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Uma Louca Viagem – Volume I
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
Brasil. O maior país da América Latina. O quinto
maior país do mundo em área territorial. Possui
mais de 200 milhões de habitantes. O lar de uma
diversidade de animais selvagens, ecossistemas e
de vastos recursos naturais.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
Pense bem, se você quisesse enviar uma
mensagem para todos os brasileiros, qual seria a
melhor maneira de atingir a grande maioria
deles? Pela TV? Não! Embora existam TVs em
praticamente todos os lares brasileiros, as
pessoas não estão em casa ao mesmo tempo.
Mesmo que existam TVs no trabalho, tem muita
gente na rua, em trânsito. Pelo rádio? Também
não. Não é a maioria das pessoas que ouve rádio.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
As pessoas olharam para seu celular ou
smartphone e não compreenderam do que se
tratava. Muitos acharam que era engano. Como
era de se esperar, muitos correram para as redes
sociais para postar a mensagem, mas tiveram
uma desagravável surpresa: as redes sociais
estavam fora do ar.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
A imprensa internacional voltou sua atenção para
o Brasil. Lá fora tudo está funcionando
normalmente. Apenas no Brasil que estava
ocorrendo a tal pane.
— Alô.
— Felipe.
— Sim, quem fala?
— Imaginei que você quisesse falar comigo nessa
situação.
— u4ni0r?
— uhum.
— Cara! Que loucura! Como é o seu nome? Onde
posso encontrá-lo?
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
— (risos) Como sempre fazendo as perguntas
erradas.
— É verdade. Você sabe o que está acontecendo?
Porque a Internet está fora do ar? Quem está por
trás disso?
— Sei que houve um ataque. Que a infraestrutura
de comunicações está sob controle de um hacker
ou de um grupo que se autodenomina L3F0V.
— Meu Deus! E você conhece esse grupo? É um
ataque de hackers de fora do país? O que eles
querem?
— Eu não sei. Nunca ouvi falar desse L3F0V.
— E seus amigos? Não tem nenhuma informação
sobre ele?
— Não. Por enquanto estamos no escuro. Quando
eu tiver mais informações eu te digo.
— Valeu. Fico no aguardo.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
— Faça isso agora. Precisamos que a situação
volte ao normal imediatamente. — O presidente
estava tenso.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
— Que nada Adriana. Eu só vejo coisas boas. O
país precisa ser sacudido. As pessoas estão muito
letárgicas. E além disso, todo mundo vai querer
se sentir mais seguro. Só vejo vantagens pra
gente.
— A Bíblia fala de tempos assim. Insegurança.
Incertezas. É um passo para o fim.
— Ah não Adriana, lá vem você de novo com essa
história de bíblia. — Jean, que até agora só
observava a conversa entre Adriana e Erick,
resolve se pronunciar. — Pelo amor de Deus. O
mundo é louco mesmo. O mundo é assim porque
nós somos assim. Quer saber onde é o inferno? É
aqui mesmo! Sempre foi! Quer saber quando o
mundo acaba? Quando você morre. Quando você
morrer o mundo vai acabar pra você. Agora para
com essa história de bíblia, que isso enche o
saco.
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Uma Louca Viagem – Volume I
0 – Alienação [+]
— Temos de iniciar um novo serviço. Traçar um
novo plano de defesa para nossos clientes e
cobrar por isso. — Erick só estava interessado em
como lucrar com os acontecimentos. De fato,
estava excitado com tudo o que estava
ocorrendo.
— Isso se a Internet voltar né. Eu acho que o
Brasil é só o começo. O próximo passo será
derrubar a rede no mundo todo. Aí sim, será o
fim do mundo. — Adriana continuava com medo
daquela situação.
— Seria bom mesmo! Que comece logo a terceira
guerra mundial. Quero ver uma bomba nuclear
sendo jogada no oriente médio, pra dizimar
aqueles animais. — Jean, como sempre, pecando
pelos seus excessos.
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Uma Louca Viagem – Volume I
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“Povo brasileiro,
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Uma Louca Viagem – Volume I
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Uma Louca Viagem – Volume I
Toca um telefone.
— Senhor presidente.
— Sim.
— A situação vai piorar. Pode ficar fora de
controle. — O assessor do presidente explicou do
que se tratava a “escultura” em frente do prédio
do congresso.
— Reúna a cúpula de segurança.
— Sim, senhor presidente.
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Uma Louca Viagem – Volume I
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Uma Louca Viagem – Volume I
Vídeo pausado.
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Uma Louca Viagem – Volume I
CXXI – 121
CXL – 140
CXLVII – 147
CLXXI – 171
CCXVII – 217
CCCXV – 315
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II – Hipocrisia [-]
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II – Hipocrisia [-]
Nova mensagem na caixa de entrada. Felipe Silva
acessa sua caixa e observa que existe uma
mensagem do u4ni0r:
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II – Hipocrisia [-]
“Políticos brasileiros, seu julgamento
começou. Vocês, quase todos, são ladrões,
bandidos. Acharam que poderiam cometer
vários crimes a vontade e que nunca seriam
pegos, afinal, vocês protegem uns aos
outros e criaram a tal imunidade
parlamentar que os fazem diferentes dos
demais criminosos. Mas isso acabou! Nos
links abaixo todos os brasileiros e demais
cidadãos do mundo poderão baixar um
documento que contém os nomes e os crimes
cometidos por vocês, políticos bandidos.
Por enquanto eu vou apenas disponibilizar
os nomes e os crimes, que vão de formação
de quadrilha, desvio de dinheiro público
até pedofilia e assassinato, dentre muitos
outros. Eu tenho os documentos que provam
todos os crimes que ali estão, sejam
documentos escritos, áudios e vídeos
comprovando os fatos. Por enquanto eu vou
me concentrar na esfera federal. Os nomes
e crimes do documento em anexo são de
senadores e deputados federais, além de
membros do poder executivo. Todos vocês,
citados nesse documento, tem até o dia 27
próximo para fazer um discurso à nação,
reconhecendo os crimes, renunciando ao
cargo e se entregando à justiça. Se assim
o fizerem, escaparão do meu julgamento.
Escolham o seu caminho.”
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II – Hipocrisia [-]
Na publicação aparece o nome do usuário: L3F0V.
Não dá pra saber se é uma voz feminina ou
masculina. A voz está embaralhada.
— Meu Deus!
O telefone toca.
— Felipe.
— u4ni0r, que loucura!
— Tem como você ir para Brasília?
— Brasília! Pra que?
— Eu descobri o local de onde o vídeo foi
publicado. Talvez possamos encontrar o L3F0V lá.
— Sério? Claro, eu vou, preciso desse furo! Posso
ir daqui há alguns dias. Você também viajará pra
lá?
— Eu já estou aqui.
— E onde é o local?
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II – Hipocrisia [-]
— Melhor não falar por telefone. Ative o GPS do
seu telefone e baixe a App que vou te mandar
agora. Quando você estiver em Brasília eu te
encontro, não se preocupe. Espere meu contato.
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Uma Louca Viagem – Volume I
II – Hipocrisia [-]
— Senhor, eu ainda estou aguardando os vídeos
de dois prédios próximos à Torre de TV, que já é
bem distante do prédio do Congresso. Todos os
demais vídeos das câmeras de rua e dos prédios
próximos ao Congresso estão sem um trecho ou
não filmaram aquele local. É um beco sem saída.
— OK. Mantenha-me informado.
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Uma Louca Viagem – Volume I
II – Hipocrisia [-]
O presidente ouve tudo. Não se pronuncia. Pensa
numa maneira de tirar o país dessa enrascada. É
sabido que a maioria dos políticos tem “mau
feitos” no currículo. Mas serem expostos dessa
forma? O que os militares vão pensar disso?
Como o mercado financeiro vai agir depois dessa?
A situação pode ficar rapidamente fora de
controle. Algo precisa ser feito. E rápido!
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Uma Louca Viagem – Volume I
II – Hipocrisia [-]
— E quais as chances de os hackers terem esses
documentos?
— Poucas, muito poucas.
— O que me preocupa é o crime atribuído a mim.
Só existe um: pedofilia. Todos aqui sabem que eu
sou um pedófilo inveterado. Mas tem um detalhe:
eu não falo disso com ninguém, não acesso sites
sobre o assunto. Não anoto nada em lugar
nenhum. Apenas vocês sabem disso. O que me
deixa muito preocupado. Me leva a crer que
temos um traidor aqui.
— Impossível. Somos irmãos unidos por um laço
que não pode ser quebrado jamais. Além disso,
todos os nossos nomes estão lá. Então qual o
sentido dessa traição? Temos que continuar
confiando uns nos outros.
— O que temos de fazer é pegar esses hackers
antes que a polícia o faça. Precisamos eliminá-los
o quanto antes.
— E como faremos isso?
— Meu filho tem uma empresa no Rio de Janeiro.
Eles prestam consultoria na parte de segurança.
São hackers. Vamos contratá-los para pegar o
grupo L3F0V.
— Eles são bons?
— Sim.
— E como vamos contratá-los? Informalmente?
— Sim. Meu filho já conhece seus “amigos”. Tem
lá seus problemas, mas fazem tudo por dinheiro.
Deixo que ele explique a situação a eles. Eles
pegam o L3F0V e depois sofrem um acidente, os
três é claro. Meu filho já conhece nossa ordem e
em breve fará parte de nossas fileiras.
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II – Hipocrisia [-]
— Acho muito arriscado.
— É isso, ou esperar que as provas sejam
publicadas pelo L3F0V.
— E você acha que eles podem pegá-los em tão
pouco tempo?
— E temos outra alternativa? Vamos ter que
tentar!
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II – Hipocrisia [-]
— Galera, eu convidei vocês para essa reunião
porque a situação ficou complicada. Como vocês
sabem, o meu pai é um Senador da República.
Minha família está na política há décadas.
— Sim, e o nome do seu pai apareceu na lista do
L3F0V.
— Isso mesmo Adriana. Ele pediu a nossa ajuda.
— E como é mesmo que vamos poder ajudá-lo?
— Bom Jean, a coisa é mais complicada do que
parece.
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II – Hipocrisia [-]
— Tenho medo. Vamos nos meter numa
investigação do governo, da polícia federal.
Realmente podemos ficar sem trabalhar pelo
resto da vida, só que atrás das grades e esse
número de 8 dígitos pode ser a nossa
identificação na prisão.
Em Brasília:
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— Sério? Me dê uma boa notícia.
— Foi a partir da UNB, na Asa Norte.
— Puts! Tinha que ser né. A UNB tem 505 mil
metros quadrados de área construída e 40 mil
alunos. Tem um local específico?
— Não no momento. Teremos que investigar in
loco. Pegar os dados trefegados e descobrir qual
o endereço MAC responsável por subir o vídeo.
Daí torcer para que seja um endereço MAC
autêntico que leve a uma máquina real que possa
ter sido utilizada por um dos membros do L3F0V.
— Não parece muito promissor, mas se é o que
temos, vamos lá.
— Eu vou ficar por aqui.
— Por que Breno?
— Estou quase chegando lá em relação à
simbologia usada pelo grupo L3F0V.
— Já tem alguma teoria?
— Sim, mas é muito cedo para falar. Vão pra UNB
que eu vou verificar se minha tese faz algum
sentido.
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II – Hipocrisia [-]
Breno era muito sonhador. Passava horas jogando
RPG com amigos ou no computador e era
fascinado por bruxos, elfos, demiurgos e esses
entes do mundo da magia. E ali estava ele,
trabalhando como policial e imerso no mundo
mágico que tanto gostava. Mas esse “jogo” era
diferente. E ele corria contra o tempo para achar
uma solução, se é que havia uma.
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II – Hipocrisia [-]
Alguns membros de alta patente das forças
armadas discutiam se era o momento de tomar
as rédeas da situação. Mas o consenso era o de
apoio ao governo na busca pelos hackers, que
agora eram chamados de terroristas.
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— Posso entrar?
— Do que se trata senho...moça. — Ele meio que
gagueja na hora. Afinal, a mulher é um
espetáculo. Ela vai entrando e falando.
— E aí, ficou muito chateado pela espera?
— Como assim?
— Ainda não sabe quem eu sou né? Eu que pedi
pra você vir pra cá!
— u4ni0r?! Eu poderia esperar qualquer coisa,
menos isso! Sua voz parecia de homem.
— Sim, mas sou mulher. E já vou avisando que
gosto de mulher, então tira esse sorriso bobo da
cara. Se arruma, vamos pra UNB.
— Pra UNB? Fazer o que?
— Eu estou monitorando a equipe que está atrás
do L3F0V. Eles conseguiram filtrar a máquina que
subiu o vídeo para o Youtube. Precisamos
investigar e achar alguma pista.
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V – Religião [+]
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V – Religião [+]
Era quase madrugada. Erick e seus companheiros
observavam o prédio do antigo hospital.
— Algum sinal?
— Sim Adriana. Tem um sinal vindo do terceiro
andar.
— Vocês acham que tem alguém aí? Que esse tal
de L3F0V está dentro desse prédio imundo?
— Seria um excelente esconderijo Luiz. Eu boto fé
que a gente devia entrar lá e pegar ele.
— Calma Jean. Nós nem sabemos se é ele ou ela
ou eles ou elas. Precisamos saber com o que
estamos lidando.
— Você está certa Adriana. Mas o Jean também
está, precisamos entrar para investigar mais de
perto.
— Isso é loucura Erick.
— Pense na grana que vamos receber amiga.
Loucura é não conseguir essa grana por medinho.
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V – Religião [+]
A equipe do Erick estava posicionada num prédio
que ficava do outro lado da via W5, quase de
frente para o prédio abandonado do hospital.
Maia e Felipe haviam estacionado o carro na via
W4, que fica do outro lado da via W5, de modo
que eles não foram vistos pela equipe do Erick.
Uns analisavam o prédio pela frente e os outros
pelos fundos.
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V – Religião [+]
— Você não está pensando direito Alex. Porque
um cara como o L3F0V ficaria num prédio desses
abandonado e sozinho?
— Ora, exatamente por isso, porque ninguém
esperaria que ele fizesse isso.
— Pessoal, acho que esse cara não age sozinho.
Embora tenha apenas uma pessoa no prédio,
pode ser ele ou um de seus lacaios. Pode
aparecer mais gente enquanto estivermos lá
dentro.
— É verdade Valdir. Eu e o Alex vamos entrar.
Breno, observe a frente do prédio. Valdir, vá para
os fundos. Qualquer movimento suspeito vocês
nos avisam. Não fiquem à vista, escondam-se.
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V – Religião [+]
O grupo do Erick havia encontrado uma
passagem subterrânea que levava ao prédio e
interceptou o Pedro e o Alex no segundo andar.
Assim que o Erick avistou os dois, sacou uma
pistola e começou a atirar. Adriana, Luiz e Jean
ficaram atônitos. Não esperavam que Erick
estivesse armado.
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V – Religião [+]
Adriana estava apavorada. Quando Erick começou
a atirar de novo ela levantou e saiu correndo.
Levou um tiro nas costas do próprio Erick. O tiro
pegou no coração. Ela ficaria ainda viva por
alguns instantes, mas seus últimos suspiros
seriam dados naquele chão imundo.
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— Levanta.
— Cadê o Valdir?
— Está morto delegado. Lá nas escadas.
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Ao se aproximarem do corpo, lá estavam o Felipe
e a Maia.
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— Tem uma arma aqui delegado!
— Onde Breno?
— Aqui no chão. Vou coletar para a perícia pegar
as digitais.
— Temos que identificar esses corpos o mais
rápido possível.
— Será que trabalham para o L3F0V delegado?
— É isso que temos que descobrir Breno.
— Cadê a moça?
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V – Religião [+]
— Esse é o corpo que vocês devem observar. —
Maia aponta para um corpo que se encontra
sentado numa cadeira.
— Esse cara está vivo! É dele a assinatura de
calor que recebemos anteriormente.
— Sério? Não parece. — Maia parece surpresa
com o fato daquele homem ainda estar vivo.
— Alex, você trouxe a lanterna? Preciso filmar
isso.
— Não Breno.
— Eu tenho uma.
— Pois ligue sua lanterna repórter. Breno, filme
com cuidado, pode ser uma armadilha. Qualquer
pista que observar fale na hora.
— Se ele estiver vivo, temos que chamar uma
ambulância.
— Só depois que nos certificarmos que não se
trata de uma armadilha repórter. Agora ligue a
lanterna.
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Tratava-se de um homem, sentado numa cadeira.
O homem era muito gordo, devia pesar uns 150
quilos no mínimo. Estava sem as mãos e sem os
pés. Parecia que haviam sido removidos
cirurgicamente. Na sua cabeça havia uma coroa,
parecida com uma tiara. Seu braço direito estava
colado junto ao corpo, na altura do peito, ao
passo que o braço esquerdo estava levantado ao
lado da cabeça. Nos punhos dava para ver o
desenho de uma cruz. Não era uma cruz comum,
parecia aquela cruz que vemos nas caixas de
primeiros socorros, mas na cor preta. Seu braço
esquerdo conseguia ficar erguido porque estava
pregado numa espécie de bastão que estava
fixado no chão e ia até a altura da cabeça. No
topo do bastão pode-se ver uma cruz de sete
pontas. Está coberto por um pano azul, sendo que
um pequeno pedaço de pano vermelho foi
colocado sobre os ombros.
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Breno ficou meio assustado depois que falou
sobre a carta e viu a reação de Maia. Olhou para
o delegado Pedro, que acenou com a cabeça,
indicando que não havia problema.
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V – Religião [+]
Quando Alex removeu a coroa, deu pra notar uma
palavra entalhada na testa do tal deputado, agora
morto: “saligia”. Ele falou a palavra em voz alta.
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— Isso talvez queira dizer que o ataque do L3F0V
dessa vez foi direcionado para um político
religioso. Talvez, na visão dele, política e religião
não devam se misturar.
— Pode ser isso mesmo Breno. Mas porque ele
colocaria essa palavra dos sete pecados capitais
na testa desse deputado?
— Pelo que estou pesquisando aqui sobre a carta
do Papa, essa cruz de sete pontas pode
representar as sete virtudes ou os sete pecados
capitais.
— Tem mais coisa aqui pessoal.
— O que é Alex?
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— Eu já sei. Esse deputado é o primeiro morto.
Existem outros seis que estão nas coordenadas
no peito dele.
— Pensei a mesma coisa repórter. Imagino que
ele queira matar sete políticos que estejam
vinculados aos pecados capitais.
— Isso mesmo senhor, foi o que eu pensei
também. Provavelmente esse primeiro esteja
ligado ao pecado da gula, por ser tão gordo. O
restante da simbologia no corpo seria para
vincular à carta do Papa.
— Pode ser isso mesmo Breno. Como o L3F0V
está punindo políticos e chegou numa carta que
remete à religião, não ficaria surpreso se os
demais corpos encontrados sejam de políticos
religiosos.
— Tem mais uma coisa.
— O que é moça?
— A palavra na testa dele, que remete aos
pecados capitais. Provavelmente esse deputado
represente os sete pecados e ao mesmo tempo
apenas o primeiro, o que aponta para a primeira
letra da palavra “saligia”. As demais coordenadas
devem combinar com as demais letras.
— E qual seria a ordem dos pecados moça?
— Soberba, em latim superbia. Avareza, em latim
avaritia. Luxúria, em latim luxuria. Inveja, em
latim invidia. Gula, em latim gula. Ira, em latim
ira. Preguiça, em latim arcidia. As primeiras letras
das palavas no latim formam a palavra que está
na testa dele: “saligia”.
— Você lê 100 livros por mês e ainda decora tudo
isso?
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— Eu tenho memória fotográfica.
— Então você quer dizer que esse deputado
representa tanto os sete pecados capitais como
apenas o primeiro deles, a soberba?
— Sim Breno. Isso explicaria a razão da palavra
se encontrar na testa dele e também de a
primeira coordenada apontar exatamente para
onde ele se encontra, que é aqui onde nós
estamos nesse exato momento.
— Tem mais uma coisa. — Alex agora examinava
as costas do defunto. — Tem um versículo bíblico
escrito nas costas dele: Isaías 14:12.
— Isso só confirma o que eu já falei, que esse
deputado aí representa o pecado da Soberba, do
Orgulho. Esse versículo fala de Lúcifer, que é
vinculado ao pecado capital do Orgulho.
— Certo moça, parece que você tem razão.
— E agora delegado? O que faremos? Alertamos
os ministros e o presidente?
— Estamos sem tempo Alex. Talvez essas
coordenadas tenham corpos, talvez não. Podem
conter pistas ou armadilhas. Precisamos de
respostas concretas. Não quero mais levar
“achismos” para o presidente. Breno, as outras
seis coordenadas apontam pra onde?
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Uma Louca Viagem – Volume I
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2. Estádio Nacional.
3. UNB.
4. Parque Ecológico Dom Bosco.
5. Lago Sul.
6. Jardim Botânico.
7. Base Aérea. Mais especificamente no Hospital
de Força Aérea.
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— E o que é isso moça?
— Foi utilizada nos primórdios do cristianismo
dentro da magia cristã. Os padres do deserto
utilizavam como instrumento meditativo e de
autoanalise. São Tomás de Aquino utilizou a
Estrela Setenária para desenvolver seu trabalho
sobre as virtudes e os defeitos do homem, o que
nos traz aos pecados capitais. Sete pontas, sete
pecados.
— É Breno, parece que você achou sua alma
gêmea desses assuntos malucos. Essa moça é
doida que nem você.
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V – Religião [+]
— OK. Vão até o hotel e peguem o carro. Você
fica com o ponto 2 repórter e você vai até o ponto
3 moça. Vou conseguir outros dois carros aqui
perto. Daí seguirei para o ponto 4. Breno vai para
o ponto 5 e o Alex para o ponto 6. Filmem tudo,
mas não percam muito tempo. Temos que nos
encontrar no ponto 7 antes das 15 horas. Isso
nos dá algumas horas para analisar o que temos
no ponto 7 e fazermos um apanhado geral antes
de eu me encontrar novamente com o presidente,
o que deve ocorrer logo mais a noite. Lembrem-
se: temos que manter a discrição. Não sabemos o
que vamos encontrar, tenham cuidado. Ficaremos
em contato direto uns com os outros.
— E o Valdir, o que faremos com o corpo dele?
— Vou acionar o Ministro da Justiça para enviar
uma pequena equipe pra cá para fazer a perícia
completa desse local. Eles deverão coletar os
corpos, incluindo o do Valdir. É o que posso fazer,
dadas as circunstâncias.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
— Seu filho já ligou?
— Ainda não. Já tentei entrar em contato com ele
e com seus companheiros, mas não tenho
retorno.
— O tempo está acabando. Amanhã já é o dia 27.
O que faremos?
— Receio que teremos que seguir o protocolo de
segurança definido.
— Sim. Pelo menos no prédio do Congresso
estaremos todos a salvo.
— O Ministro da Defesa avisou que o Exército
ficará em volta do prédio. Não tem como haver
um ataque lá. Será o lugar mais seguro do país.
— Estou preocupado com o Erick. Estou com um
mal pressentimento.
— Bom, agora é esperar ele entrar em contato.
— Eu deveria tê-lo forçado a dizer a localização.
— Agora é tarde. Segundo o Ministro da Defesa,
devemos chegar ao prédio do Congresso antes da
meia-noite, ainda no dia 26.
— Esses caras conseguiram o que queriam. Nos
colocar como reféns dentro de um prédio. E o que
garante que eles não nos atacarão no dia 28 ou
em qualquer outro dia?
— Segundo o Ministro, eles estão chegando cada
vez mais perto de pegar os terroristas. Se
passarmos do dia 27 e nada ocorrer, a população
verá que ainda temos o controle da situação,
mesmo que seja com a ajuda das forças armadas.
Será uma derrota para o L3F0V.
— Entendi. É o jeito então. Espero que, até lá, eu
tenha notícias do Erick.
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VI – Infidelidade [-]
— (risos) Vocês estarão exatamente onde eu
gostaria que estivessem. E todos juntinhos, para
terem o mesmo fim. — L3F0V, que ouvia tudo o
que eles falavam, estava confiante no seu plano.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
No capô do carro tinha uma imagem desenhada,
parecia mais um adesivo grande colado.
Certamente um carro oficial do governo não teria
nada parecido com aquilo. A imagem era confusa.
Era uma criatura com pernas estranhas e uma
cauda de serpente. Tinha três cabeças, sendo
uma de homem cuspindo fogo, uma de carneiro e
uma de touro. Montava um leão com asas.
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VI – Infidelidade [-]
Sim, era um corpo. Ele identificou logo o corpo.
Tratava-se de um deputado federal evangélico,
um pastor. O deputado estava nu, com uma
boneca inflável ao lado. Na sua boca foi deixado
um pênis de borracha, desses que se compra em
lojas eróticas. Seus braços estavam cheios de
pulseiras de bijuteria. Seu pescoço estava cheio
de correntes, também de bijuteria. Cada um de
seus dedos tinha três anéis. Ele estava com um
pênis de borracha enfiado no ânus. Nas suas
costas havia um versículo da bíblia:
Deuteronômio 30:15.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
Ela caminhou por ali durante um tempo sem
encontrar nada que fosse diferente ou estranho,
até que avistou uma estátua da altura de uma
pessoa, perto de uma árvore.
— Encontrei.
— De quem é o corpo?
— Na verdade, não é um corpo. É uma estátua
que representa a Inveja. A estátua foi feita com
base numa tela do século 16.
— Tem alguma pista?
— Na barriga dela tem um versículo bíblico:
Provérbios 14:12.
— OK. Tire fotos, filme tudo e vá para o ponto 7.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
E assim ela fez.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
Pedro entrou em contato com Breno e contou o
que viu. Perguntou se ele já havia tido sucesso.
Ele disse que sim, e que já estava se dirigindo
para o ponto 7. Pedro confirmou que também
estava indo pra lá.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
— Já sei, é um boi.
— Não! São as moscas.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
No Hospital de Força Aérea, Pedro está com
dificuldades de entrar para iniciar a investigação
no local. O diretor não entende o que ele quer
fazer ali. A segurança no prédio é total. Na
concepção do diretor, não existe possibilidade de
ter havido uma falha de segurança.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
Mas aquela equipe já sabia a resposta. A
mensagem foi enviada diretamente para o
delegado Pedro. Mas como isso era possível?
Como L3F0V sabia que Pedro estaria ali às 15
horas? Todos se entreolhavam e pensavam coisas
similares, menos Alex, que ainda não havia
chegado.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
— Onde está o Alex, delegado Pedro?
— Está a caminho, senhor presidente.
— Meus sentimentos pelo Valdir. Era uma boa
pessoa.
— Sim senhor. Mas encontraremos o responsável
pela morte dele e dos demais. Onde podemos
apresentar o material?
— Aqui mesmo Pedro. Esses senhores já estão a
par dos acontecimentos e merecem saber tudo o
que foi descoberto hoje.
— Muito bem. Breno, é sua vez.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
Em resumo, Breno explicou o que significava cada
elemento que tinham encontrado. A explicação
dada para o primeiro deputado foi a mais
extensa, pois envolvia explicar a ligação dele com
a carta do Papa e também com os sete pecados
capitais, sendo que o deputado representava
tanto os sete pecados em conjunto, como apenas
um deles, no caso, o orgulho.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
— Jardim Botânico: um dos piores, na minha
opinião. Um boi com um corpo humano dentro.
Representa a gula. O fato de haver muitas
moscas no local, inclusive moscas mortas na boca
do deputado encontrado, faz referência a
Belzebu, um dos sete príncipes do inferno. Ele
representa a gula.
Vejamos:
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
Mateus 7:13-14 - Entrai pela porta estreita;
porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram
por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o
caminho que leva à vida, e poucos há que a
encontrem.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
— Eu recebi esse pendrive há pouco. Me
informaram que eu deixei cair, mas nunca o vi.
Ele tem um Y desenhado. Acho que quer dizer
alguma coisa. Breno, veja o que tem nele.
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Uma Louca Viagem – Volume I
VI – Infidelidade [-]
O Presidente da República fica pensativo e depois
se volta a todos para falar. O Ministro da Justiça
pede silêncio a todos.
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VI – Infidelidade [-]
— Vamos encontrar com o repórter e a moça.
Precisamos revisar tudo o que temos. Deixamos
passar alguma coisa. São muitos os detalhes.
Cinco cabeças pensam melhor.
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— Vocês...Eles...
— Calma, Maia. Respire.
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Meia noite.
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— O que houve?
— Um ataque no Congresso.
— O que? Como?
— Não sabemos, mas as cenas são grotescas.
Você consegue dirigir? Não está mal?
— Não senhor, estou bem, pode deixar.
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CONTINUA NO VOLUME II
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