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Instituto Superior de Teologia Evangélica No Lubango-2022

Disciplina: Fundamentos Teológicos da Educação Cristã

Hermenegildo Bartolomeu Gervasio

MAT Foco Educação Cristã

Uma análise da cultura educacional de Angola e da igreja na Angola

A intenção deste trabalho é analisar a cultura educacional de Angola e da


Igreja em Angola, com objetivo de buscar e encontrar estratégias práticas que visam
o melhoramento da educação.

Angola é um dos mais extensos países da África, com 1,247 milhão de


quilômetros quadrados, localizada na costa ocidental da África. Tem fronteiras com
países como a República Democrática do Congo (RDC), a Namíbia e a Zâmbia.
Angola também possui o enclave de Cabinda, que faz fronteira com a RDC. Seu
território é dividido em 18 províncias, sendo Luanda a capital do país.

Angola foi colônia portuguesa até 1975. Em 11 de novembro de 1975 teve


sua independência proclamada. Porém, logo depois, o país entrou em crise, devido
à eclosão de uma guerra civil, que durou até abril de 2002, quando o conflito armado
foi encerrado em um processo de pacificação e reconciliação nacional. A partir
desse momento, a Nação angolana começou a desenvolver políticas que
incentivaram a reconstrução e desenvolvimento social do País.

A história da educação em Angola (educação formal) teve início com a


presença portuguesa e ocupação colonial. Mas esta, continuo apos a independência
em 1975, no ano de 1992 depois da primeiras eleições gerais teve outro paradigma,
e nos dias de Paz e reconciliação tem tomado também outros paradigmas.

Segundo Ngaba os primeiros traços de ensino em Angola estão ligados a


Evangelização do País pela Acção da Igreja Católica e dos Protestantes. Nas
últimas décadas, sobretudo as de 60 e de 70, ate ao ano de 1975 o sistema
educativo em Angola, incluía pelo menos o ensino primário, liceu, ensino técnico-
profissional e um subsistema de ensino superior. (2021:117)

Outros pesquisadores da educação em Angola, afirmam que: o acesso


africano a oportunidades educacionais foi altamente limitado durante a maior parte
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do período colonial. Até a década de 1950, as instalações administradas pelo


governo eram poucas e em grande parte restritas às áreas urbanas. A
responsabilidade pela educação dos africanos recaiu sobre as missões católica
romana e protestante. Como consequência, cada uma das missões estabeleceu o
seu próprio sistema escolar, embora todas estivessem sujeitas ao controle final dos
portugueses no que diz respeito a certas questões políticas. O conflito entre os
portugueses e os vários movimentos nacionalistas e a guerra civil que se seguiu à
independência deixou o sistema de ensino no caos. A maioria dos instrutores
portugueses tinha saído (incluindo praticamente todo o pessoal da escola
secundária), muitos edifícios foram danificados e a disponibilidade de materiais
didáticos era limitada. Com isso a Educação escolar viu-se falhada. Portanto, foi
neste contexto de interesses políticos, seguido de uma guerra civil que a educação
em Angola foi se formando e ganhando espaço.

Além da educação formal, estabelecidas pelas instituições governamentais, e


outras instituições privadas, há também, a educação não formal feita no ceio familiar
e na comunidade. Esta surgi antes do processo colonial.

Segundo Zau: abrem-se dois caminhos ao nível da educação não formal:


educação para a mudança e educação cívica comunitária. Através da educação
para a mudança, crianças, jovens e adultos devem adaptar-se à aceleração das
mudanças sociais contemporâneas e têm de aprender a geri-la, para seu próprio
proveito. É, portanto, no âmbito destas preocupações que surgem várias
necessidades educativas como: educação ambiental; educação do consumidor;
educação para os media; para a saúde; para o género; e para as artes. Através da
educação cívica e comunitária, surge um outro conjunto de necessidades de
aprendizagem direcionadas para o exercício de diversas competências transversais,
não só associadas ao desempenho de papéis do foro privado, como também ligadas
ao exercício da cidadania. São elas: a educação para a democracia, para a
solidariedade, para a educação intercultural e para a família (1996 10-11).

Entre os povos bantus, onde encontramos os angolanos subdivididos em


vários grupos étnicos, o processo educacional acontece dentro das famílias e com
influências na comunidade.
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Segundo Altuna: os povos bantus não vivem sem família nem clã, os
fundamentos vitais que dão sentido e consistência a sua vida são: a família e a
comunidade. Não se pode conceber nem explicar o indivíduo bantu isolado de uma
comunidade, pois a sua cultura compreende-se essencialmente na comunidade. A
Primeira célula social Bantu é a família elementar, conjugal, que compreende Pai e
Mãe e filhos e é ali onde, se dá inicio dos primeiros passos de aprendizagem da
criança. Na família elementar é onde se passa as primeiras instruções para se viver
em comunidade. o ambiente de aprendizado é preparado já no seio familiar por meio
de observação e instrução dos mais adulto. além da Família elementar ou nuclear,
existe também a família alargada, que consolida o valor mais estimado e desejável,
pois que dá origem a solidariedade e fundamenta esse humanismo tão sadio. Os
povos bantus compreendem que o homem só pode realizar-se pela comunidade e
na comunidade. Se conseguir conservar esta vivencia fundamental comunitária e
purifica-la, terá salvo o mais essencial da sua cultura. A família alargada é
constituída por tios, tias, avos e primos todos eles influenciam diretamente na
formação da pessoa como indivíduo social. (2006:1113-116).

A Educação na Igreja em Angola surgiu quase pelos mesmos caminhos,


durante o processo colonial. Por intermedio das estações missionarias (católica e
protestantes) existem em Angola, elas foram criando vários mecanismos de
educação no nosso País. Desde surgimento de escolas, orfanatos e outros centros
socias que possibilitavam o processo de aprendizado de forma integral. Haja vista,
que indivíduos que passavam pelas estações missionarias, granjeavam de muito
respeito pela sua educação.

Segundo Henderson as sociedades missionárias foram os pilares na


educação na igreja em Angola. Embora que no início não atribuíam as escolas um
papel de grande importância no programa inicial das missões. No entanto, mais
tarde os missionários protestantes reconheceram, que a escola é a mais poderosa
via de cristianização dos provos. A igreja protestante assentou primordialmente em
dois pilares a sua implantação e expansão: na Bíblia e na escola. No relatório geral
elaborado pela missão do Bailundo no dia 1 de Maio de 1899 reconhecia que,
naquela época, a tarefa mais importante da escola era a evangelização: As escolas
da estação são na realidade um ramo da obra de evangelização, tendo como único
objetivo atrair as crianças e ensina-lhes as verdades do Evangelho e preparar os
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que já possuíam conhecimentos da vida cristã para darem a conhecer o Evangelho


aos outros. É apenas por comodidade de termos que o nosso trabalho de ensinar a
ler e a escrever poder ser designado (2001: 161-165)..

Nisto, houve mais aposta no processo da educação, formaram mais


professores e elevaram os níveis de ensino. Junto disso, criou-se mais estações
missionarias abriram mais internatos, o que contribuiu para que mais alunos
participassem das escolas. Alem disso, as estações missionarias proporcionavam
um ambiente mais adequado e mais propicio a formação do caracter cristã, do que o
que era vivido nas aldeias não cristãs de onde vinham os alunos. Ali a educação era
holística uma parte do dia os estudantes passam a estudar em sala de aula outra
parte empenhavam-se com outras atividades, que iam desde cultivar os campos,
recolher lenha e buscar água para o seu próprio benefício enquanto estavam
internados. Em outros institutos haviam cursos que tinham duração de 3 anos e
divididos em 3 seções: Academica, a Bíblia e a Indústria. Assim as várias estações
missionarias existentes no pais tanto católicas como protestantes foram cada vez
mais apostando no processo de educação dos Angolanos alguns ganhavam bolsas
de estudos para o exterior do pais para prosseguirem seus estudos (2001: 161-165).

Os angolanos que durante o período colonial viviam nas Zonas mais


densamente povoadas de Angola tinham uma grande sede de aprender e por isso a
escola se tornou no principal meio de levar a igreja aqueles povos e de promover a
sua expansão. Quando aquele período chegou ao fim, houve alguns seminaristas
protestantes, ao refletirem sobre os “ventos de mudanças” que atingiam a Africa, se
interrogaram sobre o modo como a igreja iria ser afetada. Um dos jovens afirmou:
“Se a Igreja deixar de dirigir as escolas, desaparecera”. Este Jovem Seminarista
apercebera-se bem da importância da escola no processo de implantação e
expansão da igreja, mas não conseguiu prever muito claramente o futuro (2001:
197-168).

Portanto muitos são os cidadãos desde pais que se valeram da educação


recebida pela estacões missionarias, dentre eles, alguns foram líderes políticos. Mas
que não mantiveram sua fé em Cristo, quando os ventos Marxismo entrou em
Angola. Em muitos casos alguns líderes combateram a igreja e os seus ensinos. Na
tentativa de se livrarem do sistema colonial português. Segundo o Padre Ngaba, a
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autodeterminação de Angola constituiu um momento favorável para a


implementação da reforma educativa há muito almejada. E a reforma que vigorou
durante a Primeira República Angolana foi a linha ideológica era Marxista-leninista
(2021:131).

Conclusão: Estratégia para melhorar.

Portanto, hoje a educação em Angola tem dado passos significativo para


melhorar. Mas por outro lado tem tirado a responsabilidade das famílias e da
comunidade intervir neste processo educativo que beneficia a todos. A cultura de
sentar para aprender com o mais velho precisa ser resgatada. neste sentido
recomendamos o seguinte para melhorar:

Empoderar pessoas idónea com interessa no bem-estar para comunidade


para servirem de influenciador para os mais jovens. E que não estejam vinculados à
um Partido político.

As instituições escolares devem a adequar o seu currículo em função do


contexto regional (grupo étnicos). Os pais e a comunidade devem sugerir elementos
que visam contribuir para boa educação. Exemplo: em locais onde a agricultura é
pratica do povo, o programa curricular deve constar elementos que contribuam para
este fim.

Olhando o nível de pobreza em alguns contextos, deve-se criar condições de


em escola para dar alimento diário as crianças em idade escola. Os regedores
devem trabalhar como supervisor deste programa luta contra a fome.

Capacitar e Treinar os professores para que suas habilidades chegam a


excelência no seu exercício da sua Profissão. Melhorar os salários dos professores,
saúde e habitação.

No contexto da Igreja, os pontos acima também servem de estratégia para


tornar a missão holística da igreja, mas com objetivo de Glorificar a Deus (..., façam
tudo para a glória de Deus ICort. 10:31). Por outro lado, a igreja tem a
responsabilidade de empoderar as famílias para que cumpram com a sua
responsabilidade diante de Deus de ensinar e instruir os filhos a ter uma educação
que honra a Deus (Salmos 127;Dt. 6 1-7 Mat. 28 19-20, Ef. 6 1-5), usando a Bíblia,
pois, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
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para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto
e plenamente preparado para toda boa obra.” (2Tm 3:16-17 ).

Bibliografia

App: Bible Software theWord! Offline (2012)

Altuna R A (2006) Cultura Tradicional Bantu. Prior Velho: Paulinas

Henderson L W (2001) A Igreja em Angola. Lisboa: Além-Mar

Ngaba A V (2012) Políticas Educativas em Angola (1975-2005). Mbanza-kongo:


SEDIECA

Artigo: Zau F ----- Educação em angola, novos trilhos para o desenvolvimento.


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