque 2.17. A segunda parte do
versículo mostra a comprovação da causa, que fora
o sangue derramado, a violência feita à terra e aos
seus habitantes.

“[...] por causa do sangue dos homens, e da violência


para com a terra, a cidade e todos os seus moradores”.
Instrumentação

A instrumentação envolve os meios, as ferramentas ou instrumentos


utilizados para fazer algo acontecer. As palavras-chave são “através” ou
“por”, como na última frase de Tiago 3.5: “Vejam como um grande

90 Hermenêutica Bíblica I
bosque é incendiado por uma simples fagulha” (NVI). Neste versículo,
“por” indica que se seguirá a instrumentação.
EXEMPLO: Tiago 2.21. O autor cogita se as obras
foram a instrumentação através da qual Abraão foi
justificado.

Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado


pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu
filho Isaque?”.

Explicação

A explicação esclarece, analisa, ou explica. Por exemplo, em Lucas


2.4, lemos sobre José indo de Nazaré à Galileia, “porque era da casa e
família de Davi”.
EXEMPLO: Mateus 13.58. Este versículo explica por
que Jesus não operou muitos milagres em sua própria
cidade: porque o povo de lá não tinha fé.

“E não fez ali muitas maravilhas, por causa da


incredulidade deles”.

Preparação

Preparação é o material introdutório preliminar ao restante da seção


ou do livro. Por exemplo, em Lucas 1.1-4, o evangelista dá-nos uma
pequena introdução preliminar, dizendo qual é o seu propósito e a sua
metodologia. O trecho não é parte da própria narrativa do evangelho,
mas a sua preliminar.
EXEMPLO: 1 Coríntios 1.1,2. A epístola inicia-se com
uma preparação que exemplifica bem a descrição que
fizemos do termo.

“Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela


vontade de Deus) e o irmão Sóstenes, à igreja de
Deus que está em Corinto,”.
Resumo

O resumo trata de condensar as informações de forma abreviada.


Resumimos aquilo que já escrevemos ou dissemos. Somos concisos,

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 91


sucintos. Destacamos a essência. Por exemplo, Gênesis 45 é um capítulo
sumário de toda a história de José. Ele declara de modo resumido tudo
o que levou a este ponto.
EXEMPLO: Josué 24.1-14. Antes de exortar o povo a
temer ao Senhor e o servir (v. 14), Josué resume o que
Deus fez por Seu povo, desde o tempo de Abraão.

Interrogação

Interrogação é o ato de fazer perguntas. Às vezes, os autores bíblicos


fazem uma indagação e acompanham-na de uma resposta. Paulo faz
isto com frequência. Encontramos um exemplo em Romanos 3.31: “[...]
anulamos, pois, a lei pela fé?”, e imediatamente ele dá a resposta: “De
maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei”. Outras interrogações são
retóricas, significando que a resposta é tão óbvia, que a pergunta não
necessita ser respondida. Gálatas 3.5 é um exemplo: “Aquele, pois, que
vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da
lei ou pela pregação da fé?”.
EXEMPLO: Malaquias 1. Neste capítulo, os versículos
2, 6-8 e 13 constituem exemplos de interrogação.

“O filho honrará o pai, e o servo, ao seu senhor; e, se


eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou
Senhor, onde está o meu temor? — diz o Senhor dos
Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu
nome e dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?
Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e dizeis:
Em que te havemos profanado? Nisto, que dizeis: A
mesa do Senhor é desprezível”. (Malaquias 1.6,7)

Harmonia

Harmonia envolve unidade por acordo ou consistência. Quando


um argumento é apresentado, os outros argumentos que se seguem
na passagem devem concordar com ele. Isto recebe o nome de lei da
harmonia, ou lei da verdade. Ela certifica-se de que todas as partes digam
a verdade. A Escritura inteira ilustra a harmonia. E a harmonia é clara-
mente vista em passagens onde há um problema e uma solução: doença
e remédio, promessa e cumprimento.

92 Hermenêutica Bíblica I
EXEMPLO: Romanos 3.21-31. Esta passagem é parte
de um exemplo de harmonia. Ela é a resposta ou
solução ao problema da culpa e da condenação
descrito por Paulo em Romanos 1.18 – 3.20.

Principalidade

Principalidade não é apenas uma ideia principal sozinha, mas uma ideia
principal apoiada por outras ideias subordinadas. É domínio e subordinação.
Um esboço é uma boa ilustração de principalidade. Um cabeçalho principal
destaca-se de seus subtítulos, mas eles contribuem com detalhes. Nas Escri-
turas, este recurso literário é ilustrado por meio das parábolas de Jesus.
Já aprendemos que cada parábola ensina uma lição principal ou
dominante. A lição que a parábola pretende ensinar é posta num cenário
de detalhes menores. Tudo isso ajuda a compor a parábola, mas a lição
dominante destaca-se. Na interpretação das Escrituras, é importante
treinar os olhos e a mente para focar naquilo que é um assunto central ou
essencial, e ser capaz de identificar as coisas secundárias ou subordinadas.
EXEMPLO. Mateus 13.47-50. Na lição ensinada por
esta parábola, a ideia principal é a separação dos
justos e dos maus, no final dos tempos. Os pontos
subordinados são as informações sobre os pesca-
dores, a rede, os peixes e os cestos. Embora todos
esses detalhes ilustrem a lição da parábola, eles não
são essenciais ao que ela ensina.

Radiação

Na radiação, tudo se move ou aponta em direção a uma coisa, ou


para longe dela. Os galhos de uma árvore e os raios de uma roda são
exemplos visuais de radiação. Nas Escrituras, o Salmo 119 demonstra
belamente este recurso. Os seus 172 versículos acham-se divididos em
vinte e duas estrofes. Todas elas radiam do mesmo ponto ou tema: a
grandeza e a excelência da Lei de Deus.
EXEMPLO: João 15.5. Retratando Cristo como
a videira, ou tronco, à qual acham-se ligados os
crentes, representados pelos ramos da videira, este
versículo usa o recurso literário da radiação para

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 93


ensinar que todos os crentes devem permanecer em
Cristo, a fim de produzir frutos espirituais.

“Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim,


e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim
nada podereis fazer”.

Mais uma observação sobre os recursos literários: você descobrirá


que eles se sobrepõem. Por exemplo, podemos encontrar a mesma
pergunta feita várias vezes. Isso seria uma sobreposição de interro-
gação e repetição. Talvez, uma ou outra seja dominante. Procure
notar esses recursos enquanto lê. Finalmente, aspectos individuais
de composição são, às vezes, considerados princípios de composição
e, noutras vezes, recursos literários, como nos casos de comparação
e repetição demonstrados nesta lição.

EXERCÍCIOS
Assinale as alternativas corretas.

5.08 A comparação
___a) Não é um recurso literário;
___b) Envolve associação de duas ou mais coisas parecidas;
___c) Abrange as diferenças entre coisas;
___d) Nenhuma das alternativas.

5.09 O contraste
___a) É o primeiro dos vinte recursos literários;
___b) Envolve a associação de duas ou mais coisas parecidas;
___c) Abrange as diferenças entre coisas;
___d) Todas as alternativas estão corretas.

Leia atentamente as afirmações a seguir e indique se elas se referem


a (1) Contraste, (2) Repetição ou (3) Comparação.
___5.10 Envolve a associação de duas ou mais coisas iguais;
___5.11 Demonstrada com “como”, “mesmo que”, “igual”;
___5.12 Abrange as diferenças entre coisas;
___5.13 É o uso repetido de palavras.

94 Hermenêutica Bíblica I
5.14 Continuidade é:
___a) A mesma coisa que continuação;
___b) O uso repetição ou uso de palavras e frases similares para
expressar a mesma ideia;
___c) A mesma coisa que paralelismo;
___d) Todas as alternativas estão corretas.

5.15 A chegada ao ponto crítico de uma narrativa chama-se:


___a) Ponto decisivo;
___b) Crucialidade (ou Clímax);
___c) Particularização;
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

5.16 O princípio que parte da causa para o efeito chama-se:


___a) Particularização; ___b) Comprovação;
___c) Causalidade; ___d) Generalização.

Leia atentamente o quadro a seguir. Depois, enumere as afirmações,


indicando a qual recurso elas se referem.

Coluna “A”
___5.17 É partir do pensamento geral para o particular;
___5.18 É o movimento de pensamento indutivo;
___5.19 Parte da causa para o efeito;
___5.20 É o inverso de causalidade;

Coluna “B”
A. Causalidade
B. Particularização
C. Comprovação
D. Generalização

5.21 O recurso literário que condensa as informações em uma forma


abreviada, chama-se:
___a) Instrumentação; ___b) Explicação;
___c) Resumo; ___d) Interrogação.

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 95


REVISÃO DA LIÇÃO

5.22 A instrumentação
___a) Esclarece, analisa e explica;
___b) Condensa as informações em um resumo;
___c) Envolve os meios e ferramentas que se utiliza para fazer
alguma coisa acontecer;
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

Enumere as afirmações, indicando a qual recurso elas se referem.

Coluna “A”
___5.23 Envolve os meios e ferramentas que se utiliza para
fazer algo acontecer;
___5.24 Esclarece, analisa e explica;
___5.25 É material introdutório preliminar ao resto da seção do
livro;
___5.26 É a condensação das informações numa forma
abreviada;
___5.27 É fazer perguntas;
___5.28 Envolve unidade pelo acordo ou consistência;
___5.29 Envolve uma ideia principal apoiada por outras, que
são subordinadas;
___5.30 Todas as coisas se movimentam em direção a deter-
minada coisa ou para longe dela.
Coluna “B”
A. Harmonia
B. Explicação
C. Radiação
D. Instrumentação
E. Principalidade
F. Resumo
G. Preparação
H. Interrogação

96 Hermenêutica Bíblica I
5.31 Qual destes termos melhor se aplica ao Método Sintético de estudo?
___a) Visão panorâmica;
___b) Estudo por parágrafo;
___c) Estudo detalhado.

5.32 O primeiro passo do procedimento do Método Sintético é:


___a) Ler várias porções do livro;
___b) Fazer um gráfico;
___c) Ler o livro todo de uma vez.

5.33 Ilustração, repetição e precaução são princípios importantes de


composição, e são pistas para aquilo que o autor bíblico estava
tentando
___a) mostrar para impressionar seus leitores;
___b) ocultar;
___c) comunicar.

5.34 Qual o recurso de composição que associa as coisas parecidas?


___a) Crucialidade;
___b) Comparação;
___c) Causalidade.

Lição 5 - Composição: Conhecendo as Partes 97

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