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AVISO IMPORTANTE!

Esta é uma obra de ficção e não mais do que isso,


todo o texto do objeto não reflete a opinião do autor.
Apreciem com moderação.

PROLOGO
O COMEÇO DO FIM

Brasília, 15 de Novembro de 2019.

Depois de uma reunião extraordinária, juízes do Supremo Tribunal do


Brasil saem em comemoração à última votação que levaria uma derrocada
política no país. Desde o ano de 2013 o Brasil vivenciava uma instabilidade
moral e política liderada pela tomada do poder do Partido Estrela Vermelha
(EV), o fim do monopólio político chegou a partir movimento popular
encabeçado pelo filósofo Otelo Carvalhido, que, com seu trabalho influenciou
milhares de pessoas a elegerem um governo popular que representasse as
vontades da nação sobre a máxima “Otelo tem razão”. O grande cisma era
para ter findado nas eleições presidenciais de 2018, quando foi proclamado
presidente Jairo Boltotti, era para ter findado...

Os Extraordinários, como eram conhecidos os juízes do Supremo


Tribunal, saiam de seu recinto um a um, não se tem ideia como exatamente
ocorreu, há somente relatos contados de boca a boca do que aconteceu,
ouviram um estampido e pessoas que estavam próximas ao local começaram a
se desajuntar uma das outras, umas procurando de onde surgiu aquele barulho
tão alto em um dia tão calmo na cidade de Brasília. Alguns relatos dizem que a
cena que se sucedeu depois do barulho parecia cenas hollywoodianas,
surgiram helicópteros, policiais da força federal altamente armados, bombas de
gás e gritaria generalizada.

Ao norte de onde aconteceu o disparo uma imagem, a imagem que


causou o pânico, um dos Extraordinários cai com a mão no peito, seu sangue
vermelho brilhante escorrendo pelos dedos enquanto seu corpo era amparado
por um de seus seguranças. Estava ao chão um dos homens mais poderosos
da república e que mantinha status de intocável, a resposta para algo extremo
sempre é o outro extremo.
Logo o acontecido estampava as capas de jornais, noticiário na
televisão, internet, rádios e revistas, todos tiveram acesso às imagens que
alguns presenciaram aquele dia, mas nunca imaginariam que isto iria mudar a
história do país como conhecíamos para sempre.

CAPITULO I
O DIA DEPOIS DE ONTEM

Já era tarde quando Leonardo ligou a televisão para acompanhar as


notícias, depois de um dia cansativo ele pegou seu uísque, acendeu seu
cigarro e sentou-se no sofá de sua sala do apartamento que alugara no centro
da cidade de São Paulo. A paisagem da sua janela mostrava uma cidade
bucólica e estranhamente silenciosa, parecia que todos estavam atentos às
informações sobre o atentado que se consumou no assassinato de um dos
Extraordinários, algo que para alguns não iria tomar as proporções que
tomaram dias depois.

Leonardo tomou um trago da bebida e começou a acompanhar o


programa jornalístico, inicialmente ele não entendeu direito do que se tratava,
atentamente ele leu o letreiro de descrição e assim captou o noticiário.
Surpreso ele mandou uma mensagem de texto para seu amigo Heron que
residia na Suíça por volta de dez anos.

“Heron, tá acompanhando as news pela internet aí? Olha que merda”

“Pqp mano! Todo dia uma bosta acontecendo, tem que


explodir essa porra toda!”

O que os havia deixado abalados fora a decisão do Supremo Tribunal de


anunciar estado de sítio juntamente com forças da defesa nacional usando a
seu favor o ataque contra a segurança nacional, e assim convocar novas
eleições gerais. Partidos de esquerda comemoraram a decisão, pois viam nela
a oportunidade de retomarem o poder depois que sofreram amarga derrota
para Jairo Boltotti na última disputa pelo pleito, e imediatamente começaram a
fomentar a militância para que ainda mais desestabilizassem a ordem.

Leonardo deitou em sua cama, tentou dormir mas não conseguia, as


imagens do telejornal que vira mais cedo pipocavam em sua cabeça.

“E se o Estrela Vermelha voltar?”


“Será que é tarde demais para eu mudar do país?”

“O Heron que fez certo de ter saído daqui, parece que ele já havia imaginado.”

“Tenho que fazer alguma coisa.”

...

... ...

O despertador tocava Follow God de Kenye West, uma mão trêmula


tratou de desativa-lo e conferir a hora. Ás 6:30 da manhã Leonardo levantou-se
da cama, com um pouco de ressaca devido ao uísque tomado na noite
passada, escovou os dentes, lavou o rosto e reparou no espelho que estava na
hora de raspar o cabelo novamente. Antes de ir trabalhar resolveu ver o que
estava acontecendo pelo celular, ao tentar logar no seu Twitter não obteve
sucesso, mas pensara que a administração do site havia derrubado sua
trigésima primeira conta, como sempre fazia, então decidiu entrar no WhatsApp
para se atualizar. Uma mensagem. Apenas uma lhe chamou a atenção.

Allan BigGum:

Tome cuidado, fique em casa, Boltotti caiu. A mídia ainda não anunciou, estão
tentando esconder.

Ligue para todos que você conhece e tem confiança. Essas novas eleições já estão
armadas para beneficiar o EV. Não me ligue deste número, te passarei outro pelo e
mail privado.

Meio atordoado Leonardo ligou o aparelho de TV para achar-se, as


imagens que passavam pasmara-o. Em Brasília prédios pegavam fogo,
multidões vestidas de vermelho cercavam o congresso, algumas cenas de
horror foram transmitidas ao vivo o que parecia deputados sendo queimados
vivos por manifestantes, alguns deles alvejados ao chão, o sangue se
misturando com as camisetas encarnadas, o exército tentava apaziguar a
desordem usando medidas não letais quando era possível. A fumaça que saia
do prédio incendiado parecia densa o bastante para se misturar a confusão, de
repente a imagem muda e mostra outras localidades do país, a mesma cena,
quase idêntica, parecia um filme feito pelo Copolla.

Dentro de um Evoque tocava Ain’t No Sunshine de Bill Withers, a


fumaça do cigarro que o condutor fumava traçava o vento forte daquela tarde, o
celular que estava em cima do painel de navegação tocou, o nome que
aparecia no identificador estava grafado L30, outro toque antes de atender.

A voz de Leonardo parecia distante, havia um chiado no fundo quando


BigGum falou.

- Alô?

- Allan! Explica-me direito o que está acontecendo, quanto tempo eu dormi? Eu


não estou conseguindo associar os acontecimentos.

- Leo, ontem a noite o EV tramou um golpe contra Boltotti e seus apoiadores


junto com movimentos de guerrilha que estavam ocultando e uma parte do
exército. Os Extraordinários estão fazendo de tudo para Levi Idenário voltar ao
poder, estou indo para minha casa neste momento, desativarei minhas contas
e o site de notícias, terei que proteger minha família.

- Mas o que nós poderemos fazer?

- Por enquanto nada, ninguém sabe onde está Boltotti e seus ministros, o
professor Otelo disse-me para não correr risco de vida, tudo estava bem abaixo
dos nossos narizes esse tempo todo. Provavelmente Levi subirá ao poder
ainda esta semana junto com Andrade e companhia, os militares fiéis a nossa
causa estão pensando em jogar a toalha para não ocasionar algo pior como
uma guerra sem volta que poderá resultar em separação do país. Por enquanto
o que nos resta é esperar.

- Eu não consegui entrar no Twitter para contac...

- Todas as contas que eram contra o plano de poder da esquerda foram


derrubadas, os progressistas tomaram as redações dos jornais, as redes
sociais e as universidades faz tempo. Fique em casa, não faça nada,
precisaremos ficar vivos.

- Ok BigGum, qualquer coisa entro em contato, me mantenha informado.

- Tudo bem, se cuida!

Aos poucos Leonardo foi absorvendo os acontecimentos, seguiu os


conselhos que Allan dera durante três semanas seguidas. A anarquia cessara,
o país parecia voltar ao normal, Leo já conseguia acessar suas contas de redes
sociais normalmente, mas uma coisa estava muito estranha. Não havia notícias
sobre o governo, nem sobre Boltotti ou seus ministros, os deputados que foram
assassinados na revolta foram substituídos por seus respectivos suplentes,
estava bizarramente quieto.

Quando de súbito uma imagem, o começo de tudo.


CAPITULO II
VAI TODO MUNDO MORREEE

Brasil, Área 2, 2035

Primeiro taxaram os bilionários, depois os milionários, sucessivamente


até o trabalhador que ganhava um salário mínimo, a maioria aceitou
tranquilamente porque a Unidade dizia que era pela causa, os cidadãos
estavam maravilhados com os projetos sociais, onde tudo era pago com o
dinheiro arrecadado de impostos. Logo depois começou a limitar a internet, a
polícia vermelha descobria em minutos seu paradeiro caso proferisse algo
contra a Unidade por sites ou redes sociais, começamos a nos comunicar pela
Deep Web, a única maneira de nos mantermos informados pelas notícias reais
uma vez que os canais televisivos, jornais e outras fontes de informação foram
estatizados e apenas passavam o que queriam que soubéssemos.

No terceiro ano depois da revolução houve eleições com uma vitória de


Fabiano Andrade com 98% dos votos válidos – apenas o congresso votou – e o
líder Levi Idenário mudou-se para a ilha caribenha de Cuba para tratar de sua
frágil saúde. Para maior controle a Unidade dividiu o país em áreas, a Área 1
compreendia o antigo nordeste e norte, a Área 2 o centro oeste e sudeste e a
Área 3 o sul, o Distrito Federal fora renomeado para Comando Central da
Unidade, e o país agora se chamava República Popular Socialista do Brasil.

Não é lembrado o ano exato, mas próximo de 2033, décimo terceiro ano
pós-revolução popular, os tentáculos do Estrela Vermelha já estavam em todos
os lugares, escolas, universidades, comércios, defesa, judiciário, legislativo...
Não havia espaço para contrapontos, os que teimavam em ser alguma voz
dissonante rapidamente sumiam. A população parecia que constantemente se
apresentava dopada

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