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AS BÊNÇÃOS

DE APOCALIPSE
GUIA DO LÍDER

NANCY GUTHRIE
& AMY KANNEL
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Guthrie, Nancy
As bênçãos de Apocalipse [livro eletrônico] :
guia do líder / Nancy Guthrie, Amy Kannel ;
[tradução Equipe Fiel]. -- São José dos Campos, SP :
Editora Fiel, 2023.
PDF

Título original: Blessed: leader's guide


ISBN 978-65-5723-326-9

1. Apocalipse (Teologia) 2. Bíblia - Estudos


3. Escatologia - Doutrina bíblica I. Título.

23-182800 CDD-228.06
Índices para catálogo sistemático:

1. Apocalipse : Profecias : Interpretação : Bíblia


228.06

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

AS BÊNÇÃOS DE APOCALIPSE: Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão


Guia do Líder Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. (Sociedade Bíblica do
Brasil), salvo indicação específica.
Traduzido do original em inglês
Blessed: Leader’s Guide Proibida a reprodução deste livro por quaisquer
meios, sem a permissão escrita dos editores, salvo
Copyright © 2022 por Nancy Guthrie. em breves citações, com indicação da fonte.
Todos os direitos reservados.

Originalmente publicado em inglês por


Guthrie Communications Editor-chefe: Tiago J. Santos Filho
Supervisor Editorial: Vinicius Musselman Pimentel
Coordenador Gráfico: Gisele Lemes
Editor: André Soares
Copyright © 2023 Editora Fiel Tradutor: Equipe Fiel
Primeira edição em português: 2023 Revisor: Equipe Fiel
Diagramador: Rubner Durais
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Capista: Rubner Durais
Editora Fiel da Missão Evangélica Literária. ISBN e-book: 978-65-5723-326-9

Caixa Postal 1601


CEP: 12230-971
São José dos Campos, SP
PABX: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
Sumário

Nota da Autora 5

Planejando seu estudo 8


Como estruturar seu estudo 8
Usando as perguntas do Estudo Bíblico Pessoal 9
Usando o Guia de Discussão em Grupo 10

Ideias e recursos para facilitadores de grupos de discussão 12


Seu objetivo como líder de discussão 12
Usando seu tempo de forma eficaz 13
Orientando a discussão e enfrentando desafios 15
Uma nota final de encorajamento 17

Recursos recomendados 18

Introdução: Preparando-se para um estudo de Apocalipse 19


Guia de Discussão 19

Capítulo 1 (Apocalipse 1.1-8) Abençoados por ouvirem a revelação de Jesus 21


Estudo Bíblico Pessoal 21
Guia de Discussão 24

Capítulo 2 (Apocalipse 1.9-20)Abençoados por verem o Jesus glorificado 27


Estudo Bíblico Pessoal 27
Guia de Discussão 31

Capítulo 3 (Apocalipse 2–3)Abençoados por serem conhecidos por Jesus 34


Estudo Bíblico Pessoal 34
Guia de Discussão 40

Capítulo 4 (Apocalipse 4–5)Abençoados por adorarem a dignidade de Jesus 43


Estudo Bíblico Pessoal 43
Guia de Discussão 46
Capítulo 5 (Apocalipse 6–7)Abençoados por serem protegidos por Jesus 49
Estudo Bíblico Pessoal 49
Guia de Discussão 53

Capítulo 6 (Apocalipse 8–11)Abençoados por estarem em missão por Jesus 57


Estudo Bíblico Pessoal 57
Guia de Discussão 61

Capítulo 7 (Apocalipse 12–14)Abençoados por viverem e morrerem em Jesus 64


Estudo Bíblico Pessoal 64
Guia de Discussão 69

Lição 8 (Apocalipse 15–16)Abençoados por estarem prontos para a volta de Jesus 72


Estudo Bíblico Pessoal 72
Guia de Discussão 76

Capítulo 9 (Apocalipse 17.1–19.10)Abençoados por estarem preparados


como a noiva de Jesus 80
Estudo Bíblico Pessoal 80
Guia de Discussão 84

Capítulo 10 (Apocalipse 19.11–20.15)Abençoados por compartilharem


da ressurreição de Jesus 88
Estudo Bíblico Pessoal 88
Guia de Discussão 91

Capítulo 11 (Apocalipse 21.1–22.5)Abençoados por viverem na


Nova Criação com Jesus 95
Estudo Bíblico Pessoal 95
Guia de Discussão 99

Capítulo 12 (Apocalipse 22.6-21)Abençoados por guardarem as palavras de Jesus 103


Estudo Bíblico Pessoal 103
Guia de Discussão 107

Perguntas para discussão 110


Nota da Autora

Este Guia do Líder foi preparado para ajudá-lo a planejar e liderar um grupo de estudos sobre o livro As
Bênçãos de Apocalipse: Vivendo as Promessas de Deus, tendo como base o Estudo Bíblico Pessoal, disponível
para download em fiel.in/bencao-ap-guia-estudo-biblico. Este material inclui sugestões de respostas para
as perguntas do Estudo Bíblico Pessoal, bem como perguntas de discussão em grupo e algumas notas que
esperamos que o ajudem a conduzir uma discussão frutífera com base nessas perguntas.

Sabemos que facilitar um estudo sobre o livro de Apocalipse é uma tarefa árdua. Faria sentido se você con-
cordasse em fazê-lo com um pouco de apreensão, temendo que questões surgirão em sua discussão em grupo
e que discordâncias interpretativas também possam vir à tona. Eu o aplaudo! E estou muito esperançosa de
que o que eu e Amy Kannel reunimos neste Guia do Líder realmente o ajudará em cada passo.

Ao se preparar e preparar seu grupo para este estudo, você deve querer ser claro sobre seu propósito desde o
início. Seu propósito não é discutir ou avaliar (muito menos argumentar em favor de) uma variedade de pers-
pectivas sobre o Apocalipse. Seu objetivo não é cravar uma resposta para todas as perguntas que intérpretes
ou participantes do estudo têm sobre esse livro. Seu objetivo é tomar o texto como ele se apresenta, buscan-
do entender primeiro o que ele teria significado para seus leitores originais — como eles teriam entendido
as imagens vívidas de João e o uso do simbolismo — e, em seguida, dar o próximo passo para discernir suas
implicações para nós hoje.

É uma boa ideia estabelecer algumas regras básicas para a discussão desde o início; afinal, impor novas
diretrizes algumas semanas após o estudo será muito mais difícil. Uma vez que os padrões tenham sido
estabelecidos, quaisquer novas instruções podem ser interpretadas como críticas ao comportamento ou
contribuição de um determinado participante (de forma que se tornam mais propensas a ofender). Embora
a ideia de “regras básicas” pareça sufocante, não precisa ser. Pense nisso como colocar algumas grades de
proteção e dar direção ao seu tempo juntos.

E não tenha medo de que estabelecer essas grades de proteção desde o início faça com que você seja exces-
sivamente controlador como líder. A realidade é que ninguém gosta de estar em um grupo em que o líder
realmente não lidera. A maioria das pessoas realmente aprecia quando um líder assume a liderança. Portanto,
vá em frente e lidere, dando o tom, afirmando os objetivos e, desde o início, desencorajando (ou mesmo
proibindo!) a discórdia, a discordância ressentida, a argumentação e a especulação.

Pode ser que você ou os membros do seu grupo queiram conhecer a abordagem interpretativa ou a visão
milenar da autora antes do estudo. Eu intencionalmente não delineei várias abordagens interpretativas para
o livro ou para Apocalipse nem afirmei as minhas, visto que não quero estabelecer uma base para o estudo
com disputas sobre interpretação. Acho que é muito mais benéfico para a pessoa comum mergulhar no texto
com algumas diretrizes interpretativas fundamentais, que oferecerei na introdução e no primeiro capítulo,
antecipando que podemos compreender a mensagem essencial e central do Apocalipse, mesmo que haja
algumas coisas com as quais não concordamos. Minha esperança é que cada pessoa que participa do estudo

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se concentre e se beneficie das principais mensagens que Apocalipse tem a dizer a todos nós que vivemos
entre a primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo.

Minha resposta a qualquer um que pergunte sobre minhas visões escatológicas específicas será simplesmen-
te sugerir que leia o livro para ver se consegue discerni-las. Você poderia corretamente deduzir do fato de eu
ser membro de uma igreja da PCA (Presbyterian Church in America [Igreja Presbiteriana na América]) e es-
tudante no Reformed Theological Seminary que abraço a teologia da aliança, e não a teologia dispensacional.
Reconheço que a teologia dispensacional dominou grande parte do ensino popularizado sobre Apocalipse
nas últimas décadas, embora a maioria das pessoas (incluindo a maioria dos participantes em seu estudo)
possa não estar familiarizada com o termo. Não vou usá-lo em nenhum lugar do estudo. Tampouco estou
disposta a argumentar contra essa visão. Meu objetivo é apresentar um argumento convincente para outra
visão. Como o ensino dispensacional sobre Apocalipse dominou grande parte da mídia cristã, muitos podem
supor que é a abordagem mais fiel ou que outras abordagens não levam a Bíblia a sério. Permita-me discordar.

Se me perguntarem sobre os meus pontos de vista, provavelmente também apontarei para a bibliografia no
livro e para a lista de recursos sugeridos neste Guia do Líder. As fontes que usei para o meu estudo provavel-
mente indicarão algo para aqueles que estão familiarizados com elas. Contudo, devo acrescentar que minhas
fontes não concordaram entre si em tudo. Eu realmente achei isso útil, e não frustrante. Tenho imenso res-
peito pelos vários pregadores e teólogos cujos sermões ouvi e cujos livros li. O fato de que eles têm visões
diferentes sobre certas partes de Apocalipse me ajudou a reconhecer que há algumas coisas nesse livro que
fazemos o nosso melhor para interpretar corretamente, mas sobre as quais simplesmente não podemos ser
dogmáticos.

Pode ajudá-lo saber que, enquanto me preparo para apresentar e discutir esse material com mulheres em
minha própria igreja, prevejo que receberei perguntas para as quais minha resposta será: “Não sei”. Para algu-
mas dessas perguntas, pegarei minhas fontes e verei se consigo encontrar uma resposta para compartilhar na
próxima ocasião em que nos encontrarmos. Porém, para outras perguntas, estarei pronta a aceitar que não
estou apta a responder a contento.

Embora Apocalipse seja muito claro quanto à sua mensagem central, muitos aspectos dele são menos claros.
Repetidamente neste estudo, precisaremos resistir ao impulso de pregar uma interpretação consensual de
cada detalhe. Em vez disso, devemos nos concentrar em nos abrir para o ponto principal e o desafio do livro
de Apocalipse. Alguns de nós nos tornamos muito bons em trazer nossas mentes curiosas para a Bíblia, o que
eu acho tão importante! No entanto, a curiosidade às vezes pode ser um substituto mais confortável para a
humildade, o autoexame e a submissão ao que a Bíblia diz claramente.

Procurei antecipar o máximo de perguntas que o espaço permitir, mas realmente não passo muito tempo
interagindo com várias visões interpretativas. Eu simplesmente apresento o que estou convencida de que a
passagem ensina. Por certo, algumas pessoas não concordarão ou questionarão o que apresento. Os partici-
pantes trarão seus próprios pressupostos e entendimentos sobre Apocalipse para este estudo, desenvolvidos
a partir do ensino que absorveram ao longo de suas vidas. Sem dúvida, parte do que é apresentado neste
estudo desafiará alguns desses pressupostos e entendimentos.

À medida que você se envolve com seu grupo, provavelmente deve prever que alguns participantes dese-
jarão oferecer muitos comentários do tipo: “bem, eu sempre ouvi que isso significa...”. Alguns resistirão a

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quaisquer visões alternativas, enquanto outros serão mais abertos. Como facilitador, seu objetivo não pode
ser levar seu grupo a um acordo completo sobre tudo. Em vez disso, sugiro que você adote como seu objetivo
fazer com que todos em seu grupo considerem o que é apresentado e o testem contra as Escrituras, não contra
algum outro ensinamento com o qual estejam familiarizados.

Apocalipse é um livro desafiador, mas não é um livro indiscernível. É um livro importante, um livro que
adverte e conforta. É um livro que confronta nossa apatia, infunde-nos convicção e coragem, revela-nos a
verdadeira natureza das coisas neste mundo e nos assegura que o mal será tratado e erradicado. Ela estimula
todos os que estão em Cristo a antecipar o dia em que serão acolhidos na Nova Criação para viver na presen-
ça de Deus para sempre. Preciso desse confronto, convicção, coragem, perspectiva, segurança e antegosto.
Imagino que você e aqueles que você está liderando também precisem disso. Então, vamos mergulhar em
oração, com expectativa e paz, abrindo-nos para o aprendizado e o arrependimento, sendo fortalecidos para
a perseverança enquanto esperamos que Jesus volte.

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Planejando seu estudo

Como líder, você tem a liberdade de escolher como usar esses recursos de uma maneira que funcione melhor
para o seu grupo. Abaixo, procuramos descrever algumas considerações sobre a lição de casa a ser atribuída,
a duração do seu estudo e como você dividirá o tempo do estudo em grupo.

COMO ESTRUTURAR SEU ESTUDO


Alguns estudos consistem simplesmente em assistir a um vídeo e discutir o seu conteúdo, sem que os indi-
víduos ou o grupo gastem tempo com o texto das Escrituras. Recomendo fortemente que não se faça isso
neste estudo sobre Apocalipse. Os participantes precisam gastar tempo no texto. Sem tempo no texto, sua
discussão em grupo pode se transformar em uma discussão desordenada de opiniões, em vez de ser um exa-
me cuidadoso da Palavra de Deus.

Se o seu grupo tende a se esquivar de lição de casa durante a semana, eu recomendo fortemente que vocês
trabalhem as perguntas do Estudo Bíblico Pessoal como um grupo antes de ler o capítulo do livro. Se essa for
a sua abordagem, dependendo da quantidade de tempo que vocês têm juntos em cada reunião, você pode
planejar trabalhar com esse material ao longo de 25 semanas, passando uma semana trabalhando no Estudo
Bíblico Pessoal e uma segunda semana discutindo o capítulo que os participantes leram.

Para sua primeira reunião, sugiro que os participantes leiam a introdução do livro com antecedência, leiam-
-na novamente em voz alta em sua reunião, cubram seu conteúdo com suas próprias palavras e trabalhem
as perguntas de Discussão em Grupo fornecidas para a sessão de introdução. Você também pode usar esse
momento para falar sobre como seu tempo será estruturado, esclarecer expectativas e definir algumas regras
básicas quanto a trazer outras fontes de ensino ou discutir interpretações e abordagens polêmicas de Apoca-
lipse. Em seguida, seus participantes podem trabalhar no Estudo Bíblico Pessoal por conta própria antes da
próxima reunião. Dessa forma, vocês se reunirão 13 vezes para cobrir o estudo.

Se os participantes estiverem trabalhando no Estudo Bíblico Pessoal por conta própria, geralmente não re-
comendamos que você planeje passar seu tempo juntos examinando todas as questões do Estudo Bíblico
Pessoal. Essas perguntas são inestimáveis para estabelecer uma base de compreensão e ajudar os participan-
tes a mergulhar nas Escrituras antes de ler o capítulo correspondente do livro, mas nem sempre se prestam
muito bem à discussão em grupo, já que, com frequência, geram respostas que simplesmente afirmam fatos.

Você deve usar o Guia de Discussão como sua fonte primária para gerar discussões ponderadas. Essas pergun-
tas são projetadas para levá-lo do texto da Bíblia e da apresentação do capítulo para a vida real, desenhando
uma variedade de perspectivas e fazendo aplicações pessoais. Por vezes, em situações nas quais a discussão
seria útil, esse Guia de Discussão traz perguntas do Estudo Bíblico Pessoal.

Observação: Se atribuir o Estudo Bíblico Pessoal como lição de casa e tiver uma pessoa em seu grupo que
repetidamente não o complete, você poderá ver se ela estaria interessada em se reunir com você — num

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almoço, café ou sessão de estudo — para que trabalhem as perguntas juntos. Talvez haja um fator de intimi-
dação ou frustração com o qual você possa ajudar.

USANDO AS PERGUNTAS DO ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

Trabalhe com as perguntas por conta própria primeiro


As possíveis respostas às perguntas do Estudo Bíblico Pessoal encontradas neste Guia do Líder são fornecidas
para ajudar você e outros líderes de pequenos grupos a facilitar a discussão e lidar com perguntas difíceis. Este
Guia nunca deve ser fornecido aos membros do grupo. Pense nisso como uma ferramenta de referência. Evite cons-
tantemente se referir a ele durante o tempo do seu grupo como a fonte da resposta “certa” ou “melhor”.

Todos sabemos que pode ser um desafio resistir à tentação de procurar as respostas para um enigma de pa-
lavras cruzadas no verso do livro. Como líder, também pode ser um desafio para você resistir ao impulso de
usar este recurso quando lida com essas questões pela primeira vez. Recomendamos fortemente que você use
uma cópia em branco do Estudo Bíblico Pessoal, completando as perguntas por conta própria primeiro, assim como
seus colegas de grupo. Leias as possíveis respostas neste Guia do Líder somente depois de concluir as suas próprias
respostas. Depois de trabalhar as perguntas, você pode examinar o Guia do Líder e adicionar notas às suas
próprias respostas, conforme desejado, em preparação para a discussão em grupo.

Gaste tempo no texto antes de correr para a aplicação


O Estudo Bíblico Pessoal é muito menos focado na aplicação pessoal e muito mais no estabelecimento das bases
bíblicas. Ele não amarra pontas soltas (esperamos que o capítulo do livro ajude a esclarecer quaisquer conceitos
confusos) e nem sempre faz aplicação direta. Seu objetivo principal é fazer com que os participantes entrem na
Palavra de Deus para verem por si mesmos o que ela diz e começarem a pensar sobre o que ela significa.

Dependendo da experiência em estudos bíblicos, do nível de maturidade ou da personalidade dos membros


de seu grupo, alguns talvez tendam a ficar impacientes com perguntas do tipo: “O que esta passagem diz?”.
Essas pessoas desejarão correr para a aplicação: “O que isso tem a ver com a minha vida?” Muitas vezes, em
nossa cultura de gratificação instantânea, queremos empregar alguns minutos com a leitura da Bíblia e, então,
sair com um pouco de encorajamento ou uma lista clara de tarefas. Estamos buscando um rápido “como isso
se aplica a mim?”

Aplicar a Bíblia a nossas vidas é essencial! No entanto, a aplicação adequada nem sempre é imediatamente
clara. É bom nos esforçarmos e pensarmos profundamente para obter clareza sobre o que o texto significou
para o público original (eles/naquele tempo) antes de trazê-lo para nosso próprio contexto (nós/agora). Se
não chegarmos à pergunta “e daí?” no Estudo Bíblico Pessoal, isso não significa que ela não será abordada!
Em vez disso, acreditamos que a aplicação será mais profunda e poderosa (e mais fiel às Escrituras) quando
chegarmos a ela depois de termos investido tempo para pensar cuidadosamente e entender o que a Palavra
de Deus diz. Cada capítulo do livro terminará com a apresentação de algumas ideias para aplicação na forma
de pergunta: “O que significa ouvir e guardar essa parte de Apocalipse?” Essa também será a pergunta final a
cada semana no Guia de Discussão. É aqui que você se concentrará em se tornar prático e viver as verdades
apresentadas.

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Reconhecer isso logo de cara e instar os participantes a se aprofundarem ou serem pacientes pode ajudá-los
a estar mais dispostos a fazer o trabalho. Incentive-os a serem pacientes enquanto buscam a aplicação, não
se evadindo do texto precipitadamente porque ele parece irrelevante ou soa como um conhecimento que
só serve para a cabeça, mas que tem pouco aplicação para o coração/vida. A aplicação é importante, e está
chegando! Esse, no entanto, simplesmente não é o foco principal das perguntas do Estudo Bíblico Pessoal.

Quanto tempo é necessário para completar as perguntas


do Estudo Bíblico Pessoal?
Não há um prazo definido. Cada um de nós aborda isso de forma diferente. Alguns participantes adoram de-
dicar um tempo de qualidade, pensar, olhar para cima, escrever. Outros simplesmente procuram as respostas
e fazem anotações curtas. Se você for questionado sobre a quantidade de tempo necessária, sugerimos que
você diga que as perguntas levam tanto tempo quanto as pessoas escolhem investir nelas. Algumas lições
incluem mais leituras de passagens bíblicas do que outras, mas esperamos que você consiga ler os trechos
bíblicos indicados e completar as perguntas em cerca de uma hora. Certamente os participantes podem
ter mais tempo disponível em algumas semanas do que em outras, mas todos sabemos que tiramos mais
proveito do estudo quanto mais nos dedicamos a ele. Como líder, tenha em mente que a profundidade de
pensamento dada à lição não se reflete necessariamente na extensão das respostas escritas na página ou no
tempo gasto de acordo com o relógio.

O mais importante não é quanto tempo leva, mas que cada participante planeje um tempo para lidar com o
Estudo Bíblico Pessoal e manter esse compromisso. Na verdade, na primeira semana, você pode pedir a cada
membro do grupo que compartilhe com todos quando ele pretende trabalhar no Estudo Bíblico Pessoal
na próxima semana. Isso incentiva o planejamento e estabelece alguma responsabilidade, além de fornecer
ideias para outras pessoas do grupo sobre quando elas poderiam ter tempo para o estudo. Você pode pergun-
tar àqueles que fizeram estudos semelhantes se preferem fazer o estudo em uma única sessão ou quebrá-lo
ao longo de vários dias.

Será sábio que você afirme no início o motivo por que estamos fazendo isso: porque queremos conhecer
Cristo por meio de sua Palavra. Isso não é como o trabalho ocupado que fazíamos na escola. Essa é a busca
pelo relacionamento com Cristo, que vem principalmente quando abrimos a Palavra de Deus para ouvi-lo
falar conosco enquanto a lemos, meditamos nela por nós mesmos, mastigamo-la, discutimo-la e oramos por
meio dela. São ambos os elementos — o Estudo Bíblico Pessoal e o ensinamento (livro) — que preparam os
participantes para se engajar na discussão em grupo.

USANDO O GUIA DE DISCUSSÃO EM GRUPO


Você encontrará uma cópia das perguntas do Guia de Discussão para cada sessão na página 110 deste Guia do
Líder. Você pode copiar e distribuir essas perguntas para os membros do seu grupo, se desejar, embora isso
não seja necessário. Você pode usar o Guia de Discussão como um script para guiá-lo durante a discussão,
ou você pode optar por usá-lo simplesmente como um recurso, selecionando e escolhendo as perguntas que
você acha que serão mais eficazes em seu grupo e que se encaixem melhor em suas reuniões. Você também
pode incentivar os participantes a compartilhar algo do Estudo Bíblico Pessoal ou do capítulo do livro que

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tenha sido significativo ou desafiador para eles, determinando com antecedência em que ponto da discussão
você convidará esses comentários.

As perguntas do Guia de Discussão nem sempre se prestam a respostas simples. Elas proporcionam maior
interação com os temas e desafios de cada passagem. Portanto, é recomendável que você gaste algum tempo
analisando as perguntas por conta própria antes do seu tempo em grupo. Olhar para as notas que fornecemos
lhe dará uma noção do tipo de conversas que esperamos provocar. Pedimos enfaticamente que você não leia
as respostas deste Guia do Líder, pois isso cria um ambiente de “resposta certa”, em vez de uma discussão
genuína entre participantes iguais. Em lugar disso, sugerimos que você faça algumas anotações do Guia do
Líder em sua cópia do Guia de Discussão e as traga à tona quando necessário, estimando a contribuição do
seu grupo. Tenha em mente que as suas próprias contribuições podem ser diferentes das que fornecemos —
e ainda mais perspicazes!

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Ideias e recursos para facilitadores
de grupos de discussão

Obrigado por sua disposição de liderar um grupo ao longo deste estudo de Apocalipse! Oramos para que seu
investimento extra de tempo e esforço na preparação não apenas o equipe a liderar de forma eficaz, mas tam-
bém aumente e aprofunde seu amor pelo Salvador, fortalecendo-o para perseverar pacientemente enquanto
aguardamos o retorno dele.

SEU OBJETIVO COMO LÍDER DE DISCUSSÃO


Qual é o seu papel como líder de discussão? Sugerimos que você tenha a intenção de atrair os membros do
seu grupo e guiá-los através de um momento de discussão aberta e autêntica acerca das verdades apresenta-
das tanto no texto das Escrituras quanto no livro. Ao procurar esclarecer conceitos desafiadores, solidificar
a compreensão do grupo das verdades apresentadas e aplicá-las à vida real, trabalhe para criar um ambiente
seguro para lutas pessoais, perguntas difíceis, descobertas e até ambiguidades.

Às vezes estamos ansiosos ou relutantes para liderar porque sabemos que não temos todas as respostas.
Temos medo de que alguém faça uma pergunta que não podemos responder ou leve a discussão em uma
direção com a qual não podemos lidar. Não se deixe intimidar pela falsa expectativa de que, se você se posi-
cionar para facilitar a discussão, deve ter todas as respostas “certas”.

Muitas vezes, quando as pessoas discutem a Bíblia, alguém no grupo (com frequência, o líder) sente que
deve resumir cada parte da discussão com a resposta “certa”. Ao liderar seu grupo, evite a compulsão de
chegar rapidamente à resposta “certa” para cada pergunta. Não tenha medo de deixar algumas perguntas
pairarem por um tempo. Permita que os membros lutem com as questões envolvidas na série de perguntas.
Continue pedindo a opinião de outros participantes que talvez estejam relutantes em se expressar.

Não há nada de errado em admitir que você não sabe ou não entende completamente algo. Talvez você precise
estudar mais esse assunto ou prefira convidar alguém da equipe pastoral de sua igreja para ajudar a responder
à pergunta. Determine-se a liderar seu grupo como um colega aprendiz, não como um especialista onisciente.
Espere que Deus use sua Palavra não apenas na vida dos membros do seu grupo, mas também na sua!

Embora você não deva dominar o grupo, tem de liderar efetivamente. É seu trabalho criar uma atmosfera que
promova discussões significativas. Como líder, você dá o tom da autenticidade e da abertura. Dê o exemplo
de ser um bom ouvinte e ofereça respostas curtas, a fim de que os outros possam falar. Ser um líder eficaz
também significa que cabe a você atrair pessoas que têm receio de falar para a conversa e redirecionar a con-
versa quando ela sair dos trilhos. Poucas pessoas querem fazer parte de um grupo que é inflexível, restritivo
ou orientado por regras. Em geral, as pessoas querem fazer parte de um grupo organizado e proposital, no
qual as expectativas são comunicadas sem remorso e as diretrizes são respeitadas. Nas páginas seguintes,
fornecemos algumas sugestões para lidar com questões que comumente surgem em pequenos grupos. Espe-
ramos que elas sejam úteis para você liderar bem.

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USANDO SEU TEMPO DE FORMA EFICAZ
Como líder, é sua responsabilidade direcionar como o tempo para a discussão em grupo é usado. Enquanto
alguns participantes podem ser muito casuais sobre isso, outros estarão muito cientes do tempo e ficarão
frustrados quando sentirem que seu valioso tempo está sendo desperdiçado. Várias questões podem ter um
impacto significativo no uso efetivo do tempo alocado para a discussão em pequenos grupos.

Dando início à reunião


Muitas vezes ficamos sem tempo porque demoramos para começar. Aguardamos retardatários, ficamos con-
versando ou desfrutando de alguma comida juntos, de forma que simplesmente deixamos o tempo escapar.
Todos os grupos desenvolvem uma cultura, e os membros aprendem se o grupo realmente começará a tem-
po ou não. Eles ajustarão seu senso de urgência em relação ao horário de chegada em conformidade com o
costume do grupo.

Certamente você precisa dar algum tempo para os participantes se cumprimentarem e compartilharem suas
vidas uns com os outros, mas você deve decidir quanto tempo isso durará e dar ao grupo um tempo rígido de
início para a discussão. Se você estabelecer uma cultura de começar a tempo, independentemente de todos
os membros terem chegado, não permitindo que retardatários interrompam sua discussão ao chegarem, você
provavelmente descobrirá que os participantes se tornam mais pontuais.

No início do estudo, você também pode pedir que qualquer membro que chegue atrasado simplesmente se
junte ao grupo e entre na discussão da forma mais discreta possível. Quando paramos a discussão enquanto
todos cumprimentam o que chegou tardiamente, talvez enquanto ouvem a história do que causou o atraso,
pode ser desafiador começar de novo. Você, como líder, precisará administrar essa área com uma mistura
apropriada de firmeza e graça.

Fazendo pedidos de oração


Com frequência, queremos que nossos momentos de discussão em pequenos grupos incluam o compar-
tilhamento de pedidos de oração, o que pode ser uma maneira significativa de compartilhar nossas vidas
juntos e exercitar nossa confiança em Deus e relacionamento com ele. Porém, também sabemos que, às
vezes, esses pedidos de oração podem se transformar em longas histórias e longas discussões, na medida em
que outros membros oferecem conselhos ou contribuições.

Se o uso do tempo para pedidos de oração é uma preocupação para o seu grupo, uma maneira de lidar com
isso é fornecer cartões de anotações para que as pessoas anotem seus pedidos. Esses cartões podem ser
compartilhados no final, ou os membros podem simplesmente trocar cartões uns com os outros. Como
alternativa, você pode determinar um horário para encerrar sua discussão que permita espaço no fim para
compartilhar pedidos, orar juntos por esses pedidos e orar em resposta às verdades apresentadas na lição.

E isso é fundamental — que seu tempo de oração inclua orar em resposta às verdades apresentadas, e não
apenas orar por situações na vida dos participantes. Quando lemos e estudamos a Palavra de Deus, não
queremos que essa seja uma conversa de mão única. Queremos responder em oração. Em vez de ouvi-lo

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falar conosco e, depois, apenas falar com ele sobre o que achamos importante, devemos orar em resposta às
implicações do que estudamos, pois essa é uma maneira importante de responder ao que ele disse.

Ficando preso ao longo do caminho


É fácil dar muito tempo para perguntas no início e acabar ficando sem tempo para cobrir tudo. Sugerimos
que você analise o Guia de Discussão com antecedência para determinar como usará o tempo. Marque as
principais perguntas a que você deve chegar. Você pode fazer uma anotação ao lado de cada pergunta que de-
seja incluir, indicando uma estimativa de quanto tempo deseja dar para essa questão e, em seguida, observar
seu relógio ao longo do estudo, a fim de se manter no caminho certo. No entanto, não fique tão rigidamente
preso ao relógio a ponto de apressar o grupo quando a discussão rica estiver se desenvolvendo. Talvez alguns
membros tenham considerado particularmente atraente certa pergunta que você não havia selecionado.
Uma discussão que permaneça no tópico, embora siga uma direção diferente da que você planejou, ainda
pode valer a pena e ser útil.

Mantendo o foco na Palavra de Deus


As pessoas chegam a um estudo bíblico por muitas razões, vindo de muitas situações e lutas, com diferentes
níveis de conhecimento da Bíblia e interesse por ela. Às vezes, um grupo pode facilmente mudar de um es-
tudo bíblico para um grupo de apoio pessoal. Encontrar esse equilíbrio entre o estudo bíblico e a conexão
relacional é um desafio para todo líder de pequeno grupo.

Alguns líderes de pequenos grupos sentem que, quando um membro do grupo chega com uma luta ou triste-
za significativa, o líder deve deixar o estudo de lado para ouvir e cuidar daquela pessoa que sofre. Em algumas
situações, talvez essa seja a melhor coisa a se fazer, mas também devemos nos lembrar de que a Palavra de
Deus fala sobre todas as necessidades e situações de nossas vidas. Ela cura, dá perspectiva, instrui, condena,
restaura e renova. Não assuma que o conselho e a contribuição dos membros do grupo têm mais poder do
que sua discussão sobre as verdades da Palavra de Deus para ajudar essa pessoa que está sofrendo.

Tenha em mente que, embora alguns participantes venham à reunião mais para a comunhão e comparti-
lhamento de suas vidas, outros participantes estão ansiosos para se banquetear com o ensino bíblico e a
discussão da Palavra de Deus. Se, com o tempo, esses participantes descobrirem que a Palavra é frequente-
mente deixada de lado ou que se dá a ela pouca importância, eles podem procurar outro lugar para estudar a
Palavra de Deus com outras pessoas.

Terminando a tempo
Assim como começar prontamente demonstra que o tempo dos participantes é valioso, concluir seu estudo
a tempo também mostra respeito por seus participantes. Certifique-se de encerrar as atividades no horário
combinado, reconhecendo que eles têm outros compromissos e planos após o seu estudo. Dessa forma,
aqueles que querem ficar e conversar podem demorar-se, mas aqueles que precisam sair não terão que es-
capar um a um nem serão incapazes de se concentrar na discussão por causa da distração ocasionada pela
necessidade de estarem em outro lugar.

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ORIENTANDO A DISCUSSÃO E ENFRENTANDO DESAFIOS

Compartilhar opiniões sem levar em conta a Palavra de Deus


É natural que os membros do grupo muitas vezes comecem sua contribuição na discussão com as palavras:
“Bem, eu acho...” E, de fato, algumas das perguntas começam com: “O que você acha…?” Isso é proposital,
não apenas para fazer as pessoas pensarem, mas também para enfatizar que não há necessariamente uma
resposta certa ou errada; há apenas uma ideia que vale a pena considerar ou imaginar.

Entretanto, também queremos cultivar um respeito pela autoridade das Escrituras em nossas discussões.
Embora essa não seja uma perspectiva bem-vinda em nossa cultura, toda opinião não tem o mesmo valor ou
peso que todas as outras opiniões. A verdade revelada da Palavra de Deus deve ter o maior peso em nossas
discussões. Ainda que, no ambiente do grupo, você não queira constranger alguém que afirme algo que é cla-
ramente antibíblico, pode ser uma boa ideia desafiar gentilmente uma opinião questionável com algo como:
“Isso é interessante. Eu me pergunto como você daria sustentação bíblica a essa ideia.” Ou talvez você prefira
encontrar um tempo fora do ambiente do grupo para discutir o assunto, usando o apoio bíblico para desafiar
gentilmente o erro.

A discussão fica animada, mas fora dos trilhos


Às vezes, a discussão rapidamente se afasta da pergunta original e entra em um tópico interessante, mas não
diretamente relacionado. Quando isso acontece, pode ser sábio afirmar o óbvio e, em seguida, voltar o foco
para o conteúdo em questão, dizendo algo como: “Certamente poderíamos falar muito tempo sobre _____,
mas temos muito material importante para discutir em nossa lição esta semana; então, voltemos a ela.” Se
a primeira pessoa que responder disser algo que parece longe do ponto principal, você pode dizer: “Isso é
interessante. Como você entende que isso se conecta a [reafirmar a pergunta/tópico]?” Se você não chegou
a alguma das principais verdades envolvidas na pergunta, volte e faça a pergunta original novamente, talvez
acrescentando: “Alguém viu isso de forma diferente ou teve outra ideia?”

Os membros do grupo falam pouco e demoram a responder


Para que um líder seja eficaz, é essencial que ele se sinta confortável com o silêncio. Algumas pessoas de-
moram para se aquecer ou demoram mais para formular seus pensamentos. Outros estão ansiosos para
participar, mas não querem parecer sabichões nem dominar o tempo de discussão. Alguns temem ter a res-
posta “errada” ou revelar seu analfabetismo bíblico, especialmente se estiverem cercados por pessoas que, em
sua percepção, têm mais conhecimento bíblico do que eles. Resista à tentação de preencher o silêncio conti-
nuando a explicar a pergunta ou entrando com seus próprios pensamentos. Esperar tranquilamente permite
que as pessoas tenham mais espaço para contribuir. Uma maneira de lidar com um silêncio constrangedor é
fazer uma piada sobre o silêncio sem parecer censurar seu grupo. O humor é uma ótima maneira de desarmar
o desconforto. Um líder que conhecemos às vezes diz: “Eu posso esperar você sair!”

Seja sábio e cuidadoso ao pedir que alguém responda a uma pergunta, mas, sempre que isso parecer apropria-
do, não tenha medo de chamar pessoas específicas para fazê-lo. Algumas pessoas simplesmente não gostam
de responder a uma pergunta a menos que sejam convidadas. Além disso, com frequência, essas pessoas têm

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respostas muito atenciosas e que beneficiarão o grupo. Você pode virar para o participante relutante e dizer:
“O que você acha disso, Joana?” Ou: “É assim que você vê, Kim?”

Trabalhe para desenvolver o hábito de afirmar as respostas e a disposição daqueles que as compartilham. Dê
o exemplo de ser um ouvinte responsivo e atento. Faça questão de comentar que a opinião dos participantes
é perspicaz, algo em que você nunca pensou antes ou que é pessoalmente útil para você. Resista à tentação
de resumir cada resposta dada ou acrescentar algo a ela, embora talvez seja útil refrasear uma resposta caso
você seja capaz de ajudar a esclarecer algo que alguém esteja lutando para articular. Você também pode gerar
uma troca genuína de ideias ao fazer uma pergunta de acompanhamento sobre a declaração de alguém ou ao
pedir que essa pessoa conte mais sobre o que disse. Certifique-se de que você está concentrado na pessoa que
está compartilhando, em vez de naquilo que você dirá a seguir.

Uma pessoa domina a discussão


Quase todos os grupos têm pelo menos uma pessoa que tende a ser rápida para responder todas as perguntas
ou dominar a discussão. Quando esse padrão se desenvolver, você pode começar a próxima pergunta dizen-
do: “Eu adoraria ouvir de alguém que ainda não compartilhou hoje”. Ou você pode direcionar sua próxima
pergunta especificamente para outro membro do grupo.

Às vezes, quando um participante está falando há muito tempo, você faz bem ao grupo e à discussão inter-
rompendo-o discretamente, talvez dizendo algo como: “O que você está dizendo é útil! Eu adoraria ouvir
os pensamentos de outra pessoa.” Ou você pode resumir o que ele disse em uma declaração concisa e usá-la
como uma transição para a próxima pergunta. Outro método é entrar com uma pergunta como: “Que ver-
sículo ou frase o ajudou a ver isso?” Lembre-se de que os outros membros do grupo querem e precisam que
você assuma o comando nessa situação, a fim de manter a discussão em movimento e frutífera para todos.

Se o problema persistir, você pode precisar puxar seu participante ansioso de lado em algum momento.
Convide-o para ser seu aliado, trazendo mais pessoas para a discussão. Ele pode nem perceber que teve
uma atitude dominante. Diga-lhe que você realmente aprecia suas contribuições e quer criar uma atmosfera
no grupo em que todos possam compartilhar seus pensamentos. Sugira a ele que escolha duas ou três das
perguntas que realmente deseja responder e que se abstenha de responder perguntas que lhe sejam menos
importantes, a fim de que outras pessoas do grupo estejam mais aptas e dispostas a participar.

Os participantes habitualmente não completam a lição de casa


Todos têm momentos em que as circunstâncias da vida dificultam a conclusão da lição. Contudo, quando os
membros do grupo não têm consistentemente completado o Estudo Bíblico Pessoal ou lido o capítulo, isso
é um problema. A falta de preparo deixa pouca base para a discussão em grupo.

No início do primeiro encontro, enfatize a importância de completar as tarefas. Reitere isso na segunda
ocasião em que se encontrarem. Sem ser rígido ou sem graça, chame os participantes para cumprir seu
compromisso com o estudo, em vez de dar-lhes uma saída fácil sempre. Como seres humanos, todos nós pre-
cisamos de responsabilidade. Porém, às vezes, nos grupos de estudo da Bíblia, temos tanto medo de ofender
os participantes que não cumprimos nosso papel como líderes, de forma que deixamos de incentivar a fide-
lidade, a pontualidade e a plena participação. Se uma pessoa tem dificuldades para fazer as lições, você pode:

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• Sugerir que, em vez de simplesmente esperar encontrar algum tempo durante a semana, ela agende um
horário específico para completar a aula e se comprometer a manter o agendamento, assim como faria no
caso de um almoço com um amigo ou uma consulta médica.

• Pergunte como ela costuma usar o domingo, o Dia do Senhor. Ela poderia encontrar uma hora durante
esse dia que pudesse passar na Palavra de Deus?

• Explore a possibilidade de ela marcar um horário durante a semana para se encontrar pessoalmente ou por
telefone com outro membro do grupo para que trabalhem o material juntos.

Se ela continuar sendo incapaz de completar o trabalho, não se preocupe com isso, caso essa atitude não afete
negativamente o resto do grupo. Nem sempre podemos saber como é a vida de outra pessoa. Se o melhor que
ela pode fazer é chegar lá, isso pode ser suficiente.

Discordância com o que é ensinado


Às vezes, ver as coisas de forma um pouco diferente pode ser muito produtivo em uma discussão em grupo.
Aprendemos uns com os outros à medida que descobrimos e discutimos as diferenças ou nuances na manei-
ra como vemos as coisas. Muitos tópicos neste estudo permitem uma amplitude de perspectivas, ao passo
que alguns tópicos desafiam visões que podem ser muito estimadas. Ter a necessidade de reconsiderar suas
próprias convicções ou suposições à luz das perspectivas dos outros é uma prática difícil, mas valiosa, a qual
pode ajudar todos a crescer. É preciso que todos deem graça e espaço uns ao outros para que cheguem a
lugares diferentes ou concordem em discordar.

O que não é bem-vindo no grupo é um espírito argumentativo ou uma abordagem combativa em relação ao que
é apresentado. Se surgirem áreas de discordância que não podem ser resolvidas produtivamente no grupo, você
pode responder com: “Eu aprecio sua perspectiva sobre isso. Precisamos seguir em frente em nossa discussão,
mas, se você estiver interessado, podemos nos encontrar ou mesmo nos reunir com o pastor para conversarmos
mais sobre isso. Tenho certeza de que nós dois temos mais a aprender sobre isso.”

Como somos humanos lidando com outros humanos, teremos áreas de discordância. Nossas diferentes ex-
periências e preferências nos levarão a diferentes conclusões. Isso, porém, não significa que não possamos
ter unidade ao buscarmos nos submeter à Palavra de Deus. Faça disso — e de todos os outros aspectos do
estudo — uma questão de oração enquanto se prepara para liderar seu grupo.

UMA NOTA FINAL DE ENCORAJAMENTO


A melhor notícia sobre liderar um grupo de estudo bíblico é que Deus sempre nos equipa para fazer o que
ele nos chama a fazer. Peça a Deus que lhe dê sabedoria para trabalhar com o que quer que surja em seu pe-
queno grupo. Peça-lhe que conceda a você entendimento das personalidades das pessoas em seu grupo, bem
como das origens que as tornaram quem são e moldaram suas perspectivas sobre as Escrituras. Peça a Deus
que encha seu coração de amor pelos membros de seu grupo enquanto os conduz ao longo deste estudo da
Palavra. Por fim, junte-se a nós em oração para que, à medida que você e os membros de seu grupo tenham
um vislumbre das realidades celestiais que João viu, vocês sejam fortalecidos para a perseverança paciente,
aguardando ansiosamente o retorno do Rei Jesus.

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Recursos recomendados

BAUCKHAM, Richard. The Theology of the Book of Revelation. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
BEALE, G. K. Revelation: A Shorter Commentary. Grand Rapids: Eerdmans, 2015. [Edição em português:
Brado de Vitória: Um Breve Comentário do Livro de Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.]
BEALE, G. K.; CARSON, D. A. Commentary on the New Testament Use of the Old Testament. Ada: Baker,
2007. [Edição em português: Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo:
Vida Nova, 2014.]
ESV Study Bible: English Standard Version. Wheaton: Crossway, 2011.
FERGUSON, Sinclair. Série de sermões sobre Apocalipse: https://www.thegospelcoalition.
org/?s=&auth=Sinclair-Ferguson&scripture=revelation
GOLDSWORTHY, Graeme, et al. The Goldsworthy Trilogy. Milton Keynes: Paternoster, 2011. [Edição em
português: Trilogia: O Evangelho e o Reino, o Evangelho no Apocalipse, o Evangelho e a Sabedoria. São
Paulo: Shedd, 2016.]
HAMILTON, James M. Revelation: The Spirit Speaks to the Churches. Wheaton: Crossway, 2012.
HENDRIKSEN, William. More than Conquerors: An Interpretation of the Book of Revelation. Ada: Baker
Books, 2015. [Edição em português: Mais que Vencedorees. São Paulo: Cultura Cristã, 2018.]
HOEKEMA, Anthony A. The Bible and the Future. Grand Rapids: Eerdmans, 1994. [Edição em português:
A Bíblia e o Futuro. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.]
JOHNSON, Dennis E. Triumph of the Lamb: A Commentary on Revelation. Phillipsburg: P&R, 2001.
KRUGER, Michael J. 0NT5350 Hebrews to Revelation. Reformed Theological Seminary.
https://itunes.apple.com/us/course/hebrews-revelation-dr-michael-kruger/id600863753
MACKIE, Tim. “Apocalyptic Literature,” Bible Project podcast. https://bibleproject.com/podcast/series/
apocalyptic-literature/
MORRIS, Leon. Apocalyptic. Grand Rapids: Eerdmans, 1972.
PHILLIPS, Richard D. Revelation. Phillipsburg: P & R, 2017.
POYTHRESS, Vern S. The Returning King: A Guide to the Book of Revelation. Phillipsburg: P & R, 2000.
RIDDLEBARGER, Kim. Sermons on Revelation. http://kimriddlebarger.squarespace.com/
downloadable-sermons-on-the-bo/
RYKEN, Leland. Words of Delight: A Literary Introduction to the Bible. Ada: Baker, 2003.
SCHREINER, Thomas R. The Joy of Hearing: A Theology of Revelation. New Testament Theology. Wheaton:
Crossway, 2021.
WILCOCK, Michael. The Message of Revelation: I Saw Heaven Opened. Westmont: InterVarsity, 1991.

18
Introdução:
Preparando-se para um estudo de Apocalipse

GUIA DE DISCUSSÃO

1. Quais são as razões pelas quais algumas pessoas adoram estudar Apocalipse, enquanto outras
não estão interessadas em estudá-lo?

Algumas pessoas podem adorar estudar Apocalipse por curiosidade ou especulação — elas querem
descobrir as coisas e ter segurança para entender o futuro. Alguns podem amar estudá-lo simplesmente
porque amam a Bíblia, de modo que querem conhecê-la e entendê-la por completo! Eles estão interes-
sados porque realmente acreditam que toda a Escritura é para nós e pode ser compreendida — talvez
não de forma perfeita ou exaustiva, mas significativa.

Outros podem gostar de estudar o último livro da Bíblia simplesmente porque desejam que Jesus retor-
ne. Ele estabeleceu a eternidade em todos os nossos corações, mas alguns de nós estão mais conscientes
dela e focados nela do que outros. Portanto, faria sentido que essas pessoas fossem particularmente
atraídas pelo livro que mais fala sobre o retorno de Cristo.

Por outro lado, algumas pessoas evitam Apocalipse porque parece confuso e complicado. Sentem-se
intimidadas com todas as imagens, talvez até com medo. Talvez elas estejam desinteressadas em contro-
vérsias concernentes ao fim dos tempos e sejam demasiadamente cautelosas em sua reação às pessoas
que tratam Apocalipse como um quebra-cabeça a ser resolvido. Ou talvez assumam que tudo no livro
tem a ver com o que acontecerá no “fim dos tempos”; portanto, Apocalipse não teria nada “prático” para
nos dizer hoje.

2. E quanto a você? O que você pensa e sente sobre investir em um estudo desse livro? O que você
espera tirar disso?

Resposta pessoal.

3. Para algumas pessoas, estudar Apocalipse gera algum medo. O que pode produzir medo nesse
livro ou no presente estudo? Quais são algumas maneiras de lidar com esses medos?

Alguns podem ter medo de serem incapazes de entendê-lo. Mas, embora existam alguns desafios na
interpretação de Apocalipse, sua mensagem central não é difícil de entender (embora seja desafiador
vivê-la!). Alguns podem ter medo de polêmicas ou desentendimentos no grupo. É aqui que você, como
líder, precisará dar o tom da discussão. Você será sábio ao estabelecer regras básicas, como apoiar afir-
mações com as Escrituras e dar espaço para outras posições bem pensadas sobre assuntos discutíveis.
Em última análise, Apocalipse não é um livro para os cristãos discutirem. Em vez disso, deve unir-nos
no nosso desejo de perseverar na fidelidade a Cristo e na nossa expectativa de estar com ele.

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4. Para tirar o máximo proveito do nosso estudo, cada um de nós, por conta própria, terá de lidar
com perguntas sobre o texto antes de nos encontrarmos a cada semana (se este não for o caso do
seu grupo, ajuste esta pergunta). Você já participou de estudos que exigiram isso no passado? O
que o ajudou a ser bem-sucedido em fazer a lição de casa a cada semana? Quando você planeja
trabalhar nisso durante a semana?

Resposta pessoal.

5. No fim da introdução, Nancy disse: “Nós começamos um estudo desse livro pensando que nosso
maior desafio será entendê-lo. E não é. O maior desafio é abrir-nos para os ajustes em nossas
vidas aos quais esse livro nos chama. No entanto, esse desafio maior também é o que promete
as maiores bênçãos.” Vamos passar algum tempo em oração uns pelos outros e por nosso estudo
conjunto, pedindo a Deus que nos dê a graça de que precisamos para nos abrirmos aos ajustes
em nossas vidas que Apocalipse exige.

20
Capítulo 1 (Apocalipse 1.1-8)
Abençoados por ouvirem a revelação de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Poderíamos ler as quatro primeiras palavras de Apocalipse como um título para o livro ou
como uma descrição do que está contido nele. A palavra grega traduzida como “revelação” é
apokalypsis. Dê uma olhada em alguns outros lugares em que uma forma dessa palavra é usada
no Novo Testamento. O que é revelado e por quem?

• Mateus 11.27: Jesus revela Deus, o Pai, a quem ele escolhe

• Mateus 16.16-17: O Pai revelou a Pedro que Jesus é o Cristo

• 2 Coríntios 12.1-3: O terceiro céu, ou paraíso, foi revelado a Paulo por meio de uma visão ou
experiência

• Gálatas 1.12, 15-16: O Jesus ressuscitado e glorificado foi revelado por Deus a Paulo no caminho de
Damasco

2. Como isso ajuda a esclarecer o que a palavra “revelação” significa em Apocalipse 1.1?

Um “apocalipse” é um desvelamento ou revelação da realidade celestial pelo próprio Deus. Sempre


diz respeito ao que Deus faz no mundo por meio de Jesus, oferecendo a perspectiva do céu sobre a
realidade de uma maneira que não podemos ver de nossa perspectiva terrena. Em Apocalipse, João é
convidado a olhar para o que está acontecendo na Terra da perspectiva do céu.

3. Apocalipse 1.1 descreve a cadeia de comunicação por meio da qual o conteúdo do livro de Apo-
calipse veio a ser escrito. Rastreie a entrega da revelação da fonte aos destinatários.

Deus Pai → Jesus → o anjo de Jesus → João → os servos de Jesus

4. Como essa cadeia de comunicação e o conteúdo da comunicação são reafirmados no fim do livro
em Apocalipse 22.6, 8 e 16?

v. 6: O Senhor enviou seu anjo para mostrar aos seus servos “as coisas que em breve devem acontecer”

v. 8: João ouviu e viu o que o anjo lhe mostrou

v. 16: Jesus enviou seu anjo para testificar essas coisas a João em prol das igrejas

21
5. Apocalipse 1.3 diz: “Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia”.
O que isso indica sobre a maneira como o primeiro público experimentará o conteúdo de Apocalipse?

A carta será lida em voz alta para as igrejas reunidas. As pessoas não terão cópias escritas, mas ouvirão a
mensagem juntas.
6. Apocalipse 1.3 também diz que aqueles que são abençoados são os que “ouvem e guardam o que
nela [na profecia de Apocalipse] está escrito” (NVI). O que você acha que isso significa e o que
isso lhe comunica sobre o conteúdo dessa carta?
“Ouvir e guardar” o que está escrito em Apocalipse significa que o ouvinte escuta ativamente, ansioso
para aprender seu significado e implicações. Apenas ouvi-lo não é suficiente (Tg 1.22-25)! Seria tolice
ouvir esse ensinamento e, depois de ir embora, esquecê-lo. Os destinatários devem ser cumpridores
dessa palavra, e não apenas ouvintes. A pessoa que ouve e guarda essa mensagem está ansiosa para lem-
brar-se dela e obedecer ao que ela ensina. Ela valoriza, guarda, vive e coloca em prática as implicações
do que é comunicado. Isso indica que, assim como na profecia do Antigo Testamento, Apocalipse não é
simplesmente uma previsão do futuro. Pelo contrário, o livro tem implicações sobre como a pessoa que
o ouve deve viver no presente.
7. Descobriremos que o número sete é empregado com uma frequência significativa no livro de
Apocalipse (mais de 50 vezes). Essa cifra tem um significado simbólico importante. Começando
com os sete dias da criação, o número sete é identificado em toda a Escritura como algo que é
“acabado” ou “completo”. No versículo 4, João dirige a carta de Apocalipse às “sete igrejas que
estão na Ásia”. Sabemos que havia mais de sete igrejas na Ásia. Então, o que João gostaria de co-
municar ao endereçar essa carta a sete igrejas?
Já que sete é o número da completude, esta carta é escrita para toda a igreja — a igreja completa — do
primeiro século, mas também para a igreja de todos os séculos subsequentes.
8. Apocalipse é uma revelação da parte de Jesus, mas também é uma revelação de Jesus. O que você
encontra nos versículos 5-7 sobre quem é Jesus, o que ele fez e o que fará?
• Quem ele é: A testemunha fiel, o primogênito dos mortos, o governante dos reis da terra
• O que ele fez: Ele demonstrou o seu amor pelo seu povo, libertou-nos dos nossos pecados pelo seu
sangue e fez-nos um reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai
• O que ele fará: Ele virá com as nuvens, visível a todos, e fará com que todas as tribos da terra gemam
9. Cite um ou dois desses aspectos de quem Jesus é, do que ele fez e do que ele fará que sejam parti-
cularmente significativos para você e ofereça uma razão para isso.
Resposta pessoal.
10. Duas vezes nessa passagem (v. 4, 8), Deus é chamado ou se chama de “aquele que é, que era e que
há de vir”. Essa frase aparecerá mais duas vezes em Apocalipse. Como você acha que foi de valia
para aqueles que ouviram a mensagem de Apocalipse a experiência de constatar que ela provi-
nha “daquele que é, que era e que há de vir”?
Talvez eles fizessem a conexão entre essa revelação e a primeira vez em que Deus se revelou a Moisés
como “Eu Sou o Que Sou” (Êx 3.14). Essa mensagem, ainda que difícil de ouvir, vem do Deus que

22
se tem revelado ao seu povo e cuidado dele ao longo de todas as gerações. Ele é o Deus imutável que
sempre existiu — aquele que criou o mundo, que resgatou seu povo do Egito, que escolheu e preservou
para si um povo ao longo de milhares de anos e enviou seu Filho para morrer por seus pecados. Ele é
o Deus que é — consciente das circunstâncias de seu povo naquele momento, e não distante. E ele é o
Deus que virá em julgamento e salvação, como se retrata em Apocalipse. Pode-se confiar nele.

11. Descobriremos ao longo de Apocalipse que João, que estava completamente mergulhado nos
escritos do Antigo Testamento, muitas vezes se baseia em textos do Antigo Testamento sem
exatamente os citar. Em que frases de Apocalipse 1.1-8 você vê alusões aos seguintes textos do
Antigo Testamento?

REFERENCIAL DO ANTIGO ALUSÃO AO APOCALIPSE


TESTAMENTO
Êxodo 3.14: “Disse Deus a Moisés: Eu Sou o 1.4: “aquele que é, que era e que há de vir”
Que Sou.”

Isaías 11.2: “Repousará sobre ele o Espírito 1.4: “Sete espíritos”


do Senhor, o Espírito de sabedoria e de
entendimento, o Espírito de conselho e de
fortaleza, o Espírito de conhecimento e de
temor do Senhor.”

Salmo 89.27, 36-37: “Fá-lo-ei, por isso, meu 1.5: “… a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano
primogênito, o mais elevado entre os reis da dos reis da terra.”
terra... A sua posteridade durará para sempre, e
o seu trono, como o sol perante mim. Ele será
estabelecido para sempre como a lua e fiel como a
testemunha no espaço.”

Êxodo 19.6: “... vós me sereis reino de 1.6: “… e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai…”
sacerdotes e nação santa”.

Daniel 7.13: “Eu estava olhando nas minhas 1.7: “Eis que vem com as nuvens…”
visões da noite, e eis que vinha com as nuvens
do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-
se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.”

Zacarias 12.10: “...olharão para aquele a quem 1.7: “… e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as
traspassaram; pranteá-lo-ão como quem tribos da terra se lamentarão sobre ele.”
pranteia por um unigênito e chorarão por ele
como se chora amargamente pelo primogênito.”

Isaías 41.4: “Quem fez e executou tudo isso? 1.8: “Eu sou o Alfa e Ômega…”
Aquele que desde o princípio tem chamado as
gerações à existência, eu, o Senhor, o primeiro,
e com os últimos eu mesmo.”

23
GUIA DE DISCUSSÃO

1. O que você acha que a maioria das pessoas pensa quando ouve a palavra “apocalipse”?

Nosso uso da palavra “apocalipse” ou “apocalíptico” na cultura moderna, para além do uso bíblico,
tende a conotar catástrofe e o fim dos tempos. Muitas vezes pensamos em morte e destruição cataclís-
micas, bem como em caos e confusão.

2. Como você explicaria o que é “apocalipse” na Bíblia? Qual a diferença entre receber um “apoca-
lipse” e ter uma epifania?

Um apocalipse é um desvelamento ou revelação da realidade celestial a uma pessoa da parte de Deus.


É dado por alguém de fora. Uma epifania, por outro lado, normalmente indica algo que uma pessoa
descobre por conta própria, uma ideia à qual ela chega por si mesma.

3. Esse primeiro versículo nos diz que o conteúdo de Apocalipse tem como objetivo mostrar aos
servos de Jesus Cristo “as coisas que em breve devem acontecer”. Se as coisas descritas nesse
livro “devem” acontecer, o que isso revela sobre o que acontecia nos dias de João, o que está acon-
tecendo em nossos dias e o que esperamos sobre o futuro? Como isso nos fortalece enquanto
servos dele?

A soberania de Deus é um dos principais temas de Apocalipse. O fato de que essas coisas “devem”
acontecer demonstra que Deus está no controle do sofrimento presente e futuro deles e até mesmo
de seu martírio. Significa que todas as coisas se desenrolarão em seu tempo, cumprindo os propósitos
divinos finais. Isso nos fortalece como seus servos, visto que não temos de temer que estejamos à mercê
de poderes perseguidores, do impacto da maldição, do acaso aleatório ou da história dirigida pelo ser
humano.

4. João foi orientado a anotar “tudo o que viu”. Mais de 30 vezes em Apocalipse, João dirá: “Eu vi...”.
E, então, ele tentará nos descrever o que viu. Como nosso estudo pode ser afetado quando reco-
nhecemos e nos lembramos de que João descreve algo que viu?

Ao contrário de muitos dos profetas em toda a Bíblia que receberam uma mensagem em palavras, João
recebeu uma mensagem na forma de imagens. As visões que recebeu retratam a realidade do ponto de
vista do céu. Elas nos permitem ver o que está atualmente invisível de uma forma que sejamos capazes
de dar sentido às coisas visíveis que experimentamos neste mundo.

Como a mente de João estava saturada com a Bíblia Hebraica, suas descrições do que ele viu também
estão saturadas de imagens e linguagem do Antigo Testamento. Em suas experiências visionárias, ele
encontrou coisas que reconhecia nos escritos dos profetas e as descreveu de maneiras semelhantes.

Ao reconhecermos que João descreve algo que viu, devemos nos lembrar de que devemos buscar a
compreensão do significado geral da imagem, em vez de tentar discernir o significado de cada detalhe.

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Precisamos constantemente dar um passo para trás e nos perguntar: “Qual é o significado central do
quadro que João está pintando para nós?”

Como as descrições visuais não se destinam apenas a informar, mas a causar uma impressão e evocar
uma resposta, devemos ser afetados por elas. Devemos ser movidos a responder com arrependimento
e fé, com santo temor, com alegre antecipação e com a determinação de suportar pacientemente o so-
frimento enquanto esperamos que Cristo retorne.

Uma vez que o que João viu pode parecer não apenas difícil de colocar em palavras, mas também difícil
de reunir em uma imagem, João, às vezes, combina uma variedade de imagens para comunicar várias
facetas da verdade sobre as realidades espirituais. Em vez de o entendermos como alguém que descreve
as coisas literalmente, precisamos exergá-lo como alguém que as descreve por analogia, dizendo: “É
como que assim”. Contudo, quando dizemos que ele frequentemente descreve realidades espirituais, e
não realidades físicas, não queremos dizer que o que ele descreve não é “real”! Ao nos contar o que viu,
João apresenta a realidade de quem é Jesus, o estado presente e futuro da igreja, o sofrimento real, a
hostilidade real, o engano real, o julgamento real e a glória real. Estamos simplesmente dizendo que ele
usa linguagem metafórica e imagens para descrever o que é real.

5. Vemos no versículo 4 que esse livro é uma carta escrita para sete igrejas — sete igrejas reais no
primeiro século que representam todas as igrejas daquele tempo e ao longo da história. Foi-lhes
escrito para que não ficassem no escuro, mas para que soubessem “as coisas que em breve devem
acontecer”. O que isso nos revela sobre a mente, a vontade e o coração de Deus para com seu
povo?

Enquanto Deus pretende que vivamos pela fé, colocando nossa confiança em sua palavra, ele nos deu
uma palavra que é digna de nossa confiança. Ele não nos chama à fé cega, mas à fé informada. Ele tem
um plano detalhado para a história. E, embora ele não tenha revelado tudo o que gostaríamos de saber,
ele revelou o que precisamos saber para o bem de nossa fé. Ele é gentil ao nos revelar essas coisas para
que sejamos consolados, encorajados e fortalecidos.

6. Nos versículos 4-7, somos apresentados a inúmeras declarações e títulos que nos dizem quem é
Jesus, o que ele fez e o que ele fará. Quais são particularmente significativos para você?

Resposta pessoal.

7. Esse livro começa e termina com a promessa de que aqueles que o ouvirem e guardarem serão
abençoados. Como você acha que a bênção prometida aqui é diferente do que a maioria das pes-
soas pensa sobre o que significa ser abençoado?

Muitas pessoas em nosso mundo (e na igreja) hoje pensam em bênção principalmente como experimen-
tar ou ter coisas que descreveríamos como “boas”. Equiparamos “bênção” com estarmos confortáveis,
saudáveis e felizes, desprovidos de dificuldades e perdas aqui e agora. No entanto, a bênção prometi-
da aqui é uma satisfação mais profunda em Deus, independentemente de circunstâncias confortáveis,
saudáveis ou felizes. É a bênção de estar em um relacionamento correto com ele agora e no futuro. É a
antecipação de receber a herança que ele prometeu a todos os que estão em Cristo.

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8. Em cada lição, consideraremos o que significará para nós ouvir e guardar a passagem que esta-
mos analisando. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar esses oito primeiros
versículos de Apocalipse? E, se a bênção é prometida àqueles que ouvem e guardam o que está
escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

Ouvir e guardar Apocalipse 1.1-8 começa com uma oração por olhos, ouvidos, corações e mentes aber-
tos. Queremos que o Espírito Santo nos mostre o que precisamos saber para vivermos como servos fiéis
de Jesus, esperando ansiosamente que ele volte. Queremos que ele nos mova, desafie-nos e talvez até
nos choque por nossa complacência, ajustando radicalmente nossa perspectiva. Além disso, queremos
que ele nos encha de coragem para viver à luz do que vemos.

Ao nos abrirmos e orarmos por graça, seremos abençoados ao descansarmos no controle soberano
de Deus sobre o passado, o presente e o futuro. Estaremos livres de arrependimentos sobre o passado,
frustrações quanto ao presente e medos acerca do futuro. Em vez disso, nós nos alegraremos porque a
graça cobriu nosso passado e nos capacita a viver no presente como pessoas que, por causa do sangue
de Cristo, realmente foram libertas de seus pecados.

Seremos abençoados com a paz agora porque realmente acreditamos que somos amados da maneira
como mais precisamos ser amados. E teremos paz acerca do futuro por sabermos que o Alfa e o Ômega,
o Todo-Poderoso, o tem firmemente em suas mãos. Ele fará acontecer tudo o que João viu.

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Capítulo 2 (Apocalipse 1.9-20)
Abençoados por verem o Jesus glorificado

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. João começou seu escrito identificando-se como irmão e parceiro das pessoas para quem escre-
via em três aspectos. Cada um desses aspectos diz respeito à experiência de estarem “em Jesus”
compartilhada pelo escritor e seus leitores, isto é, a experiência de se acharem unidos a Jesus
pela fé. Quais são esses três aspectos?

Tribulação, reino e perseverança paciente

2. O que você acha que significou para os ouvintes originais da carta de João compartilhar cada um
desses três aspectos?

Tribulação refere-se à oposição, perseguição e perda que os seguidores de Jesus enfrentavam, tanto
de Roma quanto dos líderes religiosos judeus. Participar dessa tribulação indica que, enquanto você
enfrenta o sofrimento, não está sozinho. Como é encorajador saber que João, “o discípulo amado” ( Jo
19.26), sofria ao seu lado. Que poderoso lembrete de que o sofrimento não indica que Deus o abando-
nou ou está descontente com você!

Participar do reino que está em Jesus consiste em termos a nossa identidade definida com base no fato
de sermos cidadãos que estão sob o reinado dele e coerdeiros de tudo o que ele criou e possui (tudo!).
Significa que fazemos parte do mundo renovado que o Rei está fazendo acontecer. Além disso, também
significa que vivemos em desacordo com reinos terrenos ou poderes governamentais.

Compartilhar a perseverança paciente é reconhecer que seguir Jesus não é fácil; requer uma visão de
longo prazo, uma perspectiva geral. Significa que você não espera que a tribulação acabe; em vez disso,
você a recebe como parte inerente de estar unido a Jesus. Você antecipa que terá de enfrentar situações
difíceis, dolorosas, talvez até por muito tempo. Porém, compartilhar essa perseverança paciente com
João significa obter conforto do fato de que um dos melhores amigos de Jesus também está paciente-
mente perseverando com você.

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3. João descreveu o que viu e ouviu de maneiras muito semelhantes ao que numerosos profetas do
Antigo Testamento descreveram. Observe frases de Apocalipse 1 que refletem semelhanças com
o que esses profetas do Antigo Testamento experimentaram.

O QUE OS PROFETAS DO ANTIGO O QUE JOÃO VIU E OUVIU:


TESTAMENTO VIRAM E OUVIRAM:
Ezequiel 1.28b–2.2: “Esta era a aparência da glória do Senhor; 1.10: “Achei-me em espírito...”
vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava. “...ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta...”
Esta voz me disse: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei 1.17: “Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs
contigo. Então, entrou em mim o Espírito, quando falava comigo, sobre mim a mão direita…”
e me pôs em pé, e ouvi o que me falava.”

Êxodo 17.14: “Então, disse o Senhor a Moisés: Escreve isto 1.11: “O que vês escreve em livro…”
para memória num livro...”
Isaías 30.8: “Vai, pois, escreve isso numa tabuinha perante
eles, escreve-o num livro, para que fique registrado para os dias
vindouros, para sempre, perpetuamente.”
Jeremias 30.2: “Assim fala o Senhor, Deus de Israel: Escreve
num livro todas as palavras que eu disse.”

Zacarias 4.1-2: “Tornou o anjo que falava comigo e me 1.12: “… vi sete candeeiros de ouro…”
despertou, como a um homem que é despertado do seu sono, e
me perguntou: Que vês? Respondi: olho, e eis um candelabro
todo de ouro e um vaso de azeite em cima com as suas sete
lâmpadas e sete tubos, um para cada uma das lâmpadas que
estão em cima do candelabro.”

Daniel 7.13: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis 1.7: “Eis que vem com as nuvens…”
que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem...” 1.13: “… um semelhante a filho de homem…”

Êxodo 28.4: “As vestes, pois, que farão são estas: um peitoral, 1.13: “… com vestes talares e cingido, à altura do peito, com
uma estola sacerdotal, uma sobrepeliz, uma túnica bordada, uma cinta de ouro.”
mitra e cinto. Farão vestes sagradas para Arão, teu irmão, e para
seus filhos, para me oficiarem como sacerdotes.”

Daniel 7.9: “... o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca 1.14: “A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como
como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã...” neve…”

Daniel 10.5-6: “... levantei os olhos e olhei, e eis um homem 1.14-16: “… os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes
vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro ao bronze polido, como que refinado […]; a voz, como voz de
de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um muitas águas […]. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.”
relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços
e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas
palavras era como o estrondo de muita gente.”

Isaías 11.4b: “...ferirá a terra com a vara de sua boca e com o 1.16: “…da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes.”
sopro dos seus lábios matará o perverso.”

Daniel 10.9-10, 12: “Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, 1.17: “Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs
ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra. Eis que certa mão sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas…”
me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os meus joelhos e as
palmas das minhas mãos... Então, me disse: Não temas, Daniel...”

Daniel 10.14: “Agora, vim para fazer-te entender o que há de 1:19: “Escreve, pois, as coisas que viste […] e as que hão de
suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a acontecer depois destas.”
dias ainda distantes.”

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4. Por que você acha que a experiência e a descrição de João do que ele viu quando estava em Pat-
mos tem tantas semelhanças com as de alguns profetas do Antigo Testamento, tais como Moisés,
Isaías, Jeremias, Ezequiel e Zacarias?

O mesmo Deus falou com e por meio de cada um desses profetas, incluindo João. Quando o véu entre o
céu e a terra foi puxado, eles viram a mesma realidade celestial. Eles viram a mesma pessoa celestial — a
segunda pessoa da Trindade. Os profetas do Antigo Testamento o viram em sua glória pré-encarnada;
João o viu em sua glória ressurreta e assunta.

5. Passe por Apocalipse 1.9-20 e conte quantas vezes João usa a palavra “como” em sua descrição
do que viu e ouviu. Como isso impacta a maneira como devemos entender sua experiência e
descrição?

Essa é a linguagem da metáfora e da analogia. João mal podia começar a descrever as realidades celes-
tiais que via; suas palavras se mostraram inadequadas. Pense em como as palavras nos falham quando
tentamos contar a alguém sobre uma sinfonia ou um eclipse solar. Essas coisas não podem sequer ser
capturadas em uma fotografia, quanto menos ser adequadamente retratadas em palavras. Usamos a
frase “uma imagem vale mais que mil palavras” porque ver alguma coisa com seus próprios olhos é uma
experiência totalmente diferente de ler sobre ela ou ouvir alguém falar sobre ela. A pessoa que a descre-
ve com palavras mal consegue começar a insinuar as bordas do que viu — e isso no que tange a coisas
normais e terrenas, coisas que geralmente nos são familiares.

Quanto mais as realidades celestiais que João viu, as quais nenhum de nós contemplou ou pode sequer
começar a compreender! Assim, ao lermos sua descrição, devemos ter em mente as limitações do ato de
se capturarem visões em palavras, reconhecendo que João tentou ao máximo transmitir uma sensação
do que ouviu e viu, baseando-se em imagens que seriam familiares ao seu público.

6. No v. 10, João descreve a voz que ouviu como uma “grande voz, como de trombeta”, enquanto,
no v. 15, ela era “como voz de muitas águas”. O que você acha que João tentou comunicar sobre a
voz? Qual você acha que seria ou deveria ser o impacto de ouvir uma voz como essa?

A voz era ensurdecedora, poderosa. João apresenta-a como uma voz de comando, lembrando-nos de
como uma trombeta é usada para chamar à batalha e alertar para o julgamento. É uma voz apropriada
para aquele que se descreve como “o Todo-Poderoso” (v. 8). Ouvir uma voz como essa chamaria a aten-
ção de uma pessoa! Seria surpreendente, até intimidador. Uma pessoa estaria ou deveria estar inclinada
a ouvir tal voz e obedecer a ela, tremendo de admiração diante dela.

7. Em Apocalipse 1.19, João é instruído a escrever as coisas que viu em duas categorias. Quais são
elas? E como elas nos ajudam a entender o que lemos no livro de Apocalipse?

As coisas que João viu são “as que são” e “as que hão de acontecer depois destas”. Em certo sentido, isso
fornece um esboço para o resto do livro de Apocalipse:

• as coisas dos dias de João em relação às sete igrejas na Ásia (Apocalipse 2–3)

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• as coisas que aconteceriam depois disso, durante os dias entre a ascensão de Cristo e sua segunda
vinda (Apocalipse 4–22)

Isso nos ajuda a entender que o Apocalipse não diz respeito apenas ao futuro, como também revela
o que está acontecendo ou é verdade neste exato momento, o que já acontecia na época da igreja do
século I.

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GUIA DE DISCUSSÃO

1. João dirigiu essa carta/apocalipse/profecia às sete igrejas da Ásia. O que você acha que signi-
ficou para aqueles que ouviram a leitura dela pela primeira vez que João tenha se identificado
como “irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança”?

Eles saberiam que estavam recebendo uma carta de alguém que era companheiro deles no Evangelho,
alguém que provou tanto as mesmas dificuldades que eles quanto o mesmo incentivo para perseverar.

2. Embora a carta tenha sido escrita para essas sete igrejas específicas, também aprendemos que
elas representam todas as igrejas na época de João e desde então. Assim, isso significa que João
também é nosso irmão e companheiro na tribulação, reino e perseverança. Você acha que a maio-
ria das pessoas que se dizem cristãs pensam em si mesmas e em suas vidas dessa maneira? Por
que ou por que não?

Infelizmente, muitos cristãos de hoje pensam na conexão com Cristo como o meio de experimentar
uma vida desprovida de dificuldades e perdas, em vez de uma vida que está fadada a experimentar difi-
culdades e perdas. Muitos cristãos veem essas provações como uma aberração, em vez de esperá-las, o
que os leva a ficar com raiva de Deus quando o sofrimento vem. Com frequência, mesmo aqueles den-
tre nós que rejeitam corretamente o “evangelho da prosperidade” e suas promessas de saúde, riqueza e
felicidade terrena ainda se encontram querendo esse tipo de vida. Não queremos ser companheiros de
ninguém nas tribulações, muito obrigado; preferimos evitar dificuldades, se possível.

Muitos cristãos também pensam que suas vidas cristãs consistem principalmente em ir à igreja e ser
bons cidadãos, em vez de se verem como cidadãos de um reino que não é deste mundo. Muitas ve-
zes, deixamos de permitir que Jesus, nosso Rei, e seu reino definam nossas vidas, crenças e lealdades.
Muitos cristãos se contentam em “tomar uma decisão por Cristo”, em lugar de buscar rigorosamente a
piedade e chamar os perdidos à fé.

3. João não viveu em nossos dias de redes sociais. Contudo, se vivesse, que tipo de posts ou tweets
você acha que ele poderia ter escrito para terminar num exílio em Patmos?

“Há um rei melhor do que César, um rei que não os espoliará, mas que procura dar a vocês o reino.”

“Roma nunca lhe proporcionará a segurança de que você precisa neste mundo. Somente o reino de
Deus pode prover isso. E Jesus é a porta para esse reino.”

“Você pode nos expulsar de seus mercados e nos acorrentar. Você pode até nos exilar em uma prisão
localizada numa ilha rochosa. Porém, nunca deixaremos de declarar as Boas Novas de que Jesus veio
para salvar e voltará para julgar”.

4. Em Apocalipse 1.13-16, João usa várias analogias para descrever a figura que viu e ouviu — sua
aparência, sua roupa, seu cabelo, seus olhos, seus pés, sua voz, sua boca e seu rosto. Qual é mais

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intrigante para você? Qual delas mais o desafia em relação a como você pensa ou se relaciona
com Jesus?

Resposta pessoal.

5. João descreveu o que viu e ouviu de maneiras muito parecidas com os profetas do Antigo
Testamento. Por que você acha que isso acontece? Isso, em sua avaliação, tira ou aumenta a cre-
dibilidade de João?

Em um nível humano, a mente de João estava saturada com as verdades e imagens dos escritos do
Antigo Testamento. Ele pode ter feito algumas escolhas intencionais para conectar sua visão às visões
familiares dos profetas que vieram antes dele. No entanto, em um nível divino, a revelação de João veio
da mesma fonte e apontou para a mesma Pessoa. Ele foi convidado a ver as mesmas realidades celestiais
que alguns profetas do Antigo Testamento, tais como Isaías, Ezequiel, Daniel e Zacarias. Portanto, faz
sentido que, quando ele descreve essas realidades, suas descrições usem algumas das mesmas imagens
e tenham a mesma ênfase.

6. A resposta de João ao ver o Filho do Homem glorificado foi semelhante às respostas das pessoas
no Antigo Testamento: ele caiu sobre seu rosto. Qual é o significado dessa resposta? Como isso
deve impactar a forma como pensamos em Jesus e reagimos a ele?

Essa parece ser a maneira como qualquer pecador responde na presença de nosso santo Deus. Preten-
sões, desculpas e encobrimentos já não são eficazes; só se pode cair no chão e dar-lhe honra. Isso deve
moldar tanto a maneira como nos vemos quanto a forma como vemos o Senhor ressurreto. Ele é santo,
santo, santo. Ele está elevado acima de tudo e exige nossa humilde contrição, reverência, temor, adora-
ção e obediência.

Se as pessoas caem sobre seus rostos em resposta à visão de Jesus, devemos nos perguntar se trememos
de admiração diante dele. Se nossa resposta a ele é a indiferença ou a falta de reverência, devemos ques-
tionar se temos uma imagem verdadeira de Jesus e se nossos corações estão percebendo-o corretamente.

7. De todas as coisas que Jesus poderia ter dito a João naquele momento, por que você acha que foi im-
portante para João ouvi-lo dizer: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive
morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”?

Quando João, que era um pecador, ficou cara a cara com o Jesus ressuscitado, ele poderia ter medo de
morrer no local, sabendo que o pecado humano não pode ser tolerado na presença de Deus. Todavia,
em vez de morrer, João recebeu a certeza de que Jesus vencera o pecado e a morte; ele emergira da mor-
te tendo as chaves para ela. Todos os que estão unidos a ele pela fé não precisam temer a morte eterna
por causa de seus pecados.

Talvez essa garantia tenha sido especialmente importante para João, que viu tantos de seus discípulos
e irmãos serem assassinados por causa do Evangelho. As coisas que ele testemunhou devem ter sido
esmagadoramente dolorosas. Faz sentido que ele precisasse desse lembrete de que Jesus vive e reina
sobre a morte.

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11. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 1.9-20? E, já que a bênção é
prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bên-
ção pode tomar?

Devemos começar a nos ver como companheiros na tribulação de Jesus. Talvez precisemos reajustar
nossas expectativas de vida cristã para longe de uma vida em que Jesus nos proteja de todos os danos
terrenos e o Pai responda a todas as nossas orações afirmativamente, em nosso horário.

Em vez disso, Jesus nos chama a perseverar pacientemente enquanto somos incompreendidos, critica-
dos, marginalizados, desconsiderados, maltratados — e, talvez, até algo pior. Em vez de nos ressentirmos
da tribulação, a qual faz parte de ser um cidadão do reino de Cristo, podemos esperá-la e até nos alegrar
com ela, visto que João nos deu um vislumbre do Rei.

E seremos abençoados à medida que essa visão do Jesus glorificado expande nossa visão e envolve
nossa imaginação. Seremos cativados por alguém maior, mais belo, mais grandioso e mais imponente
do que jamais vimos. Além disso, descobriremos que ver o Jesus glorificado e assunto em sua realidade
eterna, autoritária, poderosa, triunfante e compassiva é aquilo de que precisamos para suportar pacien-
temente a tribulação até que seu reino venha.

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Capítulo 3 (Apocalipse 2–3)
Abençoados por serem conhecidos por Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

O estudo bíblico desta lição percorrerá as sete igrejas abordadas diretamente em Apocalipse 2–3. Ao ler cada
minicarta, tome nota da descrição que Jesus faz de si mesmo, bem como de seu elogio, repreensão, instrução
e promessas a cada igreja.

1. Éfeso (2.1-7)

• Como Jesus se identificou? Observe as palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.12, 16.

Ele segura as sete estrelas na mão direita; passeia entre os sete candeeiros de ouro.

• O que ele elogiou nessa igreja?

Vigilância e resistência doutrinária.

• O que ele repreendeu?

Perda do primeiro amor.

• Que instrução lhe deu?

“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras.”

• Se ela não se arrepender, qual será a consequência?

Remoção de seu candeeiro.

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da Nova Criação em Apocalipse 22.2, 14, 19.

Ele lhes concederá que comam da árvore da vida que está no paraíso de Deus.

• O que o elogio e a repreensão de Jesus revelam sobre dois aspectos que podem ser verdadeiros
ao mesmo tempo numa igreja ou numa pessoa?

Uma igreja ou uma pessoa pode ser doutrinariamente vigilante e ter um compromisso contínuo com
as coisas de Deus, mas, ao mesmo tempo, não ter paixão em seu relacionamento com Jesus e com seu
corpo.

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2. Esmirna (2.8-11)

• Como Jesus se identificou? Observe as palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.17-18.

O primeiro e o último, que morreu e voltou à vida.

• O que ele elogiou na igreja em Esmirna?

Ela era espiritualmente rica e suportava a perseguição.

• (Observe que não há repreensão.)

• Que instrução lhes deu?

“Sê fiel até à morte.”

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a des-
crição de João sobre o destino daqueles que se recusam a se arrepender em Apocalipse 21.8.

Eles receberão a coroa da vida e não serão feridos pela segunda morte.

• Como a maneira como Jesus se apresenta a Esmirna se relaciona com o que os crentes dessa
cidade enfrentam e a promessa que ele lhes dá?

Ele se autodenomina aquele “que esteve morto e tornou a viver”, e os crentes de Esmirna enfrentam a
morte por sua lealdade a ele. Em vez de prometer salvá-los da morte, ele os encoraja a serem fiéis até
a morte e lhes promete que compartilhará sua vida ressurreta com eles. Eles serão coroados de vida
e não ficarão vulneráveis à segunda morte, que é a morte eterna.

3. Pérgamo (2.12-17)

• Como Jesus se identificou? Observe palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.16.

“Aquele que tem a espada afiada de dois gumes.”

• O que ele elogiou na igreja em Pérgamo?

O fato de os cristãos locais terem se agarrado ao nome de Cristo, não negando sua fé.

• O que ele repreendeu?

Alguns que se apegam a falsos ensinamentos, de forma que comiam alimentos sacrificados a ídolos e
praticavam a imoralidade sexual.

• Que instrução lhe deu?

“Arrepende-te.”

• Se ela não se arrepender, qual será a consequência?

Jesus lutará contra ela com a espada de sua boca.

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• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da segunda vinda de Jesus em Apocalipse 19.12.

Eles receberão o maná escondido e uma pedra branca com um novo nome.

• Como a maneira como Jesus se apresenta à igreja de Pérgamo se relaciona com o que ele re-
preende nos seus membros e com a consequência de sua recusa de se arrepender?

Jesus repreendeu a igreja em Pérgamo pelo que era ensinado por (ou saía da boca de) certos mestres
que eram tolerados. Ele quer que os ensinamentos da igreja reflitam a verdade dele, assim como sua
promessa de julgamento e salvação. Sua introdução de si mesmo como “aquele que tem a espada
afiada de dois gumes” lembra os crentes locais de que, se o falso ensinamento não for tratado, eles
enfrentarão o julgamento por meio dessa espada.

4. Tiatira (2.18-29)

• Como Jesus se identificou? Observe palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.14-15.

Olhos como uma chama de fogo, pés como bronze polido.

• O que ele elogiou na igreja em Tiatira?

Amor crescente evidenciado por atos de serviço.

• O que ele repreendeu?

Falta de discernimento; tolerância à heresia.

• Que instrução lhe deu?

Continue firme e guarde minhas obras até o fim.

• Se ela não se arrepender, qual será a consequência?

Ela receberá o que suas obras (o fluxo de suas vidas) merecem.

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da Nova Criação em Apocalipse 20.4 e 22.16.

Eles receberão a estrela da manhã e autoridade sobre as nações.

• Como a maneira como Jesus se apresenta à igreja de Tiatira se relaciona com o que ele re-
preende nos seus membros e com a consequência de sua recusa de se arrepender?

A descrição de seu olhar penetrante aponta para o fato de que ele vê a destruição que o pecado causa
e está zangado com o mal. Ele não tolerará falsos ensinamentos e imoralidades; se os crentes de Tia-
tira os tolerarem, enfrentarão a chama de sua ira.

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5. Sardes (3.1-6)

• Como Jesus se identificou? Observe palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.16.

Ele tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas.

• (Observe que não há elogios.)

• Que repreensão ele deu à igreja de Sardes?

Ela está morta.

• Que instrução lhe deu?

Acorde! Guarde a Palavra que recebeu. Arrependa-se.

• Se ela não se arrepender, qual será a consequência?

Cristo virá contra ela repentina e inesperadamente.

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da Nova Criação em Apocalipse 21.27 e 22.14.

Eles serão vestidos com vestes brancas; seu nome nunca sairá do livro da vida e será confessado dian-
te de Deus e de seus anjos.

• O que você acha que Jesus quis dizer ao afirmar que eles estavam “mortos”? (Tenha em mente
que toda pessoa ou está espiritualmente morta, ou espiritualmente viva, além de que aqueles
que estão mortos não podem se tornar vivos. Considere também o fato de que Jesus está fa-
lando a uma igreja como um corpo de crentes. Como esse contexto nos ajuda a compreender
o que ele quer dizer?)

Nesses versículos, Jesus não se dirige a incrédulos, mas a uma igreja. Isso é reforçado por seu cha-
mado para que acordem. Pessoas mortas não podem acordar sozinhas, de maneira que deve haver
alguma vida nas pessoas a quem ele se dirige.

Em todo o Novo Testamento, vemos Jesus e Paulo repetidamente usando essa linguagem de “des-
pertar” para exortar os crentes a ficarem em guarda e vigiarem, antecipando a volta de Cristo (Mt
24.42; Mc 13.37; Lc 21.36; Rm 13.11). A igreja em Sardes era aparentemente marcada por uma falta
de vitalidade espiritual, um sentimento de apatia em relação às coisas de Cristo e seu Evangelho. Eles
estavam no modo automático, mas sem antecipação vigilante, sem esperar ansiosamente que Jesus
voltasse. Por isso, Jesus os chama a despertar.

6. Filadélfia (3.7-13)

• Como Jesus se identificou?

O santo, o verdadeiro, que tem a chave de Davi.

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• O que ele elogiou na igreja de Filadélfia?

Ela está pacientemente resistindo, guardando a Palavra de Deus e não negando o seu nome.

• (Observe que não há repreensão.)

• Que instrução lhe deu?

Agarre-se ao que você tem.

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da Nova Criação em Apocalipse 21.2, 12, 14 e 22.4.

Eles serão feitos uma coluna no templo de Deus, bem como inscritos com os nomes de Deus, da
nova Jerusalém e de Cristo.

• Se Davi foi o grande rei do reino de Israel no Antigo Testamento, como isso o ajuda a entender
o que significa ter a “chave de Davi”?

A “chave de Davi” é a chave para o cumprimento de tudo o que o reino de Israel do Antigo Testamen-
to representava — o reino de Deus, formado por pessoas de todas as tribos, línguas e nações.

7. Laodiceia (3.14-22)

• Como Jesus se identificou? Observe palavras e frases que refletem a visão que João teve de
Jesus em Apocalipse 1.5.

Amém, testemunha fiel e verdadeira, princípio da criação de Deus.

• (Observe que não há elogios.)

• Que repreensão ele deu à igreja de Laodiceia?

Ela estava espiritualmente cega, falida, nua e morna.

• Que instrução lhe deu?

Compre ouro, vestes brancas e colírio de Cristo; seja zeloso e arrependa-se.

• Se ela não se arrepender, qual será a consequência?

Ela será vomitada da boca de Cristo.

• O que é prometido caso os cristãos locais vençam? Observe palavras e frases que refletem a
descrição de João da segunda vinda de Jesus em Apocalipse 19.9 e 22.5.

Eles cearão com Cristo; será concedido que se sentem com Cristo em seu trono.

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• Dado que Jesus diz que está de pé e batendo à porta da igreja, e não de incrédulos, o que ele
oferece em 3.20? A quem o oferece?

Muitas pessoas têm retratado isso como a batida de Jesus na porta do coração de um incrédulo,
convidando-o a receber a salvação. Porém, sabemos que ele está conversando com a igreja, com os
crentes. Sua declaração vem imediatamente após uma promessa de disciplina amorosa e um cha-
mado ao arrependimento. Esse contexto indica que não se trata de receber a salvação; em vez disso,
Jesus está chamando os crentes que têm se mostrado autossuficientes e distantes, oferecendo-lhes
uma comunhão ao redor da mesa e um relacionamento íntimo.

39
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Antes de começarmos a discutir detalhes sobre a mensagem de Jesus para as várias igrejas, pense
por um momento sobre o quadro geral. Jesus repreendeu muitas questões. O que isso nos diz
sobre o desafio de manter a fidelidade a Cristo enquanto vivemos no mundo?

Se essas igrejas, estabelecidas e ensinadas por Paulo e pelos discípulos, tão precocemente precisaram
lutar com tantos problemas, isso fala sobre as muitas questões que podem ser um desafio para manter a
fidelidade bíblica, a paixão espiritual e o testemunho do Evangelho em uma igreja.

2. Observe que cada carta inclui: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (plural).
Como isso molda como devemos ler, entender e aplicar o conteúdo dessas cartas?

Embora as cartas sejam escritas para igrejas particulares em contextos particulares, também podemos
entendê-las como documentos escritos para todos nós, sendo aplicáveis a todas as igrejas em todos os
contextos. Eles são a Palavra de Deus por meio da qual o Espírito fala à igreja e aos indivíduos em todas
as épocas. Devemos nos examinar com base nos itens que cada carta repreende, desafiar-nos com suas
instruções, ser advertidos por suas ameaças e ser encorajados por suas promessas. Há lições aqui para
todo crente que tem ouvidos para ouvir.

3. Considere o fato de que a mensagem de Jesus se destina às igrejas, e não aos crentes enquanto in-
divíduos. Qual é a importância disso? O que isso revela sobre o que significa ser cristão segundo
Jesus? O que você acha que esses cristãos do primeiro século teriam pensado sobre alguém que
se dizia cristão, mas tinha um compromisso casual ou não possuía compromisso algum com uma
igreja local?

Jesus se relaciona com seu povo corporativamente, e não apenas com indivíduos. Jesus valoriza a igreja
como sua noiva, estando interessado e comprometido com sua paixão, pureza e testemunho como
um corpo de crentes. Os cristãos do primeiro século não teriam sido capazes de entender alguém que
sugeriu que eles poderiam ser seguidores de Cristo sem fazer parte do corpo de Cristo, a igreja. Ser
cristão é estar ligado a um corpo local de crentes. Uma vida cristã de compromisso casual ou frequência
ocasional a uma igreja local teria sido irreconhecível como cristianismo no primeiro século.

4. Depois de ouvir a mensagem de Jesus para sete igrejas que enfrentaram diferentes tipos de de-
safios em ambientes muito diferentes, o que ficou gravado em sua mente como aquilo que é
realmente importante para Jesus? Diante disso, o que deve se tornar mais urgente para você?

O coração (o amor de alguém por Jesus) é importante para Jesus. A perseverança fiel diante do so-
frimento é importante para Jesus. A rejeição da imoralidade e da idolatria é importante para Jesus. O
arrependimento é importante para Jesus. A expectativa vigilante da volta de Jesus é importante para
ele. Guardar a Palavra de Jesus e não negar o seu nome é importante para ele. Abençoar-nos com a vida
eterna e a comunhão consigo é importante para Jesus.

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5. Às vezes, pensamos no arrependimento como algo que fizemos uma vez quando nos tornamos
cristãos. Jesus, porém, repetidamente chama os crentes dessas igrejas ao arrependimento. Como
você descreveria o tipo de arrependimento que Jesus pede nessas cartas? Mais significativamen-
te, como você acha que encontramos a vontade e o poder de nos arrependermos dessa maneira?

Jesus pede uma abstenção proposital e radical do que ele apontou como problemático e um retorno
para si mesmo, a fim de que os crentes recebam a graça e o poder de viver esse arrependimento em
obediência e fé. Essa não é uma decisão única, mas tanto um afastamento contínuo, repetido e vitalício
em relação ao pecado e à tentação quanto um retorno constante para Jesus. Ao estarmos unidos a ele e
selados por seu Espírito, permanecendo em Cristo e em sua Palavra, o Espírito que está dentro de nós
nos leva ao arrependimento.

Só podemos encontrar a vontade e o poder para fazê-lo nas promessas que ele oferece nesses capítulos:
comer da árvore da vida no paraíso; obter a coroa da vida; não ser ferido pela segunda morte; comer do
maná escondido; receber um novo nome; ganhar autoridade sobre as nações; obter vestes brancas; ter
nossos nomes no livro da vida e confessados diante do Pai; ser constituídos como colunas no templo;
morar na nova Jerusalém; comer com Jesus; sentar-se em tronos. Essas promessas nos motivam a ficar
distantes do pecado e a buscar algo muito melhor: a vida eterna com nosso Salvador e Rei.

6. Em cada uma das sete cartas de Apocalipse 2–3, Jesus enfatiza a necessidade de perseverar na fé
e na obediência para que se receba a salvação final. Isso pode soar como se os crentes corressem
o risco de perder sua salvação. Você acha que é isso que se comunica aqui? Se não, qual é a men-
sagem pretendida?

A Bíblia frequentemente adverte contra a apostasia como um meio de encorajar a perseverança fiel (Hb
3.12). Nossa perseverança na fé e obediência não são os meios pelos quais somos salvos ou perdidos.
Pelo contrário, nossa perseverança na fé e obediência prova que nossa conversão foi genuína e que
fomos vivificados por estarmos unidos a Cristo, de maneira que nunca podemos perder essa vida (1Jo
2.19).

Quando lemos essas advertências, não devemos pular tão rapidamente para nossa segurança e garantia,
de forma a não permitirmos que essas admoestações tenham o impacto pretendido. Elas não são feitas
para nos fazer temer a perda de nossa salvação, mas sim para nos motivar a perseverar pacientemente.
Advertências como essa nos chamam a perseverar na obediência e na fé, vivendo a salvação que é nossa
por causa de Jesus.

7. Jesus conhece o bem e o mal, o privado e o público, nossas ações e nossos motivos. Essa realidade
o conforta ou incomoda? Por quê?

Pode ser reconfortante reconhecer a certeza de que Jesus nos conhece intimamente e descansar nisso
— que ele vê o pior em nossos corações, mas ainda nos ama e nos escolhe. Ao mesmo tempo, alguns de
nós talvez precisem se incomodar mais com essa realidade do que têm feito. Com frequência, tratamos
nosso pecado com leveza, mais preocupados com o que as outras pessoas podem ver ou ouvir do que
em saber que Jesus sempre vê e ouve.

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8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 2–3? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

Seria bom nos fazermos as perguntas que as cartas fazem:

• Houve algum momento em minha vida em que meu amor por Cristo, seu Evangelho e seu povo era
maior do que agora? E, se assim for, estou disposto a voltar a fazer o que fazia quando esse amor era
novo, não por dever ou legalismo, mas por desejo de reacender meu amor por Jesus?

• Estou disposto a sofrer pelo quê (pois isso revela o verdadeiro objeto de meus afetos)? Preciso rea-
justar minhas expectativas quanto à vida cristã de forma a esperar que Jesus me preserve em meio ao
sofrimento, que é inevitável para um cristão, em vez de esperar que ele me proteja do sofrimento?

• O que Jesus pode apontar em minha vida como uma área em que o comprometimento ameaça meu
testemunho dele e minha relação com ele — seja no entretenimento que consumo, nos padrões éti-
cos que mantenho, no humor sexual de que dou risada, no tempo e na atenção que dou ao esporte, à
política ou à minha profissão?

• Fui seduzido por vozes dentro da igreja que distorcem as Escrituras para justificar ou minimizar o
pecado sexual ou a idolatria? Que ensinamento estou tolerando, na igreja ou na mídia que consumo,
que, sendo destrutivo para a noiva de Cristo, não a preparará — nem a mim em particular — para a
perseverança?

• As pessoas ao meu redor assumem que sou mais devoto a Jesus do que realmente sou? O que precisa
mudar para que a realidade do meu relacionamento com Jesus se alinhe com a minha reputação? O
que precisa mudar para que eu esteja totalmente acordado e fortalecido para perseverar?

• Estou caminhando pelas portas que Jesus abriu para que eu compartilhasse o Evangelho?

• A prosperidade material e o conforto me impediram de aceitar minha verdadeira condição espiritual?

Ao fazermos essas perguntas, podemos descansar na bênção de sermos capazes de ser honestos com
Jesus sobre nossas falhas. Ele já sabe! Ele não se surpreende com nossa apatia, nossa idolatria, nossa
imoralidade sexual ou nossa tolerância com aqueles que não dizem a verdade sobre ele. Ele está pre-
sente conosco para ser nossa provisão, nosso poder. Ele nos oferece bênçãos além do que poderíamos
pensar em pedir: ele se oferece a nós, fornecendo tudo aquilo de que precisamos para a perseverança
paciente enquanto esperamos seu retorno.

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Capítulo 4 (Apocalipse 4–5)
Abençoados por adorarem a dignidade de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

Apocalipse é composto por quatro grandes visões dadas ao apóstolo João. Os capítulos 4–5 são o início da
segunda visão de João, uma visão que lhe permite espiar o céu. À medida que a visão continua, ele verá tanto
o que acontece atualmente quanto o que mais tarde acontecerá na terra, mas do ponto de vista do céu.

1. Leia Apocalipse 4.1-6. O que chama a atenção de João ao ver o céu é o trono e aquele que está
sentado nele. João usa uma linguagem simbólica para descrever o que se acha sentado no trono
— linguagem muito semelhante à usada por Daniel, Ezequiel e Isaías quando escreveram sobre
suas próprias visões do céu (Dn 7, Ez 1, Is 6). O que você acha que João quer expressar com
cada uma das seguintes descrições do que viu? (Algumas delas são desafiadoras. O objetivo não
é chegar à resposta “certa”, mas nos familiarizarmos com a visão e fazermos o nosso melhor para
conectar as imagens que João usou com possíveis significados.)

Não precisamos ler mais do que “um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda” para reconhecer
que não podemos levar essas imagens ao pé da letra — um arco-íris multicolorido, por definição, não
pode parecer uma esmeralda verde! Lembre-se de que estamos pensando nas descrições de João como
pinturas impressionistas, não fotografias. Ao considerarmos esses versículos, estamos em busca de con-
ceitos gerais para os quais as imagens apontam.

DESCRIÇÃO DE JOÃO SIGNIFICADO POSSÍVEL


4.3: “... esse que se acha assentado é Essas pedras preciosas e valiosas expressam a beleza e o valor inigualáveis e
semelhante, no aspecto, a pedra de indescritíveis de Deus.
jaspe e de sardônico...”
4.3: “... ao redor do trono, há um O arco-íris lembra o arco colocado no céu e a aliança feita com Noé (Gn
arco-íris semelhante, no aspecto, a 9.13), que aponta para a misericórdia e fidelidade de Deus.
esmeralda.”
4.4: “... assentados neles [nos tronos], O número “vinte e quatro” pode apontar para os 12 patriarcas somados aos
vinte e quatro anciãos...” 12 apóstolos ou para representantes angélicos (semelhante à maneira como
os anjos representavam cada uma das igrejas nos capítulos 2–3). De qualquer
forma, esses 24 anciãos representam toda a humanidade redimida.
4.4: “... vestidos de branco...” As vestes brancas representam a justiça — tanto a justiça imputada de Cristo, a
qual se torna deles quando se unem a ele, quanto as obras justas desses santos,
geradas quando vivem em alegre obediência a Cristo.
4.4: “... em [suas] cabeças estão De acordo com Apocalipse 2.10, aqueles que são fiéis recebem de Jesus a coroa
coroas de ouro.” da vida, ou seja, uma vida interminável e dotada de propósito régio no reino
consumado de Deus.

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4.5: “... relâmpagos, vozes e trovões...” O relâmpago e o trovão são manifestações da santidade de Deus no céu, trazendo-
nos à memória os relâmpagos e trovões no Sinai, quando da outorga da lei.
Relâmpagos e trovões representam poder e evocam temor ou mesmo medo; eles
refletem a santidade de Deus manifestada no julgamento sobre o mal. O trono é a
fonte para o julgamento que virá mais tarde na visão.
4.5: “...sete tochas de fogo, que são os Visto que “sete” indica perfeição e conclusão, essas sete tochas representam a
sete Espíritos de Deus.” perfeição divina e a santidade do Espírito Santo.
4.6: “... um como que mar de vidro, Como o mar muitas vezes conota o mal e o caos em toda a Escritura, isso pode
semelhante ao cristal...” significar o governo de Deus sobre o mal — o mar não é mais turbulento, mas
calmo como vidro. A natureza reflexiva do vidro e do cristal pode apontar para
a glória de Deus sendo refletida em todo o céu.

2. Leia Apocalipse 4.6-8 junto com Ezequiel 1.5-14, Ezequiel 10.15-22 e Isaías 6.2-3. Como essas
passagens nos ajudam a identificar o que é representado pelos quatro seres viventes em Apoca-
lipse 4.6-8?

Trata-se de seres celestiais angelicais da mais alta ordem, os quais guardam a morada de Deus e o ado-
ram continuamente. A descrição de João é semelhante à maneira como Ezequiel descreve querubins e
ao que Isaías chama de serafim.

3. Leia Apocalipse 4.9-11. Que aspecto de quem Deus é e do que ele fez sustenta a declaração dos
anciãos a respeito da dignidade de Deus de ser adorado?

Ele criou todas as coisas, e sua vontade faz com que elas existam.

4. Leia Apocalipse 5.1-4. Como as seguintes passagens dos profetas do Antigo Testamento nos
ajudam a entender o que está contido no pergaminho selado e o significado de sua abertura?

• Ezequiel 2.9-10: palavras de lamentação, luto e aflição.

• Daniel 12.4, 9: Daniel mandou selar o livro e cerrar as palavras “até ao tempo do fim”.

• Isaías 29.11: Mesmo aqueles que sabem ler são incapazes de tirar os selos desse livro e lê-lo.

Em Ezequiel, o livro contém advertências de julgamentos contra Israel, que tinha um coração duro.
Em Daniel e Isaías, o pergaminho/livro selado esconde a revelação divina associada ao julgamento
e deve permanecer selados “até ao tempo do fim”. Isso indicaria que o que foi selado nos dias de Eze-
quiel, Daniel e Isaías está sendo deslacrado.

5. Leia Apocalipse 5.5-7. Como você entende o fato de João descrever Jesus como um Leão que
venceu e um Cordeiro que tinha a aparência de que fora morto — animais que parecem tão dife-
rentes um do outro?

Em sua morte e ressurreição, Jesus demonstrou aspectos de ambos. Como um leão, Jesus venceu po-
derosamente a tentação em sua vida perfeitamente justa, sendo vitorioso sobre o pecado e a morte por
meio de sua morte e ressurreição. Como um cordeiro, ele se ofereceu como o sacrifício perfeito, de uma
vez por todas, para purificar e expiar o pecado. O leão simboliza poder e realeza, enquanto o cordeiro
simboliza a expiação de Cristo.

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6. Leia Apocalipse 5.8-14. À medida que a cena ao redor do trono se desenrola, o coro celestial que
adora a Deus fica cada vez maior. Com base nos versículos 8-14, quem é adicionado à assembleia
que louva o Cordeiro?

Quatro criaturas vivas; 24 anciãos; miríades de miríades e milhares de milhares de anjos; todas as cria-
turas no céu, na terra, sob a terra e no mar.

7. Por qual motivo o Cordeiro é louvado e adorado em Apocalipse 5.9-13?

Ele é digno de supervisionar o desenrolar da história no que diz respeito ao julgamento e salvação.
Sua morte sacrificial proporcionou o pagamento para que os pecadores fossem libertos da escravidão
do pecado e se tornassem parte de seu reino. Sua morte foi de tão grande valor e efeito que resgatou
pessoas não apenas de uma nação ou grupo, mas de todas as tribos, línguas, povos e nações. Ao com-
partilhar com elas sua própria herança, autoridade e pureza, ele as tornou um reino e sacerdotes para
nosso Deus. O futuro delas é reinar com ele na terra.

8. Qual é a postura dos adoradores no v. 8 e no v. 14? Você já adorou a Jesus dessa maneira? Por
que você acha que podemos resistir a essa postura ou nos sentir desconfortáveis com ela? Como
pode ser benéfico adorar assim?

O povo de Deus no céu “cai” para adorar Jesus, o Cordeiro. Se é assim que ele é adorado por seres
celestiais e santos glorificados, faria sentido que adotássemos essa mesma postura. No entanto, a maio-
ria de nós raramente (talvez nunca!) sequer se ajoelha em adoração, quanto menos se prostra. Talvez
você queira “cair e adorar” Jesus na privacidade de seu quarto nesta semana, adorando-o da maneira
como ele é adorado no céu agora e como, um dia, o será “na terra como no céu”. Como seres humanos
encarnados, nossos corpos físicos estão interconectados com nossas emoções e nossas almas. Humi-
lharmo-nos literalmente, na medida em que nos ajoelhamos e nos prostramos em nossos corpos, pode
provocar uma adoração humilde em nossos corações.

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GUIA DE DISCUSSÃO

1. A maioria dos primeiros “leitores” de Apocalipse eram, na verdade, ouvintes. Eles ouviram a lei-
tura do Apocalipse de João quase como uma performance dramática em que o público entra no
mundo do drama. Como você acha que ouvir essa visão teria afetado os membros das sete igrejas
que ouviram Apocalipse 4–5 pela primeira vez? Como eles poderiam ter sido surpreendidos,
agitados, desafiados ou encorajados?

Certamente eles teriam ficado comovidos ao usar a imaginação para tentar visualizar a cena que João
descreveu. Eles teriam sentido alegria, exuberância e celebração, bem como a sensação de crise apre-
sentada em 5.3-5, quando João chora porque ninguém é considerado digno de abrir o pergaminho. Eles
provavelmente teriam tido a forma, intensidade e consistência de sua própria adoração desafiadas. Eles
teriam sido encorajados ao saber que esse Rei era seu Rei, bem como que ele poderia ser confiável para
desatar os selos e supervisionar o que está escrito no pergaminho.

2. Pode ser desafiador interpretar o que é transmitido pelo simbolismo que João usa para descrever
o que viu no céu em Apocalipse 4.3-6. Contudo, que aspectos do caráter e da natureza de Deus
você acha que João tenta expressar por meio de suas descrições?

(Se os participantes tiverem concluído o Estudo Bíblico Pessoal, peça-lhes que leiam algumas de suas
respostas na tabela que se acha abaixo da pergunta 1. Tenha em mente que não podemos ser dogmá-
ticos sobre o que a maioria desses símbolos significa individualmente; em vez disso, devemos vê-los
como parte de um todo, como pinceladas em uma pintura impressionista.)

Respostas possíveis: Deus é belo, brilhante, fiel, misericordioso, reto, justo, poderoso, santo, soberano,
eterno, glorioso, criador.

3. Nancy disse que o pergaminho representa os decretos de Deus a respeito do julgamento e da


salvação, estabelecidos antes da fundação do mundo. Em outras palavras, os planos de Deus para
o desenrolar da história e do futuro foram escritos e selados. O que isso nos diz sobre o que acon-
teceu no passado, o que acontece em nossos dias e o que acontecerá no futuro?

Isso nos diz que tudo o que aconteceu na História da Salvação — desde a rebelião de Adão à infidelida-
de de Israel; à vida, morte e ressurreição de Jesus; ao sofrimento da igreja ao longo dos séculos — tem
sido parte do plano de Deus para julgamento e salvação. Isso significa que, quando somos tentados a
pensar que as coisas em nosso mundo nunca mudarão ou se resolverão, podemos confiar que Deus le-
vará todas as coisas à conclusão designada. Isso significa que, quando pensamos que, de alguma forma,
nos desviamos do plano de Deus para nossas vidas, podemos ter certeza de que, embora lhe tenhamos
desobedecido, nunca podemos perder ou bagunçar o que ele planejou. A razão pela qual podemos
confiar que ele fará com que todas as coisas cooperem conjuntamente para o nosso bem (Rm 8.28) é
que ele determinou o curso da história e está executando seus planos soberanos para todas as coisas, os
quais são tão certos que estão selados em um pergaminho.

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4. Ouvimos repetidas promessas de bênção em Apocalipse 2 e 3 para aqueles que vencem. Agora,
em Apocalipse 5.5, é-nos dito que o Leão venceu. Como você descreveria a relação entre a vitória
exigida na vida dos crentes em Apocalipse 2 e 3 e a vitória do Leão?

A vitória dos crentes é derivada e dependente da vitória do Leão. Ele venceu, e a capacidade de vencer
dos crentes é uma consequência do triunfo de seu Senhor.

5. Se fôssemos examinar esses dois capítulos em busca de palavras e imagens repetidas, veríamos
que “digno” e “adoração” estão no centro de sua mensagem. Com base no que o Pai (capítulo 4)
e o Filho (capítulo 5) se mostram dignos de adoração?

O capítulo 4 apresenta as perfeições e a beleza de Deus, bem como seu poder, sua soberania, seu direito
de receber adoração como aquele que criou todas as coisas. O capítulo 5 apresenta o grande valor de
Jesus na oferta de si mesmo como um sacrifício poderoso e eficaz o suficiente para vencer a morte e
resgatar um povo para Deus de todas as tribos, línguas, povos e nações. Seu grande mérito é comparti-
lhado com aqueles que estão unidos a ele pela fé, o que os torna dignos de serem um reino e sacerdotes
que reinarão na terra.

6. Ao termos um vislumbre da adoração no céu, como isso nos desafia em relação a como e por que
adoramos a Deus (ou as outras coisas que somos tentados a adorar e admirar)?

Todos reunidos ao redor do trono em Apocalipse 4–5 estão focados em quem Deus é e no que ele fez
no mundo. Eles o adoram de todo o coração, com todo o corpo — exclamando louvores, cantando
sobre seu valor, caindo diante dele em adoração. Isso contrasta bastante com a maneira como, às vezes,
aparecemos na igreja apenas para marcar presença, completamente desconectados e agindo mecanica-
mente. Tanto no culto quanto no resto de nossas vidas, podemos não estar focados em quem Cristo é
e no reino que ele está estabelecendo. Em vez disso, podemos estar focados em nosso próprio conforto
e prazer. Podemos nos preocupar sobretudo com a forma como ele abençoa nossas vidas material e
circunstancialmente. Ver a imagem espetacular que João pinta da glória de Deus e de como ele é justa-
mente adorado deve nos desafiar a adorá-lo — em reuniões formais e durante toda a vida — como ele
merece.

7. Talvez aqueles que se reúnem para o culto semanal em sua igreja orem juntos as palavras do Pai
Nosso: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9-10). Como Apocalipse 4–5 nos dá uma com-
preensão daquilo por que oramos e nos mostra se essa oração será ou não respondida?

Quando fazemos essa oração, pedimos que nosso glorioso Rei reine com toda a sua beleza, poder e
esplendor nesta terra. Pedimos que cada criatura em cada reino responda à sua majestade da maneira
como ele é louvado e adorado no céu. Quando vemos, no fim de Apocalipse 5, que toda criatura em
todos os lugares dá honra e glória ao Cordeiro para sempre, percebemos que passamos do “agora” para
o “ainda não”. Estamos vendo o cumprimento de Filipenses 2.10 — cada joelho se dobrando e cada
língua confessando que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Essa imagem nos dá plena
confiança de que, no fim, nossas orações serão respondidas — o reino de Deus virá, e sua vontade será
feita na terra enquanto toda criatura o adora.

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8. As visões dadas a Ezequiel e Daniel enquanto viviam exilados na Babilônia são muito semelhan-
tes à visão que João recebeu enquanto estava exilado em Patmos. Como as visões que Ezequiel,
Daniel e João receberam teriam sido de proveito para eles mesmos enquanto sofriam no exílio?
Como a visão de João poderia ser útil para nós, cristãos, que vivemos como exilados neste mun-
do (1Pe 2.11)?

O objetivo das visões de Ezequiel e Daniel era mostrar a soberania de Deus. Em tempos de calamidade,
sua mensagem era que, finalmente, Deus reina supremo como Rei e que seu reino será estabelecido. Ele
governa toda a história.

Essa mensagem é importante para nós hoje, já que vivemos como peregrinos em um mundo que não é
a nossa casa. Ao nos prepararmos para enfrentar tribulações em nossos próprios dias, também devemos
saber que nossas provações são todas controladas por um Deus fiel, de modo que certamente resultarão
em nossa salvação e na derrocada do mal.

9. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 4–5? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

No centro do que significa ouvir e guardar essa passagem, deve estar juntar-se à grande celebração. Se
não há nenhum puxão em nossos corações, nenhum desejo de fazer parte dessa reunião em torno do
trono, na qual Jesus finalmente recebe todos os elogios entusiasmados e trovejantes que merece, talvez
precisemos nos perguntar: o que na minha vida está recebendo a paixão que pertence a Jesus? Talvez
precisemos orar e pedir a Deus que trabalhe em nossas vidas, por meio de seu Espírito e através de sua
Palavra, para despertar esse tipo de paixão por sua presença.

Ao considerarmos a adoração ao redor do trono, também devemos procurar alguma correspondência


na maneira como adoramos o Cordeiro e a forma como ele é adorado no céu. É realmente muito fácil
participar de um culto de adoração sem nunca oferecer qualquer adoração de todo o coração e corpo
inteiro que se pareça com a imagem que nos é mostrada aqui. Algo precisa mudar na maneira como
abordamos a adoração?

Devemos permitir que a imagem apresentada nessa cena capture nossa imaginação e molde o que con-
sideramos belo, atraente, comovente, digno de celebração e de aspiração. O coração humano anseia
por glória. Esse desejo de nos apegarmos à glória é muitas vezes expresso no desejo de conhecer uma
celebridade, estar dentro dos círculos de poder ou nos cobrir com as cores de nossos times favoritos.
No entanto, esses são apenas pequenos gostos e vislumbres da glória para a qual fomos feitos.

A bênção de ouvir e guardar essa passagem é o conhecimento de que, um dia, compartilharemos e vi-
veremos em glória inimaginável para sempre — o tipo de glória real e eterna que nossas almas desejam
mais profundamente. Apocalipse 4 e 5 levantam nossos olhos das atrações e glórias derivadas deste
mundo e nos fazem almejar vidas que girem em torno do ser mais glorioso do universo.

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Capítulo 5 (Apocalipse 6–7)
Abençoados por serem protegidos por Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

Em Apocalipse 5, lemos sobre o pergaminho selado que Jesus, o Cordeiro, tomou do Ancião de Dias. Ele é o
único digno de abrir seus selos. Agora, nos capítulos 6–7, vemos o Cordeiro abrir os selos um a um, revelan-
do o que acontecerá entre sua ascensão e seu retorno.

1. Os quatro primeiros selos parecem ir juntos como um grupo (assim como as quatro primeiras
trombetas em Apocalipse 8 e as quatro primeiras taças em Apocalipse 16). Leia Apocalipse 6.1-
8, lembrando que João usa o simbolismo para comunicar realidades. Pense no imaginário mais
como uma pintura impressionista do que uma fotografia digital. O que você acha que cada um
desses quatro selos revela sobre a realidade da vida na Terra entre o momento da ascensão e o
retorno de Jesus?

Será um tempo de guerra, conflito civil, assassinato, insurreição, terrorismo. Será um momento de difi-
culdades econômicas e desigualdade. Haverá fome, doenças, desastres e mortes.

2. Por que é significativo que Jesus, o Cordeiro, seja quem abre os selos?

O direito exclusivo de Jesus de abrir os selos reflete sua soberania sobre todas as coisas, inclusive sobre
o mal. É o pecado da humanidade que é a causa dessas tribulações. O fato de serem “libertos” do tro-
no não significa que Deus seja o autor ou criador desses males; indica, antes, que ele é Senhor sobre
esses males, isto é, que ele os permite em certa medida para seus propósitos. Por mais caóticos que os
acontecimentos na Terra sejam, nada disso está fora do controle divino. “Nada pode acontecer agora,
nem mesmo a mais temível evidência da desobediência do homem... que não seja tecido no padrão do
propósito gracioso de Deus”.1

3. Leia Apocalipse 6.9-11, prestando especial atenção à oração dos santos martirizados no versí-
culo 10. Como eles se dirigem a Deus? Qual é o pressuposto em sua pergunta? O que podemos
esperar que eles peçam que Deus faça, embora não o peçam?

Eles se dirigem a Deus como “Soberano Senhor, santo e verdadeiro”. Eles sabem que ele tem um plano
para a história e que o cumpre em seu tempo; tudo está sob seu controle. Eles sabem que sua santidade
significa que ele não permitirá que o pecado e a rebelião fiquem impunes. Eles sabem que, por ser ver-
dadeiro, ele será fiel à sua promessa de vingar aqueles que pacientemente suportam a perseguição por
ele (Lc 18.7-8; Is 63.4).

1 G.B. Caird, The Revelation of St. John the Divine (São Francisco: Harper, 1966), p. 83.

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Sua pergunta é: “Até quando?”, em vez de: “Você vai?” — eles não perguntam se ele vai acertar as coisas,
mas quando o fará. Eles têm confiança de que ele executará a justiça. Curiosamente, eles não pedem que
a perseguição pare.

4. Em Mateus 24, Jesus descreve os eventos antes e durante a destruição do templo em 70 d.C., bem
como os últimos dias antes e durante seu retorno.2 Leia Mateus 24.3-14 e compare a descrição de
Jesus do tempo que antecedeu seu retorno com os versículos indicados em Apocalipse 6. Que se-
melhanças você vê?

MATEUS 24 APOCALIPSE 6
24.6: “guerras e rumores de guerras” 6.2: “... [eis] o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada
24.7a: “nação contra nação, reino contra reino” uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer.”
6.4: “... foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os
homens se matassem uns aos outros...”

24.7b: “fomes e terremotos em vários lugares” 6.6: “Uma medida de trigo por um denário; três medidas
de cevada por um denário...”
6.8: “... matar à espada, pela fome, com a mortandade e
por meio das feras da terra.”
6.12a: “... sobreveio grande terremoto.”

24.9: “... sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados 6.9: “...as almas daqueles que tinham sido mortos por
de todas as nações, por causa do meu nome.” causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que
sustentavam.”

5. Leia Mateus 24.29-31 e Apocalipse 6.12–7.8. Compare a descrição de Jesus de sua segunda vin-
da em Mateus 24 com os versículos indicados em Apocalipse 6–7 e descreva as correspondências
que você vê.

MATEUS 24 APOCALIPSE 6
24.29: “...o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as 6.12-13a: “O sol se tornou negro como saco de crina,
estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela
abalados.” terra...”

2 Os comentaristas cristãos não concordam em como interpretar o Discurso do Monte das Oliveiras em Mateus 24. Os preteristas veem Ma-
teus 24 como uma descrição da destruição do templo em 70 d.C., e não da volta de Cristo. Os futuristas vêem-no como uma referência a
um tempo futuro em que Israel está de volta à terra da Palestina com um templo reconstruído após um arrebatamento secreto. A afirmação
acima representa uma terceira visão, que, de acordo com Michael Wilkins (Matthew, The NIV Application Commentary [Grand Rapids:
Zondervan, 2004], p. 790), é agora a visão majoritária entre os estudiosos conservadores de todas as perspectivas milenares.
Essa visão majoritária propõe que Mateus 24.15-28 descreve principalmente (mas não exclusivamente) eventos antes e durante a
destruição do templo em 70 d.C., bem como que Mateus 24.29-31 descreve eventos que ocorrerão principalmente nos últimos dias
antes e durante a volta de Cristo. Douglas O’Donnell elabora um argumento muito útil e persuasivo para essa visão em seu comentário
sobre Mateus (Douglas Sean O’Donnell, Matthew, Preaching the Word Commentary [Wheaton: Crossway, 2013], p. 693-716). Em
seu comentário sobre Mateus, Dan Doriani fornece um gráfico muito útil comparando as previsões em Mateus 24 com seu cumpri-
mento em 70 d.C. e seu cumprimento final (Daniel M. Doriani, Matthew, Reformed Expository Commentary, vol. 2 [Phillipsburg:
P&R, 2008], p. 353-54).

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24.30: “todos os povos da terra se lamentarão” por sua 6.15-16: “Os reis da terra, os grandes, os comandantes,
incapacidade de suportar o abalo e o julgamento quando os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se
Jesus, o Filho do Homem, vier. esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes...”.
Eles clamam para serem protegidos da ira de Jesus, o
Cordeiro, por causa de sua incapacidade de permanecer
no julgamento.
24.31: “... os seus anjos [...] reunirão os seus escolhidos, 7.1: “...quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra,
dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.” conservando seguros os quatro ventos da terra...”
7.3: “...até selarmos na fronte os servos do nosso Deus.”

6. A quem ou a que as pessoas em Apocalipse 6.15-17 oram? Que pergunta fazem? O que há de
significativo no que eles não pedem?

Eles clamam às montanhas e rochas, pedindo-lhes que caiam sobre eles e os escondam do Senhor.
Entretanto, é claro que as montanhas e rochas não têm poder para ouvir ou responder às suas orações.
Eles querem ser escondidos e protegidos do rosto e da ira do Cordeiro. Eles não buscam proteção de
um desastre natural, mas da pessoa de Jesus, que voltou como o justo Juiz. Eles perguntam quem pode
ficar sob o olhar desse Cordeiro furioso e permanecer seguro, em vez de ser destruído no julgamento.
Tragicamente, eles não clamam ao Cordeiro por resgate ou misericórdia! Talvez seja evidente que é
tarde demais.

7. Leia as seguintes passagens com as seguintes perguntas em mente: qual é a situação enfrentada
pelo povo de Deus em cada passagem? O que a marca ou selo de Deus realiza?

• Apocalipse 7.1-4: Os anjos estão preparados para prejudicar a terra e o mar, mas são instruídos a não
fazer nada até que os servos de Deus, uma vez selados, sejam protegidos no julgamento.

• Êxodo 12.7-13: O povo de Israel é escravo no Egito, mas Deus está prestes a executar o julgamento
ao ferir todos os primogênitos. O povo de Deus mata um cordeiro e pinta os umbrais de sua casa com
seu sangue, para que o Senhor passe sobre eles. O primogênito não é prejudicado pelo julgamento.

• Ezequiel 9.3-6: Jerusalém está cheia de abominações. Aqueles que amam a Deus e choram pela idola-
tria que ocorre em seu templo devem ser marcados na testa por um “homem vestido de linho”. Quando
os executores passarem pela cidade, matarão todos, exceto aqueles que têm a marca de Deus.

Em cada passagem, Deus decretou julgamento e morte para aqueles que rejeitaram seu governo, sua
lei e sua graça. Sua marca ou selo serve para separar e proteger seu povo, a fim de que ele não seja
prejudicado no julgamento.

8. Leia Apocalipse 7.5-8 e compare essa lista das 12 tribos com a lista dos 12 filhos de Jacó em Gê-
nesis 35.23-26. Observe que Rúben (filho primogênito de Jacó) está listado em primeiro lugar
em Gênesis. Por que você acha que Judá está listado em primeiro lugar em Apocalipse? (Veja
Gênesis 49.8-12 se precisar de ajuda adicional.)

Apocalipse é focado em Jesus como o Rei que vem para estabelecer seu reino. Ele é descrito em 5.5
como “o Leão da tribo de Judá”. Como Judá é o ancestral de Jesus, Judá é listado em primeiro lugar entre
as tribos, demonstrando o cumprimento da profecia de Jacó em Gênesis 49.9-10, segundo a qual “Judá
é leãozinho” e “[o] cetro não se arredará de Judá”.

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9. As tribos de Dã e Efraim estão ausentes da lista de tribos em Apocalipse 7.5-8. Como 1 Reis
12.25-30 pode ajudar a explicar a omissão dessas duas tribos?

Quando as dez tribos do norte, sob a liderança do rei Jeroboão, se separaram das duas tribos do sul, não
tendo, assim, mais acesso ao templo, elas fizeram dois bezerros de ouro, um dos quais foi colocado em
Betel (no território de Efraim), enquanto o outro foi estabelecido em Dã. Considerando que a apostasia
é uma questão importante em Apocalipse, o fato de Efraim e Dã não estarem listados em Apocalipse 7
pode indicar que essas duas tribos rejeitaram o pacto de Deus e nunca retornaram a ele em arrependi-
mento e fé. Elas, portanto, apostataram.

10. Como Apocalipse 7 (particularmente o versículo 9) responde à pergunta feita em Apocalipse 6.17?

Apocalipse 6.17 pergunta: “quem é que pode suster-se” no grande dia da ira do Cordeiro? Apocalipse
7 nos diz quem pode permanecer: aqueles que foram selados e purificados pelo sangue do Cordeiro,
uma “grande multidão [...] de todas as nações”. De fato, “[a]o nosso Deus, que se assenta no trono, e ao
Cordeiro, pertence a salvação.”

11. Compare Apocalipse 7.15-17 com o Salmo 23. De que maneira o Salmo 23 antecipa as bênçãos
da Nova Criação descritas em Apocalipse 7.15-17?

Teremos o Senhor, o Cordeiro, como nosso Pastor. Não teremos necessidade alguma, não teremos
fome ou sede. Não estaremos expostos ao perigo, mas seremos nutridos e mantidos. Seremos restau-
rados pela água viva. Sua presença trará conforto por causa das perdas da vida. Não teremos nada a
temer, pois seremos abrigados pela presença de Deus. Seu cajado e vara nos guiarão na vida e na saúde.
Habitaremos na casa do Senhor para sempre, servindo-o dia e noite.

52
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Apocalipse desenha imagens de cenas dramáticas destinadas a causar uma impressão em nós.
Essas visões são destinadas a moldar nossa perspectiva sobre a vida neste mundo e no próximo.
Então, antes de começarmos a discutir as especificidades de Apocalipse 6–7, qual é a principal
impressão que esses dois capítulos causaram em você sobre o presente e o futuro?

Resposta pessoal.

2. Os quatro primeiros selos formam uma espécie de unidade. Como eles se encaixam? Quais são
as pistas que podemos apontar na história que evidenciam cada uma dessas realidades? Quais
são as pistas em nossos dias que refletem essas realidades?

Os quatro selos se sobrepõem: um guerreiro conquistador; pessoas matando umas às outras; privação
econômica e desigualdade; morte por espada, fome e peste. Todas essas realidades devastadoras estão
inter-relacionadas, cada uma causando ou exacerbando as outras.

Podemos ver guerras e fome até mesmo na história antiga da Bíblia, e essas coisas continuaram ao longo
da história humana. Em qualquer momento, sempre há guerras e fome acontecendo em algum lugar
do mundo. A guerra que as pessoas pensavam que seria “a guerra para acabar com todas as guerras”
claramente não foi. Pessoas em várias partes do mundo estão sob constante ameaça de violência, fome,
doenças e morte. Muitas pessoas no mundo vivem sob governos severamente corruptos.

3. O quinto selo pode ser preocupante. Não gostamos particularmente de pensar em pessoas sendo
mortas por darem testemunho de Cristo — no passado ou hoje. Você já pensou em irmãos e ir-
mãs que vivem sob esse tipo de perseguição hoje? Com que frequência você ora por isso? Como
poderíamos crescer em nossa compreensão dos crentes perseguidos e em nossa oração por eles?
O que você acha que podemos ganhar com isso?

Aprender sobre a igreja perseguida e orar por ela pode nos desafiar em relação a nossos desejos
superficiais, nossa perspectiva sobre nosso sofrimento, nossa reação às provações e nossas expec-
tativas de prosperidade, facilidade e conforto. Isso pode nos fazer pensar se nos qualificaríamos
para ser perseguidos e se permaneceríamos firmes caso enfrentássemos o que eles enfrentam.
Também pode nos encorajar a ver a suficiência de Jesus e o quão precioso ele é para aqueles que
sofrem por ele.

Uma riqueza de recursos está disponível para nos conectar com nossos irmãos perseguidos e nos ajudar
a orar por eles. Organizações como A Voz dos Mártires (https://www.vozdosmartires.pt/) e Portas
Abertas (https://portasabertas.org.br/) são ótimos lugares para começar a aprender mais.

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4. Qual é a diferença entre ser perseguido por seu testemunho de Cristo e ser perseguido, margina-
lizado ou criticado por seus compromissos políticos, status social, identidade racial ou traços de
personalidade? Por que é importante reconhecermos a diferença?

Como muitas pessoas têm uma crença profundamente arraigada de que a nação em que vivem é uma
“nação cristã”, podem ser muito rápidas em assumir que, quando o cristianismo não é mais abraçado
pela cultura dominante, elas passam a sofrer perseguição. Elas podem ser marginalizados ou perder um
lugar de privilégio na sociedade, mas isso é diferente de perseguição. A marginalização acontece quando
sua voz é removida da praça pública e você é relegado a uma posição de insignificância, sua importância
é desvalorizada, sua influência se torna menor, seu poder é diminuído.3 Isso pode ser doloroso e, muitas
vezes, pode ser um precursor da perseguição. Contudo, isso não é o mesmo que hostilidade sancionada
pelo governo ou abuso e maus-tratos generalizados.

Devemos entender que tanto a marginalização quanto a perseguição por viver e propagar as verdades do
Evangelho devem ser previstas pelos cristãos que estão exilados e são estrangeiros neste mundo. Além
disso, devemos ter cuidado para não confundir a verdade do Evangelho com opiniões políticas, confun-
dindo as Boas Novas com um partido político específico, com outra causa ou outro comprometimento
social. Quando confundimos nossa identidade como seguidores de Cristo com nossa identidade como
membros de outros grupos, perdemos de vista o principal. Colocar a fidelidade a Cristo no mesmo
nível de compromissos políticos ou sociais menores diminui a singularidade e a ofensa distintiva de
Cristo e sua cruz.

5. A devastação descrita em Apocalipse 6, com a referência explícita ao assassinato de cristãos nos


versículos 9-11, não deve, em certo sentido, nos surpreender. É exatamente o que Jesus disse
a seus seguidores que esperassem (Mt 5.10-12; Lc 21.16-19). No entanto, normalmente não
esperamos que nossas vidas sejam assim. Por quê? Qual é a sua reação à ideia de deixar essas
passagens remodelarem suas expectativas?

É desafiador aceitar e se render à realidade de que a perseverança em meio à tribulação é exigida


de todos os crentes. Ninguém quer verdadeiramente sofrer ou ver seus entes queridos sofrerem. E,
quando, a partir de nossa limitada perspectiva terrena, olhamos ao redor, é fácil ficar com inveja
daqueles que parecem ter vidas “abençoadas” e despreocupadas (veja Sl 73). Se formos honestos
para conosco, temos de admitir que, embora tenhamos uma compreensão melhor do mundo, ain-
da estamos inclinados a querer nossa “melhor vida agora”. Remodelar nossas expectativas exigirá
mergulhar na Palavra de Deus, pedindo-lhe constantemente que nos ajude a ver nossas vidas a
partir de sua perspectiva eterna.

6. Nancy disse que deveríamos examinar nossas vidas em busca de evidências de que fomos sela-
dos por Deus e para Deus. Todavia, às vezes, o autoexame pode ser preocupante. Podemos ficar
desanimados se não virmos tantas evidências da obra do Espírito Santo em nossas vidas quanto
poderíamos esperar. É importante entender que examinar nossa vida em busca de frutos não
é perguntar quanto fruto foi produzido em nós, mas se há algum fruto da obra do Espírito em

3 Sou grato a Carl e Karen Ellis por esta definição.

54
nossa vida e por meio dela. O que você diria para a pessoa que diz não saber ao certo se será con-
tada entre essa multidão de 144.000 “que ninguém podia enumerar”?

Quando se trata do fruto do arrependimento e da fé produzidos em nossas vidas pelo Espírito Santo
que habita em nós, há uma diferença significativa entre “um pequeno fruto” e “zero fruto”. O fruto, mes-
mo em pequena quantidade, é sinal de vida espiritual. A ausência de fruto é sinal de morte espiritual. Às
vezes, outras pessoas podem ver frutos em nossas vidas melhor do que nós mesmos somos capazes de
identificá-los. Então, talvez seja útil perguntar às pessoas próximas quais evidências elas veem da obra
do Espírito Santo em sua vida.

Se uma pessoa tem um desejo por Cristo e está disposta a confessar sua necessidade, isso é um sinal de
que o Espírito atraiu essa pessoa para si mesma. Podemos encorajá-la trazendo à sua mente as palavras
bíblicas: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13).

Por vezes, uma pessoa não tem certeza da salvação por causa de um pecado que se recusou a abandonar.
Ela pode estar arrependida por isso, mas se recusa a se afastar dele e matá-lo. Embora alguns pecados
sejam teimosos, a ponto de termos de lutar contra eles por muito tempo (talvez até mesmo toda a nossa
vida), uma pessoa que tem o Espírito Santo nunca será capaz de fazer as pazes com o pecado. Em vez
disso, ela terá o desejo de lutar contra seu pecado e pode depender do Espírito para lhe dar poder para
resistir e se arrepender.

Quaisquer que sejam nossas experiências passadas, nossa quantidade de frutos evidentes, nosso pecado
remanescente ou nosso nível atual de segurança, todos nós podemos responder com fé ao confiarmos
em Cristo hoje. Ele está pronto e ansioso para acolher todos os que o invocam verdadeiramente e se
aproximam dele em arrependimento e confiança.

7. Como o Salmo 23 antecipa as bênçãos da Nova Criação articuladas em Apocalipse 7.15-17? Qual
dessas promessas é mais estimulante ou reconfortante para você?

Teremos o Senhor como nosso Pastor. Não teremos necessidade alguma, não teremos fome ou sede.
Não estaremos expostos ao perigo, mas seremos nutridos e mantidos. Seremos restaurados pela água
viva. Sua presença trará conforto por causa das perdas da vida. Não teremos nada a temer, pois seremos
abrigados pela presença de Deus. Seu cajado e vara nos guiarão na vida e na saúde. Habitaremos na casa
do Senhor para sempre, servindo-o dia e noite.

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 6–7? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

Esses capítulos nos convidam a examinar nossas expectativas para ver como elas se alinham com a
realidade. Esperamos passar por tremendas dificuldades ou, no fundo, realmente esperamos que estar
unidos a Cristo, de alguma forma, nos proteja dessas coisas? Esperamos que o esforço humano seja
capaz de livrar o mundo desses males, ou nossas expectativas estão firmemente em Cristo para acabar
com elas?

Esses capítulos também nos convidam a comparar nossas orações com as orações dos santos sob o altar.
As Escrituras nos encorajam a orar por nossas próprias necessidades e pelas necessidades dos outros.

55
Porém, se fôssemos pesquisar as orações da Bíblia, a prioridade sempre se concentra na propagação do
Evangelho do reino, na preservação e força da igreja, no ministério da Palavra de Deus e na frustração
de poderes ímpios e perversos em nosso mundo. Ao considerar sua própria vida de oração, pergun-
te-se: eu já expressei em minhas orações um desejo de que Deus venha em juízo, ou minhas orações
dizem respeito principalmente a mim e meu mundinho?

Talvez a maneira mais importante de ouvirmos e guardarmos esses capítulos seja examinar nossas vidas
em busca de evidências de que fomos selados por Deus e para Deus. Há evidência do fruto do Espírito
em minha vida? Eu vivo não apenas como alguém que é perdoado do pecado, mas também como al-
guém que odeia o pecado?

Se assim for, a bênção que uma pessoa pode antecipar é que ela será protegida no julgamento. Embora
ela seja maltratada aqui e agora, ela terá um lugar seguro em seu lar eterno. Ainda que ela experimente
necessidades aqui e agora, elas serão sanadas lá para sempre. Mesmo que ela experimente grande triste-
za agora, o próprio Deus a abençoará com o conforto de sua presença, sendo-lhe um abrigo e um pastor
para sempre.

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Capítulo 6 (Apocalipse 8–11)
Abençoados por estarem em missão por Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

Quando chegamos a Apocalipse 8–11, já passamos pelos eventos da história redentora — desde a
vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus (1.5), até as lutas dos cristãos e igrejas do primeiro sé-
culo (capítulos 2–3), passando também pela era atual entre a primeira e a segunda vinda de Jesus
(6.1-8), o julgamento final (6.12-17) e o estabelecimento da Nova Criação (7.9-17). Em Apocalipse
8–11, repassaremos a história desse mesmo período, mas de uma perspectiva diferente. Em vez de
nos concentrarmos no que os cristãos podem esperar ao viverem em um mundo que experimenta um
julgamento parcial e preliminar que leva ao julgamento final, vamos nos concentrar em como é a vida
para aqueles que estão fora de Cristo nesse ínterim.

1. Apocalipse 8–11 apresenta a visão de João do ressoar de sete trombetas. Para interpretar corre-
tamente o que ele escreve, precisamos de um senso do uso e propósito das trombetas em toda a
Bíblia. Veja as passagens a seguir. Qual é a ocasião e o propósito do ressoar das trombetas?

• Josué 6.1-5, 16 (para mais sobre o propósito, veja Dt 18.9-12): Enquanto os israelitas se preparavam
para tomar posse da terra que Deus lhes prometera, foram instruídos a marchar ao redor da cidade
de Jericó por sete dias, durante os quais os sacerdotes tinham de tocar sete trombetas. Quando as
trombetas foram tocadas no sétimo dia, os muros da cidade caíram, e o povo tomou posse da cidade.
Os sete dias em que as trombetas ressoaram serviram para avisar o povo de Jericó do julgamento
vindouro, mas eles não responderam à advertência. Portanto, Deus executou seu julgamento sobre
as pessoas que viviam lá e que haviam contaminado a terra que lhe pertencia por meio de sua iniqui-
dade desenfreada.

• Ezequiel 33.1-5: Um vigia toca a trombeta como um aviso do julgamento vindouro. O Senhor diz a
Ezequiel que, quando uma nação ignora essa advertência, ela é responsável por sua própria morte.
Contudo, se ela der ouvidos ao aviso soado pela trombeta, suas vidas podem ser salvas.

• Sofonias 1.14-16: O grande Dia do Senhor é “dia de trombeta e de rebate” — a trombeta sinaliza a
ira e a destruição dos inimigos do Senhor.

2. Leia Apocalipse 8.6-12 e reflita sobre o impacto dos eventos retratados pelo ressoar de cada
trombeta. Como seria viver em um mundo como esse?

A vida em um mundo como esse seria aterrorizante. João descreve o caos e o medo, o fogo e as trevas,
a morte e a destruição em todos os lugares. Cada um dos eventos tiraria uma fonte de alimento, apoio,
segurança e compreensão. Isso nos daria ou deveria dar a sensação de que Deus está muito zangado e
procurando chamar nossa atenção antes que algo ainda pior aconteça.

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3. Assim como as trombetas no Antigo Testamento nos ajudam a interpretar o propósito das trom-
betas em Apocalipse, também os gafanhotos no Antigo Testamento nos ajudam a interpretar o
que é retratado pelos gafanhotos em Apocalipse. Como as seguintes passagens do Antigo Testa-
mento nos preparam para interpretar o significado dos gafanhotos em Apocalipse 9?
• Êxodo 10.1-6: Tal como acontece com as outras pragas, os gafanhotos tinham a intenção de ser sinais
de julgamento que fariam os egípcios conhecer o Senhor. Todavia, em vez de responder às advertên-
cias das pragas, o faraó endureceu seu coração contra Deus.
• 2 Crônicas 7.13-14: Deus diz que, quando ele envia gafanhotos para devorar a terra, se o seu povo se
humilhar, orar, buscar a sua face e se desviar dos seus maus caminhos, ele perdoará o seu pecado e
curará a sua terra. Nesse caso, os gafanhotos seriam um julgamento sobre o pecado que serviria para
chamar o povo ao arrependimento.
• Joel 1.1-10: O Senhor fala a Judá por meio do profeta Joel, usando gafanhotos como metáfora para
a maneira como os exércitos babilônicos conquistariam e devastariam a terra. Essa imagem é dada a
Joel para convocar o povo de Deus a lamentar e voltar-se a ele.
• Amós 4.6-9: O Senhor fala aos israelitas por meio do profeta Amós, relatando todos os julgamentos
parciais e preliminares que enviara sobre eles. Cada julgamento, incluindo os gafanhotos que Deus
tinha enviado para devorar suas colheitas, termina com: “contudo, não vos convertestes a mim”. Isso
indica que o propósito pretendido por Deus era que os gafanhotos chamassem as pessoas ao arre-
pendimento e à fé.
4. Leia Apocalipse 9.1-12 e responda às seguintes perguntas:
• Quem dá a chave do poço sem fundo em 9.1? Para quem ela é dada? (Veja Lc 10.18 e Ap 1.18.)
Em Lucas 10.18, Jesus diz: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago”. E, em Apocalipse
1.18, Jesus diz que tem as chaves da Morte e do Hades. Portanto, Apocalipse 9.1 descreve Satanás
como “uma estrela caída do céu na terra”, à qual Jesus deu a chave do poço sem fundo.
• Com base na origem dos gafanhotos, o que você acha que eles representam?
Como esses gafanhotos emergem da fumaça do poço sem fundo, eles provavelmente são demônios.
• Quem os gafanhotos são autorizados a prejudicar (v. 4)?
Só aquelas pessoas que não têm o selo de Deus na testa.
• Qual é o impacto dos gafanhotos sobre eles?
Eles são atormentados de maneira tão nefasta que querem morrer, mas não conseguem.

5. Leia Apocalipse 9.7-12. Sabemos que João não descreve características literais, já que ele usa a
palavra “como” (“semelhante a”) oito vezes. Porém, o poder maligno das trevas que ele descreve
é muito real. João usa imagens vívidas nesses versículos para retratar poderes espirituais demo-
níacos que emergem do poço sem fundo e o impacto que eles têm. O que você acha que João
pretende comunicar por meio das imagens a seguir?

• “semelhante a cavalos preparados para a peleja” (v. 7): fortes, invencíveis, numerosos, poderosos,
preparados para trazer destruição e derrota.

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• “como que coroas parecendo de ouro” (v. 7): governo, autoridade, vitória, riquezas, glória.

• “como rosto de homem” (v. 7): familiar, pode parecer amigável, envolvente, racional, astuto.

• “como cabelos de mulher” (v. 8): sedutor e atraente.

• “como dentes de leão” (v.8): capazes de triturar e devorar.

• “como couraças de ferro” (v. 9): invencível, impenetrável.

• “o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à
peleja” (v. 9): assalto rápido e avassalador.

• “tinham ainda cauda, como escorpiões” (v. 10): infligem dor, impacto mortal inesperado.

6. Leia Apocalipse 9.12-19. Por duas vezes, João diz que o perigo desses cavalos é o que sai de suas
bocas (v. 18-19). O que você acha que essas imagens podem comunicar? (Considere alguns dos
perigos que pressionavam as igrejas em Pérgamo e Tiatira em Apocalipse 2.14-16 e 2.20.)

Tanto a igreja de Pérgamo quanto a de Tiatira foram advertidas quanto a falsos ensinamentos. Jesus
disse à igreja em Pérgamo que, se ela não rejeitasse esse ensinamento e se arrependesse, ele pelajaria
contra os impenitentes “com a espada da [sua] boca” (2.16). Visto que fogo, fumaça e enxofre saem da
boca desses cavalos, podemos deduzir que esse é um quadro de falso ensinamento que vem de dentro e
de fora da igreja. Esse quadro indica a essência confusa, maligna e mortal do falso ensino e da adoração
a ídolos.

7. Leia Apocalipse 9.20-21. Vimos nas passagens do Antigo Testamento que as trombetas têm a
intenção de alertar e chamar as pessoas ao arrependimento. Quão eficazes são esses julgamentos
parciais e preliminares na consecução desse propósito?

Eles não funcionam. As pessoas se recusam a se arrepender e desistir de seus estilos de vida maus, idó-
latras e imorais.

Ouvimos as rajadas de seis trombetas. Agora, assim como João registrou uma pausa após o sexto selo
para revelar aqueles que haviam sido selados por Deus, paramos diante da sétima trombeta para ver o
que acontece na vida daqueles que são selados.

8. Leia Apocalipse 10.1-7. Quando a sétima trombeta soar, “cumprir-se-á, então, o mistério de
Deus”. O que os versículos a seguir nos dizem sobre esse mistério?

• Romanos 16.25-27: O “mistério guardado em silêncio nos tempos eternos”, mas que agora foi dado
a conhecer a todas as nações é o Evangelho de Paulo, a pregação de Jesus Cristo.

• Efésios 1.7-9: O mistério da vontade de Deus é o seu plano de unir todas as coisas no céu e na terra
por meio de Cristo, redimindo as pessoas pelo seu sangue.

• Efésios 3.6-10: O mistério é que “os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e copartici-
pantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”. O plano de Deus, agora revelado, é criar
um povo para si mesmo a partir de judeus e gentios

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Efésios 6.19: A missão de Paulo é proclamar corajosamente “o mistério do evangelho”. O mistério de
Deus a ser cumprido em Apocalipse 10 é a maneira como Deus trabalhou e continuará a trabalhar
por meio da morte e ressurreição de Cristo, a fim de criar um povo para si mesmo de cada tribo, lín-
gua e nação. Essas são as Boas Novas de Jesus Cristo, o Evangelho.

9. Leia Apocalipse 10.8-11. Por que você acha que o que está escrito no pergaminho é doce e
amargo?

É uma boa notícia de salvação para aqueles que a recebem, mas uma notícia amarga de julgamento para
aqueles que rejeitam a Deus. Também pode ser amargo por causa do sofrimento revelado nos versícu-
los que se seguem para aqueles que proclamam essas novas.

10. Leia Apocalipse 11.1-13. As duas testemunhas, duas oliveiras e dois candelabros parecem ter
o mesmo referencial. Como os versículos a seguir nos ajudam a entender quem são as testemu-
nhas? Por que há duas delas?

• Mateus 18.16: O padrão para aceitar o testemunho é que, “pelo depoimento de duas ou três testemu-
nhas, toda palavra se estabeleça”; de modo que duas testemunhas podem falar sobre a validade legal
do testemunho do Evangelho que a igreja dá.

• Lucas 10.1: Jesus enviou evangelistas aos pares.

• Apocalipse 1.20: Jesus diz aqui que os candeeiros representam igrejas. Assim, as testemunhas em
Apocalipse 11 são provavelmente as igrejas que declaram a verdade do Evangelho no mundo.

11. Como o mundo tratou as testemunhas em Apocalipse 11.7-12? Como isso reflete o que Jesus
disse a seus seguidores em João 15.18-20?

As testemunhas do Evangelho de Jesus experimentarão o mesmo tratamento por parte do mundo que
Jesus experimentou. Elas serão mortas, e suas mortes serão celebradas. No entanto, também ressuscita-
rão e serão elevadas ao céu.

12. O que Apocalipse 11.13 nos diz sobre o impacto das palavras das testemunhas, mesmo quando
elas enfrentam a morte por isso?

Parece que pelo menos alguns respondem com arrependimento e fé. Durante todo o resto de Apoca-
lipse, dar glória a Deus representa uma fé genuína. Por outro lado, isso pode ser algo menos do que
fé salvadora. Pode ser que os sobreviventes do terremoto estejam simplesmente apavorados com o
julgamento, de sorte que, com medo, finalmente caiam de joelhos diante de Deus, embora não com
verdadeiro arrependimento.

13. Leia Apocalipse 11.14-19. Quando a sétima trombeta soa, o que acontece com os servos de
Deus? O que acontece com as pessoas que a visão das sete trombetas tem repetidamente descrito
como “os que habitam na terra”?

Os servos selados de Deus o adoram quando Jesus vem e põe fim aos reinos do mundo e ao reino de
Satanás. Eles experimentam a recompensa prometida e desfrutam de sua presença. Aqueles que se opu-
seram a Deus e ao seu povo experimentam a sua ira e julgamento, sendo, assim, destruídos.

60
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Antes de começarmos a discutir os detalhes de Apocalipse 8–11, quais são as suas reações ini-
ciais ao quadro que João apresenta nesses capítulos?

Resposta pessoal.

2. Como o sopro das sete trombetas se relaciona com as pragas do Egito e o endurecimento do
coração do faraó, bem como com a derrota de Jericó quando os israelitas entraram na Terra
Prometida?

As pragas incluíam granizo, escuridão e o mar virando sangue, pragas que são retratadas nas quatro
primeiras trombetas. Assim como cada uma das pragas foi um ataque a um dos falsos deuses em quem
os egípcios depositavam sua confiança, cada uma das quatro primeiras trombetas é um ataque às coisas
do mundo em que as pessoas depositam sua confiança. Deus, porém, tinha mais um propósito com as
pragas: fazer com que os egípcios soubessem que ele é o Senhor. Deus tem o mesmo propósito com as
quatro primeiras trombetas: que o desespero levasse o mundo a conhecê-lo.

Na batalha de Jericó, as trombetas serviram como avisos do julgamento divino que estava prestes a
cair sobre os habitantes locais, devido à sua idolatria e abominações contra Deus. Esses avisos foram
ignorados. O sétimo dia de trombetas sinalizou a destruição completa de Jericó, bem como a tomada
da cidade por parte dos israelitas. Da mesma forma, as seis primeiras trombetas em Apocalipse 8 e 9 são
julgamentos parciais e preliminares que servem como advertências para que “os que moram na terra” se
arrependam. Todavia, esses avisos são amplamente ignorados. Quando a sétima trombeta toca, ela si-
naliza tanto a destruição completa daqueles que recusaram as advertências anteriores quanto a tomada
da terra que Deus prometeu àqueles que são selados.

3. Nancy sugeriu que as quatro primeiras trombetas apontam para “os falsos deuses em torno dos
quais as pessoas constroem suas vidas, os quais simplesmente não são capazes de dar o susten-
to ou a segurança que elas desejam”. Quais são os falsos deuses em torno dos quais as pessoas
constroem suas vidas e que as frustram? E, quando os falsos deuses delas falham, você já as viu se
voltarem para Deus em arrependimento e fé?

As pessoas constroem suas vidas em torno de suas carreiras, dinheiro, saúde física, beleza, filhos, repu-
tação, afiliações políticas ou sociais, hobbies, causas, conforto, filosofias.

4. Na quinta trombeta, vemos demônios saindo do inferno para atormentar pessoas que não são
seladas por Deus. Algumas das imagens usadas para descrevê-los (rostos humanos e cabelos fe-
mininos) fazem com que pareçam atraentes, e não feios ou perigosos. O que isso revela sobre a
verdadeira natureza da atividade demoníaca no mundo? Quais são algumas das maneiras como

61
Satanás e seus demônios atormentam e destroem as pessoas, de forma que suas vidas se asseme-
lhem à desolação causada por uma praga de gafanhotos?

Satanás está por trás de grande parte do mal absoluto que existe no mundo e devasta indivíduos, famí-
lias, grupos e nações. Não é difícil imaginar o poder demoníaco por trás de alguns dos atos e eventos
mais horrendos e hediondos ao longo da história, como o extermínio de judeus na Segunda Guerra
Mundial, o genocídio em Ruanda e a tortura e assassinato de cristãos por extremistas muçulmanos.
Contudo, o poder demoníaco também traz tormento e aflição generalizados por meio do mau uso de
coisas boas ou neutras — coisas que parecem atraentes e chamativas.

As drogas prometem prazer e fuga, mas adoecem e escravizam. O álcool parece promover diversão e
relaxamento, mas seu abuso pode levar ao vício destrutivo e consequências trágicas. O dinheiro pode
parecer prover a boa vida, mas também pode tornar as pessoas temerosas, egoístas e iludidas de que não
dependem de Deus. A “liberdade” sexual pode levar à tristeza e ao arrependimento.

5. Nancy sugeriu que os cavalos que surgem com a sexta trombeta e têm fogo, fumaça e enxofre
saindo de suas bocas apontam para o engano demoníaco do falso ensino dentro e fora da igreja.
Você concorda que tendemos a desculpar ou minimizar o perigo do falso ensino? Por que ou por
que não?

Ao considerarmos esse tópico, devemos reconhecer que pode ser difícil distinguir entre o que é “falso
ensino” dessa magnitude demoníaca e perigosa e o que é simplesmente teologia diferente — talvez até
errada, mas não demoníaca; não no nível de um evangelho diferente (Gl 1.6-9). Podemos absoluta-
mente ser muito casuais ou indiferentes em relação a falsos ensinamentos. No entanto, do outro lado
do espectro, muitos cristãos professos são rápidos demais para rotular todos com quem discordam
de hereges. Devemos viver na tensão aqui, tratando falsos ensinamentos verdadeiramente perigosos
— aqueles que descaracterizam a pessoa e a obra de Cristo — como uma atividade verdadeiramente
demoníaca, sem, porém, causar drama e divisão desnecessários entre os crentes genuínos ou acusar
falsamente nossos irmãos de praticarem atividade demoníaca.

6. Embora os julgamentos da trombeta em Apocalipse 8–9 sejam voltados para o mundo incrédulo,
o interlúdio sobre o pergaminho e as duas testemunhas foi uma mensagem para as sete igrejas
da Ásia e para nós hoje. Como as palavras de João sobre o pergaminho e as duas testemunhas o
assustam, intimidam, desafiam ou motivam?

Resposta pessoal.

7. Quando a sétima trombeta é tocada, vemos o que acontecerá no julgamento final para aqueles
que têm Abadom/Apoliom como seu rei, em contraste com aqueles que têm Cristo como seu
Rei. Quais são algumas das especificidades presentes em Apocalipse 11.15-19 que o trazem à
sobriedade ou o encorajam?

O destino daqueles que estão fora de Cristo é preocupante, pois todos conhecemos tantas pessoas que
estão enfrentando essa destruição eterna. No entanto, o destino de todos os que estão em Cristo traz
grande alegria e expectativa.

62
8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 8–11? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

Se uma pessoa está fora de Cristo, a reação mais importante ao ressoar dessas trombetas de advertência
é correr para Cristo.

Se, porém, uma pessoa está em Cristo, ela tem a bênção de um chamado, um propósito e uma razão para
continuar se levantando pela manhã em um mundo escuro. Ela tem boas notícias para compartilhar
com as pessoas que, à parte do poder do Evangelho, não têm esperança.

Uma pessoa que está em Cristo pode desfrutar de total segurança. Ela pode escapar das garras do mal, o
qual só a atormenta e espolia. Ela pode vir para sob o domínio de um Rei que a amará e abençoará, em
vez de enganá-la e feri-la. Ele tirará seu coração duro e lhe dará um coração novo, um coração que seja
suave e sensível à sua oferta de graça e misericórdia.

Seremos abençoados quando alguns nos ouvirem e se arrependerem. Muitos rejeitarão essa mensagem,
mas alguns virão a temer o Deus do céu e dar-lhe glória. E, quando a trombeta final soar, eles também
se encontrarão entre os servos, os profetas e os santos que temem o seu nome e desfrutarão de sua pre-
sença para sempre.

Sempre que somos tentados a ceder ao medo quando o mundo ao nosso redor ameaça nos atropelar,
temos a bênção de um refúgio. Não precisamos ter medo do que é apresentado nesses julgamentos,
visto que eles caíram sobre Jesus em nosso lugar. Ele trilhou esse caminho antes de nós. Ele trilhará esse
caminho conosco. Ele infundirá sua vida de ressurreição em nós. Ele virá para reinar conosco e para nos
recompensar. Quando a sétima trombeta soar, não nos arrependeremos do que nosso testemunho dele
tenha nos custado. Desfrutaremos para sempre do que nosso testemunho dele terá conquistado para
nós. Seremos abençoados para sempre pela sua recompensa dada a nós e pela sua presença conosco.

63
Capítulo 7 (Apocalipse 12–14)
Abençoados por viverem e morrerem em Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Leia Apocalipse 12.1-12. Como as passagens a seguir ajudam a determinar a quem ou o que João
se refere por meio do simbolismo das personagens listadas abaixo?

A mulher:

• Gênesis 3.14-15: O conflito descrito em Apocalipse 12, no qual se verifica a intenção do dragão de
devorar ou destruir a criança, começou com a maldição sobre a serpente. Deus disse que colocaria
inimizade entre a serpente e a mulher, bem como entre a prole da serpente e a prole da mulher. Con-
tudo, a prole desta um dia feriria (ou esmagaria) a cabeça da serpente (Satanás).

• Gênesis 37.9-10: No sonho de José, o sol, a lua e onze estrelas se referiam ao pai, à mãe e aos irmãos
de José. Essa foi a família que deu origem aos patriarcas da comunidade da aliança. As doze estrelas
na coroa da mulher representam as doze tribos de Israel.

• Êxodo 1.15-16, 22: Faraó fez guerra contra a prole das mulheres hebreias, ordenando às parteiras e,
eventualmente, a todo o povo egípcio que matassem todos os filhos nascidos das hebreias.

• Mateus 2.13-18: Herodes, um emissário de Satanás, procurou destruir Jesus em seu nascimento.

O dragão:

Andrew Naselli escreve em seu livro The Serpent and the Serpent Slayer: “‘Serpente’ é um termo guar-
da-chuva que inclui cobras e dragões. Trata-se de uma grande categoria. Cobras e dragões são tipos
de serpentes. A palavra grega δράκων (drakōn), explica um linguista grego experiente, refere-se a ‘uma
serpente monstruosa’”.

• Apocalipse 12.9: O grande dragão é “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de
todo o mundo”.

• Gênesis 3.1, 13-15: A antiga serpente presente no Jardim do Éden era “mais sagaz que todos os ani-
mais selváticos”. Em seu desejo de alienar de Deus a humanidade, ele enganou Eva. O Senhor, então,
a amaldiçoou a rastejar no pó e estar sempre em guerra com a mulher e sua prole.

• Ezequiel 32.2: O Senhor diz ao faraó, rei do Egito: “tu és como um dragão nos mares” (TB). Isso
indica que Satanás age por meio dos inimigos do povo de Deus em toda a Bíblia.

• Mateus 23.29-33: Jesus chama os escribas e fariseus de “serpentes, raça de víboras”, indicando que
eles estão em aliança com a serpente em seu desejo de destruir Jesus.

64
A criança:
• Salmo 2.7-9: O Filho e Rei de Deus, prefigurado pelo rei de Israel e cumprido na pessoa de Cristo,
governará as nações com uma vara de ferro.
• Miquéias 5.2-3: Miquéias profetiza que uma mulher em trabalho de parto daria à luz um governante
que nasceria em Belém e reconduziria os exilados das doze tribos para Israel.
2. Leia Apocalipse 12.7-12. Como as passagens a seguir nos ajudam a entender como o dragão —
isto é, o diabo — foi vencido por Cristo?
• Lucas 10.1, 17-20: Quando os discípulos voltaram depois de terem sido enviados por Jesus para
curar e proclamar o reino, Jesus conectou a declaração e demonstração de seu reino ao fato de Sata-
nás ter sido expulso do céu.
• João 12.31-33: Quando Jesus se preparava para ir à cruz, disse aos seus discípulos: “Chegou o mo-
mento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso”.
• Colossenses 2.13-15: Quando Jesus pagou a dívida pelo pecado dos eleitos em sua morte na cruz, ele
desarmou o governante deste mundo. Ele efetivamente tirou a única arma que o acusador tinha para
usar contra o povo de Deus na sala do trono celestial.
3. Leia Apocalipse 12.13-17. Uma vez que Satanás foi expulso do céu para a terra, qual é o seu
foco agora?
Ele está focado em fazer guerra contra o resto da prole da mulher, ou seja, aqueles que estão unidos a
Cristo pela fé.
4. Leia Apocalipse 13.1-4. Quando os leitores originais do Apocalipse de João leram sobre uma
besta emergindo do mar, essa imagem provavelmente teria soado familiar, tendo em vista seu
conhecimento da visão registrada em Daniel 7.3-8. Que semelhanças você vê entre a visão de
Daniel de quatro bestas que emergem do mar e a visão de João de uma besta que também pro-
cede do mar?
A besta de João é uma composição das quatro bestas que Daniel viu (leão, urso, leopardo, dez chifres).
Os dez chifres da quarta besta de Daniel são interpretados como dez reis em Daniel 7.24.
5. Leia Apocalipse 13.5-8. Várias vezes João descreve essa besta que emerge do mar como “blas-
fema”. Uma forma de blasfêmia é representar falsamente Deus. Para cada uma das seguintes
declarações sobre Jesus feitas nos Evangelhos e em Apocalipse, escreva uma declaração con-
trastante sobre a maneira como a besta falsamente se apresenta como Cristo. (A primeira foi
concluída para você como exemplo.)
• Jesus tem seu poder verdadeiro e eterno simbolizado por chifres (5.6), além de ter sua autori-
dade simbolizada por muitos diademas (19.12).
13.1: A besta tem chifres e diademas que falsamente reivindicam a autoridade soberana e universal
que pertence somente a Deus.4

4 G. K. Beale com David H. Campbell, Revelation: A Shorter Commentary (Grand Rapids: Eerdmans, 2015), p. 268 [edição em português: Brado de
Vitória (São Paulo: Cultura Cristã, 2017)].

65
• Jesus tem um nome escrito em sua testa que ninguém além dele mesmo conhece (19.12). (No
Antigo Testamento, conhecer um nome significa ter controle sobre aquele que o porta, de
modo que um nome que ninguém conhece poderia ser uma forma simbólica de expressar a
soberania absoluta de Cristo.)5

13.1: A besta tem nomes blasfemos — ou seja, falsas alegações de realeza divina — em suas cabeças.

• Jesus recebe o reino do Pai (Lc 22.29).

13.2: A besta recebe seu poder e trono do dragão.

• Jesus foi verdadeiramente morto e ressuscitou dentre os mortos (Mt 28.5-6).

13.3: A besta parecia ter uma ferida mortal que havia sido curada.

• Jesus recebeu toda a autoridade no céu e na terra por toda a eternidade (Mt 28.18).

13.5: A besta tem permissão para exercer autoridade na terra por um período limitado.

• Jesus vence por meio de seu sofrimento pelos outros, redimindo pessoas de todas as tribos,
povos, línguas e nações (Ap 5.9).

13.7: A besta vence infligindo sofrimento aos outros e exercendo domínio tirânico sobre cada tribo,
povo, língua e nação.

6. Leia Apocalipse 13.11-18. Assim como a primeira besta é um cristo falsificado, essa besta que
emerge da terra é um falso espírito santo. Mais uma vez, escreva declarações que contrastem a
besta terrestre com o Espírito Santo com base nos versículos indicados em Apocalipse 13.

• O Espírito Santo aponta para Cristo e o glorifica (Jo 15.26).

13.12: A besta terrestre faz as pessoas adorarem a besta marinha.

• O Espírito Santo confirma o Evangelho por meio de sinais milagrosos, incluindo as línguas de
fogo que repousaram sobre os discípulos no Pentecostes (At 2.3-4).

13.13: A besta terrestre realiza grandes sinais, chamando fogo do céu.

• O Espírito Santo guia as pessoas a toda a verdade (Jo 16.13).

13.14: A besta engana os que habitam na terra.

• O Espírito dá vida às pessoas feitas à imagem de Cristo (2Co 3.6).

13.15: A besta terrestre dá fôlego à imagem da besta marinha.

5 Ibid.

66
• O Espírito Santo sela os crentes como pertencentes a Jesus (Ef 1.13-14).

13:16: A besta terrestre coloca uma marca (ou sela) aqueles que adoram a imagem da besta do mar.

7. A marca que a besta coloca naqueles que a adoram é uma paródia ou selo falsificado, o oposto
do selo ou marca dada pelo Espírito Santo. Embora tenha havido muita confusão e controvérsia
sobre o que seria “a marca da besta” em Apocalipse, talvez parte do problema seja que essa ex-
pressão não é interpretada no contexto do livro de Apocalipse, muito menos no contexto de toda
a Bíblia. O que você encontra nos versículos a seguir que nos ajuda a entender corretamente o
que essa marca simbólica imita?

• Êxodo 28.36-38: Arão, o sumo sacerdote, trazia o nome de Deus na testa sempre que entrava na
presença de Deus no tabernáculo. Uma placa de ouro puro na qual a frase “Santidade ao Senhor”
estava gravada foi presa ao turbante.

• Ezequiel 9.3-6: Na visão de Jerusalém que Ezequiel teve, o homem vestido de linho foi instruído a
colocar uma marca na testa daqueles que suspiravam e gemiam pelas abominações que ali eram co-
metidas. Somente essas pessoas foram poupadas por ocasião do julgamento que veio sobre a cidade.

• Efésios 1.13-14: Aqueles que creem em Cristo são selados (ou marcados) com e pelo Espírito Santo
da promessa como garantia de sua herança.

• Apocalipse 3.12: Jesus promete escrever o nome de Deus e o nome da Nova Jerusalém naqueles que
vencerem e permanecerem fiéis.

• Apocalipse 14:1: Os 144.000 (que, conforme aprendemos anteriormente, são o povo completo de
Deus das eras do Antigo e do Novo Testamento) têm o nome do Cordeiro e do Pai em suas testas.
Eles também são marcados — não pela besta, mas pelo Cordeiro; para a salvação, e não para a des-
truição. Essa marcação indica que são possuídos e protegidos por Deus.

8. Leia Apocalipse 14.1-5. Assim como vimos a proteção final e o destino do povo de Deus nos sete
selos e nas sete trombetas, aqui os redimidos estão reunidos no Monte Sião com o Cordeiro. O
que você percebe sobre a fé e o caráter deles?

Eles adoram o Cordeiro e o seguem para onde quer que ele vá, o que indica obediência e submissão.
Eles não se contaminaram, mas foram espiritualmente fiéis. São irrepreensíveis e não mentem.

9. Leia Apocalipse 14.6-20. Que chamado emitido aos santos em 13.10 é repetido em 14.12? Como
o contexto de Apocalipse 12–14 nos ajuda a entender a finalidade e o motivo do chamado deles?

O apelo repetido é pela perseverança e fé dos santos. O contexto maior mostra que os santos estão sob
ataque do dragão e das duas bestas. Essa trindade profana tem poder, e ela o usa para perseguir e enga-
nar, procurando levar os crentes a abandonar a adoração a Deus e a adorar a besta. Os crentes precisarão
de perseverança para resistir a esses ataques, bem como de sabedoria para reconhecer as mentiras e
esquemas do inimigo. Eles precisarão persistir em crer que, embora as provações sejam esmagadoras, o
julgamento é certo e que aqueles que permanecerem fiéis ao Cordeiro acabarão por estar diante de seu
trono em alegre adoração.

67
10. Leia Apocalipse 14.14-20. Como as passagens a seguir lançam luz sobre as duas colheitas
aqui descritas?

• Isaías 63.1-6: Usando a imagem do pisoteio de uvas em um lagar para apresentar o julgamento final,
Isaías apresenta o guerreiro divino do fim dos tempos, o Messias, que vem em vingança final.

• Mateus 13.24-30: A parábola de Jesus sobre a plantação de joio entre o trigo retrata um inimigo do
semeador que quer prejudicar a colheita e, assim, o semeador. Também retrata uma colheita final em
que o joio — isto é, os incrédulos — será amarrado e queimado (semelhante às uvas que vão para o
lagar), ao passo que o trigo — ou seja, os crentes — será reunido a Jesus.

68
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Muitas pessoas modernas pensam que a ideia de que um demônio real está em ação no mundo é
meramente uma tática de medo religioso. Porém, de Gênesis a Apocalipse, Satanás é apresenta-
do como um ser muito real. Na verdade, João o destaca em Apocalipse 12–13. Por que você acha
que foi importante para o primeiro público da carta de João entender a realidade, as intenções
e as limitações de Satanás? E por que é importante que as pessoas em nossos dias também com-
preendam sua realidade, intenções e limitações?

Os primeiros ouvintes/leitores precisavam reconhecer que o mal de Roma era inspirado e energizado
por Satanás, para que eles não se comprometessem com ele. Da mesma forma, as pessoas em nossos
dias precisam reconhecer o mal satânico e o propósito subjacente a muitas instituições e organizações
políticas, sociais e religiosas, de modo que nos recusemos a dar nossa fidelidade a elas e reservemos
nossa fidelidade apenas a Cristo.

As pessoas da época de João, assim como as pessoas de nossos dias, precisam ver que há uma história
muito maior, uma batalha muito maior acontecendo no mundo. Perceber que nosso sofrimento faz parte
das táticas de um inimigo real em uma verdadeira guerra cósmica nos dá a perspectiva necessária para nos
engajarmos na luta do lado vencedor e resistirmos ao inimigo de nossas almas. Reconhecer as intenções
do inimigo — afastar-nos de Cristo e, em última análise, nos destruir — nos ajuda a ver através dos meios
aparentemente atraentes que ele usa para realizar esse fim. Além disso, reconhecer as limitações do inimi-
go nos dá coragem para continuar lutando, sabendo que, por mais derrotados que nos sintamos em nossas
próprias forças, em última análise, não lutamos uma batalha perdida, mas uma que já foi vencida.

2. João foca o dragão como o enganador de todo o mundo e o acusador dos irmãos. Como a manei-
ra como os crentes vencem (12.11) se relaciona com esses dois aspectos dos esforços de Satanás?

Os crentes vencem pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho. O sangue do Cordeiro
derramado na cruz pagou o preço por seus pecados, de modo que Satanás não tem mais legitimidade
para acusá-los.

O fato de vencerem pela palavra de seu testemunho demonstra que não foram enganados. Eles abraçam
o Evangelho de Cristo. Eles amam Cristo mais do que suas próprias vidas, o que demonstra que Satanás
não foi vitorioso em seus esforços para aliená-los de Deus. Seu testemunho é uma declaração sobre
quem é Jesus e o que ele fez — ele é a própria Verdade ( Jo 14.6), em oposição direta ao enganador.

3. Como você explicaria a identidade da besta do mar?

O número da besta é 666, que poderíamos entender como “humanidade-humanidade-humanidade”


ou “humanidade em grau máximo”. Isso nos leva a ver que a besta representa o poder, a glória e a rea-
lização humana à parte de Deus, que é santo-santo-santo, ou seja, Deus em grau máximo. Trata-se da
cidade do homem separada — e, de fato, em guerra contra — a cidade de Deus.

69
Para o público original de João, o referente imediato era o poder imperial de Roma, que assumia a au-
toridade suprema. César exigia ser adorado como um deus. Porém, a besta também representa todos
os impérios, ideologias e sociedades ao longo da história humana que exaltam seu próprio poder como
supremo e se posicionam contra Deus e seu povo.

4. Apocalipse 13.7 diz que a besta foi autorizada a fazer guerra contra os santos e vencê-los. Quem
“permitiu” que a besta fizesse guerra contra os santos? O que significa que a besta os venceu?
Como isso se relaciona com o refrão que é repetido nessa passagem e chama os santos à perseve-
rança e à fé?

Deus é quem concede poder a Satanás, mas ele é limitado (ver Jó 1 e Lc 22.31-32). Tudo o que ele
permite que Satanás faça servirá, em última análise, para colocar sua glória em exibição, inclusive a
perseguição aos crentes (1Pe 4.12-13). Não é que tanto a besta quanto os cristãos obtenham algumas
vitórias alternadas, e sim que o mesmo evento — o martírio dos cristãos — é descrito tanto como a
vitória da besta sobre eles quanto como a vitória deles sobre ela. Os cristãos vencem a besta pelo seu
testemunho fiel da verdade de Deus até mesmo em face da morte, a qual os vitima em decorrência da
preservação desse seu testemunho. Esse é o coração da perseverança e da fé.

Já que Deus e aqueles que lhe são fiéis são, em última análise, vitoriosos, a vitória da besta descrita aqui
é meramente temporária. Pode realmente parecer que a besta vence — assim como parecia que Satanás
triunfara sobre Jesus e o derrotara na cruz. Jesus, no entanto, ressuscitou dentre os mortos, derrotando Sa-
tanás e a morte para sempre. Portanto, devemos sempre lembrar que os “resultados” que vemos de nossa
perspectiva limitada não são toda a história. A derrota imediata, aqui e agora, não significa derrota final.

5. Como você explicaria a alguém o que é ou significa “a marca da besta”?

Receber essa marca é adorar a besta (poderes ou organizações políticas ou ideológicas centradas no ser
humano) como senhor em lugar de Cristo. João alerta todos os cristãos em todas as épocas para que
estejam em guarda contra a tentativa desses poderes de nos impor sua marca sempre que nos forçam a
dar nossa fidelidade a alguém que não seja Cristo ou a procurar a salvação fora dele.

Em vez de uma marca física, essa é uma marca espiritual — um sinal de identificação, pertencimento,
lealdade ou dependência. Cada indivíduo é ou marcado pelo Espírito para Cristo, ou marcado pela besta.

6. Como você explicaria a relação entre a besta do mar e a besta da terra?

A besta da terra é um falso espírito santo que atrai as pessoas para a adoração à besta do mar, assim
como o verdadeiro Espírito Santo atrai as pessoas para a adoração a Jesus Cristo. Em Apocalipse 16.13,
essa besta é chamada de falso profeta. A besta da terra dá respaldo religioso a entidades políticas, sociais
e ideológicas, as quais, na verdade, estão dispostas a detrair e destruir o povo de Deus.

7. Apocalipse apresenta uma batalha cósmica que está em curso. Contudo, Apocalipse não é o pri-
meiro lugar em que lemos sobre esse conflito em andamento. Leia as seguintes passagens em voz
alta e discuta como elas se relacionam com o que é apresentado em Apocalipse 12–14:

• 2 Coríntios 11.13-15: Paulo fala daqueles que se disfarçam de apóstolos de Cristo, assim como Sa-
tanás se disfarça de anjo de luz. Isso ressalta a natureza falsa das bestas em Apocalipse 13 — elas

70
imitam o único Deus verdadeiro para enganar as pessoas. “O fim deles será conforme as suas obras”,
escreve Paulo, o que é vividamente ilustrado em Apocalipse 14.17-20.

• Efésios 6.11-13: Estamos em uma guerra cósmica e somos chamados a lutar contra os planos do dia-
bo. Quando governos, instituições, organizações ou indivíduos vêm contra nós por causa de nossa
lealdade a Cristo e do nosso testemunho a respeito dele, não simplesmente enfrentamos um inimigo
humano. A oposição é inspirada e fortalecida por Satanás. Precisamos da armadura que Deus for-
nece para sermos capazes de permanecer firmes e resistir. Isso ilumina a maneira como o dragão faz
guerra contra a prole da mulher em Apocalipse 12.17.

• Tiago 4:4: A afirmação de Tiago de que “a amizade do mundo é inimiga de Deus” aponta para a rea-
lidade de que há apenas dois lados na guerra cósmica, sem neutralidade nem concessões. Da mesma
forma, Apocalipse 12–14 ensina que todas as pessoas têm ou a marca da besta, ou a marca de Cristo.

8. O que o impressiona sobre a reunião e a canção retratada em Apocalipse 15.1-4? Você tem difi-
culdade em se imaginar tendo essa mesma reação? Por que ou por que não?

Sabemos, com base em Apocalipse 4.6, que um mar de vidro está diante do trono de Deus. Assim, esses
adoradores que se acham “junto ao mar” (NVI) estão reunidos ao redor do trono de Deus. Eles são os
que venceram a besta por meio de sua recusa de dar ouvidos a seus fascínios e mentiras, pois calcularam
corretamente seu número (Ap 13.18) e avaliaram corretamente suas alegações falsas.

Seu canto celebra a justiça, a santidade e a retidão de Deus demonstradas em sua obra de julgamento
contra seus inimigos e na salvação de seu povo, motivo pelo qual ele é adorado, temido e glorificado por
pessoas de todas as nações.

De nossa perspectiva terrena, podemos pensar que sentiríamos apenas alívio ou mesmo angústia.
Entretanto, a passagem indica que celebraremos. Isso pode ser difícil de imaginar agora, visto que pode-
mos nos perguntar se nos sentiremos em conflito. É aí que precisamos de Apocalipse para nos instruir.

9. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 12.1–15.4? E, se a bênção é
prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bên-
ção pode tomar?

Ouvir e guardar essas palavras é acreditar que estamos em uma guerra cósmica e viver com uma “men-
talidade de guerra”. Não devemos esperar facilidade e conforto, mas, em vez disso, temos de esperar
oposição e ataques. É preciso que vejamos que as nossas escolhas não são neutras; elas sempre contri-
buem para a vitória ou para a derrota. Além disso, devemos acreditar que, por mais derrotados que nos
sintamos ou por mais desesperançosa que a situação pareça em determinado momento, essa não é toda
a história — na verdade, a vitória é certa, e o julgamento perfeito do mal é inevitável.

Ser abençoado, então, significa ser fortalecido pelo Espírito para resistir e perseverar. Significa partici-
par da vitória — o privilégio de estar na luta e desferir golpes no inimigo, ajudando a libertar os cativos.
Significa ser selado pelo Espírito, mantido a salvo do inimigo enganador e preservado para a adoração
vitoriosa ao redor do trono.

71
Lição 8 (Apocalipse 15–16)
Abençoados por estarem prontos
para a volta de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Apocalipse 15.3-4 nos fornece as palavras da canção que é cantada sobre Deus diante de seu
trono, uma canção que celebra a realização de sua ira (15.1). Faça uma lista de palavras desses
versículos que caracterizem como os cantores veem a ira de Deus.

Grande, maravilhosa, justa, verdadeira, digna de glória; ela demonstra a santidade única de Deus e
como ele merece adoração.

2. Leia Apocalipse 15.5-8.

• O que há nas taças carregadas pelos sete anjos?

A ira de Deus.

• De onde vieram os sete anjos que seguravam essas sete taças?

Do santuário, que está cheio de fumaça da glória de Deus e do seu poder.

• Em Apocalipse 5.8, lemos sobre “taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”.
Em Apocalipse 6.10, ouvimos as orações dos mártires: “Até quando […] não julgas, nem vingas
o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Agora, taças de ira saem do santuário onde Deus
habita. Que conexão você acha que devemos fazer entre as orações e a ira de Deus nas taças?

Apocalipse 16 nos mostra que a ira de Deus que é derramada nas taças é sua resposta às orações dos
santos por vingança.

3. Leia Apocalipse 16.1-8, observando que as quatro primeiras taças afligem as mesmas esferas que as
quatro primeiras trombetas (8.7-12). Qual é a principal diferença entre as taças e as trombetas?

Os julgamentos das trombetas no capítulo 8 eram advertências limitadas, afetando apenas um terço de
seus alvos. No entanto, as taças são julgamentos de ira e destruição, afetando a totalidade de seus alvos.
São mais intensos e mais finais.

4. Leia o que o anjo encarregado das águas diz em Apocalipse 16.5-7. Como você resumiria seu
ponto principal?

Os julgamentos que Deus derrama são justos. As pessoas recebem o que merecem por matar os santos
e profetas.

72
5. Apocalipse 15–16 apresenta a salvação do povo de Deus por meio da destruição dos inimigos
de Deus, que são os opressores de seus filhos, como uma reminiscência da salvação de Israel por
meio da destruição de seus opressores, os egípcios. Para ver as semelhanças, escreva uma frase
sobre o que ocorre em Apocalipse que seja a mais paralela possível à frase fornecida sobre os
eventos relatados em Êxodo.

A EXPERIÊNCIA DOS ISRAELITAS EM A EXPERIÊNCIA DOS SANTOS EM


ÊXODO APOCALIPSE
Moisés e Arão jogaram fuligem no ar, e ela se tornou 16.2: Um anjo derrama sua taça sobre a terra, e “aos
“tumores que se arrebent[aram] em úlceras nos homens e homens portadores da marca da besta e adoradores da sua
nos animais”. (9.9) imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas.”

Arão estendeu seu cajado, e o Nilo foi transformado em 16.3-4: Os anjos derramam suas taças, de forma que o
sangue. (7.20) mar e os rios se tornam sangue.

A resposta do faraó às pragas foi um coração endurecido. 16.9, 11, 21: A resposta dos opressores aos julgamentos
(7.13; 8.15, 19, 32; 9.7, 12, 34, 35; 10.1, 20, 27; 11.10; 14.8) das taças é amaldiçoar a Deus e recusar-se a arrepender-
se.

Moisés estendeu a mão em direção ao céu, e o reino do 16.10: O anjo derrama sua taça, e o reino da besta é
Egito foi mergulhado nas trevas. (10.22) mergulhado em trevas.

Arão estendeu seu cajado sobre os rios, e sapos cobriram 16.12-14: O anjo derrama sua taça no rio; como
a terra do Egito. (8.6) consequência, espíritos impuros como sapos saem e cobrem
o mundo com seu engano demoníaco.

Moisés estendeu a mão sobre o Mar Vermelho, e sua água 16.12: O anjo derrama sua taça no Rio Eufrates, de forma
se represou de maneira a formar muros, a fim de que se que sua água se seca para preparar o caminho para os reis do
preparasse o caminho para o exército egípcio entrar no
lugar de sua destruição. (14.21-23) leste entrarem no lugar de sua destruição.

Moisés estendeu seu cajado em direção ao céu, e o Senhor 16.17-18, 21: O anjo derrama sua taça no ar, e o Senhor
enviou trovões, granizo e fogo sobre o Egito. (9.23) envia relâmpagos, trovões, um grande terremoto e granizo
sobre o povo.

Faraó e seu exército foram para o meio do mar em terra 16.19; 15.2: A grande cidade da Babilônia é destruída no
seca e acabaram por ser destruídos pelo julgamento de julgamento de Deus, enquanto o povo de Deus está em
Deus, enquanto os israelitas foram libertos em segurança. segurança ao lado do mar.
(14.23-29)

De pé junto ao Mar Vermelho, os israelitas cantaram 15.2-3: De pé junto ao mar de vidro, os santos cantam
um cântico de louvor ao Senhor, celebrando a salvação um cântico de louvor ao Cordeiro, celebrando a salvação
realizada pela destruição do faraó e seu exército, seus alcançada pela destruição de seus opressores.
opressores. (15.1-18)

73
6. Leia Apocalipse 16.8-11, 21. Como as pessoas reagem ao julgamento que Deus derrama sobre elas?

Elas ainda se recusam a arrepender-se e dar glória a Deus. Não se arrependem do que fizeram. Em vez
de clamar a Deus por misericórdia, continuam a amaldiçoá-lo.

7. Leia Apocalipse 16.12-16. Lemos anteriormente sobre o dragão, a besta do mar e a besta da ter-
ra. Aqui (assim como em 19.20 e 20.10) o terceiro membro dessa “trindade profana” é chamado
de falso profeta.6 O que você acha que João quer comunicar ao enfatizar que o que sai de suas
bocas são sapos?

Em um esforço para reunir seus súditos para um ataque final a Deus e seu povo, eles espalham mentiras
e enganos. Não dizem a verdade sobre Deus, sobre sua bondade, sobre seu povo nem sobre sua própria
destruição.

8. Leia Apocalipse 16.15, onde Jesus parece introduzir sua voz no relato que João faz de sua visão
das taças. Como você resumiria a mensagem de Jesus sobre as implicações das taças para as igre-
jas para as quais João escreve?

Jesus quer que as igrejas saibam que ele virá quando não o esperam. Ele lhes diz que podem esperar
experimentar sua bênção, e não sua maldição, ao permanecerem alertas e preparadas para sua vinda.
Estar pronto para que ele volte a qualquer momento é perseverar na fé em Cristo.

9. Em Apocalipse 16.16, todos os inimigos de Deus estão reunidos no lugar chamado Armagedom,
que é, literalmente, o “monte de Megido”. Megido foi o local de batalhas notáveis na história de
Israel contra seus inimigos (Jz 5.19; 2Cr 35.22).

• Leia Zacarias 12.11. Megido não é descrito como uma montanha, mas como o quê?

Uma planície.

• Leia Salmo 48.1-8. Onde os reis da terra se reúnem para uma grande batalha contra Deus?

No Monte Sião.

• Já vimos antes que João usa cidades e lugares reais, como Babilônia, Sodoma, Egito e Jerusa-
lém, para retratar realidades espirituais. Também vimos que ele mistura certas imagens para
nos ajudar a entender diferentes aspectos de uma realidade espiritual. O que João poderia
desejar comunicar ao combinar a imagem de um campo de batalha histórico de Israel com a
imagem do Monte Sião, a localização terrena consumada do trono de Deus?

Na qualidade de local de batalhas-chave na história de Israel, Megido simboliza o local onde os reis
da terra se reúnem para a batalha contra o Senhor e seu povo. Essa batalha final é também a batalha
travada por Deus a partir de sua habitação e em benefício dela, que é chamada de seu santo monte e,
em toda a Bíblia, é descrita como o Monte Sião. Assim, a imagem do Armagedom — ou “Monte de

6 “É a primeira vez que a frase ‘falso profeta’ aparece no livro. Ela resume o papel enganador da segunda besta do cap. 13, cujo propósito é enganar as
pessoas para que adorem a primeira besta” (Beale, p. 342).

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Megido” — mistura o símbolo tipológico das batalhas contra Deus e seu povo com a projeção terre-
na do céu, onde Deus é entronizado. Talvez João combine essas imagens para que reconheçamos a
batalha que ele descreve como a última e derradeira batalha de Satanás e de seu reino contra Cristo
e seu reino, da qual emergirá a plenitude profetizada do Monte Sião.

10. Leia Apocalipse 16.17-21. A sétima taça retrata o impacto do julgamento final, que João descreve
como uma substituição dramática da criação pela Nova Criação. Como ele retrata isso de forma
semelhante nos versículos seguintes em Apocalipse?

• 6.14: “... o céu recolheu-se como um pergaminho [...] todos os montes e ilhas foram movidos do seu
lugar.”

• 16.20: “Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados...”

• 20.11: “... fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.”

• 21.1: “... o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.”

11. Em Apocalipse 16, testemunhamos taças de ira sendo derramadas sobre aqueles que se recusam
a se arrepender. Contudo, Deus deseja derramar algo muito diferente sobre aqueles que se arre-
pendem e creem. Observe o que Deus, em lugar da ira, deseja derramar sobre nós nos seguintes
versículos:

• Romanos 5.5: Deus derrama seu amor em nossos corações, dando-nos o Espírito Santo.

• Tito 3.5-6: Deus derrama o seu Espírito Santo sobre nós por meio de Jesus Cristo, para que sejamos
herdeiros que tenham a esperança da vida eterna.

75
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Você pode se identificar com a sugestão de Nancy de que muitos de nós realmente não queremos
olhar muito de perto para a ira de Deus? Quais são algumas das razões pelas quais estamos des-
confortáveis com isso?

Alguns se sentem desconfortáveis porque temem que alguém que amam esteja suscetível à ira de Deus
— ou talvez porque eles mesmos estejam suscetíveis a ela. Alguns a veem como injusta, dura demais,
violenta demais. Quando o pecado não nos parece tão ruim, a ira parece desproporcional, como uma
reação exagerada. E, quando o caráter de Deus é reduzido a “Deus é amor”, pode ser difícil para alguns
conciliar a convivência perfeitamente santa da ira e do amor.

2. Como ver os paralelos entre Apocalipse 15–16 e as pragas em Êxodo pode ajudar a moldar ou
ajustar nossa perspectiva sobre a ira de Deus?

Êxodo retrata inimigos claros e tangíveis: o povo egípcio que oprimiu e escravizou o povo de Deus;
o faraó que matou bebês hebreus e se recusou a libertar o povo de Deus. Os detalhes da história
preparam o leitor para se alegrar com a destruição desses inimigos, visto que sua condenação era tão
obviamente merecida — eles eram claramente “os vilões”. Colocar essa história ao lado de Apocalip-
se 15–16 nos lembra de que as pessoas que suportam o julgamento de Deus no final são igualmente
merecedoras. Por causa da perseguição implacável dos egípcios aos israelitas, a ira derramada sobre
o Egito foi justa. Da mesma forma, por causa da perseguição implacável ao povo de Deus, a ira der-
ramada em Apocalipse é justa.

Quando vemos a semelhança entre a recusa repetida do faraó em se arrepender e daqueles que, em
Apocalipse 15–16, insistem em não se arrepender, também nos lembramos de que Deus realmente
estendeu sua paciência, dando às pessoas muitas oportunidades de se arrependerem. Elas, no entanto,
se recusam a fazê-lo.

3. Que elementos e imagens em Apocalipse 15–16 podem nos ajudar, caso vejamos a ira de Deus
como injusta?

Sua ira emerge do santuário onde habita sua santidade e é uma resposta às orações dos santos para que
Deus vingue suas mortes. É realizada por anjos vestidos de linho branco, o que manifesta a pureza e a
justiça dos juízos. Se os santos habitantes do céu — que podem ver muito mais do que nós, a partir de
nossa limitada perspectiva terrena, somos capazes de enxergar — celebram o julgamento divino como
justo, verdadeiro e louvável, isso deve nos encorajar a fazer o mesmo.

Ter em mente que os condenados a beber sangue derramaram o sangue do povo de Deus nos lembra
de que o castigo equivale ao crime. Além disso, três vezes se diz que aqueles que experimentam o julga-
mento não estão arrependidos, não estão dispostos a dar glória a Deus e o amaldiçoam até o fim. Eles
têm repetidamente recebido a oportunidade de se arrepender, mas resistem. Não são pessoas inocentes

76
que desconhecem a Deus, mas culpadas que se recusam a clamar a Deus por graça e misericórdia. No
fim, conseguem o que querem: não querem ter nada a ver com Deus; não querem estar perto dele, mui-
to menos viver com ele para sempre.

4. Quando o sexto anjo derrama sua taça, os líderes dos inimigos de Deus — o dragão, a besta e o
falso profeta, que são descritos como espíritos demoníacos — reúnem seus súditos para uma
batalha final contra o reino de Deus. É-nos dito o que sai de suas bocas: engano. Eles enganam os
habitantes de seu reino e todos os reis da terra para se reunirem para a batalha contra os santos.
Que tipo de mentiras você acha que eles podem estar espalhando sobre Deus e seu povo?

• Deus não é bom. Ele não é a solução, mas o problema.

• Jesus realmente não voltará por você. Somos nós que estamos no poder.

• Um Deus distante não pode salvá-lo ou protegê-lo.

• Seu sofrimento atual significa que Deus não se importa verdadeiramente com você. Ele o abandonou.

• O povo de Deus, com sua busca por uma vida santa, se opõe a tudo aquilo em que acreditamos e que
queremos para este mundo.

• O Deus da Bíblia e Jesus são simplesmente uma construção religiosa. Vamos acabar com esse mito
antigo, suas reivindicações de verdade, seus padrões morais e exigências.

• O progresso e a grandeza humana não são servidos pela noção de que há um Deus no céu que mere-
ce glória. A igreja está nos impedindo de tudo o que a humanidade pode se tornar e realizar.

5. No meio do julgamento da sexta taça, enquanto a trindade profana reúne os reis do mundo in-
teiro para uma batalha final contra os santos, Jesus intervém. Ele fala diretamente aos santos,
garantindo-lhes que aparecerá para essa batalha: “Eis que venho como vem o ladrão. Bem-a-
venturado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua
vergonha” (Ap 16.15). O que você acha que significa para nós, como crentes, “vigiar” e “guardar
nossas vestes”?

Manter-se acordado e vestido é estar pronto para a volta de Jesus. Não devemos ser ninados em com-
placência, comprometimento ou letargia espiritual, acreditando que temos todo o tempo do mundo ou
que o que fazemos com nossas vidas realmente não importa muito. Não devemos supor que podemos
nos permitir desfrutar da vida neste mundo sem ter muita consideração por Cristo ou sem lhe demons-
trar muita fidelidade. Em vez disso, devemos estar alertas e preparados para o dia de sua vinda, o dia em
que seremos responsabilizados pela forma como passamos nossas vidas.

Em vez de sermos pegos “nus”, cometendo adultério espiritual com a Babilônia, devemos nos
vestir da justiça de Cristo todos os dias e viver de uma maneira que reflita a justiça que ele nos im-
putou. Devemos ser fiéis a Jesus, estar focados nele e ansiar pelo seu retorno. Devemos nos juntar
a ele na luta contra nosso inimigo, confiando que ele voltará para corrigir todos os erros e fazer
novas todas as coisas.

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6. (Leiam lentamente o Salmo 2 juntos, estrofe por estrofe.) Que correspondências você vê entre o
Salmo 2 e Apocalipse 15–16?

Salmo 2.1-3 retrata as nações que se enfurecem e se colocam contra o Senhor e seu Ungido (o Rei
Jesus) para a batalha. Elas parecem pensar que a batalha lhes proporcionará libertação de Deus, mas, em
vez disso, enfrentarão a ira de Deus (2.4-5). Isso se reflete na imagem de Apocalipse dos reis do mundo
inteiro se reunindo para a batalha (15.14-6), mas enfrentando a ira de Deus (15.19).

O resultado da batalha no Salmo 2.6 é que o Rei escolhido por Deus é instalado em seu santo monte, o
Monte Sião. Esse é o mesmo resultado da batalha apresentada em Apocalipse 16, 19 e 20, na qual Jesus
será estabelecido como o Rei em Sião, que, então, abrangerá toda a Terra.

No Salmo 2.7-9, as nações são prometidas ao Filho como herança. Junto com essa promessa, faz-se o
pronunciamento de que o Filho alcançará a vitória sobre elas com força e poder. Apocalipse também
retrata o Rei, o Filho, alcançando a vitória sobre os reis da terra por ocasião do recebimento de sua he-
rança — um povo proveniente de todas as nações.

Salmo 2.10-11 adverte os reis da Terra a servirem ao Senhor com temor para serem protegidos de sua
ira. A revelação fornece imagens das repetidas advertências fornecidas no julgamento de Deus.

No Salmo 2.12, aqueles que se refugiaram no Filho, o Rei, serão abençoados, salvos e protegidos. Em
Apocalipse 16, aqueles que estão revestidos da justiça de Cristo serão abençoados, salvos e protegidos.

7. Nancy disse que os filhos de Deus “enxergam a sabedoria, a bondade e o amor leal de Deus” na ira
que ele derrama sobre aqueles que os perseguem. De que maneira o julgamento de Deus contra
os ímpios demonstra sabedoria, bondade e amor pactual?

• Sabedoria: A ira de Deus sendo derramada parcialmente no presente e de maneira completa e defi-
nitiva no julgamento final realizará o plano eterno e sábio de Deus para sua criação e para seu povo,
na medida em que reunirá seus inimigos para a destruição e porá fim ao mal para sempre.

Em sua infinita sabedoria, Deus vê os corações e os motivos de cada pessoa. Ele é capaz de julgar cor-
retamente, nunca condenando os inocentes ou absolvendo os culpados. Ele sabe a melhor maneira
de livrar o mundo do mal para sempre.

• Bondade: Derramar a sua ira é a maneira justa de Deus dar àqueles que rejeitaram a sua misericórdia
e perseguiram o seu povo o que eles justamente merecem. A ira de Deus não recai sobre pessoas
inocentes que são basicamente boas, mas que apenas não tiveram a chance de se arrepender ainda.
Ela recai sobre pessoas endurecidas, pessoas que rechaçam vigorosamente a Deus até o fim.

Como a própria definição de bondade, Deus não pode tolerar o mal. Seu compromisso de erradicar
completamente toda maldade reflete a pureza de seu caráter e o fato de que nada de ruim pode existir
nele ou perto dele.

• Amor pactual: Derramar sua ira é a maneira gloriosa de Deus de preparar um lugar para seu povo.
Sua determinação em julgar os ímpios demonstra seu desejo de proteger e abençoar as pessoas que
ama, proporcionando-lhes um lar seguro e alegre para sempre, onde o mal não poderá tocá-las.

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8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 15–16? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

Ouvir e guardar essas palavras é louvar a Deus como Juiz — não se envergonhar de sua ira, mas vê-la
como um reflexo de sua justiça, verdade, santidade e justiça. Devemos tremer diante de sua grandeza
e poder. Devemos levar o pecado a sério, reconhecendo o julgamento que ele merece. Devemos ser
rápidos para nos arrepender e dar glória a Deus, em vez de sacudir os punhos para ele quando não
apreciamos ou não entendemos o que ele faz. Acima de tudo, devemos nos revestir da justiça de Jesus e
aguardar ansiosamente o seu retorno.

A bênção que ele promete para tal prontidão é a bênção de se juntar à vitória com ele e estar unido a ele.

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Capítulo 9 (Apocalipse 17.1–19.10)
Abençoados por estarem preparados
como a noiva de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Em Apocalipse 17.1–19.10, lemos sobre a visão de João da grande prostituta, a qual ele chama
de Babilônia. Mais tarde, em Apocalipse 21 e 22, leremos sobre a visão de João da Noiva do Cor-
deiro, que ele chama de Nova Jerusalém. Leia a introdução e a conclusão dessas visões e observe
as semelhanças:

A VISÃO DA BABILÔNIA, A VISÃO DA NOVA


A GRANDE PROSTITUTA JERUSALÉM, A NOIVA

A forma Apocalipse 17.1, 3: “Vem, mostrar-te-ei [...]. Apocalipse 21.9-10: “Vem, mostrar-te-ei [...]; e
como a Transportou-me o anjo, em espírito...” me transportou, em espírito...”
visão
se abre:

A forma Apocalipse 19.9-10: “São estas as verdadeiras Apocalipse 22.6, 8-9: “Estas palavras são fiéis e
palavras de Deus. Prostrei-me ante os seus pés verdadeiras [...]. [P]rostrei-me ante os pés do
como
para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-
a visão faças isso [...]; adora a Deus.” lo. Então, ele me disse: Vê, não faças isso [...].
termina: Adora a Deus.

O que você acha que João pretende nos comunicar ao enquadrar suas apresentações da prostituta
e da noiva de forma tão semelhante?

Ele claramente estabelece um paralelo. Essas visões são introduzidas e concluídas essencialmente da
mesma maneira. No entanto, as mulheres no centro de cada visão são opostas. Elas representam dois
destinos ou dois grupos que estão em contraste gritante um com o outro. João parece desejar que nós,
leitores, comparemos e contrastemos essas duas mulheres/cidades, para que nos recusemos a ser sedu-
zidos pela grande prostituta e, em vez disso, sejamos fiéis ao verdadeiro Noivo, já que somos sua noiva.

2. Leia Apocalipse 17.1-7. Quais são suas impressões gerais sobre essa mulher, a grande prostituta?

Ela é poderosa e atrai os poderosos. Ela é ostensiva, ousada, imoral, despudorada e orgulhosa. Enten-
dendo que a imoralidade sexual aqui é um símbolo da infidelidade espiritual a Deus (ou seja, idolatria),
ela é idólatra. Ela usa roupas e joias de alguém que é muito rico. Ela está em uma dieta constante de
tudo o que se opõe à santidade de Deus. Contudo, João admirou-se muito com ela, o que significa que
ela também deve ser incrivelmente intrigante, até mesmo atraente.

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Ela está “montada numa besta escarlate”, o que sugere que ela está apoiada sobre a besta ou obtém dela
seu poder (que sabemos ser um cristo falsificado).

Ela é arrogante, chamando-se de “Babilônia, a Grande”. Ela representa a rebelião do mundo contra a
santidade de Deus e a rejeição de sua lei e Evangelho. Ela é a principal perseguidora do povo de Deus.

3. Leia Apocalipse 17.8-14. Embora seja desafiador interpretar tudo o que João escreve nessa seção
sobre os reis, sabemos quem é a besta (veja Apocalipse 13). O principal ponto que João quer que
saibamos acerca da besta é afirmado no início e no final dessa seção, nos versículos 8 e 14. O que é?

A besta se levanta do poço sem fundo e irá para a destruição. A besta será vencida pelo Cordeiro e seu
povo fiel.

4. Leia Apocalipse 17.15-18. O que acontecerá com a grande prostituta? O propósito de quem será
cumprido quando isso acontecer?

Os dez reis (chamados de “os reis da terra” em outros lugares) e a besta se voltarão contra a prostituta.
Eles vão odiá-la, desnudá-la, devorá-la e queimá-la. Em outras palavras, os poderes satânicos presentes
no mundo acabarão se voltando contra aqueles que estão unidos a Satanás. Satanás não ama as pessoas
que se aliaram a ele. Ele as odeia, tanto que, no fim, as atacará e destruirá. Porém, quando fizer isso, ele,
na verdade, realizará os propósitos soberanos de Deus.

5. Leia Apocalipse 18.1-8. Que características da Babilônia são reveladas nos versículos a seguir?

• 18.2: morada para demônios e tudo o que é impuro e detestável.

• 18.3: cheia de imoralidade sexual; vida poderosa e luxuosa.

• 18.5: pecados amontoados até o céu.

• 18.7: glorificou-se e viveu no luxo; ela se autoengana sobre seu destino (vê a si mesma como uma
rainha e acha que é invencível).

Como será o julgamento da Babilônia?

• 18.2: ela passará de grandiosa a nada; ela será preenchida com tudo o que é imundo.

• 18.6-7: ela será recompensada pelo que fez aos outros; receberá uma porção dupla do que distribuiu,
a saber, tormento e luto.

• 18.8: rápido e inesperado — pragas, morte, luto, fome, fogo.

6. Leia Apocalipse 18.9-19. Quem são os três grupos que choram quando a Babilônia cai? Por qual
causa eles se lamentam?

• 18.9-10: Os reis da terra choram pela perda da imoralidade sexual e da vida luxuosa que desfrutavam
com ela. Eles choram pela sua antiga grandeza e poder.

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• 18.11-17a: Os mercadores da terra choram pela perda das coisas materiais que ela fornecia, mes-
mo à custa de vidas humanas. Sentem falta das iguarias e dos esplendores pelos quais suas almas
ansiavam. Sentem falta da riqueza que receberam dela e choram com medo do tormento que se
abateu sobre ela.

• 18.17b-19: Os capitães de navio e marinheiros choram pelo incêndio da cidade que os enriquecera.
Eles choram pela perda do que encheu suas vidas de propósito, o senso de significado que adveio de
sua associação com ela.

7. Leia Apocalipse 18.20. Os santos, apóstolos e profetas são chamados a ter uma resposta muito
diferente à destruição da Babilônia do que os reis, mercadores e capitães de navios. O que é essa
resposta e por quê?

O povo de Deus é chamado a se alegrar pela queda da Babilônia, em vez de chorar e se lamentar. Eles
reconhecem que o julgamento da Babilônia foi a vindicação e salvação deles.

8. Leia Apocalipse 18.21-24. Em suas próprias palavras, parafraseie o que não será mais encontra-
do na Babilônia depois que o julgamento chegar.

Não haverá mais beleza, criatividade ou alegria. Todo prazer físico, qualquer coisa que tenhamos pra-
zer em desfrutar com qualquer um dos nossos cinco sentidos, desaparecerá por completo. Toda obra
humana e toda cultura cessará. Não haverá clareza ou entendimento, não haverá mais luz nem relacio-
namentos amorosos e alegres.

9. Leia Apocalipse 19.1-8. Note que, nos versículos 7 e 8, nos é dito que a Noiva “se ataviou” e que
vai “vestir-se”, mas também que sua roupa é algo que lhe foi concedido ou dado. Como ambos
podem ser verdadeiros? (Veja também Apocalipse 7.14.)

Lemos em Apocalipse 7.14 que a maneira como a roupa dela é tornada branca é sendo lavada no san-
gue do Cordeiro. É a purificação do pecado dela efetuada pelo Cordeiro que a torna “resplandecente
e pur[a]”. Ela recebe o dom da justiça de Cristo ao unir-se a ele. E, por meio dessa união, seu Espírito
trabalha para que os “atos de justiça” sejam uma realidade crescente na vida do crente. A tensão é que
ambas as realidades são verdadeiras: a justiça de Cristo é dada a ela como uma vestimenta, ao passo que
essa vestimenta é a justiça que, pela graça divina, ela vivencia.

10. Leia Apocalipse 19.9-10. Como você descreveria a substância da bênção de ser convidado como
noiva para a ceia das bodas do Cordeiro, especialmente à luz de Apocalipse 17 e 18?

A Noiva de Cristo desfrutará de um futuro de rico relacionamento com Deus, um contraste dramático
com o futuro da grande prostituta, que se uniu à besta. Em vez de enfrentar o julgamento, a Noiva fruirá
do fato de ser amada, cuidada e guarnecida para sempre. Em lugar de, a exemplo da Babilônia, ser odia-
da e consumida por aqueles que ela pensava que a amavam, a Noiva desfrutará da ceia de casamento, da
cerimônia e do matrimônio com o Noivo que nunca deixará de amá-la.

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11. A grande prostituta em Apocalipse 17 é essencialmente o mundo, seus sistemas, seus valores,
seus caminhos. O que os versículos a seguir nos ensinam sobre a maneira como nós, enquanto
crentes, devemos nos relacionar com o mundo?

• João 17.14-9: Jesus orou não para que fôssemos tirados do mundo, mas para que, enquanto vive-
mos nele, fôssemos protegidos do maligno (que Apocalipse retrata como o dragão). Durante nossa
permanência no mundo, devemos ser cada vez mais santificados (separados) pela Palavra de Deus.
Devemos viver no mundo como aqueles que lhe foram enviados para declarar o Evangelho de Cristo.

• 2 Pedro 1.3-4: Ao estarmos unidos a Cristo, somos participantes da natureza divina, o que nos per-
mite escapar da corrupção do mundo que é causada pelo desejo pecaminoso. Apocalipse retrata essa
corrupção como ser seduzido pela grande prostituta.

• Tiago 4.2-4: Desejar e cobiçar o que não temos (ou o que a Babilônia oferece) leva ao adultério es-
piritual, isto é, a idolatria, o que Tiago chama de amizade com o mundo. Um crente não pode ter os
dois. Quando estamos afeiçoados ao mundo e enredados com ele, isso nos torna inimigos de Deus.

• 1 João 2.15-17: João define o mundo como “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida”. Não devemos amar essas coisas. Quando o fazemos, isso revela que realmente
não amamos o Pai. Se amarmos o mundo, acabaremos decepcionados, visto que ele não durará; pelo
contrário, ele passará (conforme a descrição de Apocalipse 17–18). Contudo, aqueles que amam e
obedecem a Cristo permanecerão para sempre (conforme a descrição de Apocalipse 19).

83
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Vamos começar pensando nos destinatários originais dessa carta de João. Volte para Apocalipse
2–3 e olhe para essas igrejas através das lentes de como elas estavam atraídas pelo que Roma
tinha a oferecer. Quais delas eram atraídas para longe de Cristo? Que luxos as tentavam? Como
você acha que essa visão da grande prostituta, que era um símbolo de Roma, as teria desafiado
ou encorajado?

Éfeso havia perdido seu primeiro amor (pelo noivo), talvez porque amava demais as coisas de Roma.
A visão de João da Noiva e da ceia das bodas do Cordeiro deve ter despertado o coração dessa igreja a
recordar-se desse primeiro amor e cultivar o anseio pela volta de Jesus Cristo.

Esmirna permaneceu fiel diante da tremenda perseguição e pobreza. Ela teria sido encorajada a perse-
verar com confiança, pois seus perseguidores não sairiam impunes para sempre.

Pérgamo vinha comendo comida sacrificada a ídolos e praticando imoralidade sexual, provavelmente
porque era isso que era necessário para que se fizesse parte das guildas comerciais. Essa era a maneira de
manter os meios de subsistência. Essa comunidade teria sido desafiada a se recusar a fazer concessões,
mesmo que essa fosse a única maneira de fazer negócios em Roma ou com Roma.

Tiatira foi elogiada pelo seu amor crescente, mas ela tolerava a heresia. Ela deve ter sido tanto encoraja-
da com respeito a seu amor por seu Noivo quanto desafiada a manter a pureza em seus ensinamentos.

Sardes tinha um remanescente de pessoas que haviam buscado a pureza. Assim, a visão da destruição
da Babilônia teria encorajado essa igreja a manter o curso, confirmando sua confiança de que Cristo
prevaleceria e de que seus inimigos seriam derrotados e julgados no fim. Os demais membros da igreja
de Sardes devem ter sido desafiados a despertar no tocante ao que os aguardava no futuro se não se
arrependessem: seriam consumidos pelos reis e pela besta. Porém, eles também podem ter sido en-
corajados pela realidade certa de que, caso se arrependessem, seriam vestidos com roupas brancas, à
semelhança de uma noiva.

Filadélfia, que foi pacientemente perseverante, pode ter estimado a promessa de Jesus de que guardaria
essa igreja da hora da provação que está chegando sobre o mundo inteiro, pois essa visão mostra como
será essa provação para aqueles que amam o mundo.

Laodicéia era aparentemente rica e próspera, mas espiritualmente cega, falida, nua e morna. A visão de
João da Babilônia deve ter desafiado essa comunidade a ver as tentações da prostituta como realmente
eram, bem como a ver e rejeitar o vazio do prazer sexual e dos bens luxuosos que Roma oferecia. Ela
teria sido desafiada a receber a veste de justiça de Cristo e a ansiar pela ceia das bodas do Cordeiro.

Os desafios e encorajamentos de cada uma dessas igrejas também são desafios e encorajamentos para
nós, dependendo de quão em casa nos sentimos na Babilônia e de quão apaixonados estamos pelo
Noivo.

84
2. João é levado pelo Espírito para o deserto para ver a grande prostituta montada sobre a besta.
É quase como se ele tivesse que se afastar da Babilônia para ter uma perspectiva adequada. Da
mesma forma, estamos tão imersos no mundo e em seus valores que pode ser difícil para nós
ver como somos seduzidos. Considere a seguinte lista de áreas em que podemos ser vulneráveis
ao adultério espiritual e precisamos de perspectiva. Como uma pessoa que busca fidelidade a
Cristo abordaria esses aspectos da vida de forma diferente de uma pessoa que foi seduzida pela
Babilônia? (Você pode escolher alguns itens desta lista ou trabalhar todos eles, dependendo do
tempo disponível.)

• bens materiais

• esportes e recreação

• trabalho

• aposentadoria

• mídia (incluindo filmes, televisão, música, notícias, podcasts, mídias sociais e livros)

• ética sexual

• beleza física, moda e envelhecimento

• vergonha e autoimagem

• compromissos políticos e opiniões

• educação

• ambições pessoais

• finanças

• paternidade e maternidade

• viagem

• tempos livres

• amizades, convívio, hospitalidade

3. Uma mensagem central dessa passagem é que, se nos deixarmos seduzir pela grande prostituta,
de forma a amarmos o mundo em detrimento de Cristo, a destruição do mundo será também
a nossa. Há uma clara distinção entre ser seduzido pela prostituta e ser fiel ao Cordeiro, entre
chorar e se alegrar quando a Babilônia for destruída. Podemos ficar um pouco desconfortáveis
com essa nítida distinção, talvez porque vejamos tanto a incredulidade quanto a fidelidade em
nós mesmos. Você consegue se identificar com isso? O que devemos fazer com isso?

Talvez reconheçamos áreas de nossas vidas em que não amamos o Noivo como deveríamos, áreas de
infidelidade em que precisamos de arrependimento. Essa passagem traça uma distinção nítida com o
propósito de nos chamar ao arrependimento. Sempre que vemos uma mente dupla em nós mesmos,

85
sempre que reconhecemos nossa vulnerabilidade à sedução do mundo, devemos ver isso como um
dom — é o Espírito nos convencendo e nos chamando a despertar. Devemos responder clamando a
Deus. Temos a oportunidade de nos arrepender de nosso flerte com a Babilônia, nosso compromisso
ou envolvimento excessivo com ela. Podemos pedir ao Senhor que perdoe nossa infidelidade a ele e
purifique nossos corações; que sejamos mais capazes de ver as tentações do mundo como as mentiras
perigosas que realmente são; bem como que o amemos e ansiemos por ele com mais fidelidade.

4. Os crentes são chamados a “sair” da Babilônia (18.4) para que não sejam apanhados em sua des-
truição. Pode ser difícil saber como fazer isso. O que você acha que isso pode significar para o
crente comum que vive no mesmo tempo e situação que você?

No meio da vida cotidiana, afastar-se da Babilônia pode significar examinar nossos hábitos de consumo
e gastos, considerar a possibilidade de que talvez amemos as coisas materiais mais do que a Cristo ou
desfrutemos de artigos de luxos sem nos preocuparmos com a opressão e o sofrimento daqueles que
os produzem. Pode também significar que precisamos examinar nossa abordagem sobre poupança e
investimento, buscando entender se nossos corações estão concentrados na busca por juntar tesouros
na terra ou no céu.

Também pode significar que temos de eliminar certas escolhas de entretenimento que normalizam
uma rejeição da ética sexual bíblica ou normalizam a vida sem consideração por Cristo. Pode significar
que precisaremos limitar a quantidade das vozes que ouvimos que exaltam os valores do mundo e pro-
movem mentiras sobre quem Cristo é e o que realmente importa.

Reunirmo-nos regularmente com o povo de Deus é uma maneira importante que ele ordenou para que
“saíssemos” da Babilônia, afastando-nos dos valores e mensagens do mundo e nos reorientando para
o que é verdadeiro. Ao nos reunirmos para a adoração e comunhão, recalibramos nossos corações e
mentes.

5. Nancy apresentou essa passagem como uma preparação para um casamento de quatro maneiras:
(1) não se deixe seduzir por um amor que não durará; (2) termine com todos os seus antigos
amantes; (3) diga “sim” ao vestido; e (4) continue falando sobre seu noivo. Qual desses itens é
mais desafiador para você e por quê?

Resposta pessoal.

6. Nancy identificou uma tensão em Apocalipse 19.7-8 entre a Noiva se preparar e o fato de ela re-
ceber roupas. Como você explicaria a realidade de que ambas as afirmações são verdadeiras?

O propósito de Deus na cruz de Cristo era que nos tornássemos justos como Jesus. É isso que a roupa
da noiva representa. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôsse-
mos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). Como estamos unidos a Cristo pela fé, sua justiça nos é dada
em um sentido jurídico. Mas, à medida que o Espírito opera em nós para nos santificar e à medida que
buscamos a obediência e a fé, a justiça de Cristo se torna cada vez mais uma realidade em nossa vida
cotidiana. Tornamo-nos na prática o que somos em status, desenvolvendo nossa salvação com temor e
tremor (Fp 2.12). Essa vivência da justiça de Cristo será recompensada na vida futura.

86
7. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar o que é revelado em Apocalipse 17–19?
E, se a bênção é prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha
que essa bênção pode tomar?

Podemos ouvir e guardar essa passagem afastando-nos da Babilônia e fazendo a nós mesmos algumas
perguntas difíceis:

• O que este mundo me oferece que ameaça me seduzir a ir para longe de Cristo?

• Há áreas em que fiz concessões ou me acomodei? Que ideias se tornaram tão parte do meu pensa-
mento e sonho que nem as reconheço como mundanas ou perigosas?

• O que posso perder se me recusar a abraçar o que o mundo aplaude? Cristo é mais precioso para
mim do que essas perdas?

• Alguns dos prazeres da vida neste mundo se tornaram importantes demais para mim, esgotando
meu tempo ou interesse pelas coisas de Deus?

Devemos também considerar nossa reação à possibilidade ou à realidade de perder certos luxos ou
benefícios. Somos tão apegados a eles que nos ressentiríamos de Deus se ele os tirasse de nós? Ou
afrouxaremos nosso uso das coisas deste mundo, recusando-nos a chorar por ele e tendo a expectativa
de que a morte dele significa a vinda do reino de Deus?

Não nos arrependeremos de nada do que deixamos de lado neste mundo para nutrir nosso amor por
Cristo e nos apegar mais a ele. Tudo o que deixamos de lado estamos destinados a perder de qualquer
maneira, pois o mundo está passando. Essa passagem nos chama a crescer em sabedoria, vendo cada
vez mais claramente a distinção entre o que passa e o que dura para sempre; ela nos convida a escolher
o que perdura.

Nossa bênção nessa sabedoria e sacrifício é saber que nunca perderemos o que mais amamos e valori-
zamos. Enquanto aqueles que amam o mundo perderão tudo o que amavam e pensavam que os faria
felizes, aqueles que amam a Cristo desfrutarão da companhia dele na felicidade eterna.

87
Capítulo 10 (Apocalipse 19.11–20.15)
Abençoados por compartilharem
da ressurreição de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Leia Apocalipse 19.11-16. Anote cada um dos nomes dados ao cavaleiro montado sobre o cavalo
branco e escreva uma frase que expresse o que você acha que cada nome significa.

• Fiel e Verdadeiro: Jesus cumpre suas promessas e não pode mentir. Tudo o que diz e faz é certo e
bom. Ele provou ser fiel e verdadeiro à sua promessa de voltar para executar o julgamento final sobre
os ímpios e de prover a salvação final para seu povo.

• Um nome escrito que ninguém conhece, senão o que o possui: Talvez isso signifique que, embora
Jesus tenha se revelado, alguns aspectos de sua divindade ainda estão além das habilidades humanas
de compreensão.

• Verbo de Deus: Jesus é a personificação do poder, da autoridade e da sabedoria de Deus, a Palavra


que criou o mundo agora vestida de carne humana. Esse nome lembra o início do Evangelho de João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” ( Jo 1.1). Em sua vinda
para julgar seus inimigos e salvar seu povo, Jesus cumpre os propósitos declarados de Deus para sua
criação, suas promessas ao seu povo e seus planos para a história.

• Rei dos reis e Senhor dos senhores: Jesus reina supremo sobre todos os outros reis que já existiram.
Ele é o governante de todos, o Mestre diante do qual todos os outros mestres devem se curvar e a
quem devem obediência. Esse nome reflete sua autoridade suprema sobre toda a autoridade terrena.

2. Leia Apocalipse 19.17-21. De que maneira essa ceia é um contraste completo com a ceia das bo-
das do Cordeiro apresentada anteriormente em Apocalipse 19?

Nessa ceia, as pessoas não são convidadas de honra, mas o prato principal. Em vez de festejarem, elas
próprias são devoradas. Trata-se de um quadro de sofrimento, destruição e derramamento de sangue
— não paz e regozijo, mas violência e agonia.

Os servos de Deus, pequenos e grandes, que forem convidados para a ceia das bodas do Cordeiro serão
revestidos de justiça e abençoados pela consumação de sua união com Cristo. Os inimigos de Deus,
pequenos e grandes, que se reúnem para a grande ceia de Deus experimentarão a maldição pactual
veterotestamentária (Dt 28.26) de ter sua carne comida pelos pássaros (urubus).

88
3. Leia Apocalipse 20.1-3 junto com as seguintes passagens dos Evangelhos. Que contexto adi-
cional cada uma das passagens a seguir revela sobre quando e como Satanás foi amarrado ou
abatido?

• Mateus 12.22-29: Depois que Jesus expulsou demônios de um homem, os fariseus o acusaram de
fazê-lo pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios. A resposta de Jesus foi que ele expulsou
demônios pelo Espírito de Deus, o que significava que o reino de Deus havia chegado. Ele descreveu
suas ações durante seu ministério terreno como amarrar o homem forte a fim de saquear sua casa.
Em outras palavras, Jesus “amarrou” Satanás durante seu ministério terreno ao demonstrar poder
sobre o reino demoníaco.

• Lucas 10.1-2, 17-20: Jesus enviou 72 de seus seguidores para proclamar o reino de Deus. Quando
voltaram com relatos de serem capazes de expulsar demônios em nome de Jesus, este lhes disse: “Eu
via Satanás caindo do céu como um relâmpago.” Em outras palavras, quando o reino foi proclamado
e recebido, Satanás foi abatido.

• João 12.31-33: Quando Jesus se preparava para ir para a cruz, disse: “... e agora o seu príncipe será
expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.” A morte e ressurreição de
Jesus tirou todos os motivos que Satanás tinha para acusar os crentes, de modo que ele foi expulso da
presença de Deus. O ato de ele ser expulso ou amarrado significa que ele não é mais capaz de manter
as nações presas à incredulidade, o que significa que pessoas de todas as nações serão atraídas para
Cristo.

4. Leia Apocalipse 20.4-6. Que pistas você encontra nos versículos a seguir que podem nos ajudar
a entender o que João quer dizer com a “primeira ressurreição’? (Você pode ver alguma nuance
ou variação neles.)

• Lucas 20.36-38: Jesus se refere a Abraão, Isaque e Jacó como “filhos da ressurreição”. Portanto, eles
estavam vivos para ele antes mesmo da ressurreição física. Isso faria da “primeira ressurreição” a res-
surreição das almas daqueles que morreram na fé.

• Romanos 6.4-5: Paulo escreve que, se formos batizados ou unidos a Jesus em sua morte, podemos
esperar ter uma ressurreição como a dele, o que apontaria para uma ressurreição física. Ao mesmo
tempo, a referência do versículo 4 a ser ressuscitado para andar em novidade de vida parece apontar
mais para o entendimento da ressurreição mencionada como ser elevado da morte espiritual para a
vida espiritual ainda no corpo.

• 2 Coríntios 5.6-8: Paulo fala que aqueles que morreram deixam o corpo para habitar com o Senhor,
o que faria da “primeira ressurreição” a ressurreição das almas daqueles que morreram na fé.

• Efésios 2.5-7: Paulo fala de ser tornado espiritualmente vivo como ser “ressuscitado” com Cristo, o
que poderia ser chamado de “primeira ressurreição”. Isso apontaria para o fato de sermos tornados
espiritualmente vivos como a primeira ressurreição.

• Apocalipse 2.10-11: Aos crentes é prometido que, se permanecerem fiéis até a morte física, recebe-
rão “a coroa da vida”, o que os impedirá de serem prejudicados pela segunda morte, que é espiritual.

89
Isso faz da “vida” a existência celestial dos santos entre a morte física e a ressurreição física, uma vida
que será plenamente consumada na ressurreição física.

• Apocalipse 6.9-11: Os santos falecidos aparecem como almas vivas sem corpos, à espera da ressur-
reição física. Suas almas sendo ressuscitadas para estar com Cristo em sua presença seria a primeira
ressurreição, enquanto aguardam a ressurreição final de seus corpos.

5. Leia Apocalipse 20.7-10. Essa é a quarta vez que lemos sobre essa mesma batalha ou guerra em
Apocalipse. Em vez de ver isso como uma série consecutiva de conflitos “finais”, parece mais
provável que estejamos vendo a mesma última batalha a partir de vários ângulos. Observe alguns
aspectos da batalha final apresentados em cada um desses relatos.

• Apocalipse 16.12-16: O dragão, a besta e o falso profeta usam o engano para reunir no Armagedom
os reis do mundo inteiro para essa batalha do “grande Dia do Deus Todo-Poderoso”.

• Apocalipse 17.12-14: A besta e os reis fazem guerra contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá.
Os “chamados, eleitos e fiéis” estão com o Cordeiro.

• Apocalipse 19.19-21: A besta e os reis da terra com seus exércitos se reúnem para fazer guerra contra
aquele que se senta sobre o cavalo (Cristo) e contra seu exército (aqueles que estão unidos a Cristo).
A besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo. Os demais (aqueles que adoram a besta) são
mortos pela espada de Cristo.

• Apocalipse 20.7-10: Satanás emerge depois de ser amarrado. Ele engana as nações e as reúne para a
batalha. O fogo desce para consumi-las, e o diabo é jogado no lago de fogo.

6. Leia Apocalipse 20.11-12. Qual é a diferença entre o que está escrito nos “livros” e o que está
escrito no “livro da vida”? Para obter pistas adicionais, leia Romanos 2.5-8 e Apocalipse 21.27.

Nos “livros” está um registro dos feitos ou obras de cada pessoa. Romanos 2 nos diz que, quando o
justo julgamento de Deus for revelado, cada um receberá o que suas obras merecem. Os livros abertos
em Apocalipse 20 são um registro dessas obras, mostrando o que cada pessoa fez.

No “livro”, que é o livro da vida do Cordeiro, está a lista dos nomes daqueles que abraçaram Cristo pela
fé. Esses nomes são escritos por Deus, escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo (Ef 1.4). O
sangue do Cordeiro lhes foi aplicado, de forma que passarão a eternidade com ele. Qualquer um cujo
nome não seja encontrado no livro da vida será jogado no lago de fogo.

7. Leia Apocalipse 20.13-15 junto com João 5.28-29 e 2 Coríntios 5.10. Anteriormente, lemos so-
bre a “primeira ressurreição”; agora, lemos sobre a “segunda morte”. O que é a “segunda morte”
e quem a experimentará?

A segunda morte é o castigo eterno daqueles que não estão em Cristo. João 5.29 a chama de “ressurreição
do juízo” para “os que tiverem praticado o mal”. O texto de 2 Coríntios 5.10 acrescenta que “cada um rece-
b[erá] segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” Todas as três passagens apontam para
uma ressurreição experimentada por todos os que já morreram uma vez. Todos os seres humanos estão
diante de Cristo para julgamento. Aqueles que não estão unidos a Cristo experimentarão essa segunda e
última morte, enquanto aqueles que estão unidos a Cristo entrarão na vida abundante e eterna.

90
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Visto que Apocalipse 19–20 traz o fim da história como a conhecemos, Nancy apresentou a pas-
sagem levando em consideração o que significará estar do lado certo da história. Ela disse que,
de acordo com esse trecho, estar do lado certo da história resultará em:

• participar da vitória do Rei Jesus

• festejar na Ceia das Bodas

• reinar com Cristo

• participar da ressurreição de Jesus

• ser preservado do fogo do julgamento de Deus

• ser recompensado com base no que está escrito nos livros

Como isso é diferente do que geralmente se quer dizer quando as pessoas em nossa cultura falam
sobre estar do lado certo da história?

Normalmente, as pessoas partem do pressuposto de que o raciocínio e o desenvolvimento humanos


provarão que uma determinada posição, opinião ou ação foi moralmente correta e valiosa. Elas ignoram
a realidade de que a história humana é guiada para um fim particular pelo Deus que é soberano sobre ela
e que, em seu próprio ser, é a definição de justiça (ou retidão). Já que ele determina o curso da história,
estar do lado certo da história é, em última análise, estar do lado dele, isto é, ter-se unido a seu Filho.

2. Se olharmos novamente para essa lista do que significará estar do lado certo da história, per-
ceberemos que nunca saberíamos colocar nossa esperança nessas coisas à parte da Bíblia,
particularmente do que é revelado em Apocalipse. O escritor de Hebreus diz que “a fé é a certeza
de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1). Como o que vemos
em Apocalipse 19–20 inspira ou desafia sua fé?

Alguns podem achar desafiador se apropriar dessas realidades, pois elas podem parecer demasiada-
mente sobrenaturais, tão orientadas para o futuro que não parecem se conectar muito com a vida aqui
e agora. É por isso que devemos mergulhar na Bíblia e investir nossas vidas na adoração. Precisamos de
uma palavra de fora de nós mesmos, uma palavra confiável e divina para nos dizer o que é verdadeiro e
urgente.

Ouvir sobre o que aqueles que estão unidos a Cristo experimentarão e desfrutarão dá substância ao que
pode ser um vago senso de nosso futuro eterno, bem como tem o poder de encher nossa imaginação e
nutrir os anseios de nossos corações pelo que Deus prometeu, tornando-nos mais capazes de rejeitar
aquilo que o mundo promete que proporcionará satisfação e segurança.

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3. Vimos algumas imagens vívidas nesse capítulo: a chegada do rei guerreiro; o pisoteio que ele faz
das uvas no lagar do furor da ira de Deus; uma festa horrível; o lançamento do dragão, besta, fal-
so profeta e seus aliados no lago de fogo. Como essas imagens o atingem? Por que você acha que
os primeiros destinatários dessa carta precisavam vê-las? Por que você e eu precisamos vê-las?

Respostas pessoais sobre as impressões diante das imagens.

Os primeiros destinatários dessa carta precisavam dessas imagens para reforçar sua coragem e con-
fiança, assim como para capacitá-los a suportar a perseguição e permanecer fiéis. Eles precisavam ser
encorajados à crença de que os poderes do inferno por detrás de sua perseguição, do falso ensinamento
e da sedução para concessões estavam sujeitos ao soberano Rei que serviam. Eles precisavam saber que
o Rei não permitiria que seus inimigos tivessem o que quisessem para sempre, mas poria fim ao mal que
estes praticavam.

E nós precisamos do mesmo. Essas imagens esclarecem a verdadeira natureza e o destino das forças do
mal, e isso deve nos fazer querer correr para Cristo e nos apegar a ele. Elas nos dão confiança de que o
mal finalmente será combatido, o que deve nos motivar a desenvolver a paciência. Talvez também pre-
cisemos delas para nos acordar e nos lembrar de que, mesmo que não enfrentemos imediatamente uma
perseguição clara, uma verdadeira batalha está acontecendo ao nosso redor.

4. Na vida, morte e ressurreição de Jesus, Satanás foi amarrado “para que não mais enganasse as
nações” (Ap 20.3). Essa descrição fala de um período durante o qual pessoas de todas as nações,
e não apenas do povo judeu, são capazes de ver claramente quem é Jesus e de abraçá-lo pela fé.
Pense em histórias que você ouviu ou mesmo testemunhou acerca de pessoas de outras nações,
culturas ou sistemas de crenças que ouviram o Evangelho, acreditaram nele e foram mudadas
por ele. Quem são alguns dos indivíduos ou grupos que você conhece ou dos quais ouviu que
receberam o Evangelho de Cristo e foram transformados por ele?

Alguns participantes podem ter ouvido testemunhos pessoais, lido histórias missionárias ou visto
vídeos das Escrituras sendo traduzidas para povos tribais que abraçaram o Evangelho. Talvez você co-
nheça alguém que, embora tenha sido anteriormente enganado por uma falsa religião ou pelo ateísmo,
abraçou o verdadeiro Evangelho.

Todos nós que não somos etnicamente judeus fazemos parte das “outras nações e culturas” que foram
transformadas pelo Evangelho! Nossa própria presença na igreja representa a realidade do que João
descreveu. No Antigo Testamento, ocasionalmente vemos pessoas das “nações” (forasteiros a Israel)
sendo incorporadas, mas isso acontece de uma maneira muito tímida e limitada. Contudo, depois da
morte, ressurreição e chamado de Jesus para fazermos discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20),
o Evangelho começou a se expandir exponencialmente. Desde os dias de João até o presente, vemos
como Satanás não é mais capaz de enganar completamente as nações. Pessoas estão vindo a Cristo de
todo o mundo!

5. Ao longo de Apocalipse, vimos algumas imagens vívidas de como Satanás é e o que ele está fa-
zendo no mundo. Talvez essas imagens tenham gerado medo para alguns de nós. Todavia, em
Apocalipse 20, podemos ver como Satanás realmente é limitado. Isso deve ter sido uma fonte
significativa de encorajamento para os leitores originais de Apocalipse. De que maneira isso o

92
encoraja enquanto você medita na maneira como Satanás está agindo no mundo, em sua nação,
em sua família ou em sua própria vida?

Respostas pessoais.

6. Nessa passagem, lemos a quarta das sete bênçãos do livro de Apocalipse: “Bem-aventurado e
santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição”. Com base nas passagens que você leu
no Estudo Bíblico Pessoal e no que foi apresentado por Nancy, o que você acha que significa
participar da “primeira ressurreição”? De que maneira isso é uma bênção, tanto agora quanto no
futuro?

A “primeira ressurreição” aponta para a passagem de um crente da morte espiritual para a vida espiri-
tual, quando ele confia em Cristo para a salvação. Também aponta para as almas dos crentes que são
elevadas à presença de Cristo após a morte física, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos por
ocasião do retorno de Cristo à Terra.

Somos abençoados agora quando descansamos na realidade de que, porque já fomos elevados à vida
espiritual interminável por confiarmos em Cristo, nossa vida não terminará de fato. Nossa morte física
significará a elevação de nossas almas à presença de nosso Senhor. Seremos abençoados após a morte
física por estarmos na presença dele. Além disso, seremos abençoados até a eternidade na medida em
que viveremos com Cristo em nossos corpos ressuscitados e em uma criação ressurreta e renovada.

7. Em 20.12, lemos sobre sermos julgados de acordo com o que está nos livros — o registro de nos-
sos atos. À luz do que temos lido em Apocalipse, que tipos de ações você acha que João diria que
serão encontradas nos “livros” em referência aos crentes genuínos? O que você acha que estará
nos “livros” em referência a alguém como o ladrão na cruz (Lc 23.39-43)? O que você espera que
seja lido nos “livros” sobre você?

Certamente João diria que o que será encontrado nos livros no que tange aos crentes serão as evi-
dências de que estão conectados a Cristo de forma salvadora, como arrependimento e fé contínuos,
abandono da idolatria, testemunho fiel de Jesus, busca da santidade, amor por Cristo mais do que pelo
mundo, dependência de Cristo, apego à verdade, o fruto do Espírito e a expectativa pela segunda vinda
de Cristo. Devemos esperar que essas evidências sejam lidas nos “livros” sobre nós.

Talvez o registro nos “livros” acerca do ladrão na cruz dissesse algo como: “acreditou que Jesus é o Rei
e se apoderou de sua promessa de vida no paraíso”.

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 19.11–20.15? E, se a bên-
ção é prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa
bênção pode tomar?

Ouvir e guardar o que está escrito nesses capítulos é, de maneira mais significativa, correr para Jesus e
unir-se a ele em sua morte, para que tenhamos certeza de que participaremos de sua ressurreição.

Como Satanás foi amarrado, podemos investir em compartilhar o Evangelho com pessoas que nunca o
ouviram antes, confiantes de que alguns serão capazes de lhe dar ouvidos, entendê-lo e responder a ele
com arrependimento e fé.

93
Além disso, devemos fazer escolhas momento a momento, sabendo que a forma como vivemos os dias
comuns de nossas vidas importará por toda a eternidade. Um dia, “os livros” serão abertos, de maneira
que teremos de prestar contas da maneira como usamos o que Deus nos confiou. Tudo o que fizemos
para a glória de Deus aumentará nossa alegria eterna.

Ao aguardarmos uma vida eterna de reinado com Cristo, somos abençoados por não precisarmos ter
medo de que seremos marginalizados, perseguidos, odiados ou prejudicados no curto número de anos
que teremos nesta vida. Por causa do que foi revelado claramente sobre a vida após a morte, não preci-
samos ter medo das incógnitas relacionadas a ela.

94
Capítulo 11 (Apocalipse 21.1–22.5)
Abençoados por viverem na
Nova Criação com Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Leia Apocalipse 21.1, 4-5. Que palavras ou frases se repetem?

Novo; já não; não existe.

2. Como Apocalipse 21.1, 4-5 se relaciona com cada uma das seguintes passagens?

• Isaías 65.17-25: Apocalipse 21 é um cumprimento da profecia de Isaías de um novo céu e nova terra,
onde não há mais tristeza, nem morte, nem futilidade, mas apenas bênção e santidade.

• Romanos 8.19-21: Apocalipse 21 apresenta a realidade pela qual Paulo diz que a criação agora anela
ansiosamente. É um retrato do que acontecerá quando a criação for libertada de seus gemidos e es-
cravidão à corrupção que têm caracterizado a realidade desde a maldição em Gênesis 3.

• 2 Coríntios 5.17: Paulo ensina que, para todas as pessoas feitas novas em Cristo, o velho já passou,
e o novo chegou. Apocalipse 21 revela que essa novidade não está mais limitada à vida interior dos
crentes, mas se estende a toda a criação, de maneira que todas as coisas se tornam novas.

• Apocalipse 13.1: Anteriormente, vimos a besta que emerge do mar. Em Apocalipse 21, o mar não
existe mais, o que significa que não haverá mais mal potencial algum que surgirá para infectar a nova
criação.

• Apocalipse 22.3: A razão pela qual não haverá mais morte, tristeza ou dor é que a velha ordem — isto
é, o modo como as coisas funcionavam em um mundo sob maldição — desaparecerá para sempre.

3. Leia Apocalipse 21.3. Que promessas do Antigo Testamento você vê cumpridas nesse versículo?

• Gênesis 17.7-8: Deus estabelecerá com Abraão e sua descendência sua aliança eterna de ser seu Deus
e dar-lhes uma terra como possessão eterna.

• Levítico 26.11-12: Deus fará a sua morada entre eles; ele será o seu Deus, e eles serão o seu povo.

• Ezequiel 37.21-28: Deus reunirá o povo das nações e o levará para sua própria terra sob um único
Rei. Eles não se contaminarão, mas serão limpos. Eles serão o seu povo, e ele será o seu Deus. Eles
andarão conforme suas regras e lhe obedecerão, vivendo na terra para sempre sob a liderança do
Filho de Davi como seu Rei e Pastor. Deus habitará com eles para sempre.

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Apocalipse 21.3 cumpre cada repetição dessa promessa no Antigo Testamento. A morada de Deus
entre seu povo é o cumprimento da promessa que ele fizera a Abraão de ser seu Deus e o Deus de sua
prole. É um cumprimento da promessa de Deus aos israelitas de que ele habitaria entre eles como
seu Deus, enquanto eles seriam seu povo. Além disso, é um cumprimento da palavra do Senhor pro-
ferida por meio de Ezequiel, a qual prometia que ele faria sua morada para sempre entre seu povo
reunido dentre as nações sob a liderança do Rei davídico.

4. Leia Apocalipse 21.7-8, que contrasta dois grupos de pessoas e a herança de cada um deles.
Quem são as duas categorias de pessoas e o que cada uma herdará?

Aqueles que vencerem — que superarem a tentação de transigir ou de se afastar de Cristo — receberão
a fonte da água da vida sem pagamento. Eles desfrutarão dos privilégios e direitos de herança dos filhos
de Deus na Nova Criação.

Aqueles que se opõem a Deus também receberão uma “porção” — ou seja, uma “herança” —, mas não
na Nova Criação. Pelo contrário, será no lago que arde com fogo.

5. Que realidade é simbolizada pela imagem combinada de uma noiva e uma cidade em Apocalipse
21.2 e 21.9-10?

Os eleitos, o povo redimido de Deus, prepararam-se para viver com ele para sempre.

6. O que João deseja comunicar sobre essa comunidade de pessoas e o lar delas em Apocalipse
21.11-27? Faça o seu melhor para interpretar quais realidades as imagens a seguir retratam. (O
primeiro foi concluído como exemplo.)

• “fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima” (21.11):

O povo de Deus tornou-se belo, glorioso e é precioso para Deus.

• “grande e alta muralha” (21.12):

O povo de Deus estará seguro e livre de ataques.

• portas com os nomes das doze tribos; portões a leste, norte, sul e oeste; fundamentos com os
nomes dos doze apóstolos (21.12-14; veja Lc 13.29 e Ef 2.20):

Pessoas de todos os cantos da terra farão parte dessa comunidade. Ela foi formada pelas promessas
pactuais feitas a Abraão, Isaque e Jacó e construída sobre o Evangelho declarado pelos apóstolos.

• “O seu comprimento, largura e altura são iguais”; “ouro puro” (21.15-18; veja 1Rs 6.20 e Ez
41.4); “doze mil estádios”; “cento e quarenta e quatro côvados”:

O Lugar Santíssimo do templo em Jerusalém era um cubo perfeito, e tudo dentro estava coberto
de ouro. O Lugar Santíssimo do novo templo na visão de Ezequiel também é um cubo perfeito e
coberto de ouro. Entretanto, as medidas dessa cidade-templo em Apocalipse são exponencialmente

96
maiores do que o Lugar Santíssimo no templo de Jerusalém. Elas são múltiplos de 12, simbolizando
a completude e vastidão do povo de Deus que constitui o novo templo.

• “adornados de toda espécie de pedras preciosas” (21.19-21; veja Êx 28.15-21):

O sacerdote que representava o povo de Deus na presença de Deus, no Lugar Santíssimo do ta-
bernáculo ou templo, usava joias que refletiam a beleza de Deus. Da mesma forma, o povo de
Deus, que agora é um sacerdócio santo, refletirá a beleza do próprio Deus em sua presença na nova
cidade-templo.

• “não vi santuário” (21.22):

A presença de Deus não ficará confinada a uma sala de um templo que só pode ser acessada pelo
sumo sacerdote uma vez por ano, como foi em Jerusalém. Em vez disso, a presença de Deus encherá
toda a terra, para que todos tenham acesso a ele.

• “As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória” (21.24; veja
Ap 5.9-10):

Pessoas de todas as nações farão parte dessa comunidade, trazendo sua glória em forma de louvor a
Deus.

• “os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro” (21.27; veja Ef 1.4-6, Ap 13.8):

Essa comunidade será composta por aqueles que foram escolhidos em Cristo antes da fundação do
mundo para se tornarem filhos e filhas de Deus, os quais não conquistaram o seu caminho para lá
nem mereceram a inclusão nesse povo. Eles foram trazidos pela graça divina, tornados santos e irre-
preensíveis pelo sangue purificador de Cristo, o Cordeiro.

7. Leia Apocalipse 22.1-5. Aqui, a Nova Criação, que foi descrita com as imagens de uma noiva,
uma cidade e um templo no capítulo 21, é descrita com a imagem de um jardim. Esse jardim é se-
melhante ao Jardim do Éden, mas superior a ele. Novamente, faça o seu melhor para interpretar
o que é comunicado sobre a Nova Criação por meio da seguinte linguagem simbólica:

• “o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro” (22.1):

Deus é a fonte de toda a vida, e os habitantes do novo jardim desfrutarão da vida em um relaciona-
mento satisfatório e purificador com ele.

• “árvore da vida”; “doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês”; “as folhas da árvore são para
a cura dos povos” (22.2):

Os habitantes do novo jardim são pessoas que foram redimidas ou curadas de sua ignorância e ce-
gueira, de forma a serem capazes de perceber a beleza e necessidade de Cristo. Todas as doenças e
quebrantamentos são curados e renovados permanentemente. Eles desfrutarão de provisão abun-
dante e de uma qualidade de vida que será eternamente incorruptível.

97
• “contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele” (22.4; veja Nm 6.25-27):

Os habitantes do novo jardim desfrutarão da bênção da comunhão íntima com Deus e da identifica-
ção eterna com ele. Deus terá cumprido a sua promessa de brilhar sobre o seu povo, de dar-lhe paz e
abençoá-lo. Eles lhe pertencem para sempre.

• “reinarão pelos séculos dos séculos” (22.5; veja Gn 1.26, 28; Rm 5.17; e Hb 2.6-9):

Os habitantes do novo jardim exercerão o domínio que Adão deixou de exercer, pois estão unidos a
Cristo, o segundo Adão, que compartilhará seu reinado com eles.

98
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Nancy fala da maneira como Apocalipse 21–22 se apresenta:

• a relação matrimonial feliz que fomos feitos para compartilhar;

• a terra que fomos feitos para herdar;

• a comunidade multicultural da qual fomos feitos para fazer parte;

• a glória na qual fomos feitos para nos deleitar;

• a satisfação da qual fomos feitos para desfrutar para sempre.

Pensar em qual delas traz a você mais alegria? Por quê? O que é mais desafiador para você imaginar?

Resposta pessoal.

2. Não estamos apenas na última parte do livro de Apocalipse; estamos na última parte da Bíblia.
A história da Bíblia enfrentou uma crise imediata em Gênesis 3 e chegou ao clímax na morte e
ressurreição de Jesus. Aqui no final de Apocalipse, a história chega à resolução. Como a Nova
Criação, conforme descrita em Apocalipse 21–22, fornece resolução para a crise ocasionada pela
maldição apresentada em Gênesis 3? Que impactos da maldição são curados ou erradicados?

Gênesis 3 revela como toda a criação e a humanidade foram afetadas pela maldição proferida à serpen-
te e ao solo por causa do pecado de Adão e Eva. Apocalipse 21–22 mostra todo impacto da maldição
sendo curado e erradicado:

• O povo de Deus não será mais alienado dele, mas habitará com ele e experimentará sua presença face
a face.

• A deterioração provocada pela maldição será substituída por uma novidade generalizada.

• A insatisfação inerente a um mundo amaldiçoado será substituída pela satisfação final.

• Todos os malfeitores e impurezas serão excluídos da Nova Criação.

• A feiura será substituída pela beleza. A vergonha será substituída pela glória. A vulnerabilidade será
substituída pela segurança. As trevas serão erradicadas e darão lugar à luz radiante.

• A idolatria acabará de vez, sendo substituída pela adoração verdadeira e fiel.

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3. De que maneira é surpreendente que Deus sempre tenha pretendido habitar com seu povo? Você
acha que deseja habitar na presença de Deus? Em caso negativo, por que não?

É um pouco surpreendente que Deus sempre tenha pretendido habitar com seu povo, visto que esta-
mos tão conscientes de suas perfeições e pureza assim como de nosso próprio pecado. Pode ser difícil
entender que um Deus transcendente e santo realmente deseje habitar entre aqueles que criou.

Se formos honestos, talvez achemos que não desejamos habitar na presença de Deus com a mesma
intensidade com que ele evidentemente anseia habitar conosco, talvez porque não consigamos com-
preender a sua bondade, a sua glória, a alegria e a satisfação que se encontram na sua presença.

4. Como leitores modernos, muitas vezes nos perguntamos por que o Antigo Testamento gasta
tanto tempo falando sobre o tabernáculo e, em seguida, sobre o templo. Esses detalhes podem
parecer tão arcaicos e irrelevantes. Como Apocalipse 21, com seu anúncio da morada de Deus
com os seres humanos e sua descrição da Nova Criação como um templo, nos ajuda a entender
por que Deus foi tão minucioso sobre o projeto do templo e a purificação dos sacerdotes que
nele entravam?

O anúncio glorioso no início de Apocalipse 21 é que a morada de Deus é com o homem. Esse é o
grande ápice da intenção original de Deus, a qual ele vem colocando em prática desde que seu povo foi
expulso do Éden. Sua descida para habitar no Lugar Santíssimo, a pequena sala do tabernáculo, e, mais
tarde, no templo foi um sinal de seu desejo de habitar com seu povo para sempre e sua determinação de
tornar isso possível, apesar do pecado do povo.

Ele era minucioso sobre o projeto do tabernáculo e do templo porque o santuário precisava refletir as
glórias de sua morada celestial que, um dia, virá à Terra na Nova Criação. Ele foi minucioso sobre a
purificação dos sacerdotes porque ele é perfeitamente santo, e sua morada não seria um lugar santo e
glorioso se fosse contaminada pelo pecado. Somente aqueles que são purificados e santificados estão
aptos a estar em sua presença. Sua morada com o homem implica que todos aqueles que estão em sua
presença terão sido santificados.

5. Como muito de Apocalipse 21 tem a ver com o ambiente da Nova Criação, é fácil pensar nisso
principalmente como uma referência a um lugar. No entanto, as imagens que João usa ao longo
desse capítulo têm muito mais a ver com as pessoas que habitarão a Nova Criação. Como João
descreve o povo de Deus nessa passagem? Que aspectos de quem seremos e do que experimenta-
remos na Nova Criação são mais significativos para você?

Os participantes podem rever suas respostas à pergunta 6 do Estudo Bíblico Pessoal para obter ajuda na
resposta a essa pergunta.

O povo é santo, preparado, adornado. Eles são radiantemente belos, como uma noiva no dia de seu ca-
samento. Eles têm pertencimento; nunca estarão sozinhos ou abandonados. Eles não têm e nunca terão
qualquer motivo para tristeza, lamento ou dor.

100
6. Muitos de nós podem ter passado a maior parte de sua vida cristã com a expectativa de ir para
o céu ao morrer, vivendo como almas desencarnadas em algum lugar longe desta terra. Como
Apocalipse 21, com sua imagem de nossa existência eterna no novo céu e na nova terra, é diferen-
te da maneira como podemos ter imaginado a eternidade?

Espero que Apocalipse tenha ajustado o pensamento dos participantes que imaginaram a eternidade
em um lugar etéreo e distante da Terra, levando-os a antecipar uma existência externa muito real e física
em uma terra purificada e renovada. Esse livro também deve nos afastar da tendência de tirar o máximo
proveito desta vida antes da morte, por aguardarmos uma existência chata e estática em um paraíso
desencarnado. Por fim, Apocalipse deve nos levar a valorizar as glórias da Nova Criação e a antecipar
alegremente a nossa entrada nela.

7. Nancy disse: “a novidade dessa Nova Criação — a intimidade dela com Jesus e o pertencimento
a ele; a beleza, a segurança, a comunidade, a satisfação, a iluminação, a santidade, a cura e a fe-
licidade dessa criação — não está reservada apenas para o futuro. É uma realidade crescente no
interior de nossa vida agora mesmo, caso estejamos em Cristo”. Como você está experimentando
essa novidade em sua vida agora? Pense em algumas das maneiras como Deus o transformou.
(Isso não é se gabar; seja encorajado e glorifique a Deus por sua obra de nos fazer novas criaturas
em Cristo!)

Respostas pessoais. Para incentivar os participantes, considere se alguma das seguintes opções é verda-
deira para você:

• Posso enfrentar a insegurança porque estou confiante de que minha identidade está segura em
Cristo.

• Amo estar com o povo de Deus porque percebo que essa é a comunidade em que vou viver para
sempre.

• Não espero estar satisfeito o tempo todo; na verdade, espero me decepcionar muito. Contudo, estou
contente com isso, pois sei que a satisfação verdadeira e eterna está chegando.

• Muitas coisas estão se tornando mais claras para mim à medida que leio a Palavra de Deus.

• Quando caio em pecado, não caio tanto e não fico lá tanto tempo. Sou cada vez mais rápido em me
arrepender e correr para Jesus.

• Encontrei cura para lugares quebrados na minha vida.

É claro que não estamos experimentando nenhuma dessas coisas plenamente, no mesmo grau
com que as provaremos após o retorno do Rei Jesus. Porém, que gostos e vislumbres estamos ten-
do aqui e agora?

101
8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 21.1–22.5? E, se a bênção é
prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bên-
ção pode tomar?

• Essa imagem da Nova Criação como um casamento nos sustenta enquanto esperamos a vinda de nos-
so noivo, Jesus. Isso nos faz direcionar nossos desejos para esse casamento eterno. Recusamo-nos a
esperar de nossos casamentos humanos o que nosso divino Esposo nos proporcionará eternamente.

• Essa imagem da Nova Criação como herança nos ajuda a estarmos contentes. Não ficamos tão tensos
com o que temos ou não temos aqui e agora, visto que realmente acreditamos e aguardamos que, um
dia, juntamente com todos os outros filhos de Abraão pela fé, herdaremos o mundo.

• Essa imagem da Nova Criação como uma comunidade multicultural nos leva a abrir as portas de
nossos corações, as mesas em nossas casas e os bancos de nossas igrejas para pessoas que vêm por
uma porta diferente, que vêm de uma cultura diferente ou que têm uma pele de uma cor diferente.
Nós os amamos, acolhemos e investimos no relacionamento com eles agora, pois sabemos que com-
partilharemos a eternidade com eles.

• Essa imagem da Nova Criação como um templo santo nos faz odiar cada vez mais o que é mau e amar
o que é bom. Em vez de nos apegarmos aos nossos pecados de estimação, descobrimos que temos
um desejo crescente de matarmos o pecado e de sermos santos como Deus é santo.

• Essa imagem da Nova Criação como um jardim nos impede de esperar que este mundo sempre
nos satisfaça plenamente. Estamos sedentos por água viva. Estamos famintos pelo fruto da árvore
da vida. Ansiamos pela plena e completa satisfação que nos espera no novo e maior jardim que
está por vir.

102
Capítulo 12 (Apocalipse 22.6-21)
Abençoados por guardarem as palavras de Jesus

ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

1. Apocalipse começa com um prólogo em 1.1-8 e termina com um epílogo em 22.6-21. O que você
encontra em ambos?

• 1.1 e 22.6: um anjo enviado por Deus para mostrar “as coisas que em breve devem acontecer”.

• 1.3 e 22.7: a promessa de bênção para aqueles que guardam o que está escrito em Apocalipse.

• 1.7 e 22.7: a promessa de que Jesus virá em breve.

• 1.2 e 22.8: João deu testemunho do que viu.

• 1.8 e 22.13: Deus se identifica como o Alfa e o Ômega.

2. Leia Apocalipse 22.8-9. Qual é a resposta de João ao anjo que lhe mostrou as excelências da Nova
Criação? O que isso nos comunica sobre o que João viu?

João caiu para adorar. As maravilhas e magnificência da Nova Criação que ele viu eram tão gloriosas
que até mesmo o mensageiro enviado para mostrá-las a João parecia digno de adoração. A glória das
novas realidades da criação transbordou para o mensageiro que as revelou.

3. Ao longo de Apocalipse, às vezes parece que João tem escrito com os livros proféticos de Daniel,
Zacarias e Ezequiel abertos. Embora ele provavelmente não tivesse esses pergaminhos consigo
em Patmos, ele os conhecia intimamente. Ele parece ter Daniel 12 em mente ao escrever Apo-
calipse 22. Leia Apocalipse 22.10 e o compare com Daniel 12.4, 9. Qual é a diferença entre as
instruções que João recebeu e aquelas que Daniel recebeu a respeito de suas visões de algumas
das mesmas realidades celestiais? Por que você acha que elas são diferentes?

Daniel foi instruído a “encerra[r] as palavras e sela[r] o livro, até ao tempo do fim”, enquanto João foi
instruído a não selar as palavras do livro, “porque o tempo está próximo”. As profecias seladas por Da-
niel começaram a ser cumpridas na vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo. Elas também
se cumpriram nos dias de João, quando o Evangelho saiu de Jerusalém e foi para a Judeia, Samaria e os
confins da terra (At 1.8). Elas continuam a ser cumpridas no presente, à medida que o reino de Deus se
espalha por todas as nações e povos, e continuarão a se cumprir até que sejam consumadas, quando o
reino de Cristo vier em toda a sua plenitude.

103
4. Leia Apocalipse 22.11. Ao longo do livro, ficou muito claro o destino daqueles que se purificam
e daqueles que persistem no mal. À luz desse destino, qual você acha que pode ser a mensagem
ou advertência pretendida para cada um desses grupos nesse versículo?

Mensagem aos malfeitores:

Talvez essa mensagem tenha a intenção de fazer com que as pessoas que persistem no mal considerem
cuidadosamente o resultado de sua escolha de permanecerem impenitentes. Em certo sentido, ela os
chama a colocar para fora quem realmente são e a aceitar a responsabilidade por sua escolha, reconhe-
cendo a realidade do julgamento vindouro de Deus.

Mensagem aos justos:

Talvez essa mensagem tenha a intenção de fazer com que a pessoa que se uniu a Cristo celebre a reali-
dade do que isso significará para seu futuro, um futuro de justiça e santidade. Ela também os chama a
colocar para fora quem realmente são, isto é, pessoas que foram separadas para a santidade.

5. Leia Apocalipse 22.12. Jesus diz que, quando vier, trará consigo a sua recompensa. Em outras
palavras, ele virá para punir e recompensar. O Sermão do Monte está repleto de promessas de
bênçãos, na medida em que promete recompensas. Percorra Mateus 5 e 6 e observe cinco com-
portamentos que Jesus recompensará quando voltar.
• 5.12: suportar a perseguição por causa de Jesus.
• 5.44-46: amar seus inimigos e orar por aqueles que o perseguem.
• 6.4: dar aos necessitados em segredo.
• 6.6: orar em segredo.
• 6.18: jejuar em segredo.

6. Leia Apocalipse 22.14-15 e o compare com as seguintes passagens:

• Gênesis 3.22-24: como Apocalipse 22.14-15 resolve a crise que existe desde que Adão e Eva
foram expulsos do Éden?

Adão e Eva, em sua vergonha pecaminosa, não puderam permanecer no Éden com acesso à árvore da
vida. Desde então, a humanidade espera que esse acesso seja restabelecido. Em sua morte expiatória,
Cristo realizou o que era necessário para reabrir o caminho para a árvore da vida. À medida que seu
sangue é aplicado a todos os que se apoderam dele pela fé, somos purificados para que finalmente
tenhamos acesso à árvore da vida na santa presença de Deus, em vez de ficarmos de fora. Apocalipse
22 promete que, porque Cristo abriu o caminho para nós, o povo de Deus será capaz de entrar em
uma cidade-jardim maior, onde comeremos livremente para sempre da árvore da vida.

• Isaías 62.10-12: que aspectos da profecia de Isaías João vê cumpridos em sua visão?

João vê o povo de Deus atravessando as portas da cidade de Deus, a Nova Jerusalém. Ele vê a sal-
vação vindo na pessoa de Cristo, que traz consigo a recompensa. Os adoradores dentre as nações
atravessam os portões abertos da cidade santa e têm acesso à “árvore da vida”, em contraste com os
profanos, que não podem entrar.

104
7. Leia Apocalipse 22.16. Ao se autodenominar “a Raiz e a Geração de Davi” e “a brilhante Estrela da
manhã”, Jesus declara ser o cumprimento de importantes profecias messiânicas do Antigo Testa-
mento. Escreva uma declaração sobre quem Jesus é com base nas seguintes passagens proféticas.

• Isaías 11.1: Jesus é o rebento — ou seja, descendente — de Jessé (pai de Davi). Ele é o ramo dessa
raiz que dá frutos.

• 2 Samuel 7.12-17: Jesus é o filho de Davi, cujo reino durará para sempre.

• Números 24.17: Jesus é a estrela que saiu de Jacó e esmagou a cabeça de seu inimigo, trazendo salva-
ção para seu povo.

8. Leia Apocalipse 22.17. Quem você acha que faz o convite para vir? Quem você acha que recebe o
convite? E para que eles são convidados? (Há mais de uma possibilidade.)

Pode ser que o Espírito e a Noiva peçam a Cristo que venha, como se seu desejo de que tudo o que foi
descrito em Apocalipse seja realizado transbordasse em um clamor a Cristo para que ele volte e faça
tudo acontecer.

Ou pode ser que o Espírito Santo fale por meio do povo de Deus, a Noiva, convidando as pessoas que
estão sedentas por um relacionamento salvador e satisfatório com Deus a virem e se unirem a Cristo.
Vir é trazer-lhe nossa necessidade e confiar que ele nos cobrirá com sua justiça. É entrar em uma vida de
fé, vencer a tentação de encontrar satisfação na Babilônia e resistir à atração da besta. É receber a água
da vida que Jesus oferece e banquetear-se com ele na ceia das bodas do Cordeiro.

9. Leia Apocalipse 22.18-19. O que você acha que significa acrescentar ou tirar algo das palavras do
livro de Apocalipse? O que acontecerá com aqueles que o fizerem?

Essa afirmação não tem a função de condenar aqueles que cometessem um erro ao copiar o livro de
Apocalipse nem crentes bem-intencionados que cometessem erros ao ensinar Apocalipse. João aborda
distorções deliberadas e perversões do livro. Acrescentar ou subtrair algo à mensagem de Apocalipse é
uma prática que as seitas e os falsos líderes proféticos fazem.

Contudo, todos os crentes devem levar esse mandamento a sério. João enfatiza a autoridade e o caráter
divino do livro que escreveu. Devemos ter cuidado para não minimizar ou diminuir o chamado de Apo-
calipse para que rejeitemos o falso ensino, guardemo-nos da idolatria e evitemos a impureza sexual, o
compromisso com o mundo e a falta de fé.

10. Leia Apocalipse 22.20-21. Que resposta à promessa de Jesus João nos dá como exemplo?

Jesus prometeu vir até nós, e as palavras finais de João nos mostram a resposta certa a essa promessa:
acolhê-la, afirmá-la e colocar nela nossos corações, alimentando um desejo de que ela seja cumprida.

11. O que podemos aprender com a bênção final de João?

A bênção final de João nos lembra de que viver vidas de perseverança paciente, esperando a vinda de
Jesus, exigirá graça — especificamente, a graça que advém da união com Cristo pela fé.

105
12. Como podemos imitar a resposta de João e deixar que sua bênção molde nossas vidas e nos dê
esperança?

Podemos nos alegrar e suportar com esperança porque Jesus prometeu prover a graça de que precisa-
mos para suportar fielmente (2Co 12.9).

106
GUIA DE DISCUSSÃO

1. Três vezes em Apocalipse 22.6-21, Jesus disse: “Eis que venho sem demora”. Por que você acha
que é importante para ele que saibamos disso? Com base no que vimos no livro de Apocalipse,
que diferença saber que ele vem em breve deve fazer em nossas vidas?

Jesus reconhece que, em nossa fraqueza, será tão fácil para nós sermos dominados e distraídos pelo
que está bem à nossa frente. Ele sabe que, quanto mais tempo demorar para voltar, mais difícil pode ser
continuar esperando com esperança (Sl 103.14 nos assegura: “ele conhece a nossa estrutura e sabe que
somos pó”). Mil anos podem ser como um dia para ele (2Pe 3.8), mas uma vida inteira pode parecer
incrivelmente longa do ponto de vista humano. Ele quer nos fortalecer para perseverar e nos capacitar
para sermos fiéis.

Saber que ele virá em breve deve nos manter alertas e despertos, preparados para viver cada dia à luz de
seu retorno para julgamento e salvação. Isso evitará que sejamos enredados pelo mundo e nos torne-
mos dependentes dele, bem como nos fará focar no que realmente importa e nos encorajará a buscar a
santidade, gerando uma urgência ao nosso testemunho. Assim, ter a certeza de que o Senhor virá sem
demora nos fortalecerá para a perseverança paciente em cada provação, para que sejamos considerados
dignos e desfrutemos da eternidade com ele.

2. Você acha que a maioria dos crentes hoje pensa muito na volta de Jesus ou anseia por ela? Por
quê? O que nos distrai disso?

A maioria de nós está muito focada em nossas vidas aqui e agora. Pode ser difícil colocar nossos olhos
e nossa esperança em um futuro eterno quando as coisas que podemos ver, tocar e experimentar com
nossos sentidos físicos são muito mais imediatas e reais para nós. A eternidade está muito além de nossa
compreensão. É realmente difícil pôr nossas mentes no que nos espera.

Somos facilmente consumidos pelas preocupações da vida diária com nossas famílias, nossos empregos
e nossos interesses, distraídos pela busca de bênçãos aqui e agora. Além disso, temos um inimigo cujo
objetivo é nos distrair e nos tentar a buscar satisfação no que o mundo oferece. Se não estivermos regu-
larmente na Palavra de Deus e em comunhão com outros crentes, não seremos lembrados de depositar
nossa esperança na volta de Cristo e na ressurreição.

3. Como você responderia a alguém que lhe perguntasse: “Por que Apocalipse foi escrito e do que
o livro trata?” Como suas ideias sobre o que é o livro de Apocalipse foram desafiadas ou alteradas
ao longo deste estudo?

Apocalipse é um chamado para suportar fielmente o sofrimento por causa da audaciosa fidelidade a
Jesus Cristo. É também um chamado para nos recusarmos a transigir com o mundo enquanto aguarda-
mos o retorno do Rei Jesus, que estabelecerá seu reino em toda a sua gloriosa plenitude.

107
João escreveu Apocalipse por razões muito práticas: para que os crentes continuassem a perseverar
na fé. Ele queria ajudá-los a suportar as pressões da vida cotidiana, obedecer em meio ao sofrimento
e resistir à tentação de ser transigente. As sete cartas às igrejas no início do livro contêm as palavras de
Jesus e do Espírito Santo, chamando os crentes a vencer, conquistar, suportar e manter a fé até o fim.
Esse foi um chamado para a igreja do século I, mas o chamado para nós hoje é o mesmo. Não devemos
nos comprometer por meio da adoração a ninguém ou qualquer outra coisa. Não devemos capitular às
normas de qualquer sociedade e cultura em que nos encontremos.

Apocalipse ensina que a base da salvação é a obra redentora de Cristo na cruz. João também enfatiza a
mudança moral, o compromisso que marca aqueles que pertencem a Deus. Suas obras testificam que
o Deus que está no trono é o seu Senhor. Os santos são aqueles que ouvem e atentam, que escutam e
obedecem. Eles são os abençoados. São eles que vencem. Eles resistem fielmente até o fim e receberão
uma recompensa final.

4. Apocalipse inclui sete promessas de bênção, as quais, juntas, apresentam uma imagem da pessoa
que é verdadeiramente abençoada:

1.3: “Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam
as coisas nela escritas...”

14.13: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.”

16.15: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes...”

19.9: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.”

20.6: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição...”

22.7: “Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.”

22.14: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras...”

Como você acha que essas sete declarações moldaram os pensamentos, crenças e valores dos
leitores originais de Apocalipse?

Todas essas sete declarações estabelecem uma conexão entre a maneira como os crentes vivem sua vida
em Cristo agora e sua futura recompensa eterna. Sua bem-aventurança vem de sua adoração ao único
Deus verdadeiro, sua rejeição da besta e de seus valores, assim como de sua recusa em depender do
mundo para seu sustento, significado ou satisfação. Para os destinatários originais dessa carta, tudo em
seu mundo e em sua sociedade os afastava da confiança em Jesus. O mundo inteiro ao seu redor estava
contra eles. Porém, em Apocalipse, João os lembra de que eles é que são os prósperos, os felizes, os que
experimentam o shalom de Deus. Eles precisam aguentar até o fim, quando receberão a recompensa
que certamente virá.

5. Como a definição que Apocalipse faz da vida abençoada difere da maneira como a maioria das
pessoas do mundo — e talvez até mesmo de muitos na igreja — percebe o que significa ser
“abençoado”? Como você quer que esse estudo da bênção de acordo com Apocalipse mude sua
maneira de pensar sobre o que significa ser abençoado?

108
Nosso mundo pensa em bênção sobretudo em referência ao mundo material — ter coisas boas, ser
capaz de desfrutar de experiências dispendiosas. Além disso, ele chama de bênção apenas aquilo que é
objetiva e obviamente bom à primeira vista, ou seja, coisas que todos concordariam que são agradáveis
e bacanas de se ter. Além disso, o mundo chama de bênção algumas coisas que, na economia de Deus,
são, na verdade, maldições. Às vezes, ele olha para o mal e para o pecado e os chama de bênção. A igreja
pode evitar esse último erro de julgamento, mas ainda ecoa a avaliação do mundo de que apenas aquilo
que é obviamente agradável e nos faz sentir bem é uma “bênção”.

Apocalipse vira nossas percepções de cabeça para baixo, chamando as coisas mais inesperadas de bên-
çãos: morte, perseguição, estado de alerta, confissão de pecado, julgamento de Deus. O livro nos exorta
a enxergarmos a nós mesmos como fundamentalmente abençoados por termos nossos nomes escritos
no Livro da Vida, bem como a filtrarmos todas as coisas que nos chegam por meio do cuidado amoroso
do Deus bendito, que nos veste com sua justiça. Ele abriu um caminho para que pertençamos a ele e
habitemos com ele para sempre.

6. Em cada passo ao longo do caminho, consideramos o que significa ouvir e guardar as diferentes
seções de Apocalipse. Faremos isso mais uma vez, agora pensando não só na última passagem,
mas também em todo o livro. O que significa ouvir e guardar Apocalipse 22.6-21? E o que signi-
fica ouvir e guardar Apocalipse como um todo?

Guardar Apocalipse 22.6-21 é valorizar o livro de Apocalipse, isto é, parar de ignorá-lo ou assumir que
ele não é nada mais do que uma profecia complicada e incompreensível sobre o fim dos tempos e, em
vez disso, valorizar suas promessas, dar ouvidos às suas advertências e ser fortalecido por seu chamado
à perseverança e à fé pacientes. É orientar nossas vidas para a Nova Criação, recusando-nos a esperar
que a vida vivida sob a ordem atual nos satisfaça ou sustente verdadeiramente. É tremer diante de
Cristo, cair diante dele em adoração e depender de sua justiça para que tenhamos o direito de entrar
na cidade santa. É crer em Jesus quando ele diz que virá em breve e viver com um desejo ansioso por
sua vinda.

109
Perguntas para discussão

Introdução
Preparando-se para um estudo de Apocalipse

1. Quais são as razões pelas quais algumas pessoas adoram estudar Apocalipse, enquanto outras não estão
interessadas em estudá-lo?

2. E quanto a você? O que você pensa e sente sobre investir em um estudo desse livro? O que você espera
tirar disso?

3. Para algumas pessoas, estudar Apocalipse gera algum medo. O que pode produzir medo nesse livro ou
no presente estudo? Quais são algumas maneiras de lidar com esses medos?

4. Para tirar o máximo proveito do nosso estudo, cada um de nós, por conta própria, terá de lidar com
perguntas sobre o texto antes de nos encontrarmos a cada semana (se este não for o caso do seu grupo,
ajuste esta pergunta). Você já participou de estudos que exigiram isso no passado? O que o ajudou a ser
bem-sucedido em fazer a lição de casa a cada semana? Quando você planeja trabalhar nisso durante a
semana?

5. No fim da introdução, Nancy disse: “Nós começamos um estudo desse livro pensando que nosso maior
desafio será entendê-lo. E não é. O maior desafio é abrir-nos para os ajustes em nossas vidas aos quais
esse livro nos chama. No entanto, esse desafio maior também é o que promete as maiores bênçãos.” Va-
mos passar algum tempo em oração uns pelos outros e por nosso estudo conjunto, pedindo a Deus que
nos dê a graça de que precisamos para nos abrirmos aos ajustes em nossas vidas que Apocalipse exige.

110
Perguntas para discussão

Capítulo 1 (Apocalipse 1.1-8)


Abençoados por ouvirem a revelação de Jesus

1. O que você acha que a maioria das pessoas pensa quando ouve a palavra “apocalipse”?

2. Como você explicaria o que é “apocalipse” na Bíblia? Qual a diferença entre receber um “apocalipse” e
ter uma epifania?

3. Esse primeiro versículo nos diz que o conteúdo de Apocalipse tem como objetivo mostrar aos servos
de Jesus Cristo “as coisas que em breve devem acontecer”. Se as coisas descritas nesse livro “devem”
acontecer, o que isso revela sobre o que acontecia nos dias de João, o que está acontecendo em nossos
dias e o que esperamos sobre o futuro? Como isso nos fortalece enquanto servos dele?

4. João foi orientado a anotar “tudo o que viu”. Mais de 30 vezes em Apocalipse, João dirá: “Eu vi...”. E,
então, ele tentará nos descrever o que viu. Como nosso estudo pode ser afetado quando reconhecemos
e nos lembramos de que João descreve algo que viu?

5. Vemos no versículo 4 que esse livro é uma carta escrita para sete igrejas — sete igrejas reais no primeiro
século que representam todas as igrejas daquele tempo e ao longo da história da igreja. Foi-lhes escrito
para que não ficassem no escuro, mas para que soubessem “as coisas que em breve devem acontecer”. O
que isso nos revela sobre a mente, a vontade e o coração de Deus para com seu povo?

6. Nos versículos 4-7, somos apresentados a inúmeras declarações e títulos que nos dizem quem é Jesus,
o que ele fez e o que ele fará. Quais são particularmente significativos para você?

7. Esse livro começa e termina com a promessa de que aqueles que o ouvirem e guardarem serão aben-
çoados. Como você acha que a bênção prometida aqui é diferente do que a maioria das pessoas pensa
sobre o que significa ser abençoado?

8. Em cada lição, consideraremos o que significará para nós ouvir e guardar a passagem que estamos ana-
lisando. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar esses oito primeiros versículos de
Apocalipse? E, se a bênção é prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma
você acha que essa bênção pode tomar?

111
Perguntas para discussão

Capítulo 2 (Apocalipse 1.9-20)


Abençoados por verem o Jesus glorificado

1. João dirigiu essa carta/apocalipse/profecia às sete igrejas da Ásia. O que você acha que significou para
aqueles que ouviram a leitura dela pela primeira vez que João tenha se identificado como “irmão vosso
e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança”?

2. Embora a carta tenha sido escrita para essas sete igrejas específicas, também aprendemos que elas re-
presentam todas as igrejas na época de João e desde então. Assim, isso significa que João também é
nosso irmão e companheiro na tribulação, reino e perseverança. Você acha que a maioria das pessoas
que se dizem cristãs pensam em si mesmas e em suas vidas dessa maneira? Por que ou por que não?

3. João não viveu em nossos dias de redes sociais. Contudo, se vivesse, que tipo de posts ou tweets você
acha que ele poderia ter escrito para terminar num exílio em Patmos?

4. Em Apocalipse 1.13-16, João usa várias analogias para descrever a figura que viu e ouviu — sua aparên-
cia, sua roupa, seu cabelo, seus olhos, seus pés, sua voz, sua boca e seu rosto. Qual é mais intrigante para
você? Qual delas mais o desafia em relação a como você pensa ou se relaciona com Jesus?

5. João descreveu o que viu e ouviu de maneiras muito parecidas com os profetas do Antigo Testamento.
Por que você acha que isso acontece? Isso, em sua avaliação, tira ou aumenta a credibilidade de João?

6. A resposta de João ao ver o Filho do Homem glorificado foi semelhante às respostas das pessoas no An-
tigo Testamento: ele caiu sobre seu rosto. Qual é o significado dessa resposta? Como isso deve impactar
a forma como pensamos em Jesus e reagimos a ele?

7. De todas as coisas que Jesus poderia ter dito a João naquele momento, por que você acha que foi impor-
tante para João ouvi-lo dizer: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto,
mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno”?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 1.9-20? E, já que a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode
tomar?

112
Perguntas para discussão

Capítulo 3 (Apocalipse 2–3)


Abençoados por serem conhecidos por Jesus

1. Antes de começarmos a discutir detalhes sobre a mensagem de Jesus para as várias igrejas, pense por
um momento sobre o quadro geral. Jesus repreendeu muitas questões. O que isso nos diz sobre o desa-
fio de manter a fidelidade a Cristo enquanto vivemos no mundo?

2. Observe que cada carta inclui: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (plural). Como
isso molda como devemos ler, entender e aplicar o conteúdo dessas cartas?

3. Considere o fato de que a mensagem de Jesus se destina às igrejas, e não aos crentes enquanto indiví-
duos. Qual é a importância disso? O que isso revela sobre o que significa ser cristão segundo Jesus? O
que você acha que esses cristãos do primeiro século teriam pensado sobre alguém que se dizia cristão,
mas tinha um compromisso casual ou não possuía compromisso algum com uma igreja local?

4. Depois de ouvir a mensagem de Jesus para sete igrejas que enfrentaram diferentes tipos de desafios em
ambientes muito diferentes, o que ficou gravado em sua mente como aquilo que é realmente importan-
te para Jesus? Diante disso, o que deve se tornar mais urgente para você?

5. Às vezes, pensamos no arrependimento como algo que fizemos uma vez quando nos tornamos cristãos.
Jesus, porém, repetidamente chama os crentes dessas igrejas ao arrependimento. Como você descreve-
ria o tipo de arrependimento que Jesus pede nessas cartas? Mais significativamente, como você acha
que encontramos a vontade e o poder de nos arrependermos dessa maneira?

6. Em cada uma das sete cartas de Apocalipse 2–3, Jesus enfatiza a necessidade de perseverar na fé e na
obediência para que se receba a salvação final. Isso pode soar como se os crentes corressem o risco de
perder sua salvação. Você acha que é isso que se comunica aqui? Se não, qual é a mensagem pretendida?

7. Jesus conhece o bem e o mal, o privado e o público, nossas ações e nossos motivos. Essa realidade o
conforta ou incomoda? Por quê?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 2–3? E, se a bênção é prometida
àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

113
Perguntas para discussão

Capítulo 4 (Apocalipse 4–5)


Abençoados por adorarem a dignidade de Jesus

1. A maioria dos primeiros “leitores” de Apocalipse eram, na verdade, ouvintes. Eles ouviram a leitura
do Apocalipse de João quase como uma performance dramática em que o público entra no mundo do
drama. Como você acha que ouvir essa visão teria afetado os membros das sete igrejas que ouviram
Apocalipse 4–5 pela primeira vez? Como eles poderiam ter sido surpreendidos, agitados, desafiados ou
encorajados?

2. Pode ser desafiador interpretar o que é transmitido pelo simbolismo que João usa para descrever o que
viu no céu em Apocalipse 4.3-6. Contudo, que aspectos do caráter e da natureza de Deus você acha que
João tenta expressar por meio de suas descrições?

3. Nancy disse que o pergaminho representa os decretos de Deus a respeito do julgamento e da salvação,
estabelecidos antes da fundação do mundo. Em outras palavras, os planos de Deus para o desenrolar
da história e do futuro foram escritos e selados. O que isso nos diz sobre o que aconteceu no passado, o
que acontece em nossos dias e o que acontecerá no futuro?

4. Ouvimos repetidas promessas de bênção em Apocalipse 2 e 3 para aqueles que vencem. Agora, em
Apocalipse 5.5, é-nos dito que o Leão venceu. Como você descreveria a relação entre a vitória exigida
na vida dos crentes em Apocalipse 2 e 3 e a vitória do Leão?

5. Se fôssemos examinar esses dois capítulos em busca de palavras e imagens repetidas, veríamos que
“digno” e “adoração” estão no centro de sua mensagem. Com base no que o Pai (capítulo 4) e o Filho
(capítulo 5) se mostram dignos de adoração?

6. Ao termos um vislumbre da adoração no céu, como isso nos desafia em relação a como e por que ado-
ramos a Deus (ou as outras coisas que somos tentados a adorar e admirar)?

7. Talvez aqueles que se reúnem para o culto semanal em sua igreja orem juntos as palavras do Pai Nosso:
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade,
assim na terra como no céu” (Mt 6.9-10). Como Apocalipse 4–5 nos dá uma compreensão daquilo por
que oramos e nos mostra se essa oração será ou não respondida?

8. As visões dadas a Ezequiel e Daniel enquanto viviam exilados na Babilônia são muito semelhantes à vi-
são que João recebeu enquanto estava exilado em Patmos. Como as visões que Ezequiel, Daniel e João
receberam teriam sido de proveito para eles mesmos enquanto sofriam no exílio? Como a visão de João
poderia ser útil para nós, cristãos, que vivemos como exilados neste mundo (1Pe 2.11)?

9. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 4–5? E, se a bênção é prometida
àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

114
Perguntas para discussão

Capítulo 5 (Apocalipse 6–7)


Abençoados por serem protegidos por Jesus

1. Apocalipse desenha imagens de cenas dramáticas destinadas a causar uma impressão em nós. Essas
visões são destinadas a moldar nossa perspectiva sobre a vida neste mundo e no próximo. Então, antes
de começarmos a discutir as especificidades de Apocalipse 6–7, qual é a principal impressão que esses
dois capítulos causaram em você sobre o presente e o futuro?

2. Os quatro primeiros selos formam uma espécie de unidade. Como eles se encaixam? Quais são as pistas
que podemos apontar na história que evidenciam cada uma dessas realidades? Quais são as pistas em
nossos dias que refletem essas realidades?

3. O quinto selo pode ser preocupante. Não gostamos particularmente de pensar em pessoas sendo mor-
tas por darem testemunho de Cristo — no passado ou hoje. Você já pensou em irmãos e irmãs que
vivem sob esse tipo de perseguição hoje? Com que frequência você ora por isso? Como poderíamos
crescer em nossa compreensão dos crentes perseguidos e em nossa oração por eles? O que você acha
que podemos ganhar com isso?

4. Qual é a diferença entre ser perseguido por seu testemunho de Cristo e ser perseguido, marginalizado
ou criticado por seus compromissos políticos, status social, identidade racial ou traços de personalida-
de? Por que é importante reconhecermos a diferença?

5. A devastação descrita em Apocalipse 6, com a referência explícita ao assassinato de cristãos nos versícu-
los 9-11, não deve, em certo sentido, nos surpreender. É exatamente o que Jesus disse a seus seguidores
que esperassem (Mt 5.10-12; Lc 21.16-19). No entanto, normalmente não esperamos que nossas
vidas sejam assim. Por quê? Qual é a sua reação à ideia de deixar essas passagens remodelarem suas
expectativas?

6. Nancy disse que deveríamos examinar nossas vidas em busca de evidências de que fomos selados por
Deus e para Deus. Todavia, às vezes, o autoexame pode ser preocupante. Podemos ficar desanimados
se não virmos tantas evidências da obra do Espírito Santo em nossas vidas quanto poderíamos esperar.
É importante entender que examinar nossa vida em busca de frutos não é perguntar quanto fruto foi
produzido em nós, mas se há algum fruto da obra do Espírito em nossa vida e por meio dela. O que
você diria para a pessoa que diz não saber ao certo se será contada entre essa multidão de 144.000 “que
ninguém podia enumerar”?

7. Como o Salmo 23 antecipa as bênçãos da Nova Criação articuladas em Apocalipse 7.15-17? Qual des-
sas promessas é mais estimulante ou reconfortante para você?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 6–7? E, se a bênção é prometida
àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

115
Perguntas para discussão

Capítulo 6 (Apocalipse 8–11)


Abençoados por estarem em missão por Jesus

1. Antes de começarmos a discutir os detalhes de Apocalipse 8–11, quais são as suas reações iniciais ao
quadro que João apresenta nesses capítulos?

2. Como o sopro das sete trombetas se relaciona com as pragas do Egito e o endurecimento do coração do
faraó, bem como com a derrota de Jericó quando os israelitas entraram na Terra Prometida?

3. Nancy sugeriu que as quatro primeiras trombetas apontam para “os falsos deuses em torno dos quais as
pessoas constroem suas vidas, os quais simplesmente não são capazes de dar o sustento ou a segurança
que elas desejam”. Quais são os falsos deuses em torno dos quais as pessoas constroem suas vidas e que
as frustram? E, quando os falsos deuses delas falham, você já as viu se voltarem para Deus em arrepen-
dimento e fé?

4. Na quinta trombeta, vemos demônios saindo do inferno para atormentar pessoas que não são seladas
por Deus. Algumas das imagens usadas para descrevê-los (rostos humanos e cabelos femininos) fazem
com que pareçam atraentes, e não feios ou perigosos. O que isso revela sobre a verdadeira natureza da
atividade demoníaca no mundo? Quais são algumas das maneiras como Satanás e seus demônios ator-
mentam e destroem as pessoas, de forma que suas vidas se assemelhem à desolação causada por uma
praga de gafanhotos?

5. Nancy sugeriu que os cavalos que surgem com a sexta trombeta e têm fogo, fumaça e enxofre saindo de
suas bocas apontam para o engano demoníaco do falso ensino dentro e fora da igreja. Você concorda
que tendemos a desculpar ou minimizar o perigo do falso ensino? Por que ou por que não?

6. Embora os julgamentos da trombeta em Apocalipse 8–9 sejam voltados para o mundo incrédulo, o in-
terlúdio sobre o pergaminho e as duas testemunhas foi uma mensagem para as sete igrejas da Ásia e para
nós hoje. Como as palavras de João sobre o pergaminho e as duas testemunhas o assustam, intimidam,
desafiam ou motivam?

7. Quando a sétima trombeta é tocada, vemos o que acontecerá no julgamento final para aqueles que
têm Abadom/Apoliom como seu rei, em contraste com aqueles que têm Cristo como seu Rei. Quais
são algumas das especificidades presentes em Apocalipse 11.15-19 que o trazem à sobriedade ou o
encorajam?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 8–11? E, se a bênção é prometida
àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

116
Perguntas para discussão

Capítulo 7 (Apocalipse 12–14)


Abençoados por viverem e morrerem em Jesus

1. Muitas pessoas modernas pensam que a ideia de que um demônio real está em ação no mundo é mera-
mente uma tática de medo religioso. Porém, de Gênesis a Apocalipse, Satanás é apresentado como um
ser muito real. Na verdade, João o destaca em Apocalipse 12–13. Por que você acha que foi importante
para o primeiro público da carta de João entender a realidade, as intenções e as limitações de Satanás?
E por que é importante que as pessoas em nossos dias também compreendam sua realidade, intenções
e limitações?

2. João foca o dragão como o enganador de todo o mundo e o acusador dos irmãos. Como a maneira
como os crentes vencem (12.11) se relaciona com esses dois aspectos dos esforços de Satanás?

3. Como você explicaria a identidade da besta do mar?

4. Apocalipse 13.7 diz que a besta foi autorizada a fazer guerra contra os santos e vencê-los. Quem “per-
mitiu” que a besta fizesse guerra contra os santos? O que significa que a besta os venceu? Como isso se
relaciona com o refrão que é repetido nessa passagem e chama os santos à perseverança e à fé?

5. Como você explicaria a alguém o que é ou significa “a marca da besta”?

6. Como você explicaria a relação entre a besta do mar e a besta da terra?

7. Apocalipse apresenta uma batalha cósmica que está em curso. Contudo, Apocalipse não é o primeiro
lugar em que lemos sobre esse conflito em andamento. Leia as seguintes passagens em voz alta e discuta
como elas se relacionam com o que é apresentado em Apocalipse 12–14:

• 2 Coríntios 11.13-15

• Efésios 6.11-13

• Tiago 4.4

8. O que o impressiona sobre a reunião e a canção retratada em Apocalipse 15.1-4? Você tem dificuldade
em se imaginar tendo essa mesma reação? Por que ou por que não?

9. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 12.1–15.4? E, se a bênção é pro-
metida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode
tomar?

117
Perguntas para discussão

Capítulo 8 (Apocalipse 15–16)


Abençoados por estarem prontos para a volta de Jesus

1. Você pode se identificar com a sugestão de Nancy de que muitos de nós realmente não queremos olhar
muito de perto para a ira de Deus? Quais são algumas das razões pelas quais estamos desconfortáveis
com isso?

2. Como ver os paralelos entre Apocalipse 15–16 e as pragas em Êxodo pode ajudar a moldar ou ajustar
nossa perspectiva sobre a ira de Deus?

3. Que elementos e imagens em Apocalipse 15–16 podem nos ajudar, caso vejamos a ira de Deus como
injusta?

4. Quando o sexto anjo derrama sua taça, os líderes dos inimigos de Deus — o dragão, a besta e o falso
profeta, que são descritos como espíritos demoníacos — reúnem seus súditos para uma batalha final
contra o reino de Deus. É-nos dito o que sai de suas bocas: engano. Eles enganam os habitantes de seu
reino e todos os reis da terra para se reunirem para a batalha contra os santos. Que tipo de mentiras você
acha que eles podem estar espalhando sobre Deus e seu povo?

5. No meio do julgamento da sexta taça, enquanto a trindade profana reúne os reis do mundo inteiro para
uma batalha final contra os santos, Jesus intervém. Ele fala diretamente aos santos, garantindo-lhes que
aparecerá para essa batalha: “Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e
guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” (Ap 16.15). O que você acha
que significa para nós, como crentes, “vigiar” e “guardar nossas vestes”?

6. (Leiam lentamente o Salmo 2 juntos, estrofe por estrofe.) Que correspondências você vê entre o Salmo
2 e Apocalipse 15–16?

7. Nancy disse que os filhos de Deus “enxergam a sabedoria, a bondade e o amor leal de Deus” na ira que
ele derrama sobre aqueles que os perseguem. De que maneira o julgamento de Deus contra os ímpios
demonstra sabedoria, bondade e amor pactual?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 15–16? E, se a bênção é prometida
àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção pode tomar?

118
Perguntas para discussão

Capítulo 9 (Apocalipse 17.1–19.10)


Abençoados por estarem preparados como a noiva de Jesus

1. Vamos começar pensando nos destinatários originais dessa carta de João. Volte para Apocalipse 2–3 e
olhe para essas igrejas através das lentes de como elas estavam atraídas pelo que Roma tinha a oferecer.
Quais delas eram atraídas para longe de Cristo? Que luxos as tentavam? Como você acha que essa visão
da grande prostituta, que era um símbolo de Roma, as teria desafiado ou encorajado?

2. João é levado pelo Espírito para o deserto para ver a grande prostituta montada sobre a besta. É quase
como se ele tivesse que se afastar da Babilônia para ter uma perspectiva adequada. Da mesma forma, es-
tamos tão imersos no mundo e em seus valores que pode ser difícil para nós ver como somos seduzidos.
Considere a seguinte lista de áreas em que podemos ser vulneráveis ao adultério espiritual e precisamos
de perspectiva. Como uma pessoa que busca fidelidade a Cristo abordaria esses aspectos da vida de
forma diferente de uma pessoa que foi seduzida pela Babilônia? (Você pode escolher alguns itens desta
lista ou trabalhar todos eles, dependendo do tempo disponível.)

• bens materiais

• esportes e recreação

• trabalho

• aposentadoria

• mídia (incluindo filmes, televisão, música, notícias, podcasts, mídias sociais e livros)

• ética sexual

• beleza física, moda e envelhecimento

• vergonha e autoimagem

• compromissos políticos e opiniões

• educação

• ambições pessoais

• finanças

• paternidade e maternidade

• viagem

• tempos livres

• amizades, convívio, hospitalidade

119
3. Uma mensagem central dessa passagem é que, se nos deixarmos seduzir pela grande prostituta, de
forma a amarmos o mundo em detrimento de Cristo, a destruição do mundo será também a nossa. Há
uma clara distinção entre ser seduzido pela prostituta e ser fiel ao Cordeiro, entre chorar e se alegrar
quando a Babilônia for destruída. Podemos ficar um pouco desconfortáveis com essa nítida distinção,
talvez porque vejamos tanto a incredulidade quanto a fidelidade em nós mesmos. Você consegue se
identificar com isso? O que devemos fazer com isso?

4. Os crentes são chamados a “sair” da Babilônia (18.4) para que não sejam apanhados em sua destruição.
Pode ser difícil saber como fazer isso. O que você acha que isso pode significar para o crente comum
que vive no mesmo tempo e situação que você?

5. Nancy apresentou essa passagem como uma preparação para um casamento de quatro maneiras: (1)
não se deixe seduzir por um amor que não durará; (2) termine com todos os seus antigos amantes; (3)
diga “sim” ao vestido; e (4) continue falando sobre seu noivo. Qual desses itens é mais desafiador para
você e por quê?

6. Nancy identificou uma tensão em Apocalipse 19.7-8 entre a Noiva se preparar e o fato de ela receber
roupas. Como você explicaria a realidade de que ambas as afirmações são verdadeiras?

7. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar o que é revelado em Apocalipse 17–19? E, se
a bênção é prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa
bênção pode tomar?

120
Perguntas para discussão

Capítulo 10 (Apocalipse 19.11–20.15)


Abençoados por compartilharem da ressurreição de Jesus

1. Visto que Apocalipse 19–20 traz o fim da história como a conhecemos, Nancy apresentou a passagem
levando em consideração o que significará estar do lado certo da história. Ela disse que, de acordo com
esse trecho, estar do lado certo da história resultará em:

• participar da vitória do Rei Jesus

• festejar na Ceia das Bodas

• reinar com Cristo

• participar da ressurreição de Jesus

• ser preservado do fogo do julgamento de Deus

• ser recompensado com base no que está escrito nos livros

Como isso é diferente do que geralmente se quer dizer quando as pessoas em nossa cultura falam sobre
estar do lado certo da história?

2. Se olharmos novamente para essa lista do que significará estar do lado certo da história, perceberemos
que nunca saberíamos colocar nossa esperança nessas coisas à parte da Bíblia, particularmente do que
é revelado em Apocalipse. O escritor de Hebreus diz que “a fé é a certeza de coisas que se esperam, a
convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1). Como o que vemos em Apocalipse 19–20 inspira ou
desafia sua fé?

3. Vimos algumas imagens vívidas nesse capítulo: a chegada do rei guerreiro; o pisoteio que ele faz das
uvas no lagar do furor da ira de Deus; uma festa horrível; o lançamento do dragão, besta, falso profeta
e seus aliados no lago de fogo. Como essas imagens o atingem? Por que você acha que os primeiros
destinatários dessa carta precisavam vê-las? Por que você e eu precisamos vê-las?

4. Na vida, morte e ressurreição de Jesus, Satanás foi amarrado “para que não mais enganasse as nações”
(Ap 20.3). Essa descrição fala de um período durante o qual pessoas de todas as nações, e não apenas
do povo judeu, são capazes de ver claramente quem é Jesus e de abraçá-lo pela fé. Pense em histórias
que você ouviu ou mesmo testemunhou acerca de pessoas de outras nações, culturas ou sistemas de
crenças que ouviram o Evangelho, acreditaram nele e foram mudadas por ele. Quem são alguns dos in-
divíduos ou grupos que você conhece ou dos quais ouviu que receberam o Evangelho de Cristo e foram
transformados por ele?

5. Ao longo de Apocalipse, vimos algumas imagens vívidas de como Satanás é e o que ele está fazendo
no mundo. Talvez essas imagens tenham gerado medo para alguns de nós. Todavia, em Apocalipse
20, podemos ver como Satanás realmente é limitado. Isso deve ter sido uma fonte significativa de

121
encorajamento para os leitores originais de Apocalipse. De que maneira isso o encoraja enquanto
você medita na maneira como Satanás está agindo no mundo, em sua nação, em sua família ou em
sua própria vida?

6. Nessa passagem, lemos a quarta das sete bênçãos do livro de Apocalipse: “Bem-aventurado e santo é
aquele que tem parte na primeira ressurreição”. Com base nas passagens que você leu no Estudo Bíblico
Pessoal e no que foi apresentado por Nancy, o que você acha que significa participar da “primeira res-
surreição”? De que maneira isso é uma bênção, tanto agora quanto no futuro?

7. Em 20.12, lemos sobre sermos julgados de acordo com o que está nos livros — o registro de nossos
atos. À luz do que temos lido em Apocalipse, que tipos de ações você acha que João diria que serão en-
contradas nos “livros” em referência aos crentes genuínos? O que você acha que estará nos “livros” em
referência a alguém como o ladrão na cruz (Lc 23.39-43)? O que você espera que seja lido nos “livros”
sobre você?

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 19.11–20.15? E, se a bênção é
prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

122
Perguntas para discussão

Capítulo 11 (Apocalipse 21.1–22.5)


Abençoados por viverem na Nova Criação com Jesus

1. Nancy fala da maneira como Apocalipse 21–22 se apresenta:

• a relação matrimonial feliz que fomos feitos para compartilhar;

• a terra que fomos feitos para herdar;

• a comunidade multicultural da qual fomos feitos para fazer parte;

• a glória na qual fomos feitos para nos deleitar;

• a satisfação da qual fomos feitos para desfrutar para sempre.

Pensar em qual delas traz a você mais alegria? Por quê? O que é mais desafiador para você imaginar?

2. Não estamos apenas na última parte do livro de Apocalipse; estamos na última parte da Bíblia. A his-
tória da Bíblia enfrentou uma crise imediata em Gênesis 3 e chegou ao clímax na morte e ressurreição
de Jesus. Aqui no final de Apocalipse, a história chega à resolução. Como a Nova Criação, conforme
descrita em Apocalipse 21–22, fornece resolução para a crise ocasionada pela maldição apresentada em
Gênesis 3? Que impactos da maldição são curados ou erradicados?

3. De que maneira é surpreendente que Deus sempre tenha pretendido habitar com seu povo? Você acha
que deseja habitar na presença de Deus? Em caso negativo, por que não?

4. Como leitores modernos, muitas vezes nos perguntamos por que o Antigo Testamento gasta tanto
tempo falando sobre o tabernáculo e, em seguida, sobre o templo. Esses detalhes podem parecer tão
arcaicos e irrelevantes. Como Apocalipse 21, com seu anúncio da morada de Deus com os seres hu-
manos e sua descrição da Nova Criação como um templo, nos ajuda a entender por que Deus foi tão
minucioso sobre o projeto do templo e a purificação dos sacerdotes que nele entravam?

5. Como muito de Apocalipse 21 tem a ver com o ambiente da Nova Criação, é fácil pensar nisso princi-
palmente como uma referência a um lugar. No entanto, as imagens que João usa ao longo desse capítulo
têm muito mais a ver com as pessoas que habitarão a Nova Criação. Como João descreve o povo de Deus
nessa passagem? Que aspectos de quem seremos e do que experimentaremos na Nova Criação são mais
significativos para você?

6. Muitos de nós podem ter passado a maior parte de sua vida cristã com a expectativa de ir para o céu ao
morrer, vivendo como almas desencarnadas em algum lugar longe desta terra. Como Apocalipse 21,
com sua imagem de nossa existência eterna no novo céu e na nova terra, é diferente da maneira como
podemos ter imaginado a eternidade?

123
7. Nancy disse: “a novidade dessa Nova Criação — a intimidade dela com Jesus e o pertencimento a ele;
a beleza, a segurança, a comunidade, a satisfação, a iluminação, a santidade, a cura e a felicidade dessa
criação — não está reservada apenas para o futuro. É uma realidade crescente no interior de nossa vida
agora mesmo, caso estejamos em Cristo”. Como você está experimentando essa novidade em sua vida
agora? Pense em algumas das maneiras como Deus o transformou. (Isso não é se gabar; seja encorajado
e glorifique a Deus por sua obra de nos fazer novas criaturas em Cristo!)

8. O que significa para você, pessoalmente, ouvir e guardar Apocalipse 21.1–22.5? E, se a bênção é
prometida àqueles que ouvem e guardam o que está escrito, que forma você acha que essa bênção
pode tomar?

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Perguntas para discussão

Capítulo 12 (Apocalipse 22.6-21)


Abençoados por guardarem as palavras de Jesus

1. Três vezes em Apocalipse 22.6-21, Jesus disse: “Eis que venho sem demora”. Por que você acha que é
importante para ele que saibamos disso? Com base no que vimos no livro de Apocalipse, que diferença
saber que ele vem em breve deve fazer em nossas vidas?

2. Você acha que a maioria dos crentes hoje pensa muito na volta de Jesus ou anseia por ela? Por quê? O
que nos distrai disso?

3. Como você responderia a alguém que lhe perguntasse: “Por que Apocalipse foi escrito e do que o livro
trata?” Como suas ideias sobre o que é o livro de Apocalipse foram desafiadas ou alteradas ao longo
deste estudo?

4. Apocalipse inclui sete promessas de bênção, as quais, juntas, apresentam uma imagem da pessoa que é
verdadeiramente abençoada:

1.3: “Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as
coisas nela escritas...”

14.13: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.”

16.15: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes...”

19.9: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.”

20.6: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição...”

22.7: “Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.”

22.14: “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras...”

Como você acha que essas sete declarações moldaram os pensamentos, crenças e valores dos leitores
originais de Apocalipse?

5. Como a definição que Apocalipse faz da vida abençoada difere da maneira como a maioria das pessoas
do mundo — e talvez até mesmo de muitos na igreja — percebe o que significa ser “abençoado”? Como
você quer que esse estudo da bênção de acordo com Apocalipse mude sua maneira de pensar sobre o
que significa ser abençoado?

6. Em cada passo ao longo do caminho, consideramos o que significa ouvir e guardar as diferentes seções
de Apocalipse. Faremos isso mais uma vez, agora pensando não só na última passagem, mas também
em todo o livro. O que significa ouvir e guardar Apocalipse 22.6-21? E o que significa ouvir e guardar
Apocalipse como um todo?

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