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O assunto gestão democrática não é nenhuma

novidade para as instituições de ensino brasileiras,


mas ainda é um grande desafio de se colocar em
prática. É muito importante para a formação dos
alunos que as instituições de ensino não passem uma
imagem autoritária e que elas criem ferramentas para
aproximar a comunidade escolar de todas as etapas do
ensino-aprendizagem. E isso inclui poder de decisão.

A grande questão é que, ao dar autonomia para os


alunos, a escola precisa estar disposta a repensar as
relações e hierarquias, abrindo espaço para o diálogo e
para o coletivo. E trabalhar coletivamente dá trabalho
e nos tira da zona de conforto.

Mas como isso funciona na prática? O gestor perde autonomia nesse


processo? Para conferir a resposta dessas e de outras
questões sobre o tema, continue a leitura!

Veja mais:
Sistema de Gestão Escolar: deixe a papelada de lado
Melhore a comunicação com os pais usando uma Agenda Digital

O que é gestão democrática

A gestão democrática é um modelo de gestão


que prioriza a participação do coletivo nas decisões tomadas pela
instituição. Nesse sentido, e buscando uma relação
horizontal, a direção da instituição promove o diálogo,
respeita as subjetividades e abre espaço para que a comunidade escolar possa
opinar e agir nas ações da escola.

Prevista e amparada pela Constituição Federal, pela


Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
e pelo Plano Nacional de Educação (PNE), esse modelo
torna-se obrigatório nas instituições de ensino públicas
e é uma possibilidade para as instituições privadas.

O objetivo é tornar a escola um espaço vivo, atraente para a


comunidade escolar e promotor de uma educação de
qualidade, tendo em vista a promoção da democracia e
a escuta das demandas de todos.

É possível ter uma gestão


democrática em escolas
privadas?

Sim. Embora não seja obrigatório para as escolas


privadas, a gestão democrática pode ser adaptada
para estas instituições, com a fomentação da participação ativa da
comunidade escolar em algumas ações e/ou tomadas de decisão.

Um passo importante para compreender a gestão


democrática – e ver a importância e a viabilidade dela
nas instituições privadas – é interpretá-la como um
modelo de gestão que visa a promoção de uma educação que fará
o aluno se apropriar livremente do saber, levando em conta
o protagonismo dos estudantes e o respeito às
subjetividades, com o amparo do coletivo.

Alguns exemplos práticos:

 Comitês e comissões com participação de todos

 Pais ativos nas reuniões de pais e mestres

 Alunos opinando e sendo levados em


consideração na hora de definir o modelo de
ensino
 Comunidade escolar participando da formulação
do PPP

Confira: Quais são as prioridades do diretor escolar?

O papel do gestor na gestão


democrática

O discurso da gestão democrática já circula há algum


tempo nas escolas, mas é preciso colocá-lo em prática
– o que significa rever algumas posturas e estruturas de funcionamento da
escola.

Isso não quer dizer que a gestão democrática tira a


autonomia do gestor, apenas reorganiza as funções desse cargo,
que por muitas vezes não abre espaço para diálogo
com seu público principal: a comunidade escolar.

Dessa forma, o gestor passa a ter um papel de facilitador, sabendo


negociar e sendo flexível. É preciso ter empatia, abrir espaços
para diálogo, ouvir a comunidade e descentralizar as
decisões. O gestor vai planejar, gerar ações, delegar
funções, definir prazos, traçar caminhos
coletivamente, facilitar e mediar todos esses
processos, além de seu papel estratégico de gestão.

Saiba mais: Planejamento escolar participativo e planejamento escolar


estratégico – entenda esses modelos

A importância da participação da
comunidade escolar

A comunidade escolar é a grande responsável pelo


funcionamento da gestão democrática, porque sem
pessoas interessadas em participar ativamente do
processo de ensino-aprendizagem escola nenhuma
existiria. Isso quer dizer que precisamos de engajamento de
todos e, para isso, é preciso construir um bom
relacionamento com alunos, pais, professores e
demais colaboradores, e tornar a escola um espaço atrativo e
inclusivo.

Essa é uma oportunidade gigantesca de preparo da vida


cidadã, colocando os alunos no papel de protagonistas, dando autonomia
para uma educação crítica e respeitosa. A gestão democrática dá
ênfase à democracia e ao respeito com a diversidade
de opiniões e visões de mundo, processos essenciais
para a convivência com o outro. Assim, a educação se
dará como resultado do diálogo e da colaboração.

A família é muito importante nesse processo. Por isso, abra espaço


para tê-las por perto e dê ouvidos às suas demandas.

Continue aprendendo: A importância da relação entre família e escola para o


desenvolvimento dos alunos

Como implementar uma gestão


democrática?

Revise o PPP

O Projeto Político Pedagógico é um documento muito


importante para guiar os caminhos da escola, por isso,
ao decidir ter uma gestão democrática, é preciso revisar o
PPP com a participação ativa da comunidade escolar. Faça uma
assembleia e ressalte a importância da participação e
opinião de cada ator na escrita do documento que vai
nortear os próximos passos da instituição.
Crie uma cultura de escuta

Ouvir demandas e receber feedbacks são processos


essenciais na promoção da gestão democrática. Se
queremos que a escola seja um lugar
dialógico, precisamos mostrar disponibilidade para escutar e apresentar
algum retorno para cada demanda. Pais, alunos e professores
devem sentir-se confortáveis para participar, opinar e
mobilizar ações com toda a comunidade escolar, em
prol do desenvolvimento da educação.

Crie conselhos e comissões

É importante juntar diferentes atores da comunidade escolar para que


eles debatam e definam algumas demandas da instituição. Esses
conselhos ou comissões são importantes para que
muitos assuntos e ações possam ser desenvolvidos ao
mesmo tempo, com cuidado e o aprofundamento
devido.

Alguns exemplos de comissão:

 Reformulação do PPP

 Antirracismo

 Diversidade

 Inclusão

 Acessibilidade

 Pais e responsáveis

Descentralize decisões
É necessário delegar funções e descentralizar as
decisões para que a gestão democrática tenha
autonomia. Isso garante mais diversidade na discussão
de cada demanda e a possibilidade de promover mais ações. O
papel do gestor é gerenciar o andamento desses
grupos, que devem representar o coletivo.

Saiba mais:Como fazer tudo com uma equipe pequena

Tenha uma gestão transparente

Apresente os resultados e preste contas acerca do


andamento de cada etapa dos processos. Crie processos
para que todos possam acompanhar o andamento das ações e discussões
iniciadas, mostre-se disposta a explicar e atualizar a
comunidade escolar sobre os avanços da instituição e
sobre os próximos passos.

Avalie coletivamente

Avaliar coletivamente, e de forma permanente, é essencial para


metrificar e registar os avanços e resultados de todas
as ações tomadas. Assim, fica mais fácil de compreender se a
escola está chegando perto de onde gostaria e dos planos traçados
no PPP. Além disso, é importante promover
a autoavaliação dos atores envolvidos em cada ação
e, inclusive, a autoavaliação de seus papéis enquanto
alunos, professores e famílias envolvidos no processo
de ensino-aprendizagem.
As movimentações por uma escola mais democrática acontecem a partir de
uma necessidade ou problema identificado tanto pela unidade escolar quanto
pela comunidade. É preciso ouvir e entender os dois lados – e aproximá-los.
Entre as questões debatidas, estão, de acordo com o especialista, “a violência,
carência local para práticas de esporte, áreas de lazer e entretenimento.
Também há outros motivos, como a busca por acessibilidade para alunos
portadores de deficiência, o baixo rendimento escolar ou a falta de professores
para algumas disciplinas.”
Foi justamente a evasão escolar que fez com que a Escola Municipal Amorim
Lima, em São Paulo, baixasse seus muros e abrisse seus portões para a
comunidade. O convite para a construção do processo pedagógico para os
moradores do bairro não foi um processo simples e sem ruídos, mas
possibilitou a criação de um laço entre escola e comunidade. Hoje, a Amorim
Lima é referência em educação no Brasil e seus valores, desde a autonomia
dos alunos até seu forte contato com a cultura, tem um dedo dos pais e mães,
educadores, cozinheiros e faxineiros que formam seu corpo escolar.
O especialista adiciona outro exemplo de gestão democrática: o Projeto de
Educação Ambiental e Alimentar (AMBIAL). Redes das escolas estaduais
catarinenses reaproveitam seu espaço, abrindo-o para a comunidade e
convidando-a a participar de uma reeducação alimentar que inclui o uso
compartilhado de espaços para hortas e também da cozinha. Ele também cita o
próprio Plano de Gestão Escolar, mas alerta sobre a pontualidade das
iniciativas e a pequena parcela de escolas atingidas por ela. Ainda há um
longo caminho para se percorrer para alcançar uma rede de gestão brasileira
verdadeiramente democrática, baseada nos princípios norteadores
da educação no século XXI.

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