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Instituto Superior Politécnico da Caála

Pós-Graduação em Didática do Ensino Superior

Tema: A Universidade no contexto Angolano

Nome: Eugénio Feca Caliata Saiengue

Huambo,27 de Janeiro de 2023


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Introdução
O Rede Angola apresenta uma Grande Reportagem sobre o Ensino Superior nacional em seis
capítulos – Uma Breve História do Ensino Superior.

No seu estudo sobre a Evolução e Crescimento do Ensino Superior em Angola , o sociólogo e


docente da Universidade Agostinho Neto (UAN), Paulo de Carvalho, aponta a criação dos
Estudos Gerais Universitários, em 1962, enquanto ponto de arranque do Ensino académico em
Angola. O professor realça ainda a existência, desde 1958, de um Seminário da Igreja Católica
que, em Luanda e no Huambo, leccionava já o grau académico. Em 1962, a 21 de Agosto, é
publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei que oficialmente marca o início do Ensino
Superior no país.

Medicina, Engenharia, Agronomia, Medicina Veterinária e Ciências Pedagógica foram


as primeiras áreas de acesso, exclusivamente em Luanda. Na época, a população
escolar estimava-se entre os 286 alunos para um corpo docente de 18 elementos. Três
anos depois, em 1965, Huambo e Huíla recebem os cursos de Veterinária, Agronomia e
Silvicultura.
No seu estudo sobre a Evolução e Crescimento do Ensino Superior em
Angola , o sociólogo e docente da Universidade Agostinho Neto (UAN), Paulo
de Carvalho, aponta a criação dos Estudos Gerais Universitários, em 1962,
enquanto ponto de arranque do Ensino académico em Angola. O professor
realça ainda a existência, desde 1958, de um Seminário da Igreja Católica que,
em Luanda e no Huambo, leccionava já o grau académico. Em 1962, a 21 de
Agosto, é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei que oficialmente
marca o início do Ensino Superior no país.

Medicina, Engenharia, Agronomia, Medicina Veterinária e Ciências Pedagógica


foram as primeiras áreas de acesso, exclusivamente em Luanda. Na época, a
população escolar estimava-se entre os 286 alunos para um corpo docente de
18 elementos. Três anos depois, em 1965, Huambo e Huíla recebem os cursos
de Veterinária, Agronomia e Silvicultura.
No seu estudo sobre a Evolução e Crescimento do Ensino Superior em
Angola , o sociólogo e docente da Universidade Agostinho Neto (UAN), Paulo
de Carvalho, aponta a criação dos Estudos Gerais Universitários, em 1962,
enquanto ponto de arranque do Ensino académico em Angola. O professor
realça ainda a existência, desde 1958, de um Seminário da Igreja Católica que,
em Luanda e no Huambo, leccionava já o grau académico. Em 1962, a 21 de
Agosto, é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei que oficialmente
marca o início do Ensino Superior no país.
Medicina, Engenharia, Agronomia, Medicina Veterinária e Ciências Pedagógica
foram as primeiras áreas de acesso, exclusivamente em Luanda. Na época, a
população escolar estimava-se entre os 286 alunos para um corpo docente de

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18 elementos. Três anos depois, em 1965, Huambo e Huíla recebem os cursos
de Veterinária, Agronomia e Silvicultura.
No seu estudo sobre a Evolução e Crescimento do Ensino Superior em
Angola , o sociólogo e docente da Universidade Agostinho Neto (UAN), Paulo
de Carvalho, aponta a criação dos Estudos Gerais Universitários, em 1962,
enquanto ponto de arranque do Ensino académico em Angola. O professor
realça ainda a existência, desde 1958, de um Seminário da Igreja Católica que,
em Luanda e no Huambo, leccionava já o grau académico. Em 1962, a 21 de
Agosto, é publicado no Diário do Governo o Decreto-Lei que oficialmente
marca o início do Ensino Superior no país.
Medicina, Engenharia, Agronomia, Medicina Veterinária e Ciências
Pedagógica foram as primeiras áreas de acesso, exclusivamente em Luanda.
Na época, a população escolar estimava-se entre os 286 alunos para um corpo
docente de 18 elementos. Três anos depois, em 1965, Huambo e Huíla
recebem os cursos de Veterinária, Agronomia e Silvicultura.
A instituição de ensino que, no Ocidente, veio a ser nomeada como
‘universidade’ emergiu nos tempos medievais (Santos, 1995). As primeiras
universidades foram fundadas na Itália e na França, no século XI. Essas
universidades pioneiras eram abertamente escolásticas, absorvendo o papel
social das instituições religiosas que haviam sido sua semente. As proto-
universidades substituíram os monastérios como principal lócus de produção
de conhecimento para uma sociedade feudal em transição, já nos albores do
Renascimento, como alternativa da nascente sociedade civil (burgueses,A crise
da universidade pública por via da descapitalização é um fenómeno global,
ainda que sejam significativamente diferentes as suas consequências no
centro, na periferia e na semiperiferia do sistema mundial. Nos países centrais,
a situação é diferenciada. Na Europa onde o sistemaA crise da universidade
pública por via da descapitalização é um fenómeno global, ainda que sejam
significativamente diferentes as suas consequências no centro, na periferia e
na semiperiferia do sistema mundial. Nos países centrais, a situação é
diferenciada. Na Europa onde o sistemauniversitário é quase totalmente
público, a universidade pública tem tido, em geral, poder para reduzir o âmbito
da descapitalização ao mesmo tempo que tem desenvolvido a capacidade para
gerar receitas próprias através do mercado. O êxito desta estratégia depende
em boa medida do poder da universidade pública e seus aliados políticos para
impedir a emergência significativa do mercado das universidades privadas. Em
Espanha, por exemplo, essa estratégia teve êxito até agora, enquanto em
Portugal fracassou totalmente. Deve, no entanto, ter-se em conta que, ao longo
da década, emergiu, em quase todos os países europeus, um sector privado
não universitário dirigido para o mercado de 2trabalho. Este facto levou as
universidades a responder com a modificação estrutural dos seus programas e
com o aumento da variedade destes.

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Entretanto, a Igreja Católica havia criado, em 1962, o Instituto Pio XII, com
formação em Assistência Social.
Em 1968, os Estudos Gerais de Angola transformar-se-iam em Universidade
de Luanda que, actualmente, conhecemos como Universidade Agostinho
Neto.
Antes da proclamação da Independência, o Ensino Superior nacional
apresentava um carácter centralizado e exclusivo. No seu estudo, Paulo de
Carvalho salienta a dificuldade de acesso no período colonial, explicando que
este “ destinava-se somente a quem integrava as camadas superiores da
hierarquia social, podendo mesmo dizer-se que, nos primeiros anos de
implantação em Angola, era difícil que alguém que pertencente às camadas
médias da hierarquia social tivesse acesso ao Ensino Superior. O local de
nascimento, o local de residência e a posição social determinavam claramente
o acesso a este nível de ensino, que reproduzia para as gerações seguintes a
estratificação social da Angola colonial.” A descentralização e o justo acesso,
considerando as condições da maioria da população, continuam a ser
problemas actuais.
O ano de 1975 é aquele que, para os órgãos oficiais, marca o inicio da mais
importante reforma do Ensino Superior, passando a ser um dos subsistemas do
Sistema de Educação Nacional. A Universidade de Luanda passa então a
denominar-se Universidade de Angola, e a ter cariz público.
Até 2009, esta foi a única instituição estatal de Ensino Superior no país que, a
partir de 1985, começou a ser designada como Universidade Agostinho Neto
(UAN). A UAN foi, no mesmo ano, fragmentada em sete universidades
regionais, “ mantendo-se (…) a funcionar em Luanda e na província do Bengo,
enquanto as faculdades, institutos e escolas superiores localizados nas demais
províncias passaram a ficar afectos às demais seis novas universidades
estatais”, em Benguela, Cabinda, Dundo, Huambo, Lubango e Uíge.
Tal como citado em documento oficial da 2º Conferência da FORGES –
Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua
Portuguesa, no início da década de 90, “com a abertura do país ao
multipartidarismo e a opção pela economia de mercado”, a vida política e
sócio-económica nacional sofreu profundas alterações, às quais o Ensino
Superior não passou impune. O surgimento de universidades privadas no país
ficou marcado pela inauguração da Universidade Católica de Angola
(UCAN).
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Entretanto, a Igreja Católica havia criado, em 1962, o Instituto Pio XII, com
formação em Assistência Social.5

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Em 1968, os Estudos Gerais de Angola transformar-se-iam em Universidade de
Luanda que, actualmente, conhecemos como Universidade Agostinho Neto.

Antes da proclamação da Independência, o Ensino Superior nacional


apresentava um carácter centralizado e exclusivo. No seu estudo, Paulo de
Carvalho salienta a dificuldade de acesso no período colonial, explicando que
este “ destinava-se somente a quem integrava as camadas superiores da
hierarquia social, podendo mesmo dizer-se que, nos primeiros anos de
implantação em Angola, era difícil que alguém que pertencente às camadas
médias da hierarquia social tivesse acesso ao Ensino Superior. O local de
nascimento, o local de residência e a posição social determinavam claramente
o acesso a este nível de ensino, que reproduzia para as gerações seguintes a
estratificação social da Angola colonial.” A descentralização e o justo acesso,
considerando as condições da maioria da população, continuam a ser
problemas actuais.

O ano de 1975 é aquele que, para os órgãos oficiais, marca o inicio da mais
importante reforma do Ensino Superior, passando a ser um dos subsistemas do
Sistema de Educação Nacional. A Universidade de Luanda passa então a
denominar-se Universidade de Angola, e a ter cariz público. Até 2009, esta foi a
única instituição estatal de Ensino Superior no país que, a partir de 1985,
começou a ser designada como Universidade Agostinho Neto (UAN). A UAN
foi, no mesmo ano, fragmentada em sete universidades regionais, “ mantendo-
se (…) a funcionar em Luanda e na província do Bengo, enquanto as
faculdades, institutos e escolas superiores localizados nas demais províncias
passaram a ficar afectos às demais seis novas universidades estatais”, em
Benguela, Cabinda, Dundo, Huambo, Lubango e Uíge.
Tal como citado em documento oficial da 2º Conferência da FORGES – Fórum
da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, no
início da década de 90, “com a abertura do país ao multipartidarismo e a opção
pela economia de mercado”, a vida política e sócio-económica nacional sofreu
profundas alterações, às quais o Ensino Superior não passou impune. O
surgimento de universidades privadas no país ficou marcado pela inauguração
da Universidade Católica de Angola (UCAN).
Nos EUA, onde as universidades privadas ocupam o topo da hierarquia, as
universidades públicas foram induzidas a buscar fontes alternativas de
financiamento junto de fundações, no mercado e através do aumento dos
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preços das matrículas. Hoje, em algumas universidades públicas norte-
americanas o financiamento estatal.Na periferia, onde a busca de receitas
alternativas no mercado ou fora dele é virtualmente impossível, a crise atinge
proporções catastróficas.

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Obviamente que os males vinham de trás, mas agravaram-se muito na última
década com a crise financeira do Estado e os programas de ajuste estrutural.
Um relatório da UNESCO de 1997 sobre a maioria das universidades em
Áfricauniversitário é quase totalmente público, a universidade pública tem tido,
em geral, poder para reduzir o âmbito da descapitalização ao mesmo tempo
que tem desenvolvido a capacidade para gerar receitas próprias através do
mercado. O êxito desta estratégia depende em boa medida do poder da
universidade pública e seus aliados políticos para impedir a emergência
significativa do mercado das universidades privadas. Em Espanha, por
exemplo, essa estratégia teve êxito até agora, enquanto em Portugal fracassou
totalmente. Deve, no entanto, ter-se em conta que, ao longo da década,
emergiu, em quase todos os países europeus, um sector privado não
universitário dirigido para o mercado de trabalho. Este facto levou as
universidades a responder com a modificação estrutural dos seus programas e
com o aumento da variedade destes. Nos EUA, onde as universidades
privadas ocupam o topo da hierarquia, as universidades 7públicas foram
induzidas a buscar fontes alternativas de financiamento junto de fundações, no
mercado e através do aumento dos preços das matrículas.
Na periferia, onde a busca de receitas alternativas no mercado ou fora dele é
virtualmente impossível, a crise atinge proporções catastróficas.
Obviamente que os males vinham de trás, mas agravaram-se muito na última
década com a crise financeira do Estado e os programas de ajuste estrutural.
Um relatório da UNESCO de 1997 sobre a maioria das universidades em
Áfricatraçava um quadro dramático de carências de todo o tipo: colapso das
infra-estruturas, ausência quase total de equipamentos, pessoal docente
miseramente remunerado e, por isso, desmotivado e propenso à corrupção,
pouco ou nulo investimento em pesquisa. O Banco Mundial diagnosticou de
modo semelhante a situação e, caracteristicamente, declarou-a irremediável.
Incapaz de incluir nos seus cálculos a importância da universidade na
construção dos projectos de país e na criação de pensamento crítico e de
longo prazo, o Banco entendeu que as universidades africanas não geravam
suficiente “retorno”. Consequentemente, impôs aos países africanos que
deixassem de investir na universidade, concentrando os seus poucos recursos
no ensino primário e secundário e permitissem que o mercado global de
educação superior lhes resolvesse o problema da universidade. Esta decisão
teve um efeito devastador nas universidades dos países africanos.8
8
O caso do Brasil é representativo da tentativa de aplicar a mesma lógica na
semiperiferia e, por ser bem conhecido, dispenso-me de o descrever.
Basta9referir o relatório do Banco Mundial de 2002 onde se assume que não
vão (isto é, que não devem) aumentar os recursos públicos na universidade e
que, por isso, a solução está na ampliação do mercado universitário,
combinada com a redução dos custos por estudante (que, entre outras coisas,
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serve para manter atraçava um quadro dramático de carências de todo o tipo:
colapso das infra-estruturas, ausência quase total de equipamentos, pessoal
docente miseramente remunerado e, por isso, desmotivado e propenso à
corrupção,pouco ou nulo investimento em pesquisa. O Banco Mundial
diagnosticou de modo semelhante a situação e, caracteristicamente, declarou-a
irremediável. Incapaz de incluir nos seus cálculos a importância da
universidade na construção dos projectos de país e na criação de pensamento
crítico e de longo prazo, o Banco entendeu que as universidades africanas não
geravam suficiente “retorno”. Consequentemente, impôs aos países africanos
que deixassem de investir na universidade, concentrando os seus poucos
recursos no ensino primário e secundário e permitissem que o mercado global
de educação superior lhes resolvesse o problema da universidade. Esta
decisão teve um efeito devastador nas universidades dos países africanos.8
O caso do Brasil é representativo da tentativa de aplicar a mesma lógica na
semiperiferia e, por ser bem conhecido, dispenso-me de o descrever.9
Basta referir o relatório do Banco Mundial de 2002 onde se assume que não
vão (isto é, que não devem) aumentar os recursos públicos na universidade e
que, por isso, a solução está na ampliação do mercado universitário,
combinada com a redução dos custos por estudante (que, entre outras coisas,
serve para manter. É preciso abandonar a perspectiva atual em que, por
exemplo,professores principiantes começam a leccionar como docentes
titulares de cadeiras sem o devido acompanhamento de um professor
experiente, bem assim como, tornar obrigatório o certificado de agregação
pedagógica (SANTANA, 2016. p. 1). [...] é preciso abandonar a perspectiva
atual em que, por exemplo,professores principiantes começam a leccionar
como docentes titulares de cadeiras sem o devido acompanhamento de um
professor experiente, bem assim como, tornar obrigatório o certificado de
agregação pedagógica (SANTANA, 2016. p. 1).exercício docente universitário,
deve ser feito por profissionais altamente qualificados, cujo processo de
ingresso e acesso a carreira deve obedecer os critérios de integridade moral e
cívica e de rigor técnico-científico, que deve estar plasmado em instrumento
jurídico, conforme previsto no artigo 95º (ANGOLA, 2016, p. 4111xercício
docente universitário, deve ser feito por profissionais altamente qualificados,
cujo processo de ingresso e acesso a carreira deve obedecer os critérios de
integridade moral e cívica e de rigor técnico-científico, que deve estar plasmado
em instrumento jurídico, conforme previsto no artigo
10
95º (ANGOLA, 2016, p. 4111
Na visão de alguns estudiosos do nosso tempo (FERNANDES, 2011;
RODRIGUES, 2012; SANTOS JÚNIOR, 2013; WEBER; WERLE, 2017), as
universidades desempenham múltiplas funções, tais como influenciar o
desenvolvimento regional, promover o desenvolvimento da economia nacional
e internacional por meio da investigação científica, realizar animação dos
mercados, formar atores sociais críticos no processo da transferência do

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conhecimento pela pesquisa, criar parcerias com as empresas e com as
comunidades locais, atrair a captação de 11fundos, obter os estudantes e os
profissionais qualificados, estimular e qualificar a sociedade e preparar líderes
capacitados que possam influenciar a população para a adoção de atitudes
dignas, como o patriotismo, a proteção do meio e a cidadania. Na visão de
alguns estudiosos do nosso tempo (FERNANDES, 2011; RODRIGUES, 2012;
SANTOS JÚNIOR, 2013; WEBER; WERLE, 2017), as universidades
desempenham múltiplas funções, tais como influenciar o desenvolvimento
regional, promover o desenvolvimento da economia nacional e internacional
por meio da investigação científica, realizar animação dos mercados, formar
atores sociais críticos no processo da transferência do conhecimento pela
pesquisa, criar parcerias com as empresas e com as comunidades locais, atrair
a captação de fundos, obter os estudantes e os profissionais qualificados,
estimular e qualificar a sociedade e preparar líderes capacitados que possam
influenciar a população para a adoção de atitudes dignas, como o patriotismo,
a proteção do meio e a cidadania.
..] o Ensino Universitário é vocacionado para a formação científica sólida,numa
perspectiva de realização de actividades de investigação científica
fundamental, aplicada e de desenvolvimento experimental, visando assegurar
uma formação científico-técnica que habilite para o exercício de atividades
profissionais e culturais, participando na resolução dos diversos problemas da
sociedade (ANGOLA, 2020, p. 4427).
Na prática a situação de investigação científica em Angola é grave e precisa de
uma solução rápida. Essa resposta passa pelo ingresso na universidade do
pessoal docente qualificado, que pode ser financiado pelo Estado ou pelas
universidades privadas e público-privadas,12para resolverem a situação de
investigação científica, que não faz parte da cultura do corpo docente
universitário angolano (itens 13 e 14) (QUADRO 2). ..] o Ensino Universitário é
vocacionado para a formação científica sólida,numa perspectiva de realização
de actividades de investigação científica fundamental, aplicada e de
desenvolvimento experimental, visando assegurar uma formação científico-
técnica que habilite para o exercício de atividades profissionais e culturais,
participando na resolução dos diversos problemas da sociedade (ANGOLA,
2020, p. 4427).
13
Na prática a situação de investigação científica em Angola é grave e precisa
de uma solução rápida. Essa resposta passa pelo ingresso na universidade do
pessoal docente qualificado, que pode ser financiado pelo Estado ou pelas
universidades privadas e público-privadas, para resolverem a situação de
investigação científica, que não faz parte da cultura do corpo docente
universitário angolano (itens 13 e 14) (QUADRO 2).

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Hoje em dia as instituições de ensino superior precisam de professores
pesquisadores, cuja prática seja “de construção de hipóteses sobre o modo
mais adequado de levar seus alunos a interessarem-se pelos saberes
veiculados pela escola e que, uma vez comprovadas, poderia levar à
construção de uma teoria curricular” (FAGUNDES, 2016, p. 293). Em Angola
esse direcionamento apenas aparece nos documentos orientadores idealmente
bem elaborados e, na prática, a sua execução muitas vezes é contrária ao
ideal, o que dificulta a boa gestão administrativa e a gestão na sala de aula
pelo professor (CANGUE, 2020a). Todos os professores, independentemente
da área em que atuam, precisam de capacidade pedagógica acrescida da
reflexão na ação docente, vendo o processo como dinâmico na relação com o
aluno, com o conteúdo e com os pais e encarregados de educação. A profissão
de professor se afirma como esperança para a multiplicação dos saberes e do
progresso da nação angolana, que, para ser próspera, deve investir em
professores competentes, capazes de facilitar as aprendizagens dos seus
alunos tendo em conta as insuficiências pessoais e locais. O docente na
atualidade deve ter a noção de formar homens pensantes, mentes críticas e
cidadãos autónomos e criativos. Hoje em dia as instituições de ensino superior
precisam de professores pesquisadores, cuja prática seja “de construção de
hipóteses sobre o modo mais adequado de levar seus alunos a interessarem-
se pelos saberes veiculados pela escola e que, uma vez comprovadas, poderia
levar à construção de uma teoria curricular” (FAGUNDES, 2016, p. 293). Em
Angola esse direcionamento apenas aparece nos documentos orientadores
idealmente bem elaborados e, na prática, a sua execução muitas vezes é
contrária ao ideal, o que dificulta a boa gestão administrativa e a gestão na sala
de aula pelo professor (CANGUE, 2020a).
Todos os professores, independentemente da área em que atuam, precisam de
capacidade pedagógica acrescida da reflexão na ação docente, vendo o
processo como dinâmico na relação com o aluno, com o conteúdo e com os
pais e encarregados de educação. A
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profissão de professor se afirma como esperança para a multiplicação dos
saberes e do progresso da nação angolana, que, para ser próspera, deve
investir em professores competentes, capazes de facilitar as aprendizagens
dos seus alunos tendo em conta as insuficiências pessoais e locais. O docente
na atualidade deve ter a noção de formar homens pensantes, mentes críticas e
15
cidadãos autónomos e criativos. Hoje em dia as instituições de ensino
superior precisam de professores pesquisadores, cuja prática seja “de
construção de hipóteses sobre o modo mais adequado de levar seus alunos a
interessarem-se pelos saberes veiculados pela escola e que, uma vez
comprovadas, poderia levar à construção de uma teoria curricular”
(FAGUNDES, 2016, p. 293). Em Angola esse direcionamento apenas aparece
nos documentos orientadores idealmente bem elaborados e, na prática, a sua

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execução muitas vezes é contrária ao ideal, o que dificulta a boa gestão
administrativa e a gestão na sala de aula pelo professor (CANGUE, 2020a).
Todos os professores, independentemente da área em que atuam, precisam de
capacidade pedagógica acrescida da reflexão na ação docente, vendo o
processo como dinâmico na relação com o aluno, com o conteúdo e com os
pais e encarregados de educação. A profissão de professor se afirma como
esperança para a multiplicação dos saberes e do progresso da nação
angolana, que, para ser próspera, deve investir em professores competentes,
capazes de facilitar as aprendizagens dos seus alunos tendo em conta as
insuficiências pessoais e locais. O docente na atualidade deve ter a noção de
formar homens pensantes, mentes críticas e cidadãos autónomos e criativos.

Há uma questão de hegemonia que deve ser resolvida, uma questão que,
parecendo residual, é central, dela dependendo o modo como a universidade
poderá lutar pela sua legitimidade: é a questão da definição da universidade. O
grande problema da universidade neste domínio tem sido o facto de passar
facilmente por universidade aquilo que o não é. Isto foi possível devido à
acumulação indiscriminada de funções atribuídas à universidade ao longo do
século XX. Como elas foram adicionadas sem articulação lógica, o mercado do
ensino superior pôde auto-designar o seu produto como universidade sem ter
de assumir todas as funções desta, seleccionando as que se lhe afiguraram
fonte de lucro e concentrando-se nelas. As reformas devem partir do
pressuposto que no século XXI só há universidade quando há formação
graduada e pós-graduada, pesquisa e extensão. Sem qualquer destes, há
ensino superior, não há universidade. Isto significa que, em muitos países, a
esmagadora maioria das universidades privadas e mesmo parte das
universidades públicas não são universidades porque lhes falta a pesquisa ou a
pós-graduação.
A reforma deve, pois, distinguir, mais claramente do que até aqui, entre
universidade e ensino superior.34 No que respeita às universidades públicas
que o não são verdadeiramente, o problema deve ser resolvido no âmbito da
criação de uma rede universitária pública, proposta adiante, que possibilite
àsHá uma questão de hegemonia que deve ser resolvida, uma questão
que,parecendo residual, é central, dela dependendo o modo como a
universidade poderá lutar pela sua legitimidade: é a questão da definição da
universidade. O grande problema da universidade neste domínio tem sido o
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facto de passar facilmente por universidade aquilo que o não é. Isto foi
possível devido à acumulação indiscriminada de funções atribuídas à
universidade ao longo do século XX. Como elas foram adicionadas sem
articulação lógica, o mercado do ensino superior pôde auto-designar o seu
produto como universidade sem ter de assumir todas as funções desta,
seleccionando as que se lhe afiguraram fonte de lucro e concentrando-se
nelas.

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As reformas devem partir do pressuposto que no século XXI só há universidade
quando há formação graduada e pós-graduada, pesquisa e extensão. Sem
qualquer destes, há ensino superior, não há universidade. Isto significa que, em
muitos países, a esmagadora maioria das universidades privadas e mesmo
parte das universidades públicas não são universidades porque lhes falta a
pesquisa ou a pós-graduação.
A reforma deve, pois, distinguir, mais claramente do que até aqui, entre
universidade e ensino superior.34 No que respeita às universidades públicas
que o não são verdadeiramente, o problema deve ser resolvido no âmbito da
criação de uma rede universitária pública, proposta adiante, que possibilite às
universidades que não podem ter pesquisa ou cursos de pós-graduação
autónomos fazê-lo em parceria com outras universidades no âmbito da rede
nacional ou mesmo transnacional. Não é sustentável e muito menos
recomendável, do ponto de vista de um projecto nacional educacional, um
sistema universitário em que as pós-graduações e a pesquisa estejam
concentradas numa pequena minoria de universidades.
No que respeita às universidades privadas – no caso de estas quererem
manter o estatuto e a designação de universidades – o seu licenciamento deve
estar sujeito à existência de programas de pós-graduação, pesquisa e
extensão sujeitos a frequente e exigente monitorização. Tal como acontece
com as universidades públicas, se as universidades privadas não puderem
sustentar
17
autonomamente tais programas, devem fazê-lo através de parcerias, quer
com outras universidades privadas, quer com universidades públicas.
A definição do que é universidade é crucial para que a universidade possa ser
protegida da concorrência predatória e para que a sociedade não seja vítima
de práticas de consumo fraudulento. A luta pela definição de universidade
permite dar à universidade pública um campo mínimo de manobra para poder
conduzir com eficácia a luta pela legitimidade. universidades que não podem
ter pesquisa ou cursos de pós-graduação autónomos fazê-lo em parceria com
outras universidades no âmbito da rede nacional ou mesmo transnacional. Não
é sustentável e muito menos recomendável, do ponto de vista de um projecto
18
nacional educacional, um sistema universitário em que as pós-graduações e a
pesquisa estejam concentradas numa pequena minoria de universidades.
No que respeita às universidades privadas – no caso de estas quererem
manter o estatuto e a designação de universidades – o seu licenciamento deve
estar sujeito à existência de programas de pós-graduação, pesquisa e
extensão sujeitos a frequente e exigente monitorização. Tal como acontece
com as universidades públicas, se as universidades privadas não puderem
sustentar

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autonomamente tais programas, devem fazê-lo através de parcerias, quer com
outras universidades privadas, quer com universidades públicas.
A definição do que é universidade é crucial para que a universidade possa ser
protegida da concorrência predatória e para que a sociedade não seja vítima
de práticas de consumo fraudulento. A luta pela definição de universidade
permite dar à universidade pública um campo mínimo de manobra para poder
conduzir com eficácia a luta pela legitimidade.
De um modo geral, tudo indica que a qualidade de ensino seja globalmente
baixa nas instituições de ensino superior em Angola. Os elementos que
contribuem para esta conclusão são os seguintes:
– Má qualidade de ensino em níveis inferiores, que conduzem ao acesso ao
ensino superior por parte de estudantes que obtêm avaliações negativas no
exame de admissão;
– Tentativa de aplicação de modelos de gestão importados do exterior, sem
grande preocupação com a realidade local;
– Quase total ausência de investigação científica, havendo casos
individuais que demonstram que se chega mesmo a ignorar quem pretenda
promover a investigação;
– Despreocupação com a publicação dos poucos estudos que são feitos nas
instituições de ensino superior;
– Ausência de aposta na edição de livros e de revistas científicas,havendo a
registar muito poucas exceções a esta regra;
– Deficiente aposta em bibliotecas e laboratórios, havendo mesmo a assinalar
a criação de faculdades sem haver a preocupação com a criação destas
infraestruturas e sem a aquisição de meios de trabalho indispensáveis a
docentes e estudantes;
– Deficiente aposta na formação e atualização dos docentes;
19
– Promoção de docentes considerando critérios subjetivos e o tempo de
serviço, sem atender grandemente aos demais critérios objetivos que a
legislação vai já fixando;
– Inadaptação curricular às reais necessidades do mercado de trabalho
angolano;
– Promoção de uma cultura da facilidade, que faz com que bom número de
estudantes considere que devem ser admitidos a exame estudantes com zero
valores,com que se promova uma “cultura”que se admitam trabalhos de
licenciatura em grupo quem pretenda promover a investigação;
– Despreocupação com a publicação dos poucos estudos que são feitos nas
instituições de ensino superior;
19
– Ausência de aposta na edição de livros e de revistas científicas,tendo se
registado muito pouca excepções a esta regra;
– Deficiente aposta em bibliotecas e laboratórios, havendo mesmo a assinalar
a criação de faculdades sem haver a preocupação com a criação destas
infraestruturas e sem a aquisição de meios de trabalho indispensáveis a
docentes e estudantes;
– Deficiente aposta na formação e atualização dos docentes;
– Promoção de docentes considerando critérios subjetivos e o tempo de
serviço, sem atender grandemente aos demais critérios objetivos que a
legislação vai já fixando;
– Inadaptação curricular às reais necessidades do mercado de trabalho
angolano;
– Promoção de uma cultura da facilidade, que faz com que bom número de
estudantes considere que devem ser admitidos a exame estudantes com zero
valores, com que se promova uma “cultura do 10”21 e com que se admitam
trabalhos de licenciatura em grupo.
-Promoção impune da fraude académica, podendo aqui mencionar os casos de
docentes cujas aulas consistem em ler um livro em voz alta e de trabalhos de
licenciatura sem o mínimo de rigor metodológico23;
– Promoção da corrupção, que está organizada e se manifesta das mais
variadas formas – desde a exigência de pagamento para admissão até ao
pagamento para elaboração de trabalhos de licenciatura, passando por
pagamento para passagem em várias disciplinas24;
– Combate organizado a quem exige rigor e a quem faz investigação científica
em instituições de ensino superior. Para inversão do atual quadro, de aposta no
crescimento sem preocupação com a qualidade de ensino, é preciso apostar
na superação das lacunas acabadas de enumerar. É preciso, ainda, que as
20
universidades angolanas apostem na contribuição para a modernização
socioeconómica e tecnológica, no fortalecimento da identidade nacional
angolana e na formação de elites (Fischman (2011, p. 85). A adoção de uma
cultura de rigor e de promoção da competência resultará benéfica no quadro da
mais ampla promoção do bem-estar e do desenvolvimento socioeconómico de
Angola. Promoção impune da fraude académica, podendo aqui mencionar os
casos de docentes cujas aulas consistem em ler um livro em voz alta e de
trabalhos de licenciatura sem o mínimo de rigor metodológico23;
– Promoção da corrupção, que está organizada e se manifesta das mais
variadas formas – desde a exigência de pagamento para admissão até ao
pagamento para elaboração de trabalhos de licenciatura, passando por
pagamento para passagem em várias disciplinas24;

20
– Combate organizado a quem exige rigor e a quem faz investigação científica
em instituições de ensino superior. Para inversão do atual quadro, de aposta no
crescimento sem preocupação com a qualidade de ensino, é preciso apostar
na superação das lacunas acabadas de enumerar. É preciso, ainda, que as
universidades angolanas apostem na contribuição para a modernização
socioeconómica e tecnológica, no fortalecimento da identidade nacional
angolana e na formação de elites (Fischman (2011, p. 85). A adoção de uma
cultura de rigor e de promoção da competência resultará benéfica no quadro da
mais ampla promoção do bem-estar e do desenvolvimento socioeconómico de
Angola.

Conclusão
De 2009 aos dias de hoje, os números sofreram alterações vertiginosas.
Actualmente, o país conta, no ensino público, com sete universidades, 11
institutos e quatro escolas superiores, integradas em sete regiões académicas;
já no ensino privado, estão em funcionamento dez universidades e 30
institutos superiores privados. O número de estudantes, que em 1964 se
somava em 531, em 2011 já apresentava valores na ordem dos 140 mil alunos.
Em 2011, foi aprovada, em Assembleia Nacional, a Constituição da
República de Angola. A formação de um novo Governo trouxe na sua
estrutura o Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia, pasta
actualmente atribuída a Maria Cândida Pereira Teixeira.
De 2009 aos dias de hoje, os números sofreram alterações vertiginosas.
Actualmente, o país conta, no ensino público, com sete universidades, 11
institutos e quatro escolas superiores, integradas em sete regiões académicas;
já no ensino privado, estão em funcionamento dez universidades e 30 institutos
superiores privados. O número de estudantes, que em 1964 se somava em
531, em 2011 já apresentava valores na ordem dos 140 mil alunos.

Em 2011, foi aprovada, em Assembleia Nacional, a Constituição da República


de Angola. A formação de um novo Governo trouxe na sua estrutura o
Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia, pasta actualmente
atribuída a Maria Cândida Pereira Teixeira.

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