Educação
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que as reformas republicanas tenham influenciado a qualidade da instrução
oficial aberta a todos.
Assim, a legislação de 1911 estabeleceu a instrução oficial e livre para todas
as crianças aos níveis infantil e primário, escolaridade obrigatória e gratuita
para crianças entre os 7 e os 10 anos, criação de escolas temporárias
móveis em especial para o ensino de adultos, criação de escolas normais
com métodos de ensino e apetrechamento actualizados, com vista à
formação de professores, instituição de escolas de Educação Física anexas
às Universidades de Lisboa e Coimbra. Apesar da amplitude de toda a
legislação nestas áreas da educação, a constante pobreza do Estado fez
com que os resultados práticos fossem escassos pois, quando a República
Democrática chegou ao fim, mais de metade da população portuguesa era
analfabeta, o que punha mais uma vez em causa o problema da educação
de massas.
Também neste ano foi concedida uma dispensa de serviço de dois meses ao
todo, sem perda de vencimento, às professoras durante o último período de
gravidez e imediatamente a seguir ao parto.
Quanto ao ensino secundário e técnico, as reformas mais visíveis foram no
Técnico.
O Instituto Industrial e Comercial e a Escola de Agronomia e Veterinária
transformaram-se em duas escolas elevadas a nível universitário com
amplos programas disciplinares, novos métodos e moderno apetrechamento.
Por todo o país inauguraram-se diversas escolas técnicas agrícolas,
comerciais e industriais.
A instrução superior mereceu toda a atenção. Para terminar com o
monopólio centenário da escola coimbrã, a República tentou nivelar Coimbra
com Lisboa e Porto, estabelecendo para isso duas novas universidades. O
Governo Provisório reuniu as escolas superiores já existentes nas duas
cidades, elevou-as a Faculdades e criou as Universidades de Lisboa e do
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Porto. Todas foram reformadas com novos e revolucionários planos de
estudos, aumento dos quadros docentes e moderno apetrechamento
científico.
A ideologia republicana levou à abolição das classes obrigatórias, à extinção
do foro académico e à descentralização do ensino superior, tornando
electivos os reitores e outras autoridades académicas, concedeu autonomia
financeira às escolas, aumentou o número de bolsas de estudo a alunos
necessitados, decretou a primeira Reforma Ortográfica da Língua
Portuguesa, visando uma mais fácil aprendizagem da escrita (12 de
Setembro de 1911 – entre outras modificações, abolição das consoantes
dobradas e dos símbolos ph, th, rh, y e ch com o valor de K e na
introdução ou normalização dos acentos agudo, grave e circunflexo e do
trema).
Apesar de todas as medidas, a falta de meios materiais impediu a
efectivação de muitas das medidas preconizadas e dificultou o recrutamento
de professores e apetrechamento de bibliotecas, laboratórios e outros
centros de pesquisa.
CURIOSIDADE
A propósito deste período da nossa história, consulte-se o documento
“Feminismo em Portugal na voz de mulheres escritoras do início do séc. XX”, de Maria Regina Tavares da Silva
FONTES:
Marques, A. H. de Oliveira (1976). História de Portugal. Lisboa, Palas Editores, vol.II
Vitorino, Francisco Manuel (2000), “1890-1926”, in António Simões Rodrigues (org.), História de Portugal em Datas.
Lisboa: Temas e Debates, 233-303.
BE-ESOD
Centenário da República
Centenário da Comemoração do Dia Internacional da Mulher
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