Você está na página 1de 10

ESCRITA DE UM ARTIGO ACADÊMICO

Objetivo dos artigos: Um artigo conta uma história, e uma história deve despertar a
curiosidade do leitor. No entanto, deve ser feita de forma sucinta, objetiva e seguindo uma
lógica coerente. Para organizar uma história coerente, a estrutura indicada é o IMRaD.

A seta significa que uma sessão deve levar a outra, e a largura


dos triângulos indica a abrangência de cada sessão.

A escrita deve ser iniciada e impulsionada pelos dados, que


estão na sessão “Resultados”.

Considerando a pesquisa como uma “contação de história”,


seriam os dados os responsáveis pela maior parte dessa história. Há um problema quando o
pesquisador quer contar uma história “diferente” da história dos dados.

A sessão “introdução” deve ser escrita inspirada na sessão de resultados e discussão, por isso
acaba sendo escrita depois.

Objetivos por trás da escrita (não do artigo):

 Objetivo específico (da pesquisa, do artigo)


 Objetivo pessoal (do que você quer que a pesquisa faça por você). Isso influencia onde
você quer publicar, como você vai escrever, sua formação de identidade como
pesquisador.

Pensar como um “naysayer”: Ter atitudes críticas para seus artigos. Onde um crítico poderia
achar uma falha. Leia seu artigo procurando os problemas.

TÍTULO
O título já é uma boa orientação de tema e de ênfase para o leitor, afinal pode ajudar a
“orientar” o leitor a respeito das informações mais importantes do artigo. Por isso é
importante que exista coesão tanto entre o título e o resumo, quanto entre o título e artigo
em geral.

 Título Transparente (A importância de andar de guarda chuva em Curitiba)


Um título claro e objetivo, simples. Alguns desses títulos simples seguem um mesmo formato,
já se referindo a algum texto já publicado – assim os leitores já reconhecem o artigo como uma
contribuição para esse diálogo “o they say” em especial.
 Título Achado (Sair de casa sem guarda chuva aumenta a probabilidade de chuva)
Um título que contem o achado mais importante da pesquisa. É importante ter certeza sobre a
relevância desse achado, pois causa um impacto grande.
 Título com foco no método (Reduzindo as chances de esquecer o guarda chuva)
Este tipo de título tem foco no processo do método. Geralmente este título vem no gerúndio.
Também é possível mencionar o tipo de estudo. Exemplo: “a cross-section study”.
 Título-pergunta (Sair de casa sem guarda chuva provoca a chuva?)
Título mais comum em pesquisas mais explanatórias, afinal ele remete a um estudo que não
necessariamente “promete resultados”. Comum em pesquisas das áreas de humanas e sociais
aplicadas.
 Título efeito de X em Y (Efeito de porte de guarda chuva na precipitação de Curitiba)
Este título já descreve uma relação de causa e efeito. Em inglês, a estrutura é sempre “Efects
of ...... on......”.
 Título + explanação (Animais que precisam ser tirados da chuva: o caso do cavalinho)
É um título com informações extras: expandindo o título para apresentar mais informações.
 Título com citação (“De novo perdi o guarda chuva”: causas de esquecimento de
dispositivos antipluviais em Curitiba)
Um título que já apresenta alguma citação relacionada à pesquisa/aos dados. Também
expande as informações do título, mas em formato de citação.
 Título híbrido: mistura dos padrões apresentados.
Após falar sobre os tipos de títulos, o professor dá a dica de tentar não deixar o título muito
longo, principalmente pelo motivo do entendimento: quanto mais sucinto e objetivo, mais fácil
de entender. O professor comentou que há uma tendência de títulos mais curtos serem mais
citados.

INTRODUÇÃO
“Conversa” do autor com o campo de pesquisa deve acontecer ao longo do artigo. É
importante, ao escrever, saber e deixar claro qual é o debate em que você está entrando, qual
é o diálogo que ocorre dentro da área de pesquisa. Assim, é ainda mais importante
contextualizar a pesquisa e encontrar/deixar clara a maneira como os dados e discussão
dialogam com o campo mais amplo.

Teoria C.A.R.S.: Create a Research Space.


Se refere a uma contextualização feita de forma a abrir um espaço, dentro da área pesquisa já
existente, para o que o artigo irá apresentar.

 Movimento 1: estabelecer o território: comentar sobre o que já foi falado na área de


pesquisa.
 Movimento 2: evidenciar o problema, a lacuna, o que ainda falta (mostrar a
necessidade de mais pesquisa nessa área). Esse movimento é muito importante para
as revistas internacionais, pois é aqui que fica evidente a importância, a contribuição
do artigo para a área de pesquisa.
 Movimento 3: explicitar como essa lacuna foi ou será preenchida através da sua
pesquisa.

Quanto mais você consegue identificar e mostrar os problemas, mais você consegue vender o
seu produto. Ou seja, quanto mais o artigo mostra o problema e a lacuna na área, mais
evidente fica a relevância dele (mais fácil fica de “vender seu peixe”, de mostrar como a sua
pesquisa é importante e está suprindo um problema na área de pesquisa).
Hoey’s problem solution pattern
Essa estratégia ajuda a transformar a história do artigo em um diálogo, através de perguntas e
respostas (Hoey, 2000).

Essa estratégia é dividida em 4 etapas ou 4 fases:

1. Situação: background. Não tem ligação direta ou imediata com o problema ou a solução. “I
was once a language teacher”. Não necessariamente desperta a curiosidade no leitor.

2. O problema: O gatilho, o ponto mais importante. “Students were unable to write their own
names”. “Unable”, estudantes foram incapazes, identifica o problema na situação, ou seja,
essa palavra é o gatilho. Agora, o leitor já tem curiosidade para saber o que foi feito a respeito
desse problema. Normalmente esse gatilho é uma palavra negativa. O problema normalmente
já chama a resposta.

3. Resposta: A reação, o que foi feito a respeito do problema. “I taught them text analysis”.

4. Resultado: O “outcome” da resolução do problema, o que aconteceu: “Now they all write
novels”. Qual o impacto da solução do seu problema na sociedade, o que aconteceu de
impacto no contexto geral quando a resposta ao problema foi aplicada.

Dicas para escrever a introdução


 Não copiar revisão de literatura da dissertação/tese: não copiar e colar a revisão de
literatura dos seus trabalhos, afinal as proporções variam de um artigo para uma
dissertação ou tese. Acaba sendo muito conteúdo para pouco espaço.
 Preparar uma apresentação usando o PowerPoint: Quando alguém tem que pensar
em uma apresentação curta sobre seu artigo, ela/ele é obrigada/o a pensar apenas
nos aspectos mais importantes da pesquisa e resumir. Isso pode ser um exercício
interessante para ajudar na escrita da introdução, afinal assim os pontos principais
estarão presentes (assim como na apresentação).
 Escolher um “texto mentor”: Escolher um texto de sua área que sirva como um
modelo a ser seguido. Cada área tem uma especificidade, por isso é importante
escolher um modelo, por questões estruturais e linguísticas. Observe os padrões (de
momentos, de C.A.R.S e problem solution) e preste atenção em questões linguísticas:
no vocabulário, na fraseologia, nas escolhas de palavras e ordem dessas palavras.
 Prestar atenção nos tempos verbais/estruturas frasais: O Present simple pode ser
comum no no início, e depois, quando o autor retoma o “they say”, utiliza o present
perfect (exemplo: research over the decades “has shown”; Fulano (XXXX) has made
the claim… ). Depois, na discussão, usar estrutura argumentativa. Argument = Claim
(Afirmação) + Warranting (evidências). Ou seja, normalmente quando um argumento é
mostrado, ele aparece em formato de afirmação e depois de evidências que
comprovam a afirmação. Esse conceito pode ser aplicado desde frases até livros
inteiros.
 “Copiar e colar” estruturas: Ao ler o “texto mentor” ou outros textos de suas áreas em
inglês e percebam frases que sirvam para seus artigos. Nesse caso, esse “plágio” de
estruturas é bom para que aumente o repertório de vocabulário da escrita, e usando
essas estruturas que já aparecem nesses artigos é possível evitar algumas expressões
que, apesar de serem possíveis de entender, não são tão usuais na língua inglesa.
Exemplo: “However” = sinalizador de problema, oposição. “Despite these findinds,
_____ remains to be investigated”. Essa é uma estrutura linguística que está
sinalizando o move 2 de C.A.R.S. “here, we intend to”.

MÉTODO
Apesar de não existir uma “fórmula” que sirva para todas as áreas do conhecimento, o
método é a sessão que valida os resultados e a discussão. Afinal, os dados são sempre um
artefato do método, portanto, o método traz a justificativa para a validação dos dados.

Verifique de que é composto o método da sua área de estudo.

Neuropsicologia:

 População de estudo, com descrição de dados clínicos e demográficos, enfatizando


com clareza os fatores de inclusão e exclusão de participantes;
 Instrumentos utilizados, com algumas especificações acerca da razão de uso;
 Análise estatística dos resultados.
 Em alguns casos também cabe colocar sobre os procedimentos de recrutamento e
coleta de dados.

RESULTADOS
Neuropsicologia: em geral, os artigos iniciam sua sessão de resultados enfatizando os dados
referentes aos dados demográficos e clínicos obtidos a partir da amostra. Apesar de a
metodologia fornecer ideias sobre o tipo de população que encontramos nos resultados, é
neste início que se caracteriza objetivamente a amostra, com relação à distribuição de sexo,
idade, patologias e outros dados que possam ser relevantes para o prosseguimento do item
dos resultados. Nota-se assim que a seção é planejada para facilitar a compreensão, indo de
resultados mais básicos até mais específicos conseguidos pelo estudo.

Tabelas
1. Quando usar tabelas?
Quando há dados repetitivos. Tabelas que utilizam muitas linhas ou muito espaço para
fornecer poucas informações, dados de poucas observações que são facilmente substituíveis
por um parágrafo ou algumas linhas de texto são irrelevantes. Se há uma tabela, significa que
as informações contidas nela são essenciais para o entendimento do artigo, por isso é
importante pensar bem nas escolhas a respeito dos dados a ser inseridos.

Não mencionar os mesmos dados em mais de um meio , ou seja, não repetir os


dados da tabela ou figura no texto.

2. Como organizar uma tabela:


É preciso que a tabela seja preparada de modo a ser independente do texto, ou seja, o leitor
deve entender a tabela sem depender do texto. Informações devem ser simples e objetivas,
para não confundir.
No caso de teses e dissertações, tentar inserir a tabela o mais próximo possível do texto (de
preferência logo a seguir). Essa observação não funciona sempre para artigos por conta da
diagramação, que às vezes é particular da revista. Os dados devem ser apresentados de forma
que os elementos semelhantes sejam lidos na horizontal, facilitando assim a comparação.
3. Elementos essenciais da tabela:
Título conciso e claro que inclua o que (natureza do estudo), como (variáveis escolhidas para
análise do fato), onde (local representado) e quando é que os fatos foram observados (época
abordada);
Em termos de diagramação, a professora apresentou algumas diretrizes: A parte superior da
tabela deve ser grafada com letras minúsculas, com espaçamento simples entre as linhas,
geralmente dois pontos a menos do que o tamanho do texto (texto tamanho 12; tabela
tamanho 10) O texto da coluna deve ser alinhado à esquerda, e os números alinhados à direita
ou no ponto decimal (para que o leitor identifique visualmente um número grande, facilitando
a comparação). Também, deve-se usar duas linhas horizontais: não se usa linhas verticais por
conta da dificuldade de inseri-las nos sistemas tipográficos.
Não inserir nas tabelas informações que não são mencionadas ou discutidas no
texto.

Cuidar com as unidades apresentadas nas tabelas. Exemplo: não misturar


porcentagens com concentrações. Padronizar uso de vírgulas e pontos decimais.

FIGURAS
A mesma regra para tabelas se aplica à figuras: apenas usar figura se esta central e relevante
para a discussão do artigo.

1. Quando usar figuras?


Quando os dados mostram tendências (exemplo: crescimento ao longo do tempo, dados que
apresentam evolução). Assim, fica mais fácil para o leitor visualizar. Também é possível quando
não é necessário usar o resultado/número exato para interpretação e discussão.

Como escolher entre Figura ou tabela?


Há dados que funcionam melhor na figura do que na tabela. As vezes uma preferência pessoal,
entretanto de acordo com as regras apresentadas é possível escolher se tabela ou figura é a
escolha adequada para sua questão. É importante pesquisar nas revistas de seu interesse para
ver quais tipos de figura, gráficos, são utilizados, como uma forma de inspiração.

DISCUSSÃO
Lembrando-se da estrutura do I.M.R.a.D.: a discussão, sessão que vem logo após os resultados,
é mais ampla. Assim como a introdução, a discussão é complexa e trabalhosa para ser escrita.

Segundo Flowerdew (1999), algumas partes da escrita são mais problemáticas. As mais fáceis
são metodologia e resultados, sessões mais “formulaicas”, que seguem os mesmos formatos.
As partes da introdução, discussão e conclusão são mais problemáticas por terem um estilo de
escrita mais persuasivo, em que a voz do autor deve aparecer com mais clareza (voz autoral).

Elementos mais comuns


 Retomando assuntos da introdução: É importante retomar a introdução para lembrar
os objetivos da pesquisa, mas também para ajudar na navegabilidade – se um leitor vai
direto para a sessão da discussão, pode ter uma ideia mais geral.
 Expandir, explanar, extrapolar: Interpretação do autor. Não só explana os dados, mas
extrapola para a opinião do autor. Os dados vistos pela perspectiva do autor (opinião).
 Comparar com outros estudos: comparar as descobertas com outros estudos similares
da área, fazendo referência a eles.
 Falar do que ainda há por fazer e de como a pesquisa contribui para o avanço da
área: Ressaltar como o artigo agrega conhecimento para a área e ressaltar se essa
contribuição é nova.
 Falar das limitações do estudo: nenhum estudo tem dados perfeitos, portanto um dos
elementos da discussão é justamente abordar esses problemas.
 Falar de aplicações e implicações práticas que o estudo traz para a área.

Discussões são sempre compostas de afirmações (claims) e embasamento (warranting), e


sempre tendo em mente o naysayer.

Limitações: Indicar as limitações do estudo não enfraquece uma pesquisa ou um artigo. Às


vezes, até fortalece o estudo, afinal mostra que o autor entende a natureza da atividade de
pesquisa que, sempre, acaba sendo limitada. Muitas vezes as limitações se devem à
amostragem, que pode ser pequena e nem sempre generalizável.
Diferente de defeitos (defects), limitações exigem uma maior reflexão por parte do autor,
afinal, ele sempre deverá pensar no “naysayer”, o leitor que duvida de tudo.
Muitos autores recorrem aos elementos de discussão estudados acima de usando expressões
modais, ou hedges (moderador de confiança), que expressam incerteza. Qualquer dúvida ou
fraqueza pode facilmente ser usada para consolidar o trabalho com o uso dessas expressões.
Não utilizar demais.

Hedging: um dispositivo linguístico que modifica a força ou o valor de verdade de um nunciado


e, assim, reduz o risco que um falante pode correr quando enuncia uma afirmação forte ou
algum outro ato de fala.

Resultados e discussão: separar ou juntar?


Muitas vezes torna-se mais difícil a escrita de modo conjunto.
As duas dicas são: olhar o padrão da revista em que se pretende publicar (Ver como os artigos
desse periódico são organizados) e, se decidir por escrever resultados e discussão juntos,
apresentar primeiro os resultados. Muitas vezes, quando as duas sessões são escritas
conjuntamente, ainda é necessário escrever uma sessão de Conclusão.

CONCLUSÃO
Assim como na fala, a escrita da conclusão precisa vir seguida de “sinais”. Muitas publicações
aceitam que a conclusão esteja junto da discussão; outras requerem uma seção separada para
conclusão.

De qualquer maneira, a conclusão segue a mesma lógica da discussão, inclusive com os


mesmos elementos (retomando assuntos da introdução, comparando, falar do que ainda há
por fazer e de como a pesquisa contribui para o avanço na área, limitações, e aplicações
práticas).

exemplos de conclusões: como elementos foram usados para sinalizar o fim do trabalho,
diferentes usos de hedging.

Questões Linguisticas
O que torna o texto claro?

O que torna o texto claro é sua unidade, sem contradições ou ambiguidades.

Pontuação, ortografia, ideias objetivas, conectivos, ligação harmoniosa entre as frases,


períodos e orações. Conectar as frases e ideias em sequência lógica.

Coesão
É micro textual: uso de elementos coesivos e gramaticais (conectivos, pontuação e ortografia)
de forma lógica. Relações de sentido são manifestadas por conectivos ou elementos de
coesão. Considerando a coesão, a escolha das palavras é muito importante.

Tipos de coesão: Utilizar esses três tipos de coesão ajuda a tornar o texto acadêmico mais
harmônico. Muitas vezes são pequenas palavras que acrescentam a coesão, e tornam o texto
mais rico – menos pobre e repetitivo.

 Coesão referencial: uso de pronomes e outros elementos para retomar elementos já


mencionados no texto.
 Coesão por elipse: há a elipse de termos para que não ocorra repetição.
 Coesão lexical: Uso de sinônimos e expressões lexicais. Por exemplo: artigo
(sinônimos: trabalho, pesquisa, estudo); Elias e Bourdieu (expressão: dois
importantíssimos pensadores).
 Coesão no período composto: quando há inserção de várias orações subordinadas e
não se desenvolve a ideia-oração principal, o sentido fica obscuro.

Coerência
É macro textual: conjunto harmônico em que todas as partes se encaixam de maneira
complementar. Texto apresenta lógica e ideias bem concatenadas. Um texto coerente é um
conjunto harmônico, nada destoante, nada ilógico contraditório ou desconexo.

Níveis de coerência:
 Narrativa: Progressão de ações. Há uma lógica entre ações e personagens. Há uma
gradação coerente dos fatos, que foram se mudando até a questão explodir.
 Figurativa: Articulação harmônica das figuras do texto. Exemplo da figurativização da
palavra solidão.
 Argumentativa: argumentos (fatos, opiniões, dados) que fazem o autor inferir uma
determinada conclusão.

Dicas para verificar coesão e coerência

 Deixar o texto “descansar” por alguns dias ou horas – é interessante deixar “de molho”
para voltar para o texto com o olhar mais fresco. Muitas vezes, neste caso, é possível
perceber que faltam alguns elementos de coesão e coerência que passariam
despercebidos sem essa revisão em momento posterior.
 Pedir para algum amigo ou conhecido ler para verificar se o texto faz sentido , segue
uma sequência lógica. Às vezes é bom que o amigo nem seja da mesma área, para
perceber se o texto está ‘didático’ – explicando referências.

Escrever um texto acadêmico é como contar uma história. Então, introduzir elementos
nos textos é como introduzir personagens, e é importante deixar clara a importância de cada
personagem para a narrativa. Quando um assunto é introduzido, deve ter um propósito para o
texto como um todo, e não deve “ficar perdido” sem ser retomado com uma conexão clara
com o resto do texto.

Ao achar algum elemento que está “sobrando” e comprometendo a coerência, não jogar
fora estes elementos, e sim contextualizá-los de uma forma que eles façam sentido,
introduzindo outros elementos lógicos (outros ‘personagens’, melhorando a coerência
narrativa da ‘história’ que o artigo está contando). É importante que esses elementos sejam
acrescentados de forma que faça sentido, com o uso de conectivos.

Dicas Específicas para escrita em inglês


Problemas gramaticais comuns:

Problema 1: substantivo + de + substantivo. Ex: Supplementation of vitamin (incorreto) vs


vitamin supplementation (correto).

É possível usar google tradutor ou google scholar para verificar o uso mais comum.

Problema 2: construções passivas. Prestar atenção na ordem do objeto e do verbo, que fica
diferente na língua inglesa. Exemplo: “Foram analisados dados demográficos” ->
“Demographic data were analyzed”.

Problema 3: verbo + abvérbio ou verbo + adjetivo. As posições de verbo, objeto e


adjetivo/advérbio são diferentes em português e em inglês. Os adverbios (ou frases
adverbiais), que não podem ser colocados entre o verbo e seu objeto. Exemplo: "It was
necessary to stir frequently the mixture" (incorreto) vs "It was necessary to stir the mixture
frequently" (correto, advérbio no final da frase). Às vezes se considera aceitável colocar o
advérbio antes do verbo, como "It was necessary to frequently stir the mixture", mas esta
ordem já não funciona nas frases adverbiais (Incorreto: "It was necessary to 6 times stir the
mixture").
Não se pode, em inglês, colocar o advérbio logo depois do verbo.

Problema 4: Preposições. As vezes pode ser difícil identificar qual seria a preposição correta
(in, on, at). A ferramenta eletrônica Grammarly, que faz uma correção automática,
especialmente das preposições e dos erros ortográficos. Skell (sketch engine for language
learning) também acessa um banco de dados de formas mais utilizadas de se escrever.

Problema 5: Artigos. Para saber se usa ou não usa é interessante usar o Grammarly, ou
pesquisar no google acadêmico.

Uso de concordancer (AntConc):


Programa para criar um banco de dados da forma mais utilizada no seu corpus teórico.

HOWEVER
Tomar cuidado para não repetir “however” muitas vezes, que pode confundir o leitor.
Exemplos de opções:

 “(something) Remains unknown and debatable”;


 “To date” (Até hoje) “no comparisons have been published”;
 “This raises the question”;
 “The question arises as to”;
 “In such situations, a question can be raised (...) Thus the aim of the present study (...)”

USO DE VOZ AUTORAL


Ao invés de citar diretamente os autores de outros trabalhos, utilizar outras expressões e citar
o nome dos autores depois. Algumas expressões possíveis:

 “Research has shown”;


 “Furthermore, there is evidence that”;
 “In a recent study”.
 “Thus, there is growing evidence”.

Algumas palavras são vistas como palavras “não-científicas”, mas que são comumente
utilizadas para indicar a opinião dos autores na sessão da discussão. Essas palavras indicam
que o autor está formando uma hipótese a respeito dos dados.

Ex: “possible”, “might”, “could be”

CONECTIVOS
é importante prestar atenção aos seus usos, pois muitas vezes podem ficar deslocados ou não
fazer sentido.
Recomendações: OneLook.com para sinônimos e definições. O site oferece recursos de “word
origin”, “words similar”, “usage examples”.

Skell e Antconc. Interessante procurar no antconc os contextos para perceber os


“comportamentos gramaticais” dos conectivos. Exemplos: “therefore” aparece sempre com
“and”, o que mostra que os autores utilizam essa estrutura para argumentar. Quando se olha
para o “uso canônico” do therefore, é sempre a primeira palavra da frase, mas há outros usos
(there is evidence therefore; the present study therefore aims to; we therefore decided to
pilot) que dão focos para outros elementos, tornando a leitura do texto mais fluida.

scimagojr.com – Scimago Journal & Country Rank. É um website que seleciona e mostra os
journals mais conceituados de acordo com a área.

ARTIGO DEFINIDO
Quando se fala de um fenômeno geral, não se usa o artigo definido (the). No texto em inglês o
the é usado quando algo já foi mencionado no texto (referência anafórica), portanto o uso do
the pode ser confuso para o leitor.

Você também pode gostar