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COMPOSIÇÃO:
CONHECENDO AS PARTES
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Esboço da Lição
Objetivos da Lição
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TEXTO 1 | DEFININDO O MÉTODO
O MAPEAMENTO DO LIVRO DO LIVRO INTEIRO
NO MÉTODO SINTÉTICO
Tendo em vista que o contexto (imedia- O Método Sintético de estudo bíblico corres-
to ou remoto) é que define o significado ponde à pesquisa ampla e geral, que o arqueólogo faz
do termo, é muito importante associar o primeiro. O estudante da Bíblia é capaz de encontrar
potencial do campo semântico ao propó- o tesouro de significado mais rico nos detalhes das
sito do autor no texto examinado, assim Escrituras, quando primeiro vê o livro, ou a passagem
como às questões literárias. É por isso
principal a estudar, como um todo unificado.
que, de acordo com Grant R. Osborne, o
estudo do contexto da passagem diz res- Lembremo-nos que sintético significa “pôr
peito ao “contexto lógico” (p. 46, 47).
juntos”. O Método Sintético (ou Método do Livro
O contexto histórico é igualmente in- Inteiro) fornece uma visão geral do livro, uma “vista
vestigado no âmbito do estudo sintético, aérea”. Este método pode ser usado com uma parte de
momento em que o leitor deve tentar
um livro, se a parte for uma unidade (como um salmo
responder, à luz do texto e do contexto
das Escrituras, quem escreveu, a quem,
ou o Sermão do Monte), que pode permanecer sozinha.
quando e por quê, o que pode revelar
O primeiro passo no Método Sintético é ler
informações úteis acerca de autoria, des-
tinatários, ocasião da escrita, situação his-
o livro inteiro. Escolhemos um livro curto para
tórica e propósito. este estudo, a fim de que você possa lê-lo de uma
só vez. Ao chegar ao ponto de aplicar o método,
Nesse mister, o leitor deve buscar um
entendimento próprio do livro, lido, se
você estará procurando por informações específicas,
possível, “de uma sentada”; deve também enquanto relê o livro. Quando houver reunido as
fazer anotações, resumos e diagramas, informações por escrito, você fará um resumo,
talvez tentar um gráfico simples. Qualquer que
80 Hermenêutica Bíblica I
seja a forma que usar para resumir, você terá uma
boa compreensão geral do conteúdo e da mensagem esboçar todos os parágrafos, reconhe-
do livro. Então, assim como o arqueólogo e seus cer questões literárias básicas (gênero,
estrutura, estilo, figuras de linguagem)
tesouros, você poderá examinar cada pequena seção
e, em seguida, vincular todas as partes e
do livro em estudo e descobrir que a Santa Palavra verificar se há necessidade de revisão das
de Deus não pode ser exaurida! Enquanto vivermos, observações, interpretações, avaliações e
poderemos vir outra vez e de novo às passagens e, à correlações anteriormente aduzidas. Essa
cada vez, encontrarmos nova inspiração. revisão pode receber o auxílio de fontes
secundárias (dicionários do vernáculo, di-
cionários bíblicos, léxicos, atlas, comentá-
rios bíblicos, livros de hermenêutica).
EXERCÍCIOS
O método sintético é fundamental aos
demais métodos de estudo, sendo valio-
5.01 Assinale as informações que dizem respeito
so para a preparação de sermões e para
ao Método Sintético. quaisquer outras finalidades relacionadas
___a) É o mesmo que Método do Livro ao manejo da Bíblia.
Inteiro;
Referência bibliográfica:
___b) Trabalha com uma imagem geral;
OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica:
___c) Estudo de detalhe particular;
uma nova abordagem à interpretação bíblica;
___d) Visão panorâmica; tradução de Daniel de Oliveira, Robin. Mal-
___e) Posto junto; komes, Sueli da Silva, Saraiva. São Paulo: Vida
Nova, 2009, 766p.
___f) Procura por detalhes.
___g) Todas as alternativas estão corretas.
5.02 Quando aplicar o Método Sintético, seu plano de ação será ler:
___a) O livro todo, escrever os títulos dos capítulos, e escolher
o melhor versículo;
___b) Ler qualquer pequena porção, analisar cada detalhe, e
fazer um gráfico de seus achados;
___c) O livro todo de uma só vez, procurar informações especí-
ficas e fazer um resumo delas.
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Lição 6. Moisés escreveu a Lei de Deus com toda
a intenção de que ela se tornasse Escritura, que registrar) uma representação (“profetas
dramáticos”) e os que redigiram seus dis-
fosse apreciada pelas pessoas, como uma bênção
cursos ou simplesmente um repto; Lucas
e uma advertência. Consideremos Deuteronômio escreveu o Evangelho e Atos dos Após-
31.24-26: tolos a partir de uma apuração similar à
investigação jornalística; Neemias fez uso
“E aconteceu que, acabando Moisés de diários pessoais; para escrever o Apo-
de escrever as palavras desta Lei num calipse, João basicamente registrou o que
livro, até de todo as acabar, deu ordem viu na ilha de Patmos.
Moisés aos levitas que levavam a arca do As formas de elaboração e os princípios
concerto do Senhor, dizendo: Tomai este de composição agregam-se ao estilo e
livro da Lei e ponde-o ao lado da arca vocabulário de cada autor para a cons-
do concerto do Senhor, vosso Deus, para tituição da Escritura Sagrada, que, de
modo maravilhoso, não é palavra de ho-
que ali esteja por testemunha contra ti”.
mens, mas de Deus.
Todos os escritores, tanto do Antigo quanto
Referências bibliográficas:
do Novo Testamento, escreveram com a plena
consciência de estar escrevendo algo que comuni- KÖSTENBERGER, Andreas J., PATTERSON Ri-
caria. Ora, quando escrevemos algo, procuramos chard D. Convite à interpretação bíblica: a
tríade hermenêutica (história, literatura e teo-
ser claros. Existem princípios de arranjos simples logia); tradução de Daniel H. Kroker, Marcus
que é bom conhecermos, porque eles tornam Throup, Thomas de Lima. São Paulo: Vida
mais compreensível o todo. Nós os usamos, mas, Nova, 2015, 795.
talvez, nem todos tenhamos aprendido os seus OSBORNE, Grant R. A espiral hermenêutica:
nomes ou compreendido que eles são princípios de uma nova abordagem à interpretação bíblica;
composição. Podemos comparar uma coisa com tradução de Daniel de Oliveira, Robin. Mal-
outra. Podemos usar ilustrações. Podemos repetir komes, Sueli da Silva, Saraiva. São Paulo: Vida
ideias, se realmente queremos que o leitor entenda Nova, 2009, 766p.
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pelo autor. Ao conscientizarmo-nos de que está sendo
feita uma comparação entre duas ou mais coisas como paralelismo figurado (cf. Sl 1.4), em
semelhantes, dizemos: “Este é um recurso de compo- degraus (cf. Sl 29.1J) e circular (cf. Gn 37-
39 – a história de Judá e Tamar em meio
sição: a comparação!”. Podemos encontrar compa-
à história de José): no primeiro, há uma
ração em relação a pessoas, lugares, coisas ou ideias. figura de linguagem; no segundo, há re-
petição e adição ao verso anterior; no
A comparação é o primeiro dos vinte recursos
terceiro, um trecho se acha envolto entre
de composição que abordaremos nesta lição. Cada dois que formam entre si uma conexão.
recurso será explicado e ilustrado com um exemplo
Inclusio, se assemelha ao princípio de
das Escrituras.
sintetização (resumo), define-se como o
EXEMPLO: Em 1 Samuel 13.5, usando a retorno ao pensamento inicial, reiterando
palavra “como”, o autor faz uma compa- a premissa que vinha sendo desenvolvida
(cf. Gn 6.1-8 e 9.20-27; Pv 1.1 e 7; 31.10 e 29;
ração entre a quantidade de guerreiros e
Is 1.21 e 26; Jo 1.1 e 18; 2.11 e 4.46,54; 1.28
a quantidade de grãos de areia da praia. e 10.40; 1.29 e 19.36).
“E os filisteus se ajuntaram para pelejar O quiasmo é a disposição de palavras
contra Israel: trinta mil carros, e seis e fatos em seções paralelas e sucessivas,
mil cavaleiros, e povo em multidão com grande frequência no Antigo Testa-
mento, ocorrendo também em o Novo
como a areia que está à borda do mar”.
Testamento (cf. Sl 137.5,6; Mt 7.6; 1 Co
Contraste envolve diferenças entre coisas. Às 5.2-6; 9.19-22; 11.8-12 e muitas outras). Os-
vezes, as coisas comparadas apresentam apenas borne cita o entendimento de Raymond
Brown no sentido de que haveria um
pequenas diferenças. Noutras, porém, elas são
quiasmo em Jo 6.36-40 e 18.28-19.16. Um
totalmente diferentes. O contraste pode ser assina- importante exemplo estaria em Jo 13-16.
lado por palavras como “mas”, “ou”, “senão”,
A inversão é parecida com o quiasmo,
“antes”, “porém” etc. A essência do contraste não
com a diferença de que apresenta mais
está na palavra usada para assinalá-lo, mas no fato de quatro elementos (cf. Is 6.10).
de que qualidades diferentes estão sendo enfati-
Trilogia é a reunião de três elementos
zadas. Assim, procuremos o contraste!
relacionados entre si (cf. Jd 8 e 11).
EXEMPLO: Salmo 1. A estrutura inteira Acróstico é a construção em que os ver-
deste salmo baseia-se no contrate. As sos começam de acordo com a sequência
mesmas duas classes de pessoas – o justo e do alfabeto (Sl 9, 10, 25, 34, 37 e 111, entre
o ímpio – são contrastadas nos versos 1, 2, outros; Sl 119 – a cada oito versos, adota-se
3, 4 e 6. Note que no versículo 2 o contraste uma letra; cf. Pv 31.10-31). Em Lamenta-
ções, à exceção do capítulo 5, vemos este
foi assinalado pela palavra “antes”; no verso
recurso, sendo que no capítulo 3 se adota
4, “mas”; e no verso 6, “porém” .
uma letra a cada grupo de três versos.
“Bem-aventurado o varão que não Provérbios numéricos são aqueles que,
anda segundo o conselho dos ímpios, em seus enunciados, encerram quantida-
n e m s e d e té m n o c a min h o d o s
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maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque
conhecestes o Pai. Eu vos escrevi, pais,
porque já conhecestes aquele que é
desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens,
porque sois fortes, e a palavra de Deus
está em vós, e já vencestes o maligno”.
Clímax e Crucialidade
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Cristo, em quem tudo se cumpre. O versículo crucial, central, do qual tudo
isto depende e, sem o qual, tudo desmoronaria, está em Gálatas 3.16. As
promessas foram feitas ao descendente de Abraão (singular, e não plural).
Logo, crucialidade é o ponto central, ou eixo, nas passagens de
ensino. Ela também pode ser encontrada em narrativas ou histórias, não
como o clímax ou o ponto alto, mas como um ponto crucial. No livro de
Rute, por exemplo, há uma crucialidade quando Boaz senta-se ao portão
e negocia com o outro parente. Se as coisas não forem bem neste ponto,
tudo se desmoronará. Este é um ponto crucial.
EXEMPLO: João 11.45-54. O verso 54 mostra-nos que o
curso do ministério do Senhor mudou drasticamente,
porque Ele não estava mais fazendo tudo o que fazia.
Este versículo é um ponto crucial e mostra crucialidade.
Particularização e Generalização
Causalidade e Comprovação
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bosque é incendiado por uma simples fagulha” (NVI). Neste versículo,
“por” indica que se seguirá a instrumentação.
EXEMPLO: Tiago 2.21. O autor cogita se as obras
foram a instrumentação através da qual Abraão foi
justificado.
Explicação
Preparação
Interrogação
Harmonia
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EXEMPLO: Romanos 3.21-31. Esta passagem é parte
de um exemplo de harmonia. Ela é a resposta ou
solução ao problema da culpa e da condenação
descrito por Paulo em Romanos 1.18 – 3.20.
Principalidade
Principalidade não é apenas uma ideia principal sozinha, mas uma ideia
principal apoiada por outras ideias subordinadas. É domínio e subordinação.
Um esboço é uma boa ilustração de principalidade. Um cabeçalho principal
destaca-se de seus subtítulos, mas eles contribuem com detalhes. Nas Escri-
turas, este recurso literário é ilustrado por meio das parábolas de Jesus.
Já aprendemos que cada parábola ensina uma lição principal ou
dominante. A lição que a parábola pretende ensinar é posta num cenário
de detalhes menores. Tudo isso ajuda a compor a parábola, mas a lição
dominante destaca-se. Na interpretação das Escrituras, é importante
treinar os olhos e a mente para focar naquilo que é um assunto central ou
essencial, e ser capaz de identificar as coisas secundárias ou subordinadas.
EXEMPLO. Mateus 13.47-50. Na lição ensinada por
esta parábola, a ideia principal é a separação dos
justos e dos maus, no final dos tempos. Os pontos
subordinados são as informações sobre os pesca-
dores, a rede, os peixes e os cestos. Embora todos
esses detalhes ilustrem a lição da parábola, eles não
são essenciais ao que ela ensina.
Radiação
EXERCÍCIOS
Assinale as alternativas corretas.
5.08 A comparação
___a) Não é um recurso literário;
___b) Envolve associação de duas ou mais coisas parecidas;
___c) Abrange as diferenças entre coisas;
___d) Nenhuma das alternativas.
5.09 O contraste
___a) É o primeiro dos vinte recursos literários;
___b) Envolve a associação de duas ou mais coisas parecidas;
___c) Abrange as diferenças entre coisas;
___d) Todas as alternativas estão corretas.
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5.14 Continuidade é:
___a) A mesma coisa que continuação;
___b) O uso repetição ou uso de palavras e frases similares para
expressar a mesma ideia;
___c) A mesma coisa que paralelismo;
___d) Todas as alternativas estão corretas.
Coluna “A”
___5.17 É partir do pensamento geral para o particular;
___5.18 É o movimento de pensamento indutivo;
___5.19 Parte da causa para o efeito;
___5.20 É o inverso de causalidade;
Coluna “B”
A. Causalidade
B. Particularização
C. Comprovação
D. Generalização
5.22 A instrumentação
___a) Esclarece, analisa e explica;
___b) Condensa as informações em um resumo;
___c) Envolve os meios e ferramentas que se utiliza para fazer
alguma coisa acontecer;
___d) Nenhuma das alternativas está correta.
Coluna “A”
___5.23 Envolve os meios e ferramentas que se utiliza para
fazer algo acontecer;
___5.24 Esclarece, analisa e explica;
___5.25 É material introdutório preliminar ao resto da seção do
livro;
___5.26 É a condensação das informações numa forma
abreviada;
___5.27 É fazer perguntas;
___5.28 Envolve unidade pelo acordo ou consistência;
___5.29 Envolve uma ideia principal apoiada por outras, que
são subordinadas;
___5.30 Todas as coisas se movimentam em direção a deter-
minada coisa ou para longe dela.
Coluna “B”
A. Harmonia
B. Explicação
C. Radiação
D. Instrumentação
E. Principalidade
F. Resumo
G. Preparação
H. Interrogação
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5.31 Qual destes termos melhor se aplica ao Método Sintético de estudo?
___a) Visão panorâmica;
___b) Estudo por parágrafo;
___c) Estudo detalhado.