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A Cultura é Algo Comum

Juliana Scandelari
Design 3°U

Em “A Cultura é Algo Comum”, Raymond Williams começa seu texto falando sobre seu
passado, de quando andava de ônibus e via os entornos de onde cresceu, de sua família e, de
maneira extremamente breve, sua trajetória acadêmica. Williams então segue afirmando que a
cultura é algo comum a todos, ou seja, todas as pessoas possuem cultura de alguma forma. No
caso da vivência dele, o autor afirma que “crescer naquela família era constatar a formação de
modos de pensar: o aprendizado de novas habilidades, as mudanças de relacionamentos, o
surgimento de linguagens e ideias diferentes”.
O autor defende que existem dois tipos de cultura, aquela para designar todo modo de
vida, e aquela para designar as artes e o aprendizado. Sendo assim, Raymond Williams critica
duramente aqueles que afirmam que apenas o segundo tipo é, de fato, cultura, e critica de forma
ainda mais especial aqueles que atuam como “gatekeepers” da cultura considerada da alta
sociedade.
Quando o autor escreve sobre como as camadas superiores da sociedade não enxergam
as culturas de massa como sendo cultura, isso realmente chega a me deixar irritadiça. Claro,
quando eu era mais nova, eu me achava superior: os livros que eu liam eram melhores, as músicas
que eu ouvia eram melhores, os filmes que eu gostava eram os melhores, e o que não estivesse
englobado nisso era simplesmente ruim. “Não era cultura de verdade”. Mal entendia eu que isso
apenas me limitou.
Claro, tenho todo o direito de não gostar de Crepúsculo, por exemplo, e até hoje critico o
quanto a história é mal desenvolvida, como os personagens são rasos e o quanto a atuação dos
atores é ruim, mas duas coisas são certas: a primeira é que é inegável que os livros fizeram muitos
jovens e adolescentes adquirirem o hábito de leitura, e a segunda é que eu me diverti muito
assistindo os filmes.
Cultura não é só aquilo que se permite ser cultura em espaços como a casa de chá; para
Williams, a cultura é tudo aquilo produzido pela sociedade como um todo, independente se o
indivíduo é classe A ou classe Z, e não se limita ao que é ensinado nas escolas, sendo incluído
também tudo aquilo que desenvolvemos e aprendemos ao longo da vida. Da mesma forma que
um professor universitário pode ser considerado culto, também pode o servente de pedreiro que
não estudou depois dos 6 anos, mal sabe escrever o próprio nome, mas sabe levantar um muro
com maestria.
Cultura é algo comum. Cultura é de todos. Para se ter ou criar cultura, basta viver.

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