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COM OS PURITANOS
Com o Plano de Leitura bíblica anual do puritano Nicholas Byfield
&
Com o Plano de Leitura anual dos Padrões de Fé de Westminster do Dr.
Joseph Pipa
Christopher Vicente
Organizador
Editor: Christopher Vicente
[1]
Tradutor: Christopher Vicente
[2] [3]
Revisora: Narah Vicente, Paulo Pacheco e Gullit Belo.
SUMÁRIO
PREFÁCIO – Rev. Christopher Vicente
JANEIRO – Jonathan Edwards
1º de janeiro
2 de janeiro
3 de janeiro
4 de janeiro
5 de janeiro
6 de janeiro
7 de janeiro
8 de janeiro
9 de janeiro
10 de janeiro
11 de janeiro
12 de janeiro
13 de janeiro
14 de janeiro
15 de janeiro
16 de janeiro
17 de janeiro
18 de janeiro
19 de janeiro
20 de janeiro
21 de janeiro
22 de janeiro
23 de janeiro
24 de janeiro
25 de janeiro
26 de janeiro
27 de janeiro
28 de janeiro
29 de janeiro
30 de janeiro
31 de janeiro
FEVEREIRO – Thomas Boston
1º de fevereiro
2 de fevereiro
3 de fevereiro
4 de fevereiro
5 de fevereiro
6 de fevereiro
7 de fevereiro
8 de fevereiro
9 de fevereiro
10 de fevereiro
11 de fevereiro
12 de fevereiro
13 de fevereiro
14 de fevereiro
15 de fevereiro
16 de fevereiro
17 de fevereiro
18 de fevereiro
19 de fevereiro
20 de fevereiro
21 de fevereiro
22 de fevereiro
23 de fevereiro
24 de fevereiro
25 de fevereiro
26 de fevereiro
27 de fevereiro
28 de fevereiro
MARÇO – Thomas Case
1º de março
2 de março
3 de março
4 de março
5 de março
6 de março
7 de março
8 de março
9 de março
10 de março
11 de março
12 de março
13 de março
14 de março
15 de março
16 de março
17 de março
18 de março
19 de março
20 de março
21 de março
22 de março
23 de março
24 de março
25 de março
26 de março
27 de março
28 de março
29 de março
30 de março
31 de março
ABRIL – John Flavel e Andrew Gray
1º de abril
2 de abril
3 de abril
4 de abril
5 de abril
6 de abril
7 de abril
8 de abril
9 de abril
10 de abril
11 de abril
12 de abril
13 de abril
14 de abril
15 de abril
16 de abril
17 de abril
18 de abril
19 de abril
20 de abril
21 de abril
22 de abril
23 de abril
24 de abril
25 de abril
26 de abril
27 de abril
27 de abril
28 de abril
29 de abril
30 de abril
MAIO – Thomas Watson
1º de maio
2 de maio
3 de maio
4 de maio
5 de maio
6 de maio
7 de maio
8 de maio
9 de maio
10 de maio
11 de maio
12 de maio
13 de maio
14 de maio
15 de maio
16 de maio
17 de maio
18 de maio
19 de maio
20 de maio
21 de maio
22 de maio
23 de maio
24 de maio
25 de maio
26 de maio
27 de maio
28 de maio
29 de maio
30 de maio
31 de maio
JUNHO – Thomas Doolittle, Richard Steele e Oliver Heywood
1º de junho
2 de junho
3 de junho
4 de junho
5 de junho
6 de junho
7 de junho
8 de junho
9 de junho
10 de junho
11 de junho
12 de junho
13 de junho
14 de junho
15 de junho
16 de junho
17 de junho
18 de junho
19 de junho
20 de junho
21 de junho
22 de junho
23 de junho
24 de junho
25 de junho
26 de junho
27 de junho
28 de junho
29 de junho
30 de junho
JULHO – David Clarkson e Samuel Bolton
1º de julho
2 de julho
3 de julho
4 de julho
5 de julho
6 de julho
7 de julho
8 de julho
9 de julho
10 de julho
11 de julho
12 de julho
13 de julho
14 de julho
15 de julho
16 de julho
17 de julho
18 de julho
19 de julho
20 de julho
21 de julho
22 de julho
23 de julho
24 de julho
25 de julho
26 de julho
27 de julho
28 de julho
29 de julho
30 de julho
31 de julho
AGOSTO – Thomas Brooks, Nicholas Byfield, Richard Sibbes e
William Bridge
1º de agosto
2 de agosto
3 de agosto
4 de agosto
5 de agosto
6 de agosto
7 de agosto
8 de agosto
9 de agosto
10 de agosto
11 de agosto
12 de agosto
13 de agosto
14 de agosto
15 de agosto
16 de agosto
17 de agosto
18 de agosto
19 de agosto
20 de agosto
21 de agosto
22 de agosto
23 de agosto
24 de agosto
25 de agosto
26 de agosto
27 de agosto
28 de agosto
29 de agosto
30 de agosto
31 de agosto
SETEMBRO – William Ames, William Perkins e Walter Marshall
1º de setembro
2 de setembro
3 de setembro
4 de setembro
5 de setembro
6 de setembro
7 de setembro
8 de setembro
9 de setembro
10 de setembro
11 de setembro
12 de setembro
13 de setembro
14 de setembro
15 de setembro
16 de setembro
17 de setembro
18 de setembro
19 de setembro
20 de setembro
21 de setembro
22 de setembro
23 de setembro
24 de setembro
25 de setembro
26 de setembro
27 de setembro
28 de setembro
29 de setembro
30 de setembro
OUTUBRO – Jeremiah Burroughs, Thomas Goodwin e George
Swinnock
1º de outubro
2 de outubro
3 de outubro
4 de outubro
5 de outubro
6 de outubro
7 de outubro
8 de outubro
9 de outubro
10 de outubro
11 de outubro
12 de outubro
13 de outubro
14 de outubro
15 de outubro
16 de outubro
17 de outubro
18 de outubro
19 de outubro
20 de outubro
21 de outubro
22 de outubro
23 de outubro
24 de outubro
25 de outubro
26 de outubro
27 de outubro
28 de outubro
29 de outubro
29 de outubro
31 de outubro
NOVEMBRO – Ralph Erskine, Samuel Rutherford e Andrew Gray
1º de novembro
2 de novembro
3 de novembro
4 de novembro
5 de novembro
6 de novembro
7 de novembro
8 de novembro
9 de novembro
10 de novembro
11 de novembro
12 de novembro
13 de novembro
14 de novembro
15 de novembro
16 de novembro
17 de novembro
18 de novembro
19 de novembro
20 de novembro
21 de novembro
22 de novembro
23 de novembro
24 de novembro
25 de novembro
26 de novembro
27 de novembro
28 de novembro
29 de novembro
30 de novembro
DEZEMBRO – David Dickson e Robert Leigthon
1º de dezembro
2 de dezembro
3 de dezembro
4 de dezembro
5 de dezembro
6 de dezembro
7 de dezembro
8 de dezembro
9 de dezembro
10 de dezembro
11 de dezembro
12 de dezembro
13 de dezembro
14 de dezembro
15 de dezembro
16 de dezembro
17 de dezembro
18 de dezembro
19 de dezembro
20 de dezembro
21 de dezembro
22 de dezembro
23 de dezembro
24 de dezembro
25 de dezembro
26 de dezembro
27 de dezembro
28 de dezembro
29 de dezembro
30 de dezembro
31 de dezembro
CONHEÇA OUTRAS PUBLICAÇÕES DA EDITORA
Dedico a organização desta obra
&
Cada devocional diário possuirá: o dia do ano, um título que atribuí para
aquele trecho, o nome do autor puritano, um texto bíblico que trata do que o
trecho tratará (a maioria das vezes, uma passagem bíblica que o próprio
puritano citou em sua exposição) e o Plano de Leitura Diária da Bíblia
(organizado pelo puritano Nicholas Byfield) e dos Padrões de Fé de
Westminster (organizado pelo ministro presbiteriano Dr. Joseph Pipa).
CF – Confissão de Fé de Westminster.
CM – Catecismo Maior de Westminster.
BC – Breve Catecismo de Westminster.
Caso não tenha acesso aos Padrões de Fé de Westminster, você pode ler
gratuitamente, pelo seu smartphone, em nossa plataforma:
A esperança que o hipócrita tem de seu bom estado tira a força que o
mandamento de Deus tinha antes sobre sua consciência; de modo que,
agora, ele ousa negligenciar um dever tão claro. A ordem que requer a
prática do dever da oração é extremamente clara (Mateus 26.41; Efésios
6.18; Mateus 6.6). Enquanto o hipócrita estava, em sua própria apreensão,
em contínuo perigo do inferno, ele não ousava desobedecer a essas
ordens. Mas já que ele está, como ele pensa, a salvo do inferno, ele se
tornou negligente para com o mandamento mais claro da Bíblia.
Por que você manterá aquela esperança que, pela experiência evidente,
descobre que o envenena? É razoável pensar que uma esperança santa,
uma esperança que vem do céu, teria tal influência? Certamente não; nada
de tal influência maligna vem daquele mundo de pureza e glória. Nenhum
veneno cresce no paraíso de Deus. A mesma esperança que leva os homens
ao pecado, neste mundo, levará ao inferno no futuro. Por que, portanto,
você manterá essa esperança, da qual sua própria experiência mostra a
tendência doentia, na medida em que o incentiva a levar uma vida
perversa? Pois, certamente, essa vida é uma vida perversa em que você vive
negligenciando um dever tão conhecido, como o da oração secreta; e
desobedecendo um mandamento tão claro de Deus, como aquele pelo qual
esse dever é ordenado. E um caminho de desobediência a Deus não é um
caminho para o inferno? Se sua própria experiência da natureza e tendência
de sua esperança não o convencerão da falsidade dela, o que o fará? Você
está decidido a reter sua esperança e deixá-la se provar doentia e
prejudicial? Você vai segurá-la até ir para o inferno com ela? Muitos
homens se apegam a uma falsa esperança, e a abraçam tão estreitamente,
que nunca a deixam ir até que as chamas do inferno façam seus braços se
abrirem e a soltarem. Considere como você responderá a isso no dia do
julgamento, quando Deus o chamar para prestar contas por sua tolice em
descansar em tal esperança. Será uma resposta suficiente para você dizer
que teve a caridade dos outros, e que eles pensaram que sua conversão foi
certa? Certamente, é tolice para os homens imaginar que Deus não tinha
mais sabedoria, ou não poderia imaginar outra maneira de conceder
conforto e esperança de vida eterna do que aquela que encorajasse os
homens a abandoná-lO.
Se você vive negligenciando a oração secreta, você mostra sua boa vontade
em negligenciar toda a adoração a Deus. Aquele que ora apenas quando ora
com outros não oraria de forma alguma, a menos que os olhos dos outros
não estejam sobre ele. Aquele que não ora onde ninguém (a não ser Deus) o
vê, manifestamente não ora por respeito a Deus ou por Seu olho que tudo
vê. Portanto, tal pessoa rejeita toda oração. Aquele que rejeita a oração, na
verdade, rejeita todo o culto a Deus, do qual a oração é o principal
dever. Agora, que santo miserável é aquele que não é adorador de
Deus! Aquele que rejeita a adoração a Deus, na verdade, rejeita o próprio
Deus. Ele se recusa a possui-lO, ou a ser familiarizado com ele como sendo
seu Deus. Pois, a maneira pela qual os homens possuem Deus, e estão
familiarizados com Ele como seu Deus, é adorando-O.
Vigie contra o início de uma negligência deste dever. Pessoas que por
algum tempo têm praticado este dever, e depois o negligenciam,
geralmente, o abandonam gradualmente. Enquanto duram suas convicções e
afeições religiosas, eles são muito constantes em seus lugares de oração, e
nenhum negócio, companhia ou diversão mundana os impede. Todavia, à
medida que suas convicções e afeições começam a morrer, eles começam a
encontrar desculpas para, às vezes, negligenciar isso. Eles, agora, estão tão
apressados; eles, agora, têm tais e tais coisas para cuidar; ou há, agora, tais
inconvenientes no caminho, que eles se convencem de que podem, de
maneira muito desculpável, omiti-lo por enquanto. Depois, acontece com
bastante frequência que eles tenham algo a impedir, algo que eles chamam
de uma “desculpa justa”. Depois de um tempo, coisas menores se torna uma
desculpa suficiente do que era permitido a princípio. Assim, a pessoa aos
poucos diminui, cada vez mais, o hábito de negligenciar a oração e torna-se
cada vez mais indisposta a ela. E mesmo quando ele o executa, é de uma
maneira tão pobre, monótona, sem coração e miserável, que ele diz a si
mesmo, que pode muito bem não o fazer de forma alguma. Assim, ele faz
de sua própria estupidez e indisposição uma desculpa para negligenciá-la
totalmente, ou, pelo menos, para viver em grande parte na negligência
dela. Dessa maneira, Satanás e as próprias corrupções dos homens os levam
à ruína. Portanto, tome cuidado com os primeiros passos de uma
negligência. Cuidado com as tentações! Preste atenção em como você
começa a permitir desculpas. Esteja atento para cumprir o dever no
auge; não deixe que comece a afundar. Pois quando você cede, embora seja
pouco, é como ceder a um inimigo no campo de batalha: o primeiro começo
de uma retirada dá um enorme encorajamento ao inimigo e enfraquece os
soldados em retirada.
Aqueles que são mais zelosos na causa de Deus são os que mais
provavelmente serão considerados orgulhosos. Quando qualquer pessoa
parece, em qualquer aspecto, estar visivelmente superando os outros em sua
caminhada cristã, as chances de que isso despertará imediatamente o ciúme
daqueles que o cercam é grande. Eles vão suspeitar (tenham razão ou não)
que ele tem muito orgulho de sua bondade e que provavelmente pensa que
não há ninguém tão bom quanto ele, de modo que tudo o que ele diz e faz é
observado com esse preconceito. Aqueles que estão frios e mortos, e
especialmente aqueles que nunca tiveram qualquer experiência do poder da
piedade em seus próprios corações, irão facilmente nutrir tais pensamentos
dos melhores cristãos. Isso surge de nada menos do que uma hostilidade
secreta contra a santidade essencial e fervorosa. Porém, o cristão zeloso
deve tomar cuidado para que isso não seja uma armadilha para ele; e o
diabo se aproveitar disso para cegar seus olhos a fim de contemplar a
verdadeira natureza de seu coração e pensar que, porque ele é injustamente
acusado de orgulho e de um espírito cruel, que tais acusações, às vezes, não
são válidas. Ah, quanto orgulho os melhores têm no coração! É a pior parte
do corpo do pecado e da morte; o primeiro pecado que entrou no universo e
o último que a ser erradicado. É o inimigo mais teimoso de Deus!
O orgulho, por causa de sua própria natureza, é muito mais difícil de ser
discernido do que qualquer outra corrupção. O orgulhoso é uma pessoa que
tem uma opinião muito elevada de si mesma. Diante disso, há alguma
surpresa constatar que uma pessoa que tem uma opinião muito elevada de si
mesma não saiba disso? Ela pensa que a opinião que tem de si mesma é
justa e, portanto, não é muito elevada. Se os fundamentos da opinião de si
mesmo desmoronassem, ele deixaria de ter tal opinião. Todavia, por causa
da natureza do orgulho espiritual, ele é o mais secreto de todos os pecados.
Não há outro assunto em que o coração seja mais enganoso e insondável; e
não há nenhum outro pecado no mundo em que os homens confiem tanto. A
própria natureza dele é trabalhar a autoconfiança e afastar qualquer suspeita
de qualquer mal de qualquer tipo. Não há pecado tanto maligno quanto este
no que diz respeito a sigilo e sutileza, aparecendo, em muitas formas, que
não são detectadas nem suspeitadas. O orgulho espiritual assume muitas
formas e formatos, um abaixo do outro; envolve o coração como as
camadas de uma cebola: quando você arranca uma, há outra embaixo.
Portanto, precisamos ter a maior vigilância inimaginável sobre nossos
corações com respeito a este assunto e clamar com mais fervor ao grande
Perscrutador de corações por Sua ajuda. Aquele que confia em seu próprio
coração é um tolo. Visto que o orgulho espiritual, em sua própria natureza, é
tão secreto, não pode ser tão bem discernido pela intuição imediata da
própria coisa. É melhor identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos
quais mencionarei a seguir, juntamente com os frutos contrários à
humildade cristã.
O orgulho espiritual faz com que alguém fale dos pecados de outras
pessoas, da inimizade dela contra Deus e Seu povo, com riso, leviandade e
um ar de desprezo, enquanto a humildade cristã pura se dispõe a calar-se
sobre eles ou a falar deles com tristeza ou piedade. A pessoa
espiritualmente orgulhosa mostra isso ao criticar outros santos, afirmando
que são pobres em graça e exaltando o quão frios e mortos o são. Os
orgulhosos são rápidos em discernir e notar deficiências dos outros. O
cristão eminentemente humilde tem tanto a fazer em casa e vê tanto mal em
si mesmo que não está apto a se ocupar muito com o coração dos outros.
Ele reclama mais de si mesmo e mais de sua própria frieza e baixo nível na
graça. Ele está apto a estimar os outros como melhores do que ele mesmo e
está pronto [a reconhecer] e considera que quase todos tenham mais amor e
gratidão a Deus do que ele; não pode admitir a ideia de que os outros
produzem menos frutos para a honra de Deus do que ele. Alguns que têm
orgulho espiritual misturado com grande aprendizado e alegria, falando
sinceramente a outros sobre eles, provavelmente, apelarão a outros cristãos
para imitá-los e reprová-los severamente por serem tão frios e sem vida.
Existem outros que estão sobrecarregados com sua própria vileza, e quando
eles têm descobertas extraordinárias da glória de Deus, eles são tomados
por sua própria pecaminosidade. Embora estejam dispostos a falar muito e
com muita sinceridade, ainda assim são pródigos em culpar a si mesmos e
exortar outros cristãos, mas de maneira amorosa e humilde. A humildade
cristã pura faz com que a pessoa perceba tudo o que há de bom nos outros,
tire o melhor proveito [disso] e diminua as falhas delas. A pessoa humilde
volta seus olhos principalmente para as coisas que são ruins nela mesma e
dá atenção a tudo que as agrava.
O orgulho espiritual, muitas vezes, faz com que as pessoas ajam de maneira
diferente na aparência externa [do que realmente são]; produz uma maneira
diferente de falar; usa um tipo de dialeto diferente dos outros; diferente na
voz, no semblante ou no comportamento. Entretanto, aquele que é um
cristão eminentemente humilde, embora seja firme em seu dever, por mais
diferente que seja — seguir o caminho do céu sozinho, embora o mundo
todo o abandone — ele não se deleita em ser diferente pela mera diferença.
Ele não tenta se colocar para ser visto e observado como alguém distinto,
como desejando ser considerado melhor do que os outros, desprezando sua
companhia ou conformidade com eles. Pelo contrário, deseja se tornar tudo
para todos os homens, para se submeter aos outros e se conformar com eles
e agradá-los em tudo, exceto no pecado.
Outro efeito do orgulho espiritual é fazer com que o assunto dele precise de
atenção. Muitas vezes, as pessoas tendem a agir de maneira especial, como
se os outros devessem dar muita atenção e consideração por elas. É muito
natural para uma pessoa que está sob a influência do orgulho espiritual
agarrar todo o respeito que tributam a ela. Se outros mostram disposição de
se submeter a ele e ceder em deferência a ele, então, o orgulhoso está aberto
a isso e o recebe livremente. Torna-se natural para ele esperar tal tratamento
e prestar muita atenção se uma pessoa não o faz. E torna-se natural nutrir
uma opinião negativa contra aqueles que não lhe dão aquilo que ele acha
que merece. Quem está sob a influência do orgulho espiritual está mais apto
a instruir os outros do que inquirir a si mesmo e, assim, naturalmente,
assume ares de controle. O cristão eminentemente humilde pensa que
precisa da ajuda de todos, enquanto aquele que é espiritualmente orgulhoso
acha que todos precisam da sua ajuda. A humildade cristã, sob um
sentimento de miséria alheia, suplica e implora, mas o orgulho espiritual
tenta comandar e advertir com autoridade.
Os crentes não estão sob a lei como um Pacto de Obras, para serem
[5]
justificados ou condenados por ela. Pois o apóstolo diz: “Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gálatas 3.13); e
que não há condenação para os que estão em Cristo Jesus. Eles não estão
nem sob o poder do mandamento nem de condenação dessa lei, visto que
Cristo deu perfeita obediência a ela como um Pacto de Obras, de modo que,
sob esse caráter, nada pode ser exigido deles; além disso, Cristo satisfez
plenamente todas as exigências dela quanto ao castigo, tendo sofrido a
mesma pena ameaçada nela. De modo que, como uma aliança de obras, eles
são inteiramente libertos dela. E quanto aos frutos do Espírito nos crentes,
eles são produto do Espírito, conforme a vontade e a lei de Deus; e
nenhuma lei pode ser contra eles, visto que são concordantes com a letra e o
Espírito. Porém, os crentes ainda estão sob a lei como regra de vida,
segundo a qual devem regular seus corações e vidas. É a estrela polar que
deve dirigir seu curso para o céu; é de uso singular para provocá-los e
excitá-los à gratidão a Cristo, que a cumpriu perfeitamente no lugar deles.
[6]
Hoje é a festa da Páscoa Cristã. Uma mesa de comunhão está prestes a
ser coberta. O grande objetivo das pessoas que se sentam a essa mesa é que
possam sugar os seios da consolação e beber, abundantemente, daquele
sangue que flui do lado traspassado de um Salvador crucificado. Alguns se
alimentam desta mesa sem medo. Outros temem tanto que não podem se
alimentar. Nosso texto fala palavras boas e confortáveis a essas pobres
almas trêmulas: “Não temas”. Como o Senhor mostrou a Daniel, um
homem muito amado, o estado de Sua igreja até Sua primeira vinda; então,
a João, outro discípulo amado, Ele revela o estado de Sua igreja até Sua
segunda vinda. Ambos foram dignificados com uma visão de Cristo, o Filho
de Deus; e, em cada um deles, teve quase o mesmo efeito. Em Daniel, não
restou força (Daniel 10). Aqui, vemos que a visão teve um efeito
semelhante em João. Ele é representado como um homem morto (v. 17). Ele
ficou confuso com a glória da Pessoa que viu. Seus olhos estavam
deslumbrados com o brilho, sua força falhou; Ele não poderia agir mais do
que se estivesse morto. Porém, nosso Senhor o revive. Ele impõe Sua mão
direita sobre Ele e o fortalece, para que ele possa ficar em pé, ouvir e
receber Suas ordens. Jesus o consola. Ele repreende seus medos: “não
tema”. Há um medo do qual Deus se agrada e um medo o qual Ele não
aprova. Este último é o “medo excessivo”, que nos prejudica,
profundamente, em nosso dever; desfalece nosso coração e nossas mãos
pendem de modo que não temos coração nem mão para o nosso trabalho.
Isso ocorre com o povo de Deus. Mas Cristo não os permite nela, embora
seja sensível a eles sob ela.
É a maneira comum das pessoas angustiadas concluir que não há dor como
a sua tristeza; e se pudermos responder, satisfatoriamente, a essa pergunta
dinâmica [que surge no coração destas pessoas tristes]: “Houve alguém em
um caso como o meu caso que saiu com segurança disso?”, você fará muito
para acalmar sua dor e aumentar suas esperanças. Assim, encontramos o
apóstolo melhorando os sofrimentos e a glória de Cristo, Hebreus 12.3:
“Considerai, pois, atentamente”, diz ele, “Aquele que suportou tamanha
oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis,
desmaiando em vossa alma”. Sim, o próprio Jesus Cristo diz, em
Apocalipse 3.21: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no seu trono,
assim como também eu venci e me sentei com meu Pai em seu trono”.
Dúvida: “Eu duvido que nasci de novo, porque não conheço o momento
exato da minha conversão. Também não consigo traçar os passos que me
levaram a se tornar um cristão”. Resposta: Embora seja desejável poder
descrever o início do trabalho do Senhor em sua vida e o crescimento
gradual que você desfrutou, isso não é necessário para provar que você,
realmente, é um cristão. Devemos lembrar que o trabalho do Espírito Santo
é um mistério. No Evangelho de João, lemos sobre Jesus curando um
homem cego. Este homem, simplesmente, disse: “A única coisa que eu sei é
que antes eu estava cego, agora vejo” (João 9:25). Quando vemos uma
chama, sabemos que há um incêndio, mesmo que não saibamos como
começou. Da mesma forma, podemos saber que somos cristãos, mesmo que
não saibamos como ou quando tudo aconteceu. Você acredita no Senhor
Jesus Cristo? Você se arrependeu de seus pecados? Houve uma mudança na
sua alma? A sua mente tem luz? Você quer obedecer a Deus, em tudo, por
causa de Jesus – Aquele que morreu na cruz? Você ama outros crentes?
Você foge dos males neste mundo perverso? Se você respondeu “sim” a
essas perguntas, então, você não precisa se preocupar com essa dúvida.
Dúvida: “Acho que meu coração sofreu mais desordem depois que eu me
tornei um cristão do que antes – quando não era. Isso é consistente com
alguém que deveria ter sido transformado por Cristo”? Resposta: De fato,
há casos terríveis de pessoas que parecem ter se tornado cristãs, mas que,
posteriormente, renunciam à fé e caem em imoralidade grosseira e aberta.
Parece que o Diabo retorna aos seus corações com sete espíritos piores do
que ele mesmo (cf. Mt 12:45). Tais pessoas estão em um estado espiritual
incrivelmente perigoso. Eles correm o risco de pecar contra o Espírito
Santo. Eles devem se arrepender, antes que seja tarde demais. No entanto,
este não é, necessariamente, o seu caso. A corrupção pode ser despertada
em um cristão ainda mais forte do que era antes de se tornar um cristão.
Pode parecer que todas as forças do inferno foram levantadas para tentar
recapturá-lo como um fugitivo que escapou. Tais movimentos podem,
realmente, ocorrer naqueles que, verdadeiramente, foram transformados por
Cristo. Quando a graça restritiva se levanta contra a corrupção em um novo
crente, não é de admirar que a corrupção tente dar o contragolpe –
“guerreando contra a lei da minha mente” (Rm 7:23). O pecado resistirá
mais duramente quando souber que esse novo princípio está buscando
expulsá-lo. Quando o sol brilha através de uma janela, vemos toda a poeira
na casa que não víamos antes. Da mesma forma, quando a luz da graça
brilha em nossas vidas, vemos a corrupção dentro de nós que não tínhamos
notado antes. O pecado não está completamente morto na alma do crente.
Ele está morrendo uma morte prolongada. Ele está sendo crucificado. Não é
de admirar que comece a lutar tão duramente – ele sabe que está prestes a
morrer, então, luta para viver! Além de tudo isso, o cristão pode se
defrontar com tentações mais fortes e numerosas após sua conversão.
Satanás tem que trabalhar mais para tentar trazer de volta alguém que
escapou, do que para proteger um que ainda lhe é cativo. O autor de
Hebreus diz: “depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos”
(Hb 10:32). Então, ele acrescenta: “Não abandoneis, portanto, a vossa
confiança; ela tem grande galardão” (v. 35). Lembre-se, a graça de Deus é
suficiente para você; e o Deus da paz, em breve, esmagará Satanás sob seus
pés. Lembre-se de como Faraó e os egípcios tinham os israelitas
encurralados no Mar Vermelho, mas Deus interveio e os derrubou (Êx 14).
Não deixe essa dúvida destruir o fundamento de sua confiança. Esvazie-se
de duvidar. Seja forte no Senhor e no poder de Sua Força, e você será
vitorioso.
Dúvida: “Às vezes, eu sinto que meu amor pelas coisas deste mundo é
Maior do que o meu amor por Deus. Como, então, posso chamá-lo de Pai?
Na verdade, às vezes, parece que as afeições que eu costumava sentir por
Deus desapareceram. Temo que todo o amor que eu já tive pelo Senhor
tenha sido como breve e momentâneo. Receio ser um hipócrita”. Resposta:
Não se pode negar que um amor preponderante pelo mundo é uma marca
certa de um homem não salvo. “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai
não está nele” (1 Jo 2:15). Ainda assim, as afeições mais ativas nem sempre
são as mais fortes. Um pequeno ribeiro, às vezes, faz mais barulho do que
um rio poderoso. A força de nossas afeições só pode ser medida pela
firmeza e constância da raiz. Suponha que uma pessoa se encontre com um
amigo que esteve fora do país. Ele não vê esse amigo há muito tempo. A
expressão de suas afeições para aquele amigo poderia, no momento, ser
mais forte do que seus sentimentos por sua esposa e filhos. Concluímos que
ele ama seu amigo mais do que eles? Certamente, não! Mesmo assim,
embora um cristão possa, no momento, ser movido com amor por algo
neste mundo, isso não significa que ele o ama mais do que a Deus. O amor
a Deus está sempre mais firmemente enraizado no coração de um crente do
que qualquer diversão mundana. Se houver sempre uma competição entre
amor por Deus e o amor pelo mundo, um dos amores ganhará (Mateus
6:24). Você quer entender o seu estado espiritual? Olhe para o seu próprio
coração e coloque os dois amores numa balança. Veja qual supera o outro.
Pergunte-se, diante de Deus, se você se separaria de Cristo por causa de
qualquer pessoa ou coisa neste mundo. Se você respondeu, honestamente,
que, ao comando dEle, você descartaria o que é mais querido para você, no
mundo, por Cristo, então você não tem motivos para pensar que você ama o
mundo mais do que a Deus. Por outro lado, se você ama alguém ou algo no
mundo mais do que Deus, então, você não é um crente.
Dúvida: “Toda vez que eu começo a pensar que posso ver as marcas de
graça em mim e que eu sou verdadeiramente salvo, ouço falar de algum
hipócrita ou apóstata, e fico abalado. O medo vem sobre mim como uma
tempestade. Eu sou como esse tipo de pessoa?”. Resposta: Esse tipo de
coisa deve nos estimular. Devemos nos examinar seria e imparcialmente.
Ainda assim, nem sempre devemos estar em suspense em relação ao nosso
estado espiritual. Você pode ver o lado de fora de um hipócrita. Você pode
ver sua atividade e emoções “espirituais”. Mas você não é capaz ver dentro
dele. Você não conhece seu coração. Você só pode formar um julgamento
de outra pessoa com base no que você vê no exterior. Você faria bem em
julgar os outros com caridade (isto é, “não pensa em nenhum mal”, 1 Co
13:5). Novamente, você não pode conhecer as fontes secretas de suas ações.
Em vez de julgar outros, você deve olhar para o seu próprio coração. Você é
a única pessoa que você pode avaliar com mais clareza. Você deve olhar
para si mesmo como mais nenhum outro, no mundo, pode fazê-lo. Você
pode ver as coisas em si mesmo que, simplesmente, não pode ver nos
outros. A religião do hipócrita pode parecer muito Maior do que a religião
de um crente sincero. Lembre-se de que o que é bom aos olhos dos homens
é, muitas vezes, de pouco valor à vista de Deus (1 Sm 16:7). Eu poderia
gemer com Paulo (Rm 8:6), derramar lágrimas falsas com Esaú, profetizar
com Balaão, ou ter a alegria temporária dos ouvintes de solo superficial
(Mateus 13:20). Há um fogo que julgará as obras de cada homem para ver
de “qual tipo ela é” (1 Co 3:13). Se Deus não julga por aparência externa,
por que você o faria? Sem revelação especial, você não pode conhecer a
sinceridade da fé de outro. Mas, você pode conhecer a sinceridade de sua
própria fé, sem qualquer revelação especial. É por isso que Pedro expôs aos
santos para “com diligência garantir sua vocação e eleição” (2 Pe 1:10).
Portanto, as ações dos hipócritas e dos apóstatas não devem incomodá-lo. O
importante é examinar seriamente sua própria condição espiritual.
Plano de Leitura: Deuteronômio 8-10; CF 5.3.
14 de fevereiro
Eu sou realmente cristão? (6)
Thomas Boston
2 Coríntios 10:12
Dúvida: “Minha vida está tão longe dos padrões dos grandes santos da
Bíblia e dos excelentes cristãos que conheço pessoalmente. Quando eu olho
para eles, dificilmente, consigo me olhar em comparação. Como ainda
posso reivindicar estar na mesma família com esses santos?”. Resposta:
Podemos ver uma medida de graça e santidade, nesta vida, que devemos ter,
contudo, não podemos alcançá-la. Isso deve nos humilhar. Isso também
deve pressionar-nos, de forma mais vigorosa, em direção à linha de
chegada. O Diabo quer que os cristãos fracos sejam torturados comparando-
se com cristãos fortes (2 Co 10:12). Ceder a essa tentativa seria como uma
criança duvidando de seu relacionamento com seu pai, porque ele não tem o
mesmo tamanho que seu irmão mais velho. É irracional! Há santos de
vários tamanhos na família de Cristo. Alguns são pais; alguns são homens
jovens; e alguns são crianças pequenas (1 Jo 2:13-14).
Dúvida: “As lutas que tenho são estranhas ou incomuns. Eu duvido que um
filho de Deus já tenha enfrentado o tipo de provações providenciais que
enfrentei”. Resposta: Muito do que foi dito, anteriormente (veja a sétima
dúvida), aplica-se aqui também. O santo Jó foi assaltado com todo tipo de
tentações, mas ele as rejeitou e manteve-se firme. O apóstolo Pedro diz que
os cristãos podem ser tentados: “Amados, não estranheis o fogo ardente que
surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa
extraordinária vos estivesse acontecendo” (1 Pe 4:12). Às vezes, viajamos
em caminhos onde não podemos ver as pegadas nem de homem nem de
animais. Não podemos concluir com isso, no entanto, que ninguém jamais
passou por aqui antes de nós. Embora você não consiga ver os passos do
rebanho no caminho da sua aflição, não deve concluir que você é o primeiro
a andar nessa estrada. Mas, e se você fosse o primeiro a andar por ela? Em
teoria, algum santo ou outro pode ser o primeiro a beber de cada copo
amargo. Contudo, mesmo assim, se tal coisa fosse possível, quem somos
nós para questionar as circunstâncias providenciais que Deus nos deu?
“Pelo mar foi o teu caminho; as tuas veredas, pelas grandes águas; e não se
descobrem os teus vestígios” (Salmos 77:19). Se o Senhor o levar ao céu
por algum caminho deserto e remoto, por assim dizer, você não teria razão
para se queixar. Devemos aprender a permitir a liberdade apropriada para a
soberania de Deus. Cumpra seu dever! Não deixe que qualquer dificuldade
que você enfrente esconda de você o fato de estar em estado de graça.
A alma, em seu estado natural, é como Israel: “não te foi cortado o umbigo,
nem foste lavada com água para te limpar, nem esfregada com sal, nem
envolta em faixas” (Ezequiel 16.4). Eles haviam ficado muito tempo no
útero imundo do Egito e, depois que saíram, ainda estavam absorvendo as
maneiras, os costumes e o modo de proceder abomináveis egípcios. Assim,
os homens sugam os seios do pecado; buscam satisfação naquelas coisas
que não deveriam, tanto quanto desejam; bebem, avidamente, daquilo que
Deus os proíbe de provar; eles gostam de seus pecados como uma criança
gosta do seio; seu coração é avesso a se separar de seus atos pecaminosos.
[...] A graça desmama o coração desses seios; faz a pessoa dizer: “o que não
vejo, ensina-mo tu; se cometi injustiça, jamais a tornarei a praticar” (Jó
34.32).
Agora, há duas coisas que servem para amargar estes seios. (1)
Desapontamentos contínuos para com eles. Embora o homem esteja
sempre buscando satisfação nos seios do mundo, ele nunca poderá obtê-lo.
Como o filho pródigo: “Ele de bom grado enchia seu ventre com as cascas
que os porcos comiam e ninguém lhe dava” (Lucas 15.16). O homem é
como uma pessoa andando na névoa, ele vê algo que parece uma casa; ele
chega até o que foi visto, e é, apenas, uma pedra. Sua esperança é colocada,
novamente, em outra coisa avistada, avança para ela; e é, apenas, um
arbusto. Eles sempre ficam aquém das expectativas; e suas esperanças mais
florescentes são destruídas. Quando ele vai colher os frutos mais
agradáveis, a providência faz com que eles caiam entre a boca e a mão – “A
eira e o lagar não os manterão; e o vinho novo lhes faltará” (Oséias 9.2).
Deixe-o arrumar a cama onde quiser, sempre há um espinho nela. (2)
Feridas graves surgem deles. O homem se apoia com grande prazer na
cana quebrada; e antes que ele perceba, perfura sua mão. Ele suga,
avidamente, o seio [do mundo] e, em vez de leite, dão sangue. Ao bater na
rocha para obter água, em vez dela, o fogo explode em seu rosto. Talvez, da
mesma coisa de que ele esperava seu maior conforto, surja sua maior cruz.
Raquel deve ter filhos, senão ela morre; ela os tem, mas morre trazendo-os
à luz. Porém, tudo isso não vai [por si só] desmaiar a alma.
A primeira lição que Deus ensina, por meio da aflição, é a compaixão para
com os que estão sofrendo. Verdadeiramente, quando somos muito
propensos a sermos insensíveis aos sofrimentos de nossos irmãos, nós
mesmos estamos à vontade em Sião. Isso ocorre: (1) em parte, por causa
daquela sensualidade que está em nossas naturezas, reinando nos homens
carnais (e habitando, até mesmo, nos próprios regenerados), por meio da
qual permitimos que nosso coração seja tão indolente aos confortos que
possuímos da Criação, a ponto de extinguir a ternura e o senso que devemos
ter para com as misérias e os sofrimentos de outros homens. (2) Em parte,
pela sutileza do amor-próprio, que nos torna indispostos a azedar o sabor de
nossas próprias frutas doces com o gosto amargo das aflições de estranhos.
(3) Em parte, devido à lentidão e à letargia de espírito, o que nos faz
relutantes em nos levantar da cama do conforto e do prazer para a labuta da
investigação quanto ao estado de nossos irmãos tanto lá fora quanto em
casa. De modo que, como o apóstolo disse em outro caso, somos
voluntariamente ignorantes e não apenas estranhos, mas nos contentamos
em ser estranhos às misérias e às calamidades do próximo. De uma forma
ou de outra, até os próprios cristãos (me refiro aos que são verdadeiramente
chamados) são mais ou menos culpados do pecado dos gentios: “Sem
afeição natural, sem misericórdia” (Romanos 1.31); sem entranhas, sem
compaixão.
Daí você pode descobrir que foi uma das finalidades de Deus ter enviado
Israel ao Egito: para que, lá nos fornos de tijolos, o coração duro de vocês
pudesse ser amolecido e derretido em compaixão para com os estrangeiros e
cativos. Portanto, quando Deus lhes trouxe o cativeiro, esta foi uma das
primeiras lições da qual Ele imprimiu na mente deles: “Não oprimirás o
estrangeiro”. Existe o dever que, embora expresso negativamente, ainda, de
acordo com a regra de interpretação dos mandamentos, inclui todos os
deveres afirmativos de misericórdia e compaixão; e o motivo segue: “pois
vocês conhecem o coração de um estrangeiro”. Como é que eles conheciam
o coração de um estrangeiro? “Visto que fostes estrangeiros na terra do
Egito”. Como se Deus tivesse dito: Eu sabia que você tinha um coração de
ferro e entranhas de latão dentro de você, incompassivo e cruel. Portanto,
Eu o enviei ao Egito, com o propósito de que, pela crueldade dos egípcios,
Eu pudesse tencionar coração de vocês, e que, pela experiência de seus
próprios sofrimentos e misérias, vocês pudessem aprender, enquanto
viverem, a levar a sério a angústia e agonias de estrangeiros e cativos;
para que, sempre que vires um estrangeiro nas tuas habitações, pudessem
dizer: ‘Ó, aqui está um pobre peregrino, um exilado, certamente terei
misericórdia dele e mostrar-lhe-ei bondade, pois eu mesmo fui um estranho
e um escravo no Egito; sei por experiência que coração temeroso, trêmulo
e sangrento ele carrega em seu peito, etc.”.
Quando um cristão compara e mede seu fardo mais leve de aflição com o
jugo mais doloroso de outro, e assim raciocina consigo mesmo: O
encarceramento foi doloroso para mim, mas desfrutei de muitos confortos e
acomodações que outros não têm. Eu tinha uma local de repouso doce e
uma cama macia, quando alguns membros pobres de Jesus Cristo, na
Inquisição Espanhola e na escravidão turca, são lançados na masmorra e
afundam, com Jeremias, na lama; seus pés estão feridos no tronco e os
ferros entram em sua alma; outros jazem sangrando e ofegando no chão
frio com suas feridas abertas, expostos a todos os ferimentos da fome e da
nudez ao ar livre. Eu vi o rosto de meus amigos cristãos, às vezes,
desfrutava de refrigério na conversa com parentes queridos, enquanto
alguns do precioso povo de Deus são lançados em prisões escuras e
fedorentas, e não veem o rosto de um cristão, nem de um homem,
possivelmente, por cinco, dez ou vinte anos, a menos que fosse um tormento
para eles. Eu fazia uma dieta nova todos os dias, não apenas por
necessidade, mas por prazer, enquanto outros preciosos servos de Deus
querem o pão necessário, jazem famintos nos lugares tristes de sua
contenção dolorosa, e ficariam felizes em comer o pior dos alimentos,
mesmo aquele que seria mais repugnante para mim. Oh, não devem minhas
entranhas ansiar e minha compaixão rolar dentro de mim em favor desses
objetos de miséria e compaixão? Verdadeiramente, irmãos, vemos isso
diariamente no caso de pedra [nos rins], dor de dente, gota e outros males,
como a experiência derrete o coração em lágrimas de simpatia e
solidariedade, enquanto estranhos a tais sofrimentos ficam maravilhados, e
quase ridicularizando os lamentos de partir o coração dos pobres infelizes.
Irmão, se você não se admirar com isso, então, considere, eu te imploro, o
que o apóstolo fala do próprio Cristo (Hebreus 2.15-17).
Na escola da aflição, Deus nos ensina a orar. Aqueles que nunca oraram
antes, orarão na aflição. “Senhor, na angústia procuramos por você. Oramos
sob o peso de sua disciplina” (Isaías 26:16). Aqueles que mantiveram
distância de Deus antes, sim, que disse ao Todo-Poderoso “afaste-se de
nós”, em sua aflição, eles se voltam para Deus. Aqueles que nunca oraram
antes, ou pelo menos o fizeram de vez em quando, abandonam um desejo
sonolento e lento e, agora, podem derramar uma oração quando o castigo
estiver sobre eles. Rebeldes, tolos, marinheiros, até mesmo o pior dos
homens, frequentemente clamam a Deus em seus problemas. Os
marinheiros pagãos caem em suas orações em uma tempestade, e podem
despertar o profeta sonolento para este dever: “O que você quer dizer, ó
dorminhoco! Levante-se e invoque o seu Deus!” (Jonas 1:6). Por isso,
alguns dizem: “Aquele que não quer orar, que vá para o mar”.
Isso inclui uma súplica sincera e uma oração instantânea para purificar
e confirmar a graça, quando o pecado contaminou e desordenou o
coração. “Limpe-me das faltas secretas. Une-se ao meu coração para que
eu tema seu nome”. Os santos sempre apresentaram muitas petições diante
do trono da graça de Deus. Isso é o que é mais implorado por eles a Deus.
Quando estão orando por misericórdia externa, talvez, seus espíritos sejam
mais negligentes. Mas quando se trata de caso do coração, eles estendem
seus espíritos ao máximo, enchem a boca com argumentos, choram e fazem
súplicas: “Ó, por um coração melhor! Ó, por um coração amar mais a Deus
e odiar mais o pecado; por um caminhar mais uniformemente com Deus.
Senhor! Não me negue esse coração; pode me negar tudo, [mas] me dê um
coração para temer o Senhor, amá-lO e deleitar-se em Ti, se eu imploro meu
pão em lugares desolados”. Observa-se um santo eminente, que quando ele
estava confessando o pecado, ele nunca cederia a confissão até que ele
sentisse algum quebrantamento de coração por aquele pecado. Quando
orava por qualquer misericórdia espiritual, jamais cederia esse traje até que
obtivesse algum prazer daquela misericórdia.
Agora, a segunda ocasião em que você deve guardar seu coração é quando
está desempenhando seus deveres e, especialmente, no dever de orar; e deve
guardá-lo em quatro ou cinco aspectos: primeiro, ao cumprir os deveres, a
saber, na oração, estais permitindo pensamentos vãos, se o coração de vocês
não estiver bem guardado. Segundo, o coração de um cristão é propenso
para cair no pecado da formalidade. Portanto, se vocês não mantiverem seu
coração bem nos deveres, não podem deixar de ser formais no desempenho
deles. Terceiro, nosso coração, muitas vezes, tem pensamentos e apreensões
muito baixos sobre incompreensível majestade de Deus. A ignorância
condenável que existe entre as pessoas, as faz tirar tão pouca vantagem na
oração. Não falas com Ele, como a um dos teus companheiros? Onde está o
temor e o tremor que os cristãos costumavam ter, como Moisés, quando ele
apareceu e se apresentou diante de Deus? Quarto, nosso coração está
propenso a não crer, e sempre pronto a não crer em Deus e em Suas
promessas. Por último, a não ser que guardem o seu coração, é impossível
que levem consigo [em oração] a sua necessidade. Se alguém estivesse
presente e ouvisse as suas orações, diriam que não é sincero com Deus, pois
buscais tais coisas por um princípio de luz, e não por necessidade. Agora,
eu colocaria isto para você: se você já foi o observador em alguma desses
deveres ou não? Há muitos cujas orações os fazem ter mais distância de
Deus. Portanto, eu lhes pediria que olhassem para isso, que sejam sérios na
oração e saibam se essa é ou não a sua estrutura; pois há alguns que virão
da oração com muito mais laços do que quando começaram; e qual é a
razão disso, senão falta de fervor? É um grande mistério de Seu amor, o fato
de que Ele não envie fogo do céu para queimar nosso sacrifício e nos
consumir da mesma forma; pois, o que são muitas de nossas orações, senão,
por assim dizer, cortar o pescoço de um cachorro, que é uma abominação
para o Senhor?
Plano de Leitura: Jó 15-18 CM 58, BC 29
26 de abril
Ocasiões em que o cristão deve,
especialmente, guardar o coração (3)
Andrew Gray
Provérbios 4:23
Ó Amado do Senhor, quanto tempo você vai parar entre estas duas
opiniões? Se Cristo é precioso (como Ele é), então que a alma O abrace; e
se seus ídolos são preciosos, então, sua alma pode abraçá-los e deleitar-se
com eles. Podemos dizer isto do precioso Cristo. Olhos não viram, nem
ouvidos ouviram, nem penetraram no coração do homem conceber e
apreender essas perfeições infinitas e preciosas que estão no precioso
Cristo. Jamais seremos capazes de compreender aquela excelência e
transcendente formosura e beleza que está na face dEle: “Ele é branco e
rosado, o principal entre dez mil; sim, ele é totalmente adorável”. Ele é
precioso. Certamente, se esta pergunta fosse feita aos que estão exaltados:
“O que vocês pensam de Cristo?”; os anjos e todos os santos que estão ao
redor do trono, arriscaria esta resposta: Cristo é excelente e extremamente
precioso – e antes sujeito à admiração do que ao discurso.
A piedade é uma coisa tão sublime e divina; eleva tão altamente o crente
que é dotado dela, que, por ela, ele é admitido naquele alto pináculo de
honra e inconcebível grau de dignidade, a ponto de ser semelhante a Deus, e
ter uma gloriosa participação de sua natureza divina. Assim, não
precisamos de muita retórica para recomendá-la a vocês que provaram sua
doçura; pois a sabedoria será justificada por seus filhos (Mateus 11.19).
Porém, há alguns de vocês que não saboreiam as coisas de Deus; para quem
essas coisas aparecem como alguma fantasia utópica ou noções da cabeça
de um homem, [e, por isso] não se preocupam muito com a piedade. De
modo que, embora pudéssemos falar sobre este assunto de tal maneira que a
gloriosa luz dele nos envolvesse, ainda assim o coração cego não pode vê-lo
por que há uma masmorra dentro; e até que Cristo abra nossos olhos, bem
como revele sua luz, não podemos ser iluminados por ela. Mas se
tivéssemos tido tanta compreensão divina, a ponto de tomá-la em sua beleza
e necessidade, em suas vantagens e dignidades, em sua beleza e equidade,
deveríamos considerá-la a principal coisa que devemos fazer em toda a
nossa vida e tempo; devemos cavar em busca dela, como cavamos para
encontrar um tesouro escondido (Provérbios 2.4).
A obediência deve ser livre e alegre, ou, então, será penitência, não
sacrifício. “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra”
(Isaías 1:19). Embora sirvamos a Deus com fraqueza, devemos estar com
disposição. Você gosta de ver seus criados irem alegremente às suas tarefas.
De acordo com a lei, Deus receberá uma oferta voluntária (Deuteronômio
16:10). Os hipócritas obedecem a Deus de má vontade e contra sua vontade;
eles fazem o bem, mas não de bom grado. Caim trouxe seu sacrifício, mas
não seu coração. É uma verdadeira regra. O que o coração não faz, não é
feito. A vontade é a alma da obediência. Deus, por vezes, aceita a
disposição sem a obra, mas nunca a obra sem disposição. A alegria mostra
que há amor no dever; e o amor é para nossos serviços o que o sol é para
frutas: adoça e amadurece, e os faz sair com um melhor sabor.
Plano de Leitura: Provérbios 1-4 CF 10.4
3 de maio
Obediência, Devoção e Fervor
Thomas Watson
Romanos 12.11
Jesus Cristo estabeleceu um alto e estimado valor para a alma. Ele o fez e a
comprou. Portanto, Ele conhece melhor o valor dela. Ele se vendeu para
comprar a alma. [...] Não, Ele estava satisfeito não apenas em ser vendido,
mas em morrer. Isso aumenta o preço da alma: custou o sangue de Deus
(Atos 20:28). 1 Pedro 1:19: “Não fostes redimidos com coisas corruptíveis,
como prata e ouro, mas com o precioso sangue de Cristo”. Cristo deve
morrer para que a alma possa viver; o herdeiro do céu foi penhorado pela
alma do homem. O que Cristo poderia dar mais do que a Si mesmo? O que,
em si mesmo, era mais caro do que Seu sangue? Ó preciosa alma, que tem a
imagem de Deus para te embelezar e o sangue de Deus para te redimir!
[...] Agora, calcule quanto vale uma gota do sangue de Cristo e, então, me
diga quanto vale uma alma!
Se a alma é tão preciosa, veja, então, qual é a adoração que Deus espera e
aceita, a saber: aquela que vem da parte mais nobre da alma. Salmo 25:1:
“A ti, Senhor, elevo a minha alma”. Davi não apenas ergueu sua voz, mas
também sua alma. Embora Deus tenha os olhos e os joelhos, o serviço do
corpo – ainda assim, Ele se queixa daqueles que se aproximam com os
lábios, quando o coração está longe Dele (Isaías 29:13). A alma é a joia.
Davi não apenas afinou seu alaúde e violino, mas também afinou sua alma
para louvar a Deus. Salmo 103:1: “Bendiga ao Senhor, ó minha alma”. Suas
afeições unidas em adoração constituíram o concerto. A alma é altar, fogo e
incenso; é o altar em que oferecemos nossas orações, o fogo que acende
nossas orações e o incenso que as perfuma.
Os olhos de Deus estão principalmente sobre a alma. Traga cem pratos para
a mesa e Ele não cortará nenhum senão este; esta é a carne saborosa que Ele
adora. Aquele que é o melhor será servido com o melhor. Quando damos a
Ele a alma em um dever, então, damos a Ele a flor e a nata. Por meio de
uma química sagrada, destilamos os espíritos. Uma alma inflamada no
serviço é o copo de vinho condimentado e o suco de romã (Cântico de
Salomão 8:2) que a esposa dá a Cristo para beber. Sem a adoração da alma,
toda a nossa religião não passa de exercício físico (1 Timóteo 4:8) que de
nada se aproveita. Sem a alma, damos a Deus apenas uma carcaça. O que
são todos os jejuns, penitências e peregrinações dos papistas, senão ir para o
inferno com mais pompa e status? Quais são as orações do formalista, que
até esfriam entre seus lábios, senão uma devoção morta? Não é sacrifício,
mas sacrilégio; ele rouba de Deus aquilo a que Ele tem direito: sua alma.
Se amamos a Deus, nosso desejo será segui-lO. “No teu nome e na tua
memória está o desejo da nossa alma” (Isaías 26:8). Aquele que ama a Deus
suspira por seguir em comunhão com Ele. “A minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo” (Salmo 42:2). As pessoas apaixonadas desejam estar
juntas frequentemente. Aquele que ama a Deus deseja muito estar na Sua
presença. Ele ama os mandamentos: são o cristal onde a glória de Deus
resplandece; nos mandamentos nos encontramos com Aquele a quem
nossas almas amam. Nós temos sorrisos e sussurros de Deus, e alguns
antegostos do céu. Quando não há desejo pelos mandamentos, não há amor
para com Deus.
Aquele que ama a Deus não pode encontrar satisfação em nada sem Ele. Dê
a um hipócrita, que finge amar Deus, milho e vinho, e ele pode se contentar
sem Deus. Mas uma alma incendiada com amor a Deus, não pode estar sem
Ele. Os amantes desmaiam se não tiveram a visão do objeto amado. Uma
alma graciosa pode viver sem saúde, mas não pode viver sem Deus, que é a
saúde de seu semblante (Salmo 43:5). Se Deus dissesse a uma alma que a
ama inteiramente: "Receba seu alívio, nade no prazer, consola-te nas
delícias do mundo, mas você não apreciará minha presença”, isso não iria
satisfazê-la. Nem se Deus dissesse: "Deixarei você ser levado para o céu,
mas vou me aposentar em outra sala, e tu não verás o meu rosto". Isso não
iria satisfazer a alma. É o inferno estar sem Deus. O filósofo diz que não
pode haver ouro sem a influência do sol; certamente, não pode haver alegria
de ouro na alma sem a doce presença e influência de Deus.
Plano de Leitura: Cantares 1-3 CM 75, BC 35
17 de maio
Aquele que ama a Deus odeia aquilo que o separaria de Deus, e isto é, o
pecado
Thomas Watson
Salmo 119:128
Aquele que ama a Deus odeia aquilo que o separaria de Deus, e isto é, o
pecado. O pecado faz Deus esconder o rosto dEle. É como ter um
incendiário entre seus melhores amigos. Portanto, a avidez do ódio de um
cristão é contra o pecado. “Aborreço todo caminho de falsidade” (Salmo
119:128). Antipatias nunca podem ser reconciliadas. Alguém não pode
amar a saúde a menos que odeie veneno, então não podemos amar a Deus,
se não odiamos o pecado – que destruirá nossa comunhão com Ele.
Plano de Leitura: Cantares 4-6 CF 13.2, CM 78
18 de maio
Aquele que ama a Deus trabalha para
torná-lO adorável aos outros
Thomas Watson
Cânticos de Salomão 5:11
Aquele que ama a Deus trabalha para torná-lO adorável aos outros. Ele não
só admira Deus, mas fala em seu louvor, para que ele possa fascinar e atrair
os outros a fim de que fiquem apaixonados por Deus. Aquela, que está
apaixonada, elogiará seu amado. A esposa apaixonada exalta Cristo, ela faz
uma oração em louvor de sua dignidade, para persuadir os outros a
apaixonarem-se por Ele. “A sua cabeça é como o ouro mais apurado”
(Cânticos de Salomão 5:11). O verdadeiro amor a Deus não pode ficar em
silêncio, será eloquente ao estabelecer Seu bom nome. Não há melhor sinal
do amor a Deus do que fazê-lO parecer adorável e atrair convertidos para
Ele.
Plano de Leitura: Cantares 7-8 CF 13.3
19 de maio
Aquele que ama a Deus chora amargamente
pela ausência dEle
Thomas Watson
João 20:13
Aquele que ama Deus chora amargamente por sua ausência. Maria veio
chorando: “levaram o meu Senhor” (João 20:13). Um chora: “Minha saúde
se foi!”; outro, “Minha propriedade se foi!”. Mas aquele que ama a Deus,
grita: “Meu Deus se foi! Não posso desfrutar dAquele a quem amo. O que
todos os confortos mundanos podem me fazer quando Deus está ausente? É
como num banquete em funeral, onde há muita carne, mas não há alegria”.
“Ando de luto, sem a luz do sol” (Jó 30:28). Se Rachel lamentou muito pela
perda de seus filhos, o que pode afastar a tristeza desse cristão que perdeu a
doce presença de Deus? Tal alma derrama inundações de lágrimas; e
enquanto estar lamentando, parece dizer assim a Deus: “Senhor, estás no
céu, ouvindo as melodiosas canções e o triunfo dos anjos. Mas eu me sento,
aqui, no vale das lágrimas, chorando porque você se foi. Oh, quando Tu
vieres a mim e me reviver com a luz do seu semblante! Oh, Senhor, se não
quiseres vir até mim, deixe-me ir até Ti, onde eu vou ter um sorriso
perpétuo de Teu rosto no céu e nunca mais me queixarei: ‘Meu amado se
retirou’”.
Plano de Leitura: Isaías 1-4 CM 77
20 de maio
Aquele que ama a Deus está disposto
a fazer e a sofrer por Ele
Thomas Watson
1 Coríntios 13:7
Aquele que ama a Deus está disposto a fazer e a sofrer por Ele. Ele
subscreve os mandamentos de Deus, se submete à vontade dEle. Ele
subscreve Seus mandamentos. Se Deus o ordena a mortificar o pecado ou
amar aos seus inimigos, ou ser crucificado para o mundo; então, tal homem
obedece. É uma coisa vã para um homem dizer que ama a Deus, porém
menosprezar Seus mandamentos. O homem piedoso se submete à Sua
vontade. Se Deus quiser que ele sofra por Sua causa, ele não discute, mas
obedece. “[O amor] tudo suporta” (1 Coríntios 13:7). O amor fez Cristo
sofrer por nós; o amor nos fará sofrer por Ele. É verdade que todo cristão
não é um mártir. Porém, ele tem, nele, um espírito de martírio. Ele tem
disposição para sofrer, se Deus o chamar para isso. “estou sendo já
oferecido por libação” (2 Timóteo 4:6). Não só os sofrimentos estavam
preparados para Paulo, mas ele estava preparado para os sofrimentos.
Orígenes preferia viver desprezado em Alexandria, do que viver com
Plotino e negar a fé, se tornando grande no favor do príncipe (Apocalipse
12:11). Muitos dizem que amam a Deus, mas não perderiam nada por Ele.
Se Cristo tivesse nos dito: “Eu te amo muito, és querido para mim, porém
não posso sofrer por ti, não posso dar minha vida por ti”, questionaríamos
muito Seu amor; e não poderia o Senhor questionar o nosso amor, quando
fingimos amá-lO, mas não suportamos nada por causa dEle?
O que devemos dizer àqueles que não têm uma dracma de amor a Deus em
seus corações? Eles têm a vida graças a Ele, mas não O amam. Ele prepara
mesa deles, todos os dias, mas eles não O amam. Os pecadores temem Deus
como um juiz, mas não O amam como pai. Toda a força dos anjos não pode
fazer o coração amar a Deus; os juízos não o farão; somente a graça
onipotente pode fazer de um coração pedregoso, derretido no amor. Quão
triste é ser vazio de amor a Deus. Quando o corpo está frio e não tem calor,
é sinal de morte; então, aquele que está, espiritualmente, morto não tem
calor de amor a Deus em seu coração. Viverá com Deus aquele que não O
ama? Será que Deus colocará um inimigo no Seu seio? Eles ficarão
acorrentados nas trevas e não serão atraídos com as cordas de amor – mas
serão presos com as correntes das trevas.
Plano de Leitura: Isaías 9-12 CM 153, BC 85
22 de maio
Um homem piedoso é ser um homem de conhecimento
Thomas Watson
Provérbios 14:18
Um homem piedoso é ser um homem de conhecimento. “Os prudentes
serão coroados de conhecimento” (Pv 14:18, ACF). Os santos são
chamados de “prudentes” (Mt 25:4, ACF). Um homem natural pode ter
algum conhecimento discursivo de Deus, mas ele não sabe nada como
deveria saber (1 Co 8:2, ACF). Ele não conhece a Deus salvadoramente: ele
pode ter o olho da razão aberto, mas não discerne as coisas de Deus de
maneira espiritual. As águas não podem ir além da sua fonte; os vapores
não podem subir mais alto do que o sol os faz evaporar; da mesma forma,
um homem natural não pode agir acima de sua esfera. Ele não é mais capaz
de julgar corretamente as coisas sagradas do que um cego é capaz de julgar
as cores. (1) Ele não vê o mal do seu coração: mesmo que um rosto seja
muito sombrio e deformado, ainda assim não é visto sob um véu. O coração
de um pecador é tão perverso, que nada além do inferno pode ser
comparado a ele e, ainda assim, o véu da ignorância o encobre. (2) Ele não
vê as belezas de um Salvador: Cristo é uma pérola, mas uma pérola
escondida.
Vocês devem orar em suas famílias diariamente a Deus porque vocês têm
muitas necessidades diárias que somente Deus pode suprir. Deus não
precisa de suas orações, mas vocês e os seus precisam das misericórdias de
Deus! Se vocês precisam delas, não deveriam orar a Deus por elas? Vocês
podem suprir as necessidades de suas famílias? Se eles precisam de saúde,
vocês podem dar a eles? Se eles precisam de pão, vocês podem dar a eles
sem que Deus dê a vocês primeiro? Então, por que Cristo ordenou que
orássemos “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6:11)? Se eles
precisam da graça, vocês a podem desenvolver neles? Ou vocês não se
importam que eles morram sem essa graça? Não é Deus o doador de toda
boa dádiva? “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança” (Tg 1:17). As misericórdias estão lá no alto e as boas coisas são
lá do alto, e a oração é o meio designado por Deus para trazê-los aqui para
baixo. “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus” (Tg
1:5). Vocês acham que não precisam de sabedoria para cumprirem seus
deveres perante Deus e os homens, que não precisam de sabedoria para
gerir suas famílias para seu bem temporal, espiritual e eterno? Se vocês
pensam assim, vocês são tolos. Se vocês acham que não precisam, por esse
mesmo pensamento, vocês podem discernir a sua carência de sabedoria. Se
vocês acham que têm o suficiente, está claro que vocês não têm nenhuma. E
não deveriam pedir a Deus, se vocês querem tê-la? Se vocês e os seus
precisam de saúde em suas famílias, não deveriam pedir a Deus? Vocês
podem viver fora da dependência de Deus? Ou vocês podem dizer que não
precisam da ajuda de Deus para prover suas necessidades? Então, vocês se
contradizem: pois ter necessidades e não serem dependentes é uma
contradição. Pensar que vocês não vivem na dependência de Deus é pensar
que vocês não são homens nem criaturas. Se vocês dependem de Deus e
precisam de sua ajuda para suprir as suas necessidades, suas próprias
indulgências deveriam trazê-los aos joelhos para orar a Ele.
Vocês devem orar em suas famílias, diariamente, a Deus por causa dos
empregos e trabalhos diários de suas famílias. Todo aquele que põe a mão
para trabalhar e a cabeça para inventar, deveria dispor o coração para orar.
Pois não será sua negociação em vão; e o seu labor, trabalho, suas
preocupações e projetos para o mundo não serão vazios de propósito sem a
bênção de Deus? Vocês ficarão convencidos se o próprio Deus lhes disser?
Então, leiam o Salmo 127:1-2: “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão
trabalham os que a edificam [...]. Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes”. Pão que
penosamente granjeastes! Que pão é este? Pão obtido com muito esmero, e
trabalho, e labuta é o “pão que penosamente granjeastes”. Sem Deus, seu
labor visando conseguir pão para vocês e suas famílias é vão. Você pode
perder tudo depois de todos os seus trabalhos. Sem a bênção de Deus, se
vocês comerem do que vocês conseguiram com muita labuta e esforço,
vocês comem em vão; pois, sem Ele, não podem nutrir seus corpos. Ainda
assim não é necessário orar para que Deus prospere e abençoe em suas
vocações profissionais? Oração e trabalho devem promover juntos o que
seus objetivos buscam. Orar e não fazer os trabalhos de suas vocações seria
esperar suprimentos enquanto vocês são negligentes. Trabalhar e negociar e
não orar seria esperar crescimento e provisão sem Deus. A religião que traz
sobre você os deveres sagrados não lhes ensina a negligenciar as suas
vocações, nem ainda a confiar em seus próprios esforços – sem orar a Deus.
Ambos têm seu devido lugar e uma parcela dos seus tempos. A oração é a
ponte entre as provisões de Deus e o nosso esforço em buscar a provisão.
Como vocês podem receber, se Deus não der? E por que vocês esperam que
Deus dará, se vocês não pedirem? “Nada tendes, porque não pedis” (Tg
4:2). Pelo que trabalham, também orem. E aquilo pelo que oram, por isso
trabalhem e labutem. Este é o verdadeiro conjunto de trabalho e oração. Ou
vocês serão como aqueles de quem o Apóstolo fala? “Atendei, agora, vós
que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um
ano, e negociaremos, e teremos lucros” (Tg 4:13). [...] Vocês não deveriam
ir para seus trabalhos, nem para suas profissões e negócios até que primeiro
tenham orado a Deus.
Vocês devem orar em suas famílias, diariamente, a Deus porque vocês estão
todos os dias suscetíveis a tentações. Assim que vocês acordarem, o diabo
estará lutando pelos seus primeiros pensamentos. E quando vocês se
levantarem, ele estará imediatamente com vocês para primeiro cultuarem a
ele; ele irá observá-los o dia todo para atraí-los a algum pecado hediondo
antes da noite. Não é o diabo um inimigo sutil, vigilante, poderoso e
incansável? E vocês todos não precisam reunirem-se pela manhã para que
Satanás não consiga prevalecer contra qualquer um de vocês antes da noite,
até que se acheguem juntos a Deus novamente? Quantas tentações vocês
podem encontrar em suas vocações e em seus trabalhos, que não serão
capazes de resistir sem Deus! O quanto vocês podem cair e desonrar a
Deus, desacreditar sua profissão de fé, corromper suas almas, perturbar a
paz e ferir as suas consciências? Por isto, Orígenes chorou em sua
lamentação. Pois, no dia em que ele omitiu a oração, ele pecou
horrivelmente: “Mas eu, ó criatura infeliz! Pulando para fora da minha
cama ao raiar do dia, não pude terminar minha devoção de costume, nem
realizar minha oração habitual; mas fui entrelaçado e envolvido nas ciladas
do diabo”.
Efésios 5.25-33
Deus é o Senhor e governador de suas famílias, portanto, as famílias devem
servir a Deus através da oração a Ele. Se Ele é o seu possuidor, Ele também
é o seu governador. E não nos entrega leis para caminharmos e
obedecermos, não apenas como indivíduos, mas como sociedade (Ef 5:25-
33; 6:1-10; Cl 3:19-25; 4:1)? Deus é o senhor da sua família? Então, sua
família não deveria servir a Ele? Servos não devem obediência aos seus
senhores? “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde
está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo?”
(Ml 1:6). De fato, onde está? Não em famílias ímpias, que não oram.
Salmo 18:25
Um coração íntegro é completo e sem divisão. Para um hipócrita, há
muitos deuses e muitos senhores; e ele deve ter um coração para cada um.
Mas, para os retos, há apenas Deus Pai e o Senhor Jesus Cristo, e um
coração servirá a ambos. O hipócrita coloca seu coração na criatura. Para
cada criatura, ele deve ter um coração; a divisão de seu coração o destrói
(Os 10:2). Se os lucros do mundo batem na porta, ele tem um coração para
eles. Se os prazeres carnais se apresentam, ele também tem um coração para
eles. Se promoções pecaminosas aparecem, ele também tem um coração
para elas. Do que é necessário, o número é pequeno; de vaidades
desnecessárias, o número é infinito. O homem íntegro fez a escolha por
Deus e ele tem o suficiente. Um único Cristo é suficiente para um único
coração. Portanto, o santo Davi orou no Salmo 86:11: “dispõe-me o coração
para só temer o teu nome”. Ou seja, “deixe-me ter apenas um coração e
uma mente, e deixe que seja Teu”. Embora haja milhares de feixes e raios,
todos se encontram e convergem no sol. Então, um homem íntegro, embora
ele tenha mil pensamentos, contudo, todos (por sua boa vontade) se
encontram em Deus. Ele tem muitos objetivos subordinados – obter meios
de subsistência, preservar sua honra, prover seus filhos; mas, não tem
nenhum fim suprema senão Deus somente. Por isso, ele tem essa firmeza
em suas resoluções, sem distrações em seus deveres sagrados, consistência
em suas ações e uniformidade na estrutura de seu coração, o que hipócritas
miseráveis não conseguem alcançar.
Salmo 119:80
Um coração íntegro é saudável e sem podridão. “Seja o meu coração
irrepreensível nos teus decretos, para que eu não seja envergonhado” (Sl
119:80). Quanto mais sinceridade, menos vergonha. A integridade é o
grande autor da confiança. Toda geada agita um corpo doente, e qualquer
tentativa agita uma alma fraca. Um homem íntegro nem sempre tem uma
cor tão pura como um hipócrita pode ter, mas sua cor é natural: é sua; não é
pintado; sua estrutura é sólida. A beleza do hipócrita é emprestada; o fogo
do julgamento irá derretê-lo. Um homem íntegro tem suas enfermidades,
suas doenças; mas a sua nova natureza trabalha para as curar, pois ele é
saudável por dentro. A lepra se espalha pelo hipócrita, mas ele a esconde.
“Porque em seus olhos se lisonjeia, até que a sua iniquidade se descubra ser
detestável” (Sl 36:2, ACF). Ele se esforça para se esconder de Deus, e mais
ainda dos homens; porém, principalmente, de si mesmo. Com tudo isso, ele
prefere se esconder em si mesmo, e o fará “até que a sua iniquidade se
descubra ser detestável”. Contudo, um homem íntegro está sempre
esquadrinhando e julgando a si mesmo: “Eu estou saudável? Estou correto?
Meu trabalho está sendo cumprido corretamente? Minhas fraquezas são
consistentes com a integridade?”. Um santo íntegro é como uma maçã com
manchas podres; mas, um hipócrita é como a maçã com um núcleo podre. O
cristão sincero tem uma pequena mancha de paixão aqui, de mundanismo
ali, e de orgulho acolá. Todavia, corte-o e disseque-o, e ele é saudável de
coração: Cristo e o cristianismo vivem e reinam lá. Um hipócrita é como
uma maçã que é suave e adorável por fora, mas podre por dentro. Suas
palavras podem ser exatas, seus deveres devotos, e sua vida irrepreensível;
porém, olhe para dentro, e seu coração é o poder do pecado – a cova de
Satanás.
Mateus 5:8
Um coração íntegro é puro e sem mistura. Não é absolutamente puro,
pois essa feliz condição está reservada para o céu; mas o é se comparado
com a poluição e vil mistura que constitui um hipócrita. Embora sua mão
não possa fazer tudo o que Deus ordena, seu coração é sincero em tudo o
que ele faz. Sua alma está inclinada à perfeita pureza, de onde vem o seu
nome. “Bem-aventurados os limpos de coração” (Mt 5:8). Ele falha às
vezes em suas palavras, em seus pensamentos e em suas ações. Mas, abra
seu coração, e há um amor, um desejo, um desígnio e um esforço por buscar
a pureza real e absoluta. Ele não é perfeitamente puro, isto é, livre de todo
pecado; mas, é evangelicamente puro, livre do reinado de todo pecado –
especialmente da hipocrisia (a qual é tão completamente contrária à aliança
da graça). Nesse sentido, o homem íntegro é o puritano das Escrituras, e,
portanto, está mais longe da hipocrisia do que qualquer outro homem. Ele
está realmente feliz por Deus esquadrinhar os corações, pois sabe que Ele
encontrará seu nome e sua natureza em seu próprio povo escolhido. Ainda
assim, mesmo o homem mais íntegro do mundo tem alguma hipocrisia nele.
“Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado?”
(Pv 20:9). Porém, ele reconhece, resiste e odeia essa hipocrisia; e, assim, ela
não pode denominá-lo como um hipócrita neste mundo, nem o condenar
como hipócrita em outro. Seus fins são, em regra, puramente para a glória
de Deus; o quadro do seu coração e seus pensamentos são puros e,
geralmente, melhores do que o seu exterior; quanto mais você o investiga,
melhor ele é. Ele é puro de desonestidade em seus negócios, e ainda mais
puro em sua família, livre de toda aparência de maldade. Em particular, ele
continua puro, e é ainda mais puro em seu coração. Embora haja pecado lá,
existe uma antipatia contra ele, de modo que não se mistura com ele. O
hipócrita escolhe o pecado; o homem íntegro não teria pecado se pudesse
escolher. O viajante encontra sujeira em seu caminho, mas ele a mantém
longe tão bem quanto ele consegue e não se mistura com ela. Se ele se suja,
ele esfrega assim que possível. Contudo, o porco se deleita na sujeira e não
pode estar bem sem ela. É assim entre o homem íntegro e o hipócrita. O
santo mais íntegro na terra, às vezes, está atolado com o pecado; porém, ele
não o planejou pela manhã, nem dorme com ele durante a noite. Mas um
hipócrita o projeta e deleita-se nele; ele nunca está tão satisfeito quanto no
pecado. Em uma palavra, o hipócrita pode evitar o pecado, mas nenhum
homem pode abominar o pecado, salvo o homem íntegro.
Salmo 37:37
Um homem íntegro é perfeito e totalmente sem reservas. “Nota o
homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz” (Sl
37:37, ACF). Você pode ver ambos de uma só vez. Seu coração é
inteiramente dedicado à vontade e aos caminhos de Deus. O hipócrita
sempre tem algumas exceções e reservas. “Tal pecado não devo deixar; tal
graça eu não posso amar; tal dever eu não vou praticar. Até aqui, eu vou
ceder, mas não mais; até aqui, eu irei. É coerente com os meus fins carnais,
mas nem o mundo todo me persuadirá a ir além”. O julgamento do hipócrita
irá além da sua vontade; sua consciência, além de suas afeições. Ele não
está inteiro, seu coração está dividido, então, ele vai e volta. O homem reto
tem apenas uma felicidade: o deleite em Deus. Ele tem apenas uma regra: a
sua santa vontade. Ele tem apenas um trabalho, e este é agradar ao Criador.
Então, ele é inteiro e firme em suas escolhas, em seus desejos, em seus
caminhos e em suas sugestões. Embora possa haver algumas demoras no
exercício do seu principal negócio, não há hesitação e vacilação entre dois
fins; pois ele está totalmente firme e resolvido, pode ser dito que ele é
“perfeito e completo, sem faltar em coisa alguma”. Há, em cada hipócrita,
algo forte ou uma fortaleza que nunca cedeu à soberania e ao império da
vontade de Deus. Alguma luxúria que se fortalece na vontade; mas, onde a
integridade entra, leva todo pensamento cativo para a obediência a Cristo.
“Senhor”, ele diz: “Eu sou inteiramente seu; faça o que quiser comigo. Diga
a tua vontade para comigo. Escreva-a sobre mim”. “Ó Senhor Deus nosso,
já outros senhores têm tido domínio sobre nós; porém, por ti só, nos
lembramos de teu nome” (Is 26:13, ACF). Este é o homem íntegro.
Salmo 37:37
Um coração íntegro é simples e sem engano. “Bem-aventurado o homem
a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano”
(Sl 32:2, ACF). Esta é realmente uma palavra abençoada. Ai de mim!
Temos grandes e muitas iniquidades; não seria feliz sermos como se nunca
tivéssemos pecado? Por que, a não-imputação também será para nós como
se não houvesse transgressão; os pecados redimidos são como se não os
tivéssemos cometidos; o livro de dívidas riscado como se nenhuma entrada
tivesse sido feita. Mas, quem é esse homem abençoado? “Em cujo espírito
não há engano”, isto é, nenhum engano fundamental. Este é o homem que
não está enganosamente pactuado com seu Deus. Ele não tem aprovado o
engano, para aprovar e ceder a qualquer forma de maldade. Ele não faz
malabarismo com Deus ou com os homens ou com a própria consciência.
Ele não esconde seus ídolos na terra quando Deus está olhando sua tenda
(Js 7:21, ACF). Em vez disso, como segue no Salmo 32:5, ele confessa,
odeia e deixa o seu pecado. Quando o homem reto confessa seu pecado, seu
coração dói. Ele fica profundamente perturbado por ele; tal homem não
encobre. O hipócrita proclama guerra abertamente, mas mantém contatos
secretos com suas concupiscências. Quando o homem íntegro ora por
qualquer graça, ele deseja com sinceridade – ele se esforça para alcançá-la
também; pois ele é sincero e não dissimula. Aquele que dissimula com
Deus dissimula com qualquer homem no mundo. Veja a grande diferença
entre Saul e Davi. Saul é acusado de uma falha em 1 Samuel 15:14. Ele
nega! A acusação é renovada no versículo 19. Ainda assim, ele evita o
assunto e procura por folhas de figueira para cobrir tudo. Mas Davi, de
coração simples, é outro homem: ele é acusado e se entrega; uma alfinetada
abre uma veia de pesar em seu coração. Ele conta tudo, ele faz um salmo
sobre isso, e conclui isso no Salmo 51:6: “Eis que amas a verdade no
íntimo”. O homem de coração simples diz: “Quanto a mim, com o homem
reto mostrar-me-ei reto”.
Plano de Leitura: Jeremias 28-30 CF 18.2
17 de junho
Gênesis 5.22-24
Miqueias 6.8
Miqueias 6.8
Salmo 37:37
Uma alma que se dirige em segredo a Deus, vai a Ele como um Pai. Agora,
sabemos que os filhos não podem ser tão livres em se dirigir ao Pai, em
companhia e diante de estranhos, como quando nenhum ninguém está
presente. É, que quando um filho tem qualquer assunto especial para seu
Pai, ele o chama de lado, ou sussurra para ele, para que ninguém possa
ouvi-lo. Observe isso: os filhos de Deus têm uma mensagem para Deus que
ninguém deve saber. Assim, uma alma graciosa pode dizer: “Ó meu Rei,
meu Deus, meu Pai, tenho uma mensagem secreta para ti. Uma luxúria para
confessar, ou misericórdia para implorar ou bendizer, que eu não gostaria
que outros soubessem”. Não é adequado que alguém tenha conhecimento
daquilo de que uma alma graciosa fala a Deus. [...] A Esposa de Cristo é
modesta e não pode ser tão livremente amada diante dos outros como
quando em um canto [secreto]. Aqui, então, vem o uso e a vantagem da
Oração Secreta.
Ninguém viu Jacó lutando mão a punho (por assim dizer) com o Anjo, mas
todos podem observar os abraços amorosos entre aquele homem bom e seu
irmão hostil Esaú. Não houve nenhum testemunho da intercessão de Moisés
por Israel no Monte; mas toda a congregação e o mundo inteiro pode dar
testemunho de Deus ouvindo sua oração, por falar a um povo ofensor.
Quando Eli observou os lábios de Ana se moverem e não ouviu nenhuma
voz, ele a julgou mal como uma mulher bêbada; mas a verdade é que ela
estava ocupada com seu Deus em oração sincera. E, embora ele não
soubesse nada disso, depois, ele viu o efeito [e fruto da oração secreta] (1
Samuel 1.13; 27). Como quem diz: “Por esta criança eu orei; e o Senhor
deu-me a minha petição que lhe pedi; eis um sinal do Seu favor! Eis um
sinal evidente de que orei com verdade! Muitas vezes, sim, muitas vezes,
fui provocado por minha adversária zombadora, Penina, e como sempre fiz,
gemi ao meu Marido Celestial; e veja aqui o fruto de minhas sinceras
devoções em secreto. Ninguém viu minhas Lágrimas, todos podem ver meu
Filho; ninguém ouviu meus gritos em oração, mas a voz de meu Samuel
pode ser ouvida por todo o Israel. Ele levará o memorial da resposta à
oração secreta em seu nome até a sepultura”. E não pode muitas almas falar
a mesma coisa? Você não pode selar o mesmo experimento?
A oração é uma adoração imediata a Deus, pois o que foi dito mostra que
temos que fazer imediatamente com Deus. [...] Nisso está diferença de
outras partes adoração instituída de Deus, que necessariamente requer
companhia; como na pregação da Palavra, deve haver ouvintes; nos selos
do Pacto, como no Batismo e na Ceia dos Senhores, deve haver uma
sociedade, tal número que pode ser chamado de Igreja. Consequentemente,
esta última é chamada de Comunhão, porque diz o Apóstolo: Nós, sendo
muitos, somos um pão e um corpo. Mas não é absoluta ou essencialmente
requisito para a Oração que haja uma sociedade; um homem ou mulher, por
si só, pode cumprir este dever de oração de forma tão aceitável a Deus,
como se na companhia de mil santos. Não negamos as reuniões públicas ou
privadas do povo de Deus para oração; mas, ao mesmo tempo, afirmam que
a natureza do dever é tal, que pode ser realizado solitário e sozinho.[12]
Consequentemente, os escolásticos distinguem da oração, que é em
comunitária ou singular. Ambos têm seu lugar e uso. Embora coloquem
grande ênfase na promessa de Cristo, em Mateus 18.20, prometendo estar
onde dois ou três se encontram em seu Nome; afirmamos [também] a força
da oração de uma única pessoa de acordo com o texto que estamos
analisando [Mateus 6:6]. Assim, damos a ambos os tipos de oração o que
lhes é devido, sem comparações.
Aquilo que mais valorizamos tornamos o nosso deus; pois estima é um ato
de adoração da alma. Adoração é a estima da mente por algo como sendo o
que há de mais excelente. O Senhor exige a mais alta estima, como um ato
de honra e adoração devido somente a Ele. Portanto, ter uma alta estima por
outras coisas, quando temos pensamentos baixos sobre Deus, é idolatria.
Ter uma opinião elevada de nós mesmos, de nossas habilidades e
realizações, de nossas relações e prazeres, de nossas riquezas e honras, ou
daqueles que são ricos e honrados, ou qualquer coisa parecida com a
natureza, quando temos baixas opiniões a respeito de Deus, é colocar estas
coisas no lugar de Deus; torná-los ídolos e dar-lhes a honra e a adoração
que é devido, apenas, à Majestade Divina. O que mais estimamos, tornamos
o nosso deus. Se você tem outras coisas em maior estima do que o
verdadeiro Deus, você é idólatra (Jó 21:14).
Aquilo ao que estamos mais atentos, tornamos o nosso deus. Pois, ser mais
lembrado, ser mais pensado, é um ato de adoração que é próprio de Deus,
que Ele requer como sendo somente a Ele (Eclesiastes 12:1). Outras coisas
podem ocupar a mente. Mas, se elas são mais pensadas do que Deus, isso é
idolatria – a adoração, que pertence a Deus, é dada à criatura. Quando você
se importa, cuida de suas propriedades e interesses mundanos, cuida de seus
lucros ou prazeres mais do que de Deus – você os coloca como ídolos no
lugar de Deus. Quando esse tempo (que deve ser tomado com pensamentos
sobre Deus), é gasto em pensamentos com outras coisas; quando Deus não
está em todos os seus pensamentos; ou se Ele, às vezes, está presente, ainda
que outras coisas ocupem um lugar mais elevado em seus pensamentos; se,
quando você é chamado para pensar em Deus – como, às vezes, todos os
dias devemos fazer com toda a seriedade – e se, ordinária e
voluntariamente, você faz com que esses pensamentos de Deus deem lugar
a outras coisas, isso é idolatria. Se você não pensa em Deus ou pensa de
forma diferente da que Ele pensa de Si mesmo (por exemplo, pensa-O como
todo-misericórdia, desconsiderando Sua justiça; pensa que Ele é piedoso e
compassivo, desprezando Sua pureza e santidade; pensa em Sua fidelidade
em cumprir promessas, em detrimento de Sua verdade na execução de
ameaças; pensa que Ele é todo amor, sem relação à Sua soberania), isto é
estabelecer um ídolo em vez de o Deus [verdadeiro]. Pensar sobre Deus de
forma diferente do que Ele revelou de Si mesmo, ou atentar para outras
coisas tanto quanto ou mais do que Deus, isso é idolatria.
Aquilo que mais almejamos, tornamos o nosso deus; pois, ser o mais
desejado é um ato de adoração devido somente ao verdadeiro Deus; pois,
Ele sendo o principal bem, Ele deve ser o fim principal. Agora, o fim
principal deve ser nosso objetivo principal; deve ser, intencionalmente,
voltado para si mesmo; e todas as outras coisas devem ser dirigidas para o
bem em uma subserviência a esse fim. Agora, quando fazemos de outras
coisas nosso principal objetivo ou projeto, nós os colocamos no lugar de
Deus e os fazemos ídolos. Quando nosso principal objetivo é ser rico, ou
grande, ou seguro, ou famoso, ou poderoso; quando nosso grande objetivo é
nosso próprio conforto, prazer, crédito, lucro e vantagem; quando visamos
ou pretendemos algo mais ou qualquer coisa tanto quanto a glorificação e o
desfrute de Deus, isso é idolatria da alma.
Ao que nós somos mais determinados, nós adoramos como deus. Sermos
resolutos para com Deus, acima de todas as coisas, é um ato de adoração
que Ele exige como devido somente a Si mesmo. Comunicar tal ato a outras
coisas é dar a elas a adoração que pertence a Deus e torná-las deuses.
Quando somos totalmente determinados por outras coisas (por nossas
concupiscências, prazeres, vantagens exteriores) e, apenas, fracamente
resolutos por Deus, Seus caminhos, Sua honra, Seu serviço, isso é idolatria.
Quando somos resolutos, no presente, com relação a outras coisas, mas
colocamos nossas resoluções para Deus, no futuro – “Deixe-me obter o
suficiente do mundo, do meu prazer, das minhas luxúrias, agora; que eu
penso em Deus daqui em diante, na velhice, na doença no leito de morte” –,
então, essas são resoluções idólatras. Deus é escanteado; as criaturas e suas
luxúrias avançam para o lugar de Deus. E essa honra, que é devida somente
a Ele, você dá aos ídolos.
Aquilo que mais amamos, adoramos como nosso deus; pois, o amor é um
ato de adoração da alma. Amar e adorar são, às vezes, a mesma coisa.
Aquilo que alguém ama, isso tal pessoa adora. Isto, indubitavelmente, é
verdade, se pretendemos por meio deste amor um tipo superlativo e
transcendente (pois ser amado acima de todas as coisas é um ato de honra e
adoração), que o Senhor exige como devido a Si mesmo (Deuteronômio
6.5). O Senhor Cristo resumiu toda aquela adoração que é exigida do
homem nisto: “Amar a Deus” (Mateus 22:37). Outras coisas podem ser
amadas, mas Ele será amado acima de todas as outras coisas. Ele deve ser
amado de maneira transcendente, absoluta e por Si mesmo. Todas as outras
coisas devem ser amadas nEle e para Ele. Quando amamos outras coisas
mais ou acima do que Ele mesmo, Ele olha para nós como se não O
adorássemos ou como não O tendo como Deus (1 João 2:15). Amor para
com a criatura, sempre que for desordenado, é um afeto idólatra.
Aquilo que mais tememos, adoramos como nosso deus; pois medo é um ato
de adoração. Aquele que teme adora aquilo que é temido – o que é
inquestionável quando seu medo é transcendente. Toda a adoração de Deus
é, frequentemente, expressa, nas Escrituras, por essa palavra “temor”
(Mateus 4:10; Deuteronômio 6:13); e o Senhor exige essa adoração (esse
temor), como devida somente a Ele (Isaías 50:10). Esse é o nosso deus:
aquilo que é o nosso medo e pavor (Lucas 12:4-5). Se você tem medo dos
outros mais do que dEle, você dá aquela adoração que é devida somente a
Deus a eles – e isso é clara idolatria.
Aquilo que mais desejamos, adoramos como nosso deus; pois, aquilo que é
mais desejado é o Maior bem, na avaliação de quem o deseja. E o que ele
considera o seu Maior bem, ele transforma em seu deus. O desejo é um ato
de adoração; e ser o mais desejado é esse culto, essa honra, que é devida
somente a Deus. Desejar algo mais ou tanto quanto o desfrute de Deus é
idolatrar tal coisa, prostrar o coração a isso e adorá-la como Deus (que é o
único a ser adorado). Somente Ele deve ser, para nós, o desejável acima de
todas as coisas. “Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa
morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a
beleza do SENHOR e meditar no seu templo” (Salmo 27:4).
Aquilo em que mais nos deleitamos e nos regozijamos, isto adoramos como
deus; pois, deleite transcendente é um ato de adoração devido somente a
Deus. Esse afeto, em seu nível máximo, é chamado de glória. Aquilo que é
nosso deleite acima de todas as coisas, nos gloriamos nisso – e esta é uma
prerrogativa que o Senhor exige para Si (1 Coríntios 1:31; Jeremias 9:23–
24). Regozijar-se mais em nossa sabedoria, força e riquezas do que no
Senhor é idolatrar tais coisas. Pois, se deleitar mais nos relacionamentos,
esposa ou filhos, em confortos e acomodações exteriores do que em Deus, é
adorá-los com adoração que pertence somente a Deus. Ter mais prazer em
qualquer forma de pecado, impureza, intemperança, empregos terrestres, do
que nos caminhos santos de Deus, do que nos serviços espirituais e
celestiais em que podemos desfrutar de Deus; isso é idolatria.
Aquilo pelo qual somos mais zelosos, adoramos como deus; pois, tal zelo é
um ato de adoração devido somente a Deus. Portanto, é idólatra ser mais
zeloso por nossas próprias coisas do que pelas coisas de Deus; estar ansioso
por nossa própria causa e descuidado na causa de Deus; ser mais veemente
para nosso próprio prazer, interesses, vantagens, do que pelas verdades,
caminhos, honra de Deus; ser fervoroso em seguir nosso próprio negócio,
promover nossos projetos, mas morno e indiferente ao serviço de Deus;
considerar intolerável para nós mesmos sermos reprovados, caluniados,
insultados, mas não manifestar indignação quando Deus é desonrado; Seu
nome, Shabbaths, adoração, profanados; Suas verdades, maneiras, pessoa,
insultadas. Agir assim é idólatra.
Aquilo a que somos mais gratos, isto adoramos como deus; pois, gratidão é
um ato de adoração. Nós adoramos aquilo pelo qual somos mais gratos.
Podemos ser gratos aos homens, podemos reconhecer a utilidade de meios e
instrumentos; mas se pararmos nisso e não nos elevarmos mais em nossas
ações de graças e agradecimentos; se o Senhor não for lembrado como
Aquele sem o qual tudo isso não é nada – isso é idolatria. Por isso, o Senhor
ameaça aqueles idólatras (Oseias 2:5, 8). Assim, quando atribuímos nossa
abundância e riquezas a nosso cuidado e trabalho; nosso sucesso à nossa
prudência e diligência; nossas libertações a amigos, meios, instrumentos;
sem olhar mais alto ou não tanto a Deus como a estes – os idolatramos,
sacrificamos a eles, como o profeta expressa isso (Habacuque 1:16).
Atribuir aquilo, que vem de Deus às criaturas, é colocá-las no lugar de Deus
e, assim, adorá-las.
Quando nosso cuidado e negócios são mais [voltados] para outras coisas, do
que para Deus, isso é idólatra. Ninguém pode servir a dois senhores; não
podemos servir a Deus e às riquezas; ou a Deus e às nossas
concupiscências, porque esse serviço conosco mesmo e com o mundo
ocupa esse cuidado, essa atividade, esses esforços que, necessariamente,
devem ser do Senhor, se o servirmos como Deus. Quando nosso tempo e
esforços são estabelecidos para o mundo e nossas luxúrias, nós os servimos
como o Senhor deve ser servido – assim tornamo-los nossos deuses.
Quando você é mais cuidadoso e diligente para agradar os homens ou a si
mesmos, do que agradar a Deus; quando você tem mais cuidado a fim de
prover para você e a sua posteridade, do que ser útil a Deus; quando você é
mais cuidadoso sobre o que você deve comer, beber ou vestir-se, do que
como você pode honrar e desfrutar de Deus; quando você é mais cuidadoso
para fazer provisão para a carne, para cumprir os desejos dela, do que como
cumprir a vontade de Deus; quando você é mais diligente para promover
seus próprios interesses, do que os projetos de Deus; quando você é mais
cuidadoso para ser respeitado entre os homens, do que o que Deus pode ser
homenageado e avançado no mundo; quando você é mais cuidadoso como
conseguir as coisas do mundo, do que como empregá-las para Deus; quando
você acordar cedo, ir para a cama tarde, comer o pão do cuidado, que
prosperar e alargar sua propriedade, enquanto a causa e formas, e os
interesses de Cristo têm poucos ou nenhum de seus empreendimentos —
isto é idolatrar o mundo, vocês mesmos, suas concupiscências, as suas
relações, enquanto o Deus do Céu é negligenciado! A adoração e o serviço
devidos somente a Ele são, por meio disso, idolatricamente, dados a outras
coisas!
Os crentes estão livres de Satanás. Cristo nos arrancou e nos livrou das
mãos de Satanás. Éramos prisioneiros dele, em suas cadeias; e Cristo nos
trouxe a libertação. Isto é descrito por meio de uma parábola no Evangelho
de Lucas 11.21-22. Mas é claramente afirmado em Hebreus 2.14-15: Cristo
veio ao mundo “para que, pela morte, destruísse aquele que tinha o poder da
morte, isto é, o diabo”. Cristo nos libertou da ira de Deus e do poder do
diabo, por compra. Por um braço forte, Ele nos livra de Satanás, assim
como libertou os filhos de Israel do Egito por uma mão forte.
Deus tem pensamentos de amor em tudo o que faz ao Seu povo. A base de
Seu trato conosco é o amor (embora a ocasião possa ser o pecado). A
maneira de Seu trato é o amor e o propósito de Seu trato é o amor. Ele
considera, em tudo, o nosso bem aqui, para nos tornar participantes de Sua
santidade, e para nossa glória no futuro, para nos tornar participantes de Sua
glória. Mas não é assim com respeito à punição de Deus aos homens
ímpios. Não há amor no fundamento, nem na maneira, nem no
propósito. Todas as suas relações com eles, a esse respeito, são partes da
maldição e levam em consideração o demérito de seu pecado.
Cristo nos libertou da lei. Essa é outra parte da nossa liberdade por Cristo:
Romanos 6.14; 7.6; Gálatas 2.19; 5.18. Esta, então, é outra parte da nossa
liberdade por Cristo: somos libertos da lei. Devemos agora considerar o que
é isso. Estamos livres da lei cerimonial, que era um jugo que nem nós nem
nossos pais podíamos suportar (Atos 15.10). No entanto, esta é apenas uma
pequena parte da nossa liberdade.
Somos libertos da Lei Moral, primeiro, como uma aliança, dizem nossos
teólogos. Pouparia muitos problemas dizer que estamos livres da Lei como
aquela da qual se poderia esperar a vida com a condição de que a devida
obediência fosse prestada. Mas aceite isso, como muitos [têm dito]: estamos
livres da lei como um pacto. A lei pode ser considerada como uma regra
e/ou como um pacto. Quando lemos que a Lei ainda está em vigor, deve-se
entender a lei como uma regra, não como um pacto. Novamente, quando
lemos que a Lei foi revogada e que estamos livres da Lei, deve-se entender
a Lei como um pacto, não como uma regra. Mas, ainda assim, em tudo isso
ainda não está expresso qual é a aliança. O apóstolo chama isso de Antiga
Aliança (Hebreus 8.13), sob a qual eles estavam e da qual somos
libertados. Isso nunca poderia nos dar vida. Todavia, agora, não pode nos
infligir a morte. Estamos mortos para isso e, agora, ela está morta para nós
[nesse sentido do pacto de vida]. Lemos em Romanos 7.1-6: “A lei tem
domínio sobre o homem enquanto ele viver. Pois a mulher que tem marido
está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas se o marido
morreu, ela está livre da lei de seu marido”. Entre outras interpretações que
podem ser estabelecidas, sugerirei apenas esta: a lei é seu marido; você está
sujeito a ela, pois está procurando, por sua sujeição, ser justificado e
salvo. E até que a Lei, como aliança ou marido, esteja morta para você, e
você para ela [...], você nunca buscará justiça e vida em outra pessoa. Até
que a Lei o mate e você esteja morto para ela, você buscará a justiça e a
vida por meio da obediência a ela. Porém, quando uma vez que a Lei o
matou e mostrou que está morta para você e não pode lhe fazer o bem, de
modo que você não pode esperar nada dela, então, você buscará a vida
somente por [meio de] Cristo.
Esse foi o caso [Romanos 7.1-6] do próprio apóstolo [Paulo]. Ele já foi
alguém que esperava (como deveria) tanto bem da lei e de sua obediência a
ela quanto qualquer homem. Diz ele: “Eu estava vivo sem a lei uma vez;
mas quando o mandamento veio, o pecado reviveu e eu morri. E o
mandamento, que era para a vida, eu achei que era para a morte” (Romanos
7.9-10). Quer dizer: “descobri que, em vez de me salvar, ela me matou; deu-
me morte em vez de vida”. E, novamente, ele diz: “Porque o pecado,
tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou”; isto
é, a Lei veio com um poder esclarecedor, convincente, acusador e
condenador, e me colocou de costas e me matou. Eu vi que não podia
esperar nada ali, nada dela como uma aliança. Quanto ao apóstolo,
portanto, a Lei, agora, estava morta para ele, e não podia lhe permitir nada,
da mesma forma ele também estava morto para a Lei. Ele não esperava
nada disso depois. Como ele nos diz mais tarde: “Eu pela Lei morri para a
lei, a fim de viver para Deus” (Gálatas 2.19): isto é, tendo, agora, a Lei me
matado, estou morto para sempre. Não espero nada dela como uma
aliança; toda a minha vida está em Cristo. Eu procuro, agora, viver [por
meio] de outro. Eu através da lei, isto é, através do poder de convencer,
iluminar, condenar e matar dela, vejo que ela está morta para mim e eu
para ela. Nada posso esperar dela, isto é, como uma aliança de vida e
morte. Ela está morta para mim e eu para ela, e procuro tudo em Cristo.
Assim, estamos livres da Lei como um pacto. Falarei mais amplamente
sobre isso nas respostas às perguntas mais tarde.
A lei exige duas coisas daqueles que estão sob ela: ou devem obedecer aos
preceitos, o que é impossível com o grau de rigor e rigidez que a lei exige
(Gálatas 3); ou eles devem suportar as penalidades da lei, que são
insuportáveis; ou eles devem obedecer aos mandamentos ou sofrer as
maldições da Lei; ou fazer a vontade de Deus ou sofrer a vontade de Deus
na perda da alma e do corpo. Neste triste dilema estão aqueles que estão sob
a lei como um pacto: “Quem não crê já está condenado [...] a ira de Deus
permanece sobre ele” (João 3.18, 36). Os incrédulos devem estar sob as
maldições da lei.
Os crentes são libertos da Lei como uma aliança de vida e morte. Portanto,
eles estão livres das maldições e maldições da lei. A Lei nada tem a ver
com eles no tocante ao seu estado e condição eternos. Daí as palavras do
apóstolo: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus” (Romanos 8.1), isto é, para os que não estão debaixo da Lei.
Estivestes realmente sob a lei como um pacto, a condenação iria ao seu
encontro — nada mais além da condenação. Embora a Lei não seja capaz
de salvá-lo, pode condená-lo. Ela é incapaz de conceder a bênção, mas pode
derramar a maldição sobre você: “Tantos quantos são das obras da lei” —
isto é, aqueles que estão sob a lei como um pacto, e que buscam vida e
justificação por meio dela — “estão sob a maldição” (Gal, 3.10). Ele
continua com o argumento: “Pois está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para fazê-
las”. Não é possível ao homem obedecer, em todas as coisas, sem cair em
nenhuma. Portanto, ele é deixado sob a maldição. Por isso digo, se você
está sob a lei, a lei pode condená-lo, embora não possa salvá-lo (Rm 8.3).
O Senhor tem outra finalidade em castigar Seu povo e julgar seus inimigos.
Ele procede contra eles com a intenção de destruí-los; contra Seu povo com
o propósito de purificá-los e refiná-los. [...] De modo que, aqui, temos o fim
e o uso das punições e aflições com a quais o Senhor exerce sobre o seu
povo, a saber, a purificação de sua iniquidade e a eliminação de seus
pecados. O exemplo, aqui [em Isaías 27.9], é aquele que foi o crime capital
de Israel e de Judá, o pecado pelo qual eles estavam antes do cativeiro mais
viciados, isto é, idolatria, adoração de falsos deuses. [...] O fim e fruto do
julgamento e castigo do Senhor, foi a destruição da idolatria, seus
instrumentos e monumentos: sob o pecado principal, compreendendo o
resto.
Agora, como tais males podem ser bons para o povo de Deus, podemos
aprender com o de Davi (Salmo 119:67, 71). Antes de ser afligido, ele era
um transgressor, ele tomou a liberdade de deixar o caminho de Deus.
Porém, por suas aflições, ele foi ensinado a manter-se nesse caminho; ele
aprendeu, assim, a não transgredir. Na verdade, não podemos imaginar bem
como as aflições poderiam nos fazer bem, se não nos ajudassem contra o
pecado; pois é isso que retém de nós as coisas boas, tanto espirituais quanto
temporais, ou que as impede de serem boas. A santidade (da qual dependem
as misericórdias espirituais e eternas) não pode prosperar, mas, somente, à
medida que o pecado declina. As bênçãos temporais dificilmente podem ser
bênçãos, a menos que sejamos fortalecidos contra o pecado. Quanto mais
prazeres exteriores temos, mais armadilhas, se o pecado não for mortificado
e evitado.
O Senhor, ao afligir seu povo, não age como juiz, mas como pai. Um juiz
pune os infratores, porque a justiça deve ser feita, a lei deve ser
satisfeita; outros devem ser dissuadidos de infringir as leis, muitas vezes,
pela morte do delinquente, de modo a não deixar lugar para sua
reforma. Porém, um pai corrige seu filho para que ele possa torná-lo
melhor, para que ele não possa mais ofender. Não porque se mostre como
um juiz, mas porque é afetuoso e gostaria que o pecado fosse evitado — o
que pode prejudicar sua afeição ou impedir o curso de seu amor e deleite
por ele. Sob esta noção, o Senhor representa a si mesmo, quando ele castiga
Seu povo (Provérbios 3:11-12). Porque Ele ama, Ele corrige; aquele pecado
que é desagradável e odioso para Ele, pode ser evitado; e assim Seu povo
pode continuar sendo filho de seu amor e deleite. Por [meio da] aflição,
portanto, esse povo terá sua iniquidade purificada.
Veja o seu dia da morte como o dia da sua ceifa (2 Coríntios 9:2; Gálatas
6:7-9; Isaías 38:3; Mateus 25:31, 41). Agora, você colherá o fruto de todas
as orações que já fez, e de todas as lágrimas que já derramou, e de todos os
suspiros e gemidos que você já buscou, e de todas as boas palavras que já
falou, e de todas as boas obras que você já fez, e de todas as grandes coisas
que você já sofreu. Quando a mortalidade inserir a imortalidade, você
colherá uma colheita abundante e gloriosa, como o fruto daquela boa
semente que por um tempo pareceu estar enterrada e perdida (Eclesiastes
11:1, 6). Assim como Cristo tem um coração terno e uma mão suave, Ele
também tem uma memória de ferro. Ele se lembra, precisamente, de todas
as tristezas, todos os serviços e todos os sofrimentos de seu povo, para
recompensá-los e coroá-los. “E eis que venho sem demora, e comigo está o
galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”
(Apocalipse 22:12).
Olhe para o dia da sua morte como um dia de ganho. Não há ganho
comparado ao que vem pela morte. Filipenses 1:21: “Para mim, o viver é
Cristo, e o morrer é lucro”. Um cristão ganha mais pela morte, do que pela
vida (Eclesiastes 7:1). Estar em Cristo é muito bom, mas estar com Cristo é
o melhor de tudo (Filipenses 1:23). Foi uma bênção poderosa para Cristo
estar com Paulo na terra, mas, para Paulo, foi o mais importante estar com
Cristo no céu. Pela morte, você ganhará coroas incomparáveis! (1) Uma
coroa da vida (Apocalipse 10; Tiago 1:12). (2) Uma coroa de justiça (2
Timóteo 4.8). (3) Uma coroa incorruptível (1 Coríntios 9:24-25); (4) Uma
coroa de glória (1 Pedro 5:4). Não há coroas comparadas a essas coroas,
como mostrei completamente em meu discurso sobre “A Presença Divina”,
à qual me refiro.
Podemos ver, por esse exemplo, que a alma de um cristão apreende a Deus
de acordo com o seu estado, isto é, a fim de se consolar, então, tal alma O
considera como um Deus perdoador. Portanto, os filhos de Deus, quando
estão no mais baixo nível, recuperam-se com algo que encontram na
natureza e na promessa de Deus e, para esse fim, têm um espírito de fé para
confiar e depender de Deus; e aqueles que não O têm, afundam cada vez
mais.
Aqui, podemos observar que a alma cristã, uma vez picada pelo pecado, voa
para a misericórdia de Deus a fim de ficar tranquila. Que o pecador esteja
no estado de Hamã, conte-lhe todos os prazeres, quaisquer que sejam, ele
não se importa com nada além do perdão — nele deleita sua alma. Davi, um
rei, um profeta, um homem segundo o coração de Deus (Atos 13.22),
amado de seu povo, maravilhosamente agraciado, porém, sendo
incomodado com seu pecado, não podia suportar. Ele não considera seus
privilégios externos, prerrogativas, majestade e assim por diante. Não! Ele é
o homem abençoado a quem Deus não imputa nenhum pecado (Salmo
32.1). Esta é a razão pela qual tanto é atribuído ao sangue de Cristo, em
todos os lugares na Escritura, porque a alma, uma vez picada [com a
consciência de pecado], não encontra nem conforto nem cura, senão,
principalmente, no sangue de Cristo, com todos os outros méritos e
obediência de Cristo.
Davi, quando elevava a sua alma para louvar a Deus, o descreve como um
Deus que perdoa pecados e cura enfermidades (Salmo 103.3). Portanto,
devemos, quando nossas consciências estão sobrecarregadas, ir (como
Joabe o fez) e agarrar-nos às pontas do altar a fim de obtermos a
misericórdia de Deus. Lá vive e lá morre. Embora o conflito nunca seja tão
grande, finalmente, descobriremos que, como Jacó, seremos filhos de Israel
e aqueles que prevalecerão com Deus. Para a nossa profunda miséria, Ele
tem uma profunda misericórdia; e isto aparecerá tanto nos preservando do
pecado, antes que caiamos nele; quanto nos resgatando dele, se uma vez
caímos nele.
Pergunta: Mas, como é que podem alguns dizer que Deus perdoa? Ele o faz
sem satisfações [de Sua justiça]? Resposta: Não! Pergunta: Como, então,
isso é feito, visto que Ele decretou que sem sangue não haverá remissão
(Hebreus 9.22)? Resposta: Isso é feito em Cristo. Pergunta: Mas, por que
Ele não é mencionado, aqui [no Salmo 130] e nem no Antigo Testamento?
Resposta: Ele foi colocado para nós no Antigo Testamento em tipos e
promessas. Pois, que outro seria o cordeiro pascal, senão o Cordeiro de
Deus levando os pecados do mundo, borrifando nosso coração com Seu
sangue? Ele era o sacerdote que, antes que pudesse abrir uma entrada no
santo dos santos para nós, deveria, primeiro, derramar sangue e oferecer
sacrifícios. O que significava a arca com a Lei coberta por ela, o
propiciatório sobre ela, e sobre eles dois querubins cobrindo um ao outro,
senão Cristo, nossa arca, cobrindo as maldições da Lei, em quem está a
base de toda misericórdia? Quais coisas os anjos desejam perscrutar (1
Pedro 1.12), como no padrão da profunda sabedoria de Deus? Quando
qualquer um orava no templo, eles olhavam para o propiciatório, o que
significa isso senão que, sempre que orarmos a Deus, devemos ver Cristo,
por meio de quem Deus parece ser misericordioso e gracioso? O que
significava o templo, para o qual eles olhavam quando oravam (2 Crônicas
6.38, Daniel 6.10), senão para que, em nossas orações, tenhamos sempre
referência ao nosso templo, Cristo Jesus? E estando assim seguros,
podemos passar com segurança pelo fogo da justiça de Deus.
Somente Deus pode liberar uma consciência culpada; só Ele pode falar
“paz” a uma alma em perigo. Os ministros realmente têm chaves para abrir
e fechar o céu. Mas eles as usam apenas ministerialmente, pois encontram
pessoas dispostas. Cristo, porém, independentemente [da disposição das
pessoas]. Agora, então, quando o homem assume esta prerrogativa para si
mesmo, como os papas costumavam fazer, dando indulgências, não é outra
coisa senão colocá-los no lugar de Deus. “Eu, mesmo eu, perdoo o pecado”,
diz o SENHOR, em Jeremias 31.34. Ninguém pode aquietar a consciência,
exceto aquele que está acima da consciência, que é Deus, que é apenas a
parte ofendida – embora também haja uma ofensa contra o homem.
De fato, não existe pecado tão irracional, mas o pecador pensa que tem
razão para isso. Assim, os santos e o povo de Deus podem pensar que eles
têm motivos para seus desânimos. Disso é que eles tiram tantos porquês e
quais motivos: “Por que me esqueceste?”; “Por que estou de luto?”. Sim,
eles podem não apenas parecer ter alguma razão, mas, de certa forma, eles
têm razão para seu desânimo. Portanto, diz Davi: “Quando vi a
prosperidade dos ímpios, disse: Em vão limpei as minhas mãos; até que
entrei na casa do Senhor” (Salmo 73). De modo que, enquanto ele esteve na
casa da natureza, e razão natural, ele viu razão para seu desânimo. Sim, não
apenas isso, mas podem separar as coisas e considerar uma isolada da outra,
abstraindo os meios do fim; e, assim, os santos podem [considerar que] têm
uma razão verdadeira e real para seus desânimos, pois, [realmente], toda
aflição é grave.
Pergunta: O que existe dentro ou para os santos que pode ser um baluarte
suficiente contra todos os desânimos? Resposta: Um homem piedoso e
gracioso tem propriedade e interesse no próprio Deus. Existe no mundo
alguns homens e mulheres especiais. O grande Deus do céu e da terra os
toma para Si, e eles O tomam como seu Deus e porção. Estes não têm
motivo para se inquietar, seja qual for sua condição. Assim é com os santos
e, portanto, o salmista não apenas diz que ele se regozijaria, mas que Deus
era “sua grande alegria” (Salmo 43:4). Satanás pode obscurecer essa luz e
alegria por um tempo, mas nunca poderá apagá-la; todos os santos e pessoas
de Deus possuem isso.
Oh, mas, dizem alguns: “tire essa palavra ‘meu’, e tire essa palavra
‘Deus’; nenhum Deus para mim a menos que seja ‘meu Deus’. Há muitos
do povo de Deus que não podem dizer: ‘Deus é meu Deus’, porque lhes
falta segurança. Portanto, como eles podem ter conforto nisso?”. Sim, se
meu próprio descanso em Deus O torna meu, posso ter conforto nEle
também. Agora, os santos e o povo de Deus podem sempre descansar e, [de
fato], descansam em Deus. Embora Satanás diga por meio da tentação:
“Você não creu, você não descansou em Deus”; ainda assim, eles podem
dizer: “Oh, mas agora eu descanso em Deus”. E, assim, eles podem sempre
ter conforto em seu pertencimento e interesse em Deus. Deus sempre os
conhece e suas condições. [...] para os piedosos este é um grande conforto:
Deus não se desanima o Seu povo, e se Deus, seu Pai, e Jesus Cristo, seu
Salvador, não se desanima deles, então, não há verdadeira razão para o
desânimo de um crente, seja qual for a sua condição.
Deus é uma porção presete. Ele é uma porção em mãos, ele é uma porção
em possessão. Todas as Escrituras que são citadas para provar a doutrina,
evidenciam que isso é uma verdade (Salmo 48:14; Isaías 25:9). E o mesmo
acontece com o Salmo 46:1: “Deus é um socorro bem presente na
angústia”. A palavra hebraica está no plural angústias/problemas, isto é,
Deus é um socorro presente em muitos problemas, em grandes problemas e
em problemas contínuos. Significa o extremo da aflição e dificuldade.
Quando o povo de Deus está em sua maior extremidade [de angústia],
então, Deus será um auxílio presente, uma porção presente para eles (Isaías
43:1-3).
Note estas duas verdades neste mandamento: (1) Que devemos reconhecer a
Deus; (2) Não devemos reconhecer nenhum outro deus além dEle. E o
amor requerido deste Deus é: Ouvir a Sua Palavra de bom grado; falar e
pensar nEle com frequência; fazer a Sua vontade alegremente; entregar-se
de corpo e alma à Sua causa; deleitar-se na Sua presença e lamentar a Sua
ausência; amar e odiar o que Ele ama e odeia; atrair outros a esse amor;
descansar em Seus conselhos revelados; e invocar Seu nome com afeto. O
aspecto negativo deste mandamento é: não reconhecer como Deus
ninguém menos que o verdadeiro Deus; a ignorância deste Deus e da Sua
vontade; o ateísmo, negando Deus ou Seus atributos de Justiça, Sabedoria,
Providência, Presença, etc.; depositar o nossos corações em qualquer outra
coisa; desconfiar de Deus por meio de sofrimento impaciente; perder a
esperança em Sua verdade; depositar a confiança em criaturas, riquezas,
prazeres, médicos (o amor próprio odeia Deus); apartar-se de Seus
caminhos e voar para longe dEle; a falta do temor a Deus, endurecendo o
coração, é carnal segurança; e não reconhece nem os juízos de Deus, nem o
nosso próprio pecado.
3 de setembro
Terceiro Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.7
4 de setembro
Quarto Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.8-11
6 de setembro
Sexto Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.3
7 de setembro
Sétimo Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.14
8 de setembro
Primeiro Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.15
9 de setembro
Primeiro Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.16
10 de setembro
Décimo Mandamento
William Perkins
Êxodo 20.17
Teologia é a doutrina de viver para Deus (João 6.68; Atos 5.20; Romanos
6.11; 1 Pedro 4.2, 6; Gálatas 2.19-20; 2 Coríntios 4.10; Filipenses 1.20).
A fé, conforme nos une a Deus, é nossa vida; e como é uma virtude e nosso
dever para com Deus, é um ato de vida. Portanto, a fé é aquele exercício
para obter vida e salvação; mas também aquele respeito geral que se tem
por tudo o que Deus nos propõe a acreditar. Portanto, a fé não pode agir
inteiramente sob as ameaças de Deus consideradas em si mesmas, porque
não propõem o bem que deve ser recebido por nós; nem pode a fé agir
inteiramente sob os preceitos de Deus considerados por si só, porque eles
declaram o bem a ser feito, não a ser recebido; nem pode agir inteiramente
sob meras predicações, porque a esse respeito eles não propõem nenhum
bem para nós. Todavia, a Fé é aperfeiçoada nas promessas, porque nelas é
proposto o bem a ser abraçado; é também, por isso, que nossos teólogos se
inclinam a colocar o objetivo da fé principalmente nas promessas.
O objetivo geral da oração é que possamos, por assim dizer, afetar ou mover
Deus; é, por isso, que sobre os fiéis é dito por suas orações prevaleceram
poderosamente com Deus, por assim dizer (Gênesis 32.28; Oséias 12.4-5);
que chamada de um “esforço” (Romanos 15.30). [...] Pois não oramos a
Deus para que possamos dar a conhecer os nossos desejos como a alguém
que os não conhece — pois, Ele os conhece de longe (Salmo 139.2), isto é,
quando ainda não estão em nossas mentes. Nem oramos para que possamos
mover em nossa mente nEle algo que Ele não queira, pois nEle não há
mudança ou sombra de mudança (Tiago 1.17). Mas oramos para que, por
nossa oração, possamos obter dEle o que acreditamos que Ele está disposto
a dar (1 João 5.14 — esta é a nossa confiança que temos para com Deus,
que se lhe pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve).
Com a fé, pela qual a vontade é voltada para ter o verdadeiro bem, há
sempre unido a ela o arrependimento, pelo qual a mesma vontade também é
voltada para fazer o verdadeiro bem — com aversão e ódio ao mal ou ao
pecado (Marco 1.15). O arrependimento tem as mesmas causas e princípios
da fé, pois ambos são dádivas gratuitas de Deus (Efésios 2.8; 2 Timóteo
2.25). Fé e arrependimento possuem o mesmo assunto, porque ambos têm
sua sede no coração ou na vontade do homem (Romanos 10.9; 1 Reis 8.48).
Mas, eles têm objetivos diferentes: a fé é apropriadamente levada a Cristo,
e, por meio de Cristo, a Deus. O arrependimento, porém, é levado ao
próprio Deus que foi anteriormente ofendido pelo pecado (veja Atos 20.21).
Se eles soubessem que esse caminho não é apenas duro e desagradável, mas
totalmente impossível; e que a verdadeira maneira de mortificar o pecado
e avançar para a santidade é receber uma nova natureza, da plenitude de
Cristo; e que não produzimos uma nova natureza como não produzimos o
pecado original, embora façamos mais a sua recepção. Se eles soubessem
disso, poderiam livrar-se de uma agonia amarga, de uma grande quantidade
de mão-de-obra pesada e de gastar e empregar seus esforços para entrar no
portão estreito, de maneira a ser mais agradável e bem-sucedida.
Nossa religião deve ser, não apenas racional, mas regular; nossa adoração
deve ser universal e canônica, Gálatas 6:16: “Tantos quantos andarem de
acordo com este cânone, ou regra, a paz seja com eles”. O serviço dos
santos deve ser o serviço da palavra (Romanos 12:1; 1 Pedro 2:2). As
instituições de Cristo, não as invenções dos homens, são a regra de
adoração.
Nosso trabalho não é fazer leis para nós mesmos ou para outros, mas
guardar as leis que Cristo nos ensinou; aquela moeda de adoração que
circula entre nós deve ser carimbada pelo próprio Deus. Devemos ser
governados como a agulha da bússola, não pelos vários ventos (as práticas
das eras anteriores ou as modas da geração atual, que são mutáveis e
incertas), mas pelos céus constantes.
Cristo lhes dá um vislumbre de como seria o seu coração para com eles e
quão cuidadoso seria com eles, quando estivesse no céu, exercendo a
função que afirmou que iria exercer lá, em favor deles. A respeito disso,
observe, em primeiro lugar, que ele amorosamente lhes informa de antemão
sobre o que será essa tarefa, indicando cuidado e ternura, como de um
marido para com sua esposa. E, também, com grande franqueza de coração,
Ele fala como alguém que não quer esconder nada! Ele diz: “Mas eu vos
digo a verdade: convém-vos que eu vá” (Jo 16.7).
Cristo lhes diz que isso é para o próprio bem e para a felicidade deles: Eu
vou para enviar-lhes um Consolador, que estará com vocês enquanto
estiverem neste mundo e vou para preparar lugar para vocês (Jo 14.2), para
quando vocês saírem deste mundo. “Na casa de meu Pai há muitas
moradas” e eu vou prepará-las para vocês e guardar seus lugares para
quando vocês chegarem. E, outra vez, Jesus fala com seus discípulos com
grande franqueza e sinceridade! “Se assim não fora, eu vo-lo teria dito”, diz
nosso Senhor. Vocês podem crer em mim. Eu não os enganaria por causa de
toda a glória do lugar para o qual estou indo. Quem não se deixaria
persuadir por tal sinceridade e abertura de coração?
Quando Jesus esteve aqui na terra e não esqueceu nenhum assunto pelo qual
havia vindo para este mundo: “Não sabeis que me convém tratar dos
negócios de meu Pai?” disse Ele quando era apenas um menino (Lc 2.49
ARC); sim, e Ele o fez da melhor maneira possível, cumprindo toda a
justiça. Por isso, com certeza Ele não se esquecerá de nenhuma das
atribuições das quais estava encarregado quando foi para o céu – de longe
uma obra mais agradável. E (conforme demonstrei no sermão anterior,
baseado em Hebreus 6.20), “onde Jesus, como precursor, entrou por nós”,
um arauto, para ocupar lugares ali para nós. [...] Ele está no céu para
garantir que ninguém se aposse do lugar preparado para eles. Por essa
razão, está escrito, em 1 Pedro 1.4, que a salvação está “reservada nos céus
para vós outros”, ou seja, está sendo guardada para eles por Jesus Cristo.
No passado, os demônios tinham ali seu lugar, mas foram despojados de
seus lugares, assim como a terra de Canaã foi tomada dos cananeus. Isso
aconteceu porque eles não tinham um Cristo ali que intercedesse por eles
assim como nós temos.
Pelo fato de Cristo ordenar-lhes que dirijam (suas cartas) suas orações ao
Pai, apenas enviando-as em nome dele, como se vê em João 16.23, assim,
talvez, os discípulos não soubessem, tão claramente, que o coração dele se
dispunha a atendê-los, achando, entretanto, que a decisão estivesse,
unicamente, nas mãos do seu Pai. Então, Cristo acrescenta duas vezes, em
João 14: “Eu vou fazê-lo, eu vou fazê-lo”. Ele fala como alguém que se
compromete de antemão a fazê-lo por eles (assim como seu Pai está
desejoso de fazê-lo) e desejoso de que saibam que sua mão está envolvida
nisso. É como se Ele tivesse dito: “Embora vocês peçam ao Pai, em meu
nome, tudo vem através das minhas mãos, e eu vou fazer isso – é preciso
que minha mão seja a garantia de tudo o que é feito. Meu coração não vai
falhar”. Para deixar mais evidente ainda o seu amor, Cristo não apenas lhes
ordena que orem a Ele e em seu nome, em todas as ocasiões, mas lhes
assegura de que Ele mesmo vai interceder por eles. E repare na maneira
como Ele lhes fala sobre isso: é por meio das mais carinhosas e persuasivas
expressões, para tornar conhecido seu coração aos discípulos, expressões
que os homens usam para revelar quando manifestam o mais profundo
cuidado e propósito de fazer alguma coisa.
Uma vez que cumpriu a grande obra na terra, em favor deles, Cristo se
apressa para o céu tão logo quanto é possível para executar outra obra. E,
apesar de saber que tinha coisas por resolver na terra (coisas que o
conservariam aqui ainda por quarenta dias), para mostrar o que Ele desejava
e queria realizar por eles no céu, Ele se expressa, no tempo presente, e lhes
diz: “Eu vou”, e expressa sua alegria pelo fato de não somente ir para “o
seu Pai”, mas também que Ele vai para o “Pai deles”, para ser um advogado
diante do Pai, em favor deles, assunto que eu mencionei anteriormente.
Jesus é, de fato, nosso irmão que está vivo? Ele nos chama de irmãos? E Ele
nos fala de maneira tão amorosa? Qual é o coração que não se deixa
dominar por isso? Mas essa foi apenas uma mensagem enviada a seus
discípulos antes de se encontrarem com Ele. Vamos agora observar o
comportamento e a fala dele quando eles se reúnem. Quando Cristo os
encontrou a primeira vez, esta foi a sua saudação: “Paz seja convosco” (Jo
20.19), coisa que Ele reitera em João 20.21. Essa é exatamente a mesma
coisa que disse em seu discurso anterior à sua partida: “Deixo-vos a minha
paz”. Depois disso, Ele “soprou sobre eles”, comunicando-lhes o Espírito
Santo numa medida mais plena, dando-lhes assim uma evidência daquilo
que Ele faria de modo mais pleno ainda quando estivesse no céu. O mistério
do seu sopro sobre eles era para mostrar que essa era a máxima expressão
do seu coração, de conceder-lhes o Espírito, e que isso procedia de dentro
do seu coração (como acontece com a respiração), bem como o Espírito
Santo procede tanto dele como do Pai.
Ele incita seus discípulos a “guardar os mandamentos” que Ele lhes deu, e
usa o seguinte argumento: “Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor”, e calça esse argumento com seu próprio
exemplo: “assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu
Pai e no seu amor permaneço”. Por essa razão, sendo esse o grande
mandamento que Deus ordenou a Ele – amar e morrer pelos pecadores,
continuar amando e recebendo aqueles que vêm até Ele e ressuscitá-los no
último dia –, certamente Ele continua fazendo isso com perfeição, sendo
esse um dos grandes vínculos entre Ele e seu Pai, dando continuidade ao
seu amor pelo Pai. Por essa razão, desde que Ele continue no amor do seu
Pai, e, agora que Ele está no céu e à Sua mão direita, Ele necessariamente
precisa permanecer no mais alto favor junto ao Pai, de forma que você pode
estar certo de que Ele continua pondo esse mandamento de nos amar em
prática. E, dessa forma, pelo fato de Ele ainda continuar nos amando, tanto
o seu amor ao Pai quanto o amor para consigo mesmo o obrigam. Podemos,
por essa razão, ficar seguros quanto a Ele, o qual tanto o faz agora como o
fará para sempre. Oh! Que conforto é isto: como os filhos são
compromissos e vínculos mútuos de amor entre marido e mulher, assim
também nós o somos entre Deus o Pai e o Filho! E essa prova é extraída da
influência da primeira Pessoa da Trindade, ou seja, de Deus o Pai.
Considere outro exemplo, agora em Ester, no qual não havia senão a relação
de ser do mesmo país e da mesma aliança. Ela – mesmo quando foi exaltada
para ser rainha de cento e vinte e sete províncias, nos braços do maior
monarca da terra, e desfrutando do mais elevado favor junto a ele – veio a
declarar: “como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como
poderei ver a destruição da minha parentela?” (Et 8.6). Ester considerou
apenas a relação de sangue dela com seu povo e como fez diferença essa
afinidade sanguínea! Isso é muito mais verdadeiro com respeito a marido e
mulher, pois eles se encontram num relacionamento ainda mais chegado. Se
a mulher for pobre e carente, adoentada, e o marido for importante e ilustre,
como Salomão em toda a sua realeza, todos considerarão vergonhoso o seu
procedimento, se ele não acolher a sua esposa, agindo ainda como marido –
com todo amor e respeito para com ela. [Muito mais Cristo pode dizer com
relação ao Seu povo, à Sua noiva].
Por meio dessa qualidade que devia estar no sumo sacerdote, ele nos
apresenta Cristo. Conforme a medida da necessidade e aflição de qualquer
homem, devido ao pecado e à miséria, nessa mesma medida, Ele se inclina
para essa pessoa. Assim como nossos pecados são de diversos tamanhos,
assim também, são as suas misericórdias; assim como Ele apresenta uma
mediação proporcional a eles – quer sejam pecados por ignorância ou
pecados de repetição diária, ou mesmo pecados mais grosseiros e
arrogantes. Por essa razão, não permita que nem um só desses pecados
desencoraje você de vir a Cristo em busca de graça e misericórdia.
Deus determinou que Cristo assumisse para sempre, pelo fato de Ele
possuir nossa natureza, natureza essa que Ele ainda conserva no céu. Um
grande alvo e projeto da eterna união pessoal de nossa natureza com a
Divindade, na segunda Pessoa, foi que Ele pudesse ser um misericordioso
sumo sacerdote. Assim como sua função dispõe isso como uma obrigação
sobre Ele, assim também, o fato de ter-se tornado homem o qualifica para
essa função e para o desempenho dela, a fim de suprir a mais ampla
demonstração do assunto. Essa é uma característica essencial de nosso
Sumo Sacerdote para qualificá-lo tanto melhor para exercer profunda
misericórdia, bem como um dos grandes propósitos de Deus, quando Ele
assumiu nossa natureza. [...] É uma característica essencial com o propósito
de torná-lo tanto mais misericordioso. É isso que lemos em Hebreus 5.1-2:
“Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é
constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para
oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados, e é capaz de condoer-se
dos ignorantes e dos que erram”, ou seja, que possua misericórdia que seja
natural e bondosa, como a que o homem exerce para com alguém da sua
própria espécie. De outra forma, os anjos teriam produzido maiores e mais
ilustres sumos sacerdotes do que alguém na nossa natureza. Contudo, eles
não teriam condições de ter piedade dos homens, como os homens fazem
com seus irmãos, que são da mesma espécie e natureza que eles mesmos.
O próprio Cristo considera nossos pecados como Seus inimigos, dos quais
Ele com toda a certeza vai se livrar. Seu coração não sossegará enquanto
não os tiver eliminado. Como Deus diz por boca do profeta, assim também,
Cristo o diz com maior vigor ainda: “ternamente me lembro dele; comove-
se por ele o meu coração” (Jr 31.20). [...] Por isso, deixe de lado o medo.
Cristo se identifica com você e, longe de indispor-se contra você, Ele volta
sua ira contra o seu pecado para acabar com ele. Sim, sua compaixão para
com você aumenta ainda mais, assim como o coração de um pai para com o
filho, que padece de alguma doença repugnante ou como um leproso, não
odeia seu próprio membro afetado pela lepra (pois é sua própria carne), mas
odeia a própria doença e faz com que se compadeça mais ainda do membro
doente. Nossos pecados, que são inimigos tanto de Cristo quanto de nós
mesmos, servem de motivo para que Ele se compadeça mais ainda de nós.
Aquele a quem amamos e que se encontra em aflição é o objeto de nossa
compaixão; e, quanto maior a aflição, maior é a compaixão se o aflito é
objeto do nosso amor.
Nós nos esquecemos de Deus e de nossos pecados contra Ele. Mas, sempre
que Deus começa a boa obra, faz com que o homem se lembre de seus
pecados — como o pródigo, quando voltou a si, considerou as coisas. Essa
lembrança, eu acho, inclui iluminação e convicção. A primeira parte
“tratamento” que Deus dá é o colírio, para que eles vejam; pois, até que
seus olhos sejam abertos, não se converterão das trevas à luz (Atos
26:18). A primeira criatura que Deus fez, na criação primitiva, foi luz; e a
primeira, na nova criação, é luz espiritual. O pecador antes do
arrependimento é como um homem dormindo em uma cova escura, no meio
de muitas víboras, cobra, serpentes e feras peçonhentas. Enquanto ele jaz na
cova escura, elas não o ferem, nem ele tem medo delas. Porém, sempre que
um raio de luz entra por um buraco ou janela, elas caem sobre ele, o picam
e o atormentam. Ele se vê cercado por elas. Portanto, aqui, antes do
arrependimento, o pecador dorme nas trevas da ignorância, do ateísmo, do
erro e da descrença. Todavia, sempre que um feixe de luz espiritual irrompe
na mente e na consciência, por uma convicção e iluminação eficazes, o
pecado revive, e o pecador se encontra cercado, por assim dizer, por
serpentes vivas, contaminado e corrompido com o veneno de víboras,
destruído e contaminado com todo o lixo do inferno em seu coração.
6 de novembro
Humilhação Evangélica (6)
Ralph Erskine
Ezequiel 16:60
Veja como e de que maneira você pode chegar a esta lembrança correta e a
devida humilhação pelos pecados. Ora, o grande e principal dever, para essa
humilhação, é olhar para um Deus pacificado. Se você quiser ser levado à
santa vergonha e corar seu resto por seu pecado, então, saiba e creia que
Deus está pacificado contigo por tudo o que você fez; que há misericórdia
de Deus para contigo.
Um hipócrita pode pensar que ele aplica – quando não é o caso. Aquele que
corretamente aplica Cristo traz juntos: Jesus e Senhor (Filipenses 3:8).
Cristo Jesus, meu Senhor: muitos tomam Cristo como um Jesus [isto é,
Salvador], mas o recusam como Senhor. Você está ligado ao Príncipe e
Salvador (Atos 5:31)? Você também será governado pelas leis de Cristo
como salvo pelo seu sangue? Cristo é um “sacerdote no seu trono”
(Zacarias 6:13, ACF). Ele nunca será sacerdote para interceder, a menos
que seu coração seja o trono onde Ele empunha seu cetro. Nós aplicamos a
Cristo verdadeiramente quando o tomamos como um marido tal que nos
rendemos a Ele como um Senhor.
Não julgue, para que não sejais julgados. O primeiro ensino é a proibição
do julgamento precipitado das pessoas e das ações dos homens, ou proferir
sentenças erradas de maneira censurável e não caridosa contra os outros,
seja em nossa mente ou em nossos discursos; ou [julgar] sem haver
nenhuma falha; ou [julgar] por menos do que nós mesmos estamos sujeitos.
De forma alguma, Ele não proíbe julgar nem privada nem publicamente
quando for de forma justa, mas, apenas, proíbe a censura temerária,
destituída de caridade e injusta com os outros. Estamos inclinados,
naturalmente, para esse tipo de julgamento. Por isso, Ele diz: não, a saber,
não injustamente. As razões são cinco: a primeira razão é que, se você
julgar, precipitadamente, os outros, você tem de temer que Deus não o
julgue com justiça; pois, não julgueis, para que não sejais julgados, diz Ele.
Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida
com que tiverdes medido, vos medirão também. Uma segunda razão é: à
medida que você é caridoso e sóbrio ao julgar os outros ou pouco caridoso e
imprudente ao julgar os outros, pode esperar que Deus, em sua sábia
providência, lhe retribua; pois, com que julgamento (caridoso ou indigno)
você julgar, você será julgado; isto é, tenha como medida dada a você, a
saber, uma justa retribuição em misericórdia ou em justiça.
Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na
trave que está no teu próprio? Uma terceira razão é: fazer isso é irracional
quando, tendo defeitos mais grosseiros do que os que existem nos outros,
você negligencia os seus próprios e grosseiros defeitos (que são como
vigas), sem atentar [para eles]; e se intromete nas enfermidades de outros
homens, [que são como] pequenos ciscos em comparação [com a sua trave].
Portanto, vocês não devem julgar precipitadamente. Por isso, aprenda que o
amor-próprio nos cega tanto que não somos sensíveis a nossos próprios
grandes defeitos, entretanto, às menores enfermidades de outras pessoas,
estreitamente, investigamos e as observamos. Portanto, Ele disse: Por que
vês o argueiro etc.
Nessa medida, um homem que estuda a santa comunhão com Deus, pelo
deleite e meditação, em Sua palavra, será firmado e receberá a influência da
graça de Cristo, para a manutenção da vida espiritual nele – “Ele é como
árvore plantada junto a corrente de águas”. O homem que faz da palavra de
Deus o seu deleite, deve frutificar em toda boa obra, conforme a
oportunidade lhe é oferecida – “que, no devido tempo, dá o seu fruto”. Este
homem será habilitado a exercer uma santa profissão de fé e obediência a
Deus, tanto na adversidade como na prosperidade – “cuja folhagem não
murcha”.
Qualquer que seja o dever ou serviço prestado a Deus, por este homem, não
será necessária a ajuda de Deus, nem sucesso, nem aceitação em suas mãos
– “tudo quanto ele faz será bem-sucedido”. O homem ímpio, seja o que for
que pareça ser diante do mundo, ainda assim, está destituído de toda vida
espiritual e alheio à comunhão da graça de Deus, impróprio para toda boa
obra, pronto quando tentado com força, a abandonar sua falsa profissão de
religião; e é amaldiçoado em tudo o que faz; pois o que o bem-aventurado
homem piedoso, aqui, é dito ser, o ímpio é o contrário – “os ímpios não são
assim”. Qualquer que seja a aparência de piedade ou prosperidade temporal
ou esperança de felicidade que o homem ímpio pareça ter, será considerada,
apenas, uma falsificação; e não colocará [isto] em lugar de sua maior
necessidade – “são, porém, como a palha que o vento dispersa”.
Não somente tudo o que o homem ímpio semeia para sua felicidade carnal,
se tornará palha; mas também, por suas dores responderá a Deus, no dia do
juízo, e, ali, será condenado; pois é dito que: “Por isso, os perversos não
prevalecerão no juízo”. No entanto, os piedosos não podem desfrutar da
comunhão uns dos outros nesta vida, por muitas razões. Ainda, finalmente,
eles devem reunir-se em uma assembleia geral de todos os santos, na plena
comunhão de Deus; pois haverá um dia de julgamento, em que eles
permanecerão e não serão lançados ou condenados, mas serão, totalmente,
absolvidos e permanecerão na congregação permanente dos justos. Embora,
agora, os ímpios e os piedosos vivam juntos, misturados em um reino,
cidade, incorporação, igreja visível, família e cama, ainda assim, haverá, no
último dia, uma separação perfeita um do outro; pois pecadores (ou servos
do pecado) não permanecerão na congregação dos justos.
Os piedosos nem sempre são abatidos com problemas. Às vezes, eles têm
liberdade de ir e se deleitar na contemplação da glória e bondade de Deus
para com eles — como todo o salmo mostra. O mistério da glória de Deus,
em Suas obras de criação e de redenção, é tal, como ninguém, exceto
aqueles de olhos espiritualmente iluminado pelo Seu Espírito, pode ver; e
aquele que o vê não pode deixar de ser arrebatado por isso, quando o
discernir; e ninguém pode compreendê-lo suficientemente, ou tomá-lo
totalmente, exceto o próprio Deus. Portanto, o profeta dirige totalmente seu
discurso cheio de admiração ao Senhor, ao longo de todo o salmo.
Embora não haja homem que viva e não peque, o homem piedoso, sendo
justificado pela fé e cuidadoso em produzir os frutos da fé, não é pecador na
estima de Deus; pois ele é aqui chamado de “justo”. No entanto, existem
muitas imperfeições e falhas nas ações do homem piedoso. Contudo, a
conduta que ele segue e o caminho que se esforça por seguir são santos e
aceitáveis a Deus; ‘pois o Senhor conhece [ou aprova] o caminho dos
justos”. Deixe os homens deste mundo agradarem a si mesmos e
aplaudirem uns aos outros em sua carruagem ímpia. Contudo, o fim de seu
curso será a destruição eterna; pois “o caminho dos ímpios perecerá”.
A mancha do pecado só pode ser lavada com sangue, isso indica que o
pecado merece a morte. E o fato de que nenhum sangue, a não ser o do
Filho de Deus, pode limpar indica que essa mancha merece a morte eterna.
Essa teria sido nossa porção, se a morte do eterno Senhor da vida não nos
tivesse libertado dela. A sujeira precisa ser borrifada; a culpa, como
merecedora da morte, precisa ser borrifada com sangue; o sangue deve ser o
sangue de Cristo, o eterno Senhor da vida, morrendo para nos libertar da
sentença de morte. A alma e o corpo de toda a humanidade estão
manchados pela poluição do pecado. A lepra impura da alma não é uma
mancha externa, mas totalmente interna. Então, como a lepra corporal foi
purificada pela aspersão de sangue, assim também, a lepra espiritual é
purificada com o Sangue de Cristo.
Se alguém finge que tem o Espírito, e assim se afasta da regra direta das
Sagradas Escrituras, então, essa pessoa tem um espírito de fato, mas é um
espírito fanático, o espírito de ilusão e tontura. Entretanto, o Espírito de
Deus, que conduz Seus filhos no caminho da verdade, e com esse propósito
O enviou do céu (para guiá-los para lá), adapta pensamentos e caminhos
deles a essa regra [a Palavra]. Ora, este Espírito, que santifica e santifica
para a obediência, está dentro de nós e é a evidência de nossa eleição e o
penhor de nossa salvação. E todos aqueles que não são santificados e
guiados por este Espírito, o apóstolo nos diz qual é a sua condição: Se
alguém não tem o Espírito de Cristo, não é dele. Não nos iludamos: esta é
uma verdade, aqueles que não são feitos santos no estado de graça, nunca
serão santos na glória. As pedras que são designadas para aquele glorioso
templo, lá em cima, são talhadas e polidas e preparadas para isso
aqui; como as pedras foram trabalhadas e preparadas nas montanhas para a
construção do templo em Jerusalém. Esta é a ordem de Deus.
A apreensão de Cristo não é pela visão corporal. [...] A fé eleva a alma não
apenas acima dos sentidos e das coisas sensíveis, mas acima da própria
razão. Assim como a razão corrige os erros que os sentidos podem
ocasionar, a fé sobrenatural corrige os erros da razão natural, julgando de
acordo com os sentidos. O sol parece menor que a roda de uma carruagem,
mas a razão ensina ao filósofo que ele é muito maior do que toda a terra, e a
razão de parecer tão pequeno é a grande distância. O homem naturalmente
sábio está tão enganado por sua razão carnal, em sua avaliação de Jesus
Cristo, o Sol da Justiça; e a causa é a mesma: sua grande distância dEle.
Como o salmista fala dos ímpios, os teus julgamentos estão muito acima da
vista dele. Ele considera Cristo e Sua glória uma questão menor do que seu
próprio ganho, honra ou prazer; pois estes estão perto dele, os vê em
abundante quantidade, e os considera maiores; sim, muito mais valiosos do
que realmente valem. Porém, o apóstolo Paulo e todos os que são
iluminados pelo mesmo Espírito sabem, pela fé, a qual é a razão divina, que
a excelência de Jesus Cristo ultrapassa em muito o valor de toda a terra e de
todas as coisas terrenas.
A alma que assim acredita não pode escolher senão amar. É comumente
verdade que o olho é a porta comum pela qual o amor entra na alma, e isso
é verdade com respeito a esse amor; embora seja negado aos olhos dos
sentidos, ainda (você vê) é atribuído aos olhos da fé. Embora você não O
tenha visto, você O ama, porque você crê — o que equivale a vê-lO
espiritualmente. A fé, de fato, é distinta daquela visão que teremos na
glória. Porém, é a visão do Reino da Graça, é o olho da Nova Criatura,
aquele olho perspicaz que penetra todos os céus visíveis e vê acima
deles; que olha para as coisas que não se veem, e é a evidência das coisas
que não se veem, vendo aquele que é invisível. É possível que uma pessoa
seja muito amada pelo relato de seu valor e virtudes, e por uma foto sua
vividamente desenhada, antes de ver a parte assim elogiada e representada.
Todavia, certamente, quando ele é visto e considerado responsável pelo
primeiro, isso eleva a afeição já iniciada a uma altura muito maior. Temos o
relato das perfeições de Jesus Cristo no Evangelho; sim, uma descrição tão
clara dEle, que dá uma imagem dEle, e que, junto com os sacramentos, é a
única lícita imagem viva de nosso Salvador. Agora, a fé acredita neste
relato, e contempla esta imagem, e assim permite o amor de Cristo na alma.
A diferença entre estas duas graças, fé e esperança, é tão pequena, que uma
é frequentemente tomada pela outra nas Escrituras. É apenas um aspecto
diferente da mesma confiança. A fé apodera-se da verdade infalível
daquelas promessas divinas, das quais a esperança certamente espera o
cumprimento; de modo que uma resulta imediatamente da outra. Esta é a
âncora fixada nos céus, que mantém a alma firme contra todas as sacudidas
nestes mares que se agitam e os ventos e tempestades que se levantam sobre
eles. A coisa mais firme, neste mundo inferior, é uma alma crente. A fé
estabelece o coração em Jesus Cristo e a esperança o eleva, estando naquela
rocha, acima dos perigos, cruzes e tentações intervenientes, e vê a glória e
felicidade que os seguem.
Sede, portanto, perfeitos, assim como o vosso Pai que está nos céus é
perfeito, diz o nosso Salvador [Mateus 5]. Aqui, o Apóstolo está citando a
Lei: Sereis santos; pois eu sou santo. A Lei e o Evangelho concordam
nisso. Como filhos que se parecem com seus pais, à medida que crescem
em anos, tornam-se cada vez mais semelhantes a eles; assim, os filhos de
Deus aumentam em sua semelhança e são diariamente mais e mais
renovados segundo Sua imagem. Há neles uma semelhança inata em razão
de Sua imagem impressa neles em sua primeira renovação, e Seu Espírito
habitando neles; há um aumento contínuo disso, por sua piedosa imitação e
estudo de conformidade, que é aqui exortado a ser feita. A imitação de
homens perversos e do mundo corrupto é, aqui, proibida. A imitação dos
costumes indiferentes dos homens é vil e servil; a imitação das virtudes de
homens bons é louvável; todavia, a imitação desse padrão mais elevado,
dessa bondade primitiva, do Deus Santíssimo, é o topo da
excelência. [...] Todos nós oferecemos a Ele algum tipo de adoração, mas
poucos estudam seriamente e se empenham nessa bendita conformidade.
Este é um temor que não prejudica, mas preserva aquelas outras graças, o
conforto e a alegria que delas decorrem. Todas essas graças concordam tão
bem com isso [entre si], que são naturalmente ajudantes umas das
outras. [...]. O temor aqui recomendado é, fora de questão, uma santa
autossuspeita e um medo de ofender a Deus, que pode não apenas consistir
em esperança segura de salvação, e com fé, amor e alegria espiritual; mas
também é seu companheiro inseparável. Como todas as graças divinas estão
ligadas entre si [...], elas crescem ou diminuem juntas. Quanto mais um
cristão crê e ama, e regozija-se no amor de Deus, certamente, mais relutante
está em desagradá-lO; e, se corre o risco de desagradá-lo, tanto mais teme
isso. Por outro lado, sendo este temor o verdadeiro princípio de uma
conversa cautelosa e sagrada, fugindo do pecado e das ocasiões de pecado e
tentações para ele, e resistindo a eles quando eles fazem um ataque, ele é
como um guarda que afasta os inimigos e perturbadores da alma, e, assim,
preserva sua paz interior, mantém a certeza da fé e esperança sem ser
molestada, e a alegria que elas causam, e a comunhão e sociedades de amor
entre a alma e seu amado de forma ininterrupta. Todos estão em maior
perigo quando esse temor diminui e adormece; pois, então, algum pecado
notável ou outro está pronto para invadir e colocar tudo em desordem.
OBRAS FÍSICAS
Já publicadas:
(1) Piedade Puritana (em honra a Joel Beeke), organizado por Michael
Hyken e Paul Smaley (autores dos capítulos: Ryan MacGraw, Joseph
Pipa, Mark Jones, Robert Godfrey, Paul Smaley, Michael Hyken,
Chard VonDixhoorn, Stephen Yuille, Sinclair Ferguson, Randall
Pederson e Robert Oliver).
Instagram: https://www.instagram.com/naderereformatiepublicacoes/
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Publica%C3%A7%C3%B5es-109058087320032/
E-BOOKS KINDLE
Governo Presbiteriano: O Deus que declara como sua igreja deve ser
governada por diversos presbiterianos ingleses:
https://www.amazon.com.br/Governo-Presbiteriano-declara-igreja-
governada-ebook/dp/B086BR6NPR/
Não farás imagem: por que não devemos fazer imagens de nenhuma das
três pessoas da Trindade por João Calvino e nove puritanos:
https://www.amazon.com.br/N%C3%A3o-far%C3%A1s-imagem-devemos-
Trindade-ebook/dp/B08CHNGHPW/
O Culto Público: Uma breve teologia e por que deve ser preferido ao
privado pelo puritano inglês David Clarkson:
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[1]
Um dos textos de Thomas Boston e um dos de Andrew Gray foram traduzidos por Joelson
Galvão. Um dos de Thomas Goodwin por Helio Kirchheim. Um de Doolittle, Steele e Heywood por
Bárbara Veras. Todos utilizados neste material sob autorização prévia.
[2]
Apenas os textos de Walter Marshall e David Clarkson.
[3]
Apenas os textos de Thomas Doolittle, alguns de Richard Steele e Oliver Heywood.
[4] Em três casos, há textos que foram publicados, anteriormente, por outros. São usados aqui com a
devida autorização prévia.
[5]
Confira a doutrina do Pacto em CFW VII e CMW 20 e 30.
[6]
Entregue, imediatamente, antes da ministração da Ceia do Senhor, 6 de outubro, 1706. Boston se
refere à “Ceia do Senhor” como “Páscoa Cristã”. [N. do Editor].
[7]
Literalmente, a palavra original é traduzida por “ejaculatória”. Porém, em razão de cacofonia,
optamos por preservar a ideia que possa ser expressa em outra palavra. A nota serve para registro
caso não se entenda a ideia de “oração relâmpago”. [N. do Editor].
[8] Isto é, quando a empolgação baixa e suas afeições se estabilizam, ele se percebe com a mesma
disposição que, outrora, na empolgação, critiva em outros. [N. do Tradutor].
[9] Neste devocionário, selecionamos alguns lições e trechos dela. O texto completo, com 20 lições,
será encontrado em nossa publicação “Aconselhando-se com os Puritanos”. Acompanhe a data de
lançamento pelas redes sociais.
[10] Desertar é uma linguagem militar. É o ato de o soldado desistir e abandonar o exército.
Provavelmente, Andrew Gray se refere às ocasiões em que os crentes desanimam e desistem dos
exercícios piedosos. Por exemplo, param de ir ao culto, param de orar etc. [N. do Editor].
[11] Aforismo: máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance
moral [N. do Editor].
[12] Entendendo o dever e todos os benefícios dessa bendita comunhão da alma com Deus, que é a
oração secreta e privada, recomendamos o texto do puritano David Clarkson, publicado pela Nadere
Reformatie Publicações, que nos mostra o quão sublime e superior aos deveres privados é a
Adoração Pública (https://www.amazon.com.br/dp/B08PDD29F5). Assim, fica patente que, na visão
bíblico-puritana, oração secreta e a oração pública no culto não são concorrentes, mas dois deveres
que devem ser executados diligentemente, cuja prática de um retroalimenta a piedade e a preparação
para a execução do outro [N. do Editor].
[13] Byfield está falando da santificação. Mais especificamente, da obra na santificação chamada de
“Mortificação do Pecado” (Romanos 8.13). Sem dúvida, o crente não conseguirá extirpar o pecado
até a transformação de nosso corpo e alma pela glorificação. Mesmo assim, é chamado a declarar
guerra e buscar diariamente a morte do pecado. A entrega consciente ao pecado é um dos grandes
motivos do medo da morte.
[14]
Note que, ao fazer esse chamado, Thomas Goodwin não está pressupondo perda da salvação,
conversão parcial ou falibilidade do Pacto que Deus firma com o Seu povo. Goodwin, apenas, exorta
que os crentes sejam diligentes no fruir, desfrutar e no aumentar dessa comunhão. Que sejam
diligentes nisto: se estão reconciliados, não se satisfação com pouca comunhão; se estão em estado de
amizade, busquem ainda mais estreitar esse laço enquanto estiverem aqui. Em outras palavras:
“reconciliem-se ainda mais com Deus” [N. do Editor].
[15] Os estratos que vão do dia 9 a 20 de outubro foram retirados da obra “O Coração de Cristo” de
Thomas Goodwin, publicado em português pela Editora Os Puritanos, sob autorização escrita de seu
editor. Ademais, recomendamos muitíssimo a leitura completa dessa obra. Ela nos expõe o nosso
terno coração de Cristo. Um clássico da Cristologia Puritana. Você pode encontrá-la pelos seguintes
links: https://www.editoraclire.com.br/pre-venda-o-coracao-de-cristo-thomas-goodwin ou
https://livrariadort.com.br/produtos/o-coracao-de-cristo-thomas-goodwin/.
[16] Os extratos de sermões de Andrew Gray do dia 13 ao 26 de novembro estão disponíveis pelo
site: https://publicacoesopacto.com/. Sob autorização, são utilizados aqui.