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JESUS CHRISTO

FALLANDO AO

CORAÇÃO DO SACERDOTE
ou
MEDITAÇÕES ECCLESIASTICAS
PARA TODOS OS DIAS DO MBZ

E,crlptaa em ltal111no pelo lllsslonarlo e Doutor


BARTHOLOMEU DO MONTE
TBADUZID~S pt,;Lo

P. 8 Francisco José Duarte de Macedo

QUARt~,.EDIÇÃO, CORRECTA
!I· approvada
pelo ~-llc,'"• e Rev.m• Snr. D. Antonio, Bispo do. Porto

.PORTO
· uvrari• Catholica Portuense
CBNtlÍO DK PIWAGANDA RELIGIOSA ~M PORTUGAL B BRlllt
DB
ALOYSIO IIOMl:S IIA lolll,V A, KIIITOB
134, ltua do Almada, 136
1910

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APPROVAÇÃO CANO NICA

lmprimatul'.
Pol'to, 9 de abril de 1910.

t A., Bispo do Porto.

PROPRIEDADE REGISTADA

Porto - Typ. de A. J. da Silva Teixeira, Succusora


Rnf. da Cancella Velba, 78
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ADVERTENCIA DOS EDITORES 1
DA t.• EDIÇÃO (1872)

Eeclesiasticcs distinctos por Hua virtuàe e scien-


cia fizeram-nos vêr a convenicueiã da publicação
da obrinha que hoje damos ft estampa. Merecida-
mente é dia tida em grandissima estima lá fóra, e
reconhecida a cffieacia e solidez com que, em bre-
ves e fuceis considerações, se expuem ,,,s principacs
deveres dos Sacerd.,fcs.
Nunca talvez foi em Pr.rtngii l tito dcsc(,mide-
rado .o Sacerdote como h,,jr: snffrc µncrra atr,,z
d'uns, ultrajes d'outros, cl'c~tes <lc:;prezo, d'aquel-
les indiffercnça; e, o que peor é, sobre a .Religião
recahe o desprestigio dos seus ministros. E' pois na
época presente sobremodo ardua, mas egualmcnte
gloriosa, a missão do Padre : tem que 1·ehabilit11r-
se a si proprio perante a scciedade dcs1lenhnsa, e
que levant,,r a Hcligiào da deeadcncia e abatimen-
to em qne por infelicidade se acha; corno eeere\'CU
um mallogrado talento (Gabriel de Mourn Couti-
nho), « é necesw1·io que o PudrP. faça emmudecer
as blaspltemias elo philosop!to rcwion,llista e esian-
que nos labios !lo litterato atrei:do o sol'ri,o zombe-
teiro da impieclade ; é necessario que • •• obrigue de

1 MANOEL MAI,1m1ao & e.•, enti\o proprietarioa da Li•


vraria Call,olica Portuense.

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ADVERTENCIA

novo os homens a reconhecerem n'elle o ungido do


Senhor, e na JtJ,qreja a salvação do rrmndo. •
Mas como ha de conseguir isto? Pela virtude e
santidade da vida, pela cultura e poder da intelli-
ge111iia. O Paiirn deve ser, se,g-undo o Evangelho,
o sal da terra e a luz do mundo. Se o viver do Sa-
cerdote fôr irreprehensivel, um exemplo incontras-
tavel de todas as virtudes, as settas envenena-
das dos seus inimi_g·os cahir-lhe hão frins e sem
força aos pés, ou reverterão a ferir os mesmos quo
ae dispararem. Se a sciencia do Padre fôr solida
e variada, os snphismas dos incredulos e d"s maus
serão facilmente pulverisados ptila sua palavra ver-
dadeira e auctorisada.
Outros livros se occupnm magnificamente da
instrucçào do Clero; o presente mira sqbrctudo á
sua m<'ralisação e santificação. Pela bocca do reve-
rendo Bartholomcu do Monte falia Jesus Christo ao
coração do Sacerdote, lembrando-lhe as obrigações
.do seu santo ministerio: como poder:!. deixar de es-
cutai-o e obedecer-lhe?
Refere-se ter declarado S. José de Cupertino, a
um Prelado da Egreja, que o Officio divino bem
rezado e a devota celebração do santo Sacrificio da
:Missa era o mais poderoso meio para a reforma do
Clero em tudo e por tudo. Que é o Sacrifício da
1\lissa? « Ajuntae os merecimentos da Augusta Ma-
ria, diz Mons. Uaume, as arlomç,)es dos Anjos, os
trabalhos dos Apo;tolos, os soJfrimentos dos Marty-
res, as austeridade? dos Anachoretas, a pnreza das
Vir,qens, as i•irtudes dos Confessores, n'uma pala-
vra, as ÚQas obras de todos os Santos (J_ne existiram,
existem e ltào de e.ci~tir, desde o 1n·incipio do mun-
do até á consummaçào dos seculvs; accrescentae-lltes
com o penaamento oa merecimentos dos Santos de

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ADVERTENCIA IX

mil mundos mais perfeitos· que o nosso: é de fé que


não tereis o valor d'uma só Missa. •
E o Sacerdote é o ministro d'esse augustissi-
Il'lO- e preciosissimo Sarrificio ! Com que desvelo
deve preparar-se para elle ! Com quo zélo temeroso
deve celebrai-o! Attendeu-se tambem n'este livri-
nho a esse importautissimo objeeto; e oxalá se veja
d'uma vez para sempre desterrado dos nnssos Al-
tares esse horrendo abuso, talvez o mais digno de
chorar-se, de celebrar tão desattenta e precipita-
dameJ:1te o mais alto e tremendo dos mysterios da
Religião.
O nosso supremo desejo é vêr a Religii'io exal-
tada, e o 8acerdocio respeitado; e exultaremos de
jubilo, se com as nossas minguadas forças concor-
1·ermos, pouco que seja, para que esses grandes
fins se consigam. Permitta Deus que os nossos es-
forços sejam coroados de feliz resultado!

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Anno L.
Dom.
Au.
N. Epacta Septua-
geshna
FESTAS'

Cinza Paoohoa
,
- - -- --
1910 b 11 XIX 23 Jan. 9Fev. 27Mar.
1911 A 12 12Fev: 1 Mar. 16Abr.
1912 gf 13 *
XI 4Fev. 21 Fcv. 7 Abr.
1913 e 14 XXII rn Jan. 5Fev. 23Mar.
1914 d 15 Ili 8:I!'ev. 25 Fev. 12 Abr.
1\!lfl e lii XIV 31 Jan. 17 Fev. 4Abr.
1916 bA 17 XXV 20:l''ev. 8;,\Iar. 23.\br.
1917 g 18 VI 4Fev. 21.Fev. 8Abr.
1\:118 f 1 XVII
1!) 27 Jan. 1·13 Fcv. 31 Mar.
1919 e 1 XXIX 16 J:<'ev. 5 \1 ar. 20Abr.
19l0 d e 2 X 1 Fcv. 18Fcv. 4Abr.
1921 b 3 XXI 23 Jan. B Fcv. 27 i\Iar.
1922 A 4 II 12:I<'ev. Biar. 16Abr.
1923 g 5 XIII 28 Jan. 14 Fev. lAbr.
ll:!24 fe 6 XXIV 17Fcv. 5 \lar. 20Abr.
19:15 d 7 V 8Fcv. 25Fcv. 12 Abr.
1926 e 8 XVI 31 Jnn. 17 Fev. 4Abr.
1927 b 9 XXVII 13 l!'cv. ID!ar. 17 Abr.
Hl28 Ag 10 VIII 5:I!'cv. 22 l<'ev. 8Abr.
191!\J f 11 XIX 27 Jan. 13 Fev. 31 Mar.
1930 e 12 16 Fcv. 51\Iar. 20Abr.
Hl31 d 13 *
XI 1 Fcv. 18 l<'ev. 5Abr.
1932 cb 14 XXII 24 Jm. lOFev. 27Mar.
1933 A 15 III 12 l!'cv. 1 Mar. 16Abr.
1934 g 16 XIV 28 ,Jan. 14 l<'ev. 1 Abr:j
1935 f 17 XXV 17 Jen. 6Mar, 21 Abr,:.

-
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l\IUDAVEIS

A1ce11olo Pentecooleo Corpo D. 1. 0 Dom,


Jnd,
de Douo Pen. do .,\dvento
-- --
5 Maio 15 Maio 26 Maio 8 27 27 Nov.
25 Maio · 4 Jun. 15 Jun. 9 25 3 Dez.
16 Maio 26 Maio 6 Jun. 10 26 1 Dez.
1 Maio 11 'laio 22 Maio 11 28 30 Nov.
21 Maio 31 Maio 11 Juu. 12 25 29 Nov.
13 Maio 23 Maio 3 Jun. 13 26 28 Nl)V.
1 Jun. 11 Jun. 22 Jun. 14 24 3 Dez.
17 Maio 27 Maio 7 Jun. 15 26 2 Dez.
9 Maio 19 Maio 30 Maio 1 1 27 1 Dez.
29 Maio 8 Jun. 19 Jun. 2 24 30 Nov.
13 .\!aio 23 Maio 3 Jun. 3 26 28 Nov.
6 ~laio 16 Maio 26 .\!aio 4 27 27 Nov.
2!i Maio 4 Jun. 15 Jun. 5 25 3 Dez.
IOMaio 20 Maio 31 Maio 6 27 2 Dez.
29 Maio 8 Jun. 19 Jun. 7 24 30 Nov.
21 Maio 31 Maio 11 Jun. 8 25 29 Nov.
13 .\!aio 23 Maio 3 Jun. 9 26 28 Nov.
26 Maio 5 Jun. 16 Jun. 10 24 27 Nov.
17 Maio 27 Maio 7 Jun. 11 2ô 2 Dez.
9 Maio 19 Maio 30 !\!aio 12 27 1 Dez.
29 Maio 8 Jun. 19 Jun. 13 24 30 Nov.
14 Maio 24 Maio 4 Jun. 14 26 29 Nov.
6 Maio 15 Maio 26 Maio 16 27 27 Nov.
25 Maio 4 Jun. 16 Jun. 1 26 3 Dez.
10 Maio 2U Maio 31 Maio 2 26 2 Dez.
30 Mah 9 Jun. 20 Jun. 3 27 1 Dez.
- 1

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CONFERENCIA

SOBRE A VOCAÇÃO AO SACERDOCIO

E' muito triste vêr o descuido da nossa


mocidadfl christ1l a respeito da escolha do
seu estado. A grande maioria dos jovens
não se oceupa de modo algum em ç,onside-
rar se o estado que abraçam é ou nllo con-
forme á vontade de Deus; se teem aptid!lo
para esse estado, se será ou n!lo para elles
o caminho mais seguro da salvação: vllo
adiante de olhos vendados, a risco de en-
contrar-se um dia á beira do inferno, ou
de n'elle cahirem sem remedia algum. A
maneira mais ordinaria de escolher o seu
estado é a determinaç1\o dos paes. O nosso
Fa. BARTHOLOMEU nos l\'lAHTYHEs já se
queixava d'isto no seu tempo. « Em nas•
cendo, diz elle, jd fazem a um clerigo, a
« outro frade, a outro .rnldado; de e.~prei-
« tar a inclinaçi'lo e geito que cada um
« tem para as c?isas, ntto ha tratar. Assim
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VOCAÇÃO SACERDOTAL XIII

« fica mau letrado o que fôra bom sapa-


« teiro, e não é bom soldado o que fôra
« bom Religioso.» Contra e~te abuso tn.o
grande que ha em toda a parte, é bem
conveniente que se levante a voz, para que
a mocidade, especialmente aquella que se
destina ao sacerdocio, n!lo ande ás cegas
e inconsideradamente em coisa de tanta
importancia.
E primeiro que tudo, para entrar no es-
tado ecclesiastico é necessaria uma voca-
çllo divina. Esta verdade é evidente pelos
testemunhos das Sagradas Escripturas. S.
PAULO (ad llebr. V, 4-5) diz: Nec quis-
quam sumit .~ibi honorem, sed qui vocafur
a Deo, tamquam Aaron. Sic et Chri.~fus
non semetipsum clarificavit ut Pontifex
fieret; sed qui locutus est ad eum: Filius
meus es tu. E os Apostolos, quando tra-
tavam de substituir outro no Jogar de Ju-
das, pediam a Deus que manifestasse a
sua vontade: ... In Domine o.~tende quem
elegeris ... (Act. I, 24); e o mesmo Christo
(JoANN., X, 1-2) diz: ... Qui non intrat
per ostium in ovile ovium, . •. fur est et
latro; qui autem intrat per ostium, pastor
est ovium; em S. JoÃo (X V, 16): Non vo.11
me elegistis, sed ego elegi -i:os, . .. ut eatis

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XIV JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

et fructum nfferatis .• . ; e em S. Lucu


(X, 6): Roga te Dominum messi.'11 ut mittat
operarios in messem suam. Estes logares
da Sagrada Escriptura todos mostram que,
para o estado do sacerdocio, é Deus que
chama, é Deus que escolhe, é Deus que
manda. E este chamamento, esta escolha,
este mandado de Deus, emquanto se nos
manifosta por signaes que nol·a tornem
provavel, é o que nós chamamos vocaçi'lo.
E por isso é grande presumpçllo e desati-
no entrar no estado ecclesiastico sem esta
vocaçllo de Deus, já pelo atrevimento de
introduzir-se a ser ministro d'este Rei dos
reis, sem ser por elle convidado, já pelo
risco de interromper aquella cadeia de
graças, ás quaes está ligada a nossa sal-
vaç~o. Non mittebam prophetas et ipsi
currebant, diz Deus pelo propheta Jere-
mias. A.o qual proposito conclue o Cate-
cismo Romano: Quo quidem hominum ge-
nere, nihil infeliciu.~ ac mi.~erius, nihil
Ecclesiro calamitosius esse potest.
E esta mesma doutrina é a doutrina de
todos os Santos e Doutores da Egreja,
ainda que sPja verdade que os mais mo-
dernos se tenbam occupado mais em expli-
cai-a. Entre os antigos cito só SANTO AN-

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VOCAÇÃO SACERDOTAL XV

SELMO,que, fallando a proposito do teste-


munho de S. PArLo acima dito: Xec quis-
quam sumaf, etc., diz: Qui enim se inge-
rit et propriam gloriam qumrit, gratice
Dei rapinam facit, et ideo non accipit be-
nedictionem, sed maledictionem. E SANTO
A FFONso DE Lwc,mo (1. VI, n. 0 803) diz:
Qui autem sine rocatione l x certis -~ignis
explo1·ata, in sacrum Ministerium se in-
trudit, non potest quidem a gravi prre-
sumptione excuso ri; e ahi mesmo traz o
testemunho do sabio e discreto 1\foa. ABEL-
LY, o grande amigo de S. Vicente de.Paulo,
que no opusculo Sacerdo.~ Christianu.ç, c.
4, diz: Qui scirns, nulla dfoinae vocationis
habita ratione se in sace1·dotium intrude-
ret, haud dubie seipsum in apertam salu-
tis discrimen injiceret, peccando scilicet
in Spiritum Sanctum, quod quidem pecca-
tum, vix, aut rarissime dimitti ex Evan-
gelio discimits. E esta mesma doutrina é
a doutrina de todos os Moralistas moder-
nos e a do mesmo Catecismo Romano, que
já acima tenho citado.
A vocaç!io ao estado ecclesiastico póde
pois definir-se -- Uma inclinaçr'fo inspi-
rada por Deu.ç para esse estado. Esta in-
clinaç!to consiste propriamente n'um bom

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XVI JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

pensamento que se offerece á nossa intelli-


gencia, á qual se representa o tal estado
como um hem espiritual; e n'uma certa
affeiçllo que attrahe a nossa vontade, seme-
lhante áque)la da qual falla SANTO AGos-
TJNHO : Ostendis ovi ramum et trahis eam.
Ora esta inclinaçllo, para ser verdadeira
vocaç!!.o, ha de ser inspirada por Deus; e
para n!lo ser illudido é necessario attender
aos signaes mais ordinarios d'uma verda-
deira vocação, que é inspirada por Deus.
Estes signaes, alguns s!lo extraordinarios,
e d'estes nllo entendemos fallar; outros
sfo ordinarios e reduzem-se principalmente
a tres, conforme a doutrina de SANTO
AFFONSo MARIA DE Lwomo: - 1. 0 aptidão
para o estado clerical - 2. 0 recta iutençllo
- e 3. 0 boa reputaçllo. Diremos alguma
coisa de cada um d'ellcs.
1. 0 Poucas palavras bastar!1o a respei-
to da aptidn.n: pnrn se formar um juizô
claro n'este ponto, ba,ta a opinifo de quai-
quer homem prudente, ou mesmo a apprc
vaç!Lo do Bispo, o qual vos admitte para
a Ordenaç!to, depois dos exames e das in-
formações convenientes.
2. 0 Mais difficultoso é conhecer se o
fim que levamos em vista para ascender

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VOCA<,:Ão SACERDOTAL xn1

ao Sacerdocio vem de Deus ou não, O


Sànto Evangelho apreseuta-nos a este pro-
posito dois casos que merecem a nossa
ettençilo. Apresenta-se um dia a Nosso Se-
nhor um mancebo, algum tanto presum•
pçoso, e de repente lhe diz: Magister, . ..
sequai' te quocumque i;;1•is (Luc, IX, [)7.)
Parece que este mancebo fiuha verdadeira.
vocação para srguir a Nm,so Senhor; assim
pel_o menos se julgaria, reparando uo dcs•
embaraço e na espontaneidade com que
faz a sua proposta; mas não foi tal o jnizo
omnisciente do divino :\[estrc, o qual achou
que elle nlto tinha verdadeira vocaçllo;
pois nllo era por amor de Deus que queria
eeguil-o, mas por cubiça e por vaidade: por
yubiça das esmolas _que via darem-se aos
· Aposto los, e por vaidade das honn:.s com
que eram acatados; e por isso Jesus res-
pondeu: - Vulpes foveas habent, et volu-
7es coeli nidum; Filiui; autem homi-
nis non habet ubi reclinet caput suum ,·
cfue foi o mesmo que dizer-lhe como
SANTO AoosTl~Ho o entende íSerm. 7.
de verbo Domini): Vós quer~is seguir
uma vida cornmoda, e é por isso que
quereis vir atraz de mim; ruas estaes
muito enganado, pois quem me seguir,

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xvm JESUS AO CORAÇ1o DO SACERDOTE

nllo só nlto terá sobejos, mas até lhe falta-


rá o necessario.
Na mesma occasino, segundo parece,
achava-se alli outro joven, e d'esta vez,
pelo contrario, é Nosso Senhor que lhe falia
primeiro : - Sequere me (Luc., IX, Ml). O
joven acanha-se, começa a dar desculpas:
- Domine, permitte mihi primum ire, et
sepelire patrem meum. Este joven é mui
differente do primeiro; bem se vê que tem
alguma coisa de seu em casa, que é abas-
tado; já ouviu o que tinha dito·~Nosso Se-
nhor ao outro, que nllo tinha nem casa, nem
cama ; tal vez estaria taro bem preso pelo
amor ao pae; não tem coragem de dizer
a Nosso Senhor : 1.\"ão quero, por isso con-
tenta-se com p('dir licença de dilatar pelo
menos a execuç1!.o da sua chamada ou vo-
caçllo. Nosso Senhor porém nllo fica muito
satisfeito, e repete que n1io era conveniente,
por amor ao pae, nllo obedecer á sua voz:
- Sine ut mortui sepeliant mortuoi; suos,
tu autem vade et annuntia ugnum Dei.
Bem se vê que Nosso Senhor queria fazer
d'elle um grande Apostolo, mas o man-
cebo teima ainda, e com boas palavras ne-
~a-~e ao convite que lhe é ft'ito, e d'esta
vez falla mais claro: - Permitte mihi pri,

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VOCAÇÃO SACERDOTAL XIX

mum renuntiare his quce domi sunt. Que-


ria dispôr do que era seu; já nllo era o
pae que lhe custava a largar, era o dinheiro.
Diz-lhe entllo Nosso Senhor em resposta :
Nemo mittens manum suam ad aratrum,
et respicien.Y retro, aptu.~ est regno Dei.
Ameaça-o francamente, e lhe diz que se
n!l.o seguir a sua vocação, com toda a pro-
babilidade será condemnado.
D'estes dois casos que lêmos no Santo
Evangelho, cada um entenderá quanto é
facil 1lludir-se a respeito da sua vocação,
e julgar chamamento de Deus o que é cha-
mamento do amor proprio, ou rejeitar como
falsa vocação aquella que é a verdadeira.
Para isto se quer muita discrição e muita
luz de Deu!l para nlto ser enganado. S.
PHILIPPE NERY diz que, para experimen-
tar se a nossa vocaçllo é de Deus ou nllo,
se precisam tres coisas: tempo, oraçllo e
conselho; - tempo, pois as coisas feitas
com pressa, raro é que sáiam convenien-
~emente, e as resoluções que sllo filhas do
~mpeto da nossa natureza, raro é que se•
J~m guiadas por Deus; - oração para pe-
dir a Deus luz e conhecer a sua vontade,
c?nfor_me a S. Escriptura, quando diz: .•.
Cum ignoremus quid agere d~beamus, hoc

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XX JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

solum habemus residui ut oculos nostros


dirigamus ad te (2. 0 Paral. XX, 12); - e
conselho d' alguma pessoa prudente, ou
d'algum bom confessor que nos governe;
da mesma maneira como Nosso Senhor
mandou Saulo a Ananías e lhe disse: -
Ingredere civitatem et ibi dicetur tibi quid
te oporteat facere. • • (Act., IX, v. 7.)
Concluo este ponto com as gravissimas
palavras do Catecismo Romano, o qual cer-
tamente ninguem arguirá de rigoroso. Nilo
quero aqui transcrever tudo o que elle diz,
por ser extenso; mas transcreverei o que
. me parece que mais vem ao caso. Ouça-
mol-o (P. II, De Sacr. Ordinis, n. 4): Alii
enim eo consílio ad hanc vivendi ratio-
nem se convertunt, ut quae ad victum 1,e.<J-
titumque necessaria sunt parent . .• alias
honorum cupiditas et ambitio ad Sacer-
dotalem ordinem ducit. • . Alii vero ut
divitiis affiuant initiari t:olunt . .. Hi vero
sunt quos Salvator noster rnercenarios
appellat, et quos Ezechiel dicebat semeti-
psos et non oveH pascere, quorum turpi-
tudo noii ,'lolum ordini magnas tenebra,'l
offundit, verum etiam efficit, ut ipsi nihil
amplius ex Sacerdotio consequantur, quam
,fudas ex Apostolatus munere, quod illi

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VOCAÇÃO SACERDOTAL X:Xl

sempifernum exitium attulit. Quem ti.ver


olhos, leia e pondere attentamente.
3. 0 O terceiro signal para entender se
a vocaçll.o é verdadeira ou nllo, é conside-
rar quaes são os costumes e qual a vida
de qnem deseja ser Ecclesiastico, pois se
sua vida é de bom christllo, já tem uma
grande probabilidade de ser chamado por
Deus; e, ao contrario, se é vida de mau
christllo, isto é, d'um homem que vive ha-
bitualmente no peccado mortal, que está
especialmente atolado nos vícios da carne,
sem fazer quasi esforço algum para livrar-se
d'elles, e que tem pouco ou nenhum uso
de praticas religiosas, póde estar certo que,
pelo menos até que nll.o emende a sua vida,
Deus nll.o o chama para o estado eccle-
siastico. Entendamo'-nos bem: Deus póJe
chamar mesmo um homem mau em seu
seguimento: assim chamou um Saulo, per-
seguidor da Egreja; chamou um Matheus,
publico usurario, e ambos elles foram dois
muito illustres Apostolos. Mas nllo foram
taes sem primeiro dar provas muito extra-
or?i~arias da sua conversão, o primeiro
SUJeitando-se a Ananías e vencendo intei-
ra.mente os respeitos humanos, prégando a
Jesus Christo com nllo menor energiu que

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xxn JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

aquella com que ia perseguindo os chris-


t!ios; e o segundo, vendendo logo tudo o
que tinha, e repartindo-o pdos pobres.
O fundamento d'esta doutrina é a ne-
cessidade que tem o Padre de ser algum
tanto mais virtuoso do que o commum dos
christàos, e especialmente no guardar a
obrigação do celibato, que vae annexa ao
Sacerdocio. A mesma razllo natural explica
isto. Basta considerar o que vale ser Sa-
cerdote, isto é, Minister Christi et di.çpen-
sator Mysteriorum Dei (Ad Cor. IV, l);
e é claro que o Ministro de Deus ha de ser
mais amigo de Deus do que qualquer chris-
t!lo. Além d'isto o celibato requer muita
virtude e muita graça de Deus: Scito quod
non possis esse continens nisi Deus det
(Sap., VIII, 21); d' onde se vê o atrevi-
mento de quem entra n'este estado sem ter
forças para isto. O Catecismo Romano ex-
plica muito bem a necessidade d'esta vir-
.tude <lo Padre nllo commum aos' christ!los;
diz elle (P. II. De Ordine, n. 5): Nam ut
in exerci tu omnes quidem milites Impera-
toris legibus parent, sed inter eos tamen
alius Centurio, alius Praefectus est, alii
alia mune1·a obeunt; ita quamvis omnes
fideles pietatem et innocentiam omni stu,-

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TOCAÇÃO SACERDOTAL xxm

dio sectari debeant, eos tamen qui ordinis


sacramento .mnt initiati, praecipua quae-
dam mune1·a et functiones in Ecclesia exe-
qui opoi·tet. E o mesmo vae explicando mais
abaixo, n.''' 30 e :l l. Como isto nos parece
um ponto muito claro, achamos desnecessa-
rio accumular mais razões e auctoridades,
já da Sagrada Escriptura ou dos Santos
Padres, que n'esta materia abundam. Pa-
rece-me que basta tirar uma consequencia,
isto é, que, se esta bondade de vida nllo or-
dinaria e commum em todos os christãos é
tão necessaria a um Padre, certamente n§o
tem vocaçl'l.o ecclesiastica aquclle que nllo
tem disposiçllo para ella; e seria um pec-
cado de grave irnprudencia e presumpçllo
entrar no estado ecclef'iastico sem proha-
bilidade fundada de cumprir com as novas
obrigações que cada um se impõe.
E é por isto que todos os Auctores de
M~ral querem alguma disposição mais para
deitar a absolvição a um Orclinando, do
que a qualquer penitente; de tal maneira
que, assim o Confessor como o penitente,
possam p<'lo menos fazer um juizo pru-
dente e provavel de que o tal Ordinando
t~nha forças para viver casto toda a sua
vida. E' esta uma coisa de absoluta neces-

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XXIV JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

sidad8, já porque é dictado pela mesma


raz!lo natural, já porque o Sagrado Con-
cilio Tridentino diz claramrnte (cap. XIII,
sess. 2,l): Subdiaconi et Diaconi ordinen-
tur habentes bonum testimonium, et qui
sperent, Deo auctore, se contine1·e posse.
Agora nno me parece que se possa pru-
dentemente confiar que possa viver casto
aquelle que, a n!!.o ser apenas poucps dias
antes da Ordenação, tem vivido sempre
e habitualmente como atolado em vícios
deshon't:stos. E sirva isto tambem para al-
guns Confessores, que absolvem os taes
C.lerigos com tanta facilidade, no momento
de ordenar-se, n11o sei s1, com mais igno-
rancia, ou com mais perversidttde e con-
nivencia, por acharem-se talvez cumplices
nos mesmos vicios.
D'üto bem se vê o que se ha de dizer
d'aquelles jovens que vllo desafogando as
suas paixões antes do Sacerdocio, dizendo
que depois das Ordens h!lo de moderar-se.
São muito parecidos com Judas, do qual
dizem os Santos Padres que foi vicioso
desde a sua moeidacfo, e vno acabar para
o inferno corno elle. Uma experiencia con-
tínua nos ensina que do mau joven sahe
o mau Padre, e o mau Padre, por justo

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VOCAÇÃO SACERDOTAL :x:xv

eastigo de Deus, quasi nunca se converte.


Assim é tambem que muitos jovens per-
dem a vocaç!lo, atolando-se cm todos os
vicio5, até ao ponto de se esquecerem in-
teiramente do chamamento de Deus, e me-
recerem a terrivel sentença de Nosso Se-
nhor: Non sunt apti regno Dei, o que equi-
vale a uma sentença de rE>provaçllo eterna.
Conclúo com a opiniâo de S. THoMAZ
para fechar a bocca áquelles, que dizem
que d' este modo haverá muito poucos Cle-
rigos: Deus numquam ita deserit Eccle-
siam suam, quin inveniantur idonei Mi-
nistri suf!icientes ad necessitatem plebis,
si digni promoverentur, et indigni repel-
lerentu1·, et si non possent tot Ministri in-
1;enfre quot modo sunt, meliu.~ esset ha-
bere paucos Ministros bonos quam multos
malos. (S. THoM. P. III, p. aupp., q. 36,
a 4.)
Mas o que ha de fazer aquelle que por
sua desgraça já se acha entrado no estado
s~cerdotal, sem ter quasi nenhum d'estes
s1gnaes acima ditos de verdadeira vocação?
O estado de tal homem é certamente muito·
perigoso, pois o seu peccado é um d'aquel-
les que difficílmente se perdôam, por ser
\lm peccado contra o Espirita Santo; e é

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XXVI JF.SUS !O COIUÇÃ'.O DO SACERDOTE

esta uma das razões pelas quaes acontece


tlto difficilmente a conversão d'um mau
Padre. Corutudo, como oito ha peccado que
n!to possa ter perd1'io, <Í evidente que, se
se arrepender devéras, Nosso Senhor n!lo
deixará de auxiliai-o com a sua graça:
Corripe me, Domine, verumtamen in Ju-
dicio, et non in furore tuo ... (Jer., X, 24).
E esta dôr seria muito conveniente que o
acompanhasse toda a sua vida e lhe fosse
de estimulo para ser fiel no serviço de
Deus, e cumprir com as obrigações de Pa-
dre, das quaes já se nlio póde livrar. Eis-
aqui as aureas palavras de S. BERNARDO a
este proposito: Nolo te hoc tamquam pm·-
vum mal um negligere, sed semper timere,
semper poenitere, semper securum non
esse, sicut scriptum est, beatus homo qui
semper est pavidu.~. Vides quem timorem
tibi incutere nitor? Non qui tibi sit la-
quceus de.~perationis, ised qui spem tibi
acquirat beatitudinis. (Ep. 87.)
E com isto parece-me poder concluir esta
pequena pratica a respeito da vocaçllo ec-
clesiastica; só desejava que aquelles que
sentem no seu coração esta divina inclina-
çlto, nll.o a desprezem, nem fizessem por
affogar a voz de Deus com as vozes das

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VOCAÇÃO sAr,~nDOTAL XXVII

paixões brutaes, de maneira que Deus


mesmo chegue a arrepender-se de tel-os
chamado, e os desampare á vontade do seu
reprobo senso; antes procurem com todo
o cuidado guardar no seu peito o thesouro
da graça do Senhor e do chamamento di-
vino, já fugindo das más companhias e das
occasiões do pecca<lo, _já cultivando em si
mesmos o espirito de devoçllo com as pra-
ticas religiosas, e especialmente com al-
guma frequencia dos Sacramentos, nllo fa-
zendo como alguns que, tenÇ,ionanuo de-
ver para o futuro nutrir-se todos os dias
do 1-'!to dos Anjos, emquanto são novos
apenas o recebem uma vez cada anno, -
e oxalá que não seja sacrilegamente ! Des-
graçado d'este bom povo portuguez que
haja de ser entregue a taes lobos! Desgra-
çada d'esta nossa patria que, apesar das
suas boas disposições, vae a pouco e pouco
perdendo a fé e a Religillo e cahindo na
descr':'nça por causa d'estes maus Padres!
Lembrem-se da ameaça de Deus, com a
qual quero acabar: / mpius in iniquitate
sua nwrietur, sanguinern aufem ejus de
manu tua reqniram. (~ZF.CH., XXXIII, 8)

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XXVlll JKBUS AO CORAÇÃO DO SACERDO,E

ACTOS PREPARATORIOS PARA A MEDITAÇÃO

Considera-te, minha alma, na presença


do teu Deus; Elle te vê, te ouve e penetra
até ao intimo do teu coraç!lo; adora-o pro-
fundamente, dizendo:
l\leu D,:ms, creio estar na vossa presença;
e, humilhado no abysmo do meu nada, vos
adoro. Confesso-vos por aquelle grande Se-
nhor, que sois adorado de todos os Anjos
e Santos do Céo.
Reconheço que sou indigno de estar
diante de vó's, depois de tantas ingratidões,
depois de tantas vezes ter merecido o In-
ferno. Mas que hei de fazer agora, Senhor;
a quem hei de recorrer se me repellirdes
da vossa presença?! Tende piedade de
mim, meu Deus, que de todo o coração me
peza de ter-vos offendido, a vós, Summo
Bem, digno de to<ro o amor. Proponho
amar-vos sobre todas as coisas, e até quero
antes morrer que tornar mais a offender•
vos.
Entretanto concedei-me as luzes neces-
sarias para fazer bem esta oraç!l.o. Confesso
que nada posso sem vós; soccorrei-me pois,
eterno Deus, por amor de Jesus e de Ma-
ria. Uno esta minha oraçito á que, n'esta

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ACTOB PREPARATORIOS XXIX·

hora, vos estilo fazendo, na terra as almas


vossas amantes, e no Céo os Anjos e S:m•
tos, cujo patrocinio imploro; e protesto,
meu Deus, ser minha intenção fazei-a para
vos agradar.
Gloria Patri. .• (em louvor da SS. Trin-
dade.)
Avé-Maria .•• (em louvor de Nossa Se-
nhora.)
ADVERTENCIA

Lido, com a maior attcnção, o ponto que deve


meditar-se, faça-se uma breve pausa para dar to-
gar á reflexão : depois prosiga-se do mesmo modo
a leitura dos outros pontos, podendo lêr-se, ou toda
a Meditação, ou um só ou dois pontos, ou ainda só
parte de um ponto, segundo a maior ou menor im-
pressão que fizerem na alma as verdades que n'el-
les se contéem; porque póàe um só ponto ou pensa-
mento causar viva impressão na alma, absorver-lhe
toda a attenção e dar mataria sufficiente á refle-
xão. N'este caso não se continue a leitura; medi-
te-se n'esse ponto ou pensamento, podendo até re-
petir-se n'elle a oração por muitos dias, reservan-
do-se os demais pontos para os dias seguintes. Haja
sempre o cuidado em seguir as divinas moções.
Depois da leitura do ponto, deve excitar-se a
alma á meditação, dizendo:

Pensa, minha alma, no teu Deus; diri-


ge-lhe actos de confiança e amor i escuta

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XXX JESUS AO CORA.ÇlO DO SACERDOTE

suas dôces palavras; abraça-te com o teu


querido Jesus e ama-o com todo o coraçll.o.
Depois do primeiro ponto leia-se e medite-se o
segundo, aecrescentando no fim:

Minha alma, entra em ti mesma, e vê


quantos desgostos tens dado ao teu Jesus; e
nll.o choras? que mal te fez o teu Deus?! ...
Eia pois, prostrada em sua presença, faze
actos de contriçllo, de humildade e confu-
s!lo propria. Pede humildemente perdlto a
teu Pae celeste; ama o Summo Bem. Oh !
Se nunca tiveras offendido o teu Deus!
Oh! Se tiveras sempre amado o teu Jesus,
Bondade infinita! ...
Concluida finalmento a meditação e moção dos
affectos, passa-se ás resoluções, dizendo :

Prometto-vos, meu Deus, nunca mais


tornar a desgostar-vos, nem com peceados
mortaes nem com veniaes deliberados. Pro-
ponho emendar-me de tal ou tal vicio .••
(Aqui formará resolução efficaz de fugir do pcc-
cado, ou defeito mais grave, ou em que mais vezes
costuma cahir.)
Para este fim servir-me-hei de tal ou tal
meio ••. ; não irei áquell9i casa, .• ; aban•

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ACTOS bE ACÇA.O IJE anAÇAB XXX!

clonarei aquella companhia ... ; resistirei


sem demora áquelle pensamento •.. ; ca-
lar-me-hei em tal ou tal occasi!lo .•. , etc.,
etc.
Trindade Beatissima, pelo amor de J e-
sus e de Maria concedei-me graça para
observar até á morte tudo o que vos tenho
promettido.
CONCLUSÃO DA ORAÇÃO
Formadaij as resoluc;ües, em que consiste prin-
cipalmente o fructo da oração mental, procure-se
cmnpril-as fielmente.

ACTOS DE ACÇÃO OE GRAÇAS

Meu Deus, do intimo do meu coração


vos louvo, vos bcmdigo e vos agradeço as
santas luzes e affectos que vos dignastes
conceder-me n'esta meditação.
Novamente confirmo e vos offereço as
santas resoluçõee que, ajudado da vossa
graça, acabo de faz,,r, particularmente
aquellas que teem por fim ·fugir com todo
0 esforço de tudo aquillo que fôr offen-

sa vossa, meu Summo B:!m, e fazer toda


a diligencia por ser vosso servo fiel e
amante na vida presente, para sel-o depois

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XXXIl JF.St;S AO CORAi,,Xo no SACEHDC.T~:

perfeitamente na futura. Mas vós conhe-


ceis as minhas inclinações para o mal, a
minha repugnancia para as coisas espiri-
tuaes, a minha inconstancia no bem come-
çado.
O' piedosissimo Jesus, nunca me aban-
doneis; sustentae-me com a vossa graça ;
confirmae com ella os propositos que com
o seu auxilio tenho feito. Confirma hoc,
Deu,Y, quod operatus es in nobis.

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.JESUS CHRISTO
FALLANDO

AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

MEDITAÇÕES ECCLESIASTICAS
PARA TODOS OS DIAS DO MEZ

PRIMEIRO DIA
A. ora~íio 111ental

I. -Filho, quanto me consola vêr-te


prostrado a meus pés, para que eu te
illumine, e falle ao teu coração!
Tu tens maior necessidade das minhas
luzes e auxilios que os outros; porque as
minhas verdades, soando continuamente
em teus labios e em teus ouvidos, já te
não impressionam.
Entrega-te pois a mim, reflecte, pensa,
medita; porque todo o mal nasce da falta
de meditaçilo. Por isso o mundo está t!lo
extraviado e pervertido ; por isso ha tan-
tos sacerdotes só no nome, e t!lo poucos
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2 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

na realidade e na virtude. Mas põe de


parte a consciencia dos outros, e cuida
sómente da tua.
Se tens cahido no peccado, filho, por-
que nllo recorres á oraç!l.o? Todas as
boas obras, ainda as mais santas, como a
esmola, a austeridade, a prégaçllo, até a
celebraçll.o do tremendo Sacrificio da Missa,
podem existir com o peccado ; porém pec-
cado com devota e frequente meditação
não póde 1 •
Se queres livrar-te d'elle, a meditaçllo
é o remedia; se temes a recahida, a medi-
taç!lo é arma e escudo contra as tenta-
. ções que padeces, e contra os perigos do
seculo scelerado em que vives; é a forna-
lha d'onde extrahirás a chamma, que deve
inflammar-te em santo empenho de cum-
prires todas as tuas obrigações, que s!l.o
tantas e tllo graves! ·
Entllo ditoso de ti! Já nllo commetterás
novos peccados; resgatar-te-has dos passa-

1 Perspectum íd velim, nos quamvís culpis, et


sceleribus coopertos precatio deprchcndat, illico
tamcn expiari ... Medicinam etonim quandam ex-
pultricem regritudinum esse oonetat iie, qui mor-
bis animi confiiotantur. (CHRYSOST. Homil. 61). ·

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& OR&ÇÃO MENTAL 3

dos, e, satisfazendo-me por meio da peni•


tencia, fervor e edificaçllo das almas, cres-
cerás de virtude em virtude, e chegarás
a ser, como outros muitos, um santo. D'ou-
tra sorte serás um ecclesiastico só na ap-
parencia, um profano vestido de Sacerdote
ou de Religioso; serás um miseravel co-
berto de peccados até á morte 1•
Ah ! filho, se comprehendêras bem a
necessidade que tens da oraçl\o mental! .••
II. - Filho, a minha Egrej a, as almas
remidas com o meu sangue esperam que
tu me aplaques; que sustentes e fortaleças
os justos; que convertas, doutrines, in-
flammes e salves os peccadores. Os secu•
lares se encommendam continuamente ás
tuas orações; para este fim te dilo esmo-
las, e gozas dos bens da Egreja; para
este fim te constitue Sacerdote e advo-
gado, nllo só dos vivos, mas tambem dos
mortos.
Porém dize-me, filho, satisfarás a es•
tes deveres sem oraçllo ? Imaginas que,

-. 1
Ubi vero contigerit, ut aliquis sit precibus
ll_Udus, is a dremonil.Jus abripitur, et in acelera, exi-
tia, calamitatee impellitur, (CHKYl!Os·r, ibidem).

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4 ,JESUS AO CORAÇÂO DO SACERDOTE

para suspender meus flagellos, obter a


paz, santificar as almas, basta um Me-
mento, que,_ dura tanto, quanto um Cre-
do, ou poucas orações vocaes sem de-
voção? Como has de inflammar os outros,
se o teu coraçlio é gêlo? como os com-
moverás, se tu nllo estás commovido? Nilo
basta, filho, nllo basta sciencia nem elo-
quencia para salvar almas : vale mais
uma só palavra, nascida de um coraçllo
abrazado na oraçlto, que cem i:ermões de
um theologo vllo e dissipado. Se queres
ganhar almas para mim, entrega-te á ora-
ção: assim o praticaram todos os varões
apostolicos; assim o pratiquei eu mesmo
para te dar o exemplo.
Na oraçllo receberás as luzes, graças
e fervor convenientes para as encaminhar.
Assim afervorado, conhecerllo os secuiares
que nllo exerces o teu ministerio só por
officio ou costume; e eu mesmo hei de
contribuir com aquellas graças que me pe•
dires, que redundarfio em -grande proveito
d'elles, e tambem teu; pois, filho, de que
te serviria teres salvado o mundo todo, se
P"rdesses a tua alma?!
III. - Eia, filho, vem todos os dias a
meus pés ; vem consolar meu coraçii,o ..

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A ORAÇÃO MJ<:NTAL 5

Acharás que o m~u trato te não causa


pena ; antes será o teu conforto, a tua
consolação e a origem de todo o bem.
Dize-me, pois, que resolução tomas ?
Tens tempo para tudo e para todos; e só
o nllo terás para mim:e para -a tua alma?
Tens talento e capacidade para as scien-
cias, para os interesses terrenos, para lon-
gas e profundas meditações sobre objectos,
muitas vezes a mim desagradaveis, e a ti
e ao teu proximo· perniciosos ; e nl'lo o te-
rás para pensar em tuas obrigações e na
sciencia dos Santos ?
8e nll.o sabes, eu serei teu mestre; e
assim como a meus discípulos abri os the-
souros da minha celestial doutrina, assim
te farei gostar os meus dons, e ttJ enche-
rei do meu espírito. Aprenderás mais junto
á minha Cl'Uz, que na leitura de todos os
livros. ·
Tantos pobres, afadigados, rudes e igno-
r~ntes, téem tempo, e téem-n'o todos os
d1~s, e assim meditando chegam a conse-
guir a eminente sciencia da santidade; e
nll.~ o terás tu, nem saberás, nem quererás?
De1xar-te-has vencer d' elles ?
Por amor de ti eu passei noites intei-
ras em oraçno; dertamei vivo suor de

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6 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

sangue no Horto ; e por mim não quere-


rás gastar uma hora em corresponder-me? 1
Fructo. - Propõe fazer todos os dias ao
menos meia hora de meditl\ção. Procura
munir-te d'algum livro concernente ao teu
estado, como as Meditações de BEVELLET,
as do PARocao DE Lvfo, as de RoGERIO e
outras. Entretanto usa do presente livri-
nho ; e procura ganhar as Indulgencias,
concedidas por BENTO XIV a quem ensi-
nar, aprender e praticar este santo exer-
cicio.
A meditação é prescripta a todas as Or-
dens Regulares nas respectivas Constitui-
ções. S. FRANCISCO DE Assis e S. BoA VEN-
TURA dizem : que, sem exercício da medi-
taç{J,o, o Religioso nunca terá virtude, e a
final se pP,rderd. S. FRANC1sco DE SALES
queria que todo o ecclesiastico prefixasse
uma hora cada dia para meditar; o que o
Santo observava inviolavelmente.
S. CARLOS mandava que os ordinandos
fossem examinados sobre se sabiam fazer
oração, se a praticavam, e o fructo que
d'ella tiravam; quando ignorassem esta
materia, nllo eram promovidos ás Ordens
sacras,
Ainda que te aches no estado de aridez,

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O FIM DO SACERDOTB 7

nunca deixes a meditação : busca, não as


consolações de Deus, mas o Deus das con-
solações, e colherás abundantes fructos.
Grava em teu coração a seguinte ma•
xima do Veneravel JoÃo n' AvILA: Que é
absolutamente inhabil para o sacerdocio
quem nllo é homem de oraçll,o.

SEGUNDO DIA
O ft ■n do Saeerdote

1. -Amado filho, quem te deu o sêr?


quem te conserva a vida? quem te conce-
deu todas as commodidades temporaes de
que gozas? quem, as graças do Baptismo
e dos outros Sacramentos?
Quem teve jámais o amor e a coragem
de dar por ti seu proprio sangue? Eu ;
fui eu quem tudo isto fez por teu amor,
para que me désses gloria, reconhecendo-
me, amando-me e imitando-me; e, se isto
fizeres por um breve tempo n'este mundo,
tenho-te preparada no outro uma gloria
hemaventurada por toda a eternidade.
Dize-me, filho, poderia eu destinar-te a
um_ fim mais sublime? ou, se na tua m!l.o
estivera a escolha, poderias têl-o escolhido

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8 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

mais elevado'? Porventura os amigos, os


parentes, o mundo que te cega, ou o de-
monio fizeram ou seriam capazes de fazer
tanto por teu amor r
Eu mesmo que mais podia fazer para
ganhar o teu coraçllo ?
Ah! filho, porque corres após a vaidade
e a mentira? porque razllo sempre pensas,
te empregas, te amofinas em tudo, e s6
em mim e por mim n!l.o ? !
II. - Considera, filho, como eu procuro
o teu bem: gravei caracteres em tua alma;
dei-te ·privilegios e poderes, e te incumbi
ministerios santissimos; em certo modo, ele-
vando-te ao Sacerdocio, te constitui arbitro
de mim mesmo: e para que? Unicamente
para que, vendo-te tlto grande na terra,
chegasses a ser maior no Céo, pelos méritos
da tua santificação, e da do teu proximo.
Separei-te do resto dos homens, para que
fosses todo meu; e assim, desapegado dos
cuidados do seculo, te applicasses s6mente
ao meu culto e á salvação do proximo.
Dize-me, filho, terás consciencia para
gozar as honras do Sucerdocio sem aspirar
a uma virtude singular, e sem fazer coisa
alguma pela salvação das almas que te
entreguei?

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O FIM IJO. SACERDOTE 9

Como satisfarás aquella necessidade e


utilidade da minha Egreja, para a qual
unicamente devêras ser ordenado ?
Por que razão inutilisas os teus talentos,
deixas ociosos os meus dons, e frustrados
os meus designios ?
III. - Ah! amado Sacerdote, lembra-te
que o filho honra a seu pae, e o servo a
seu senhor; se eu sou teu Pae, porque
me nli.o amas, se sou teu Senhor, porque
me nll.o serves ? Sabes muito bem que
ninguem póde servir a dois senhores 1 •
Renunciaste no Baptismo ás pompas do
mundo e ao demonio; protestaste, na re-
cepção da Ordem, que eu havia de ser a
tua porção e a tua herança, e te dedi-
caste inteiramente a mim ; depois assim
me deixas, afastando-te de mim e do teu
fim?
O mundo n!lo te póde dar a paz ; tu
mesmo o confessas: vives inquieto, e in-

1
• Verum tu sacerdos Dei altissimi, cui placere
~~stis, mundo, an Deo? Si mundo, cur sacerdos?
S! Deo, cur qualis populus, talis et sacerdos? Nam
8 ) placere vis mundo, quid tibi prodest sacordo-

tBm? Nec enim potes duobus dominis servira.


( ERNARDus, Epist. 42.J

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10 JEBUB AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

quieto viverás até que o teu coraçllo dee-


cance inteiramente em mim 1•
Deves saber, filho, que não basta para
ti o que basta para qualquer christllo : eu
te fiz christll.o para ti, e sacerdote para os
outros 2 •
Nilo podes pois dizer : Basta-me salvar
a minha alma. Aquelle infeliz que escon-
deu o talento, o perdeu, e se perdeu a si
mesmo.
De que te servirá na hora da morte te-
res ganhado o mundo todo, e, nllo tendo
cumprido o teu fim, perderes-te eterna-
mente?
Fructo. -Toma como regra de todas as
acções a maxima de S. FRANCISCO : Na_da
mais contra Deus, nada sem Deus, nada
senl1o Deus. O que niJ,o serve para a eter-
nidade feliz, é mera vaidade.
S. B1tRNARDO tinha sempre em seu cora-

1 ln mundo preeauram, in me pe.cem habebitie.


(Jo.AN., XVI, 33.) Feciati nos, Domine, e.d te; in-
quietum eet cor noatrum, donec, requieece.t in te.
(AuoueT., Confess., liv. 1, cepit. 1.)
» Clericue duas ree profeesue ee, eanctitatem et
clericatum ; clericatum propter populum Deus im-
poeuit cervicibue ipeiue, cui magia onue eet, quam
honor. (AuoueT., Sermon.)

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A DIGNIDADE DO SACERDOTE 11

ç!lo e repetia muitas vezes com a lingua:


Bernardo, a que vieste d religido, se te
não fazes santo? S. RAINALDo, Arcebispo
de Ravenna, desde clerigo tomou por ma-
xima e praxe o seguinte: Eu sou destinado
ao culto divino : logo det'O servir a Egre-
ja; hei de salvar almas: logo devo arder em
verdadeiro zêlo: hei de ser douto; logo
devo applicar-me ds Letras Sagradas.
Se te moveu a abr11çar o estado eccle-
siastico outro fim, a nllo ser o serviço de
Deus e o bem das almas, teme, chora e
emenda o erro. Tens um de dois caminhos:
ou viver como bom Sacerdote, e a todo o
custo entrar pela porta estreita no Céo,
ou, r1uerendo caminhar pela estrada larga,
parar no abysmo eterno.

TERCEIRO DIA
A. dignidade do Saeerdote

I. - Se comprehendêras, filho, a altura


da tua dignidade, com quanto desvelo
procurarias sustentai-a com decoro !
Entra em ti mesmo, e considera a emi-
nencia do ministerio a que te exaltf'i. Re-
fiecte em todas as dignidades, honras e

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12 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

reinos do mundo, compara-os com a tua


dignidade : porventura nllo é muito mais
elevada r 1 nllo te exaltei sobre todos os
leigos, tirando-te do pó da terra? nllo te
dei, com o meu real Sacerdocio, um po-
der que te faz maior que todos os gran-
des do mundo, que curvam sua cabeça ao
Sacerdote?
Compara-te, filho, até como os mesmos
Anjos. Que eu te dei um ministerio ange-
lieo para bem das almas, e que ainda te
levantei acima dos mesmos Anjos, até
elles o confessam, tendo em summa vene-
ração a tua sublime dignidade.
E tu nllo lhe dás importancia? ! e tu
nllo a estimas ? e tu, devendo viver uma
vida de Anjo, imitando suas graças e vir-
tudes, vives uma vida toda mundana; e,
cego pelos interesses, pelos prazeres e por
insensata vaidade, te aviltas, assemelhan-
do-te e até confundindo-te com mulheres
vaidosas e loucos mundanos? !
li. - Filho, qual dos Anjos ou dos Se-

1 Etenim eaeerdotium in terrie quidem peragi-


tur, eed in reruro ereleetium elaseom ordinemque
referendum est. (CHanoar., De Sacerdotio.)

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A DIGNIDADE DO SACERllOTE 13

raphins teve jámais o poder que eu te


dei? 1
Causa-te admiraçl\o o poder de Moysés
que abria os mares, de Josué que fez pa-
rar o sol, de tantos thaumaturgos a quem
obedeciam os elementos, as enfermidades,
a mesma morte e os demonios; não é, po-
rém, muito maior o teu poder em absolver
do peccado as almas, e em fazer que o
proprio Deus baixe dos Céos a tuas mitos?
Oh! quanto é veneranda e sublime a tua
dignidade!
.Minha propria Mlle, ainda que a mais
excellente de todas as creaturas, nunca
teve o poder de perdoar peccados, como
tu tens : se uma vez abriu o Céo, e me
trouxe em seu seio virginal, tu, com au-
ctoridade mais maravilhosa, podes cha-
mar-me e deter-me em tuas mllos, não
uma vez, mas muitas e todos os dias.
Dize-me pois, filho, nll.o é divino o teu
poder? Poderia eu dar-t'o maior? Ah!

1
Sacerdotibue datum est, ut potcstatem ha.-
bea_nt, quam Deus neque Angelis, neque Archan-
gehs datam esse voluit. Neque cnim ad illos di-
~um est: Qurecumque ligavcritis; etc. (CnaYsosT.,
e Sacerdotio.) . .

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14 JEBUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

qnllo grande injnria me fazes, se nllo es-


timas nem honras a toa dignidade divina 1
Quanto maior ainda, se a profanas, fazen-
do-te escravo de paixões torpes e culpas
infames! ...
III. - Nll.o te queixes, filho, de que os
secnlares te não respeitem, e que murmu-
rem de ti, se vestes como secular, se pen-
sas, se falias e se vives como secular, ou
tAlvez peor que oa seculares: queixa-te só-
mente de ti, porque és tu o primeiro que
n!lo estimas nem respeitas o teu caracter ;
e até, com o teu procedimento, me obrigas
a permittir que os seculares, em castigo,
te desacreditem e te escarneçam '.
Porque deshonras, filho, o teu caracter?
porque não .correspondem tuas obras á tua
dignidade? Será sublime a tua honra, e
pessima a tua vida?! divina a profissão,
e perversas as obras? ! Assim correspon-
des ao bem que te tenho feito, e ao muito
que te quero?
Lembra-te que, quanto maior é a digni-

1 Vos (sacerdotes) recessistis de via, et scanda-


lizastis plurimos in lege, dicit Dominus : propter
quod et ogo dedi vos contomptibiles, et humilea
omnibus populia. (.\fAucHu.s, II, 8.)

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A DIGNIDADE DO SACERDOTE 15

dade do Sacerdote, tanto maiores h!lo de


ser as penas e supplicios, se a vida nllo é
conforme com a dignidade.
E quererás, depois de receber de mim
tantos beneficios, depois de dominar no
Céo, na terra e nos infernos, quererás vi-
ver como bruto, cerrar a ti mesmo o Céo,
e acabar finalmente captivo sob os pés do
demonio?
Fructo. - Quer sejas Sacerdote regular
quer secular, mede tuas acções pela tua
dignidade, e nllo pelas maximas do seculo,
nem pelo procedimento dos outros. Consi-
dera frequentemente que, pela tua digni-
dade, tens uma grande honra 1 ; e respeita
o teu caracter em ti e nos demais sacer-
dotes, teus collegas,
Procura ser em tudo exemplar de boas
obras, na doutrina, na pureza, na gravi-
dade, na integridade, de sorte que os adver-
sarias nll.o possam dizer senão bem de ti.

1
Dignitas sacerdotalis prius noacatur a 11obia,
. ~t servetur a no bis ... : ne sit nomen inane, et crimen
1
Dl!1Jane; ne sit honor sublimis, et vita deformis ... ;
quia sicut sacerdotio nihil excellentius, sic nihil
1111 serabilius, si crimine teneatur. (A111011os,, De Sa-
cerdotio,)

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16 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Se julgas que has de sustentar a tua


dignidade com luxo e ostentação, attende
ao que te diz o grande Arçebispo, o Vene-
ravel D. FR. BARTHOLOMEU nos l\hRTYRES :
O' enorme cegueira! .fulga um ministro
de Jesus Chri.~to ser mais prudente, que
o mesmo· Jesus Christo ! Elle venceu o
mundo com o espirita de humildade e de
pobreza, e tu julgas vencêl-o com o espi-
rita do mesmo mundo, isto é, com as pom-
pas do seculo ? I Poderá imaginar-se coisa
mais absurda ? Satanaz, diz o Salvador,
nllo póde expulsar a Satanaz, nem um ho-
mem com o espirito do mundo póde ven-
ce·r o espirito do mundo.
O mundo, em vez de te respeitar, se rirá
de ti e do teu fausto com que se escanda-
lisa. S. CARLOS BoRROMEu, dando-se a uma
heroicà modestia, parcirnonia e frugalidade,
respondia a quantos o criticavam: Que a
verdadeira honra e gloria dos ministros
de Deus não con.çistia no.ç adornos e ata-
vios mundano.ç, mas na religio.~idade, vir-
tude e .9antidade, só as quaes tornam gran-
des, diante de Deus e dos homens, aquelles
que as possuem.

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A 8ANTIDAl:llt SACERDOTAL 11

QUARTO DIA
A. santidade saeerdotal

, I. - Filho, considera que, entre um bom


Sacerdote e um bom secular, deve haver
tanta differença, como ha entre o Céo e a
terra. Devias ser tllo puro, que collocado
no Céo, brilhasses ainda entre os Anjos 1 •
Busca a santidade; porque o teu estado
exige que sejas mui semelhante a mim.
Não julgues, filho, que é demasiado o que
te peço ; porventura parece-te que, para
exercer o teu santíssimo e divino minis-
terio, te basta qualquer perfeição? Ah 1
nllo basta, é necessaria uma santidade
eminente.
Tu mesmo dizes aos seculares que, para
a Communhllo quotidiana, é necessaria
uma perfeiçlto, não vulgar, mas notavel e
distincta ; não serei eu porém o mesmo
que recebem os leigos, para exigir de ti

1
• Neceeee eet eum eic eeee purum, ut in ipeis
dfhs collocatus, inter cwlestes illae virtute11 ma.
ua ataret. (CIIBYBQllt, 1 De Saoerdotio,)

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18 JESUB AO oonAÇÃO DO 8ACE8D0Tl

tanta virtude, quanta tu exiges d'elles? Tu


n!!.o só me recebes, mas tambem me distri-
bues aos outros, P. represE"ntas a minha
pessoa ; não estarás pois ainda mais obrí-
_gado á perfeição que elles?
Examina-te pois por um pouco, e vê se
em ti ha virtude que corresponda a tuas
grnndes obrigaç_ões.
II. - Filho, se és prejudicial a ti mesmo,
como serás util ao teu proximo, que é 6
grande fim da tua vocaç!lo ? Se não tens
zelo pela tua alma, como a terás pelas dos
outros, que deves conduzir a mim pÓr
meio do estudo, da catechese, da prégaçàó,
da Confissão, etc. ? Se te nllo santificas a
ti, como santificarás os outros ?
Deves ser o exemplo dos seculares; logo
cumpre que fujas até das culpas leves,
que em ti se tornam gravissimas. Nada
deve apparecer em ti que seja proprío da
plebe nem do vulgo; nada que seja coui-
mum com os usos, de8ejos e costumes da
gentalha.
Quanto és superior !!.OS seculares pelo
teu estado, tanto o deves ser pelos mereci-
mentos e virtpdes, Como estás em logar
mais elevado, todos olham para ti attenta•
PJ.ente i uem tu podes esconder-te a seat:1

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A !lAN'rlDADE SACERDÕTAL Hl

olhos, nem elles deixam de notar os teus


defeitos 1 •
Q11e seria, filho, se, em vez de seres tu
mais santo que elles, o fossem elles mais
que tu? Já era vergonhoso para ti serem
elles mais caritativos, mais amigos do bem,
mais zelosos da honra de Deus ; e aindà
te devias envergonhar, se elles n'isto fos-
sem sómente teus eguaes : pois como os
-edificarias ? 2 ·
Que será porém, se, em vez de santa,
te virem passar uma vida descuidada,
11em mortificação e sem empenho pela vir-

-: 1 Quum a rebue ereculi in altiorem eublati lo-


cum Clerici conspiciantur, in ipsos tanquam in epe-
~ulum reJiqui oculos conjiciunt, ac sumunt quod
l~itentur. Quapropter sic decet eos, qui se divino
'mmisterio dedicarnnt, vitam moresque euos omnee
Componere, ut habitu, incessu, gestu, eermone, aliis-
que omnibue rebus nil, nisi grave, moderatum ac
religione plenum prre se ferant ; levia etiam deli-
cta, qure in ipsis maxima esscnt, effugiant: u_t
e?:rum actiones cunctis att'crant vencrationem, atque
vita, et exemplum ad Dei cultum assidue instruat.
(C?nc. Trid., De Ref.)
. ~ Qualis vero redificatio discipuli, si se intelli-
,g_at magistro esse meliorem? .•• vehemeuter eccle-
.81ª~- Christi destruit mt:lio:res eSBe laicos, quam
e er1eo11, (ll, Def»'etal,; 8. 1.) · .-

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20 JESUS AO CORAÇÃO DO BACEBDOTE

tude? E quanto peior, se a tua vida fôr


perversa e detestavel ? !
III. - Filho, outra vez te exhorto: pro-
cura santificar a tua alma'; porventura não
vae n'isto o teu maior bem?
A verdadeira virtude tornar-se-ha para
ti dôce e suave. Se já a provaste, nito es-
tava satisfeito o teu coração? Não te mo-
vem a elle a riqueza de merecimentos, o
throno de gloria que te espera no Céo 1
Infeliz ! que será de ti se seguires outro
caminho!?
Vê os meus Santos: todos temeram sum-
mamente o Sacerdocio. Sabiam elles muito
bem que, se é grande a dignidade d'um
Sacerdote, é tambem maior, que para os
seculares, a medida de santidade que pede,
e muito maior, até para o Sacerdote sim-
ples, a severidade do meu tremendo juizo.
Deixa, filho, deixa a tibieza, deixa o
mundo; entrega-te a um santo fervor. O
meu Paraiso merece bem que tu faças por
elle alguma violencia. Outros muitos, peio-
res que tu, se tornaram Santos. Eu serei o
teu auxilio. Recearás acaso que deixe de
soccorrer-te. um Pae que morreu por ti ?
Fructo. - Em teus defeitos quotidianos
nunca digas: isto é pequeno mal,· dize ao•

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O PZCCADO NO BACERDOTB 21

tes: devo procurar a minha santificaçlJ,o ;


e assim esforça-te por extirpai-os.
Toma para teu exemplar as acções de
Jesus Christo, descriptas no Evangelho, e
as dos Santos Sacerdotes em suas vidas,
para que te resolvas a imitai-os, d'onde
depenrle a tua salvaç!lo eterna.
S. VICENTE DE P A.ULO dizia: O Sacer-
docio é a dignidade mais sublime que ha
sobre a terra ; é a me.~ma que exerceu
Jesu.y Christo. Se a tivera comprehendido
quando tive a temeridade de a as11umir,
como depois a comprehendi, antes houvera
abraçado a profissão do lavrador mais
infeliz em seu estado ; e quanto mais cor-
rem os annos, mai.~ me confirmo n' este di-
ctame ; porque conheço quão longe estou
d' aquella perfeição que devera pos.mir.

QUINTO DIA
O peeeado no Saeerdote

1. - Filho, entra em ti mesmo e consi-


dera qu!lo grande mal é n'um Sacerdote o
peccado. ,
Tu n!lo podes negar que o conheces;
lllas, desgraçado ! de que te serve dizer :

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22 JEBU~_AO. CORAÇÃO DO SACERDOTE

f!U bem o conheço, eu o sei dizer e prégar


aos outros; e até vangloriar-te e j actar-te
diante dos seculares : eu ,Yei o que faço, e
o sei melhor que vó.~, se a tua sciencia te
nllo aproveita ?
Ah! é certo que o sabes, e tanto, que
quasi me peza de haver-te dado tantas Iu-.
zes, haver-te feito depositario da minha
Lei, e interprete da minha doutrina, visto.
que de tudo fazes o mais horrendo abuso!
Conhecês, filho, a graveza do peccado,
e comméttel-o? ! Conheces que eu sou in-
finito em todas as perfeições, e preferes-me
a uma vil creatura? ! Conheces a vaidade
d.o mundo, e ámal-o mais que a mim?!
Conheces a grande divida que contrahiste
com o sacerdocio, e assim o desprezas e
profanas? !
Tantos leigos, menos instruídos e de me-
nos capacidade que tu, treinem só ao nome
do peccado, e tu comméttel-o com tanta
facilidade e satisfaç!lo ?
Ah infeliz ! não vês que para te con-
demnar basta-me só produzir contra ti teu
mesmo testemunho; e que tuas mesmas
palavrns accusam e\ condemnam a toa
grande iniquidade?!
II. - Filho, que mal, te fiz eu, para que

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O PECCADO NO SACERDOTE

assim me injuries? Pelo contrario, que


maior bem te poderia eu fazer, que te não
fizesse ?
Dei-te mais talento, mais commodidades,
mais tempo livre para me servires, que
aos outros, sabes que te escolhi, nllo só
para meu amigo e filho querido, mas tam-
bem para meu ministro, e dispenseiro dos
meus mysterios, e até para meu coadju-
ctor na salvaçllo das almas 1 ; sabes que
te amo e considero como as meninas dos
meus olhos ; e pagas-me com peccados? 1
agradeces-me com offensas ? !
Se outros tivessem recebido as graças
que te tenho feito na minha Egreja; se do
pó da terra tivesse levantado algum outro
ao sacerdocio, como fiz comtigo, com que
fervor e gratidão me teriam correspon-
dido?
A só leitura d'um livro santo, um só ser-
m!l.o, uma só Confissão, uma só Commu-

1
Dei sumus adjutores. (1.ª ad Corint/1. III, 9.)
~ ~Iinist-ros Christi,
ct dispcnsatores mysteriorum
Dei. (Idem, IV, 1.)-Pro Christo legatione fungi-
m_ur, tanquam Deo exhortante per nos. (2.ª ad Co-
rmt11., V, 20.)

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24 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

nhllo bem feita, abrazon tantas almas, e


bastou para as fazer santas ; e tn, mais
favorecido que ellas, com tantas graças,
com tantos estimulos, com tantos meios,
serás mais ingrato ? !
III. - Que me offenda um turco, um in-
fiel, um hereje, é um grande mal; que me
offenda nm catholico leigo, é maior mal;
mas quanto maior e mais horrendo é qne
me offendas tn, Sacerdote !
Tu, que devias empenhar-te em defen-
der-me de tantas offensas que recebo no
mundo, e devias conduzir os outros ao men
amor; tu, que te obrigaste a combater o
peccado, e amar-me com especialidade;
tu, dedicado a meu culto na Prima-Ton-·
snra, e a mim ligado com voto solemne no
Subdiaconato; tu, que fizeste especial pro-
fissão de servir-me; tu, a mim inteira-
mente consagrado nos mais augustos mi-
nisterios do sacerdocio ; tu. • • em vez de
amar-me e ter commigo um só coraçllo,
na minha presença, em minha mesma casa,
e alimentado todos os dias á minha mesa,
tens coraçllo para offender-me? ! e offen-
der-me nllo orna só, mas tantas e tan-
tas vezes, e até muitas vezes fazer que
outros me offendam ; e isto com sobeja

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O PECCADO NO SACIRDOTB 25

ad vertencia 1. • • 1 O' perversidade I O' in-


gratidn.o I O' perfidia !
Merecias ser despojado de todas as mi-
nhas graças, das minhas luzes, do meu
sacerdocio ; merecias todo o genero de
supplicios ; nllo obstante tenho-te soffrido,
e ainda n'esta hora te estou chamando á
penitencia ; terás animo de continuar a
offender-me ?
Fructo. - Desperta o teu entendimento
com frequentes meditações, e excita o teu
coraçllo a uma sincera contriçllo e emenda
com affectos e resoluções praticas; porque
todo o teu mal nasce de nl\o refl.ectires
nem meditares nas coisas santas com o co-
rac;Ao.
Nllo abuses do tempo que Deus te con-
cede. A provflita-te devéras do grande be-
neficio da santa Confissl\o, correndo pres-
suroso a lavar-te n'aquelle divino Sangue.

1 Si sacerdotes fuerint in peccatis, totus popu-


lus convcrtitur ad peccandum. Quemadmodum vero
?um videris arborern pallentibus foliis marcidam,
1ntelligis, quie. aliquod vitiurn habet in redice; ita,
curn videris populum indisciplinatum et irreligio-
Bum, eine dubio cognosce, quia sacerdotium ejus
uon est se.num. (CnaYsosr. 1 Op. imp.)

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26 JESUS . AO .CORAÇÃO DO SACERDOTE

Um Sacerdote, que, fa\'orecido com tan-


tas luzes e com tantos beneficios particula-
res, nllo se melhora, de certo ha de soffrer
justissimamente maiores e mais duros sup-
plicios na et~rnidade·.
S. FRANCISCO DE SALES dizia, tremendo:
Ser Sacerdote é uma _qrande coisa ; a qua-
lidade de Anjo niio merece tanto respeito.
Oh! quanto con!'ém exam?°nar-me e prorar-
me attentamente antes de consagrar o Corpo
e Sangue do Filho de Deus, afim. de que (no-
tae estas palavras) não encontre no fundo
do Calix sacrosanto a minha condemnação !

SEXTO DIA

O peeeado no Saeerdote
(Continuação)

I. - Como é possível, filho, chegares


ao excesso de assassinar a tua propria
aJma, commettendo o peccado?
Tu certamente o nllo consideras ; mas
reflecte um pouco e vê como és desesti-
mado dos seculares, como ee1tá desacredi-
tado o teu caracter, de sorte que já são
muitos os que desejam vêr diminuído o

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O PECCA-D0 NO, BAIJIBDOTB 27_

numero dos Ecclesiasticos, e , desejariam


vêl-os empobrecidos e quasi de todo aniqui-
lados. Sabe que sao os teus peccados que
te desacreditam.
Aquelles que em si aborrecem a virtude,
ainda assim a querem vêr em ti, nll.o po-
dendo soffrer vícios em quem é destinado
a destruil-os.
Em alta voz murmuram de teus maus
costumes, escarnecem de ti, aborrecem-te;
e por tua causa tarnbem andam em bôcca
e slto desprezados todos os mais Sacer-
dotes.
Os Ecclesiasticos recolhidos, virtuosos
e santos, sempre foram respeitados e te•
midos até dos grandes da terra ; a ti
porém a mais infeliz plebe te insulta, por-
que te vê peccador; e te insulta, por
aquellas mesmas vaidades com que julgas
acreditar-te.
Os leigos fazem doações ás egrejas e
conventos pelos bens espirituaes que rece•
bem ou esperam receber; porém, se des-
cobrem no clero avidez e ancia pelos in-
t~r~sses temporaes, sem os auxiliar no es-
pmtual ; ou se, de mais a mais, vêem que
0 clero lhes serve de ruína espiritual com

seu procedimento escandaloso 1 não admira

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l!8 JESUS .lO DORAQIO DO 9.lOERDOTB

que faltem ás oblala)õee e esmolas, e as qnei•


ram até retirar, podendo, quando a prin-
cipio lh'as deram com liberalidade 1 •
As tuas culpas, filho, corrompem os se-
culares, e os tornam em instrumentos da
minha justiça para as castigar ; e, assim
pervertidos por vós, me obrigam a entor-
nar sobre elles e vós os meus flagellos; por
isso vês consternadas as cidades, desolados
os campos, os conventos despovoados, e o
meu santuario esquecido e abandonado 9 •
t Nuno, ad vos, ó aacerdotes: si nolueritis po-
nere super cor, ot detis gloriam nomini meo, ait Do-
minas, mittam vos inegestatem. (MALA.OH, II, 1-2.)
Quanta devotio, et reverentia principum et alio-
rum srecularium ad antiquos Prrelatos ! nimirum
quia videbant pompas, et mores sreculi vilipendere,
atque fideles eos esse dispensatores bonorum eccle-
sire; ideoque et largissime eis communicabant divi-
tiaa suas. Poetea vero, videntes eoe in pompie eaa
consumere, non solam retraxerunt manam, sed ipaa
etiam ecclesiastica hona invaserunt. (BARTHOLOMEU
DOB M.rnr., Stim.)
2 Quanto autem mundus gladio fereatur, aspi-
citis; quibus quotidie percutionibus intereat popu-
lus, videtis. Cujus hoc, nisi nostro prrecipue peccato
agitar? Ecco depopulatre urbes, eversa castre,
ecclcsia•, ac monasteria destructe. SCJd nos pereunti
populo auctores mortis existimus. Ex nostro ete»im
peccato turba prostrata est. (S. GaEG, Hom. 17.
Eva.ng,)

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O PICCADO NO SACERDOTE 29

Pertence a ti aplacar-me com verda-


deiro zelo e oraç!lo ; mas como farás de
mediador, se me irritas mais qne os leigos,
procurando a tua ruína e a d' elles ?
II. -- O temporal é o menos, filho; é
da tua pobre alma que eu me compadeço;
e é tal a compaixll.o que me merece, que
devia encher-te de horror.
Infeliz ! onde est!lo os thesouros das
tnas graças que recebeste em maior abnn-
dancia que os ontros ? onde os merecimen-
tos do bem, que outr'ora praticavas com
tanto agrado meu e consolação tua ?
Continuamente exerces os santos minis•
terios ; mas, por teus peccados, são minis-
terios áridos e sem· fructo para ti e para
o teu proximo.
As vestes sagradas, os altares, o pulpito,
o confissionario, o meu mesmo sangne te
exprobram as tuas culpas. Aquelles Jogares
sagrados, aquellas funcções religiosas, que
deviam santificar-te, se convertem, pelo
abuso que d'ellas fazes, em torrentes de
maldição contra ti e muitas vezes contra
os outros.
Ah I filho, tu, que em meu nome aben-
ç6~s o povo, e tens o poder de lhe distri•
bu1r as minhas graças, quererás, por teua

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:30 JESUS AO COR!ÇÀO DO SAdERDOTE

peccados, obriga·r-me a aborrecer-te e a


entornar sobre ti maiores maldições? 1 tu,
que abres as portas do Céo aos outros, que-
rerás ser d'elle excluído para sempre? tu,
roais abastecido em riquezas e mais ele-
vado em dignidMde que os seculares, que-
rerás precipitar-te com mais profundà
quéda? Ter-te-hei pois exaltado e enrique•
cido em vllo? ter-te-hei dado debalde os
vasos cheios do meu precioso sangue? Ou
quererás por isso mesmo amontoar sobre
ti a ruína e a condemnaçllo?
III._-- Que impressão te fazem estas ver-
dades? · n!lo te inflammam estas labare-
·das ? Ei'a, filho, nllo queiras ser com6 tan:..
tos outros Sacerdote11, que •dizem saber
tudo, e em nada pensam seriamente; qu~,
tendo a cónsciencía jâ calléjada pelo cri-
'ine, chamam escrupulos aos remorsos, aos
meus estímulos e impulsos; e, quanao
os leigos se apavoram e emocionam ao
scintillar só do relampago, elles nem ao

1 • , • Et maledicam benedictionibus vestris, et


maledicam illis: ecoe ego projiciam., et dispergam
super_ vultum vestrum stercua aolemnitatµm :ve11•
trarum, (M.&.i.Aca,, ll, il-8.) · ·'

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0 PECCADO 00 SACERDOTE

ronco do mais pavoroso trovão despertam


ainda 1 •
Eia, filho, abre já os olhos, ouve a mi-
nha voz, foge do horroroso perigo e da tre-
menda ruína que te ameaça.
Se, obstinado, desprezas hoje estes meus
avisos, teme que sej'am os ultimos que te
mando, e que d'este momento principie
para ti o maior dos meus flagellos, qual é
abandonar-te á cegueira e insensibilidade
no meio das luzes e graças que récebe'ste.
Fructo. - Pede continuamente a Deus
que te dê luzes e graça para corresponde-
res aos seus chamamentos e ás tuas obrii-
gações, a fim de n!lQ seres d' aquelles infe-
lizes que vendo, nll.o vêem, e ouvindo, não
ouvem nem entendem.
S. RoMUALDO dizia ser mais facil con-
verter um judeu, ainda que perfido, do
que um sacerdote vicioso.
Treme, se, és insensível ou irresoluto ; e
determina entregar-te todo devéras a Deus,
que de tantos modos te busca, te chama e

1
~ihil impossibiliue, quam illum corrigere, qui
0
tnn1a ecit, et tamen contemnene bonum, diligit
, billum.,,. Nam <JUidquid illic (in Script1;1ris) terri-
8 eet, e1 ueu vdese1t. (CuanosT, Op. imp,) ~

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82 mos AO COIU.QÂO DO SACERDOTE

exige de ti uma sincera emenda. Qnem se


nll.o resolve, e endnrece o coraçlto á voz
divina, nll.o se salva. Se n!l.o tremes, é por-
que tens o coração endurecido; e qnererás
salvar-te permanecendo n'esse estado?

SETIMO DIA
O e■eandalo do Saeerdoje
/

I. - Nilo te basta, 6 filho, offenderes-me


tn, senllo tambem sêres cansa de qne an-
tros me offendam ? ! . . . Se dei todo o meu
sangne em preço pela redem pçllo das al-
mas, nlo vês que, quem m'as ronba, move
contra mim perseguiçllo mais feroz que a
d' aquelles mesmos, qne tão barbaramente
derramaram o meu sangue no Cal vario? !
E tu, 6 sacerdote, que com o escandalo
estorvas o bem e promoves o mal, tens
coraçllo de ser tllo impio contra o teu
Deus? 1•..
Fiz-te Sacerdote para que zelasses a mi-
nha honra, e conduzisses a mim as almas ;
e tu arraocas-m'as do seio com tão hor•
renda aleivosia? 1..•
Ah I Ninguem causa tanto damno á mi•
nha Egreja, e menoscabo á minha honra,

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O ESCANDALO DO SACERDOTE 33

como o Sacerdote que, destinado por mim


para reprehender e corrigir os outros, lhes
dá exemplos de perversidade 1 •
Se querias assim tratar-me, para que to-
maste as minhas insígnias? para que vieste
á minha Eg-reja? Se houvéras ficado no
estado laical, nll.o me fizeras tll.o graves
injurias, como assim me fazes.
li. - Todos p~em em ti os olhos; mas,
ainda que commettas alguma falta, ninguem
se atreve a reprehender-te; e teu exemplo
é tanto mais seguido, quanto é maior a
tua honra em virtude da tua digni.!ade.
Tu, cahindo no peccado, arrastas por as-
sim dizer os outros para que cáiam; por-
que julgam ser-lhes licito quanto vêem fa.
zer a ti; e peccam desenfreada e afouta-
mente vendo que tu peccas.
Desculpam•se com o teu exemplo na li-
berdade do fallar, na familiaridade, na
crápula; nunca se emendam, porque dizem

1
Nullum puto ab aliis majus prmjudicium,
quam_ a saccn!,,tibus tolerat Deus; quando cos, quos
ad al_10n_1m correctionem posuit, darc de se exempla
prav1tatis ccrnit: qua11rlu ipsi peccamus, qui com-
pescere peceata del.>uimu~. (S. Gnt:G., llomil. Brev,
12 Martii.)

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34 JltSUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

em sua defeza : 0.11 Sacerdotes e os Reli-


giosos tambem fazem o mesmo; e, o que
mais é, quando os seculares vêem um Sa-
cerdote mau, pensam que todos os Eccle-
siasticos sll.o maus, o que redunda' em de-
trimento da mesma Religillo, chegando
até a vacillar na fé, e a ter os sermões,
os Sacramentos, o Eva{lgelho na conta de
impostura ou invenção humana 1• O' força
cruel do escandalo ! Pobres almas, assio\s,-
sinadas por aquelles mesmos que m'as de-
viam guiar, corri1ór e salvar!
III. - Ai de ti, Sacerdote! tu, que a prin-
cipio nll.o quizeras usar da língua, dos
talentos, das riquezas para o bem; depois
n!lo só fizeste uso das riquezas, dos talen•
tos, da lingua, de enganos, de conselhos,
de violencias; mas até te serviste do teu
credito e do mesmo Sacerdocio, como de

1 Plurimi considl'rimtes clcricorum vitam ma-


Iam ex hoc vncillantcs, imo multotics deficientes
in lide, non crednnt quod illn, qnm de nostra fide
sunt scripta, sint vera; sc<l scripta fucrint, non
Dei spiramine, sed hnnrnna, et dcceptoria inven•
tione; clavium virtutem non credunt, sacramenta
despiciunt, vitia nnn "VÍtnnt, virtntes 11011 repu•
tant, non horrent inferos, c::elestia non concupis-
cunt, ~s. BEIINAIIDIN, l:iEN,, Serm. 19.)

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O 1!:BCANDALO DO SACERDOTE 35

aguda espada, para me traspassares a


mim e as almas, redimidas com o meu
sangue! Ah! infeliz, tambem traspassaste
a ti mesmo!
Se um leigo, por mais tentado, por
mais ignorante, por mais desprezivel que
seja, quando damnifica uma só alma e
lhe dá occasilto a um só pPccado, me-
rece ser lançado, com um penedo ao pes-
coço, no fundo do mar; que merecerás tu
que és meu ministro, e por isso muito
mais criminoso, muito mais cruel, attentas
as luzes que recebeste, o estado em que
te achas e as obrigações especiaes do teu
santo sacerdocio?
Sti tens sido pois occasillo de ruina n!lo
só de uma, duas ou tres, mas de muitas e
muitas almas, já fomentando abusos, já
promovendo a libertinagem, e n!lo uma ou
outra V<'Z, mas por tanto tempo, e em tan-
tas especies de pPccados, sabe que és réo
d_e tantas mortes espirituaes, quantos téem
sido os maus exem pios que tens dado 1 •

1
Seire enim debent sacerdotes, quia si per-
versa unquam perpetrant, tot mortibus digni snnt,
qpuot perditiouie exempla trausmittunt. (G11Eu.,
a,tor.)

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36 JESt'S AO CORAÇà.O DO SACERDOTE:

E, depois de tantos crimes, terás cora•


ç:l.o de apparecer em minha presença sem
derramar rios de lagrimas, ou sem me
restituir tantas almas . quantas me tens
roubado?!
Fructo. - Lembra-te que és Sacerdote,
obrigado especialmente a dar exemplos
q11e edifiquem; e que aqui li o que n'um se•
cular passa por gracr_jo ou coisa de ne-
nhum valor, em uin Sc1cerdote se torna
grave 1 •
Examina-te escrupulosamente, e/vê se,
no trato com os diJmesticos ou com os es-
tranhos, particularmente com a rrocidade,
déste alguma vrz occasi/lo ao pcccado com
palavras ou maus exemplos; promoven-
do, ensinando, coo pC'rando, protegendo,
etc.; com omis~/'h,s de esturlo, de vigilan•
eia, d,i rrprehenslto, etc.; com a facili-
dade l'ID absolver, etc.

1 Inter sreculares nugre, nugm sunt, in ore sa•


crrdotis, blaspherni::e. Consccrasti os tuum Evan•
gel~o: talibus jam nperire illiciturn; ,iss11esccre sa-
crile!!;um cst. \' erburn sc:,irrilc, qnod faccti, urba"
ni,1ue nomine eoloraut, nu111 suffieit percgriuari ab
ore ; procul et ab aure rclegandum. Fmde ad ca·
chinos moveria, fcc1lius moves. (S. BmtNARD., De
Consid.)

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A MISSA SACRILEGA 37

Todo o Sacerdote deve procurar a sal-


vação das almas; mas aquelle que deu
escandalo, buscando a sua ruína e a do
proximo, tem de mais a mais a obrigação
de reparar os damnoe que occasionou, pro-
curando salvar a sua alma e as dos ou•
tros, com particular zelo e edificaçllo.
S. RAYM □ Noo DE PENNAFORT deu um
mau conselho a um joven estudante, dis•
suadindo-o do entrar em Religião; foram
porém taes os remorsos que o agitaram,
que, para reparar o seu erro, renunciou
aos maiores empregos e ao mundo, e se
fez Religioso com admiraç!lo de todos.

OITAVO DIA

A l'flissa saerilega

I. - Filho, em volta dos altares tr~mem


e _choram os meus anjos, vendo tantas
Missas atropelladas e sacrílegas; . treme
tam bem tu e chora com clles. .,
Üllia como me tratam! AquPllcs Sacer-
dotes que dtwiam ser os Yigario~ dos
Apostolos c lilhos de ~- Pedro, tnrna-
ram-se representantes de J 11<las e preeur-
Bores do AnLichristo; de modo que aiuda

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38 JESUS AO CORAÇÃO DO SACÉRDOTE

hoje posso com razil.o dizer: Eis que a


mão do traidor está commigo d minha
meza 1 •
Quando beijam o meu altar, de novo
lhes posso repetir : Judas, tens coração de
vender-me e entregar-me com um osculo?!
Não por trinta dinheiros, mas por um
vil affocto, por uma pressa indigna, por
um respeito humano, por um interesse de
poucos reis, é hoje vendido e entregado o
dom inestimavel, o ineffavel preço da re-
dempçllo do mundo, que é infinitamente
superior a toda a estima ! Oh ingratidão !
Oh traição! Oh horrenda perfidia !
II. -- Em vez de dobraréÍii o joelho
para me adorarem com respeito e amor,
dobram-n'o para me escarnecer, como os
Judeus, que, ajoelhando-se, me esbofetea-
vam; e, como elles, me cospem tantas ve-
zes no rosto, quantas sl'lo as sacrosantas
palavras que indignamente proferem.
Ninguem ousaria tocar os vasos sagra•
dos, e muito menos o divino Sacramento

1 Verbum est S. Gregorii : qui Christi corpus


indigne conficit, Christum tradit, ut Christus dicat :
Ecre manus tradentis me, me<lum est in mensa.
(Pu11uH J3L1,s., Epist. ad Ricard,)

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A l41S9A SACRILEGA 39

com mãos sujas de lôdo; e hei de vêr o


meu corpo e san~ue tão indignamente
tratado por mitos as mais immundas e
hediondas, e até lançado debaixo dos
pés, e calcado como se fôra vilíssimo lôdo
e pó da terra? 1
Ah temerarios Sacerdotes ! sois peores
que os que me crucificaram, porque elles
o fizeram uma só vez, e nll.o me conhe-
ciam; vós porém, conhecendo-me de sobe-
jo, o fazeis repetidas vezes; sois ainda
peores que os demonios, que crêem e tre-
mem de mim, e vós ou nilo crêdes, ou cer-
tamente me não temeis!
III. - O' meu amor trahido ! deverllo ser
materia para offender-me não só os meus
dons, mas até eu mesmo, pelas injurias
feitas em minha pessoa?! Deverei vêr a
redempçlto convertida em perdição, o sa-
crificio cm sacrilegio, o mais augusto mys-

---1
Prohibet Dominll'S in lege, ne de agno Pas-
ehali eomedat advena, vel immundus. Quanta ergo,
et_ 9uam damnabili temeritate sacerdos indignus
n,!1!1strare pr~sumit, qui ut verbo utar Apostoli,
Fil1111n Dei conculcat et sanguinmn Testamenti
P0}lutum ducit, iu quo ijanctili.cati sumus, et spiri-
tui gratiai contumeliam facit? (Idem.)

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40 JKSUS .10 CORAÇÃO DO SACF:RDOTF.

terio no mais horrendo parricídio, o anti-


doto trocado em veneno, a vida em mor-
te; e quererllo beber no calix de minhas
maiores misericordias o calix da mais tre- ·
roenda ira?!
Ao menos tu, amado filho, suspende
meus justos castigos por meio de Missas
celebradas com o maior fervor e devoção;
e, emquanto aquelles infelizes tragam sua
propria condemnaçllo, e nllo tremem de
chamar sobre si todas as maldições do
céo 1, antes cada vez mais obstinados se
endurecem na maldade, tu compensa,
quanto podéres, tllo horrendo attentado
com viva fé, com respeitoso temor,_ com
amargosissimo pranto, e com o mais ar-
dente amor. Mas, se tu, tu mesmo fôres
réo de semelhantes crimes ... ? !
Fructo. - Examina a tua conscfr·ncia e

1 Qui euim mauducat •.. ldeo inter vos multi


infirmi, et imbecillcs, et d01·miunt multi. (1.ª ad
C,Jrint., Xf, 29-3ü.) Spiritualis scilicet infirmita-
tes, ac mortes, ex hac. spccialiter prrosumptione ge-
nerantur. Multi enim iutirmantur tide, et dormiunt
somr,io peccati, ab hoc lethali peccato nunquam sa-
lutari eollicitudine resurgentee. (CA8SIA,rns, Gol.
22.)

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.l MISSA SACRILEGA 41

vê se celebraste alguma vez, estando em


occasi!to proxima de peccado, ou em graves
reincidencias contra a temperança, contra
a castidade, contra a devida edificaçlto, ou
mostrando graves inimizades e litígios ca-
prichosos; se nll.o procuraste satisfazer,
achando-te aggravado com dividas, resti-
tuições, esmolas de Missas, contra os de-
cretos da Sagrada Congregaç!to e contra a
bulia de Bento XIV 1 ; se subiste ao altar
ligado com censuras ecclesiasticas ou irre-
gularidades.
Examina, infeliz ! de que te serviu em
taes casos a absolviçllo sacramental; se ao
menos procuraste obtêl-a, mas de que con-
fessores ; se lhes manifestaste o estado da
tua consciencia com sinceridade; se te le-
varam a taes excessos ou a nimia facili-
dade cm absolver do teu confessor, ou o
cumprimento de obrigações do teu minis-
terio, ou os proventos do seu exercicio; se
até te lirnngeaste de n!to ser comprehen-
dido n'estes ou em semelhantes casos, ou
de ter merecido a absol viçil.o, ou de ter

1
Excribuutur a Gennet Theologi::e, t. III post
tract. de Euchal'Ístia. Henedictus x1v, Constitut.
Quanta Cura.

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42 JESUS A.O CORAÇÃO DO SACERDOTE

uma consciencia a teu modo; se te tornaste


réo da Missa a que chamam á caçadora;
pois que celebrar .Missa em um quarto de
hora nllo deixa de ser commummente pec-
cado mortal.
Se te achares comprehendido n'estes fu-
nestíssimos casos, abatem-te absolutamente
de celebrar, até que tenhas remediado tão
graves males, que sito curaveis se tiveres
uma vontade efficaz.
Agora, prostrado aos pés de Jesus, pensa
sériamente se, com o que tens feito até
agora, e com o que tencionas fazer d'aqui
por diante, especialmente a respeito da ce-
lebraçlto da Missa, das tuas confissões e da
escolha do teu confessor, estarias tranquillo
e satisfeito na hora da tua morte;. e sirva-
te este pensamento de luz e conselho para
praticares o bem, e praticai-o emquanto é
tempo, antes da noite da eternidade!

NONO DIA
.ti. rei ■1eide11eia

1. - Filho, quantas vezes me tens pro-


mettido não tul'llar a pecr~ar, e quantas
nzes tens faltado ao teu promeltimento?

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A REINCIDENCU 43

E' signal de que desconsideras a minha


magestade.
Se promettes a um homem, é para ti
ponto de honra o cumprires a tua palavra
a todo o custo; só a mim nllo te envergo-
nhas de faltar, tendo-me promettido tan-
tas vezes e t!l.o solemnemente?
Conheces a malícia, a miseria do teu
proceder, conféssal-a, detéstal-a, e logo,
como o vil cão, devoras a immundicia que
vomitáras, e como o animal mais immundo
te revolves no lamaçal 1 •
Assim correspondes á minha bondade, e
á paciencia com que te tenho soffrido?
N ;1 o te confundem os prometticnentos que
lllP- tens feito, as minhas graças de .que
t1·n, abusado, a santidade a que te obriga
o t,·u caracter, o miseravel estado em que
te achas?

1
A quo enim quis superatus est, hujus et ser-
vus est. Si enim refugientes coinquinationes ••• his
r?rsus implicati sup1;rantur: fucta sunt eis poste-
r1ora deteriora priori bus; melius erat illis nnn eo-
gnoscere viam justitiae, quam post agnitiouem re-
trorsum converti. Contigit eni111 eis illud veri pro-
verbii : ( '.anis ad suum vomitum reversus; et: Sue
lota in volutabro luti. (Pi,;nn;e. Epi~t 2.ª 1 Cap. li
l~-22.) ' '

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44 JKBUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

II. - Filho, que confissões silo essas


tuas, em que sempre propões e nunca cum-
pres? isso nl\o é arrepend1:1r-te, é escarne-
cer de mim. Se, em Vl'Z do proposito de
emenda, fizeras proposito de continuar a
offender-me sempre, terias podido obrar
pror? .
Tu mesmo nllo darias credito a quem
te tiveS6e faltado tantas vezes, quantas te
havia promettido; e, se te sentáras no con-
fessionario para ouvir de confissão um Sa-
cerdote, semelhante a ti, nllo acreditarias
em seus propositos por mais qúe promet-
tesse. Como pois vi verás seguro e tran-
quillo a respeito das tuas confissões e fa-
ceis absolvições?
Ah infeliz! de nada te servem, antes te
·condemnam, não só a ti, mas tambem a
teus confessores, que te vendem a ti, e
vendem o seu ministerio ; e, quando um
cego guia outro cego, ambos cáem no
abysmo.
E ousas subir assim todos os dias ao
meu altar? e depois d(l tal abuso da con-
fissl'io, nllo te horrori,à~ de commetter o
abu~o mais tremendo do meu corpo e san-
gue?!
III. - Ah desgraçado! Se te nll.o rege•

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A REINCIDE!l'CIA 45

neras, com grande fervor e firme resolu-


ção, d'esse theor de vidã, vejo que corres
á condemnação eterna, e a tornas cada
vez mais inevitavel e horrivel 1 •
Treme, filho, treme; porque são rarissi-
mos os Sacerdotes reincidentes, que se
emendam e fazem sincera penitencia 2 •
Entra em ti mesmo, e vê o estado a que
te achas reduzido. Quando começaste a
offender-me, envergonhavas-te: temias as
tuas culpas, sentias-lh•~s o peso, atribula-

1
Impoesibile eet e:raim, eos, qui semel illuminati
eunt, gustaverunt etiam donum cc:eleste .•• et pro-
lapsi sunt; rursue renoval'i ad pc:enitentiam, rur•
eum crucifigentes eibi metipsis Filium Dei, et os-
tentui habented. Terra cnim sropc venientem super
se bibens imbrem .•. profercns autem spinas, ac
tribulos, reproba est, et maledicto pr1,xima, cujus
consummatio in combnstinnem. ( Arl Hrebr., VI, 4-8.)
~ Clerici, si mali fuerint, inemendabiles sunt.
Cicricus enim, qui meditatur Sc1ipturas, aut omnino
ob,ervaturus est, et erit perfectus ; aut, si semel
cceperit eas contemnere, nunquam cxcitatur in illis,
u~ timeat. Quis aliquando vidit Clericum cito pce·
mteHtiam agentem? Sed et si deprchensus humilia-
verit se, non idco d .. kt, quia peccavit; sed confun-
d1t11r, qnia penlidit gloriam suam ... et ideo Chris-
!us dicit: Pnblicani, et meretriccs prroccdent voe
ln regnum Dei. (CuRYsosr., llom. 40.)

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46 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

vam-te; mas agora, miseravel, as commet-


tes e multiplicas quasi sem remorso; cal-
lejou-se a tua má consciencia, e por isso
ou te n!lo confessas ou contentas-te com
uma absolvição, que, em vez de curar-te,
te anima, por sua facilidade, a recahir no
peccado. Oh! quanto é lastimoso o teu es-
tado!
De nenhuma sorte digas que te nllo po-
des emendar; n!lo chegues ao excesso de
me accusar de te ter imposto obrigações
superiores ás tuas forças, ou de nllo querer
auxiliar-te; n!to as imporia, se te n!lo qui-
zessc dar a ml!.o. E' pois tua toda a culpa,
e só tua, que não queres nem te esforças
por sacudir o jugo do peccado.
O meu sangue na Confiss!l.o e o meu
corpo na Sj\crosanta Eucharistia, se d'elles
fazes o bom uso que deves, n!lo ser1lo meios
e auxílios efficllzes para te. curar? Ai de
ti, se, onde tantos peccadores acham o per-
dilo e a ~alvaçllo, tu, pelo abuso, 11ggra-
vas os teus peccados e encontras a tua
condemnaç!lo !
Fructo. - Hoi:nedeia os males passados
por meio d'uma "confissl!o geral; ma~ sabe
que nada vale repetir muitas coufissões
geraes, se nllo ha verdadeira emenda,

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.l REINCIDENCl.l 47

Escolhe entre mil um confessor, dizia o


VEN. JoÃo n'AvILA. E S. FRANCISCO DE
SALES accrescentava: E eu digo entre dez
mil, porque capaze.~ de tal ministerio slJ,o
mais raros do que se pensa. Isto mesmo
tinha o Santo escripto em seus propositos
como regra de vida : Confessar-me-hei ao
confe.~sor mais habil que podér encontrar,
o qual nlfo mudarei sem necessidade. Um
Sacerdote tem maior necessidade de um
bom confessor, que os leigos 1 •
Reflecte na Proposiçllo 60 e seguintes,
condemnadas por Innocencio XI 1 , e conhe-

1 Quid me beatius, atque securins, cum ejue-


modi circa me vitre mere custndes haberem, et tes-
tlls, qui, si vellem aliquatenus deviarc, non sine-
rent, frenarent prrecipitem, dormitantem excitarent;
quorum me reverentia, et libertas exccdcntcm corri-
geret; quorum me constantia, et fortitudo nutan-
tem firmaret, erigeret diffidentcm ; quorum me !i-
des, ct sanctitas ad qureque s1mcta et honesta, ad
qna,qnc pudica, ad qureque amabilia, ct honre famre
prov .. r.aret. (Ih:nN -,Ro. Consi•lernt. 4.)
~ 60 - Habenti consuetudinem peccandi. •. nec
cst neg-nnda ncr diffcrenrla absolutio ... 6'1- Potest
aliquando absolvi in proxima nccasione peccandi
vers,~tns, qunrn potcst et n,,u vult dirnittcre .•. 6':J -
P~ ~1111a nccasio pcccanrli non est fugienda, si causa
0

utrhs, aut honesta occurrat non fngicndi. (Propo-


ait1011es dama. ab lNNoc. XI, am10 1679.)

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48 JESUS AO CORAÇÃO DO SACDRDOTE

ccrás que os Sacerdotes n!lo silo exceptua-


dos n'ellas; antes as graves obrigações do
teu estado te dirllo que a condemnaçllo
tem mais força contra ti, que és obrigado
a procurar a perfeição, do que contra os
outros.
CoLLET dizia: Quero antes ser queimado
vivo, que absolver um Sacerdote con.metu-
dinario, ou o confessor que o ab.rnlveu. Os
confessores que absolvem a todos indistin·
ctamente, dizia S. THOMAZ DE VtLLA NovA,
silo a rui na da Egreja: sll,o traidores e
crueis assassino.~ das almas.

DECIMO DIA
A. i ■np11rez11

1. - Filho, ainda q1rn st>jas pio, fervo-


roso, humilde e tudo o que quiz 'res, se
nllo és casto, nada és em minha presença.
Quem quer s1·1· meu amigo deve amar a
pure-za; muito mais um ministro meu,
que se obrigou solemnemcnte a viver
ca~to.
Se uma só \ista curiosa, um mau pensa-
mento consentido torna. réos ele culpa g-rave
os sellulares, quanto mais réo serás tu, em

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A IMPUREZA 49

quem os peccados contra a castidade são


gravíssimos sacrilegios?
Parece-te, filho, que aquella língua, que
todos os dias me chama e faz baixar do
C~o ao altar, deva ser immunda? que as
rullos, que tocam a minha carne immaeula-
da, devam ser sordidas? que quem tem no
coração o ídolo da torpeza, deva receber
o Filho da Virgem?
Se me queres offender, busca outra lin-
gua, e n!l.o essa que tinges com o meu san-
gue; busca outras m!l.os, e nllo essas que
tocam a minha carne sacrosanta; busca
outro coraçllo, e não esse que deve arder
no meu amor.
Com que rosto ousarás approximar-te do
meu altar, ardendo em chamma impura?
Como não te horrorisas de consagrar o
meu puríssimo corpo, e de representar-me,
a mim, que sou espelho de pureza?!
II. -Nito te envergonhas, filho, de ser
e~cravo de uma paixllo torpe, tu que de-
vias viver uma vida mais que angelica,
emulando a minha pureza?
Deves ser com o teu exemplo, com o
desvelo e doutrina o defensor e o propa~
g11.dor da virtude da castidade; mas como
0
serás, se não és casto? Com que effioa•

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50 JESUS AO CORAÇÃO .no ~ACF.RnoTE

eia prégarás aos outros, no pulpito ou no


confessionario, que sejam puros, se o nAo ·:
és tu?
Que farfo os seculares, hoje tll.o incli-
nados a conversas e actos lascivos, se te
vêem obrar e ouvem fallar como elles? ;1
Para evitares o mau exemplo é neces~a-.]
rio que fujas de toda a familiaridade e'.
frequencia nlto só má, mas até da que sim-:,
plesmente se possa suspeitar mal 1 • Nllo:
digas: Eu sei em minha consciencia, e•
Deu-'t, meu Juiz, me é testemunha de que:
ni1o pecco n'isto nem venialmente 2 ; nllo'
te basta isto; nll.o, porque és devedor aos,
freis da mais santa editicaçl!o 3 • E sendo'.

1 Cavete omnes suspiciones; et qnidquid proba•


biliter fingi potest, ne fingatur, ante devita. (HxE•
BON. 1 Epist. ad Nepotian., 2.)
2 Neque paratum habeas illud et trivio: sufficit
mihi conecientia mea ; non curo quid de me loquan·
tur hornines. A postolus enim jubet provideri bona,
non tantum coram Deo, sed etiam coram omnibna
hominibus. (H1ER0N., Epi-,t. li.)
a Propter nos consciontia n.,stra sufficit nobis;
propter alivs wro fama nostra non débet pollui.
~ui fidens conscientiic sure, ncgligit fa111am suam,
crudclis est: maxiu1e in loco isto pusitus, de quo
dicit Apostolus: Circa omnes te ipsum bonorum
operum ea:emplum ~raibe. (Auovn., Serm.)

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A IMPUREZA 51

assim, com quanta maior razão deves evi-


tar o trato e familiaridade com as pessoas
que sabes s!l.o impudicas? Quantos estra-
gos e ruínas trarias ás minhas pobres
almas'? Nilo seria isto inspirar-1-hes cora-
gem para peccar? arrastai-as a todo o ge•
nero de maldades, e, com o teu exemplo,
subministrar-lhes o veneno da morte e a
condemnaçlto eterna, tu, que devias con-
duzil-as ao Céo? !
III. - Foge, filho, foge de pôr os pés
n'este caminho escorrega<lío; porque é fa.
cil a entrada n'elle; mas oh quão difficil
é depois a iiahida ! 1
O demonio emprega mais e maiores ten-
tações contra os sacerdott-s; porque lucra

1
Fove11. profund11., et puteus angustus.,. (Pro-
verb., XXII, 14; XXIII, 17.) Ha,c rubigo vix po-
test 11bolcri: pnecipue quia tales personre quasi
nunqm1m integre et plene eoufitcutur ..• Srepc mu-
tant confessa ri um... Sed, quod pcjus e11t, com
qurercrc deb0rent medicos sph-ituales cautos, peri•
tos, et ~xpertos, qui scirent iliam regritudincm, et
c~usas ejus aguosccre, 11.c cc,ngruuiu remedium ad-
hi~ere, uo11 solum id non faciuut ; scd si semel 11u
ahquem talem pervenerint, ipsum ex tunc fugiunt:
quairu11t ergo co11foseore1 idiotas, etc. \S. TH0111.,
Opubctll, 64,)

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62 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

mais com a sua quéda, que com a doa


outros.
Lembra-te que vives rodeado de peri,;
gos contínuos. Varões eximias na virtud-,
e vida espiritual, de cuja quéda se podia
recear tanto, quanto da dos J eronymos1
dos Ambrosios, dos Gregorioe santos, ca•
biraro 1 •
Infeliz de ti, filho, se cáes n' este vicio 1
Uma quéda arrasta comsigo mil peccado1
de pensamentos, de obras tuas e de oo•
tros, de injustiças, de impiedades, de sacri•
legios, etc.
D,~pois a força do habito, a violencia da
paixllo, a cegueira do entendimento e !
dureza do coraçllo levam a estado tal, qot
já se não attendem os avisos dos parentes
os rogos dos bons, as correcções dos supe•
riores, nem toda a murmuração do pu•
blico; já os nllo detem a perda da honra
da fazenda, da vida, da alma, nem as cit
que lhes cobrem a cabeça.

1 l\Iu \tos vulneratos dejecit, et fo1"tiseimi qui


que interfecti sunt. (Prov., VII, 26.) Nou in pne
terita. castitate confidas : nec ea.nctior enim David
nec Salomo11e potes 88118 eapientior. (HuiKOll,
Epi,t. 2.)

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.l IMPUR!t:ZA 53

Já se nllo attendem, antes se desprezam,


as minhas luzes e graças, os remorsos, os
castigos, as miserias publicas e até os mes-
mos milagres; abusa-se sacrilegamente das
confissões. das Missas e de todos os Sacra-
mentos; já se nllo crê ou se nrto teme o
juizo, o inforoo, a eternidade com todos os
seu!! horrores 1 •
D'este modo ou morrem alfirn repentina-
mente, ou, recebendo n'aquella hora os Sa-
cramentos em peccado, como os re~eberam
em vida, param na condemnaçllo eterna.
Foge, filho, foge e teme esse abysmo 2 ;

1
Quando ab impudica libidine capta fuerit ani-
ma, nullum sinit vidcre ulterius, r.on prrecipitium,
n<ln gehennam, non tfmorem •.• Et quomodo qui
eunt orbati, si vel in fixo meridie steterint eu b me-
di? cceli, lucom non suepiciunt : ita ieti quoque,
etiamsi innnmerabilia undique ineonent salutaria.
dog~ata, illorum anima hoc morbo prreoccupata,
0 mn1bus ejusmodi vcrbis auree obetruunt. (S. JoAN
ÜH11Ysos·r., llom. 11. l,a. C:orint. l
. De luxuria enim crecitas mentis, inconeideratio,
1n~o11stantia, prrecipitatio amor sui, odium Dei,
afi~ctus pr:escntis ea,culi, horror autem, vcl despe-
ratio ft~h!l'~ ~cnerantnr. (~. G1n:r.., j\,loral., 31.)
t L1lndmc111 fu~icndam esse Apostolus cviden-
er. ostendit : qui cum omnibns vitiis prrerlicaverit
l'ee1steudum, dum contra libi<linem loqueretur, nou

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54 JESUS AO COIU.ÇÃO DO SACERDOTE

por um lisongeiro e momentaneo prazer


nllo queiras ser comparado ao mais insen"'\
sato dos brutos (jumentis in.~ipientibus);
n!\o entres em tlio horroroso caminho, que
conduz á perdiç:'lo eterna.
Se porém tens animo de condemnar-te,
corre após teus immundos prazeres; maa
lembra-te que ea estou sobre esta cruz, Pª"
decendo por ti; ao menos has de confessar
que eu te quiz salvar; mas que tu, a des-
peito das minhas chagas e do meu amor,
te quizeste condemnar.
Fructo. - Foge do ocio 1 ; acautela os
sentidos 2 ; mortifica a carne ao menos com
o estudo, com a sobriedade e abstinencia.

rlixit resistite, 6ed fngite fornicationem... ergo


contra libidinis impetum apprehende fugam. si vit.
obtinere victoriam. Ncc tibi vcrecnndum sit fngere,
si castitatis pnlmam desideras obtinere, etc. (S. Au,
GUST., Serm. ::!fiO de Tcmp.)
• Facit aliqnid operis, nt te semper Diabc,lus in-
veniat nccnpatum. (lI1F.noN,, Ad Jlu,.t. J,;p. 4.) -Sa-
lomon per ot.i11111 scrneti,rsum involvit fornicatioui-
bns.. Libido cerlit rébus. cc<lit operibus: cedit
lu:rnriit Ltboribus et iudustrim. (~- B>:u:-i,, De modo
bmc 1,irenrli.)
t A verte faciem tuam a mui iere compta: pro-
pter speciom mulieris multi perierunt: et eii: hoo

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A IMPUREZA õ5

Recorre ás chagas de Jesus, m6rmente


no tempo da tentaçllo 1 • Tem fervorosa de-
voçlto para com Maria Santíssima.
Evita a conversaçlto de pessoas discolas
e mundanas, principalmente de mulheres;
nllo te fiando até nas que silo piedosas 1 •

concupiscentia quasi ignis uardescit: 8pe<>iem mu-


lieris multi admirati, reprobi facti sunt. ln medio
mulicrum noli commorari: de vostimentis enim pro-
cedit tinea, a muliere iniquit11s viri. 1Eccl., IX,
8-11: XLII, 12-13; Eccles., VII, 27.) Unde ab
omnibus christianis, prrocipue tRmcn Clericis sive
1~ot1achis, mulicrum familiaritas vitar-1da est; quia
BI_DP. ulla dubitatione, qui familiaritatem non vult
v1tare, cito llilabitur in ruinam. (Ai;oi;sr., Serm.)
Nec solum extranearum, sed etiam ancillarum
nostrarum, vel quaru1ncumque vicinarum, aut filire,
aut alumn:e, aut anl'illre, vitanda familiaritas, et
secreta collocutio, atque rcfrenanda oculorum in-
c!'uta fragilitas: quia·illarum quanto vilior oondi-
tio, tanto facilior ruina est. (lúiclem.)
1
Quum me pulsat turpis aliqua cogitatio, re-
curro ad vulnera Christi. Cum me premit caro mea
i·ecordationc vulncrum Domini rnei resurgo, etc.
(At:u., .llu1tual., 22.1
2
• ~ec ta111en quia sanetiores fucrint, ait S. A u-
gust)nu•, idco 111i11ns c·av, 11dro. (,!uo enim sanctiores
fuer11,t, eo mni;is alliciunt: et sub pr:etcxtu blandi
;?"'º'.•is im111iscet se viscu8 i111piissi11,:e libidini~ •.•
r ov~nnt spirituales, quo<l licet carualis alfoctio sit
Omnibus P'-'riculosa, et damnosa, eis tamen perieu-

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56 JESUS AO CORAÇÃO no SACERDOTE

SANTO foNAOIO dizia: Que do trato frequen-


te com mulheres, ainda que espirituaetl,
nasce ou chamma que queima, ou fumo
que tisna a fama.
Tambem te nll.o fies nas parentas. S. F1-
LIPPE NERY adverte: Que o demonio saberá
dizer mulher, e não irmã; e que na guerra
dos sentidos os cobardes, que fogem, são
os vencedores.

DECIMO PRIMEIRO DIA


A. ª"ªreza
I. - Filho, foge do apego aos interesses
do mundo. Se te julgas isento d'esse apego,
enganas-te. Senão, abre os olhos e dize•
me: que significam essas economias, essa
difficuldade em dar, esse desejo de ter, essa
inveja da fortuna d'out.ern? Nilo vês que
sob o pretexto de prudencia, de economia,
de necessinade, se esconde e alimenta o
interesse? 1

losa eet magia, maxime quando convcrsnntur cnm


pcrsona, qure epiritualis vidctur, etc. 1S. TnoM.,
Opusc.)
1 Videte et e.a vete ab oinni avaritia. (Lr:c .. XII,
lf>.) Non solum autem avarus est qui rapit aliena,

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A. AVA.REZA. 57

Applicas-te a estudos mais lunrosos, en-


tregas-te a traficos e manejos seculares,
sustrntas litígios e demandas, buscas pro-.
lecções e empregos, tudo com o pretexto
de aj 11dar o proximo, de soccorrer a fami-
lia, de zelar o teu decoro e sustentar os
teus direitos; mas, se bem reflectires, acha-
rás que tudo isso n!l.o é senllo o apego aos
interesses mundanos.
Quem tem verdadeira caridade e verda-
deiro zêlo, filho, nllo obra assim.
E nllo se cobre até algumas vezes esta
miseravel cubiça com capa de religião?
Prestam-se serviços á Egreja, assiste-se
aos Officios divinos, frequenta-se o pulpito;
promovem-se festas, devoções, confrarias;
auxilia-se o proximo, soccorrem-se os mo-
ribundos, suffragam-se os defuntos; mas o
ultimo fito são os interesses terrenos que
recebes ou esperas receber, e não os inte-
ressps espirituaes: e ali.o será isto ava-
reza? 1

~e~ et ille avarus, qni cupide servat sua. (S. AuG,,


11 u1c loco.)
1
••• Sarcrdotr.s in mercede dncebant, et pro-
phet~ in pecnnia divinabant: 11fic11., l!I, ll.i Quis
est 111 vobis, qui claudat oetia et inccndat alta1·e

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58 JESUS AO CORAÇÃO DJ SACERDOTE

Celebras Missa todos os dias (tu sabes


como); mas praticarias esta e outras obras
semelhantes, se nll.o fôras convidado pelo
lucro?
Porque te n!lo applicas ao ensino da ca-
techese, d'oode nll.o tiras lucro temporal?
Porque ha tanto cuidado com os dt>funtos,
e tllo pouco zêlo com os vivos? Porque
n!l.o tratas os pobresinhos com as mesmas
attenções com que tratas os ricos? Porque
nll.o zelas mais as maximas eternas, que
os interessPs temporaes !
II. - Filho, que amor póde ter para com-
migo, que zêlo pela propria alma, quem
tem o coraçlio afrrrado ao interesse, como
a seu thesouro ·? 1

meum gratuitn? (MA1,Ac., I, 10.) lpsa quoquc eccle-


siasticre officia dignitatis in turpcm qurestum, et
tenebrarum negotium transieruut: nec iu bis salus
animarum, sed luxu~ qu:critur divitiarum. l'roptcr
hoc tundeutur; proptcr hoc frcqucutant ccclcsias,
Missas cclebrant, psal111os deca11tant. 1S. lh:nx.,
Srrm. G, l'sal. \JO.)
1 ••• Nou potl'stis scrdrc Deo ct mamrnonre.
(l\Inn., VI, 2-1.) Qui auiat pceuuiam, 1>011111 amare
non potest. l,:dtur et Ap•-stolis dicit Christue, si
velint amare Deum, pecunias esse contemuendas,
(füEROl'l. 1 Epist. 151.J

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A. AVA.REZA. 59

Por isso a minha casa está como um


curral ; offerece-se o meu corpo e sangue
em calix, corporaes e outros paramentos
tão enxovalhados e immundos, que c11usa-
riam nausea na propria mesa 1 ; por nllo
perder lucros terrenos, abandona-se a obser•
vancia das minhas festas; postergam-se as
leis da minha Egreja, para attender a ne-
gocios seculares, a feitorias e outras occn•
pações laicaes 2 •
Quantos se condemnam por presentes illi-
citos, jogos prohibidos e propriedades in·
justas nllo restituídas! Quantos se tornam
perjuras por attestados falsos, e até su-

1
• Qui diligunt munera, non poesunt pariter di-
hgere l'hristrum. Jndc est, quod ejus eponsa pauper
et inops, C't nuda relinquitur, facie miseranda, iu-
culta, hispida cxanguis. Propter hnc non cst hoc tcm-
pore ornare epnnsam, sed epoliare, etc. (BERN. 1
Cant. 77.)
~ Nemo militims Deo implicet se nf'gotiis srecu-
laribus: ut ei placeat, cui s~ probavit. (2." ad Ti-
m~t., II, 4.) Procurntorcs et dispensatr·res domorum
ahe!u'.n11n, atque yi!l,1ru111, qnomndo possunt esse
clenc1 ; qnum proprias hi jnbeantur (\"ntemncre fa-
r;ul~Rtes ·t (lln:1<0N., J•.'pi,t. 11.) •.• Unde et magna
Scrl[~t?rarum oritur 11cgligentia, ingens in orando
88!!"llltH's, ct cmtcroruw oumium coutcmptus. 1Ct11t\'•
Bos,,., IIom. 87 .)

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60 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

persticiosos por thesouros sonhados! quan-


tos sacrilegios commettidos, traticos de Mis-
sas, de Sacramentos e até de beneficios ! 1
· E como se. haverão com o proximo?
Quantas dividas, salarios, Missas e legados
pios n!lo cumpridos!? Quantas exacç~e!!
violentas, segredos violados, infidelidades,
fraudes, contrabandos; parentes despreza-
dos e opprimidos, pobres nllo soccorridos,
jornaleiros defraudados, inferiores empo-
brecidos!
Se ao menos nlto soffressem as minhas
ovelhas! Mas quantas vivem faltas de luzes
e auxílios espirituaes, porque se. busca e.
sua lã, e não a sua salvaçl!.o: umas sem a
devida correcç!lo, outras indevidamente
absolvidas, por nlio desviar do seu confes-
sionario quem póde ser util por sua pro-

1 Avaro nihil est sceleatius. Nihil iniquius,


quam amare pccuniam : hic enim, et animam suam
venalem habet. (Eccles., X, \:l-10.)
Qui volunt divites fieri, incidunt in tentationem
et in laqueum diaboli, ac desideria multa inutilia et
n-,civa, qu::c mcrgunt homines in interitum ct per-
ditio11C1111. RMdix cnirn omnium rnalnrum est cupidi-
tas, quam quidam appctentea. erraverunt a lide. et
inBL'rucrunt se doloribus muitis. \t.ª ad Tirn., VI,
8-\:l.)

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A AVAREZA 61

tecç!to, ou por seus donativos! 1 Outras


murmuram e se escandalisam, ou perdem
a estimaç1lo aos sacerdotes, como se todos
fossem uma raça da gente mais interes-
seira! 2
Horrorisa-te, filho, se te achas em seme•
lhante estado; e se n' elle te nllo achas,
treme do perigo de cahir n' elle. Judas co-
meçou por pouco, e vê a que excesso che-
gou: cego, insensível, obstinado e por fim
condemnado !

1 Aliquando si persona in hoc mundo potens


sit, ejus forsitan et errata laudamus, ne si adver-
setur, per iracundiam munns subtrahat, quod im•
pendebat. Debemus autem meminiese quod scriptum
est: Peccata populi mei comedent. Dicuntur autem
quidam peccata populi comedcre, quia ea fovent,
!1ª temporalia stipendia amittant. Pensemus cujus
1d eit apud Deum criminie, etc. (GREG. 1 Hom. 17.)
H::ec dicit Do mi nus : Vre pasto ri bus ..• Is-
rael, qui pascebant semetipsos .•. Lac eomedebatis
et !anis operiebamini; g-regem autem meum non
pascebatis ... 1En:cu., XXXIV, 2-3.1 Quem dabis
de D)lmero prrepoijitorum, qui non plus invigilet
subd~torum vacuandis marsupiis, quam vitiis extir-
pnnd1s. <BEnN •• Cantic. 7i .)
2
• •• Ignominià sncerdotie est propriis studere di-
vit_n~. (Hm1<0N. 1 Ep1~t. 11.) Quis obeecro laicorum
a v1d1us clericis qurerit tempo1·alia 'i ( Bi;;1u1"., in Sy•
IIOd,)

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62 JESUS AO CORAÇÃo 1)0 SACERDOTE

III. - Eia, amado ti lho, quererás por um


lodo vil perder o tempo, o socego, a hon-
ra, e arris~ar a tua alma? 1
Consolar-te-ha na hora da morte o dei-
xar riquezas a teus herdeiros e achar tua
alma pobre de merecimentos e aggravada
de culpas? Porque n1io enthesouras antes
riquezas para o Céo, por onde terias des-
canço na vida, merecimentos na morte e
grandes premios na eternidade? 2
Sou teu espelho, olha para mim: nasci
pobre, vivi pobre e pobre morri. Vê o que
fizeram os meus Apostolas, e tantos outros
que me seguiram, pobres e necessitados;
e tu ao menos não te darás por satisfeito
com o necessario, distribuindo utilmente o
desnecessario, e d'este modo adquirir para
ti e para os outros um reino eterno? Oh
rica pobreza! Oh miseraveis riquezas!

1 Avar.is non implebitur pecunia; et qui amat


divitias, fructum 11011 capiet ex eis. (Eccle8., V, !J.)
2 Funes ceciderunt tibi in prreclaris; et tu opi-
bus inhias terrenis '? Si vis habere simul hiec, et
ilia, breviter respondebitur Hui: l\lemeuto, fili,
quia recepisti bona in vita tua. Accepisti dixit, non
rapuisti: ne etiam de boe tibi frustra blaudiaris,
q_uod tuie ooutentus, aliena non rapiae. (i:IERN. 1
Epist, 11.)

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A AVAREZA 03

Fructo. - Da avareza nasce muitas ve-


zes a prodigalidade e o luxo; ha apego
aos interesses, para os despender depois
inutilmente em pompas, banquetes e di-
vertimentos. Ambos estes vícios desaere-
ditam o sacerdocio, e são a sua maior
ruína 1•
Procura remediar os males passados,
satisfazendo, se tens dividas de restitui-
ções, de Miss-as, etc.; transigindo, se tens
pleitos; pondo cobro aos gastos, se com-
mettes excessos; e fixando para o futuro
as esmolas que, segundo o teu estado, de-
ves fazer.
Grava em teu coraçllo esta maxima de
S. F1L1PPE NERY: Quem busca interesses,
nunca terá vida de espirito : quem quer
almas, deixa a bol.rn. O B. ALEXANDRE
SAULI accrescentava: Se o po,;o !le per-
suade de que és interes.~eiro, ainda que
faça.~ milagres, nll,o te acreditará.

1
Coneeditur, ut si bene deservias, de altari vi-
vas, non autcm ut de altari luxurieris, ut de altari
8 ?Pel"bias. etc. Denique quidquid pra,ter nece8sa-

rium victum, et si111plicem ve~titurn de altari reti-


n(~s, tuu111 non est, rapina est, sacrilegium est,
EBN., Epist. 11 ad Fulcon,)

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64 JRSUS AO OORÁÇÃO DO SACERDOTE

DECIMO SEGUNDO DIA


A soberba

I. - O teu sacerdocio, filho, nlto admitte


fumos de soberba; mas sim exige humilde
caridade para servir aos povos ; pois es-
tás constituido servo de quantas almas ha,
para salvar, e servo, para este fim, esti-
pendiado pela minha Egreja, se tens be•
neficio.
Como é possivel acolher a soberba sob
a divisa de humildade, e combinai-a com
um ministerio que é todo humildade?
Sendo soberbo, como poderás cumprir
este ministerio? Exercel-o-bas só para
comprazer com os homens, sem proveito
d'elles e com damno teu; e só n'aquelles
empregos que te parecerem mais eleva•
dos.
A tua soberba n!'lo te deixará evange•
lisar aos meus pobresinhos; só para com
os ricos te fará affavel e delicado, e até
adulador. Levar-te-ha a corrigir com gros•
seria, ou só por osten taç!lo, os peccadores;
ou antes a deixai-os dormir nos escanda-
los, para n!lo incorreres no seu desagrado,
nem te expôres a motejos e humilhações,

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A SOBERBA 615

Não serás pae que dê a mllo e console;


mas tyranno que opprima os povos. N!to
serás mãe que alimente e acaricie, nem
ama que sustente nos braços as minhas
almas; mas féra que as afugente e de-
vore.
A catechese, as aldeias pobres, carce-
res immundos, hospitaes hediondos, emfim
tudo o que te parecer humilde e igno-
bil, e que eu tenho por gloria minha, tu
o considerarás como deshonroso e indigno
de ti 1•
Ah, filho, qu~o grande é a tua ceguei-
_ra, se nllo aprecias a minha humildade,
que é a melhor joia do teu sacerdocio, e
se convertes em fonte de soberba um mi-
nisterio que só respira humildade!
II. - Que vantagens poderás tirar do
agradecimento, estimaçll.o e louvores do
lllu_ndo? Não, filho, nllo é grande quem é
estimado pelo mundo; mas quem é esti-
mado por mim.
Insensato ! Sustentas-te do ar e do

1
• Spidtua Domini super me: evangelizara pau-
~:nbua misit me, •.• nt medel'er contritis corde,
Is consolarer ornncs lugentcs. (Luc., IV, 18; e
AI., LXI, l.)

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66 JESUB AO OOR!ÇÃO DO SACERDOTE

nada; e s6 por comprazer com os homens


me desgostas, a mim, que sou teu maior
11,migo ! Julgas conciliar o respeito á tua-
pessoa com esse ar altivo nas palavras,
nos vestidos, no trato e no mais que po,
des? mas não vês que com isso mesmo
grangeias o desprezo, sendo tido por ca-
prichoso, por vaidoso, por ladrlto e usur-,
pador do patrimonio de Christo e dos po-
bres, por obstinado, eoberbo e cheio de
vento, por coisas vlls, mundanas e femi-
nís, ou por coisas que te deveriam fazer.
córar de vergonha? 1
Considera por um pouco os meus hu-
mildes servos, que buscam n!!.o a sua, mas
a minha gloria, e vê como sito ricos de me-
recimentos e até estimados do mundo, que
os ama e louva por sua humilde mcdestia
e sincera doçura 2•
III. - Entra em ti mesmo, filho, e con-

1 Odibilis coram Deo est et hominibus superbia.


(Eccli., X, 7.)
2 Sapientie. humiliati exaltabit caput illius, et
in medio magnatorum considere illum faciet. (Ibi-
dem., XI, 1.) - Quia oumis, qui se humiliat, exal-
tabitur. (Luc., XIY, 11; e XVlll, 14.)

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A SOBERBA 67

sidera, nl!.o e6 de quantos bens te privas,


mas quantos peccados commettes e a quan-
tos te expões, de odio, de desobediencia,
de injustiça, de simonia, de immodestia,
de hypocrisia, de escandalo, etc. 1
E como te emendarás de teus pecca-
dos, se com a tua soberba repelles quem
te póde corrigir, e escarneces das repre-
hensões? 2
Cuidado, filho; nllo permitta eu, para te
humilhar, que cáias nas mais infames des-
honestidades 3 ; e em seguida te deixe per-

1
••• Initium omnis peccati est superbia. Qni
tenuerit iliam, adimplebitur maledictis, ct subver-
tet eum in finem. (Eccli., X, 15.) Vitiorum hrec
r!di_x esse monstratur, a qua pullulant .•. Septem
n1m11·um principalia vitia de hac virulenta redice
pr~f~runtur : scilicet, inanis gloria, invidia, ira,
t(Gst1tia, avaritie, ventris ingluvies, luxurie, etc.
REo., Moral, 34, 31, 17.)
1
Aperte cognoscimus, quod evide1iltissimum re-
pr~borum signum supcrbie est. (Ibidem, 34, 18.)
•. • Evanueru:nt in cogitationibus suis .•• di-
centcs se CSRC sapientcs. . . Prnpter quod tradidit
08
:. D~us in dcsideria cnrdis corum, in immundi-
~am, 1n pasaione8 ignomime, nt contumcliis affi-
Mª1r.cnrpora HUa in semotipsis. (Arl Rom., I, 21-24.)
11
tis srepc supcrbia luxurire seminadum fuit ... :

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68 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

der a fé, como tem succedido a tantos oti•


tros soberbos; e por fim chegues ao ap<r
geu da iniquidade, al1:1,rdeando e jactan~
do-te de teus crimes, excessos e libertina..
gem!
Oxalá que os perigos que te ameaçam,
que os teus peccados te façam tremer e
fugir á minha ira!
Toma os meus exemplos; volve os olhos.
ao teu ministerio; toma a peito os interes-
ses da tua alma. Pois eu te juro qur, assim
como não perdoei a LucVer a soberba, não
a perdoarei a ti. Se és soberbo, ter-me-has
contra ti; se, pelo contrario, és humilde, e
a tua humildade . é verdadeira e solida,
quantas graças possuo em meus thesouros,
todas serão para ti 1 ,

ut quia supel'biendo se hominibus prreferunt, luxu•


riand0 usque ad jumcntorum similitudincm devol-
vantur. (Gmm., Mo?"al.)
1 Omnes humilitatem invicem insinuate : quia
Deus superbis re.,istit, humilibus autem dat gra-
tiam. (PErRus, I, 5; e Luc., V.) Tanquam sure
contumeliro propulsator, vcluti quodJam suscepit
ad"crsus rnperbiarn Deus speciale ccrtamen, tan-
quarn dicat : meus iate adversal'ius est, qui me la-
cessit, mihi debctur isto. cougressi. (AM11sos., In
Psal. 118, 51.)

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A BOBERDA 69

Fructo. - Conserva paz com todos, e n!lo


dês lagar á ira. A vingança pertence só a
Deus. Converte o mal em bem. Cunserva
esta paz principalmente com os domesticos
e familiares e com os outros Sacerdotes.
Ama a quem te corrige, nllo confiando
em ti mesmo; pois quem compraz e pede
conselho a si mesmo, compraz e pede con-
selho a um nescio.
A ninguem desprezes; despreza-te a ti
mesmo, foge do luxo, e ama os ministerios
mais humildes. S. CYPRIANO Martyr e
S. PACLINO DE NoLA, sendo t!lo nobres e
famosos, n!lo se envergonhavam de varrer
a Egreja. S. MELA, apesar de ser Bispo,
tratava da lampada.
Não procures os empregos mais eleva-
dos, procura a mais elevada virtude. Diz
0 veneravel CARDEAL BELLARMINO que
achára, em todos os tempos, muitos varões
sa"!tos que fugiram e recusaram as di-
gnidades, e só constrangidos as acceita-
~ª"? ·: mas que nll,o achára um só que as
solicitasse ou ambicionasse.

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70 JESUS AO CORAÇÃO DO BACERDOT~

DECIMO TERCEIRO DIA

I. - Lembra-te, filho, que has de mor-:


rer.
Tu agora vês moribundos, assistes a fu.
neraes e exequias, celebras l\fissa por de·
functos; e nl'io consideras que breve--
IDP.nte por ti se hão de fazer os mesmos
Officios?
Passado pouco tempo, teu corpo será:
depositado na egreja com aquellas veste!!
com que todos os dias sobes ao altar, 8'
será enterrado n'aquella sepultura de Sa-
cerdotes, sobre a qual passas tantas vezes.·
Dir-se-ha: Morreu aquelle Sacerdote mun-
dano . .. ; depois com o melancolico som
dos sinos acabará tua memoria.
De quem serlio as tuas dignidades, as
riquezas, as commodidades, que com tanto
afan procuraste? Gozará d' ellas quem me•
nos pensas, Se, passados poucos mezes, po~
déras levantar da sepultura a cabeça, ve-
rias talvez tudo dissipado em loucuras e
peccados.
Tua carne tão delicadamente tratada,
será pasto de vermes; e tornar-se-ha tão

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A MORTE 71

disforme teu corpo, que teu maior amigo


nll.o teria coragem de dormir uma noite,
nem ainda estar poucas horas com elle,
cerrado no mesmo aposento.
E que será feito da tua alma? .••
II. - Reduzido ao triste espaço de uma
cama, acabado para ti o mundo, acabará
com elle tambem a illusão. Ent!to, á luz da
vela benta, quito differente juizo formarás
das riquezas, dos prazeres, das ~onras, dos
negocios do mundo, dos respeitos humanos,
que tanto dominaram o teu coração? Con-
fessarás que tudo era vaidade e afBicç!to
de espírito.
Valer-te-ha ent!lo a sciencia vil, a ociosi-
dade, as palavras e maneiras estudadas;
ou as boas obras e trabalhos, soffridos
pela salvaç!io do proximo? Escarnecerás
da vida bem regulada dos Sacerdotes mais
exe~plares; ou iuvejal-a-has com a maior
anc1a? Consolar-te-ha o ter vivido uma
vida mundana e inquieta; ou ter procurado
a perfeiçllo do teu estado?
b Quantos Sacerdotes de espírito vllo e so-
erbo, conhecendo, n'aquelle momento ex-
tremo, a grandeza das luzes e graças que
receberam, dos deveres que não cumpri-
ram e dos peccados que cowmetteram, se

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72 JKSUS ÁÚ CORAÇÃO DO SACtRDOTt

deram ao desespero por se não terem san•


tificado !
N'aqnelle momento, filho, n!to ·poderás
emendar o passado ; morrerás miseravel•
mente, como Antiocho e Judas! 1 Acabará
o erro e a. illus!to; mas tambem acabará o
tempo! •.•
III. - N'um instante te verás ás portas
da eternidade. .
Oh! quanto maior seria ent!to o teu con•
tentamento; se tiveras gastado o tempo,
nl1o na ociosidade ou divertimentos profa-
nos, em ajuntamentos e conversações inu•
teis, e occupado em negocios alheios a um_
ecclesiastico; mas sim procurando a salva•
çll.o das almas e fazendo dignos fructos de
penitencia!
Oh! se n'aquelle transe podéras haver
um só de tantos dias perdidos, ou ainda

1 ••• Plaga divima admonitue, • • • Antiochue


aiebat : Reminiscor malorum, qure feci; ..• et pro•
pterea invenerunt me mala: justum est subditum
esse Deo. Polliccbatnr antem Templum sanctum
optimis se donis ornaturum ..• supor hmr., in omnem
tcrrre locum prmdicatnrum Dei potestatem, ... Ora•
bat autem ecelcstus ille Vominum, a quo non esset
misericordiarn consecutu1·ue •.(1. 0 MAcu11,, VI, 12 e
11eg.; e 2. 0 , IX, 13.J

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A MORTE 73

uma só hora para alcançar perdllo, graças


e corôas de gloria! Mas nll.o, filho, nll.o te
será concedido mais nem um instante de
tempo; n11.o o gastáras mal quando era
teu! Entlto nll.o sabias em que matar o
tempo; os dias te pareciam annos; nunca
chegava a noite. Eis de todo acabado o
tempo: estarás satisfeito?! .•. 1
Considera por um pouco qua1 o estado
em que te acharias, se agora te colhesse a
morte! E porque n11.o te resolves já a fa-
zer o que n'aquella hora quizeras ter fei-
to?
Fui eu que disse, filho, e te repito ainda
como bom pae : - Faze o bem emquanto
é_ tempo, antes que te surprehenda a eter-
nidade; porque ent!lo principiam as trévas
da noite, em que já não é possivel traba-
lhar! .•• 2

1
Amittere tempora tanta, perdere tanta lucra!
f 1h11restimatur.
_ •

1?8
prctiosius tempore: sed heu ! nihil hodic vi-
Transeunt dies salutis, et nemo co-
gitat: ncmo sibi non redditura momenta pedisse
ca~satnr. ,lk1t~A1rn., Dcclum. 16.)
Quia igitur morncntis suis horro fugiunt, aga-
lllus, ut iu boui operis mci·ccde tcncantur. Audia-
mus quid sapie11e Salomon dicat: Quodcumque po-
test ma.nus tua faeere, instanter opcrare; quia nec

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74 JESUS AO CORlÇÃO DO SACERDOTE

Fructo. - Reflecte bem se, sendo agora


assaltado pela morte, tua consciencia es-
taria tranquilla; senão, tranquillisa-a sem
demora. Paga dividas, corta pela raiz o
mal, fugindo da ociosidade, d'aquella occa-
sillo, d'aquella companhia, d'aquella casa,
reconciliando-te com aqnellas pessoas, etc.
Confessa-te, como se fôra a ultima con-
fissão que houveras de fazer; celebra o
santo Sacriticio da Missa, commungando
n'elle como se fôra por Viatico; recíta a
ti mesmo as orações Co mmendationi.~ ani•
mm, que se acham no fim do Breviario.
Em tuas obras e resoluções pergunta a
ti mesmo: Se eu agora tives8e de morrer,
faria isto?
Santo EDMUNDO, arcebispo de Cantua-
ria, estando no leito da morte, quando
avistou o SS. Viatico, que tinha pedido
com grande instancia, exclamou com
grande affecto, estendendo-lhe os braços:
Sois vós, Senhor, aquelle em quem tenho
crido sempre, e quem tenho prégado: vós

opus, nec ecienti11, nec ratio, nec sapientia eruut


apud inferos, quo tu properas. Eccles., IX, 10, (S.
Gw,:o,, Homil, 13.)

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À MORTE 75

sois testemunha de que só a vós tenho


buscado em toda a minha vida. Eu niio
tenho desejado outra coisa, nem desejo
senão fazer a vossa santa vontade.

DECIMO QUARTO DIA

.ti. 111orte

(Conlinuaçúu)

I. - Filho, sabes que qual fôr a vida,


tal ha de ser a morte. Eu mesmo te disse
nas Escripturas, que a morte dos bons é
prrciosa.
Quantos Sacerdotes no momento da morte
·exdamaram, trasbordando de alegria: Ah I
nunca julguei que fosse tão sualle o 1nor-
1·er l Ditoso morrer depois de muitos tra-
balhos soffridos pela salvaçlto das almas!
Pelo contrario te disse, que a morte dos
máus será pessim a. Quantos Sacerdotes,
tendo vivido no peccado, na ociosidade, ou
tendo abusaio dos talentos que tinham re-
cebido, morreram, amaldiçoando a hora
em que nasceram, e o tempo em que
aprrnd<'ram a lêr e a escrever!
DesPjas, tilho, a morte dos justos. Mas

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76 JESOli AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

como terás morte de justo, se a vida é de


peccador? Porque nllo dás credito a mi•
nhas ameaças e protestos, á. tua experien•
eia, a teus mesmos olhos, que tP-em pre-
senciado as consolações dos justos e a
consternaçllo dos peccadores n' aquella
hora?
Tu, filho, ensinas e prégas aos outros
estas mesmas verdades; haverá. pois para
ti outro Evangelho, out:-a Lei, ·outra Escri-
ptura? Porque vives uma vida que conhe-
ces e confessas te nll.o póde dar conforto
nem confiança na hora da morte?
II. --1\Iorre bem, filho, nllo quem começá
bem, mas quem persevera até o fim. Para
morrer bem, é nccessario o especial dom
da minha graça final 1 •
Tu esperas este dom; mas lembra-te que
Judas, chamado por mim ao Apostolado,

1 De persevcrantire munerc, de quo scriptmn est:


Qui pcrsevcravcrit usque in finem, hic salvus crit:
quod quidem haberi non potest, nisi ab eo, qui po-
tcns cst, eum qni stat, statuere, ut perseveranter
stct; ct curn qui cadit, restituerc: nemo sibi ccrti
aliquid absoluta certitudino polliccatur: tarnetsi in
Dei auxilio tirmidsimam spem 1·eponere omnes de•
bcnt. (Concil. Trid., IV, 13.)

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A MORTE 77

começou bem e acabou mal. Lembra-te


que sllo mui poucos os Sacerdotes que vi-
vem como devem, e por isso mesmo mui
poucos os que morrem como desrjam; lem-
bra-te tambem que muitos Sacerdotes,
ainda que santos, n'aquella tremenda hora
temeram e tremeram de morrer mal.
Eia pois, toma uma firme resolução; e,
com temor e tremor santo, opéra tua sal-
vaç!to por meio de trabalhos, vigílias, es-
molas, orações, sacrificios, jejuns e casti-
dade 1 ,
Sou eu mesmo que te aviso para teu
hem. Se viveres sem fervor e sem temor,
e differires tua emenda, de certo deverei
vêr-te, apesar do meu amor, eternamente
perdido.
Ha já muito tempo que te espero: acaba
com esses desejos que nunca executas. Sê
firme e constante no bem; porque a mor-

1
Vcruntamcn qui se existimant starc, vidc:int,
nc cadaut; ot cum ti more, ct trcmorc saiu tem suam
?Percutnr in laboribus, in vigiliis, iu cleemosynis,
1n oratiouibus, et oblationibus, in jejnniis, et casti-
tate: Formidare enim debent, scicntis qnod in spem
g)l)rue, ct nondum in gloriam rcnati snmus de pu-
gna, qurc superest, . , . (Ibidem.)

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78 JlliSUB AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

te, para colher-te, nlto esperará aquelle


anno ou aquelle dia em que estejas em
graça e fervor: ella ha de vir quando me.,.
nos o pensares 1 •
III. - Has de morrer, filho, uma só vez :
e se d'essa ·morreres mal, ai de ti! a tu&
ruína é summa, é irreparavel, é eterna.
Eu morri na cruz, para que tu podes-
ses ter uma boa morte. Podia mandar•te
morte improvisa, e colher-te em peccado,
como a outros muitos; mas não o fiz, es-
perando, como bom pae, que te voltasses
para mim.
Outra vez te admoésto: e,Ytá preparado,
porque não sabes o dia nem a hora. És
excessivamente cruel para comtigo, e in-
grnto para commigo, se differes um mo-
mento a tua conversão.
Considera bem, filho, que o perd1lo que
hoje te offoreço e prometto, está seguro, se
hoje te arrependes e te convertes de todo
o coração; mas para o dia d' amanh!L nem

1 • , • Qua hora non puta tis .•. veniet. (Lcc., XII,


40.) Sicut iu didrns N"e. et in diclrns Lnth, erant
edentes et bibcnteM, ernebaut et vendebant, planta·
bant .... et non eo11:novern11t, .•. ita erit advcntus
Filii Ilominis. (l\!Arn., XXIV, 37-3\J.)

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A MORTE 70

eu t'o prometto, nem tu podes contar com


elle.
Reconhece quanto sou solicito pelo teu
bem, até em te deixar incerta a hora da
morte; para que, ignorando-a, estejas sem•
pre preparado 1 •
Fructo. - Salda tuas contas com Deus
e com o proximo.
Faze o teu testamento, diz SANTO AGos-
TINHo, emquanto tens saude, emquanto
és senhor das tuas faculdade.ç, A alma a
Deus, o corpo á terra, e os bens da for-
tuna a quem pertencerem.
Considera bem agora qual desejarias
que tivesse sido, na hora da tua morte, o
teu procedimento para com Deus, para
com o proximo e para comtigo mesmo·; e
faze já o que entlio desejáras ter feito.
Nll.o morre de morte improvisa quem sem-
pre está preparado, e sempre pensa que ha
de morrer.
O Beato GREGORIO BARBARIGO, tendo re-

1
Horam vero ultimam Dominus noster idcirco
Volnit nobis esse incnguitam, ut semper pnssit esse
~1
1
:spect~ nt dnm iliam pr:evidere non possnmus, ad
~_,.a•n s1ne intcnni~sioue pr:cparemur. (S. GnEG. 1
uom. la.)

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80 JES!'B AO CORAÇâ.O DO SACERDflTl'l

cebido com extraordinaria devoção os san-'


tos Sacramentos, considerando nos juizoa
de Deus, onde em breve havia de compa•
recer, se encheu de tal espanto e horror,
que levantava a miudo as ml!os e os olhos
ao Céo, e com voz lamentosa repetia: Qut
será? que será? e assim soffreu por al-
gum tempo esta forte agitaç1to, pelo temor
do rigoroso juízo, até que á tempestade
succedeu a bonança. E que será de ti .•• ?

DECIMO QUINTO DIA

O Juizo

I. -Filho, se em meu tribunal hei de


pedír rigorosas contas aos seculares, quanto
mais rigorosas hei de pedil-as a ti, que
contrahiste mais graves deveres? Vem cá,
dir-te-hei, vem e; nllo só como homem e
como christl!.o, mas tambem como Sacer•
dote, dá-me contas da minha lei, da toa
dignidade, do exercício do teu ministerio,
dos dons que recebeste, das tuas culpas e
até das dos outros.
Dá-me conta de todo o mal que tens fei-
to; veja-se á luz do dia a graveza de todos
os teus peccados, commcttidos em qualquer

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o .1t11zo Si
tempo ou Jogar, com todas as suas circum•
etancias e numero; vejam-se até as coisas
mais occultas, um volver d'olhos, uma pa•
lavra, um pensamento,
Dá-me conta, nll.o só das tuas culpas,
mas até das que occasionaste nos outros,
com teus maus exemplos, dicterios ou con-
selhos; das que, como devias, nllo impe-
diste por negligencia ou por humanos
respeitos, tanto em publico como em par•
ticular 1 ,
Dá-me conta de todo o bem que devias
fazer e não fizeste, ou o fizeste mal : ma-
nifeste-se a intenção e os meios, com que
entraste no estado ecclesiastico, no benefi•
cio; o modo como cumpriste os testamen•
tos, os legados pios, e distribuiste os bens
ecclesiasticos; como viveste na qualidade
de Sacerdote.
Dá-me conta da celebração e applica-
çào do Sacrificio da Missa, da reza do Of-
ti.cio divino, dos estudos, da catechese, da

1
linuequisque Christianorum pro suo peccato
re?clet ratiouem; sacerdotes autem non solum pro
But~, scd et pro omnium peecatie roddituri aunt
rat1one1n. (Cm1YeoeT., Op. imp, 1 H. 08,) ·

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82 JESUS AO COR.,.ÇÂO DO SAClmlloTI!

prédica, do exemplo, dos conselhos, das'


correcções, etc.
Se és Confessor, dá-me conta de como..
despediste os penitentes; se com pressa, 1
por interesse ou respeitos humanos; de
como interrogaste, admoestaste, curaste e.
absolveste os ignorantes, os consuetudina·,
rios, os occasionarios, os indispostos. ,,
Se és Parocho ou Superior, de quem de-,
pende todo o bem e todo o mal dos subdi-
1.os, dá-me conta de como vigiaste, guar·
daste e apascentaste as almas que te en•
treguei 1 •
Prostrado a meus pés, filho, examina, um,
por um, attentamente estes artigos: só um,
d'elles póde ser bastante para te con-;
demnar. Prepara-te, emquanto é tempo, O·
qual desápparece a cada momento. Se
n'este dia, n'esta noite, ou n'esta hora te
colhesse a morte, e eu te chamasse a con•
tas, que seria de ti?

1 Omnium quos regis virorum ac mulierum et


puerorum a te reddenda est ratio. Videlicet, pro ii1
llingillatim omnibus, qui nobis concrediti fuerint 1
,:ationem reddere cogemur, (C1:1.anosr., De ,aoerà,)

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O ,JUIZO 83

II. - Quantos Sacerdotes se condemna•


ram, sómente por terem sido inuteis !
Quantos outros me diri\o: Grande Deus,
porventura não prégamos o vosso nome,
não prophetizamos, não expulsamos demo-
nios? Não fizemos em vosso nome muitos
e estupendos milagres? Mas verás como
eu, os repeli irei da minha presença, pro tes•
tando que nunca os conheci por meus!
Nllo, filho, n' aquelle dia nada valerá
a palha ínutil, nem a bella folhagem da
apparencia, que o mundo applaude; só
quem tiver edificado -sobre mim, com ouro
massiço de acrysolada virtude, será pre•
miado.
Se quem viveu ocioso, quem trabalhou
sem recta intenção, se até os mesmos ,jus•
t~s apenas se salvarlto; que será de ti, se
vives como peccador escaudaloso e im•
pio?
Quem recebeu mais que os outros, tam•
bem dará mais rigorosas contas. Ora tu,
que foste cumulado de especialissimos be•
neficios; tu, que tens tido tanto tempo, tan•
tas luzes, tantas graças, tantos talentos,
tantas commcdidades, tantos estímulos, tll.o
sublime poder, feito quasi um outro Eu,
quererás que os meus dons so te conver•

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84 JESUS AO CORAÇÃO DO SAUERDOTE

tam em argumento da mais f.levera con•


demnaç!lo? 1
Quem é mais que os outros, será maia
rigorosamente julgado. O meu juizo será
durissimo com os que governam. Com oa
fracos, com os pobresinhos uso de miseri-
cordia; mas os poderosos hllo de ser julga•
dos eom todo o rigor, e hão de experimen·
tar todo o peso do meu braço omnipo..._
tente 1 ,
Que será pois de ti, filho, cuja digni~·
dade excede a todas as dignidades, e cujo
poder é superior ao dos mais poderosos do
lllando?
III. - Que desculpa allegarás n'aquell~'
dia? A ignorancia? Mas, se recebeste tan•
tas I uzes, se tinhas rigorosa obrigaçll.o de
te aproveitar d'ellas, se de mais a mais te
lisongeavas de saber tudo; as escólas, 011
livros, os pulpitos, etc., te arguirão da tua

l ••• Omni cui multum datum est, multum qum·


retur ab eo; et cui commcndaverunt mui tum, plu•
petent ab eo. (Luc., XII, 48.)
2 Horrende et cito apparcbit vobis DominuB:
~uoniam judicium durissimum his, qui prresunt,
fiet: exíguo enim conceditu1· misericordia ••• (Sa•
piene., VI, 6-7.) ·

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O JUIZO

ignorancia crassa, ou da tua mais qoe hor•


renda m alicia.
Allegarás a fragilidade? Mas, vendo
que tantos Sacerdotes, tantos leigos, tantos
mais fracos que tu, com menos commodi-
dades e mais tentados fizeram tanto bem
para si e para o proximo, como allegarás
a falta de forças e de talentos?
Dirás que outros Sacerdotes viviam as-
sim, e que, se vivesses d'outra sorte, te es-
carneciam? Mas salvar-te-hllo os conselhos
e motejos dos mundanos n'aquelle dia,
quando vireto, em turba, os conselheiros e
escarnecedores perdidos?
Eu mesmo, filho, te adverti que os des-
prezasses, que te fizesses violcncia, que
nllo seguisses o costume dos mundanos,
'mas sim as minhas maximas e os meus
e~em pios; e te prometti que seria a tua
vida; e tu, encostando-te a vltos pretextos
e mentidas desculpas, quererás, a despeito
do meu amor, affrontar uma condemnaçlto,
tanto mais terrivel, quanto mais graves
são os teus deveres, as graças e dignidade
que recPbeste?
Fructo. - Despreza os jnizos do mundo;
0 teu Jni;: é Deus.Julga-te a ti mi>smo, an-

tes que venha aquelle Deus, que ha de

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86 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

julgar· a mesma justiça, e as mais santas


obras,. nllo segundo os juízos do mundo,
mas segundo as balanças do santn.ario 1•
S .. JERONYMo, depois d'uma vida tllo
austera e tllo santa, empregada toda em
serviço da Egreja, temia continuamente o·
J uizo, parecendo-lhe a cada momento on•
vir o som da trombeta, que o citava para
o grande tribunal.
SANTO A1wosTINHO, pensando que havia
de dar conta de si e do~ outros, se consi-.
derava como debaixo dos pés de todos, e
se recommcndava a suas orações, temendo
e tremendo de soffrer mais terrivel con•
demnaç!lo, por serem mais graves os seus
deveres.

1 Cum accepero te:npus, ego justitias judicabo,


Psal. 74.: vias nempe justorum, et aetus eorum dis-
eussurum se, et examinaturum Dominus dieit. Ve•
rendum valde; cum ad hoc ventum fuerit, ne sub
tnm subtili examine multm nostrru justitire, ut pu-
tantur, i11justitire :,ppareant. Unum est tamen : si
uosmetipsos judica verirnus, 11011 j udicabimur, ( B~:itN.,
Cant. 55.)

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O JUI!;O 87

DECIMO SIDXTO DIA


O .Julzo
(Continuação)

1. - Infeliz de ti, filho, 1e nllo proonus


viver como Sacerdote! O dia do Juizo
será para ti dia de horror1 dia, ele a.ngus-
tia e de trévas.
Para tomar vingança de tens crimes ar-
marei contra ti o Céo, a terra, os elemen-
tos, os Anjos, os demonios, todas as crea-
turas. Todos os Santos, qne agora podiam
ser teus protectores, empunharllo commigo
a espada vingadora. Minha Mlle, Maria
Santíssima, agora Mlle de misericordia, te
apparecerá então terrivelmente irada.
Vêr-me-has, com todo o fulgor da minha
majestade omnipotente, arrojar sobre ti a
minha ira, qual aguda lança, para te con-
culcar com todo o meu furor.
Com que animo comparecerás em minha
presença, sabendo que mereces toda a mi•
nha indignação?
II. - Tudo quanto procuraste occultar
ao Confessor, ao Superior, ao mundo, a ti
mesmo, será entll.o publicado.

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88 JESU3 AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Que immensa perturbaçllo sentirás, ven-


do-te accusado por tua propria consciencia,
confundido por tantos Sacerdotes, por tan-
tos correligiosos, por teus mesmos fun-
dadores, cujas virtudes nlto imitaste, por
tantos leigos que no seculo se santifica•
ratn, pelos mesmos infleis, menos culpados
que tu?
Surgirlo contra ti os pobres que não
soccorreste, .por saciar tuas paixões e sus-
tentar animaes de regalo; clamarll.o vin•
gança ·os ignorantes que não instruíste, os
peccadores que nlto convertest~, os cum•
plices pervertidos, todas as almas por tua
culpa condemnadas: 1 as mesmas pedras
do altar, a madeira dos pulpitos, as táboas
do confessionario bradarão contra tuas
omissões e teus sacrilegios !
Até agora tenho-me calado; mas então
levantarei a minha voz ! E que responde-
rás, filho, ás amargas reprehensões por
tantos crimes publicas, pelo abuso de tan-

I Venicnt, venient clerici ante tribunal Christi :


audietur populomm querela gravis, accusatio dura,
quorum vixcre st.ipeudiis, nec diluere pece.at:i.; qui-
bus facti sunt ducee ereci, fraudulenti mediatores.
(BERN, 1 Declam. 7, 20.)

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O JUIZO 89

tas graças, pela omissão e traiçllo de tan-


tos deveres ?
III. - Agora tens mil modos de illudir
a acçl!.o da justiça do mundo; mas n'aquelle
dia nem pretextos, nem subornos, nem pro-
tectores, nem teu mesmo caracter te pode-
rllo subtrahir ao rigor da minha justiça.
Ser-te-hl!.o arrancadas dos hombros as
vestes sacerdotaes, e vêr-te-has ignomi-
niosamente degradado á face de todo o
mundo 1 •
Oh! Qulto desesperada será a tua cons-
ternação ao vêr-t.e fulminado, pela mais
terrível sentença, a tormentos os mais cru-
ciantes, irrevogaveis, eternos; sem piedade,
sem appellação, sem escapatorio ! Com que
raiva verás subirem ao Céo, entre os san-
tos eleitos do Senh(?r, aquelles rusticos e ple-
~eus, aquellas mulherzinhas devotas, por
ti escarnecidas e desprezadas; até os mes-
mos publicanos e meretrizee convertidas e

1
• Laicus in die Judicii atolam saccrdotalem acci-
piet, et a Deo ehrismate ungetur in sacerdotium :
Bacerdos autem peccator spoliabitur sacerdotii di-
gnit:~te, quam ha buit, ct erit inter infideles et hy-
pocntae. (C1111Ysos·r., Op. imp., H. 60.)

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00 JBBUS AO OOR&ÇÃO DO SACERDOTE

pertitP-ntes; e tu, porç/1,o escolhida, ires


habitar com os hypocritas e infleis! 1
Quererás pois tu, Sacerdote, que eu,.
morto por ti n'esta cruz, seja a tua ruína
e ruína. tanto maior para ti, com relaçllo
aos leigos, quanto teus peccados foram
mais graves que os d'elles? Quererás que
o meu mesmo corpo e o meu ·sangue, que
tantas vezes tens recebido, seja tua maior
pena e a maior causa da tua condemnação?
Eia, filho, nllo sejas assim: nl!o me obri•
gues, com tua resistencia, a condemnar-te.
Repara bem que hoje quero ser para ti
amantíssimo Pae, e entllo hú de ser seve-
rissimo Juiz.

1 Plerumque enim, si quos humiliter, si quos eon-


tinenter vivere con~piciunt, irrident sacerdott11.
(GREG,, Horn. 17.) Videntes turbabuntur, timore
horribili, et mirabuntur in subitatione insperatm
salutis, dicentes intra se, pmnitentiam agentes, et
prre angustia spiritus gementes: Hi suut quos ha•
buimus aliquando in derisum, et in sirnilitudinem
improperii. Nos insensati vitam illorum restimaba-
mus insaniam, et finem illflrum sine honore: ecce
quomodo computati sunt inter filios Dei, et inter
sanctos eore ill<,rurn est. Er,!!;O erravimus a via ve- _
ritntis, et juetitire lumen non illuxit ur,bis, et sol in-
tclligentia· non est ortus no bis .•. 'l'alia dixerunt in
inferno hi, qui peccaverunt, •• (Sapient., V, 2-14.)

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O JUTZO

Fructo. - No dia do Juizo n!lo te eervi-


rllo de escusa a ignorancia nem a fragili-
dade, nem o exemplo dos Sacerdotes rela-
xados.
Accusa-te agora de todas as tuas faltas,
especialmPnte das de omissllo. Faze s_in-
cera penitencia do passado; e para o fu.
turo empenha-te em conformar todas as
tuaR acções com teu elevado ministerio.
Traze sempre na memoria quê és sacer-
dote : pensa a meúdo em tuas grandes
obrigações, e no grave peso que sobre ti
tomaste com o sacerdocio. Faze comtigo
mesmo, todos os dias, te diz S. GREGORIO,
aquellas contas que, um dia, has de fazer
com o supremo Juiz.

DECIMO SETIMO DIA


O Juizo
(Conclusão)

I. - Filho, está certo que quanto mais


terrível e severo fôr o meu Juizo para com
os peccadorPs, tanto mais amavel e suave
ser:\ p:ira com os meus eleitos.
Se me tiveres amado, se tiveres traba-
lhado santamente por mim, ditoso de ti

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92 JESUS AO CORAÇÃú DO SACERDOTE

n'aquelle dia: será para ti dia de dulcis-


sima segurança ! Levanta desde já tra-n-
quillo a fronte; porque aquelle será o dia·
da tua salvaç!to.
Arrebatado ao ar, no meio dos córos dos
Anjos, apparecerás em minha presença. 1 ;
e, separado dos peccadores, esperarás cheio
de alegria. e confiança. o julgamento de
um justo J aiz, que, amado, obedecido e
imitado por ti, te será totalmente favora-
vel e empenhado em te exaltar.
Oh! quanto bemdirás ent11o o teres fu-
gido do mundo, e teres sido contrario a.
suas perversas maximas e fataes lisonjas!
U. - Animo pois, filho, animo; procura.
ser luminar esplendido pela doutrina santa
e pelo bom exemplo, acceso pela caridade
e pelo zelo, e luzirás como as estrellas e
até como o sol. Eu mesmo publicarei os
)ou vores, devidos a teus trabalhos, humil-
dade, zelo e caridade 2 •

1 • • • Rapicmur in nubibne coram Christo in


acre, ct sic sem per cum Domino erimns. Itaque con•
eolamini iuviccm in vcrbis istis, (1.ª Thessal., IV,
IG-17.)
2 ••• Tunc laus erit unicuique a Deo. (1,ª Co•
rinth., IV, 5,)

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O -lUIZO !)3

Se te nllo tiveres envergonhado de mim,


tambem eu me nllo envergonharei de ti; e
se, desprezando os vllos temores dos ho-
mens, me confessares diante d'elles, taro-
bem eu te confessarei por meu diante de
meu divino Pae.
A mesma confusão dos impios, e a vin-
gança que sobre elles cahirá, serllo para
ti occasillo de jubilo.
Que ineíl'avel prazer! que immensa ale-
gria gozarás em mim, que sou teu Jesus,
vendo-me reinar plena e absolutamente,
vencidos todos os meus inimigos, e força-
dos a estarem debaixo dos meus pés, glo-
riosamente conculcados pela minha justiça 1
III. -Trabalha pois, filho, e peleja como
bom soldado; que te espera n'aquelle dia
uma nobre e immarcescivel corôa de gloria,
por haveres apascentado o meu rebanho,
nllo por vil interesse, mas por meu ~mor 1 ,
Cultiva com zelo a minha vinha, e serás
dos primeiros a colher o fructo •.• Se assim

1
Pascite qui in vobis est gregem Dei, providen-
tcs non coacte, sed spoutanee, secundum Dcum :
nequc turpis lucri gratia, sed voluntarie ... Et eum
Bpparuerit priuceps pastornm, percipietis innuar•
cescibilem glorim coronam. (1.ª PET1rns, V, 2-4.)

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94 JESUS AO CORAÇÃO DO SACEllDOTlê

o fizeres, e se deixares tudo por seguir-me


e cumprir tua santa profissão, tenho-te pre•
parado um rico sólio, sobre o qual te sen-
tarás, como juiz, parn julgar commigo os
homens, e até os mesmos Anjos! 1
Tauta segurança, tilo grande exaltaçllo
e triumpho, que gloria te nllo promettem
no Céo? Esta esperança, nllo incerta, mas
firme, nll.o merecerá que padeças um pouco
eommigo pela tua salvaç!lo e pela dos ou-
tros, n'este mundo, para gozar depois com-
migo de tanta gloria no outro?
Fructo. - Ama e pratíca todos os dias
Obras de l\lisericordia, das quaes, com espe-
·cialidade, te pedirá conta Jesus Christo no
dia do J uizo 2 • Terás assim mais favoravel
o Juiz, tendo elle mesmo declarado expres-
samente que as ha de premiar como feitas
a Elle mesmo,
Mais rigorosas contas darás d'estas obras,

1 ln 1·egencrationc, cum sederit Filius Hominia


in sede majestatie sure, sedel.iitie et vos judicantes
duodecim triuue lsl'ael. (M.i.·m., XIX, 28,)
v Heati miserico!'des, quouiam ipsi misericor-
diam couscquentur. (MATH., V, 7.)
Judicium siue misericordia ei qui 11011 fecit mi11e•
rioordiam.,, (J,,1.cou, II, 12.)

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O JUIZO 95

se, sendo beneficiado, estás mais obrigado


a ellas.
O Beato GREGORIO BARBARIGo, que des-
pendeu em esmolas oitocentos mil duca-
dos, sendo elogiado por esta grande libe-
ralidade, dizia sorrindo: Que bello elogio
este I Louvar um beneficiado por nllo ser
ladrllo ! Ora, se é tllo meritorio o preser-
var, por meio da esmola, um pobresinho
d'aquella morte, que, cedo ou tarde, ha de
soffrer, quanto mais meritorio será livrar
da morte eterna uma alma, e s~gurar•lhe
uma vida que nunca terá fim?

DECIMO OITAVO DIA


O Inferno

I. -- Filho, tu ensinas aos outros que,


por maiores que sejam as penas que podem
padecer- se n' esta vida, sllo pouco ou nada
, em comparaç!lo d' aquelle fogo eterno.
Ah! infeliz de ti! Aquelle fogo, aeceso
pela minha omnipotente justiça, constituído
conhecedor discreto da maior gravidade
das tuas cu! pas, será muito mais cruciante
0 ,feroz contra ti, que contra os outros pre•

Cltos !

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96 JESUS AO CORAÇÃO no SACERDOT~

Eu te admoestei que nllo temesses o


ferro nem a morte ; mas sim que temes-
ses aquelle que podia arrojar-te, em corpo
e alma, áquellas chammas 1 •
E tu, que receias incommodar-te um
pouco para• vencer aquella preguiça e
aquelle ocio, para abandonar aquelles ver-
gonhosos prazeres; tu, que agora nito po-
des sdfrer por breve tempo uma leve dôr,
um pequeno estudo, um retiro, a obser•
vancia dos deveres, como poderás soffrer
o abraza[llento de um fogo tão atroz, e o
arder em chammas sempiternas?
Eia, filho, inflamma-te, abraza-te em
santo zêlo pela salvaçlto da tua alma e da.
do proximo, para que não venhas a ser
abrazado n'aquelle fogo indelevel.
II. - Ah! se conheceras a grandeza dos
bens celestes, filho, comprehenderias quilo
grande pena é ser privado d'elles para
sempre! Sabe que o ser eternamente pri-

1 ••• Ne terreamini ah his, qui occidunt corpus,


et post brec non habent amplius quid faciant. Os-
tendam autem vobis quem timeatis; thnete eum,
qui, postquam occiderit, habct potcstatem mittere
iu gebennam: ita dico vobis, huuc timote. (Luc.,
XII, 4-5.)

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O INFERNO 97

vado da minha. vista é pena.incomparavel-


mente maior que a do fogo devorador; é
pena infinita, porque priva d'um bem infi-
nito; é pena tllo grande, qull.o grande eu
sou.
Tu, pois, que tiveste poder de chamar
do Céo á terra o teu Deus, ficarás privado.
d'elle? ! Tu, que todos os dias me tiveste
e tocaste com tuas mãos, serás separado
de mim para sempre? Tu, que tantas ve-
zes me offereceste a meu eterno Pae, par-
ticipaste do sacramento do meu amor, que-
rerás aborrecer-me e ser de mim aborre-
cido por uma eternidade?
Entrarllo no Céo tantos eleitos, justifi-
cados por ti com o meu sangne, e santifi-
cados com o meu corpo, que tu lhes minis-
traste, e tu serás como a agua do Baptismo
que, purificando os baptisados e envian-
do-os au Céo, vae confundir-se e perder-se
na terra? 1

1
PP.r nos qnidem fideles ad regnum Dei pertin-
gunt ; et ecce nos per ncgligentiam nostram deor-
e~m tendimns. Ingrediuntur eltlcti sacerdotum ma-
nibus expiati, cralestem patriam, et sacerdotes ipsi
fr vitam reprobam ad inferni eupplicia festinant.
ui ergo rei, cui similes dixeriin sacerdotes malos,

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98 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

. Tu, destinado a bemdizer-me eterna~


mente; tu, que abençôas o povo em meu
nome, terás de vomitar contra mim horren-
das blasphemias, e terás de ser de mim
maldito para sempre 'r Tu, que provaste o
meu calix de salvaçllo, quererás beber até
ás fezes o calix da minha ira?
E eu, que tanto me comprazi em cumu-
lar-te de beneficios e exaltar-te, terei tam-
bem de comprazer-me em ser tua tre-
menda, total e eterna ruina ?
· III. - Sacerdote, se desgraçadamente te
condemnas, quanto mais raivosa será a tua
desesperaç!l.o que a dos leigos!
Então dirás: -Tive sciencia de 8acer•
dote, recebi mais luzes que os leigos, para
conhecer os meus deveres; fui exaltado a
uma dignidade divina, que me impunha
maiores obrigações, e, para as cumprir,
tambem recebi maior abundancia de graças
e meios: mas eis que esta sciencia, estas
luzes, estas graças, esta mesma dip;nidade
me occasionaram um inferno, e um in-

11isi aqum baptismatis, qum baptizatorum peccata


diluens, illos ad regnum ccnleste mittit, et ipsa pos-
tea in cloacas descendit? 'fimeamus ha:c, fratrcs ...
(fhEo., Horn, 17.)

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O INFERNO 99

ferno muito m~ia cruel, muito mais borro•


roso qne o dos leigos!
Eu pois, condemnado aos maia duros sup-
plicios, terei de soffrer os insultos d'aquel-
les mesmos demonios, a quem outr'ora fui
UI.o terri vel? terei de soffrer aquelles in-
fieis, aquellea leigos, qne receberam menos
auxilios e graças que en, e por isso mesmo
deverei eu ser mais atormentado que elles?
Ai de ti, filho, se chegas ao triste lance
de se levantarem contra ti teus creados,
teus amigos, teus parentes, teus peniten•
tes, teus fregnezes, e ainda uma só alma
condemnada, e condemnada por tna culpa!
Ai de ti, se tiveres de chorar o teres sido
Sacerdote ou beneficiado, e houveres de
desejar nunca ter nascido!
Se te não vence o meu amor, filho, ven-
ça-te, ao menos, o temor d'aquelles tormen-
tos. Eia, tem ao menos piedade de ti ! Uom•
praze-me, voltando o teu coração para o
caminho da santidade.
Fructo. - Desce muitas vezes vivo ao
Inferno, para nllo descer a elle para sem-
~re dep0is de morto. S. JoÃo CHRYBOSTOMO
tinha-o sempre em pintura diante dos olhos.
Lembra-te que aquelle servo inutil do
Evangelho (ainda que s~ pilo diz que fosse

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100 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

sacerdote), só por n!lo ter negociado com o·


talento, foi condemnado ás trevas exterio-.
res.
Exige muito a grande, immensa, infinita
dignidade do teu sacerdocio; e, se te con•
demnares, serão tanto mais intensas as tuas
penas, quanto maior era a honra que te
tinha sido conferida.

DECIMO NONO DIA


A eo11de ■11na,ão

I. - Considera bem, filho, e vê que no


mundo, principalmente n'este nosso tempo,
não ha coisa que se julgue mais facil, mais
commoda e mais agradavel que a vida
d'um pastor, Sacerdote ou diácono, quando
só se guardam as apparencias, e se exer•
cem taes ministerios superficialmente, e
adulando o mundo em suas desordens. Mas,
na verdade, se nao vivem como devem, não
ha coisa mais difficil, mais trabalhosa, mais
arriscada, e que exponha a maiores mise•
rias e mais graves pEmas eternas, do que
a vida d'um past<ir, Sacerdote ou diácono,
Sabes que muitoa se buscam mais a si
proprios, do que a mim.

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A OONDEMNAÇÂO 101

'Na minha Egreja tenho muitos Sacerdo•


tes; mas mui poucos tenho, que o sejam
na virtude 1 ; quando em occupar ainda o
ultimo posto entre o clero deve causar
grande temor e espanto !
II. - Filho, vives no meio de um mundo,·
tantas vezes e tllo solemnemente reprovado
por mim, todo cheio de corrupção e mali-
gnidade. Vives no meio d'elle para o aju-
dar a salvar-se d'essa corrupç!lo; mas oh!
quanto é de temer que o mundo antes te
arraste para a dissolução, impiedade e pec-
cado, do que tu o encaminhes á verdade,
virtude e llal vaçllo !
O demonio tenta mais os ecclesiasticos,
que os seculares. S11.o o manjar escolhido,
que elle saboreia e busca com maior des-
velo. Com grande empenho tentou e ven-
ceu a um Pedro com a presumpçllo; a. um
Judas com a avareza; fez cabir em torpes
heresias um Nicolau, diácono, e após elle

1
• :\[ ulti sacerdotes, et pauci sacerdotes : multi
nom1ne, pauci opere. (CmtYsos·r., Op. imp., Hom.
~3.) Ecce mundus Fae.erdotibus plcnus est, aed tamen
1n. messe rarus invenitur opcrator; quia ofticium
9.t11Jem aacerdotale suseipimus, ecd opus officii non
lmplewua. (ÜREG., Hom. 17.J

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102 JESUS AO CO&ÇÂO DO SACEí!DOTE

muitos outros que, tendo começado bein 1


acabaram pessimamente.
Lembra-te, filho, que basta um só pe°'
cado mortal para te condemnar; e que mo.i..
tas faltas, que nos leigos sllo leves, tor..
nam-se graves n'um ecclesiastico 1 •
Quantos Sacerdotes se téem condemnado
por terem subido ao sacerdocio sem a mi•
nha vocaç!lo? Q!lantos, por que nllo culti-
varam os seus tahmtos, e antes quizeram
viver ignorantes?! Quantos, por que vive ..
ram vida inutil e infructuosa, e ainda que
eram doutos e aptos para servir a Egreja? !
Quantos attrahiram sobre sua cabeça o fo-
go, pelos peccados alheios?! Quantos, por
não terem tratado dignamente os mais ;,au-
tos mysterios? ! Quantos, com capa de
virtude e zêlo, porém falso, ficaram répro.•
bos, como operarios de iniquidade?!
Ili. - A visei a todos que era apertada
a port11., e estreito o caminho do Céo ; e,
não o será para ti, onerado com tantos de-

1 Peccatum sacerdntum maximum judicatnr,


tum propter officii dignitatem, tum ob perversita•
tem exempli. l\lulta hinc imnt laicis veoialia, qme
mortalia suot cloricis. (INNoc. III, Serm. 1.)

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A CONDEMNAÇÃO 103

ver~s e exposto sempre a maiores peri-


gos'?
Tens sido advertido pelos meus santos
que slto m1ü poucos os Sacerdotes que se
salvam, e muitíssimos os que se perdem 1 ,
Tens visto como aquelles qüe te admoesta•
ram, viviam temerosos _do se perderem,
ainda que eram Sacerdotes de tanta santi'."
dade. O mesmo S. Paulo, depois de tantos
trabalhos, depois de tantas provações, de-
pois de ter préga<lo com tanto zêlo e fru-
cto o meu Evangelho, ainda temia vir a
ser r(\probo; e tu viverás descansado, sem
temor o sem cuidado da tua salvação
eterna?
Infdiz ! esse teu mesmo viver, inconsi-
derado e negligente, nlio te expõe porven•
tura a perigo cada vez maior? Eia, amado
filho, nâo desper<lices o tempo, nllo abuses
das luzes e das graças que eu te dou •

1
• Non temere dieo, sed ut affectus sum, ae sen-
tio; non arbitror inter sacerdotes muitos esse qui
sa~vi fiant; scd multo plures qui pereant. Multas
e11111, haucnt causas, qmc ipsos depcllant a suis mo-
r2bus ct i1mu111eris oculis illis opus est un<lique, ••
Et tiuou alii pcccant, huc illis imputatur. (CttaYsosr, 1
llo111. a.u in Act.)

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lQ,l JRSUS AO CORAÇÃO 00 SACll:RDOTE

Se o perigo é supremo, supremo deve


ser o cuidado em removei-o, Resolve por
uma vez dar-te todo a mim, e lembra-te
qne todo o Sacerdote deve aspirar á per..'
feiçll.o, se quizer assegu1·ar uma eternida~
feliz. 1

Fructo. - NAo desanimes diante das dif-


:6.culdades. É, sim, estreita a porta do
Céo; mas se te esforçares, como te ensina
Jesus Christo, has de poder entrai-a.
Um bom marinheiro, nm bom soldado
nll.o desanima no meio do maior perigo;
mas sim cobra animo e trabalha com mais
affinco. Nllo te assuste a tua fraqueza; tudo
podes n'aquelle Senhor que te conforta.
Nllo te sirva de regra de vida o exem-
plo dos tíbios e dos mundanos; nem digas:
muitos outros Sacerdotes tambem assim
fazem. Vive como vivem os poucos, se te
queres salvar com os poucos 1•

1 Quam engusta cst porta, ct e.reta via est, qua3


ducit e.d vitam, et pauci sunt, qui inveniunt cam.
(MA-rH., XIV, 14.)

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O PEOCADO VB~IAL 105

VIGESIMO DIA

O peeeado wenlal

I. - Filho, cáes em muitos defeitos, até


com advertericia, e, porque sll.o culpas le-
ves, julgas que nllo sito grande mal. Mas
oh! quanto te enganas! Porque n!l.o silo
mortaes, porque te nll.o condemnam ás
penas do Inferno, nllo deverás abster-te
d'elles para me compfazer? Oh! se soube-
ras quilo grande é o teu Deus, nllo o esti-
marias t!l.o pouco! 1
N!l.o deverias antes perder tudo, até a
mesma vida, que dar-me o minimo desgos-
to? Qualquer culpa, ainda que leve, nllo
será sempre maior que a mais grave pena?
Conheces isto, filho, ensinai-o aos outros, e
não obstante tratas-me assim? nll.o uma só,

1
Quum Dominus etiam pronuntiaverit, quod de
omni verbo otioeo, qnod locuti fuerint hominee,
reddent rationem in die Judicii, nihil omnino tan-
quam minutum contemni debet. QuRmquam quis
e~t, qni peccatnm ullum, cnjuscumqne modi illud
s1t, leve Rndcat appellare, curn asserat Apostolue,
quod per trausgreseioncm legie Deum inhonoras?
(füs1L., Regul. orev. 4.)

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106 JESUS AO CO~AÇÃO no SACERDOTE

mas muitas vezes, e até no exercicio dos


actos mais santos l ?
Compadeço-me. da tua fragilidade; mas
. quão pouco te custa~ia venceft"te em tlto
pequenas coisas, nllo rejeitan.do tu os meus
auxilios? Nlto merecerei pois que faças por
mim tllo pequeno sacrificio? Se nllo me·és;
fiel no pouco, nunca o serás no muito.
II. - Levanta os olhos, caro filho, con•
templa-me n'esta cruz, e vê como me téem-
tratado e me tratam ainda os peccadores 1
E a ti bastará só o ullo tornares a crucifi-
car-me? E deverei eu dar-me por sa-
tisfeito com que tu ullo calques aos pés o·
meu. sangue ? TIi.o escassamente te hei
amado?
.Vê como te envergonham tantos secula-
res que, com menos faltas do que tu, editi-
cam no caminho da virtude, sendo tu tlto
negligente em servir-me. É assim que me
comprazes? .
Lembra-te que eu quiz lavar os pés a
meus Apostolos, antes da ultima Ceia, prin-
cipalmente para lhes ensinar que, quem se
approxima da minha mesa, chive possuir
esp,:w.ial lim:)••za <la alma; e tu. qu•i tantas
vezes s6bes ao 1ueu altar, vivc·rás cheio de
defeitos, e nllo farás diligencia alguma

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O· PECCADO VEMIAii · 107

para preparar-me um coração o mais puro


possivel? Quem se alimenta de mim, n!lo
deverá viver todo para mim?
III. -Eu eoffro com paciencia ; mas sa -·
bes, lilho, que n!lo posso deixar impune a
culpa; sabes que nenhuma mancha tem lo-
gar no (}aminho do Céo ; sabes que em
meu tribunal ha de ser pesada até uma
palavra ociosa que nll.o fôr exigida por pia
utilidade e por justa precisão; sabes que
todo o Sacerdote ha de ser julgado com
maior severidade do que os leigos.
Considera como um Moysés foi punido
por aquella falta; considera quantas almas
sllo atormentadas no Purgatorio, por longo
tempo, com penas maiores do que quantas
se podem padecer no mundo ; considera
quantas outras foram condemnadas ás
chammas eternas, porque, com as culpas
veniaes, abriram caminho ás mortaes; vê
como Judas principiou por pouco, e aca-
bou por vender o seu divino Mestre 1 •
1
Mirabile quiddam, atque inauditum dicere au-
deo. S,,let mihi nonnunquam, non titnto studio, ma-
g~~ videri pel'.eata esse vitanda, quanto parva, et
viha: ilia euim ut aversemur, ipsa. peceati uatura
effi~it; h:cc autorn hac ipsa re, qui11. parva suut,
des1des roddnnt. Unde oito ex parvis ma.x.ima fiunt

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108 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Se não attendes a mim, attende ao me•


nos ao teu interesse. Se, por cada culpa
venial, tivesses de ser lançado a uma for-
nalha ardente, farias todos os esforços por
nll.o cahir n' ella ; e não farás esforço al-
gum por evitar perigos muito mais graves,
e castigos muito mais horrendos ?
Fructo. - Faze todos os dias exame de
consciencia; renova os propositos sobre asi
faltas mais frequentes, impõe-te alguma•
penitencia por ellas. Dize muitas vezes a
ti mesmo: Se eu, com um só peccado ve-
nial, podesse re.<1gatar todo o Inferno,
ainda assim o nli,o havia de commetter.
Oh! se tautas almas que padecem no
Purgatorio por culpas veniaes, podessem
voltar ao mundo ... ! mas já não é tempo!
Lembra-te principalmente que, despre•
zando o pouco, cahirás no muito 1•
S. TaoMAZ DE V1LLA NovA costumava di-

negligentia nostra. Sic in Juda maximum proditio-


nis malum exortum est : nisi enirn putasset parvum
esse pecm1iam inopum surripere, in tllntam proter-
vit>ltem non devenisset. Hac via omnia acelera·
ficri videbis: nemo euim repente ad extremam im-
probitatcm insiliit. (CHRrsosr., Hom. l:!7.)
1 Scriptum est: Qui modica spcruit, paulatim ·
decidit. Qui enim peccata mínima flere ac devitare ·

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A TIIllEZA 109

zer : Que, sendo certo que qualquer Him-


pl es christiJ,o, que nll,o progride na pieda-
de, volta atraz; um Sacerdote., que ni'J,o
-tende com todo o esforço á perfeiçlfo, ni'J,o -
só volta atraz, como torna-se muito peor
que um leigo tíbio e negligente.
S. AoosTINHO tambem dizia: Desde que
comecei a servir a Deu.~, assim como
nunca conheci pessoas melhores que as
que tinham feito progressos no caminho
da virtude, assim tambllm nunca as co-
nheci peores que as que tinham decahido
d' aquelle estado.

VIGESIMO PRIMEIRO DIA


.il. tibieza

I. - Filho, tu, "porque não commettes


peccados graves, porque fazes algum bc,m,
julgas possuir a minha amizade; e, vendo
outros muitos peores que tu, conl'lolas-te
dizendo: NiJ,o sou como aquelle deshoneRto,
como aquelle avarento, como aquellt es-

negl!git, a statu justitire, non quidem repente, sed


partibus eadit, (GREG, 1 Past. III, Adm. 34.)

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110 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

candaloso, como aquelle sacrílego : jejúo,


digo Mi,'lsa, rezo o Officio divino, faço al-
gumas e1rniolas . •. Mas quantas mais obras
boas poderias fazer em proveito teu e do
proximo ! Nilo fazem muito mais que tu
tantos seculares, tantas pobres mulheres?
Nilo exigirá o teu caracter que faças al-
guma coisa mais do que elles?
E esse mesmo bem que fazes, quanto é
defeituoso ! A intenção é muitas vezes
avessa e iniqua; e quanta negligencia e
dissipação na pratica!
Ora, sendo assim o bem que fazes, que
rlirei do mal? Sejam embora veniaes os teus
defeitos; mas quanto sito numerosos noves-
tir, no fallar, nos divertimentos, no tratar,
etc.? Q11e seria, se te approximasses dos
moriaes? se, com demasiada facilidade,
formasses para ti certos dictames ... ? 1 se
pozesses em duvida, ou te escusasses, com
a inadvertencia absoluta, d'aquella falta
grave, para cujo conhecimento tinhas bas-
tantes luzes?

1 V os estis qui justificatia vos coram hominibus;


Deus autem novit cordu veetra; quia quod altum
est hominibue, abominatio est ante Deum. (Luc.,
XVI, 15.)

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1,,. TIBil!:ZA 111

Pensa por um pouco, filho. Dizes: Sou


rico e abastado; e n!lo sabes que és infe-
liz! e miseravel ! e pobre! e cego! e nú! 1
II. - Considera, filho, em tantos annos
qurio immensa perda! Pedia o teu minis-
terio que fosses tllo eminente r.m santidade
a qualquer bom secular, quando o Céo é
supnior á terra. Devias, seguindo o meu
exemplo, pisar o mesmo caminho que eu
pisei, e, como meu bom ministro, devias
ser todo fogo: e vêr-te-hei tão descuidado
de ti e indifferente para com os outros,
com tanto damno teu e d'elles?
Quantos, vendo-te tão negligente, per-
dem o respeito e a estima a teu caraeter
e á tua religillo? quantos <le teu desleixo
tomam occasilio para com mais facilidade
pr_atiearem o mal? e quantos s1!o pre:za do
in1mig-o, que sobre-semeia a sizania da igno-
rancia, dos vi cios e emtim das heresias?
Porque nllo vélas pelo seu bem, por meio
d? estudo e da prégaç!to, corriginrlo os ví-
cios, cultivando e zelando a vinha de teu

1
• Dicis, quou <lives sum, et lncnpletntus .•• ; et
n:sc1s, quia tu cs miser ct misernhilis, ct pauper,
e caicus, et uudus. (ArocAL., III, 17 .)

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112 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Pae celeste? Quasi estimára mais vêr-t,


inteiramente frio. Ao menos nllo viveria:
tão socegado como vives, que é o peor dt
teus males 1•
III. - E depois, que será de ti, filho, si
nllo despertas? Desejarás, na hora da
morte, ter vivido uma vida tlto tíbia? Não
mereces que te abrevie a vida, visto que
és arvore infructifera, inutil a ti e ao teu
proximo? 9
Que conta darás em meu tribunal nllo só
de tanto bem que devias fazer, e nllo fi.
zeste, do mal que commetteste e do que
outros commetteram por tua negligencia;
mas tambem de tantas luzes desprezadas,
de tanto tempo perdido, de tantos talentos
e graças de que abusaste?

1 Seio opera tua, quia ncque frigidue es, neque


calidue: utinam frigidue eedes, aut calidus. (APo•
CAL., III, 15.)
~ Sicut infrecunda arbor, si fuerit in vinca, ini-
mica non aibi soli, sed etia.m palmitibue sit frecun•
dis; ita homo deses, et ignavus, si prresit populie,
non sibi soli fit noxius, sed multis, dum sequentes
se sua vitiat, et pel'dit exemplo. Siccide ergo iliam,
ut quid etiam terram occupnt? t Lc;c., X UI, 7.) Sicut
enirn infrecunda arbor a tel'ra, sic ille e vita meret~r
excidi. (CttnsosT. 1 Hom. 10.)

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A TIBill:ZA 113

8e nada d'ísto te faz tremer, treme ao


menos do meu abandono! Já te ameacei
que, cansado da tua tibieza, começarei a
repellir-te da minha presença, retirando-te
minhas especiaes miserícordias, já que me
negas teu especial fervor 1 •
E, se c1·eseem as tuas tentações, se se
relaxa a consciencia, se a luz interior se
amortece cada ve11: mais, que será então
de ti?
Lembra-te que ao servo, que não nego-
ciou com o talento e o enterrou, nlto só lh'o
tirei; mas elle, por preguiçoso e mau servo,
foi condemnado ás trevas; e que a arvore
infructifera foi condemnada a nunca mais
dar fructo e, por ultim~ foi lançada ao
fogo.
Faze pois pen_itencia, filho, produz fru-
ctos que aproveitem a ti e ao teu proximo;
enriquece teu pobre coração, vestindo-o de
fervor sacerdotal; para qrie não appareças
um dia com tua ignominiosa nudez, e op·
presso de uma pena tlio justa e terrível,
quanto imprevista e contínua.

1
_ etinam frigidus esecs, aut ealidus ; 11ed quia
tep1dus es, ct nec frigidus, nee ealidus, inoipiam te
evo1nere ex ore meo. (~Poc., UI, ló-16.)

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114 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Fruc·to. - Se és tibio, examina a causa


da tibieza; se é a falta de meditação, oc
de bom director, se o ocio, se o apego ao1
bens terrenos, ás tuas commodidades, ou ~
tuas opiniões; se é a dissipaç1lo ou a fami-
liaridade com os seculares, etc., corta logo,
seja o que fôr, pela raiz. •
S. AMeaos10 diz que, se é amaldiçoadó
de Deus quem faz as obras do mesmo
Deus negligentemente, o preguiçoso no
serviço divino deve tremer de acabar mi-
seravelmente. Este mesmo santo Doutor
prescre-.:e, como remedio para os tibios, a
frequente meditação.

VIGESil\10 SEGUNDO DIA


A. oeiosldade

I. - Filho, vejo-te ocioso; e é assim que


cumpres com teus deveres ? Com o sacer•
docio te destinei, n!lo á ociosidade, mas ao
estudo, a obras de zêlo pela salvação das
almas, ao serviço da Religillo. Não te de-
clarou o Bispo na ordenaçllo que devias
oft'erecer, abençoar, presidir, prégar, minis-
trar? que devias coadjuvai-o, como os se•
tenta e dois discípulos aos Apostolos; e

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A OClOBIDADE '115

applicar-te inteiramente a obras de m1se-


ricordia?
A isto mesmo te obrigaste ao receber as
vestes sacerdotaes; e julgarás cumprir com
taes deveres, vivendo na ociosidade? Não
sabes que virei quando menos pensares, e
pedir-te-hei contas, com todo o rigor, do
tempo que te dei?
Tu mesmo, se ti véras um servo que,
ainda que te nllo roubasse nem injuriasse,
não cumprisse com os deveres incumbidos,
nllo o poderias soffrer. Como pois julgas
que, só porque nllo matas, nllo furtas, nllo
te embriagas, eu te hei de soffrer, ainda
que nada faças d'aquillo a que é obrigado
um Sacerdote ?
Acaso a omissllo dos deveres do proprio
estado nn.o será criminosa? nllo merecerá
uma condemnaçllo? 1
li. - Considera, filho, que podes enri•
quecer-te de merecimentos na minha pre•
Bença, ganhar a veneração e os applausos

.' li enim in quoe nulla cadit reprehenslo quod


al!quid mali habeant, aliquid autem boui prmtcr•
.11serunt, cum iis qui mala fecel'unt abducentur in
lº~m gehennw. Nam bonum non feciHe hoc eat
ec1sse makun. (CHRnosr. 1 Hom, 16,)

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116 JESUS AO CORAÇÃO no SACERDOTt

dos homens, ser de muito próveito á Egrej,


e á tua religi!lo, se empregas o tempo com;
deves; pelo contrario, se vives ocioso, dis
trahido, descuidado, como fazes, vê a quan•
tas tentações, a quantos peccados te sujei•
tas! Quem, mais que os ociosos, se entrega
a conversações, a jogos, á. intemperança r
Quem mais murmurador, mais mexeri.J
ql'leiro, mais deshonesto, mais escandaloso
que os ociosos'? 1 '
Estes deshonram o sacerdocio, e dilo aol!i
mundanos occasião de dizerem todos os
dias que ha Sacerdotes de mais, qne silo
mr.mbros inuteis e até nocivos á sociedade!
O cio cruel! Abraza-se a casa de teu Pae
celeste; é espezinhada a minha lei; são de~
vorados pelo lobo infernal tens irmllos; e
tu assistes a este espectacu,o, e não te mo·
ves '? ! e dizes que nlto sabes que fazer? 1
Custam-me todo o meu sangue, e preci•
pitam-se no inferno; e tu n!to queres es.:
tender-lhes a milo, nem ainda mover a lia•

1 Multam enlm malitiam docuit otiositas. (EccL,,


XXXIII, 2!-1.) Hrec fuit ir,iquitas Sodomre: eaturitaa
et otium, et fecit abominationes. (EzEca.·, XVI, 49.)
Otium est pare vitii, vel potiue occaeio, et pravat
,:adix, (CHBvsoL., loo. oit.) ·

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A OCIOSIDADE 117

gua para detel-os? ! Ó damnos immensos


do ocio ! ..•
III. - Dirás que te falta tempo? Mas
qullo liberal fui em t'o conceder! Sepa•
rei-te dos negocios do mundo e dos cuida-
dos profanos, para que te nll.o impedissem
de ser todo meu.
Faltam-te acaso obras em que te empre•
gues 'r l\Ias, além da oraçilo, do estudo, da
leitura espiritual, do serviço na Egreja,
não ha tantos pobres que soccorrer, tantos
enfermos e encarcerados que visitar, tan•
tos ignorantes que instruir, tantos pecca-
ciores que converter?
Dirás que te faltam meios e capacidade:
mas tu recebeste bens da tua casa e da
Ej:\Teja ; e tantos Sacerdotes mais pobres,
mais rudes c menos eruditos que tu, mas
que me amam, trabalham e colhem, em pro-
porção do seu talento, muitíssimo fructo
para si e para o proximo.
Acaso te desculparás dizendo que outros
fazem o mesmo; q·ue dizem Müsa, rezam
0 Breviario, e nada mais? Ah infeliz! No

momento da morte conhecerás quanto os


llleus beneficios e o meu saeerdocio te obri-
gavam a procurar a salvação das almas!
Se souberas que estava proxima a 111orte,

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118 JESUS AO CvRAÇÃO DO SACERDOTE

esperai-a-ias socegado com esta desculpa 1


Se, para seres julgado réo, basta só o nllt
teres negociado com o talento 1 ; quailtc
mais, se o ti veres dissipado? quanto maim
se, ao peso de tantos peccados teus, accres•
ces o da ruína de tantas almas?
Confei,sarás então a necessidade, a utili•
dade, a facilidade de fugir ao maldito ocio;
mas já será tarde. Chegada a noite da
morte, já nllo podes trabalhar; e, já qus
nllo quizeste fatigar-te com os homens, irás
solfrer com os demonios horrorosas -penas
por toda a eternidade.
Fructo. - Além da Missa com a devida
preparaçllo e acção de graças, e do Officio
divino, distribuído pelas horas do dia, de-
termina tempo proprio para a meditaçlto,
para a leitura espiritual, para o exame,
para a pratica de obras de piedade e de

1 Vides quomodo non solum rapaces, nec soli


malefactores, verum etiam et qui bona facere ne•
gligit, extremo cruciatur supplicio? Quro cogitan•
tes, quibuecumque poesumus proximos adjuvcmus.
Talenta enim hic pro eo quod unusquisque facere
potest accipimue, sive aucto1·itate protegere, sive
pecuuiis adjuvare, sive doctriiae. admonere, sive alia
quapiam re proliimie prodCB8C queas. (C1111vsos·r. 1
Hom. 79.)

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O !!:~TUDO 110

caridade, para o estudo, para incumbenciaa


pessoaes; e faze que o demonio te ache
sempre occupado em coisas proprias de um
Sacerdote, nunca em coisas inuteis 1 i e
muito menos nas perigosas e prohibidaa.

VIG ESIMO TERCEIRO DIA


O e ■tudo

I. - Ouve-me attentamente, filho: se


aborreço a ignorancia em um leigo, di-
ze-me como poderei soffrel-a n'um Sacer•
dote?
Quanto deshonras o Deus de toda a luz
e de toda a sciencia com tuas trévas e com
tua ignorancia ! Deverei pois tolerar em ti
um ministro que não saiba honrar-me nem
fazer-me honrar? um ccirtezllo que conti-
nuamente me louve psulmodiando, e um
mediador que me dirija supplicas, sem sa•
ber o que diz? um embaixador que nllo
saiba levar, nem ainda entender as em-

1
Quicumque non agit fideliter et fervcnter
~uodcumque agit, et non agit ut Deo serviatnr,
1l_le_ otiatur. Pro vitando antem otio, otiosa sectari
nd1culum cst. (lhalN, 1 De vita aol., e. 8).

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120 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

baixadas? Deverá fazer minhas vezes utii


nescio imbecil? ·
Que aproveita ter•te eu feito depositarió
das minhas Escripturas 1, ter-te recom.:.
mendado que as meditasses, ter-te dadô
n' ellas as mais claras luzes para nllo erra-
res, as mais fortes armas para tua defeza,
as mais·. castas delicias para sustento, ó
thesouro mais abundante para enriquecer-
te, 11. chave de todo o bem, se tu nem as
abres nem as meditas? 2
· De que serve dizer eu aos povos que
recorram a ti em suas duvidas, que te in-
terroguem sobre a minha lei 8 ; se acham

1 Labia enim sacerdotis custodicnt scientiam,


et legem requirent de ore ejus. (MAuc11., II, 7.)
· 1 Divinas Scripturas sropius lege, immo nun•
quam de manibus tuis sacra lectio deponatur. Disca
quod doceas; obtine eum, qui secundum doctrinam
est fidelem sermonem, ut posais exhortari in do-
ctrina sana,. et contradicentes revincere : paratns
semper ad satisfaction'em omni poscenti te rationem
ejus, qure in te est, epei. (HrnnoN., Epist. 11.)
s Interroga Sacerdotes legem. (AoGa-:., xr, 12.)
Considera sacetdotum esse officii, de legc interro•
ganti respondere. Si sacerdos est, seiat legam Do-
'mini; si ignorat legem, ipse se arguit non esse Do-
"1ini 11acerdotem. (Idem, huic loc.)

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O V.RTUDO 121

em ti um guia que nem para si sabe o ca-


minho, um !)lestre que nem sequer é disci-
pulo, um tronco inutil, um ídolo vão, sem
olhos e sem lingua ?
Ah, nllo, nllo quero Sacerdotes ignoran-
tes! nlto merecem elles. nem o nome de
Sacerdotes, nem eu os reconheço por
meus.
II. - Pobre da minha Egreja ! Quanto
te nllo facilitou ella o estudo das minhas
sciencias, abrindo-te escólas e dando-te
mestres? ·
Com que isenções, privilegios e bens
ecclesiasticos te n!l.o convidou ao estudo?
Ligou-te com preceitos e ameaçou-te com
a sua e minha vingança, afim de que ne•
nhum Prelado te ordenasse, nem tu ousas•
ses approximar-te das sagradas Ordens,
sendo ignorante; querendo ella ter antes
poucos Sacerdotes, mas doutos e idóneos,
que muitos e inuteis. Ordenou a maior di-
li~encia nos exames para conhecer se sa-
bias administrar os Sacramentos, e eni,inar
ao povo quanto é necessario para a salva-
ção da alma, esperando de ti <>sforçacla
defr_nsa e ~loriosas conquistas d'alma!I; to•
dav1a, esta minha cara ei;iposa chora affiicta
e coberta de opprobrio, :pela falta de cat1;1•

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122 mus AO CORAÇÃO DO BACBRDOTE

chistas, de mestres, de confessores; e vê•IM


na necessidade de esc.olher para Pastorei
d' almas, em vez dos mais dignos, os me,
nos dignos.
Vê tantos filhos esfomeados, que peden
o pão da doutrida e dos Sacramentos, 1
nlLo acham quem lh'o parta I e, se lh'o par
tem,· em vez de pio de doutrina lhes dll1
pedras, ou veneno; porque os qµe téem l
lei na mito, nem para si a sabem! 1
Vê que muitos jazem nas trévas di
ignorancia e do erro; porque não ha queo
os instrua e desengane com a sll. doutrina
Inconsolavel, vê a iniquidade inundar
face da terra; porque muitos Sacerdotee
ignorantes, cegos, cães mudos, não sabe!l
abrir a bocca; e entretanto, sob os olho
d'esta consternada Mãe, cabem no abysm

l Nulla ara doceri prresumitur, nisi intent


prius mt·ditatione discatur. Ah imperitis ergo mi
gisterium qua temeritate 11useipitur, quando are e1
artium regimen animarum? Quis entem cogitatic
num vulnera occultiora esse neseiat vulneribus vii
cerum? Et tamen srepe qui spiritualis prrecepta n,
quaquam cognoverunt, cordis se medicos profite
non metuunt: dum qui p.igmentorum vim neseiun
videri mediei carnis erubeseuRt. (GREG. 1 Past.,
e. 1.)

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O ltSTUDO 123

eterno as almas de tantos filhos I Ah! Crueis


ignorantes!
III. - Infeliz de ti, filho! Em qbe gas•
taste tanto tempo, tantos talentos, tanta
habilidade, tantas commodidades? ·
Olha tantos outros Sacerdotes como se
enriqueceram de sciencia celeste, de vir-
tudes, de meritos ! quantos, sendo exem-
plares de modestia e de zelo, téem promo-.
vido e promovem continuameate o bem de
seus similhantesl E tu que podes, e que
poderás fazer em proveito teu e do proxi-
mo, se nem sequer sabes o modo?
Oxalá te houveras habilitado! Não se-
rias entil.o o opprobrio de teus collegas no
Sacerdocio, e o de ti mesmo. Quantos
peccados terias descontado!' de quantos te-
rias fugido ! quantos perigos e tentações
terias de menos !
Tuas vãs e perniciosas occupações, filho,
n!!.o te tiraram da ignorancia, antes trou-
xeram-te fomento de peccado, a ti e ao
teu proximo.
Acaso nllo terás de dar tuas contas de
tantas desordens, desgostos e damnos cau-
sados a mim e á minha EgrPja, ainda que
nã~ srja!! eonf't>ssor ni>m Pastor? Quanto
mais se_ o fôres ! Só a culpa da ignorancia,

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124 JESUS AO CORAÇÃO DO SAC~RDOTE

em um Sacerdote, nilo será mJ'iB que suffi-


ciente para sua condemnação? 1
Fructo. - Se nlto estudaste, ou se, de-
pois dos primeiros estudos, te déste á dis-
sipação, repara agora do melhor modo que
possas essa grande falta. SANTO foNACIO e
S. CAMILLO começa.ram seus estudos de-
pois de trinta annos de idade, e fizeram
tanto bem.
Se te achas em avançada. idade, repara
tua falta com a quotidiana leitura de cate-
cismos, de livros devotos, de vidas de San-
tos, etc.
Se até agora te tens entregado á leitura
d'e livros vãos, inuteis, nocivos e pernicio-
sos á pureza, á caridade e até á Religillo,
arroja de ti esses livros para sempre,
Se, havendo estudado, possues a scien-

1 Pastorum imperitia voce veritatis increpatur,


cum per Prophctam dieitur: Ipsi pastores ignora-
verunt intelligentiam (lsAr., LVI, 11.) Quos Domi-
nus rursus detestatur, dicons: Et tenentes legem
nescieruut me. ( JF.u}:M., II, 8.) Et Besciri ergo ab
eis veritas qureritur, et nescire se principatum nes-
cicntium protestatur: qui profect0 hi, qui ca qure
sunt Domini nesciunt, a Domino .ncsciuntur, Paulo
attest.ante, qui ait: Si quis ignorat, ignorabitur.
(2,ª Cor., 14; (;1rno., Past.)

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O &STUDô 125

eia, continúa o estudo e nllo a dei'xes se-


não com a vida.
Seja o fim d'este trabalho a tua santifi-
cação e a do proximo; une a teus estudos
a oração para conseguires a eminente
sciencia dos Santos e de Jesus Crucificado
(que era o livro de S. PHILIPPE BENICIO, e
aquelle em que S. · BoAVENTURA aprendeti
mais, que em todos os outros livros); afim
de que nllo aconteça· vêres um dia subirem
ao Céo tantos Santos simplices, humildes
e uteis. ignorantes, e tu, com toda a tua
sciencia mundana, inutil e soberba, desce-
res ao Inferno !
Tem á mão um bom interprete, para
que, ao recitar o Officio divino, possas
não s6 Psallere, mas, o que mais importa,
Psallere sapienter. Grande vergonha é
nll.o entender o que se pronuncia; e egual
á vergonha será o damno, pois ha de ser
ignorado do Senhor quem ignora as coisas
do mesmo Senhor.

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126 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

VIGESIMO QUARTO DIA


A. fé

I. - Vê, filho, como n'estes miseraveis


tempos abundam os escandalos, é dilace-
rada a minha Egreja, silo blasphemados os
meus dogmas; a Religião é considerada.
como um fanatismo, suas praticas como
superstição, o Evangelho como uma fabu-
la, o Inferno como um espantalho.
Ex.a mina-te por um pouco; e vê qual
será a tua firmeza na fé. V acillarás tam-
bem tu, em logar de confirmar na fé os
tentados? Acaso, por pareceres sabio á
moda e como espirito forte, amarás, ou até
protegerás aquelles livros ímpios que in-
sultam o Christianismo, em vez de refu-
tai-os?
Comprazendo-te com uma liberdade li-
cenciosa, applandirás meus inimigos, de-
vendo impugnai-os, fugir d'elles e denun-
ciai-os a quem compete? Proferirás pala-
vras ambíguas que deixem vêr a corrupção
de teu coração, em vez de corrigir e sarar
o de tens irmãos?
Que horrenda injuria me não farias, se
estimasses mais as espirituosas blasphemias

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A FÉ 127

dos impostores e libertinos, que as san-


tas verdades do meu Evangelho! Que des•
honra para o teu ministerio, que te obriga
a zelar a fé, até dar o sangue e a vida
por ella ! Que rui na nas almas com o teu
pérfido exemplo! Que horrorosos pecca-
dos ! Que tremendos castigos nlto chama•
rias sobre ti ! Oh injuria! Oh deshonra !
üh ruina !
II. - Confessas, filho, com a bocca que
tens fé ; mas qual é a tua fé, se a ne•
gas com as obras? Crêr que estou real-
mente na hostia santa, e depois celebrar
com tamanha frieza e, talvez, em peccado 1
Crêr que são fructos do meu sangue os
Sacramentos, e não te aproveitares d' elles,
e administrai-os til.o indignamente! Crêr,
explicar o Evangelho, prégar, e depois
viver uma vida inteiramente contraria,
mais effeminada e dissoluta que a dos lei-
gos!
Crêr que será para ti mais rigoroso o
J uizo, e mais terrivel o Inferno, e, nlto
obstante, irritar-me, e buscai-o com teu
ocio e peccados I Crêr que as almas fo-
ram redimidas pelo preço do meu san-
~ue, e não cuidar de sua salvação, antes
perdei-as com mti.us exemplos I Crêr que a

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128 Jl!lSUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTt

tibieza me enjôa e te perde, e viver sem


fervor e sem desejo algum da perfei•
çllo I
Crê1· que, quem ouve a Egreja, a mim
ouve, e desprezar os seus canones, e im•
pugnar sua. auctoridade ! Crêr que é di-,
vina tua dignidade, e aviltai-a em ne•
gocios, reuniões e divertimentos os mais
profanos! Crêr que és meu lugar-tenente
e representante na terra, e viver como
mundano, como um descrente, e até fa-
zer officio de demonio com as almas !
Dizer que crês, e. obrar d'este modo;
não será negar com as obras o que dizes
com a bocca ? Dizes. que crês; iµas tam-
bem crêem os demonios, e tremem ; e tu
nem sequer tremerás ? 1
Se tuas obras se n!l.o conformam com

1 .Omnee creditis id Deum unum, et trinum,


etc. - Facit tamen hrec :fidee catholicum? Hac fide
utique dremones eesent catholici, quia, ut ait S. Ja,..
cobue, credunt et contremiscunt. Ve1·um utique ca-
tholicum facit, non :fides communis dremonibus,
sed ea qure per charitatem. opcrantur. íGALAT., V,
6.) Habetie bane fidem? Utinam ! Sed hrec est :6-
des, quie vincit mundum, juxta. (1,& Joan., V, 4.)
Dixerim v.os vbicere mundum, an vmci a mundo ?

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A FÉ . 129

tuas palavras, tu mesmo me ensinas a jul-


gar-te horrivelmente, como um impostor 1 •
III. - NIio vês, filho, que, procedendo
assim, nilo s6 tu naufraglls na fé, mas fa-
zes naufragar teus irmllos? Quantos, ven-
do-te, Sacerdote oli Religioso, tão relaxado,
vacillam na fé? chegando até a não crêr
em nada do Evangelho, julgando tudo,
nll.o inspiração divina, mas invenção dos
homens!
Assim nll.o crêem na virtude das Chaves;
desprezam os Sacramentos; nllo curam de
vícios nem de virtudes; nll.o pensam que
sua alma é immortaJ; nll.o temem o lnfer-

Video ecclesias vestras male tractatas : video, etc.


Fidern habemus : sed sine opcribus mortua est, et
nos mortui cum ipso.. Fidem habetis, sed ad opera
vos invito : vos maxime qui estis pastores anima-
rurn, qui alios debetis instruero. Multi sunt catbo-
lici prmdicando, qui hmret1ci sunt operRndo. Quod
hm1·etici faciebant per prava dogmata, hoc faciunt
plures hodie per mala exempla ; seducunt scilicet
popalurn, et inducunt in errol'em, et tanto gravio-
res sunt brereticis, quanto pl'revalcnt opera verbis.
· (BEnN., In S.11nod. n. 6, 7.)
1
Nihil doctore frigidus, qui verbis dumtaxat
P?ilosophatur. Neque euim hoc doctoris est, sed
h1strionis et bypocritre. ldeoque Apostoli prius vi-
tre exemplis docebant, deinde verbis. (CuaYsos·r.,
Rom, 1.)

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. 130 JESUS AO OORA.ÇÃO DO SACERDOTE

.no; não aspiram ao Céo ; fazem consistir


sen paraiso no gôzo das coisas vis e pas-
sageiras d' este seculo.
Tu mesmo sabes que és a cansa d'estes
damnos.
Ah Sacerdote! Tu sabes quanto en tra-
balhei e padeci para estabelecer a minha
fé; sabes que te fiz Sacerdote para que
confirmasses na fé as almas, redimidas
com o meu sangue; sabes que deves op-
pôr ten zêlo sacerdotal á perversa incre-
dulidade que inunda a terra; mas tu, suc-
cessor d'aquelles primeiros santíssimos Sa-
cerdotes que, com tantas fadigas, estudos,
milagres, e por fim com o proprio sangue,
propagaram e defenderam a minha fé; tu,
mestre, guarda e defensor da mesma fé,
em vez de fortalecer n'ella os tentados,
dar a mão aos lapsos e perseguir os contu-
mazes, assim correspondes á tua vocaçllo ?
Fructo. - Foge dos que sentem mal a
respeito da fé; denuncía os herejes e sus-
peitos de heresia; arroja de ti os livros
contra a fé, a ':iorrece-os, persegue-os; dei-
xa os estudos inuteis, e cultiva aquelles
que fortalecem nos fundamentos da fé, e
te instrúem no poder da Egreja; a fim de
que, munido de slt doutrina, te possas de-:-

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A ESPERANÇA 131

fender a ti e aos outros dos erros; e até,


com a necesearia prudencia, combatei-os
por palavra e por escripto.
Nilo dês lugar á curiosidade e vaidade
nos teus estudos 1, lembrando-te que Deus
esconde as suas luzes aos sabios soberbos
do mundo, e as communica aos verdadei-
ros humildes.
Acautela-te do interesse, pelo qual tan-
tos theologoe e canonistas, adulando os
poderosos, adulteraram a verdade, trahi-
ram a Egreja e assim naufragaram na fé.
Foge da deshonestidade, que tem preci-
pitado na apostasia ainda os maiores sa-
bias.
VIGESIMO QUINTO DIA
A. el1per1111\'a

I. - Filho, só a mim deves temer; só


deves esperar em mim, que sou teu Deus,
por ti solemnemente escolhido para tua
porção e tua herança.

1
Videte, ne quis vos decipiat per pbilosophiam,
et inanem fallaciam, secundum traditionem bomi-
cnum, eeoundum elementa mundi, et non secundu m
hristum. (Coloss., II, 8.) ·

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132 JBBUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

De que te servirá pôres tua eonfiança.


nas riquezas, na força, nos protectores; li-
sonjeares-te de virtude ou eo.pacidade pro-
priamente tua, se é maldito quem eonfia
no homem, e será sempre humilhado quem
se gloría da propria virtude? 1
Se nllo despes a humana presumpçllo,
jámais serás assistido da minha virtude
divina. Espera em mim, e queixa-te depois
se, buscando-me de todo o eoraçllo, te fal-
tar alguma. eoisa 1 •
II. -Não esmoreças, amado filho, nll.o
desanimes; eu nno quero que esperes sern
temer por ti; mas não quero tambem que
temas sem esperares em mim 3•

1 Non derelinquis •.• Domine ••• prresumentes


de te; et pr~sumentes de se, et de sua virt11te glo•
riantes, humiliae. rJunrrn., VI, ló.)
2 Respicite, filii, nationes hominum, et scitote
q11ia nullue speravit in Domino, et confüsus est.
Quis enim speravit in mandatis ejus, derelictus
eet? aut quis invocavit eum, et despexit illum?
(EccL., II, 11-12.)
s Metuendum eet, ne te occidat spea, et cum
multum aperae de miEericordia, incidas in judi-
cium ; metuendum eat rursua, ne te occidat despe•
ratio, et cum put11a j,im tibi non ignoeci qure gra-
via commiaieti, non agaa pcenitentiam, etc. (Au~
oue·r., ln. Joan. Tr. 33.) '

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A ESPERANÇA 133

Tens sobeja razllo do temor, attendendo


aos teus peccados, até porque silo · mais
graves que os dos seculares; mas não te
prometti eu o perdão de todos elles? Nilo
dei á minha Egreja poder para te absol-
ver de tudo? Não cheguei eu a jurar que
não quero a morte do peccador, mas sim
que se converta e viva?
Tu ensinas ao meu povo estas verdades,
e como te esqueces tu mesmo d' ellas?
Não só te perdoarei, mas estou prompto
a fazer-te um santo. Olha um Pedro e
um Paulo; eram peccadores; não obstan•
te os fiz grandes santos, e os primeiros
príncipes da Egreja, para que conheças
qual é o meu coraçllo para com os pecca-
dores.
Eia, filho, não te desanimem as tribula•
ções, nem as tentações, nem a tua fragili•
dade, nem o peso de tuas obrigações ;
acaso negar-te-hei o meu auxilio, se fôr
sincera tua vontade? Olha para estas cha-
gas, e vê a grandeza do amor que te te-
nho.
8e, na hostia que todos os dias offere-
ces, nos SacramE'ntos que adminiijtras, nos
ministerios que exerces, te dei as minhas
graças, o meu sangue, a mim todo, para

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134 JESUS AO OOBAÇÃO DO SACERDOTE

bem dos mais misera veis; serás tu excluido


d' estes beneficioe ?
Se te escolhi para o Sacerdocio, e te im•
puz graves deveres; negar-te-hei os auxí-
lios necessarios para fielmente os cumpri-
res? Se comecei a minha obra, porque a.
nll.o hei de concluir, se tu cooperares?
Confia em mim, e serei comtigo.
III. - Lembra-te que és meu filho, e fi.
lho herdeiro da minha gloria; se quizeres
padecer commigo, todas as penas d'esta.
vida silo nada. em comparação do premio
da outra: e tu julgarás que é demasiado o
pouco ou nada que fazes?
Quanto não padeceram para ganhar o
Céo tantos Sacerdotes, ainda, talvez, mais
fracos que tu? Mas, fortalecidos com a es-
perança d'aquelle premio immenso e eter-
no, julgaram ligeiríssimos e momentaneos
todos os seus trabalhos e padecimentes 1 •

1 Ludibria; et verbera experti, ineuper et vin-


cula, et earceree : lapidati euut; eecti eunt, tentati
eunt, in oecieiooe gladii mortui eunt ; circumierunt
egentee, angustia ti, affiicti,... non euecipientea
rcdernptionem, ut meliorem invenirent rcsnrre-
ctionem. Aepiciebant enim in rernunorationem.
(Hoobr, 1 XI, 35,87.)

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A E&PIRANÇ.!. 135

Quanto nito tive de padecer eu


mesmo,
para entrar na minha gloria? Padecerás
tu tanto como eu padeci? ·
Que não soft'1·em os mundanos, _e que
nllo terás tu mesmo soffrido por bens men-
tirosos e caducos? só pelas coisas do Céo
serás negligente e insoffrido?
Preparei-te no Céo uma corôa mais
rica, dei-te, para a conseguires, meios
mais copiosos que aos seculares, e serás
menos solicito que elles?
O tempo é breve: empenha-te em accu-
mular merecimentos: proxima está a mi-
nha vinda, e será prompta a minha recom-
pensa, que distribuirei a cada um, segundo
as suas obras.
Fruéto. - S. BERNARDO dizia: Que de-
uiam ser admittidos ao sacerdocio só-
mente aquelle~ que tivessem estudo e pra-
tica da oraçlfo, e que em qualquer em-
preza confiassem mais na oraçi1o, que na
propria sciencia e frabalho.
Foge das occasiões que te lisonjeiam,
do mundo e dos divertimentos profanos.
Deus mandou a seus Anjos que te assistam
em teus caminhos; mas nllo em teus pre-
cipicios.
Talvez a disciplina ecclesiastica te pa- ·

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l 36 J):sos AO CORAÇÃO no B.é.CERIJOTE

reça pesada e austera; mas sabes porque ?


porque tens muito apego ao mundo, e
amas o viver licencioso dos seculares. Lem-
bra-te que és Sacerdote, e que não és
d'este mundo. Pensa a meúdo nos grandes
bens do Céo ; e desprezarás, como vil lodo,
todas as coisas da terra.

VIGESIMO SEXTO DIA


O a ■nor a De,1111
I. - Amas-me, filho, com todo o teu co-
ração, com toda a tua alma, com todas as
tuas forças? Amas-me sobre todas as coi-
sas, mais que a teus parentes, mais que a
ti mesmo? Amas-me ainda mais que os se-
culares?
Lembra-te que recebeste as vestes sacer-
dotaes, symbolo de caridade especial. De
que te serviria fallares a língua dos Anjos,
possuíres todas as scíencías, fazeres mila-
gres, dares tudo aos pobres, consumires a
vida nas maiores penas, se me não amas-
ses? .1

1 Si linguis Angelorum loquar... si habuero


prophetiam, et omncm scicutiam, ac noverim mys-

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O AMOR A DEUS 137

Que aproveitou a Judas o ser Apostolo?


Sem caridade, ainda que tenhas todas as·
virtudes, nllo serás Sacerdote: sem cari-
dade nenhuma coisa te aproveita, e com
a caridade nada te faltará.
II. - Não serei eu digno do teu amor,
filho? Que qualidade amavel podes tu de-
sejar em mim, que eu nllo tenha? Se achas
quem seja melhor que eu, permitto-te que
me nllo ames.
Amas as creaturas por uma só centelha
d'aquelle bem que de mim receberam; e
nl!.o me amarás, a mim que sou todo o bem,
fonte de todo o bem, puro bem, bem infi-
nito? Que o mundo me nll.o conheça e se
perca, amando o lodo vil da terra, é coisa
horrenda; mas que tu, meu Sacerdote, as-
sim procedas, quem o poderá soffrer?
Ah! filho, quantos seculares, quantas
pobres mulherzinhas, com santa simplici-
dade de coraçllo, se abrazam no meu amor!

teria omnia, si habuero omnem fidem, ita ut mon-


tes transferam ..• ; si distribuero in ciboe paupe-
rum omnes facultates mcas; tradidero c01·r1ue
meurn, ita, ut ardeam: caritatcm autem non ha•
buero, nibil eum, nihil mihi prodest. (Corinth.,
XIII, 1-3.)

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138 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

só com o pensar em mim extasiam-se em


santos affectos, e choram, porque o amor
por essencia não é amado; oito perdoam
a interesses, a desvelos, á mesma vida
para impedir as minhas offensas e zelar a
minha honra; e tu, mais illuminado e mais
obrigado que elles, tu, que devias inflam-
mar a todos no meu santo amor, serás tllo
frio e insensi vel ?
III. - Que mais poderia eu fazer para
ganhar o teu amor? Amei-te desde a eter-
nidade; essas graças especiaes, esses talen-
tos, esse poder no Sacerdocio foram-te da-
dos para que me amasses.
Nilo vês porv,=mtura o meu amor no per•
d1to dos peccados que lavas com o meu
sangue? nas finezas que faço aos justos,
a quem distribues o meu corpo? no teu
trato familiar commigo, na minha sujei-
çllo em certo modo a ti, no fazer de ti·um
outro eu? Poderia alguem ter-te maior
amor e fazer-te maiores beneficios? Esgo-
tei todo o sangue das veias para encher-te
de graças, comprei-te por Ulo caro preço
tantos dons, tantas honras, ti\o sublime
poder; e tu ainda assim me não amas!
Deixei acaso de te amar ainda quando
eras meu inimigo? Com que paciencia

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O AMOR A DEUS 139

te busquei quando fugitivo I e depois, com


que intimidade de misericordia te perdoei e
te acolhi I tudo para que me amasses! 1
O amor suscita amor! só eu o nllo con-
seguirei de ti? Empenhei toda a minha
força e auctoridade com um expresso man-
damento, que é o primeiro e o maximo da
minha lei; prometti-te a posse de todos os
bens, se me amasses; pedi, até por favor,
que desses o teu coração; e não correspon-
des a tantas provas de amor? 1 pois nllo
te abrazarás porventura? 1
Fructo. - Procura affeiçoar-te sincera-
mente a Deus, e fazer que os outt·os tam-
bem se affeiçôem assim d'elle; o que con•
seguirás, se procurares conhecer, e se, já
no pulpito, já no confessionario, já nas con-
versações particulares, fizeres conhecer aos
outros, não só os beneficios do mesmo
Deus, mas as suas infinitas perfeiçl'.les, que
sito tão pouco conhecidas.
S. foNACIO costumava dizer: Que ni1,o

1 Commendat autem caritatem suam Deus in


nobis, quoniam qumn adhuc peccato1·es essemus,
Christus pro nobis mortnus cst. (t1rl Rom., V, 8.)
Nos ergo diligamus Ocum, quoniam Deus pl'ior
dilexit nos. (JoAN, 1 IV, 19.)

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140 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

havia melhor lenha para accender o fogo


do amor divino, que a da Cruz. A mor-
tificação de vossas paixões e desejos é au-
gmento de caridade. A prova do amor silo
as obras; mas nem quaesquer obras silo
em ti prova sufficiente de amor ; porque
devem ser provas de um Sacerdote, isto é,
a pratica especialmente d'aquellas coisas
que, só por um Sacerdote podem ser feitas
como prégar, confessar, catechisar, zelar
a salvação das almas e outras similbantes 1•

VIGESIMO SETIMO DIA


O a111or ao pro1i■no

I. - Filho, se me amas, como nlJo ama-


rás teus irmllos? Como poderás esquecer-te
do testamento e ultima vontade de teu

1 Qui habet mandata mca, et servat ea, ille eet


qui diligit me ••• (JoAN., XIV, 21.)
Si diligie me, paece oves meae; tanquam dicc-
ret: quid mihi retribuis, quia diligis me? àilectio-
ncm oHtende in ovibus meia. Quid mihi prwstas,
quia diii 1ds me? Dilectionem tu,im erga me, habes
ubi ost,mdas, ubi exerceas ho.bes: pasce oves meas.
(AuausT. 1 Temp. aerm. 140, 1.)

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O AMOR AO PROXIMO 141

Pae celeste? Amae-voe, disse eu, amae-vos,


meus filhinhos, uns aos outros, e querei-voe
todo aquelle bem que eu mesmo quiz a
vós todos: quero que este sincero e reci-
proco affecto seja o distinctivo, que voe
faça conhecer por meus discipuloe 1•
Sabes que te tenho amado como amigo,
e que te abri todo o meu coração ; que fui
eu primeiro que te chamei, e te escolhi
para medianeiro e intercessor de todo o
bem a favor de teus irmãos. Permanece
pois unido com elles n'aquella santa paz,
que eu vos deixei por herança, e conforme
o modelo d'aquelle amor que vos tenho
mostrado; amae-vos de todo o coração, no-
vamente t'o recommendo, porque é empe-
nho meu.
l\leu eterno Pae nllo te faltará com o
BflU auxilio; elle te ama, e eu lhe suppli-
quei que vos conservasse mutuamente uni-

1 ln hoc eognoscent omnes, guia discipuli mei


estis, si dilectionem habueritis ad iuvicem. (JoAN.
XIII, 35. l Si dilig11tis invicem, Dens ia nobis ma'.
net, et caritae ejus in nobie perfecta est. lu hoc co-
gnoscimus quouiam in eo manemus, et ipse in no-
bis. (Idem, t.ª Ep. IV, 12-13.)

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º 142 JKBUS AO CORAÇÃO DO BAOEBDOTE

doe de tal sorte, que sejaes uma só coisa,


como eu o sou com elle 1•
E depois de tantas diligencias vêr-te-hei
ainda dominado do espírito de partido e
de discordia, ou unido com um amor só
apparentc e de cortezia?
II. - Sabes, filho, quanto tenho feito
por teu amor. Na Eucharistia dei-te o meu
corpo e sangue; para te remir, sacrifiquei
a minha vida, e a mim todo, aos tormen°
tos e á morte de cruz ; e nll.o te moverão
taes exemplos a· imitares-me na caridade?
Dei-te a graça da vocação religiosa;
ungi-te para meu Sacerdote com o oleo sa-
cro, symbolo de misericordia, para que
esta fosse em ti superabundante, em soe-
correres com esmolas os pobresinhos, e
para que tu fosses todo coraçll.o, todo
zêlo em procurar a teus irmãos todo e
bem 2 •

1 Ipso Pator amat vos .• , (JoAN., XVI, 27.) Pa-


ter sancte, errva eos in nomine tuo, quoe dedisti
mihi, ut sint unuw, sicut ct nos. (Idem., XVII, 11.)
Rogo,.;. nt omnes unum eint, sicut tu, Pater, in
me, ot ego in te, et ipei in nobis unum sint ••. Ego
in eis, ct tu in me, ut sint consummati in unum.,.
(Ibidem, 1!1-22.)
z ln boc cognoscimus caritatem Dei quoniam

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O AMOR AO PBOXIKO 143

Fica certo, filho, que te hei de ser agra-


decido; pois reconhecerei, como feito a
mim mesmo tudo o que fizeres a cada um
de meus pobresinhos.
III. - Que te importa, filho, que os ho-
mens te sejam ingratos e, demais a mais,
te persigam? Tambem me perseguiram a
mim.
Que importa que te roubem a fazenda
c a honra? Eu te aconselhei que cedesses
tambem a capa a quem te disputava a tu-
nica, e que offerecesses a face esquerda a
quem te feria na direita. Quem te perse-
gue e te cobre de calumnias, dizendo todo
o mal contra ti, prepara-te, sem o querer,
uma corôa preciosa no Céo.
Tu que, junto do Altar sagrado, dás a
paz a teus irmãos, e commemoras a Pai-
xão e Morte que soffri por beneficiar meus
inimigos; tu, que me distribues ao povo e

illc pro nobis animam suam posuit: et nos debernus


pro fratribus animas ponel'e. Qui habuel'it eubstan-
tiam hujus mundi, et videl'it fratrem euum neeessi-
tatem habere, et clauserit viecera sua ah eo, quo-
modo eal'itas Dai manet in eo? .•. Non diligamue
verbo, neque Iingua, sed opere et veritate. (1 ,a
JOAN,, Ili, 16-18.)

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144 JESUS AO CORAÇÃO DO BAOERDOTE

te sustentas de mim, que sou o Cordeiro


de paz, que, sendo amaldiçoado, nlto amal-
diçoei; sendo atormentado, oito ameacei;
sendo innocente, me deixei sentenciar in-
justamente; que até abracei um Judas, e,
pregado sobre a cruz, pedi pelos mesmos
que me crucificavam, tu ainda terás repu-
gnancia em amar, em tratar, em conversar
e em saudar com urbanidade a quem te
otfendeu?
Tu, que és mestre da caridade e a en-
sinas ao povo, deverás assim praticai-a?
Lembra-te que tens necessidade que eu
te perdôe e te ame; e eu te prometto fa.
'zêl-o, mas com· a condição de tu perdoares
e amares ainda aquelles que te offenderam.
Has de ser ·medido pela mesma medida,
com que medires os outros.
Fructo. - Examina si, entre ti e alguem
de teu proximo, ou d,:ntro ou fúra de casa,
ha algum resrntimcnto; e não se ponha o
sol sem que tu st>jas o prim,.iro a rrconci-
liar-te com elle e d;1r-lhe provas de sincera
caridade: prostrado aos pés de Jesus
Christo, fazll d'islo um firme proposito, e
nlio digas posteriormt,nle Missa sem que,
primeiro ú executes.
S. JoÃo, o EsMOLER, Patriarcha de Ale-

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O A.\tOR AO PROXIMO 145

xandria, estando a celebrar, lembrou-se


que um clerigo, a quem tinha reprehen-
dido justamente, o olhava· com certa aver-
são, e, lembrando-se ao mesmo tempo
d'aquellas palavras de Jesus Christo:
Deixa tua offerta sobre o altar, e vae re-
conciliar-te com teu irml1,o ; elle, com pre-
texto de necessidade, interrompeu a Missa,
chamou o clerigo contumaz, prostrou-se a
seus pés com profunda humildade; e assim
o ganhou para Jesus Christo, voltando de•
pois a concluir a Sacriticio que tinha inter-
rompido.
Ama em ti a paz, e busca-a para o pro•
ximo com todo o empenho possível.
Faze hoje alguma esmola, especialmente
para impedir peccados. Se ha de ser con-
demnado no juízo de Deus aquelle que não
tiver feito obras de caridade, quanto maior
será a tua culpa, e por conseguinte a tua
pena, pois que pela profissão de Sacerdote
te obrigaste particularmente ao exercício
da caridade ? 1

1 Grandie culpa, si, te ecicnte, fidelia egeat, si


ecias, eum eine eumptu esse, fame laborare, reru-
maam perpeti, qui preeertim egcre erubeeeat, et
non adjuves i ai tempore- afllietionia auie nihil a te

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146 ,TESUB AO CORAÇÃO DO SJ..CERDOTI.:

VIGESIMO OITAVO DIA


O zêlo

I. - Sabe, filho, que todo o meu empe•


nho foi sempre glorificar unicamente meu
eterno Pae e conduzir-lhe as almas.
Viste-me, em Samaria, enfraquecido e
fatigado, sem allivio nem sustento, só por
uma pobre e vil peccadora. Quanto nl1.o
exultei de alegria vendo em meus braços a
o velhinha desgarrada! o prodigo arrepen-
dido ! Não recusei suores, 1agrimas, sangue
nem a mesma vida pela salv11çllo de todos.
Ah I querido Sacerdote, se me amas, já
te nllo digo: jejúa, f11:1.gella-te; mas sim:
salva-me as almas; sem isto nada farás,
nenhuma prova me dás de teu amor. Fica
certo de que nenhuma obra podes fazer,
que seja mais meritoria nem mais do meu
agrado 1 •
Que ancias, que trabalhos, que persegui-

impetret. Omnibus cnim dcbemus nos rnisericor-


diam .•• (Aimn., Uffic., 1. 1
1 Non dixit l:hristus: se amas me, abjice pecu-
niaa, jejunium exerco, macera te laboribus, mor-
tuos excita, da1mones abige : nihil vel horum, vel

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OztLO 147

ções nllo soffreram um Pedro, um Paulo,


um Jon.o · e tantos outros santos Sacerdo-
tes, para me consolar? Ainda antes do
meu Evangelho, quanto nllo arderam em
zêlo e quanto nll.o trabalharam pela minha
gloria um Moysés, um Phinees, um Elias
e todos os meus prophetas ? e tu, vendo
meus exemplos, solicitude e amor, não
despertarás?
II, - Fiz-te Sacerdote, nllo para busca-
res tuas commodidades, mas sim o bem
das almas : foi só este o fim por que te
elevei a tão alto ministerio 1 •
Tu, esposo e defensor da minha Egreja,

aliorom miraculorom, recteCJ.oe factorum in me-


dium adduxit; sed, omnibus 1llis prmtermissie, di-
xit illi: Si diligis me, pasce oves meas. tCHRYsosr. 1
De S. Philogonio, Horn. 31.)
Si dilii;ds me, pasce oves meas. (JoAN., XXI,
15.) •.• Ex hoc loco agnos<>unt fidei magistri, non
aliter se pastori Christo gratos fore, quam si omni
studio caveant, ut rationales oves recte curentur,
et bene habeant. (CYRIL. ALEx., hoc. loco.)
1 Sumas mel'cenarii condncti. Sicut enim nemo

conducit mernenarium, ut solam manducet; sic et


nos non ideo vocati sumas a Christo, ut sola ope•
rernur, qum ad nnstrum pertinent usum, sed q111B
ª? gloriam Dei. Et sicut merccnal'ius priue rcspi-
c1t opus suum, deinde diaria soa; aio et nos, ai

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148 JESUS AO CORAÇiO DO SACERDOTE

tu, constituido anjo custodio e pae das al-


mas, poderás vêr, immovel, precipitarem-
se tantas no Inferno?! Porque nl1o estu-
das, nlto óras, não confessas, nl'l.o falias, já
em publico, já em particular, para arri.t.n·
car ao menos alguma das garras do ini-
migo? Como podes viver ocioso á vista de
tamanha perda de meus e teus filhinhos?
Dei-te poder e talentos i elevei-te até á
dignidade de meu cooperador e coadjutor
na salvação das almas; e todavia. serllo
meus inimigos mais solícitos em perdei-as
que tu em salvai-as?
E quanto maior seria o teu crime, se tu
mesmo occasionasses a sua perdiçlto ; e
ainda fosses a pedra de escandalo de tua
communidade, obstando a toda a reforma,
mantendo os antigos abusos, e introduzindo
outros novos?

Cbrieti eumus mereenarii, primum debemus aspi-


cere qure ad gloriam Dei pei-tinent, proximiqne
profectum, deinde qure ad noetram utilitatem. Et
aieut mereenariue totam diem circa domim opus
impendit, unam autem horam circa euum cibum ;
sic et nos omne ternpus vitre noetrre debemus im-
pendere cii-ca opus Dei glorire, modicam autcm
partem circa usus noetros terrenos, , , , (Cae.noer,,
Op, imp., Bom, 84,)

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o z2Lo 149

Lembra-te que ellas me custaram todo o


meu sangue, e que te hei de pedir estrei-
tissima conta. Porque quererás augmentar
ainda a amargura do teu Deus na perda
de tantas almas com a perda da tua?
III. - Quem me converter algum pecca-
dor, além de o salvar a elle, salvar-se-ha
tambem a si, e resplandecerá como es-
trella eternamente. Queres que te multipli-
que as corôas? multiplica tambem tu, fi-
lho, as victorias.
Se tão grande festa fazem no Céo os
Anjos e os Santos pela conversllo de um
peccador, quanto n!to applaudirão quem o
converte?
Ah! filho, de todas as minhas obras ne-
nhuma me é t!lo cara como as almas, e
deixarei eu de cumular com todos os meus
bens quem m'as salvar? 1

1 Ideo Deus ordinat sacerdotes, ut populum


evigilare faciant in operibus bonis: idlloque, bene
agente populo, sacerdos pro bonis onmium remune-
ratur. (CHRYsos·r., Hom,. ól .) Super omnia hona sua
constituit eum. (MAT11., 24.) Non in omnibue, sed
super omnia. constituitur ; quesi dicat: etsi magnus
est labor pr:edicationis, tanto devotius ferri debet,
quanto majora lucra merccdis habet. (GBEG. 1 t.o
Reg., IX, 20.)

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150 JISOS AO CORAÇÃO DO BACERDOTB

· Oh que dôces fructos? que consolação


na morte! que jubilo no Céo ! e não pro-
curarás tu conseguil-os ?
Fructo. -Examina se o teu zêlo é abra-
zado pela caridade, dirigido. pela sciencia,
e sustentado pela constancia. A caridade é
paciente, é benigna; nn.o inveja o bem
alheio, não é ambiciosa, nlto busca o pro-
prio interesse, a vaidade, o genio ; busca
o bem espiritual para si, e logo para o
proximo.
Quem não tem cuidado da propria casa,
como o terá da Egreja? quem é mau para
si, como será bom para os outros? Sem
estudo, sem conselho e sem oraçlto jámais
chegarás a possuir a sciencia dos Santos,
que te torne prudente e efficaz.
Mostra-te em tudo um digno ministro de
Jesus Christo, armando-te de muita pa-
ciencia para soffrer os muitos trabalhos, o
pouco fructo d' elles, as contínuas ingrati-
dões, as resistencias e perseguições que
tens de encontrar, seguro de que serás
.premiado, não segundo o fructo, mas se-
gundo tuas fadigas e penas.
S. EsTORMIO, apostolo da Saxonia, de-
pois de tantos trabalhos e perseguições,
sotfridas em seu apostolado, pôde dizer na

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A BUMILD.!.DE E A MANSIDÃO -151

hora da morte : Em tudo quanto fiz, nunca


tive outro fim, seni1o a salvaçi1o das al-
mas e a vontade de Deus.

VIGESIMO NONO DIA


A. hun1ildade e a mansidão

I. - Filho, aprende de mim, o que?


nll.o a fabricar o mundo, nl!.o a fazer mila-
gres, mas a ser humilde e manso do cora.;
çllo 1•

Reflecte na µiinha vida, e compara-a um


pouco comtigo mesmo. Sou alguma coisa
mais do que tu; ,todavia quiz nascer de
uma Virgem pobre, em um presepio, repu-
tado como filho de um artista ; vesti como
pobre, tratei-me em tudo como pobre, e

1 De humilitate Christns, tanquam summa sme


doetrinre, suarumqne virtutum gloriatus est : Dis-
citc, a me, non quod sobrius, aut castus, aut pru-
dens, aut aliquid ejusaiodi; scd quia mitis eum, et
humilis eorJe. A me, inquit, discite: non ad alios
vne mitto, scd me vobis• exemplum, me formam hu-
militatis cxhibeo. (BERN,, Epist. 42.) Morum man•
snctudo, et humilitns cordis, prroeipua saeerdotis
insígnia sunt. 'falis enim fuit Christus, qui dixit:
Diseito a me, ..• (BAsn,., Reg. Jus., 43.)

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152 JES't'B AO CORAÇÃO DO BACERD!ITE

como tal fui considerado no mundo ; e tu,


sendo tão vil e miseravel desde o nasci-
mento quererás ostentar grandeza, no tra-
to, no vestido, em tudo ?
Não poderia eu, apenas nascido, encher
o mundo com a fama de minhas obras ma-
ravilhosas? Mas olha como vivi por trinta
annos, em um pobre casebre, n'uma hu-
milde officina. Questionei com os douto-
res da Lei, e fui crescendo em sciencia e
graça ao passo que cresciam os annos;
mas sempre em occupações de uma vida
pobre e commum, sem quer;er ser conhecido
nem estimado; e tu, ignorante, mas sober-
bo, recusas o ensino, os conselhos, incul-
cas ser o que n!lo és, e assim pretendes
Ordens sagradas e empregos sem disposi-
ção nem ~eritos; e, fugindo das obras hu-
mildes, buscas sempre as mais ostento-
sas.
Que conclues tu d' este parallelo ? Eu
vivi sujeito ás leis, obediente a minha
Mãe, e ainda a José; recebi o Baptismo de
Jollo; e tu, altivo, mostras tllo pouco res-
peito ás leis da Egreja, do Bispo, de teus
superiores?
Desengana-te, filho, que eu não attendo
nem comm\lnico minhas graças senão aos

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A HUMILDADli: E A M.!.NSIDIO 153

humildes. Se te não fizeres pequenino,


como um menino, nll.o entrarás no reino
do Céo: este é o fundamento de toda a
vida christll, e muito mais da vida eccle-
siastica; e pretenderás tu construir um edi-
:6.cio sem alicerce? 1
II. - Eu, depois que comecei a vida pu-
blica, busquei aoaso em todos os meus tra-
balhos, prégações e milagres outra gloria
que nll.o fosse a de meu eterno Pae? E tu,
que nada és, nada podes, nada vales, nlto
buscarás senll.o a tua gloria vll, louca, no-
civa, e até á cus;a da minha?
Eu a ninguem fallei com altivez; fallei
dos príncipes, ainda que pag!los, com todo
o respeito; enviei as turbas aos Sacerdotes,
ainda que meus perseguidores ; com nin-
guem porfiei, e ensinei ao maior que se fi.
zesse menor, e se submettesse a todos,
ainda que offensores e usurpadores injus-
tos dos bens terrenos. E tu colheste acaso
d'estes exemplos a arrogancia, a murmu-

1
Magnus esse vis ! A minimo incipe. Cogitas
rnagnam fabricam construere celsitudinis? De fun-
damento prius cogita humilitatis, • , • (Auous-r. 1
Hom. bi·e1J, 16 Jan1,1a.)

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154 Jll:StrS .t.O CORAÇÃO Dil BACEBDOTE

ração e critica dos defeitos alheios, a al-


tercação, o envenenamento das acções e
ditos do proximo, até de Sacerdotes e Re-
gulares, sempre com escandalo dos lei-
gos? colheste a ira, as injurias, o resenti-
mento implacavel contra os que te offen-
dem?
Eu fugi de reinar e de toda a humana
grandeza; limitei-me a prégar sómente na
Judêa, a pobresinhos, a poucos ouvintes,
e até a uma só vil samaritana; chamei,
para me coadjuvar, discípulos pobres, como
se d' elles necessitasse; .dei-lhes poder de
fazerem milagres, ainda maiores que os
meus, e de levarem por toda a terra o meu
Evangelho: abati-me a ponto de lavar-lhes
os pés, como se fôra seu servo; humilhei-
me, fiz-me o minimo entre todos: até nos
meus dons e milagres fiz porventura al-
guma ostentação de grandeza? na Eucha-
ristia nllo me escondo eu sob as especies
do sustento mais vulgar? E tu ainda am-
bicionarás títulos, buscarás os primeiros
postos e preeminencias, e ~üé em teus
ministerios introduzirás inveja e ponti-
nhos de honra, com escandalo dos secula-
res?
E presumirás agradar a Deus, e conver·

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A HUMILDADE E A MANSIDÃO 1155

ter•~e as almas por meio da aspereza e


soberba, quando eu só empreguei o da man-
sidtio e humildade?
III. - Em que mar de ignominias e de
aviltamento nll.o estive submergido na mi-
nha Paixllo ! Abandonado dos meus, tra-
hido por Judas, negado por Pedro, perse-
guido dos Sacerdotes, tratado como louco,
posposto a Barrabaz; affrontado, oppri-
mido, condemnado injustissimamente a um
infame patíbulo; com tudo nllo resisti, não
desmenti as calumnias, não me defendi,
n!lo requeri justiça. Se fallei, n!lo foi para
me livrar d9.s injurias, mas para declarar
a verdade, ainda que prevía que ellas se
me augmentariam; e tu, sendo culpado,
nllo soffrerás correcçll.o, nll.o quererás se-
quer comparecer como réo perante um
confessor desconhecido? queixar-te-has de
mim se te mandar tribulações? exigirás,
se te tocarem, a mais severa satisfaçllo? e
tu, para evitar uma humiliaçlto, algum
dicterio, dissimularás, desfigurarás, enco-
brirás a verdade, devida a teu. minis-
terio? ·
Pergunta a meus inimigos como os tra-
tei; que dôces palavras <lirigi a um Judas?
pedi perdão para os que me crucificaram;

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156 JESUS AO CvRAÇÃO DO IJACEQDOTE

e, sendo provocado no Calvario a descer


da Cruz, posto que podia com uma s6 pa•
lavra, com um gesto livrar-me das irrisões,
quiz antes morrer entre scelerados, cheio
de opprobrios, e ser a abjecção de todos.
E assim venci a fereza e orgulho hQ.mano ;
triumphei do mundo, da morte e do In-
ferno; consegui a redempção das almas,
a gloria de meu eterno Pae e do meu
nome.
D' este modo ensinei-te acaso a sustentar
a tua honra com arrogancia e fausto? e
lisonjear-te-has que assim deves obrar pela
minha gloria? 1 Ah filho, as humiliações
conduzem á humildade, e a humildade á
gloria.
Fructo. - Refreia a altivez e a aspe-
reza 2• Dizia S. F1:1.AN01soo DE SALES que

1 Et hoc manifestum est non placere Deo cum


sit contra exempla Christi, et Sanetorum, qui do-
eent humilitatem et modeetiam. :'vleutitur ergo ini-
quitas sibi, cum dieit se per talia velle Deo plaee-
re, cum in rei veritate placere non intcndat, 11iei
eibi, vel mundo. (F. B.u1-rn0Lo11. 1 Stimulus Past.,
part. 11, cap. 6).
s 'Seetarc maneuetudinem et pacem. Servum Do-
mini non oportet litigare 1 eed maneuetum esse ad

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A HUMILDADE E A 'MANSIDÃO 157

se caçam mais moscas com uma só co•


lher de mel, que com cem barris de vina-
gre; e sendo-lhe objectado que S. Panlo
manda insistir « opportuna e importuna•
mente•• respondeu que toda a força d' este
logar do Apostolo e.,tava n' aquella,9 duas
palavras, que se seguem: • com toda a
paciencia e doutrina». A doutrina é a
verdade, mas deve ensinar-se com pa•
ciencia, soffrendo, como Jesus Christo, se
fôr rejeitada· e feita alvo de contradi•
cções.
Busca sempre a gloria de Deus; se bus-
cas, a tua, és um ladrão.
Es Sacerdote, e por isso deves humi-
lhar-te tanto mais, quanto a grandeza da
tua dignidade e dos dons de Deus, a que
não correspondes, te obrigam a mais rigo-
rosas contas.
Foi este o motivo por que S. FRANCisoo
e muitos outros recusaram o sacerdocio;
houve até quem cortasse o dedo pollegar,
como S. MAROos, e uma orelha como o B.

º!1Jnes, docibilem, patientern, cum modestia. coni-


Ventem eos, qui resistunt veritati. (1.'" .4.d. Tim.,
l, 11.)

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158 je:stJs AO CORAÇÃO DO SACliRDOTl!l

PEDRO e S. AMONIO, para não poderem


ser admittidos ao sacerdocio; outros houve
que pediram antes a morte, como S. HILA·
RIÃO.

TRIGESIMO DIA
A. mortiftea,ão

I. - Depois de te ter escolhido para dis-


cipulo e ministro de um Deus crucificado,
será muito que te diga, filho: Se queres
vir após de mim, abnega-te a ti mesmo,
toma a tua cruz, e segue-me? 1
Eu, por teu amor, nlto recusei levar a
mais pesada cruz, e tu nllo acceitarás por
meu amor a mais leve?

J Ubi Chl'istus mulctatur morte, cruce turpa-


tur, quis suorum delicias, seu gloriam sustinere
queat, nedum audeat qurerere .•• ? Ceterum, si
omnis, qui dicitnr se in l:hristo manere, debet, si-
eut ille ambulavit, et ipse ambulare. (l. JoAN., II, 6.)
Multo magid qui pro eo manere se dieit, qui pro eo
legatione fungitur, qui ei ministrat, ei eum non
sequitur, inexr.usabile est. !Sane nisi abnegaverit
ee111t1tipsu111, et tulerit crucem suam, sequi eum
omnino non potest. MATH. 16. (S. BEBN, 1 lJectam. 1
XIV, 49.)

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A lfOllTIFlCAÇÀO 159

Tantos leigos com a penitencia e auste-


ridade me sacrificam honras, riquezas, pra-
zeres, até a mesma vida no meio dos mar-
tyrios; e tu que, sendo Sacerdote, me re-
presentas e fazes todos os dias na Missa
commemoração da minha Paixão e morte, e
me vês em tuas mãos, feito Hostia e Sacer-
dote por teu amor, porque nll.o queres imi-
tar-me, fazendo-te Sacerdote digno e hos•
tia acceitavel, com a mortificaçllo da carne
e de suas concupiscencias?
Se queres, filho, que a minha cruz seja
tua redempçlto, abraça-a e leva-a como teu
divino mestre. Nilo tive eu mesmo de
padecer, se quiz entrar na minha glo-
ria?
Quem quizer ser meu, ha de renunciar
a si mesmo. Quererás antes ser discípulo
de Epicuro, que de Jesus? 1 ,

1
Qui Christi eunt, carnem suam crucifixerunt
cum vitiis et concupiscentiis. 1Ad Galat., V, 24.)
Non sic hndie, non sic: sed animre curam neglignnt,
curam autem corporis pel'ficiuDt in 0t11ni desiderio;
nec_ virtuti c01·dis opel'a datur, sed valetndini cor-
por1s. immo eti111n vnluptati. De echola Hippocrntie
b.t Epicuri didiccrunt hrec : neque enim suis Christue
0 ru111 quidquam tradit, (S, .HEBN. Dectam. XII,
1 1
D, 88,)

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160 JESUS AO CORAÇÃO DO ~AC~RDOrE

li. - Pertence-te, filho, ensinar a mor•


tificaç!lo aos outros; mas como poderás di-
zer-lhes que reprimam a cólera, os capri-
chos, o interesse: que amem a mortificação
dos sentidos, a renúncia da propria von•
tade, que fujam das conversações perigo-
sas, se tu o nlto fazes?
Ainda que .lhes pregues, que efficacia
terão tuas palavras, desmentidas pelas tuas
obras?
Ah! quanta razão téem os povos de di-
zer de ti o que dizem de tantos outros:
Que os Sacerdotes e Religiosos nadá fazem
senão comer, beber, divertir-se j ao que os
pobres podiam accrescentar com vitupe-
rio: E' nosso patrimonio o que comem es-
tes valorosos soldados, que, em vez de tra-
zerem a divisa da mortificação de Christo,
nlto respiram senão delicias e effeminada
molleza! 1

1 Penuria pauperum clamat: clamant nudi, cla-


mant famelici, conquemntur et dicunt: nostrum est
quod ett'unditis, nobis erudeliter subtrahitur quod
inaniter expenditis, nostris nece~sitatilms usurpa-
tur qnidquid accedit desideriis vestris .•. Et hrec
pauperes, modo qnidtim coram Deo tantum: cete•
rum in futuro stabunt in magna constantia adver•

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A MORTIFICAÇÃO 161

Que seria pois se chegassem a dar á


abnegaç!lo o nome de escrupulos e melan-
colias de visionario?
Pobre da minha Egreja! Houve tempos
em que tinha ministros consummados na
penitencia, pobres em rendas, macerados
pelos jejuns, desaprimorados nos vestidos,
mortos para o mundo e para si mesmos j
hoje está ella entregue a estes delicados
paranymphos ! 1
Que far!lo os seculares, em um secule
tlto afferrado aos prazeres, ao luxo e aos
passatempos, vendo assim viver os Sacer-
dotes, que deviam ser os exemplares da
mortificaçllo?
Não. deverei eu queixar-me de que, em
logar de augmentares, como devias, o nu•

sue eoe qui se anguetiaverunt ••• (BERN,, Ep. 44.)


Vae, vae tibi, clerice! more in ollie carnium, mora
in deliciie tuie .! Sumptue eccleeiasticoe · gratie ha-
bere te reputas ? Cantando, ut aiunt, tibi provenire
yidentur. At ea tibi noveriA imputandll, qure modo
inter delicias comedis. (S. BERN., Declam., VII, n,
20.)
1
Et horum quidem ieti eortiti sunt ministerii
locum, eed non zelum. Succeesoree omnee cupiunt
e~se, imitatnree pauci. Non omnee eunt amici epon-
81, quos hodie sponsre hinc aeeietere cernis, Pauci

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162 JESUS AO COBAQÃO DO SACERDOTE

mero dos discípulos da minha cruz, au-


gmentas o de seus inimigos?
III, - Deaengana-te, :filho: sem abnega-
çD.o nunca poderás desempenhar tantas
obrigações que tens communs como as dos
leigos, e muito menos tantas que silo pro-
prias do teu estado.
És obrigado a fugir dos negocios do se-
culo e occupações profanas; a fugir de liti-
gios, e a ser antes o pacificador dos secu-
lares; mas como o farás se nllo renuncías
o desejo das riquezas e das honras? Como
abominarás os divertimentos mundanos,
jogos, banquetes, espectacnlos, luxo, bai-
les, conversações, etc., prohibidas especial-
mente a ti, se não refreias o desejo dos
prazeres?
Vivendo no meio d'um mundo tll.o corru-
pto, e tratando até com mulheres por ne-
cessidade de teu ministerio, como te con-

admodum sunt, qui non qure sua sunt qurerant ex


omnibue caria ejus. Intuere quomodo incedunt ni-
tidi, et ornati, circumamicti varietatibus, tanquam
eponea procedens de talamo suo. Unde vero hanc
illis exuberare existimas rerum affiuentiam, vestium
splendorem, mensarum luxuriem, nisi de bonis spon-
sre? (BEBN, 1 ln Cant. Serm, 77.)

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.t. lllORTlFlCAÇÃO 163

servarás casto e puro, se nllo mortificas os


sentidos e maus desejos da carne?
Como te applicarás ao estudo, á oração,
ao zelo e trabalho pelo bem do prox.imo e
da Egreja, se amas tanto tuas commodida-
des, se n!l.o queres vencer os respeitos hu-
manos, nem sabes soffrer um dicterio, nena
uma affronta por meu amor? Toda a des-
obediencia á minha lei e aos canones da
minha Egreja nllo procede porventura da
repugnancia que tens á mortificação ?
Pesa-te a minha cruz? mas tu soffres e
padeces pelo mundo, e não has de padecer
nada por mim ? Não é pois o padecer que
te molesta, será só o padecer por meu
amor?
E sabes o que rejeitas, rejeitando a mi-
nha cruz, filho? rejeitas aquelle conforto e
consolação que sentirias em padecer com•
migo e seguir-me ; rejeitas o auxilio da
minha graça que te tornaria o jugo nllo s6
leve, mas d&ce e suave; rejeitas o premio
pelo qual, convertida a tristeza em goso, e
r~inando já commigo para sempre, bemdi~
rias a hora em que padeceste commigo.
Quererás antes ser martyr do mundo,
do que meu? e não é isto um querer pa~
decer miseravelmente n'esta vida, e pade ..

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164 JBBUB AO CORAÇÃO DO BACl!:RDOTE

cer depois ainda na outra eternamente?


Vê pois qual te será melhor 1 •
Fruçto. - Examina qual seja a paixão
que te domina e te faz cahir mais vezes,
e procura domai-a com a penitencia e a
abnegação propria. Qoanto maior violencia
fizeres a ti mesmo, tanto mais adiantarás
na virtude.
Enche-te de coragem para vencer os di-
cterios e respeitos humanos, e nn.o correres
apoz as toas commodidades. O luxo, a
molleza e os respeitos humanos, dizia
S. FRANCisco XAVIER, sllo a origem prin-
cipal do deploravel estado da Er,reja.
SANTO AMBROBIO, d'aquellas palavras do
Apostolo : Castigo o meu corpo e o reduzo
d servidiJo para nll,o ser réprobo, deduz
esta illaçllo: Logo, quem o nllo castiga,
ainda que viva como o Apostolo, é um
réprobo.

1 Duros multis videtur hic eermo : Abnega te-


metipeum, tolle crucem tuam, et ecquere Jeeum :
eed multo duriue erit audirc illud extremum ver-
bum : Diecedite a me maledicti in ignem et~rnum.
Qui enim modo libenter audiunt, et eequuntur ver-
bum crucie; tunc non timebunt ah auditione reter-
Dlll damnatioDiB, \KEMP. 1 II, 12, 1).

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O PAR.USO 165

TRIGESIMO PRIMEIRO DIA

O Parai■o

I. - lmmensa gloria te espera no Céo,


6 filho. Ah ! se bem a considerasses, que
não farias tu por conseguil-a 1
Sou eu mesmo que te preparei essa
gloria. Se onde eu estou, quero que es-
teja o meu servo, quanto mais o meu
fiel Sacerdote ? Será tua a minha mesma
gloria, e eu mesmo serei teu abundante
premio.
Que jubilo será o teu, vendo o pouco
que me offereceste, premiado com me-
dida tão grande, tllo cumulada, tlto snper-
abundante; tanto mais proximo a meu
throno, e tanto mais honorificado no Céo,
quanto mais o foste na terra pelo teu mi-
nisterio !
Oh como bemdirás entlto o ter suppor-
tado com decoro e fortaleza o peso ela es-
tola sacerdotal, vendo-a agora trocada em
estola de eterna gloria! Tuas insiµ:nias
sacerdotaes resplandecerão mais no Céo,
que luzidios diamantes ; e sentar-te-has em

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166 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTK

throno mais elevado, por me ter seguido


com especial desapego do mundo •.
Ditoso de ti, qne, tendo trabalhado na
propria santificaçllo, e tendo-a ensinado ·
aos outros, te acharás com corôa dnplicada
e superior aos outros no Céo.
II. - Filho, não seria. já bastante, para
tua maior consolaçll.o, o vêr-te livre de to-
das as miserias d'est11. vida, acabados os
trabalhos, as lagrimas, as cruzes, as per-
segnições, nlto ter já qne temer nem que
pelejar com peccados e peccadores? 11

1 Ubi ego sum, illic et minister meus erit. (JoAN.,


XII, 26.) Pater, quos dedisti mihi, volo, ut ubi ego
sum, et illi sint mecum, ut videant claritatem quam ·
dedisti mihi. (Idem, XVII, 24.) Ad hrec audita inar-
descit animus, jamque illic cupit assistere ubi se
eperat sine fine gaudere. Sed ad magna prremia
perveniri non potest, niei per magnos labores, ••• '
(GREG., Hom. Un. Mart. Breviar.)
s Dolor, et gemitue omnis abecedet, quoniam
absterget Deus omnem lacrymam ah oculis sancto-
rum, et jam non erit arnplius negue luctus, neque -
clamor, sed negue ullus dolor; gurmiam priora
traneierunt. (Apoc., XXI, 4.) Feiices lacrymre,
quas benigna manus conditoris absterget ; bt'ati
oculi, qui in talibus liquefieri fletibus elegerunt,
guam elevari in superbia, quam omne sublime ve-
dere, quam avaritire et petulantire famulari. (BEBN, 1
Declam., XIV, 41.)

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O PAR.USO 167

Qne será pois o vêr-te enriquecido de


todos os bens, já na posse do mesmo goso,
do ten amado Deus?
Oh! filho, facilmente se falia d'este go•
so, mas comprehendel-o ! ••• conhecel-o-has
quando lá estiveres, e entllo dirás quanta
seja a gloria do meu reino, e quão grande
é Deus no premiar ! 1
Considera um pouco e vê quanto p&de
em Pedro um pequeno reflexo da minha
gloria, quanto um só vislumbre em Paulo,
e uma sombra da cidade santa vista por
João!
Ah ! se uma só penumbra foi tn.o dôce
a estes amantes do seu Deus, ..ainda n'este
valle de lagrimas; que será quando, escla-
recido pela Luz soberana, me vires, já nllo
em enigIQa, mas face a face, e eu entornar
sobre ti a torrente de minhas delicias, e
tiveres de as gosar todas e por toda a
eternidade ? Cara penitencia, dirás ~ntllo,
cara penitencia que me ganhaste tanta
gloria!

1 Qure autem língua dicere, vel quis intellectus


capere suflicit, ilia supernre civitatis quanta sint
ga~dia: Angelorum eho1·is interesse, prresentem
.l>e1 vultum cernere, , •• (Guo., Hom. Un. Mart.)

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168 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

III.·- Suaste, sim, no ensino da minha/


lei; fatigaste-te nos estudos, no confessiona-1
rio ; soffreste perseguições por meu amor ;
mas oh! qual será o teu contentamento,
vendo-te coroado de duplicada gloria, por
ter soffrido perseguições 1, e por- ter pro-/
curado o bem de minhas almas! 2 ·
Todas, todas te rodearão no Céo, oh que
ineffavel alegria! quando á porfia se re•
unirem todas a dar-te graças: os pobres
pelas esmolas recebidas, com que evitaram
tantos peccados; os penitentes pelas ad-
moestações e conselhos que lhes déste, e
pela absolvição que lhes differiste coQl ca-
ridade ; os ~arochianos pelo zelo com que
os dirigiste e defendeste do abysmo; a ju-
ventude pelo amor da pureza que lhe ins-
piraste; os domesticos pela paz e manei-

1 Voe eetie, qui permaneietie mecum in tenta-


tionibull meie : et ego diepono vobie, eicut diepo-
euit mihi Pater meus, regnum, ut edatie et bibatia
super mensam mearn in rcgno meo, et eedeatie au•
per thronoe, judicantee duodecim tribue Israel.
(Luc., XXII, ~8. 1
i Bene agente populo, unusquieque quidem pro
suo bono remuneratur; sacerdoe autem pro bonis
omnium, quos ad bene agendam excitavit. (CaaY•
soeT., Op. imp. Hom. 51.J

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O PARAISO 169

dão com que os edificaste; e tu tambem,


transportado de alegria, lhes renderás gra-
ças petn obediencia e docilidade com que
te corresponderam,
Com que amor e benevolencia olharão
para ti os meus santos, protectores d'estas
almas, os seus anjos da guarda, minha
mesma Mll.e e MIi.e sua, 'Maria Santíssima?
quilo gratos se mostrarão para comtigo?
E qual será a tua ternura para com elles,
que tanto pediram por ti, e te sustentaram
em teu zelo ? Todos te esperam, filho, e
anhelam pela hora de te vêr em sua com-
panhia; e eu mesmo o desejo mais que to-
dos elles 1 • •
Que nll.o farei para te exaltar? ll'ar-te-hei
mais similhante a mim na gloria, já que
tasta consolaçllo me deste, assimilhando·tA
a mim em ser tambem salvador de minhas
almas.
Eia, amado filho, a mim muitas atmas;

1 Magnus illie nos earorum numerus expeetat,


P~rentum, fratrum, filiol'um frequens nos, et co-
piosa turba desiderat. Ad horum eonspeetum et
eou:plexum venire, quanta et illis, et nobis in eom-
n,une laetitire est? •• , (CYPBIAN., De mortat. in
Breviar. 8 novembr.)

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170 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

e imagina, se podéres, qual será o meu ju-


bilo quando te vir, entre tantos e com tan-
tos eleitos, estreitamente unido ao meu co-
raçllo. Oh que alegria! que desabafos de
amor sem fim! que doçura!
Fructo. - És peregrino na terra: des-
preza pois o grande nada do mundo que
passa: tua patria é o Paraiso 1 ,
Manda diante de ti esmolas e boas obras.
Aos martyres, ás virgens e aos mestres na.
obra da salvação das almas bilo de tocar
no Céo tres corôas especiaes. Deseja a pri-
meira e busca as duas ultimas com a pu-
reza e com o zelo.
Grande é a obrigação que tens de guar-
dar castidade e promover a sal vaçlto das
almas; custar-te-ha trabalho e suor ; mas
lembra-te do que dizia S. PHILIPPE NERI:

1 Considerandum, et identidem cogitandum, re-


nuntiasse nos mundo, et tanquam hospites, et pe•
regrinos hic inte1·im degere. Patriam nostram Pa-
radisum compntamus; parcutes patriarchas habere
jam cmpimus. Quid non proprramus, et currimus,
ut parentes salutare possi111us? (CvPKIAN., loc. cit.)
Unde angitur christianus? Quia nondum cum
Christo vivit: quia peregrinatur et desiderat pa•
triam. (AuousT. 1 Psa/,. 122, 2.) Qui non gemit ut
peregrinus, non gaudebit ut civis. (Ibid., 148, 4.)

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o P.Uutso 171

O Cêo nllo foi feito para os poltrôes.


S. FRANCISCO d' Assis, exhortando os seus
Religiosos, dizia : Meus irmllos, grandes
coisas promettemos; porém muito maiores
foram promettidas a nós : observemos
aquellas, t?u.~piremos por estas: o prazer
é b1·eve, o padecer é pouco, a gloria é in-
finita, muito.,; sllo os chamados, e poucos
o.~ escolhidos; e todos !tão de ser retri-
buídos segundo seus merecimentos.

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PR..iEPARATIO AD MISSAM
(Se boner opportonldade)

CONFOBl4:E O

MISSAL ROMANO'

Ant. Ne reminisráris, Dómine, delícta


nostra, vel paréntum nostrórum : neque
vindíctam sumas de peccátis nostris.
(No tempo paschal accrescenta-se: Al-
leluia. A antiphona duplica-se nas festas
duplices),

Psalmus 83

Quam dilécta tabrrnácula tua Dómine


virtútum: • concupíscit, et déficit ánima
mea in átria Dómini.

1 Sua S1mtidade Leiio XIII, por Decreto de 20


de dezembro de 1884, concedeu Indulgencia de um
anno a quem devotamente recitar os cinco Psalmoa
se~uiutcs \83, A4, 85, 115 e l::!~J, com seus respe•
ctivos i'V, Antiphonas e Orações annexas, assim
como as sete Orações de Su1·0 AMn11os10 indicadas
para eada dia da semana, sem outra condição al-
guma.
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PR.EPA'RATIO AD l(ISSAM 173

Cor meam, et caro mea • exsaltavérant


in Deum vivum.
Étenim passer invénit sibi domum; •
et turtur nidum sibi, ubi ponat pullos
suos.
Altária. tua, Dómine virtútum. • Rex
meus et Deus meus.
Beati, qui hábitant in domo tua, Dó-
mine: in sa.ecula saeculórum laudábunt te.
Beátus vir, cujus est auxílium a.bs te: •
ascensiónes in corda suo dispósuit, in valia
lac~ymárum, in loco, quem pósuit.
Etc·nim benedictiônem dabit legislátor,
ihunt de virtúte in virtútem: • vidébitur
Deus deórum in Sion.
Dómine Deus virtútum, exáudi oratiónem
meam: • áuribus pércipe, Deus Jacob.
Protéctor noster ádspica Deus: • et rés-
pice in fáciem Christi tui :
Quia mélior est dies una in átriis tuis •
super millia.
Elégi abjéctus esse in domo Dei mei:
Inagis quam habitáre in tabernáculis pec-
catórum.
Quia misericórdiam, et veritatem diligit
Deus: • grátiam, et glóriam da bit Dómi-
nus.
Non privábit bonis eos, qui ámbulant in

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174 JE8tJB AO CORAÇÃO DO !IAC&RDOTE

innocéntia: • Dómine virtútum, beátue


homo, qui sperat in te.
Glória Patri. etc.

Psalmus 84

Benedixísti Dómine terram tuam: • aver-


tísti captivitátem Jacob.
Remishti iniquitátem plebis tuae: • ope-
ruísti ómnia peccáta eórum.
Mitigásti omnem iram tuam: • avertísti
ab ira indignatiónis tuae.
Convérte nos Deus salutáris noster: • et
avérte iram tuam a nobis.
N umquid in aetérnum irascéris no bis? •
aut exténdes iram tuam a generatióne in
generatiónem?
Deus tu convérsus vivificá bis nos: • e-
plebe tua lrutábitur in te. .
Osténde nobis Domine misericórdiam
tuam: ,v. et salntáre tuum da nobis.
Audiam quid loquátur in me Dóminuit
Deus: • quóniam loquétur pacem in ple-
bem suam.
Et super sanctos suos; • et in eos, qui
convertúotur ad ·cor.
Verúmtamen prope timéntes eum saiu-

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PRJEPARATIO 40 MISSAM 175

táre ipsíus: • ut inhábitet glória in terra


nostra.
Misericórdia, et véritas obviavérunt sibi:
justítia, et pax osculátae sunt.
Véritas de terra orta est: • et justítia de
coelo proepéxit.
Etenim Dóminus dabit benignitátem : •
et terra nostra dabit fructum suum.
Justítia ante euro ambulábit: • et ponet
in via gressus suos.
Glória Patri. etP..

Psalmus 85

Inclína Dómine, aurem tuam, et exáudi


me : • quóniam inops, et pauper sum ego.
Custódi ánimam meam, quóniam sanctus
sum: • ealvum fac sen·um tuum, Deus
meus, sperántem in te.
1\1iserére mei Dómine, quóniam ad te
clamá vi tota die: • laetítica ánimam servi
tui, quóniam ad te Dómine ánimam meam
levá vi.
Quóniam tu D(Ímine suá vis, et mitis: •
et multae miscriclÍrdiae omnibus invocán-
tibus te.
Auribus perc1pe Domine oratiónem
llleam: • et inténde voei deprecatiónis meae.

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176 JEBt'S AO CORAÇÃO DO SAOERDOTE:

ln die tribulatiónis meae clamá vi ad te:•


quia exaudísti me. ·
Non est símilis tui in diis, Dómine: • et
non est secúndum ópera tua.
Omnes Gentes quascúmque fecísti, vé-
nient, et adorábunt coram te Dómine : •
et glorificábunt nomen tuum.
Quóniam magnus es tu, et fáciens mira.-
bilia: • tu es Deus solus.
Deduc me Dómine in via tua, et ingré-
diar in veritáte tua: • laetétur cor meum
ut tímeat nomen tuum.
Confitébor tibi Dómine Deus meus in
toto coràe meo, • et glorificábo nomen
tuum in aetérnum :
Quia misericórdia tua magna est super
me: • et eruísti áuimam meam ex inférn"o
inferióri.
Deus, iníqui insurrexérnnt super me, et
synagóga poténtium • c1uaesiérunt ánimam
meam: • et non proposuérunt te in cons•
péetu suo.
Et tu Dómine Deus miserátor et misé•
ricors, • patiens, et multae misericórdia.e,
et verax.
Réspice in me, et miserére mei: • da
impérium tuum puéro tuo: et salvum fac
tilium ancíllae tuae.

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Ptt,1-:l'ARATIO AtJ Ml8SU.t: 1i7

Fac mecum signum in bonum, ut ví-


dean t qui odt'irunt me, et coníundántur: •
quóniam tu Dómine adjuvísti me, et con-
solátus es me.
Glória Patri. etc.

Psalmus tts

Crédidi, propter quod locúta.s sum : •


ego autem humiliátus sum nimis.
Ego dixi in excéssu meo : • Omnis homQ
mendax.
Quid retribn1,1,m Dómino, pro ómnibus,
quae retribuit mihi ?
Cálicem salutáris accípiam : • et no~en
Dómini invocábo.
Vota mea Dómino reddam coram omni
pópulo ejns: • pretiósa in conspéctu Dó-
mini mors sanctórum ejus.
O Dómine quia ego servus tuus : • ego
servus tua.e, et fílius ancíllae tuae.
Dirupísti vincula mea: • tibi sacrificábo
hóstiam laudis, et nomen Dómini invocábo.
Vota mea Dómino reddam in conspéctu
omnis pópuli ejus: • in átriis domus Dó-
lllini, in médio tui, Jerúsalem,
Gloria Paui. etc.

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178 JEl,trS AO COkAÇÂO DO SACEllDOtE

Psalmus t29

De profúndis clamávi ad te Dómine: •


Dómine exáudi vocem meam :
Fiant aures tuae intendéntes, • in vocem
deprecatiónis meae.
Si iniquitátes. observáveris Dómine: •
Dómine quis sustinéhit?
Quia apud te propitiátio est: • et pro•
-pter legem tuam sustínui te, Dómine.
Sustínuit ánima mea in verbo ejus: ~
sperávit ánima mea in Dómino.
A custódia matutína usque ad noctem: •
.speret Israel ín Dómino.
Quia apud Dóminum misericórdia: • ~
.copiósa apud eum .redémptio.
Et ipse rédimet Israel, ._ ex ómnibus id
quitátibus ejus. ·
Glória Patri. etc.
Ant. Ne reminiscáris Dómine delfott
nostra; vel paréntum nostrórum; nequi
vindíctam sumas de peccátis nostris.
Kyrie eléison.
Christe eleison.
Kyrie eléison.
Pater noster. ., •
y. Et na nos indúcas in tentatiónem
~. Sed líbera no11 a maio,

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PM:l'ARATIO AD ldlBBA.M 179

y. Ego dixi D6mine miserére mei.


R). Sana ánimam meam, quia peccávi
tibi.
y. Convértere D6mine aliquántulum.
R), Et deprecáre super servos tuos,
y. Fiat misericórdia tua D6mine, super
nos.
~- Quemádmodum sperávimus in te.
y. Sacerdótes tui induántur justítiam.
R!, Et sancti tui exsúltent.
t. Ab occúltis meis munda me Dómine,
R). Et ah aliénis parce Sf'rvo tuo.
\'. Dómine exaudi oratiónem meam.
R). Et clamor meus ad te véniat.
v. Dóminus vobíscum.
~- Et cum spíritu tuo.

ÜREMUB, - Aures \nae pietátis, mitis-


sime Deus, inclina précibus nostris, et grá-
tia saocti Spíritus illúmina cor nostrnm :
ut tuis mystériis digne ministráre, teque
aetérna caritáte dilígere mereámur.
Deus, cni omne cor patet, et omnis vo-
lúntas l6quitur, et quem nullum latet se-
crétum, purifica per infusiónem sancti
Spíritus cogitati6nes cordis nostri: ut te
Perfécte diligere, et digne laudáre mereá..
111.ur.

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180 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Ure igne sancti Spíritus rE>nes nostros


et cor nostrum Dómine : ut tibi casto cór-
pore serviámus, et mundo corde placeá.-
mus.
Mentes nostras, qnaesumus. Dómine, Pa-
ráclitos, qui a te procédit, illúminet: et in-
dúcat in omnem, sicut tuus promisit Fílius•
veritatém.
Adsit nobis, quaesumus Dómine, virtua
Spíritus sancti: quae et corda nostra cle-
ménter expúrget, et ab ómnibus tueátur.
advérsis.
Deus, qui corda fidélium sancti Spíritns
illustratióne docoísti: da no bis in eódem.
Spíritu recta sápere, et de ejns sem per con-
solatióne gaudére.
Consciéntias nostras, quaesumus, Dómi-1',
ne, visitándo purífica: ut véniens Dóminu,s.
noster Jesus Christus Fílius tuus, parátam
sibi in nobis invéniat mansiónem.
Qui tecum vivit et regnat, P.tc.

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PB..EP.t.RlrIO AD Ml88AH 181

ORATIONES
PRO OPPOBTUNITATE BACEBDOTIS ANTE CELEBBATIONEII
ET COIUIUNIOllElll DICEND..E

Oratio Sancti Ambrosii Episcopi

D1E DoMINIOA,

Summe Sacérdos, et vere Póntifex Jesu


Christe, qui te obtnlísti Deo Patri hóstiam
puram et immaculátam in ara Crucis pro
nobis míseris et peccatóribus, et qui dedísti
nobis carnem tuam ad manducándum, et
sánguinem tuum ad bibéndum, et posuísti
mystérium istud in virtúte Spíritns sancti
tni, dicens: Haec quotiescúmqne fecéritis,
ia mei memóriam facietis: rogo per eúm-
dem sángninem tnum, magnnm salútis nos-
trae prétinm, rogo per hanc miram et inef-
fábilem caritátem, qua nos míseros et in-
dignos sic amáre dignátns es, ut laváres nos
a peccátis nostris in sánguine tuo: doce
tne servum tuum indígnnm, quem inter cé-
tera dona tua étiam ad offícium sacerdotále
vocare dignátus es, nullis meis méritis, sed
sola dignatióne misericórdiae tuae; dooe me,
quaeso, per Spíritnm sanctuni tunm, tantum

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182 JUOS AO CORAÇÃO DO 8.lCEBDOTIC

tractáre mystérium ea reveréntia et hon6re,


ea devotióoe et timóre, quibus op6rtet et
decet. Fac me per grátiam tuam semper
illud de tanto mystério crédere et iotellí.;
gere, sentíre et fírmiter tenére, dícere et
cogitáre quod tibi placet, et éxpedit ánimae ·
meae. Intret spíritus tons bonus in cor meum,
qui sonet ibi sine sono, et sioe strépitu ver-'
b6rum loquátur omnem veritátem. Profúnda
quippe sunt nimis, et sacro tecta velámine.
Propter magoam cleméntiam tuam concéde
mihi Missárum solémnia mundo corde et
pura mente celebráre. Líbera cor meum ab
immúndis et nefándis, vanis et n6xiis cogi-
tati6nibus. Muni me beat6mm Angel6ruoi
pia et fida custódia, ac tutéla fortíssima, ut
hostes ómnium bon6rum confúsi discédant.
Per virtútem taoti mystérii, et per manum
sancti Angeli tni repélle a me, et a cunctis
servis tnis, duríssimum spíritum supérbiae,
et cenod6xiae, invídiae, et blasphémiae, for,.
nicatiónis, et immundítiae, dubietátie et
diffidéntiae. Confnndántur qui nos perse•
quúntur: péreant illi qui nos pérdere fes-
tínant.

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PR,EPARATIO AD MISSUI

FERIA li

Rex vírginnm, et amátor castitátis et in-


tegritátis, coelésti rore benedicti6nis tnae
exstíngue in córpore meo f6mitem ardéntis
libídinis; ut máneat in me tenor cas.titátis
córporis et ánimae. Mortífica in membris
meis carnis stímnlos, on:inésque libidin6sas
commotiónes, et da. mihi veram, et perpé-
tnam castitátem cnm céteris donis tuis, qu'!,e
ti bi placent in veritáte : ut sacrifícium lau-
dis casto córpore, et mundo corde váleam
tibi offérre. Quanta enim cordis contritióne,
et lacrymárum fonte, quanta reveréntia et
tremóre, quanta córporis castitáte et ánimae
pnritáte istnd divínnm et coeléste sacrifí~
cium est celebrándnm, ubi caro tua in· ve~
ritáte súmitur, ubi sangnis tuns in veri-
táte bíbítur, ubi •ima summis, terréna di-
víois jungúntur, ubi ades.t sanctórum An-
gelórnm praeséntia, ubi tu es sacrificiúm,
et Sacérdos mirabíliter, et ineffabíliter
constitútns !
FERIA III

Quis digne hoc celebráre póterit, nisi tu,


Deus omnípotens, offeréntem féceris di•

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184; JESUS AO COR.!.ÇÃo DO BACli:IIDOTE

gnum ? Seio, Dómine, et vera seio, et idí-


psum pietáti tnae confítP,or, quia non snm
dignus accédere ad tantum mystérium,
propter nímia peccáta mea, et infinitas ne-
gligéntias meae. Sed seio, et veráciter ex
toto corde meo credo, et ore confíteor, quia
tu potes me fácere dignum, qui solus po•
tes fácere mundum de immúndo concéptnm
sémine, et de peccatóribns justos, et san-.
ctos. Per bane omnipoténtiam toam te rogo,
Deus meus, nt concédas mihi peccatóri hoo
sacrifícinm celebráre cum timóre et tre-
móre, cum cordis puritáte et lacrymárum
fonte, cum laetítia spiritáli et coelésti gáu•
dio. Séntiat mens mea dulcédinem beatí~
simae praeséntiae tuae et excúbias san-
ctórnm Angelórum tuórnm in circúitu meo.

FERIA IV

Ego enim Dómine, memor venerándae


Passiónis tuae accédo ad altáre tnum, licet
peccátor, ut ófFeram tibi Sacrifícium, quod
tu instituísti, et offérri praecepísti in com-
memoratiónem tni, pro salúte nostra. Sús•
cipe illud, quaeso, summe Deus, pro Ecclé•
eia sancta tua, et pro pópulo quem acqui-
ilÍsti sánguine tuo. Et quóniam me peccll!"

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PR.EPARATIO AI> MISSAM 185

tórem inter te et eúmdem pópulum tuum


médium esse voluísti, licet in me áliquod
boni óperis testimónium non agnóscas, offí-
cium saltem dispensatiúnis créditae non re-
cúses: nec per me indígnum eórum salútis
péreat prétium, pro quibus víctima salutá-
ris dignátus es esse et redémptio. Prófero
étiam, Dómine (si dignéris propítins intué-
ri), tribulatiónes plébium, perícula populó-
rum, captivórnm gémitus, misérias orpha-
nórum, necessitátes peregrinórum, inópiam
debílium, desperatiónes languéntium, defé-
ctus senum, suspiria júvenum, vota vírgi-
num, laménta viduárum.

FERIA. V

'ru enim miseréris ómnium, Dómine: et


nihil odísti eórum quae facísti. Memoráre
quae sit nostra substántia: quia tu Pater
noster es, quia tu Deus noster es, ne iras-
cáris satis, neque multitúdinem viscerum
~uórum super nos contíneas. Non enim in
JUstificatiónibus nostris prostérnimus preces
ante fáciem tnam, sed in miseratiónibus
tuis multis. Aufer a nobis iniquitátes nos-
tras: et ignem sancti Spíritus in nobis cle-
tnéuter accénde. Anfer cor lapídeum de

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}86 JB:sUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

carne nostra; et da nobis cor cárneum,


quod te amet, te díligat, te delectétur, te
sequátur, te perfruátur. Orámus, Dómine,
cleméntiam tuam, ut seréno vnltu fami-
liam tuam, s11cri tui nóminis offícia praes-
tolántem, adspícere dignéris: et, ut nullíus
sit írritum votum, nullíus vácua postulátio,
tu nobis preces súggere, quas ipse propí-
tius audíre, et exaudíre delectéris.

FERIA VI

Rogámos étiam te, Dómine sancte Pater,


et pro spirítibus fidélium defunctórum: ot
sit illis salus, sánitas, gáudium, et refrigé•
rium, hoc magnum pietátis Sacraméntum.
Dómine Deus meus, sit illis hódie magnum,
et plenom convívium de te pane vivo, qui
de coelo descendísti, et das vitam mundo;
de tua carne sancta, et benedícta, Agni v,~
délicet immaculáti, qni tollis peccáta mnndi1
quae de se.neto et glorióso beátae Vírginis
Maríae útero est assúmpta, et de Spíritu
sancto concépta, ac de illo pietátis fonte,
qui per lánceam mílitis ex tuo sacrtltíssim.o
látere emanávit, nt exínde refécti, et satiáti,
refrigeráti et consoláti, exsúltent in lande
et glória tua. Peto cleméntiam tnam 1 Dó--

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PR.EPABATIO AD MISSAM 187

mine, ut descéridat super panam tibi sacri-


ficándum plenitúdo tuae benedictiónis, et
sanctificátio tuae divinitátís. Descéndat
étíam DócninE>, ilia sancti Spíritus tui invi-
~íliilis, incompreh<'nsibilísque majéstas, si-
cut quondam in Patrum hóstias descendé-
bat, qui et oblatiónes nostras corpus et san-
guinem tuum effíciat, et me indígnum sa-
cerd6tem d6cf!at tantum tractáre mystérium
cum cordis puritáte, et lacrymárum devo-
tióne, cum reveréntia et trem6re, ita ut
plácide ac benígne suscípias sacrifícium de
mánibus meis ad salútem ómnium, tam vi•
vórum quo.m defunctórum.

SABBATO

Rogo étiam te Dómine per ipsum sacro-


sánctum mystérium córporis et sánguinis
tui, quo quotídie in Ecclésia tua páscimur,
et potámur, ablúimur, et sanctificámur,
atque uníus summae divinitátis participes
effícimur: da mihi virtútes tuas sanctas,
quibus replétus bona consciéntia ad altáre
tuum accédam, ita ut haec coeléstia Sacra-
lllénta efficiántur mihi salus, et vita. Tu
enim dixísti ore tuo sancto, et benedicto:
Panis, quem ego dabo, caro mea est pro

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188 JESUS AO CORAÇÃO DO BACE!IDOTE

mundi vita. Ego som panis vivus qui de


coelo descéndi. Si quis mandocáverit ex,
hoc pane, vivet in aetérnom. Panis dnlrís-
sime, sana palátum cordis mei, ut séntiam
soavitátem amóris tui. Sana illod ah omni
lan~oóre, ut nollam praeter te séntiam dul-
cédinem. P!!,nis candidíssime, habens omne ,
delectaméntom, et omnem eapórem, qoi ;
nos semper réficis, et nunqoam in te défi- ·
eis: cómedat te cor meum, et dulcédine
sapóris toi repleántor víscera ánimae meae, •·
Mandúcat te Angelus ore pleno; mandúcet
et peregrínus homo pro módulo suo, ne
defícere possit in via, tali recrecitus viático.
Panis sancte, panis vive, panis monde, qui
descendísti de coelo, et das vitam mondo, ,
veni in cor meom, et monda me ab omni
inquinaménto earnis et spíritos. Intra in ··
ánimam meam, sana, et monda me intérios .
et extérius. Esto tutámen, et contínua salue· •
ánimae et corporis mei. Repélle a me in•
eidiántes mihi hostes, recédant procul a
praeséntia poténtiae tuae, ut foris et intns
per te munítns, recto trámite ad tuum re•
gnum pervéniam: ubi non in mystériis, si-.
cut in hoc témpore ágitur, sed fácie e.d
fáciem te vidébimus, com tradíderis re-_
gnum Deo et Patri, et eris Deus ómnia iD ~

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PR.EPARlTlO !D MlSSAM 189

6mnibns. Tunc enim me de te satiábis sa-


tietáte mirílica, ita ut nec esúriam nec sí-
tiam in aetérnum. Qui cum eódem Deo
Patre, et Spíritu eancto vivis, et regnas
per ómnia saecula saecnlórum. Amen.

Oratio S. Ambrosii
lndulg. 100 dierum. -Leo. PP. Xlll. 20 Dec. 1889

Ad mensam duldssimi convívii tni, pie


Dómine Jesu Christe, ego peccátor de
própriis méritis nihil praesúmens, sed de
tua confídens misericórdia et bonitáte ac-
cédere véreor et contremísco. Nam cor et
corpus hábeo multis criminibus maculátum,
mentem et linguam non cante custodítam.
Ergo, o pia Déitas, o treménda Majéstas,
ego miser inter angústias deprehénsus, ad
te fontem misericórdiae recúrro, ad te fes-
tíno sanándus, sub tuam protectiónem fú-
gio: et quem júdicem sustinére néqueo,
salvat6rem habére suspíro. Tibi D6mine,
plagas meas osténdo, tibi verecúndiam
IDeam détego. Seio peccáta mea multa et
IDagna, pro quibus tímeo. Spero ili miseri•
córdias tuas, quarum non est números. Res•
pice ergo in me óculis misericórdiae tuae,

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190 JESttB AO CORAÇÃO DO 8.6.ClRDOffi

Dómine J esu Christe, Rex aetérne, Deua et


homo, crucifíxus propter hóminem. Exáudi
me sperántem in te: et miserére mei pleni
misériis et peccátis, tu qui fontem misera-
tiónis numquam manáre cessábis. Salve sa-
lutáris víctima, pro me et omni húmano
génere in patíbulo crucis oblata. Salve, nó•
bilis et pretióse sanguis, de vulnéribus cru-
cifíxi Dómini mei Jesu Christi pró:fluens, et
peccáta totíus mundi ábluens. Recordár!'
Dómine, creatú1·ae tq.ae, quam too sánguine
redemísti. Poenitet me peccásse, cúpio
emendáre quod feci. Aufer ergo a me, cle-
mentíssime Pater, omnes iniquitátes et pec-
cáta mea: ut purificá tua mente et córpore,
digne degustáre mérea,r Sancta sanctórum:
et concéde, ut haec sancta praelibátio cór...
poris et sánguinis tui, quam ego indígnua
súmere inténdo, sit peccatórum meórum re•
missio, sit delictórum perfécta purgátio, sit
túrpium cogitatiónum effugátio, ac bonÓ•
rum sénsuum regenerátio, operúmque tibi
placéntium salúbris efficácia, ánimae quo•
que et córporis contra inimicórum meórum
insídias firmíssima tuí1io. Amen.

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l'BDAlU.TlO A.tl i.U!lsAM 191

Oratio S. Thomae Aquinatis


Indulg. 100 dierum. - Leo PP. XIII. :JO Dee. 1889

Omnípotens sempitérne DeuA, ecce ac-


cédo ad sacrao:iéntum uoigéoiti Fílii tui
Dómini nostri J esu Christi : accédo tam-
quam infírmus ad médicum vitae, immún-
dus ad fontem misericórdiae, caecus arl lu•
men claritátis aetérnae, pauper et egénus
ad Dóminum cceli et terrae. Rogo ergo
imménsae largitátis tuae abundántiam, quá-
tenus meam curáre dignéris infirmitátem,
laváre foeditátem, illumináre caecitátem,
ditáre panpertátem, vestíre nuditátem : ut
panem Angelórum, Regem regum, et Dómi-
num dominántium, tanta suscípiam reve-
réntia et humilitáte, tanta contritióne et de-
votióne, tanta puritáte et fide, tali propósito
et intentióne, sicut éxpedit salúti ánimae
meae. Da mihi, quaeso, Domínici córporis
et sánguinis non solum suscípere sacramén-
tum, sed étiam rem et virtútem Hcramén-
ti. O mitíssime Deus, da mihi córpus unigé-
niti Fílii tui Dómini nostri J esu Cbristi,
quod traxit ele Vírgine Maria, sic suscí-
pere, ut córpori suo mystico mérear incor-
porári, et inter ejus membra connumerári.
O amantíssima Pater, concéde mihi dilé•

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192 JBSIJS A.O· OOBAQÃO no SACERllOTB

ctum Fílium tuum, quem nunc velátuoi iq -


via suscípere propóno, reveláta tandem fá..;
cie, perpétuo contemplári. Qui tecum vivit,
et regnat in unitáte Spíritus sancti Deus,
per ómnia saecula saeculórum. Amen.;

Oratio ad B. V. Mariam
Indulg. tCO àierum. - Leo PP. XIII. 17 Febr. 1888:

O Mater pietátis et misericordire, beatís-


sima Virgo María, ego miser et indígnn1
peccátor ad te confúgio toto corde, et af-
féctn ; et precor pietátem tuam, ut éicu~
dulcíssimo Fílio tuo in cruce pendénti
adstitfati, ita et mihi mísero peccatóri, et
sacerdótibus omnibus hic et in tota sanct~
Ecclésia Mdie ofl't,réntibus, cleménter as-
sístere dignéris, ut tua grátia adjúti, di_.
gnam et acceptábilem hostiam in conspéetO:
summre et indi vidure Trinitá tis offérre V&'."_
leámus. Amen.
Oratio ad S. Joseph
Indmg, 100 àierom.-Piua PP. IX. 4 Febr. tlitJ
O Felíeem virum beátum Joseph,. 411.i
datum est, Deum, quem multi regaa ;vé)I.

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PR.1EPABATIO AD MISSAM 193

vérunt vidére, et non vidérunt, audére, et


non audiérunt: non sol um vidére et audíre,
sed portáre, deosculári, vestíre et custo-
díre !
y. Ora pro nobis, beáte Joseph.
~- Ut digni efficiámur promissi6nibus
Christi.

ÜRÉMUB, - Deus, qui dedísti nobis re-


gále sacerd6tium, prresta quresumus, ut si-
cut beátus Joseph unigénitum Fílium tuum
natum ex Maria Vírgine, suis mánibus re-
verénter tractáre méruit et portáre, ita nos
fácias com cordis' mundítia et 6peris in-
nocéntia tuis sanctis altáribus deservire, ut
sacrosánctum Filii tui corpus et sángui-
nem hódie digne sumámus, et in fa.túro
sreculo prcemium habére mereámur retér-
num. Per Christum Dóminum nostrum.
Amen.

Oratio ad omnes Angelos et Sanctos

lndtdg. 100 dierum. -Leo PP. XIII. 20 Dee, 1884

Angeli, Archángeli, Throni, Dominatió-


nes, Principátus, Potestátes, Virtútes coe-
lórum, Chérubim atque Séraphim, omnes
13
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194 JESUS &O CORAÇÃO DO S&CBRDOTE

Sancti et Sanctre Dei, prresértim Patr6ni


mei, intercédere dignémini pro me, ut hoe
sacrifícium Deo omnipoténti digne váleam
offérre, ad laudem et gl6riam n6minis mei,
ad utilitátem meam, totiúsque Ecclésire
sure sanctre. Amen.

Oratio ad Sanctum

IN CUJUS HONOREM MISSA CELEBBATUB

Indulg. 100 dierum. -Leo PP. XIII. 20Dec.1884

O Sancte N. ecce ego miser peccátor de


tuis méritis confísus, offérre nunc inten•
do sacratíssimum sacraméntum córporis et
sánguinis Domini nostri Jesu Christi pro
tuo honóre et gloria: precor te humílite1'.
et dev6te, ut pro me hódie intercédere di.;
gnéris, ut tantum sacrifícium digne et ae-
ceptabíliter offérre váleam, et eum tecum,
et curo 6mnibus eléctis ejus reternaliter
laudáre, atque cum eo semper regnáre vá--
leam. Qui vivit.

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PR!EPARATIO AD MISSAM 195

Formula intentionis ante Missam

lndulg. 50 dierum. - Gregorill8 PP. XIII

Ego volo celebráre Missam, et confícere


corpus et sánguinem Dómini nostri J esu
Christi, juxta ritum sanctae Románae Ec-
clésiae, ad laudem omnipoténtis Dei, to-
tiúsque cúriae triumphántis, ad utilitátem
meam, totiúsque cúriae militántis, pro
6mnibus, qui se commendavérunt orati6ni-
bus meiij in génere, et in ilpécie, ac pro
felíci ,statu sanctae Románae Ecclésiae.
Amen.

Gaudium cum pace, emendatiónem vi-


tae, spátium verae poeniténtiae, grátiam
et consolati6nem sancti Spíritus, perseve-
rántiam in bonis opéribus, (cor contritum
et humiliatum, atque felicem vitae meae
consummationem) tríbuat mihi omnipo-
tens, et misericors Duminus. Amen.

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196 JEBUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

TRES PE'fIT_lONES .
A.D B. V. MARIAM 1

I. - Castissima Virgo Maria, rogo te


per íllam innocentíssimam · puritátem, qua
filio Dei in útero tuo virgináli placítam
mansi6nem praeparasti, ut tuís précibus
ab ómni mácula merear emundári.
II. - Humillíma Virgo, rogo te per pro-
fundissimam íllam húmilitatem, qua súper
ómnes choros Angelórum et sanctórum
meruísti exaltári, út tufa précibus sup·
pleántur omnes negligentiae meae.
III. - Amabilíssima Virgo Maria, rogo
te per singulárem ac tantum íllum amó•
rem, qui sanctam túam animam insepara-
biliter Deo conglutinavit, ut tuís précibU:s
praestetur mihi cópia requisitórum merito•
rum.

1 Estas tre!I petições foram ensinadas pela


plesma Santa Virgem a Santa Gertrudes, segundo
consta de suas obras (livr. IV, cap. XLIX), a fim
de os sacerdotes obterem a disposição nccessaria
J'&l-'ll celebrar digna!Dente.

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GRATfARUM ACTÍO POST MISB.A.114 197

GRATÍARUM ACTf0 POST MISSAM

(SEGUNDO O MISSAL ROMANO) 1

Ant. Trium puer6rum • cantémus hy-


mnum: quem cantábant sancti in camíno
ignis, benedicéntes .Dómino. (No tempo
Paschal accrescenta-se Allelúia. A An-
tiphona duplica-se sempre nas festas du-
plices).

CANTlCOM TRIUM POEROROM

Benedícite ómn_ia 6pera Dómini Dómi-


no: • laudáte et superexaltáte eum in
saecula.
Benedícite Angeli Dómini Dómino : •
henedícite eoeli Dómino.
Benedícite aquae omnes quae super

1 Sua Sa11tidade Leão XIII, por Decreto de 20


de dezembro de 1884, concedeu Indulgencia de um
anno a quem recitar, além do Cantico Benea.'íctus
e o Psahno Laudáte, com os tt., Antiphonas e
Orações annexas, as duas supplicas subsequentes,
de S. Thomaz d'Aquino (Gratias tibi ago) e de
S. Boaventura (Transjige). ·

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198 JESUS AO CORAÇÃO DO BACEIIDOTE

coelos sunt, Dómino. • benedícite omnes


virtútea Dómini, Dómino.
Benedícite sol et luna Dómino: • be-
nedícite stellae coeli Dómino.
Benedícite omnis im ber et roe Dómino:
• benedícite omnes spíritus Dei Dómino.
Benedícite ignis et aestus Dómino : •
benedícite frigus et aestua Dómino.
Benedícite rores et pruína Dómino : •
benedícite gelu et f rígus Dómino.
Benedícite glácies et nives Dómino: •
benedícite noctes et dies Dómino.
Benedícite lux et tenebrae Dómino: •
benedícite fúlgura et nubes Dómino.
Benedícat terra Dóminum : • laudet et
superexáltet eum in saecula.
Benedícite montes et colles Dómino: •
benedícite univérsa germinántia in terra
Dómino.
Benedícite fontes Dómino : • benedícite
mária et flúmina Dómino.
Benedícite cete et ómnia, quae movén-
tur in aquis, Dómíno: bénedicite omnes
vólucres coeli Dómino.
Benedícite omnes béstiae et pécora DJ-
mino: • benedícite fílii hóminum Dómino.
Benedícat Israel Dóminum : • laudet et
superexáltet eum in saecula.

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GRATfARUlll ACTfo POST MISSilt: 1!)9

Benedícite sacerdótes Dómini Dómino:


• benedícite servi Dómini Dómino.
Benedícite spíritus, et ánimae jústorum,
Dómino: • benedícite sancti, et húmiles
corde Dómino.
Benedícite Ananía, Azaría, Mísael Dó-
mino : • laudáte et superexaltáte eum in
saecula.
Benedicámus Patrem et Fílium cum
sancto Spíritu: • laudémus et superexalté-
mus eum in saecula.
Benedíctus es Dómine in firmaménto
coeli, • et laudábilis, et gloriosus, et super-
exaltátus in saecula.
Non dicitur Glória Patri, etc.
PsALMOS 150.
Laudáte Dóminum in sanctis ejus: •
laudáte eum in firmaménto virtutis ejus.
Laudáte euro in virtútibus ejus: • lau-
dáte eum secúa.dum multitúdinem magni-
túdia.is ej us.
Laudáte eum in sono tubae : • laudáte
eum ia. psaltério et cíthara.
Laudáte eum in tympano, et choro: •
laudáte eum in chordis, et órgano.
Laudáte eum in cymbalis · benesonánti-

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200 JEo \;8 AO CORAÇÃO l>O SACEROOTF.

bus: • laudáte eum in cymbalis jubilatio-


nis: • omnis spíritus laudet Dóminum.
Glo'l'ia Patri, etc.
Ant. Trium puerórum • cantémus hym-
num; quem cantábant sancti in camíno
ignis, benedicéntes Dóminum.
Kyrie eléison. Christe eléison. Kyrie
eléison.
Pate'I' noste'I', etc.
y, Et ne nos indúcas in tentatiónem.
RI, Sed líbera nos a maio.
f Confiteántur tibi, Dómine, ómnia
ópera tua.
IÍ). Et sancti tui benedícant tibi.
y. Exsultábunt sancti in glória.
IÍ). Laetabúntur in cubílibus suis.
y. Non nobis, Dómine, non nobis.
IÍ). Sed nómini tuo da glóriam.
y. Dómine exáudi oratiónem meam.
IÍ). Et clamor meus ad te véniat.
y. Dóminus vobíscum.
~- Et curo spíritu tuo.
ÜRÉMUB. - Deus, qui tribus puéris mi'ti-
gásti flammas ígnium: concéde popítius,
ut nos fámulos tuos non exúrat flamma
vitiórum.
Actiónes nostras, quaesumus, Dómine,
aspirándo praeveni et adjuvándo prosé•

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GRATÍARUM ACTÍO POST MISSAM 201

quere: ut cuncta nostra orátio et operátio


a te semper incípiat, et per te coepta 6-
niátur.
Da nobis, quaesumus, Dómine, vitiórum
nostrórum flammas extínguere, qui beáto
Lanréotio tribuísti tormentórum suórum
incéndia snperáre. Per Christum Dóminnm
nostrum. ~- Amen.

ALIAE ORATIONES
POST OELEBRATIONEM ET OOMMUNIONEM
DIOENDAE

Oratio S. Thomae Aquinatis

Grátias tibi ago, Dómine sancte, Pater


omnípotens, retérne Deus, qni me peccató-
rem, indígnnm fámulnm tuum, nullis meis
méritis, sed sola dignatióne misericórdiae
tnae satiáre dignátus es pretióso córpore
et sánguine Filii tui Dómini nostri Jesu
Christi. Et precor, nt haec sancta commú-
nio non sit mihi reátns ad prenam, sed
intercéssio salutáris ad veniam. Sit mihi
armatúra fídei, et scutum bonae voluotá-
tis. Sit vitiórum meórum evacuátio, concu-
piscéntiae et libídinis extermioátio, caritá-

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202 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

tis et patiéntiae, humilitátis et obedién-


tiae, omniúmque virtútum augmentátio :
contra insídias inimicórum ómnium, tam
visibílium quam invisibílium, firma defén-
sio : mótuum meórum, tam carnálium, quam
spirituálium, perfécta quietátio: in te uno
ac vero Deo firma adhaesio : atque finis
mei felix consnmmátio. Et precor te, ut ad
illud ineffábile conví viuw me peccatórem
perdúcere dignéris: ubi tu cum Fílio tuo
et Spíritu sancto, Sanctis tuis es lux vera,
satíetas plena, gáudium sempitérnum, ju-
cúnditas consummáta, et felícitas perfé-
cta. Per eúmdem Christum Dóminum nos-
trum. Amen.

Oratio S. Bonaventurae

Transfige, dulcíssima D6mine J esu, me•


dúllas et víscera ánimae meae suavíssimo
ac salubérrimo am6ris tui vúlnere, vera,
serenáque et apostólica sanctíssima cari-
táte, ut langneat et liquéfiat áoima mea
solo semper amóre et desidério tui, te con•
cupíscat, et defíciat in átria tua, cúpiat
dissólvi et esse tecum. Da, ut áoima me&
te esúriat panem Angelórum, refectiónem
animárum sanctárum, panem nustrum quo•

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GBATÍARIDI .t.CTfo POIST MISSAM ~03

tidiánum, eupersnbstantiálem, habéntem


omaem dulcédinem et eapórem, et omne
delectaméntnm euavitátis: te in quem de-
síderant Angeli prospícere, semper esúriat,
et cómedat cor meum, et dnlcédine sapóris
tui re'pleántur víscera ánimae meae : te
semper sítiat fontem vitae, fontem sapién-
tiae et sciéntiae, fontem aetérni lúmiais, tor-
réatem voluptátis, ubertátem domus Dei;
te semper ámbiat, te quaerat, te invéaiat,
ad te tendat, ad te pervéaiat, te medité-
tur, te loquátur, et ómnia operétnr in lau-
dem et glóriam nóminis tui, cum humilitáte
et d iscretióne, cum dilectióae et delecta-
tillne, cum facilitáte et afféctu, cum perse•
verántia usque in finem : et tu eis solus
semper spes mea, tota fidúcia mea, divítiae
nwa, delectátio mea, jucúnditas mea, gáu-
dium meum, quies et tranquíllitas mea,
pax mea, suávitas mea, odor meus, dul-
cédo mea, cibus meus, reféctio mea, refú-
gium meum, auxílium meum, sapiéntia
mea, pórtio mea, posséssio mea, thesáurus
meus, in quo fixa et firma, tt imwobíli-
ter semper sit radicáta mens mea, at cor
meum. Amen.

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204 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERMTE

0ratio de Passione Domini 1

Obsecro te, dulcíssime D6mine Jesu


Christe, ut pássío tua sit mihi virtus qua
múniar, pr6tegar, atque deféndar, vü.lnera,
tua sint mihi ctbus, potúsque, quibus pas•
car, inébrier, atque delécter: aspérsio sán•
guiais tui sit mihi ablútio ómnium delict6-
rum me6rum : mors tua sit mihi glória
sempitérua. L. bis sit mihi reféctio, exsul•·
tátio, sánitas, et dulcédo cordis mei. Qui
vívis et regnas in saecula saeculórum.
Amen.
Confessoriis 0mnibus 9

ÜRATIO. - Da mihi, D6mine, sedium.. tua•


rum assistrícem sapientiam, ut sciam ju-.

1 O Santo Padl'e Pio IX, por decreto de 11'


de dezembro de 1846, revogada qualquer outra
concessão, concedeu aos Sacerdotes que, depoie de,
celebrareiri, recitarem a oração : Obsecro te, dulcia- •
sime, etc., Indulgencia de 3 annos, tambem appli·
cavei aos defunct'ls.
2 Por decreto de 27 de março de 1854, conce•
deu tambem o Santo Padre Pio IX, a todos 08
confessores que, contrito saltem corde, ac pie, reoi~
tarem a oração : Da mihi, Dómfoe, etc., Indulgen•
eia de 100 dias, uma só vez cada dia.

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GRATÍARUM ACTÍO POST MISSAM 205

dicare populum tuum in justítia, et pau-


peres tuos in judicio. Fac me ita tractare
claves regni Crelorum, ut nulli aperiam
cui claudendum sit, nulli claudam cni ape-
riendum sit. Sit intentio mea pura, zelus
meus sincerus, caritas mal patiens, labor
meus fructuosus. Sit in me lenitas non re-
missa, asperitas non severa, pauperem ne
despiciam, diviti ne aduler. Fac me ad al-
liciendos peccatores suavem, ad ,interro-
gandos prudentem, ad instruendos peritum.
Tribue, quaeso, ad retrahendos a maio so-
lertiam, ad confirmandos in bono sedulita-
tem, ad promovendos ad meliora indus-
triam, in responsis maturitatem, in consiliis
rectitudinem, in obscuris lumen, in im-
µlexis sagacitatem, in arduis victoriam;
inutilibus colloquiis ne detinear, pravis ne
contaminer, alios salvem, meipsum non
perdam. Amen.

Aliae invocationes post Missam dicendae 1

Anima Christi, sanctífica me.


Corpus Christi, salva me.

1 O Santri Padre Pio IX, por decreto da


S. C, das Indulgencias, a 9 de janeiro de 1854,

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206 mms AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Sanguis Christi, inébria me.


Aqua látéris Christi, lava me.
Pássio Christi, conf6rta me.
O bone• Jesu, exáudi me.
Intra tua vúlnera absc6nde me.
Ne permíttas\me separá.ri a te.
Ah hoste malígno defénde me.
ln hora mortis meae voca me.
Et jube me veníre ad te.
Ut cum Sanctis tuis laudem te.
ln saecula saecul6rum. Amen.

revogada qualquer concessão anterior, concedeu


in perpetuum a todos os fieis de ambos os sexoil
que, saltem corde contrito ao devote, recitarem as
invocações: Anima Chri11ti, etc., - Indulgencia de
300 dias por cada recitação ; - Indulgencia de
7 annos, por uma só vez cada dfa, aos Sacerdotes,
se as recitarem depois da celebração, e aos maii
fieis depois da Communhílo ; - e Indulgencia !>le•
naria aos que, corde contrito ac devote, as recita-
rem por um mez inteiro, ao menos uma vez cada
dia, a qual poderão lucrar em qualquer dia do
mez, á sua escolha, comtanto que, verdadeira-
mente contritos, se confessem, communguem e VÚÍ•
tem uma egreja ou oratorio publico, e orem ahi por
algum tempo, segundo a mente de Sua SantidRCie
que a concedeu. Todas estas Indulgencias podem.
ser applicadas pelas almas do Purgatorio.

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GRATfARUlll AOTfO POST MISSAM 207

Rythmus S. Thomae Aquinatis

Indulg. 100 dierum- Leo PP. XIJI. 2_!J Dec. 1884

Adóro te devóte, latens Déitas,


Quae sub his fig"tíris vere látitas:
Tibi se cor meum totum súbjicit,
Quia te contémplans, totum déficit.
Visus, tactus, gustus in te fállitur,
Sed audítu solo tuto créditur:
Credo quidquid dixit Dei Fílius,
Nil hoc verbo Veritátis vérius.
ln cruce latébat sola Déitas,
At hic latet simul et humánitas:
Ambo tamen credr.ns, atque cónfitens,
Peto quod petívit latro poenitens.
Plagas, sicut Thomas, non intúeor,
Deum tamen meum te confíteor :
Fac me tibi semper magis crédere,
ln te spem habere, te dilígere.
O memoriále mortis Dómini,
Panis vivos Yitam praestans hómini:
Praesta meae menti de te vívere,
Et te illi semper dulce sápere.
Pie pellicáne, J esu Dómine,
Me immúndum monda tuo sánguine :
Cujus una' stilla salvam fácere,
Totum mundum quit ab omni scélere.

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208 JESUS AO COBAQÃO DO 8.lCEBDOTB:

J esn, qnem velátum nunc aspício,


Ora fiat illud, quod tam sítio :
Ut te reveláta cernens fácie,
Visu sim beátus tuae glóriae. Amen.
Gratiarum actio
O dnlcedo córdis mei, et vita mima.e
meae, et jucúnda requies spíritus mei, du-1-
cis J esn ! immortáles tíbi ago grátias pro
omnibns bene6ciis mihi collafü; signanter
véro qnía hódie me dignnm fecisti, vérum
et immaculátum córpus et sanguínem tuum
pretiosissimum consecrare, pertractare, il-
ludqQ.e tíbi offérre in memoriam tuorum
mirabilium, ad tuam glóriam, et in remis-
sióoem ómnium peccatórum, tam meórum 1
quam illórum pro quíbus orare et offérre
proposui, illoque in salútem et consolatió'.'
nem anima.e meae cibari et nutriri. Qua•
própter vére dicére audeo: Cibus meus
Chrístus, et égo ejús. Multiplico érgo, et
quotiescúmque respiro, multiplicare intendo
meam voluntátem in infinitum in tuís lau•
dibus: precorque Beatíssimam Virgínem,
Angelos, Sanctos, Sanctas, et nniversas
creaturas, pro me immensas tíbi reférre
. grátias. Imo quia ista míuime sufficiunt, te
supplico, ut tíbi ípsi grátiari agére, te lau•

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GRA TÍARUM AClÍ POBT MISSAM 209

da.re et gl6rificare complaceas: et qnia di-


gnátns es istam indígnam, tna.m tamen fa-
cére habitatiónem, dignare quoque apud
ipsam perpétuam facére mansiónem. Effice
me hóminem secúudum Cor tuum. Uni me
tibi intime, et tótum transforma ac trans-
muta •·in te. Salva me, Jesu Christe, et
cunctam a me hostio antiqui depelle nequi-
tiam, per tuam innoeentíssimam Passió-
nem. Oro itidem, ut digneris grátias et in-
dulgentias ómnes, quas, hoc sacrificio vel
commúnione mediante, acquirere et lucrari
possum; concedere, tam mihi, quam alíis
vivis et defonctis quibus applicare propo-
sni: quia tcipsum, et pro ipsis exoro, pro
qnibus et tu vis, et sanctíssimus Pontifex
intendit hac de causa me debere orare.
Amen.
Pater nost_er ••• Ave-Maria •••
Oratio ad 8. V. Mariam
lndulg. 100 dierum. -Leo PP. XIII. 20 Dec. 1884
O María, Virgo et Mater sanctíssima,
ecce suscépi dileetí~simum Fílinm tuum,
quem immaculáto útero tuo concepísti, ge-
nuisti, laciásti atque suavíssimis ampléxi-
bus strinxisti. Ecce, cujus adspéctu lmta•
báris, et omnibus delíeiia replebária, illum

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210 JESUS AO CORAÇÃO DO S.ACdDOTlll

ipsum tibi humíliter et amánter reprre~énto,


et óffero tuis bráchiis constringendum, too
corde amandum, sanctissimreque Trinitáti
in suprémum latríre cultum, pro tuo ipsíus
honóre et glória, et pro meis, totiusque
mundi necessitátibus offeréndu111. Rogo
ergo te piissima ?rlater, impetra mihi vé-
niam ómnium peccatórum meórum, ube-
rémque grátiam ipsi dt-ínceps tidélius ser-
viéndi, ac dénique grátiam finálem, ut enm
tecum laudáre possim per ómnia erecula
sreculórum. Amen.
Oratio S. Augustini
O sacratíssima, o sereníssima, et ínclyta
gloriósa Virgo J.\llaría, quae Creatórum om•
nium creaturárum, in too sacratíssimo
útero fuísti digna portáre, sólaque virgf~
neo úbere lllctáre: cujus veracíssimum, sa•
crúmque corpus, et sánguinem ego indí•
gnus peccátor, modo 6Ú111ere praesúmpsi,_
tuam humíliter déprecor misericórdiam, ut
apud ipsum pro me peccatóre intercédere
dignéris, ut quidquid in hoc tam ineffábili,
ac digníssimo sacrifício, per me indígnn11l
ignoránter, vel negligénter, aut uccidentáli-
ter, seu irreveréuter, scílicet in tractándo
et suméndo, ac ministrándo actum 9ft;

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OBATÍARtJM AOTfo POBT MISSAM 211

commíssum, vel omíssum, tuis sacratíssimis


précibus indulgére di~nétnr idem Dóminus
noster Jesus Christus J:4,ílius tuus, qui cum
Patre et Spíritu sancto vi'vit et regnat in
saecula saeeulórum. Amen.
Oratio ad S. Joseph
lndulg. 1G0 dierum. - Pius PP. IX. 4 Febr, 1877
Vírginum custos et pater, sanete Joseph,
cujus tidéli eustódire ipsa innoeéntia Cbris-
tus Jesus et Virgo Vírginum Maria com•
missa füit: Te per hoc utrúmque carís-
simum pignus Jesum et l\faríam óbsecro
et obtéstor, ut me ab omni immundítia
prre9ervátum, mente incontamináta, puro
corde, et casto córpore, J esu et l\iaríre
semper fácias castíssime faruulári. Amen.
Oblatio sul
lndulg. 3G0 dierum. -Leo PP. XIII. 25 Maii 1883
Suscipe Dó~ine univérsam meam liber-
tátem. Aecipe memóriam, intelléctum, at-
que voluntátem omnem. Quidquid hábeo,
vel possídeo, mihi largítus es: id tibi totum
restituo, ae ture prorsus voluntáti trado
gubernándum. Amórem tui solum cum grá-
tia tua mihi dones, et dives sum aatis, neo
áliud quidquam ultra poseo,

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212 Jll'.808 AO CORAÇÃO DO SAClliRl>oTB

Quinque Puncta
AN'fE VEL POBT COMMUNIONEIII UTILI88IME RECITANDA

I. - Detéstor et abóminor ómnia et sín•


gula peccáta mea, et ómnium aliórum com-
míssa ab inítio mundi usque in hanc horam,
et deínceps usque ad tinem mundi com-
mitténda: et, si possem, impedirem per
grátiam Dei, quam supplex invoco.
II. - Laudo et ápprobo ómnia hona
ópera, facta a princípio mundi usque in
hanc horam, et deínceps usque in tinem
mundi faciénda: et, si possem, ac multiplicá•
rem per ,z-rátiam Dei, quam supplex invoco.
III. -Inténdo ómnia fácere, dícere et
cogitáre ad majórem D~i glóriarn, cum
ómnibus illis bonis intentiónibus, quas San•
cti unquam habuérunt, vel habébunt, vel
habére possunt.
IV. - Ignósco et dimitto ex toto corde
meo ómnibus inimícis meis, ómnibus me
calumniantibus, ómnibus mihi detrahénti-
bus, ómnibus quocúmque modo mihi no·
céntibus, vel voléntibus mala.
V. - Utinam omnes h6mines salváre pos•
sem moriéndo pro síngulis 1 Libénter id fáce•
rem per gratiam Dei, quam proptérea sup-
plíciter implóro, et sine qua nihil possum.

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GR.lTfABtJM ACTfo POBT MIBBill 213

Oratio ad D. N. J. C. cruciflxum

En ego, o bone et dulcíssime Jesu, ante


conspéctum tuum j:!énibus me provólvo, ac
máximo ánimi ardóre te oro, atque obtés-
tor, ut menm, in cor vívidos fídei, spei et
carih\tis sensus, atque veram peccatórum
méorum poenitentiam, éaque emendándi
firmís~imam voluntátem velis imprímere:
dum magno animi afFéctu et dol6re tua
quinque vúlnera mecum ipse considero, ac
mente contémplor, illud prre 6culis habens,
quod jam in ore ponébat tuo David pro-
phéta de te, o bone Jesu: Fodérunt manus
meas et pedes meos: dinumeravérunt ómnia.
Qssa wea, (Ps. 21).

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214 JBS"CS AO CORAÇÃO DO SACERDOTII:

Indmgentia plenaria pro illis qui, peracta sa-


cramentali Confessione et sacra Uommunione re-
fecti, corde saltem contrito et devoto, sequentem
Oratio11tm ante quamcumque D. N. J. C. crucipi
imagillem recitaverint, et pro S. Matris Ecclesi<B
necessitatibus orave·rint. - Pius PP. IX. 31 Julli/
1868. ,

Oratio Clementis Papai XI

Credo Dómine ! sed credam fírmus. Spero


Dómine ! sed sperem sectí.rius. Amo Dó-
mine ! sed amem ardéntius. Dóleo Dúmine 1
sed doleam vehémentius.
Adóro te, ut primum princípium: desí-
dero, ut finem últimum: laudo, ut benefa,
ctórem perpétuum : invoco, ut defensórem
propítium.
Tua me sapiéntia dírige: justítia cón•
tine: cleméntia soláre: poténtia prótege.
Offero tibi Deus cogitanda, ut sint ad
te: dicénda, ut sint de te faciénda, ut sint
secúndum te: ferénda, ut siat propter te.
Volo, quod vis : volo, quia vis : volo,
quómodo vis : volo, quámdiu vis.
Oro Dómine ! intelléctum illúmines: vo-
luntátem inffámmes: corpus emúndes: á.ni-
mam sanctífices.
Défl.eam prreteritas iniquitá.tes : repellam

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GRATÍARUM ACTÍO POST MISSAM • 215

futúras tentatiónes: córrigam vitiósa pro-


pensiónea: éxcolam idóneas virtútea.
Tríbne mihi bone Deus amóreril tui:
ódium mei: zelnm próxirui: contemptum
mundi.
Stúdeam anperióribus obedíre: inferióri-
bua aubveníre : amícis consúlere : inimícis
párcere.
Vincam volnptátem austeritáte: avarí-
tiam largitáte: iracúndiam lenitáte: tP.pi-
ditátem pietáte.
Redde me prndéntem in consíliis: cons-
tántem in perículis : patiéntem in ad versis:
hu~ilem in prósperis.
ac Dómine, ut sim in oratíone atténtns:
in 'pulis aóbrius, in múnere sédulns: in
pro ósito firmns.
Üllrem habére innocéntiam interió-
rem: modéstiam exteriórem : conversatió-
nem exemplárem : vitam regulárem.
N atúrre invígilem domándre: grátire fo-
vénd~: legi servánd::e: salúti promerénd::e.
Discam a te, quam ténue, quod terré-
num : quam grande, quod divínum: quam
breve, quod temporáneum: quam durábile,
quod ~térnum.
Da, mortem pncvéniam: judícium pertí-
meam: inférnum effúgiam : paradísum ob-

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216 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

tíneam. Per Christum Dóminum nostrum.


Amen.

• Litania, SS. Dominis Jesu

Kyrie, eléison.
Christe, eléison.
Kyrie, eléison.
Jesu, audi nos.
Jesu, exáudi nos.
Pater de crelis Deus,
Filii Redémptor mundi, Deus,
Spíritus sancto Deus,
Saucta Trínitas unus Deus,
Jesu Filii Dei vivi,
Jesu splendor Patris,
Jesu candor lucis aetérnre,
Jesu rex glorire,
Jesu sol justítire,
Jesu Filii Marire Virginis,
Jesu amábilis,
Jcsu admirábilis,
Jesu Deus fortis,
Jesu pater futúri sreculi,
Jesu magni consílii Angele,
Jesu potentíssime,
Jesu patientíssime,
J esu obedientíssime,
Jesu mitis et húmilis corde,
Jesu amátor castitátis,
Jesu amátor noster,
Jesu Deus pacis,
Jesu auctor vitre,
Jesu exémplar virtútum,

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LlTANI.E se. DOMINIS JEBU 217

Jeeu zelátor anirnárum,


Jesu Deus nostcr,
Jesu refúgium nostrum,
Jesu pater páuperum,
Jesu thesaure fidélium,
Jesu bone pastor,
Jesu lux vera,
Jesu sapiéntia retema,
Jesu bónitas infinita,
Jesu via et vita nostra,
Jesu gáudium Angelórum,
Jesu rex Patriarchárum,
Jesu magíster Apost0lórum,
Jesu doctor Evangelistál'um,
Jesu fortitúdo Mârtyrum,
Jesu lumen Confessórum,
Jesu púritas Virginum,
Jesu coróna Sanctórum ómnium,
Propítius esta, parce nobis Jesu.
Ab omni maio,
Ab omni peccáto,
Ab ira tua,
Ab insídiis diáboli,
A spíritu fornicatiónis,
A morte perpétua,
A negléctu inspiratiónurn tuárum,
Per mystérium sanctm incarnatiónie tum,
Per nativitátem tuam,
Per infántiam tuam,
l'er diviníssimam vitam tuam,
Per labóres tuas,
Per agnníam et paseiónem tuam,
Per cruccrn et dcrelietiónem tuam,
l'er languórcs tuas,
l'er mo1·tem et sepultúram tuam 1

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218 JESUS AO CORAÇÃO DO BAOERDOTE

Per resurrectióncm tuam,


Per giludia tua,
l
! i:
' e...ig
Per glóriam tuam, ) ! ti:
Agnus Dei, qui tolliij peccáta mundi,J parce 11ohia
Jesu.
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, exáudi nos
Jesu.
Aguus Dei, qui tollis peccáta mundi, miserére no-
bis Jesu.
Jesu, audi nos.
Jesu, exáudi nos.
ÜRÉMus. - Domine Jesu Christe, qui dixísti:
Pétite, et accipiétis ; qu::erite, et inveniétis; pulsá-
te, et aperiétur nobis: qu::esumus, da nobis petén-
tibus di viníssimi tui arnóris afféctum. ut te toto
corde, ore et ópere diligárnus, et a túa nunquam
laude cessérnus.
Sancti Nórninis tui Dómine timórem páriter et
amórem fac nos habérc perpétuum : quia nunquam
tua gubernatióne destítuis, quos in soliditáte tum
dilectiónis instítuis. Per Dóminum nostrum Jesum
Christum Fílium tuum : Qui tecum vivit et regnat
in unitáte Spíritus sancti Deus : Per ómnia s::ecula
s::eculórum.
1). Amen.

Litanire Lauretanre B. Marire Virginis

Kyric, cléison.
Christe, eléison.
Kyrie 1 eléison,

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LITANl,E UURETAN.E D, MARIA> VIRGINIB 219

Christe, audi nos.


Christe, exáudi nos.
Pater de cralis Deus, miserére nobis.
Filii, Redêmptol' mundi, Deus, miserére nobis.
Spiritus Sancte Deus, miserére nobis.
Sancta Trinitas unus Deus, miserél'e nobis.
8ancta l\forí a,
Sancta Dei Génitrix,
Sancta Virgo vírginum,
Mater Christi,
Mater divíme grátire,
l\I ater puríssima,
:\1 ater castíssima,
Mater inviohíta,
l\l ater intemeráta,
Mater amábilis,
Mater admirábilis,
Matar boni consílii,
Mater Creatóris,
Meter Salvatóris,
Virgo prudentíssima,
Virgo venerânda,
Virgo prredicânda,
Virgo potens,
Virgo clemens,
Virgo fidélis,
Spéculum justítire,
Sedes sapiêntire,
Causa nostrre lretítilB,
Vas spirituále,
Vas honorábile,
Vas insígne devotiónis,
l{osa mystica,
Turris Davídica,
Turris ebí\rnea 1

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220 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

Domus áurea,
Fcederis arca,
Jânua cceli,
Stella rnatutína,
Salus infirrnórum,
Refúgiurn peccatórum,
Consolátrix ufflictórum,
Auxílium christianórum,
Re11:ína Angclórum,
Regína Patriarchárum,
Regína Propbetárum,
Regína Apostolórum,
Regína Mártyrum,
Re1adna Confessórum,
Regina Vírginum,
Regína Sanct6rurn ómniurn.
Regina sina labA origináli concépta, i
Regína sacratíssimi Rosárii, I
Agims Dei, qui tollis peccáta mundi, parce nobis,
Dómine.
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi, exaudi nos,
Dómine.
Agnus Dei, qui tollis peccáta mulildi, miserére no-
bis.
Sub tuum prresídium confúgimus, Sancta Dei
Génitrix ; nostras deprecatiónes ne despícias in
necessitátibus nostris : sed a pedculis cunctis lí·
bera nos semper, Virgo gloriósa et benedícta.
V. - Ora pro nobis, Sancta Dei Génitrix,
1):. - Ut <ligui efficiârnur promissiónibus Christi,
ÜnÊMus. - Grátiam tuam, qumsurnus, Dómine,
méntibus nostris inf(índe : ut qui, Angelo nui:i·

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LITANU: SACRO COR JESU 221

till.nte, Christi Fílii tui lncarnatiónem cognóvimus;'


per passiónem ejus et crucem ad resurrectiónis
glóriam perducâmur. Per ci'undem Christum Dó-
minum nostrum.
IJ,. -Amen.

Litanim Sacro Cor Jesu


Kyrie, eleison.
Christe, eleison.
Kyrie, eleison.
Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.
Pater de ccelis Deus,
Filii, Redemptor mundi Deus, \
Spiritus Sancte Deus, \
Sancta Trinitas, unus Deus,
1. Cor Jesu, Filii Patris reterni,
2. Cor Jesu, in sinu Virginis Matris a Spi-
ritu Sancto formatum,
3. Cor Jesu, Verbo Dei substantialiter uni-
tum,
4. Cor Jesu, Majestatis infinitre,
ó. Cor Jesu, Templum Dei sanctum,
ô. Cor Jesu, Tabernaculum Altissimi,
7. Cor Jcsu, domus Dei et pnrta cmli,
8. Cor Jceu, fornax ardens caritatis,
\J. Cor Jeeu, jnstitire et amoris receptaculum,
10. Cor Jcsu, bnnitatc et amorc pleuum,
11. Cor Jeeu, virtutnm ornnium abyssus,
12. Cor Jesu, omni lauda dignissimum,
18. Cor Jesu, rex et centrum omnium cor•
dium,

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222 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOTE

14. Cor Jesu, in quo sunt omnes thesauri sa- \


pientire et scientire, \
15. Cor Jesu, iu quo habitat omnis plenitudo
divinitatis,
16. Cor Jesu, in quo Pater sibi bene compla-
cuit,·
17. Cor Jean, de cujus plenitudine omnes nos
accepirPuP
18. Cor Jcsu, <l.: ;iderium collium reternornm,
19. Cor Jesu, patiens et multre misericordire,
20. Cor Jesu, dives in omncs qui invocant Te, =:
:.
21. Cor Jesu, fone vitre et sanctitatis, 1D
22. Cor Jesu, propitiatio pro peccatis nostris, 1D .
23. Cor Jcsu, saturatum opprobriis, s,
24. Cor J csu, attritum propter acelera nostra, ~
25. Cor Jesu, usque ad mortem obediens fa.
ctum,
26. Cor Jesu, la1,cea perforatum,
27. Cor J esu, fons totius consolationis,
28. Cor Jesu, vita et 1·csurrectio nostra,
29. Cor Jesu, pax et reconciliatio nostra,
30. Cor Jesu, victima peccatorum,
31. Cor Jesu, salus in te spcrantium,
32. Cor Jcsu, spes in te morientium,
33. Cor Jesu, delicire sanctnrum omnium,
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis,
Domine,
Agnus Dei, qui tollis peceata mundi, exaudi nos,
Domino.
Agnua Dei, qui tollis peccata mundi, miserere no-
bis.
t. Jcsu mitis, et humilia corde, (Alleluia).
i,, Fac cor nostrum eecundum oor tuum,
(Aliei.).

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Ll'U.Nl.<E B, 30SEPH 223
Ou11os. - Omnipotens sempiterne Deus, res-
piee in Cor dileetissimi Filii tui et in laudes et sa-
tisfaetiones, quas in nomine peeeatorum tibi per-
solvit, iisque miserieordiam tuam petentibus, tu
veniam concede plaeatus in nomine ejusdem Filii
tui Jesu Christi qui teeum vivit et regnat iu uui-
tate Spiritus Saneti Deus, per omnia Bll!eula s1eeu•
lorum. Amen.

Litania S. Joseph

Kyrie, eleison.
Christe, eleiso11.
Kyrie, eleison.
Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.
Pater de eailis, Deus, miserere nobis.
Filii, Rcdemptor mundi, Deus, miserere nobis.
Spiritus sanete, Deus, miserere nobis.
Saneta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.
Sa11ta Maria,
Sanete Joseph,
Proles David iuelyta,
Lumi,n Patriareharum 1
Dei Genitrieis sponsa,
Custos pudiee Virginis,
Filii Dei nutritie,
Christi defensor sedule,
Almre Familire praisas,
Joseph justissime,
Joseph eastissime,
J 01eph prudentiBBime1
Joeeph fortis■ime,

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224 JESUS AO CORAÇÃO DO SACERDOrE

Joseph obedientiBBime,
J osepb fidelieeime, ·
Spoculum patientire,
Amator paupertatis,
Exemplar opificum, ;f
Domeeticre vit.:B decus,
Custos virginum, 3
Familiarum columen, l
Solatium mieerorum, iõ'
Spce regrotantium,
Patrone morientium,
Terror dremonum,
Protector eanetre Eccleeire,
Agnus Dei, qui tollie pel'cata mundi, parce nobis,
Domine.
AgiiuB Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos,
Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere no-
bie.
t. Conetituit eum dominum domus sure.
1), Et principem omnie poseeesionie sure.
ÜREMus. - Deus, qui ineffabili providentià bea•
tum Joseph sanctiesimre Genitricie ture sponsum
eligore dignatus cs : prresta, quaesumus ; ut quem
protcctorem venernmur in terris, interceesorem ha•
bere mcreamur Ílil ccelis: Qui vi vis et regnas in
smcula smculorum. Amen, •

FIM

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BIBLIOTHECA CATHOLICA

A A~11ee11a ou 1\ Esperança. Dedicado ás me-


ninas da Primeira t..:ommunhào, pelo Padre
Lufa Pacheco.
Alloe1■ fÕe11 e discurs'ls dos mais celebres ora-
dores para o retiro e dia da Primeira Commu-
nhào, pelo Abbade Uuillc>rmin. 2 vol.
A AI ■na ao Coração de Jesus, colloquio,
A Alma aos pés de Jesus. Piedoso alimento de
solidas devoções ou epitome das especiaes ora-
ções de que se serve a santa Egreja para im-
plornr as Divinas .\lisericordias.
A A.I111a aos pés de .\laria Santissima, a arvore
da vida, por Mgr. João Filippo.
A111or e 1lel!ltlita, roma1ice religioso.
O A11jo tia to ...•e, pelo Parlre Previti.
Os il.11jo11 110 la1·, pelo auctor das Palhetas
d'Ouro.
Ao Cl-o ! ao Cl-o ! ConsolAções ás pessoas que
soffrem, pnr S. Affonso .\1. Ligorio.
Awe-Maria. Saudação angelica para canto e
piano. Musica de Soeiro.
Billtetes ou sortes que se devem distribuir pe-
los fieis durante as Quarenta Horas.
Bill1ete11 ou sortes para serem distribuídos no
mez do Coração de J csus.
Billaetes ou sort<!s para serem distribuídos no
mez de S. José.
Billaetel!I ou s,,rtes dos Santos Anjos, para uso
da juventude catholica.
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226 Biblietheca Catholica

Bill1ete11-zeJ111lore11 da Guarda d'Honra do


Sagrado Coração de Jesus.
1.ª serie para uso das Ordens Religiosas.
2.ª serie para. uso dos Seculares.
3. 8serie para uso dr,s Pensionados.
4.ª serie para uso dos Homens da Guarda
d'Honra e para todos os chrietãos mili-
tantes.
Brewe 11otiei11 sobre a cruz ou medalha de
S. Bento.
O Cab11zi ■ll10 de B.ôres, consagrado á Rosa
myetica Maria, :\làe de Jesus, etc., pelo Padre
Luiz Pacheco.
Caneio11ei ■•o de Leão XIII ou os versos
latinos e italianos de S. Santidade, postos em
rima pnrtugueza, pclf) Padre J, J. d'Abreu
Ca.mpo Santo.
Ca11tieo11 com acompanhamento de musica para
a novena do nascimento do Menino Deu8.
Ca11tit"08 para a novena do nascimrnto do Me-
nino Deus até aos Reis on Epiph1mia..
Ca111i11l10 tia perfei~ão, composto por San•
ta Thercza. de Jesus.
C:e111 eontos, pelo Conego Schrnid.
O Uéo, Piedosos pensamentos para as Filhas de
Ma.ria.
C:11111111111111 do 11111or nu provas qne Jesus
Christo nos deu do seu amor na Obra da Re-
dempção, por Santo Affonso 1\1. de Ligorio.
Os ei ■1eo 1lo111i11go11 cm honra das Chagas
de S. Francisco.
C:0111bate t>llttiritnal, pelo Padre Scupoli.
C:01111n1111bão 1•e1,111•a1lora em dcsa.ggravo
d11 SS. Coração de Jesus.

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Biblioeheca Caeholica 227

Couferen•ias religiosas que nos domin-


gos da Quaresma recitou nos annos de 1882, 1888
e 1884 na sé Cathedrnl do Porto, Mgr. Luiz Au-
gusto Rodrigues Vianna.
C'o11sell1os 1n•11tieos sobre a Primeira Com-
. muuhiio, por }lgr. Ségur.
Co1u1ell1os a 1111111 al ■ua que quer ser toda
de Jesus.
Cora,ões aei111a ou soliloquios de Santo
Agostinho, traduzidos e anuotadns pelo Padre
Scnna Freitas.
Cortla das almas do Purgatorio.
Creio ou a crença em Jesus Christo, por Mgr.
• Sé~ur.
Critiea ú eritiea. Duas palavras de resposta
coutra um folheto protestante do Padre Gui-
lherme Dine. ~
lle111011stra~ão da religião elaristã.
Tratado de theologia fundamental apologetfoa,
pelo Dr. Hcttinger.
A De11ob1•iga, pnr Mgr. Ségur, .
De11s não dor11u•, pelo Padre Luiz Pacheco.
A. Dewm;ão do 11.osario. ThesQuro de ele-
gancia e de piedade, com .exemplos tirados das
obras do Padre Antonio Vieira.
Dia a dia de um espirito christào, pelo Padre
Senna Freitas.
Dieeio ■■ ario de synonymos latinos, por Bruns-
wich.
Diseursos e escriptos diversos, pelo Conego
Alves ~leodes.
Doe111uentos tle wirt1ule ensinados por Je-
sus Christo á alma que deseja a pe1·feição.
O Dog ■ua da Immaculada Conceição de Maria
Santissima, pelo P.e José Gonçalves d'Aguiar.

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228 Ribliotheca Catholica

O Dogma do Inferno, pelo P.e Schouppe.


A Do11zella el1ril!ltã, polo A bbade Saneai.
J)o11tri11a ■ 11a,011ie11, por Nemo.
Egreja Catlloliea e o seu clero regular e se-
cular, nas sciencias, nas lettras e nas artes, por
João de Lemos.
Ent1•e1Pni111e11tos do coração devoto com o
!:iS. Coração do Jesus, sogni<l'ls de alguns act0s
de dosaggravo e outros obsequias para passar
del'Otan eJ;1tO a hora qne ca<la mez se torna de
adoraçãl) ao CPraçào Santissimo, pelo Padre
Thoodoro do Almeida.
El!le1•i1ttol!I eatl101ieol!I tle ho111e111, polo
1
Padre Senna Freitas.
El!lti ■ 1111l01!1 do amor da Virgem '.\faria, l\lãe do
Deus, pelo Padre Theod'lr,, d'.Almeida.
A Es1re1J11 d .. l'W11za1• .. fl1, L<'ndas e tradi-
ções da Terra Santa sobre a SS. Vhgem Maria.
Continuação do Martvr do Gol,qotha de Escrieh.
5 vol. com gravuras.
Exereieio 11broviado de perfeição e doutrina
espiritual para extinguir vici'ls e adquirir vir-
tudes, pelo Padre Affonso Rodriguc>s S. J. Ap-
provado pelo Rcv.m 0 Sur. D. Antonio, Bispo do
Porto.
Exereieio das Quarenta Horas. Praticas piedo-
sas para entreter devotamente uma hora de re-
paração deaute <lo SS. Sacramento.
Exe ■•eieiol!I espiritnaes de Santo Igrnrnio de
Loyola, prnpnst<>s :Is pessoas secnlarc>s, pelo
Padre Pina11,011ti.
Ex1tosi,ão contra os protestantes da doutrina
catholica ácerca da prernuça real de Jesus
Christo no sac1·amento da Eu<'haristia, etc.,
..:._ pelo Padre José de Sousa Amado.

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Bibliotheca Catholica 229

Ex11ol!li,ão da religião christil, posta ao alcance


de todos.
O Fillao 1le 1'Ia1•ia, por Santo Affonso M. de
Ligorio.
Florel!I l!lalviflea11tel!I 1le Maio. Bilhetes
ou sortes para serem didtribuidos no rncz de
Maria.
08 F1•ade1!1, dcfcza, justificnçào e apologia iu-
suspcitissimns por João de Lemos.
O F1•a11eo-111a,ão da Virgem, por Bou-
hours. ·
Fruetol!I da devoção a Maria. Piedosos pensa-
mentos para as filhas de Maria, com 1~ gra-
vuras.
Ge111hloM da mãe de Deus affiicta ou estimulos
de compaixão de suas dôres, pelo Padre Theo-
doro de Almeida.
A G1•a111le 1n•o111 .. SMR. Comrnunhào das pri-
meiras sextas-feiras de nove mezcs consecutivos.
O G1•a111le tha11111ah11•go 1le Port11-
gal, ::iauto Antonio de Lisboa. Sua bistorin, sua
época e sua i.,ibliographia estudadas escrupulo-
samente nas suas primeiras fontes de Portugal,
França e ltalia pelo Dr. Carlos d,is · Neves, ~
volumes.
A lle1•a11,a de F1•a11eil!lea, por M.me
Bourd11n.
llisto1•ia 110 A11tiel1risto, pelo Padre Hu-
chedé.
llisto1•ia 1la a111u11•itjão de Nossa Senhora
de Lour<lcs, c,,m gravuras.
llir!ito1•i,~ da Eur ..ja eathollea cm Portu-
gal, no Brazil e 11:is possessões portul-(uezas, pelo
Padre José de Souza .\rnado. 10 volumes.
llistoria de Nossa Seuhorn, desde a sua An-

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230 Bibliotheca Catholica

nunciação até á sua Coroação no céo, por Joa-


quim José FerrcÍl'a. Com gravura@.
Historia 1m1tular dos Pa1ta11 desde S,
Pedro até nc ssos dias, por Mgr. Chantre!. 4
volumes.
Histo ■•ia da reforn111 1trotestantP, por
Cnbbett. Trad. pelo Padre José de Souza
Amado. Com 15 gravuras.
HiMto1•ia ,·e1•1l11deira 1111 iuquisi,ão.
Trad. pelo Padre .\1. J. Gonçalves Preza. 2 vo-
lumes.
Historieta•, colligidas pelo Padre Luiz Pa~
checo.
J10111ilia11 e,·angl'Ji .. as ou o Pastor ernn-
gelico ministrando ás suas ovelhas o alime11to
da palavra divina nas pr,lticas familiares doe
domine;os e principaes festas do anuo, pelo Pa-
dre Theodoro de Almeida. 4 volumes.
llo111ilias e se1•111ÕPl!!I 1n11•ochiaes pnra
todos os domingos do anuo, pelo Padre José
Jg-niteio Rnqu<'tc. 2 volumes.
A. llo ■•a d' A1lo ■•a,ao para uso das Associa-
dns d:i Adornçào Perpetua do Sagrado Coração
de Jesud.
A. llora Santa.
lloras Ua11011ie11s. Noções e modo pratico
de recitar o Oflicio divino. Coordenadas pelo
Padre Antonio da Silva Pires.
I111ita-;ão de t:hril!to, por Thomaz Kempis.
I111i1a.;ão do Sag1•ado C:01•a,ão de .Je-
s11s, pelo Padre At>rnondt.
I111ita,ão da SS. ''irge111, pelo Padre He-
rouvillc.
O l11fe1•1u,, se existe ; o que é; como podere-
mos evital-o, por ~lgr. Ségur. Com 2 gravuras.

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Bibliotheca Catholica 281

1'. lnte1•111uiion11I e o 01,erario, trnd.


pelo Pndre Rossa.
I ■at ■•odue,;ão á "ida devota, por S. Fran-
cisco de Sales .
.Jesus Cl1risto fallando ao coração do joven,
trad. por A. Pcixot() do Amarnl. Com gravuras .
.Jesus Cln•isto fal]ando ao cnraçào da filha de
Alaria, por Santo Affouso M. Ligorio. Com gra-
vuras .
.Jesus Cln•isto foliando ao coração do sacer-
cerdnte .
.Junto ao altar, pelo auctor das Palhttas
d'Ou-ro,
1'. L11 ■1111a1la 110 su ■atua ■•io pelo Cardeal
\Visemun.
O J,ilte ■•alilinno des ■uasl'a■•ado, por Ra-
micre, S. J. :! volumes.
O l,irio da 1I111•eza conservado por varios
meios c especialmeute pela devoçào do sagrado
cinto ·ao augelico dtJut11r S. Thumaz d'Aquino.
Livrinho de 1lelíi111gg ■•a,·o em honra do
S:::i. Sacrnmcuto, pelo Padre José de Souza
Amad,,.
Liv ■•inbo 1le ■nh;l!!!a para ns meniNos e me-
niuas que se preparam para a primeira commu-
nhào, por Prci \[anoel de Dend.
A l'tl11\!tn1a1•ia 1IPs ■uasea1•a1la, pelo Padre
Atl:'ousec-a l\lntt, s S. J.
1'. llla~o ■ uu•ia e os .Jesuítas, por D. Frei
Vital, llispo de Oliu<la.
Mãe do Ct'•o, andante religioso, para canto e
piano.
1'1111111111 da A ■•t•hie.011í1•u1•ia da Guarda
d'lloura do Sagrado Coràçào de Jesus. Com
gravuras.

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232 Bibliotheca Catholica

Manual do elero, collecçli.o de sermões, pa-


uegyrios, homilias e praticas.
lUa1111al da Congrega,ão dos Sa11tos
Anjos, para uso dos collegios ou pensionatos
de meninas.
Manual da Co11g1•ega,ão dos San1os
Anjos, para uso dos collegios ou pensionatos
de meninos. ·
Manual da doutrina christã para uso das crean-
ças, pn1· Manoel de Miranda.
Manual da Liga Anti-maçonica.
Manual das No,·i,as, por um Capellão
d'uma Cnmmunidade Religiosa.
Man11al da Pia U11ião das Fill■ as de
lffa1•in, cornpihu.lo pelo Couego Dr. Ananias
Col"l'êa do Amaral.
Ha com encadernações simples e de luxo.
M111111al 1•e•111e110 da Pia União das
Fillu,s tle .,r à1•ia textrahido cio anterior).
Manual da Pia União em honra de isanto
Antonio de Lisb-,a.
1tta111ud da 11ie1la1le el■ ristã, ti·ad. e com-
pilado das ol.Jrns de Santo Affonso M. Ligorio,
pelo Padre Miguel Ferreira d'Almcicla.
Ma1111al do 1mwo eln•istão (extrahido do
anterior,.
ltt1111ual das P1•ofes111111, por um Capellào
d'uma Commuuidadc Religiosa.
Manual das !!h111erio1•11s, por um Capellli.o
d'uma Communidade Religiosa.
Maria fallando ao coração das donzellas,
pelo Abuacle Bayle. Com gravuras.
Maria, 1101111a sal'l'Rfão, i:or Santo Affonso
.M. Ligorio.

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Bibliotheca OatlioZica 288

Maria Sautisshna. Arvore da vida, por


Mgr. João l<'ilippo.
O- 1'1at1•i ■11011io, sua lei Ratural, sua historia
e s112. importancia social, trad. pelo Dr. Luiz
Beltrão.
Medita,ões das lagrin1as de Nossa StJ-
nhora.
Jfledita,ões para a Oitava do SS. Sacramento,
por S. Affonso M. Ligorio. -
1'1edit114"ões sobre o Cor;u;ão Agonisante de Je-
sus. Na Terra Santa. O Jardim das Oliveiras e
o Monte Calvario.
Me ■norial das virgens christàs .
.il. Jfle ■ulieidade e o trabalho, por Silva Ramos.
1'1e11ino .Jesus honrado e imitado.
O Jfleu ith1e1•ario ua perngrinaçiio portu-
gueza a Roma, pelo Padre Illidio Costa.
Mez de .Janeiro. Pequeno rnez do Menino Je-
sus, pelo auctnr Jas Palhetas d'Ouro.
l'flrz de Janeiro ou o mez do SS. Nome de
Jesus, pelo Padre José de Souza Amado.
Mez de Jflar,o ou o mez de S. Joeé, por Bis-
caya.
1'-lez de l'flar,o ou o mez de S. José, por Oudoul.
Mez de l'flar,o ou o mez de S. José, por Ber-
lioux.
l'flez de l'fiar,o ou o mez de S. José, pelo au-
etor das Palhetas d'Ouro.
Mez de Jfia ■•,o ou o brevissimo mez de S. José,
dedicado 11.s almas que desejam imitar as suas
virtudes.
Mez de Maio ou o mez de Maria, pelo Abbade
Berlioux.
Mez de l'fiaio ou o mcz de !\faria, pelo Padre
José de Souza Amado.

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234 Bibliotheca Catholioa

Dez de Maio ou o mez de Maria da alma reli-


giosa, pelo Padre Demore.
1'1.ez de 1'laio ou o mez de Maria, pelo auetor
das Palhetas d'Ouro.
Dez de .J1111lao ou o mez de Sl\nto Antonio de
Lisboa, pelo Padre José de Souza Amado.
Dez ele .J11nlao ou o mez do Sagrado Coração
de Jesus, pelo Abbade licrlioux.
Dez de .J11 ■1l10 ou o mez do Sagrado Coração
de Jesus, pelo auclor das Palhetas d'Ouro.
Dez de .J1lllao ou o mez de Santa lzabel, Rai-
nha de Portugal, pelo l'adre José de Souza
Amado.
llez ele Sete111bro ou o mez de N. 8. de La
Salette.
Dez ele Outubro ou o mez Thereziano dedi-
cado a Santa Thereza de Jesus.
Dez de Outubro ou o 11,ez de N. S. do Rosa•
rio, pelo Padre José de Souza Amado.
Mez de O11t11bro ou o mez de N. S. do Rosa-
rio, pelo Conego Hallez.
Dez de Outuln•o ou o mez de N. S. do Rosa-
rio, pel,i Padre F. A. Carlos das Neves.
Dez de No"e ■nbro ou o mez das Almas para
todos, pelo Padre José de Souza Amado.
Df'z de No"e ■nl,ro ou o mez das Almas do
Purgatorio, pelo Abbadc Berlioux.
A ■norte real e a morte apparente com rela-
ção aos Santos Sacramentos, Trad, pelo l>r. l!'.
A. (':,rios das Neves.
A 1'I11J11er ou o anjo tutelar da familia, pelo
Padre Jeronymo José do Amaral.
A. ~ecessichule da Co1181111ão para a feli-
cidade d'este e do outro mundo, pelo Padre José
de Souza Amado.

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Bibliotheca Catholica 236

Os nossos bis1,os «lo eontine ■Ite, pelo


Padre Senna Freitas.
lWotawel_ pastoral sobre a maçonaria, pnr
Mgr. Bess,m, tJ·ad. pelo Padre Senna Freitas.
lWowena do Sagrado Coração de Jesus.
1Wowe1111 do .Menino Jesus de Praga.
Nowe1111 do ~lenino Jesus dos Atribulados.
1Wowe1111 do Menino Jesus. A flôr do Campo, pelo
Padre Manoel ~Iartins d'Aguiar.
1Wowe ■Ia do Senhor dos Passos.
lW0'1"e ■I11 de Maria Auxiliadora.
No-wena da lmmaeulada Conceição, pelo Padre
Theodoro de Almeida.
1Wowe1111 da lmmaculada Conceição, pelo Padre
Diniz, trnd. por Almeida. Garrett.
lWowena da lmmaculada Conceição conforme a
definição d<1gmatica de Pio IX.
1Wo,·e1111 de Nossa Senhora de Lourdes.
1Wcn·e ■I11 de Nodsa Seuh,,ra do Perpetuo Soecorro.
Xo,·e ■Ia de Nossa Senho1·a de La Salette.
1Wo,·e ■111 de Nflssa SC'nhorn da Lapa.
l\'owena de Nossa Senhora do Carmo.
Nowena do Coração de Maria.
l\'owe1111 da Purificação de Maria Santissima.
1W owena da Beata Margarida Maria Alacoque.
1Wowena de Santa Clara.
l'Wowe11a de Santa Rita de Cassia.
No'l"e1111 de Santa Thereza de Jesus,
Nowe1111 de S. Joaquim.
No,·ena de S. João Haptista.
1Wo,·e1111 de Sai.tn Antonio de Lisboa.
lWo'l"ena de S. Francisco de Sales.
Nc,we1111 de S. Fnncisco Xavier.
Nowena de S. Francisco d'Assis.
1W oweII11 de S. Luiz Gonzaga.

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236 Bibliotheca Gatholica

1Vo,•e11a de S. Miguel Archanjo,


No'l'ena de S. 8cbasti!fo, martyr.
1Vo-we11a em beneficio das Almas do Purgatorio,
por Bellcy.
lV0'1'e11a em honra das Almas do Purgatorio;
pelo Padre Gay. •
lVo'l'e ■aa em favor das Almas do Purgatorio, por
Blanchet. -
No-wena do Espirito Santo, por La Pucnte.
No,•ena do Espírito Santo, por S. Affonso M. de
Ligorio.
lVo'l'ena do desterro da Sagrada Familia. As
tres nçuceoas, pelo Padre Manoel Martins
d'Aguiar.
As N1111eias ,le 011ro, ou o jubileu sacerdo-
tal. Vollccção de sermões, por Mgr. Almeida
Ribeiro.
As Obra!i!I de 111iserieordia ou a Caridade,
peh1 Padre Luiz Pacheco.
Obseq11io de'l'otisshuo cm louvor de Je-
sus, Maria, José, Joaquim, Aona e S. Miguel.
Offleio menor do Sagrndo Coração de Jesus,
com texto portuguez ,1 latino.
Offleio do 8S. e lmmaculado Coração da B. Vir-
gem ;\faria para a conversão dos pcccadores.
OHleio de Nossa Senhora em latim, com as ru-
bricas cm pc>rtuguez. Seguido do ccremoniill
franciS,'.llllO,
Offleio pequeno da SS. Virgem Maria, exposto
na lingua portugueza pelo Padre Frei Francisco
de Jesus Maria Sarmento.
Ora,ão 111e11tal. Luz e methodo facil parn
todos os que quizcrem ter este importante exer-
cicio, por Frei Manuel de Deus.
Oratio11es dicendm cum sacerdos induitur sa-

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Bibliotheca Catholioa 237

cerdotalibus paramentis. (Formato 18 x 22, im-


pressão a duas côres).
O Padre Nosso. ~Ieditaçõcs de S1mta The-
reza de Jesus, para todos os dias da semana.
O Path•e j,11nto aos doêntes e ínori-
ltuntlos, coor,lenado pelo Dr. ~'. A. Carlos
das Neves.
O Padre 1•11roelli11n1lo, rezando e cele-
brando. Breves reflexões dedicadas aos jovens
sacerdotes, pelo Padre José V. P. de Carvalho.
O Pa1•ail!!IO 11a ter ■•a aberto aos que estão li-
vres e desej11m esenlher o estado mais seguro
da vida, pelo P,tdre Natale, S. J.
Para onde wa111os? Estudo sobre a vida fu.
turn. Fnetns iutimr•s; r11zões e manifestações
d'11lérn e11111pn, pc·lo Padre Lodiel 8. J.
A. Paz tl'ahnn, frucitn da devoção á Eucharis-
tia e do abandono á Providencia, pelo Padre
Chaignnn.
A.s Pequenas ~irhules de S. Francisco de
Sales.
Peq1u•nós saeriHeios nfferccidos a N. 8.
Jesus Christ,1 em favor das almas do Purgatol'Ío.
Pert>g ■•i1111,ão da familia celeste.
Pe ■•ftl d'11111 bene ■ne■•Uo. Discurso pelo
concgo Alves Mendes.
Pio IX e os segredos de La Salette.
Pratieu do a■nor a JC'sus Christo, por S11nto
Affnnso M. Ligorio.
P ■•hnei ■•a sexta-feh•a tio 111ez. A gr11n-
de promessa, communhào das primeiras sextas-
feh-11s de nove mczes consecutivos.
Pela est ■•a1l11 do h«-111, H.eligii\o e rnornl, Ii-
v1·0 das familias e das c11eas de educação, por
Cunha Cardoso.

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288 Bibliotheoa Catholica

Pen11a■nento11 eon110Jadore11 de 8. Fran-


cisco de Sales. Trnd. por Antonio Peixoto do
Amaral.
A. Prh11eira Co ■n11111nl1íio e suas cerimo-
11iae, pelo Padre Luiz Alberto Cid.
A.11 Pri11Õt"8 de .J1111q11eira durante o mi-,
nisterio díl Marquez de Pombal, pelo Padre
José de Souza Amado.
011 P1•ote111ante11 de11111a11earaclos ou os
protestantes de hontem, de hoje e de amanhã,
pelo Padre José de Souza Amado.
O Protestantis ■uo, o que é, e o que vale.
Os Quinze 111y11terio11 do Rosarlo. Bi-
lhetes para serem distribuidoe em familie. no
mez de outubro. Com 15 gravuras.
Re!1 ■•11 de S. He1110.
Rt"lie11r·io angeli._.o de Jesus Christo e de
Maria :Sa11tiesima. (Ha com encadernações sim-
ple3 e de luxo).
A Rt"ligiíio ensinada nos meninos, por Mgr.
Ségnr.
O Res1teito 110s te ■n1tlos ou observações
rnoracs e religiosas ácerca do compol'tnrnento
dos c.hrietàos nos Templos, etc., pelo Padre
José de Souza Amado.
A Ro ■na. Esboços e narrativas de viagem, pelo
}'adre Cnpella. ,
Ro!ilario doe devotns do SS. Coração de Jestls.
Rosario 111edit11do.
Rosario para pedir o amor de Deus.
Sahi11ia111111 ou os primeiros Apostolos da Gal-
lia, por Uucnnt. .
A Sagrada Co11111111nl1ão, por Mgr. Ségur.
O Segredo da 111a,011aria, pelo Dispo de
Grenoble.

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Bibliotheaa Catholiaa 239

Se111ana 1la11 al ■nas.


Se111a11a de 1u11or ao portento dos milagres
de Santo Antonio.
A. Se111a11a 11a11tilleada pela devoção ao
Sagrado Coração ele Jesus.
Se11te11nrio devot0 e abreviado das Dôres de
Maria Snntissima. •
Se11te11ario de No1ss11. Senhorn das Dôre11, por
Frey Raymundo d-•e Anj0s Beirão.
A. Se1•a111ti11a do Car111eJo. Vida de Santa
Thereza de Jesus, pelo Conde de Samodàes.
Ser111õe11 RW1■ l11011. Collecçi\.o de quarente. e
oi to se1·mões.
Se1•111õe11 eon111leto11, de Camara Silvai.
2 vol.
Ser111õe11 e1n1111leto11, do Padre l\fonücl José
Pereil"a dos Santos. 3 vol.
Se1•111õe11 eo11111leto11, do Padre Theodoro
de Almeida. 3 vol.
Ser111õe11 eseollaidos, do Padre Antonio
CorrêF. Pires. 3 vol.
Ser111õe11 eMeollaidos, do fümcfieiado Silvei-
ra l\lalhà0. 3 vol. ·
Ser111Õt'8 t>8eoll1i1l011, df) Concgo Alves Ma-
thcus. 2 vol.
Se1•111õe11 eseoll1iclo11, do Padre Manoel Ri-
beiro de Figueiredo.
Ser111õe11 c,n h>1Rrn de N. Senhora, seguidos de
Panegyricns dos Santos e das Sautas, pelo Pa-
dre H,nquctc. 2 vol.
Ser111õe11 compostos e prégados P"r Santo An-
. tonio de Lisboa.
As Sete 11alaV ■'R8 de Jesus Christo na cruz,
precedidas pelas que proferiu dunmte a sua
Paixão, etc., pelo l'adre 8cbouppc, S. J,

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240 Bibliotheca Catholica

Soliloquios da. alma affiicta deante de Deus,


pelo Padt·e Theodoro de Almeida.
Soliloq11ios de Santo Agostinho. Corações aci-
ma, trad. pelo Padre Senna Freitas.
Ter"o e "isit11s ao SS. Sacramento, Obse-
quios ao Cornçào de Jesus.
Tlleso11ri11l10 das almas piedosas, pelo Padre
Thomaz Vitale, S. J. ·
Tllesou1•0 divino. Setenta e cineo meditações
sobro a Paixão de Jcsns Chl'istl"J.
Tl1eso11ro de paciencia nas chagas de Jesus
Christo ou consofaçào da alma atribulada na
meditação das penas do Salvador, pelo Padre
'rhcodoro de Ahr,cida.
T1•ezc-u11, orações e canticos cm honra de San-
to Antonio. pelo l'adrc Enghicn.
O T1•h11111tl10 da 1nn•eza, pelo Padre Dre-
xelio.
(.1111 lirio entre espinhos.
U111 q11nrto de h,,r,t de ornçào, segundo ns ins-
trncções da Virgem seraphica e dontorn Santa
Thcreza de Josns, 011 meditações p:ua cada dia
do mcz, pelo l':ulre Uemiquc de Oesó.
U111a l1ora na prescnçR de Jeans Sacramentado.
U111a l101•11 de adnraçào ao Santissimo Sacra-
meRto.
Un111 ,·ieti ■na das rn,ís compauhi!!s. Drama
cm tres actns, por Mg-r. I{ocli-igucs Via1111a.
A. wc-1•dalleira sei .. 11eia 011 compendio de
d,,utrina christ:\, mDr11l e dvilidarlc cm f6rma
de catcchese, pelo Padre Antonio ( :nnêa Pires.
Ve1•il1ule11 eo1110 p1111luu1, por :Vlgr. Ségur.
Via-1111era ou piedosos exercícios para o santo
tempo da Quaresma.
'l"ietorino ou aventuras de um joven romano.

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Bibliotheca Catholica 241
Wida de Pio IX. Resumo da historia de Pio IX
para o povo, pelo Padre Luiz Pacheco.
Vida de N. S. Jesus Christo, seguida rla historia
dvs Apostoloa, por D. Antonio Macedo Costa.
Vida, milagres e historia rle Santa Filomena.
Vida de Santa lzabel, H.aiuha de Po1·tugal, pelo
Padre José de Souza Amado. ·
Wida de Sa1üta Thereza de Jesus, a Seraphina dQ
Carmelo, pelo Conde de Samodàes.
''ida de Santo .Antonio de Lisboa, pelo Paire
José de S,mza Amado.
Vida de Sauto Antonio de Lisboa, pelo Dr. F.
A. Carlns das Neves. 2 vol.
Vida do Vcncravcl Padre Joào Gabriel Perboyre.
''ida de Santo l~1u1d" de Loyola, prr Daurignac.
''ida· e morte da Filh:t_ de ;\ln ria. Com ~4 gra.v.
''i ■1tt> e ei11eo 1101• ee11to I .Aos cem dispa-
rates dos protestantes, viute e ciuco respostas
sem réplica por um que leu a Biulia, pelo Pa-
dre Carlos H.adcmakcr, S. J.
Visitas a S. José para cada dia do mez, por
Santo Affnnso M. de Ligorio.
Visitas a S. Luiz Uonzaga.
Visitas ao SS. Sacramento e á SS. Virgem, por
Sauto Atfouso ~I. de Ligorio. Trad. pelo Padre
José l\faria Ribch·o da Silva. (Ha com diversas
encHdcrnações, simples e luxuos!ls).
''isitas ao ::iS. i:-acrameuto e á Santis~ima Vir-
gem, para cada um dos dias da semana.
O Voto das al ■111u1 • .Acto heroico de carida-
de em beneficio das almas do Purgatorio.
A. Voz do pa1•oel10. <.:ollecçào de sermões,
pelo Padre Cruz Curado.
A. Voz do p1•esbytero. Sermões eelectoa,
po1· Mg1·. Almeida Ribeiro. 8 vol. ·

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242 Bibliotheca. Ca.tholica

A VOZ DO EVANGELHO
ou

THESOURO DOS PRÉGADORES


COLLADORADO POR ORADORES
E OUTROS ECCLESIASTICOS COIIPETENTISBIMOS

TOMOS I a III
Se1"111ões eseoll1illos do Beneficiado Fran-
cisco Raphacl cta Silveira Malhão. 3 vol. con-
tendo 40 sermões.

TOMO IV
Sermões··eseollaitlos do D. Abbade d'Anta,
Manoel Ribeiro de Figueiredo. 1 vol.

TO\IOS V_ a VIII
llomilia,s ewa11gelieas ou o Pastor Evan•
gelico ministrando ás suas ovelhas o alimen•
to da palavrn divina nas praticas familiares
dos domingos e prindµae:; festas do anno,
pelo Padre Theodoro cte Almeida. 3.a edição.
4 vol.
TOMOS IX e X
Ser111ões em honra de Nos~a Senhora e Pane-
gyricos dos santos e das santas, pelo Padre
José lgnaoio Roquete. 2 vol.

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Bibliotheca Catliolica 248

TOMOS XI e XII
Ho11ailias e Ser111ões parochiaes para to-
das as domingas do anno, pelo Padre José
lgnacio Roquete. 2 vol.

TOMO XIII
Manual cio rle1•0, Collecção de sermões
panegyricos, homilias e praticas. 1 vol. in-4. 0

TOMOS XIV e XV
Ser111ões eo11111Ietos, de Gamara Sinval. -
I. Sermões dos S;,ntos e de Nossa Senhora.
- II. S:>rmões de Nosso Senhor e Discursos
diversos. 2 vol.

TOMOS XVI a XVIII


Ser111ões eo11111Jetos, do Padre Theodoro
de Almeida. 2.a edição. - I. Sermões de Nos-
sa Senhora. - II. Sermões da Quaresma. -
III. Sermões panegyricos. 3 vol.

TO}IOS XIX a XXI


Ser111ões eseoll1idos, do Parocho Antonio
C'.lrrêa Pires. 3 vol.

TOMOS XXII a XXIV


A ,roz do Presbyte1•0. Sermões selectos,
de Mgr, José Maria d'Almeida Ribeiro. 2,a
edição. 3 vol.

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244 Bibliotheca Catholica

TOMOS XXV e XXVI


Se1•1nões eseollaitlos, do Conego Joaquim
Alves Matheus. 2 vol.

TOMO XXVII
Discursos e Eseri1atos diversos, do
Conego Alves l\Iendes. 1 vol.

TOMO XXVIII
A Voz cio Pa1•oelm, Collecção do sermões,
pelo Padre José Antonio .\!arques da Cruz
Curado, Prior de Gavião. '1 vol.

TOMO XXIX
A.111 1W111aeias ele Ouro ou o Jubileu Sacer-
dotal. Collecção de sermõe~, de ~Igr. José
Maria d' Almeida llibeiro. 1 vol.

TOMOS XXX e XXXI


Se1•111ões, do Padre J. N. Oliveira e Sousa.
2 vol.

TOMOS XXXII e XXXIII


Allocu~ões e dhieursos dos mais cele-
bres oradore5, para o reLi1·0 e dia da Pri-
meira Comrnunhão, pelo Abbade Guillermin.
Trad. por Gomes dos Santos. 2 vol.

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Bibliotheca Cathotica 245

TOMOS XXXIV e XXXV


Alloe11,õe11 e di11e11rsos dos mais cele-
bres oradores, para casamentos. 2 vol.

TOMOS XXXVI a XXXIX


Alloeu,ões e 11iseur11os dos mais cele-
hres oradores conternporaneos, sobre a SS.
Virgem. 4 vol.

TOMOS XL a XLIII
Alloe11,õe11 e di11e11rso11 de circumstan-
cia: Culto e cerimonias; Obras de fé; de
zêlo; de instrucção; de caridade, de patrio-
tismo, etc. 4 vol.

Tü'IOS XLIV a XLVI


Ser111ões eo ■1111leto11, do Padre Manoel
José Pereira dos Santos, vulgo Padre Ma-
noel de Ilõssas. 3 vol.

TOMO XLVII
Co ■1 fereneias religiosas, que nos do-
rnin~os da Quaresma recitou nos annos de
1882, 1883 e 1884 na Sé Cathectral do Porto,
Mgr. Luiz Augusto Rodrigues Vianna. l vol.

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246 Bibliotheca Catholica

CAMINHO
DA PERFEIÇÃO
COMPOSTO POR

Santa Thereza de Jesus

1 VOLUM·E

Para encomio d'esta obra basta o nome da sua au-


ctora, a mystira doutora Santa Thereza. Escripto para
as religiosas do Carmelo, qne Santa Thereza amava
com ternura de mãl', n'elle abre o seu coração, ensi-
nando--lhes os raminhos mais reconditos da virtude e
perfeição diristii.
A simplicidade que Santa Thereza punha em todas
as s111s Pbras, parece qne faz realçar mais o Caminho
da Perfeição, qne ainda que dedirado ás religiosas, é
romtudo utilisRimo a to,la!i as pessoas q1ie se de,liram
á piedade, por 111e lhes aplana o raminho da virtude,
fazendo-lhes far.il, o que a muitas pessoas parer,e im-
praticavel.
Ao Rnr. Aloysio Gomes da Silva em•iamos os nos-
sos parabens pelo bello livrinho 1·0111 que arabn de
brindar o publi1\0 1 e agrade1~mos a offcrta d'um
exemplar.
( Vo:,; de Santo Antonio).

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Bibliotheca CatlioUca 247

EXERCI CIO
(A.BRE\IIA.DO)

DE PERFEIÇÃO
B doutrina espiritual para extinguir via/os
e adquirir virtudes
PELO

PADRE AFFONSO RODRIGUES


Da Companhia ,te Jesua

Primeira edição da Livraria Catholica Portuens0,


appromda pelo Kxe.mº e Rev.mo Snr. D. Antonio, Bispo do Porto

1 volume de 528 paginas

Divide-se em tres partes ou livros, cujos dois pri-


meiros dizem respeito a to,las as pessoas que procuram
a Deus, ou unir-se mais a elle, e o terceiro se refere
em partienlar á vida na Reli1?ião ou ,te communidade,
mule porém as pessoas seculares encontram ensinos de
que não podem presrinclir, por se conter n'elle muita
doutrina r11lativa á dire<'ção espiritual, que é commum
ao estado religioso e secular.
Esta obra é pequena em volume, mas cheia de pie-
dade, de luzes e <la mnis sã doutrina. O que desejamos
de todo o coração é que este livro seja lido, relido e
meditado, para as almas terem parte nas- graças com
que o Senhor favoreceu o trabalho do sabio e piedoso
auctor, que o emprehendeu para gloria do seu santo
nvme e utilidade tia sua Egreja.

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248· Bibliotheca Gatholica

MANUAL
DA

PIA UNIÃO DAS flLHAS DE-MARIA


BOB O PATROCINIO DA VIRGEM IMMACUJ.ADA
E DE SANTA IGNEZ

TRADUZIDO E COMPILADO
Pl<':LO

Conego Ananias Corrêa do Amaral


Approvado por alguns prelados e pelo Dircctor Geral
da Pia União em Homa
SEXTA EDIÇÃO
1 VOL, DE 512 PAGINAS

MANUAL PEQUENO
DA

PIA UNIÃO DAS FILHAS DE MARIA


{EXTRAHIDO DO ANTERIOR)
1 VOLUME D.l:C 320 PAGI:'."IAS

Reparem que sejam ae edições da Livraria Ca-


tliolica Pnrtue11se, para nfto lhes impingirem ae
fraudulentas, feitas pnr une individuos eem eeeru-
puloe e eern dig11i<l11de, que, movidos pela i11v1>ja
do larguiesimo acolhimento qne têm tido estes dois
livros, apresentam-n'ns em publico como traducções
novas, quando s6 trabalhou a tesoura e gi-ude !

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Bibtiotheca Catholica 249

O PADRE
Jl!IITO AOS

DOENTES E MORIBUNDOS
IEODKDO

Capettman, Clave!, Deseurets, Düx,


Gi·enet, Maeher, Olfers, Servant, Surbled, Stub, Titlie
e outros medico-moralistas

COOBDE~.A.D0 POB

F. A. Carlos das Neves

Em dois volumes de 500 e tantas paginas cada um

I VoL"MR - Assistencia col'pOrfll, ou Medi•


cinR PRstorRI, cnmprehendendo Phylliologia, Hygione,
Palhologia e Neorobia Paatoraea, redigida• anb inopecçio e
retoque do Exc."'º 8:nr. Dr. José R. de Carvalho, clinico
portuense. lmportanlleeima a. ena ultlma secção, onde Re des-
creve o que melhor e mate recPnteme-ute ae tf·m 8icripto ao-
bre: agonia dos moribundos, assistencia e Sacramentos aos
moribundos, lucidez de agonlsantes. momento preciso da
morte, morte apparente e slgnaes da morte.

II Vor.oME -Assistencia espil'ltunl, oomprehe:n•


dendo: obri,ração, •araotor e 8m daa 11lai"'8 do Pastor d'al-
mas aos enfermos; seu pro<'eder na ronfi,são dos dtlalorea,
obstinados, ind;ffcrentes, etc. ; obrigaç8el!I ruferentes ao J,'ia-
tioo e é. Ext,-ema,- Unar,ão, relativas ao Parocho e aoe enfer•
mos, e tmpe,\lmPUt'lB da sua r•cepçio; advertencl&i 11011 Pa•
,Ires e f'Xhortaçõce aos f'Df.. rmos Pm sua agor&ia; abaolvlç&es,
Jacula101·ias e aapira~i5•s que podem aantiftcar as almaa, até
ao aeu ultimo alento de vida.

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250. Bibliotheca. Catholica.

PENSAMENTOS CONSOLADORES
DE

S. FRANCISCO DE SALES
Naa provas e tentaçõea da vida lnlerlnr, nas enfermidades
dR alm:-L e dn oorpo, no te1nor ex.ees■ l'Vo da morte e doa
jnizoa de Deus, na perda doe parentes e ami!fOI, etc.,
recol bidoa 11011 aeü.a ei;:ertptna e po,.to.1 em ordem com no•
tas doa mestros da vida eoplrilnal, pelo Pedra Huguet.
Versão portugnera de ANTOBIO Pl<IXOTO DO AKARAJ., re•
vista por B, DA e. P.
Com approoaçllo
do Eo:c,m• • Rev,m• Snr. D • .Antonio, Biapo do Porto

O nome do grande mestre do espírito, S. Francisco


de Sales, é o maior elogio, e a maior recommendação
que a esta obra se póde fazer.
Pensamentos Consoladores.' Sim, é isto precisa-
mente do qae as almas mais neeessitam: a consolação
na viria espiritual. Quantos corac;õrs atribulados, a go-
ti>jar s;rngue, não desmaiam no caminho da virtude, e,
afiguranilo-s,-lhe impossível chegar a uma grande san-
tidade q11e os santos apresentam em suas vidas, deses-
peram; e o desespero apartando-as da pratica do bem,
rouba muitaR almas que Deus veio remir rmn seu san-
gue. Ora a leitura tl'esta adoravel obra, tão ingenua e
simples como o coração do meigo Bispo de Genebra,
vem remediar este grande mal moral, talvez o maior e
mais commum de quantos grassam no mundo ascético.
( Vo~ de Santo Antonio). ·
1 1ulume de 384 pagina.,, e eom o relralo de S. Frand•eo de Sales
Pedir em toda a parte a 'edi9ão da Livraria C~
tholica Portuense;

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Bibliotheca Catholica 261

UMA VICTIMA DAS MÁS COMPANDIAS


DRAMA EM 3 ACTOS
POR
Mgr. Luiz Augusto Rodi-igues Vianna
. Reiislo ptlo fadre Oonçah !1111

• A1•abamoe «le receber, edita,lo pelo eur. Aloysio


Gomes da. Silva, este s'oberbo drarua, esrripto por uma
pl'nna auctorisada «iomo era a do virtuoso sacerdote
que foi Mgr. Luiz Vianna.
Hoje, que o theatro se transforma n'uma eecóla de
degradação moral, onde se exhibem escandalosa e im-
prude~temente as peças mais pernfoiosas e attentato-
rias dos bons costumes, hoje que o theatro é um ver-
dadeiro poço de podridão social e serve de estimulo re-
pugnante ás paixões mais vis e abjectas, torna-se ne- ..
cessHria a divulgação de peça onde a moral se não
occulte n'um manto de vergonha e nos proporcione
uma •listra,~ão grata e innocente.
Appellamoe. pois, ·para que todos os esrriptores ra-
tholicos que hajam escripto quaesquer produr.ções para
o theatro as p11bliq11eru e propaguem pelos Circnlos
Catholicos e casaR de e1l11cação, on,le se ,·ae notando a
falta de pE>çaR instrnctivas e e,lucadorns.
O rlrarna Uma victima das rnás companhias que
é C')mposto em 3 actos, foi revisto pelo rev, Padre Gon-
çalo All-es, 411e promette tamberu puhli,•ar mais dois
dramas ,lo mesmo auctor com os títulos Trabalho e
<!ci'o e Corações d'Ottro, já muito eonhecidos dos asso-
ciac\oe do Circulo do Porto, caso este tenha a acceita-
ção que ó de .esperar,•
( Gri'lo do Povo).

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262 Bibliotheca Catho!ica

EM PUBLICAÇÃO:

PADRE MANOEL BERNARDES


Da Ctmgregação do Oralorio de Lilbot1

NOVA FLORESTA
Ou sylva de varias apophthegmas e ditos senteneiosos, es-
pirituaes ·e moraes; eom reflexões, em que o util da
doutrina se aeompanh_a oom o vario da erudição, assim
Divina, eomo humana.
5.• edirão, auctori8ado. e opplaudida
pelo Exc.m• e Rev.'"º Snr. D. Antonio,
Bispo do Porto
Cuidadoaamenle re1ida e imrreissa rnbre a primeira ediçiio.

CONDIÇÕES DE ASSIGNATURA
A Nova Floresta consta de 5 volumes de ap-
proximadamentc r,OO paginas cada um, e será die-
tribnida aos fasciculos semanaes de 16 paginas, ou
aos tomos mensaes de 80 paginas.
Cada fasciculo custa apenns 20 reis, e cada
tomo 100 reis; que serão pngos no acto da entrega.
Os assignantes da provincia receberão os tomos
pelo correio sem augmento de pl'eço e pagarão
adeantado de cinco em cinco tomos.
A:wiso i ■aportantissi ■no. Pedir em to-
das as livrarias a edição da Livraria Catholica
Portuense, por ser a unica merecedora da con-
fiança das pessoas religiosas.

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Bibliotheca Catholica 263

LIVROS
PARA O

REGISTO PAROCHIAL
Organisados srgundo as leis e maia regulamentos em ,igor
(Decreto e modelo• de I de al>ril de 1869)
COOBDE~A.008 POB

Um Antigo Vigaria da Vara


E POa

.Jacinlho Antonio Pinto da Sil\'a


Approvados pelo anligo Vignrio G,•1·al da Diocese do !'orlo,
d 1·. Soat·es da Molla

Baptisados - Cada folha com dois asstintos 10 reis


Casamentos - Cada folha com um assento 10 ..
Obitos ·_ Cada folha ·rom quatro assentos • 10 •
Obitos - Cada folha com tres assentos •• 10 »
i'olhas com os termos de abertura e de en-
cerraniento • . . • • . . . • . • • 20 »

A encadernação varía, segundo o numero de folhas


1:ontidas eru cada livro.
,- .
· São os melhores mo,lelos organisados para e,te fim,
impressos em optimo papel com a dimensão de 36 X 2õ,
Livros de dez folhas para legitimações, encader-
nados.
Boi de De•obrl911, prganisado ePgnn,lo o dis-
posto 111!8 Constituh;ões (formato 38 X 28). ~reço
do cadernQ , , • , • • • , • • •• • 1U0 reia

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INDICE

Pag,
A.d vertencia. • • • • • • • • • • • • • vn
Festas muda.veis • • • • , • • , , • • , x
Confel'encia sobre a vocação ao sacerdocio • xn
Actns prepa1·atorios para a meditação • • xxv1u
Arhertencia • . • • • • • • • • • xx1x
Actoe de acção de graças. • • • • • xxx1
1- A oração mental ••• , , · 1
II - O fim dn sacerdote • • • 7
III - A dignidade do sacerdote · 11
IV - A santidade sacerdotal , 17
V - O peccado no sacerdote • • • • 21
VL - O peccado no sacerdote (conti•
nuação) ••• · ••• , 26
VII - O escandalo do sacerdote. 32
VIII -A Missa sacrilega ••• 37
IX - A reincidcncia 42
X - A impureza. • 48
XI - A avareza , • õ6
XII - A sob1:l'ba • • 64
XIII -A morte • • • . • • • 70
XIV -A mol'te (continuação). 75
XV-OJuizo • • • • • • 80
Xfl - Ü Juízo (Continuação) • • 87
XVlI- O Juizo (eonclusll.o) •• , ••• 91
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INDIOE 255

Pag,
XVIII - O Inferno • •· • • , , • • 95
XIX - A condemna()io • · • • • 100
XX - O peccado l'811inl ., . • •· 105
XXI - A tibieza • •
XXII - A ociosidade •
X.XIII - O estudo. • •
... . . . 109
114
119
X.XIV -A fé . • • • • , ••••, • 126
XXV - A esperança • • •,._• • . 131
XXVI - O amor a Deus • • • • • :136
XXVII - O amor ao proximo •
XXVJII - O zêlo . • • • . • .
XXIX - A humildade e a mansidão.
• • it
lã,.l\
XXX - A mortificação • • • • • • lMI
XXXI - O Paraíso . . . . • • • • • • l1j5
Prreparatio ad Missam, conforme o Missal
Romano • • . , • • • • • • • • • • • 172
Orationes pro opportunitate sacerdotis ante
celebrationem et communionem dicendm. 181
Oratio Sancti Ambrosii Episcc,pi 181
Oratio S. Ambrosii. • , • • • • • • 189
Oratio S. 'Ihomre Aquinatis. , . • • 1\:11
Oratio ad B. V. ,\fariam • • • • • • 192
Oratio ad S. Joseph • ·• • • • • , , 192
Oratio ad omnes Angelos et Sonetos. 193
Oratio ad Sanctum in cujus honorem missa
celebratur • . . • . • . , • • • 194
Formula iutentionis nnte Missam • • 195
Tres petitiones ad V. li. Mariam. . 196
Gratíarum actío post missam, segundo o Mis-
sal Romano . • • • • • , • . • • , •• 197
Canticum trium puerorum • , • • • • • • 197
Psalmus 160 • • • • , • • • • . • • • • 199
Allim orationes post celebrationem et com••
munionem dicend111 , , , , , , • , , • 201

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256 DII>ICE

ra1,
Or11-tio S. T)(pmllf Aquinalie·. • • 201
01·ati9 8. Bonaventurre. • • .202
Ora tio de.··Pa11,11ione Domini. 204
Confessoriis Omnibus . . • • • • • • 204:
Atire invocationes post Missam dicendre 205
RythJ11US S. Thomre Aquinatis • 207
Gratfarum aetio. • • • • • • 208
Oraiio 11d B. V. Mariam • • • 209
Oiatio S . .-Augustini . • • • • • 210
J')ratio ad S. Joseph . • • • • 211
,Oblatio sui • • • • • • • • • • • • • • • 211
Quinque Puncta ante vcl post communionem
utilissime reeitanda • • • • • • • , • 212
Oratio ad D. N. J. C. Cruei6xum ••• 213
Oratio Clcmentis P11pre X[ • • . . • • 214
Litanire S3. -Domiuis Jcsu • . • . • • 216
Litanire Lauretanre B. Marire Vh-ginis. 218
Litanire Sacro Cor J csu 221
Litanire 8. Joseph .• 223
Bibliotheca Catholiea • 225

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