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RE-MUSIC VOL.

Álbum: A Tábua de Esmeralda


Artista: Jorge Ben
Ano: 1974
Direção de produção: Paulinho Tapajós
Técnico de gravação: Luigi Hoffer e João Moreira
Arranjos: Osmar Milito, Darcy de Paulo e Hugo Bellard
Capa: Aldo Luiz

A Tábua de Esmeralda é o décimo primeiro álbum de estúdio de Jorge


Ben, este depois de ter lançado grandes sucessos musicais como os discos
Samba Esquema Novo, Jorge Ben (1969) e Força Bruta. Durante o ano de
1974 o país elegera pelo colégio eleitoral o General Ernesto Geisel, na música
nacional tínhamos Raul Seixas vindo de seu bem sucedido Kring-ha, Bandolo!,
Caetano Veloso havia voltado a pouco de seu exílio em Londres e os Novos
Baianos faziam um novo som que a época fora chamado de continuação da
Tropicália.

No meio deste turbilhão o cantor e compositor Jorge Ben, inventor do


samba-rock com sua batida mais acelerada e swingada da bossa nova, vinha
com o seu melhor nos apresentando uma das melhores obras que a música
brasileira já produziu: A Tábua de Esmeralda. Os cantores e compositores essa
época procuravam incessantemente por seitas alternativas que acabavam
influenciando em suas produções musicais como Tim Maia em seu disco
Racional, Raul Seixas com Gita e Zé Ramalho & Lula Cortês com Paêbiru.

O disco abre com a clássica “Os Alquimistas Estão Chegando Os


Alquimistas”, um samba rock com pitadas de funk e uma letra que representa a
fase esotérica do cantor cantada sobre os Alquimistas discretos e silenciosos.
A segunda faixa “O Homem da Gravata Florida” é uma bem humorada canção
sobre, como diz o título, um homem e sua bela gravata, este homem
representado é Paracelso, segundo a lenda esse famoso alquimista gostava de
usar roupas espalhafatosas e exuberantes, a canção apresenta uma bela
batida de guitarra e percussão que lembra seus primeiros sucessos.

A terceira música “Errare Humanum Est” é mais uma que faz referência
ao esoterismo e cheia de referências em suas letras como a obra “Eram os
Deuses Astronautas?” do autor Erich von Daniken, que discorre sobre a
possibilidade de antigas civilizações serem resultado de alienígenas, o título faz
referência ao provérbio errare humanum est, perseverare autem diabolicum
que em tradução é errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico.

A canção a seguir “Menina Mulher da Pele Preta” é um samba-rock em


que o autor se “derrete” por uma “menina mulher da pele preta” dos olhos azuis
e sorriso branco. Seguinte a ela “Eu Vou Torcer” chega com uma letra feliz e
otimista sobre moças bonitas, Flamengo, paz e cotidiano em geral.

O álbum continua com a execução de “Magnólia” e “Minha Teimosia,


Uma Arma pra te Conquistar”, com belas melodias e as letras românticas.
“Zumbi” é uma ode ao pseudo-herói antiescravagista Zumbi dos Palmares, vale
a pena ouvir pelo conjunto e pela licença poética, já que historicamente Zumbi
dos Palmares não foi o notável como é descrito na letra.

As próximas são “Brother”, com uma letra gospel e elementos de música


africana, metade cantada em língua inglesa e a outra metade em português,
esta é muito semelhante às músicas cantadas por corais em igrejas
americanas, e “O Namorado da Viúva”, uma crônica sobre um sujeito que
estava namorando uma viúva e se perguntava se iria dar conta, neste caso o
sujeito é Nicolas Flammel, um dos mais famosos alquimistas da antiguidade.

Subsequente apresenta-se “Hermes Trimegisto e Sua Celeste Tábua de


Esmeralda”, mas quem é Hermes Trimegisto que aparece tantas vezes durante
a obra, inclusive na capa? Bem, no encarte do disco (e na música) diz-se que
ele foi um Faraó do antigo Egito e assim a canção entoa sua história como o
escritor da tábua de esmeralda e fundador do hermetismo.
Então o disco finaliza em grande estilo com “Cinco Minutos”, uma
música que exprime o quanto a humanidade se desvencilhou para um lado
materialista e se esqueceu de ouvir mensagens espirituais. No geral é um
grande fruto da mistura do swing de Jorge Ben, incomum para época,
elementos de música africana e esoterismo hermético, vale a pena ser
escutado da primeira a última faixa.

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