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ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS
Edineide Maria Aparecida Salvador
Emiliani Silvério
Isamara Letícia da Silva
Maria Helena Alves
Vanessa Santiago
Professor Tutor Externo: Leandro Zeferino
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia (PED0862) – Seminário Interdisciplinar Educação de Jovens e
Adultos 2016/1
09/04/2016

RESUMO
No presente artigo é objetivado a abordagem de perspectivas que norteiam o alfabetizar e o
letramento de alunos da Educação de Jovens e Adultos. Considerando a diferença entre vários
conceitos e a própria modalidade que estamos especificando, a EJA, sendo ela uma
modalidade da Educação Básica que se propõe a atender um público que não obteve o acesso
ao direito à educação, durante a infância e/ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas,
seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas
desfavoráveis. A EJA é uma oportunidade para que esses cidadãos possam se alfabetizar e se
tornar letrados, vindo com a finalidade de reverter a situação de milhares de jovens e adultos
que não conseguiram ou tiveram acesso à educação básica no período regular ou no tempo
adequado. Atualmente, os jovens e adultos que voltam ou começam a freqüentar a escola,
geralmente é com o objetivo de aprender a ler e escrever, ou seja, ser “alfabetizados”. Desta
forma, é necessário conhecer este contexto e entender o conceito de alfabetização para
compreender as semelhanças e diferenças da alfabetização na educação de jovens e adultos.

Palavras-chave: Letramento. Alfabetização. EJA.

1 INTRODUÇÃO
A alfabetização é a aquisição do código da escrita e da leitura, a codificação através da
escrita e decodificação através da leitura. É um processo especifico de apropriação do código
escrito; em suma, em seu sentido mais restrito, alfabetizar-se é aprender a ler e a escrever. É
um processo ativo por meio do qual a crianças, os jovens ou os adultos nos primeiros contatos
com a escrita constroem e reconstroem hipóteses sobre a natureza e funcionamento da língua
escrita. A partir das hipóteses, errando o aluno vai compreendendo o código escrito. Deve se
levar em conta como ponto de partida a realidade do aluno que tem um meio de vivencias e
conhecimentos, neste caso o jovem e o adulto.
Segundo Tfouni (2002), a alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto
aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é
levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução
formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. A alfabetização é vista
como um processo individual pelo fato de a sociedade estar em constante mudança por isso a
atualização individual deve acompanhar essas mudanças, visto que ela se refere à leitura, a
escrita e as práticas de linguagem do indivíduo, a alfabetização é tida como processo da
escolarização. Dentro desse contexto, promove-se uma reflexão teórica dando significado
para os termos alfabetização e Letramento na perspectiva dos sujeitos da EJA, seguindo de
uma analise da pratica docente da EJA, a partir dos resultados encontrados através da pesquisa
bibliográfica.

2 A ALFABETIZAÇÃO NA EJA
Tfouni (2002) descreve como pessoa alfabetizada sendo aquela que consegue ler e
escrever, possuindo aquisição do código escrito. E este é o processo que se concretiza na
escola durante o período de escolarização. Já o letramento vai além das habilidades de leitura
e escrita, é um processo que abrange toda a demanda social da leitura e da escrita e
produzindo gêneros textuais (uma carta, uma bilhete, um poema) e até mesmo a fala oral é
alterada quando se dá esse processo de letramento.
A prender a ler e escrever é muito mais do que saber transcrever, afinal, conhecimento
é construído através da interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes.
Assim sendo, a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito
como da relação dele, sujeito, com o objeto.
Por tal motivo, praticar a leitura e a escrita é de suma importância para conseguir
assim se apropriar de sua codificação e decodificação. Os conhecimentos precisam se
abordados de forma sistemática na escola, pois tem conhecimento que são iniciados e
consolidados na alfabetização e outros são iniciados e vão se consolidando em outras etapas
de ensino. Sendo assim não basta levar texto para sala de aula, mais se deve conduzir,
orientar, ensinar vogais consoantes e outros conhecimentos específicos do processo de
alfabetização de forma contextualizada se baseando no texto.
O termo letramento descreve bem este uso das práticas sociais da leitura e da escrita e
difundiu-se rapidamente no meio acadêmico; porém, anteriormente, transitou pela mídia e nas
escolas na tentativa de produzir algum sentido para além do termo alfabetização, que já não
era suficiente para explicar o processo de aquisição do código escrito. O letramento,
diferentemente da alfabetização, e como já mencionado, é tida como um processo social e não
apenas individual, ele vai além das habilidades de leitura e escrita. Letramento significa
introduzir-se nessa diversidade de praticas de leitura e escrita, é a capacidade do aluno utilizar
a leitura e a escrita para resolver problemas do cotidiano. Problemas estes que viriam na fase
adulta, ou seja, muito provavelmente já estejam acontecendo. Esse processo é efetivo através
do letramento, quando o jovem e adulto passa a utilizar a leitura e a escrita em seu beneficio
para facilitar suas praticas sociais. A escola, sendo uma instituição representada pelos
professores, deve ensinar os alunos a ler e escrever mais também ajudar eles a compreender a
utilidade e a importância dos textos abordados no seu cotidiano.
Indivíduos alfabetizados, mas que não participam da sociedade letrada, são
considerados analfabetos funcionais, pessoas a quem foi informada a tecnologia da leitura e
da escrita, mas que não desenvolveram a capacidade de usar a leitura e a escrita na prática
social, como ferramenta que os insere na sociedade como cidadãos plenos de direito. Outro
fato nos chama a atenção: muitas pessoas analfabetas podem ser letradas.

[...] Um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado social e


economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a
escrita têm presença forte, se interessa em ouvir a leitura de jornais,
feita por um alfabetizado, se recebe cartas. que outros leem para ele,
se dita cartas para que um alfabetizado as escreva (...) se pede a
alguém que lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar,
esse analfabeto é, de certa forma, letrado, porque faz uso da escrita,
envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita. Da mesma
forma, a criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros,
finge lê-los, brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está
rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança é
ainda “analfabeta” (...) mas já penetrou no mundo do letramento, já
é, de certa forma, letrada (SOARES, 2001, p.24)

Para Oliveira (1992), raramente são encontradas pessoas totalmente analfabetas, pois
os adultos “genericamente designados de analfabetos”, estando imersos numa sociedade
contemporânea saturada de escrita, recebem informações desse meio. As informações que
absorvem do ambiente letrado proporcionam a esses sujeitos produzir e acumular
conhecimentos, entre outras coisas, sobre as regras e o funcionamento do sistema de escrita.
Esse aluno sendo adulto, já foi exposto a vários desafios da sociedade letrada. Por isso
o mesmo tende a ser um sujeito que possui uma maior compreensão das funções sociais da
língua, sendo capaz de considerar “os contextos dos textos” e apresentar antecipações
significativas sobre os mesmos, o que facilita sua compreensão sobre o que é neles tratado.
Moura nos relata em sua pesquisa que o conhecimento de mundo daqueles adultos
possibilitava-lhes dar respostas mais adequadas em relação às interpretações dos textos
presentes no ambiente urbano. As pressões do meio, principalmente do ambiente de trabalho,
levariam os sujeitos a desenvolverem estratégias pessoais para enfrentarem os desafios
constantes da sociedade letrada, que lhes exige novas competências acerca desse objeto de
conhecimento. As informações que absorvem do ambiente letrado proporcionariam a esses
sujeitos produzir e acumular conhecimentos sobre as regras e o funcionamento do sistema de
escrita.
Essa informação possui uma relevância pedagógica, no sentido que evidencia a
importância do contexto como uma fonte de significado, não direcionando as letras toda carga
significativa.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível analisar que há muito a se fazer no campo da EJA. O aprender nunca é
limitado e está em constante evolução. Assim, entre os fatores decisivos para a criação de uma
nação justa, humana e igualitária, que desejamos criar, encontra-se a capacitação do povo para
o uso da informação escrita. E na EJA, esse trabalho deve ser bem difundido entre os
educandos. É necessário, afinal, acreditar que através da leitura e da escrita podemos ter uma
sociedade menos desigual no âmbito social e cultural.
Quando nos referimos à questão da alfabetização, trazemos a mente elementos que
requisitam uma discussão mais aprofundada com vistas a distinção entre alfabetização e
letramento. Para muitos estudiosos por alfabetizar entende-se o aprender a ler e a escrever,
então dessa forma o letramento torna-se igualmente importante no processo. Os saberes e
fazeres dos professores e os universos nos quais estão inseridos, bem como o meio no qual o
aluno está inserido também contribuem com suas práticas e eventos de letramento que
chegam até a escola e de forma bem significativa fortalecem o alfabetizar e o letrar dos
alunos, diante disto, foi significativo perceber o quanto estão intricados os processos de
alfabetização e letramento para a apropriação do sistema de escrita alfabética pelos alunos da
EJA.

REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

_______. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23.ed. São
Paulo:Cortez, 1989.

MOURA, Dayse Cabral de. Alfabetização e letramento de jovens e adultos: As concepções


e práticas de ensino do sistema de notação alfabética. Educação On-Line. Pernambuco:
Universidade Federal de Pernambuco, 2003.
Disponível em: <http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=328:alfabetizacao-e-letramento-de-jovens-e-adultos-
as-concepcoes-e-praticas-de-ensino-do-sistema-de-notacao-
alfabetica&catid=4:educacao&Itemid=15>

OLIVEIRA, Anne Marie M. “A formação de professores alfabetizadores: lições da


prática”. In: Leite, R. G. (Org.). Alfabetização dos alunos das classes populares, ainda um
desafio. São Paulo: Cortez, 1997.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte:


Autêntica, 2001.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. 5.ed. São Paulo: Cortez,


2002.

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