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1 INTRODUÇÃO

O Brasil vem cada vez mais, 'empenhar-se em promover reformas na área


educacional, apontando propostas que permitam superar índices de desvantagens,
elevando aimportância da escolaridade, em função das novas exigências que a sociedade
propõe.
No encaminhamento social que se constrói, buscam-se perspectivas para melhor
definir o modelo educacional que dê conta da situação que se apresenta. A escola é vista
como palco no campo de transformações do convívio humano, proporcionando estímulos e
subsídios no desenvolvimento das capacidades físicas, mentais e sociais do educando, a
qual toma rumos que supõe uma superação tida como consolidada, sem questionar seus
resultados.
Nas várias nuanças que implicam o processo educativo, existe uma grande
preocupação com a merenda escolar e a aprendizagem, na qual se pensa esta grande
causa do fracasso escolar. Diante disso, buscou-se um projeto de análise com atividades
antes e após a merenda escolar, para avaliar o grau de envolvimento dos alunos nas ações
propostas. É interessante salientar que a merenda escolar oferecida nas escolas, além de
ser complemento alimentar de muitos educandos, se apresenta como alternativa de
melhoria da qualidade educacional e instrumento de aumento de permanência na escola.
Motivar o educando a consumir a merenda escolar, aliando educação alimentar,
valores teóricos, higiene e práticas alimentares é obrigatoriedade na visão daqueles que
primam pelo bem- estar do educando.
A escola, por sua vez, deverá oportunizar a prática, fortalecendo as parcerias
comunitárias na iteração conhecimento sala de aula/comunidade.
A escolha pelo tema "A Criança e a Merenda Escolar" desenvolvido neste trabalho,
partiu da curiosidade e observação a questões pertinentes as necessidades e carências
expressas pelas clientelas das escolas que serviram como referencial Contudo, buscar
melhorias preocupando-se com o bem-estar e qualidade de vida do educando, esta no bojo
daqueles que procuram melhores resultados no desenvolvimento integral do educando.
Sendo assim, este estudo tem como objetivo verificar as influências da merenda
escolar no processo ensino-aprendizagem, bem como analisar a sua importância no
contexto escolar, ciente de que ainda influem outros pontos que podem ser aprofundados
em outros estudos ou trabalhos referentes a esse tema. A pesquisa decampo foi realizada
no período do mês de julho ao mês de novembro de 2004, com 05 (cinco) professores e 05
(cinco) alunos do Grupo Escolar 'Menino Deus' e 04 (quatro) professores e 04 (quatro)
alunos da Escola Básica Municipal 'Frei Fabiano Gadzinski', do município de Canoinhas -
SC.
Sabe-se que o alimento é condição essencial para a manutenção da vida. É a
substância retirada da natureza que serve para nutrir os seres vivos. Uma alimentação
saudável é pré-condição para uma vida plena, onde a criança possa brincar e aprender
sem sentir certas deficiências causadas pela falta de alimentos. A boa alimentação
consiste em satisfazer às necessidades energéticas, sem que para isso seja necessário
comer em grande quantidade. É necessário que a merendeira conheça os alimentos a
serem usados, o valor de cada um, a maneira ideal de prepará-Ios e a forma correta de
utiliza-Ios, para que com isso, as crianças possam ter uma merenda escolar de qualidade.
Na faixa etária em que se encontram as crianças das séries iniciais, é importante
além de nutritivos, que os alimentos sejam bem apresentados e despertem vontade de
comê-Ios. A criança bem alimentada tem mais saúde, resiste às doenças, não falta às aulas
e aproveita melhor os ensinamentos propostos pela escola.
Portanto, este estudo aborda primeiramente a importância da alimentação nos
primeiros anos de vida, revelando como esse processo influenciará no decorrer dos anos
seguintes, inclusive na sua aprendizagem.
2 A IMPORTÂNCIA DA BOA ALIMENTAÇÃO DESDE OS PRIMEIROS ANOS DE
IDADE
Segundo Araújo (1998), grande parte do desenvolvimento físico e mental do ser
humano ocorre até os cinco anos de idade, o que implica a necessidade de uma
alimentação equilibrada e adequada na primeira infância. Crianças desnutridas crescem
menos e têm o desenvolvimento intelectual inferior. A desnutrição calórico-protéica,
provocada pela falta de calorias e proteínas e a deficiência na ingestão de vitaminas e sais
minerais, que cumprem a função de restaurar as células, os tecidos e os órgãos do
organismo, podem comprometer a saúde e o desenvolvimento infantil de forma irreversível.
As necessidades calóricas variam muito para crianças na idade escolar. Essas
crianças deveriam consumir diariamente pelo menos o número mais baixo de porções de
cada um dos 5 maiores grupos alimentares.
Quando uma pessoa nasce, o cérebro já possui células nervosas, que segundo
Cascudo (1977), devem existir de acordo com o 'plano' genético individual, o seu número se
completa rapidamente. Por volta do sexto mês de gravidez, o número de células nervosas
está definitivamente completo. A partir do último trimestre de gravidez e até os 18 meses
depois do nascimento, o cérebro 'cresce'.
Para Cascudo (1977), a carência alimentar, principalmente de proteínas, que atinja
uma criança de três meses antes de nascer, ou nos primeiros 18 meses de vida, pode
danificar irreversivelmente se cérebro e sua inteligência. A carência de proteínas, por
exemplo, como as vitaminas, em especial a vitamina 86, é essencial para a absorção e
elaboração de proteínas, determina alterações nas funções cerebrais e no comportamento.
A alimentação da criança, principalmente até os 6 anos de idade, deve ser o mais
saudável possível e com grande variedade de alimentos, evitando-se alimentos pouco
nutritivos como: embutidos (salsicha, salame, lingüiça, carnes defumadas, presunto), sucos
artificiais, biscoitos, doces e condimentos.
Para Dejours (1986), as refeições devem ser bem variadas e com alimentos de
várias cores, tanto para fornecer vitaminas e sais minerais necessários ao crescimento e o
bom desenvolvimento das crianças, quanto para estimular o apetite.
Os bons hábitos alimentares começam na infância, por isso é importante a
estimulação por parte dos professores e merendeiras, para que a criança coma os mais
variados tipos de alimentos, principalmente frutas e verduras.
Portanto, a saúde do ser humano está intimamente ligada à alimentação que recebe,
uma boa alimentação traz sempre boa saúde.
Alimentar-se bem não significa comer grandes quantidades de alimentos, mas que
sejam refeições balanceadas, contendo alimentos de cada grupo básico: protéticos,
energéticos ou fornecedores de vitaminas e sais minerais (DEJOURS, 1986, p.75).
O organismo tem condições de retirar dos alimentos as substâncias que são
necessárias para o perfeito trabalho do corpo em manutenção à vida. Para uma existência
forte e sadia, é necessário a ingestão equilibrada de vitaminas, sais minerais e proteínas.
O organismo infantil, mais do que um adulto, está sujeito a modificações acentuadas, tendo
como causa o crescimento da criança e ativas trocas' orgânicas decorrentes do
metabolismo, ou reações químicas que permitem transformar as substâncias adquiridas. O
organismo nutre-se daquilo que pode aproveitar do alimento; na maioria das vezes, o valor
teórico de uma refeição não corresponde absolutamente, em elementos nutritivos
aprovados pelo organismo.
Uma alimentação equilibrada e nutritiva precisa, portanto, combinar esses alimentos
em proporções adequadas para cada pessoa, dependendo de suas características
corporais, de sua idade e das atividades que realiza. A quantidade de alimentos
consumidos precisa ter uma relação direta com as atividades e com o consumo de energia
necessário para desenvolvê-Ias (CASCUDO, 1977, p.254).
Não se come algo porque é gostoso comer ou porque aquele alimento é bonito, mas
porque o corpo necessita de alimento para continuar vivendo. Para se garantir uma forte e
sadia existência, é preciso a ingestão equilibrada de vitaminas, sais minerais e proteínas. A
carência desses nutrientes no organismo pode ocasionar males irremediáveis à saúde.
Desse modo, pela alimentação, o organismo necessita receber todas as substâncias
indispensáveis na construção das células, que vão permitir o crescimento e manutenção
dos órgãos, bem como as reações químicas decorrentes do trabalho e funções por eles
exercidas.
O corpo humano assemelha-se a uma máquina, para manter seu funcionamento
produzindo trabalho, é preciso combustível, no caso, a energia retirada dos alimentos.
Sendo assim, além de constituírem fontes de nutrientes ao corpo, os alimentos agregam
outras substâncias que Ihes dão cor, sabor e cheiro que se transformam em reações
químicas no
metabolismo tornando-se energia. Para que isso ocorra, é preciso dispor de hábitos
alimentares saudáveis, desenvolvidos' desde os primeiros anos de vida da criança,
podendo ser reforçado na escola.
2.1 A CONTRIBUiÇÃO DA ESCOLA NOS HÁBITOS ALIMENTARES

A escola pode ter um papel relevante no ensino e conscientização do educando


quanto à qualidade da alimentação, ingestão e consumo de alimentos comprados ou
produzidos pelo cultivo de hortaliças em horta caseira ou escolar.
Segundo Cascudo (1977), "são as frutas, hortaliças, cereais, carnes, leite e produtos
minerais que fornecem a energia suficiente e necessária para as atividades exercidas" (p.
36). Portanto, deve-se ingerir diferentes tipos de alimentos que forneçam o necessário de
cada nutriente.
A escola deve oferecer a merenda escolar, pode melhorar a qualidade da merenda
servida aos educandos, complementando a mesma com legumes e verduras, que podem
ser produzidos no próprio ambiente escolar. Faz-se necessário então, o planejamento e a
construção de uma horta escolar, orientada pelos professores em parceria com técnicos
que vão auxiliar os alunos no cultivo das hortaliças.
A escola tem fundamental importância na conscientização e desenvolvimento do
espírito construtivo, aprimorando uma horta educativa, pois a partir daí, o educando vai
adquirir habilidades de compreensão, respeito, responsabilidade ecomprometimento com
as atividades desempenhadas.
Na idade escolar, é grande a quantidade de energia consumida pelo organismo
infantil, tornando-se maior ainda quando a criança freqüenta a escola. É importante
ressaltar que toda substância gasta pelo organismo deve ser reposta em quantidade e
qualidade, evitando a carência destas nas funções orgânicas.
o hábito de consumo de hortaliças pode ser desenvolvido na escola, fazendo com
que o aluno aprenda a consumir e prepará-Ias, sabendo qual seu valor nutritivo. O cardápio
ingerido deve ter atenção especial para os valores nutritivos como vitaminas e proteínas na
composição alimentar e desenvolvimento da criança. Sua falta poderá refletir
negativamente no desempenho e rendimento escolar da vida do aluno. Os alimentos são
responsáveis pelo crescimento, equilíbrio e bom funcionamento do organismo, por isso é
preciso uma alimentação variada, composta de alimentos que possam fornecer energia,
promover o crescimento e regular o bom funcionamento dos órgãos.
A importância da formação escolar vai muito além das respostas aos problemas
concretos e até mesmo das atividades organizadas em torno do tema.
Para Romanelli (1996),

em todos os países do mundo, a oportunidade de acesso e permanência na escola


tem relação direta com a situação de saúde individual da coletividade, isso porque o
cuidado de si e dos demais requer a apropriação e utilização de muitos conhecimentos e
recursos que podem ser conquistados através da educação formal.
Portanto, se a boa saúde física e mental das crianças é um componente essencial de
sua capacidade e disposição para aprender, o seu grau de saúde pode depender das
experiências vividas no ambiente escolar.
Resumindo, educação e merenda escolar estão estreitamente vinculadas, uma
influenciando e sendo influenciada pela outra de muitas formas, sendo ambas componentes
essenciais da cidadania e da qualidade de vida.
As contribuições da escola para a saúde são essenciais e múltiplas, possibilitando
abrir os horizontes da valorização e da qualidade de vida. O progresso humano, revelado
graças à genial idade que lhe foi dotada, é conseqüência das descobertas do mundo em si,
do que ele é, e do quanto é possível fazer-se com ele. Mas isso não é possível se a criança
não dispor de boa saúde através de uma boa alimentação. Segundo Lefévre (1986), o
professor em sala de aula, deve ficar atento as características dos seus alunos, as
características de uma criança bem nutrida são:
É atento nas aulas; tem estabilidade emocional; boa postura e cabeça levantada,
ombros retos; bom peso e altura; abdome reto; pele firme, cor sadia; ossos fortes sem
saliência nas articulações; boca e gengivas rosadas; dentes fortes; músculos bem
desenvolvidos e firmes; olhos brilhantes (p.73).
Lefévre (1986), também especifica os sinais da má alimentação na criança:
Pouco desenvolvimento físico; musculatura mole (flácida) e pouco desenvolvimento;
pele pálida e sem vida; olhos sem vida, gengivas fracas; cabelos ásperos e sem brilho;
olheiras azuladas; fisionomia envelhecida antes do tempo; posição de cansaço - cabeça
baixa, peito para dentro, barriga estufada; cansaço, falta de atenção; sono agitado; má
digestão e prisão de ventre; falta de apetite; pouca resistência - pré-disposição às infecções
(p. 78).
A merenda escolar, em relação a aprendizagem, ganha novo sentido para a escola e
para a vida, quando se assume que o ser humano não é uma entidade biológica, mas sim,
formado pela sua cultura e qualidade de vida.
A alimentação escolar deve, portanto, corrigir as falhas fisiológicas da alimentação
doméstica, fornecer vitaminas e sais minerais, proteínas e ácidos graxos essenciais, e
alimentos protetores em geral. Caso esse a escola não planeje contribuir para o hábito da
boa alimentação das crianças, poderá ocorrer em muitos casos, o fracasso escolar, que é
resultado de fatores sociais, econômicos e culturais.

2.2 A DESNUTRiÇÃO INFANTIL

Segundo estudos realizados, grande parte do desenvolvimento físico e mental do ser


humano ocorre até os cinco anos de idade, o que implica a necessidade de uma
alimentação equilibrada e adequada na primeira infância.
A desnutrição calórico-protéica, também denominada desnutrição energético-protéica
(DEP), provocada pela falta de calorias e proteínas, e a deficiência na ingestão de
vitaminas e sais minerais que cumprem a função de restaurar as células, os tecidos e os
órgãos do organismo, podem comprometer a saúde e o desenvolvimento infantil de forma
irreversível.

2.2.1 A Desnutrição e Suas Conseqüências


A desnutrição é a conseqüência de regimes alimentares deficientes mais em
qualidade do que em quantidade de alimentos, devido a pobreza, revoluções, guerras,
ausência de medidas de estruturas adequadas, ou má agricultura.
Grande parte do desenvolvimento físico e mental do ser humano ocorre até os cinco
anos de idade, o que implica a necessidade de uma alimentação equilibrada e adequada na
primeira infância. A desnutrição calórico-protéica, provocada pela falta de calorias e
proteínas, e a deficiência na ingestão de vitaminas e sais minerais, que cumprem a função
de restaurar as células, os tecidos e os órgãos do organismo, podem comprometer a saúde
e o desenvolvimento infantil de forma irreversível.
A desnutrição é uma doença que afeta a humanidade. A alimentação está constituída
da quantidade exata do que o organismo necessita.
o apetite da criança depende de suas condições físicas gerais.
Apesar de um regime alimentar adequado ser a essência da boa saúde, é bom
lembrar que existem outros fatores que intervém, como por exemplo, as crianças devem
brincar ao ar livre, fora da casa. Os jogos obrigam a criança a movimentar-se e auxiliam em
manter o organismo em boas condições de saúde e ser saudável. O repouso é
indispensável, servindo para contrabalançar os exercícios violentos.
Durante o período de crescimento da criança, ela deve consumir mais quantidade de
alimento do que a excretada, pois nem todas as proteínas tem igual eficácia na
manutenção do equilíbrio. Ela precisa consumir regularmente, desde o nascimento, os
nutrientes necessários para o seu desenvolvimento saudável. Além de tudo, as vitaminas
encontradas nas frutas, verduras e legumes, ajudam a combater às doenças.

2.2.2 Cérebro Desnutrido Pode Afetar a Aprendizagem

o efeito da desnutrição pode Ser demonstrado mediante procedimento simples,


como determinação de peso do cérebro. Indivíduos desnutridos possuem cérebro menor e
mais leve do que seus semelhantes normais. Segundo Dejours (1986), estas alterações no
padrão são chamadas 'simples'. O cérebro não é um órgão homogêneo e suas diversas
regiões apresentam pequenas diferenças em ritmos de crescimento. É que as células
cerebrais apresentam pequenas diferenças em ritmos de crescimento. É que as células
cerebrais migram de uma região para outra em períodos bastante específicos.
O crescimento e organização estrutural do órgão seguem um cronograma pré-
desterminado e inflexível, durante o qual, a perda de cada oportunidade torna-se
irreversível. Por isso, há fatores e razões para supor que seqüelas e alterações ocorridas
nessa fase sejam permanentes.
O primeiro período de desenvolvimento de qualquer órgão do corpo, inclusive o
cérebro, é caracterizado pela rapidez com que ocorre a divisão celular ou hiperplasia, cujo
ritmo decai, em segundo, quando as células já existentes começam a aumentar de
tamanho.
A hiperplasia começa no terceiro trimestre da gestação e termina no segundo ou
terceiro ano de vida, englobando uma fase pré e outra pós natal. As células nervosas não
mais se multiplicam se encerrado o período em que a hiperplasia comanda o
desenvolvimento do cérebro. Por isso a deficiência nutricional é evidentemente maior nessa
fase. Um indivíduo que não teve um suporte suficiente, tanto do ponto de vista quantitativo
como qualitativo nos primeiros anos de vida, será provavelmente, portador de um número
de células de tamanho normal ou de número normal de células e menor de tamanho.
Cada célula possui um teor constante de ácido conhecido pela sigla DNA (ácido
desocorribonucléico), a mediação da qualidade total dessa substância permite que se
determine o número de células presentes no cérebro.
A determinação do RNA (ácido ribonucléico), ácido e proteínas, determinam
informações sobre o tamanho das células cerebrais.
Para Dantas (1986), a função básica do sistema nervoso (do qual o cérebro é o
componente mais importante), é gerar comportamentos, grande parte dos quais é
apreendida durante a própria vida. A capacidade para aprender é uma das características
marcantes dos seres humanos.
A variável 'desnutrição' e outras formas de natureza ambiental e psicossocial, a
carência alimentar ocorre em crianças pouco estimuladas, ponto de vista psicossocial, o
que contribui para as alterações observadas na capacidade de aprender.
Segundo Dejours (1986), as células nervosas têm a propriedade de criar e transmitir
sinais de natureza elétrica, chamados 'potenciais de ação', através dos quais ocorre o
intercâmbio de informações dentro do sistema nervoso e, deste sistema com os diferentes
órgãos do corpo.
Crianças desnutridas apresentam alterações, em geral, sob forma de resposta mais
lenta.

2.3 POSSíVEIS CAUSAS DO FRACASSO ESCOLAR

A identificação das causas dos problemass de aprendizagem escolar requer uma


intervenção especializada. Muito embora o aprender seja um processo natural, resulta de
uma complexa atividade mental na qual estão envolvidos processos de pensamento,
percepção, emoções, memória, maturidade, mediação e conhecimentos prévios.
Para Tobias (1988):
A realidade em que a criança vive em casa, interfere para que sua vida seja saudável
ou não. No Brasil, três causas de doenças são as mais conhecidas pela população:
- A desnutrição (ou subnutrição): é uma das grandes causas da doença e morte do
povo brasileiro. São milhares, milhões mesmo de brasileiros, que não têm alimento
suficiente em casa (p.33).
A educação foi vista como panacéia para a pobreza, mas atualmente já não é mais,
pois vem constituindo confiantes pronunciamentos de economistas, especialistas em
serviços sociais e empreendimentos políticos e culturais de convicções diversas.
Neste mundo conturbado, os mecanismos operados pela escola, surgem como saída
para os problemas sociais. Basta tomar os dados da disparidade de distribuição de renda
no Brasil, para saber encontrar alunos com condições de educabilidade profundamente
desiguais.
Quando os pobres, crianças de periferias e das zonas rurais entram para a escola,
elas ficam deslocadas, não conseguem aprender e passam a construir um problema. Então
a solução mais fácil é acusar a pobreza pelo fracasso dos pobres. Não aprendeu porque
está com fome, não aprendem porque têm problemas em casa, não aprendem porque
falam muito (SALES, 1994, p.96).
As razões que determinam o sucesso ou fracasso escolar de uma criança são
numerosos. Dentre elas estão: fatores fisiológicos, psicológicos, condições pedagógicas e,
principalmente, o meio cultural ao qual está inserido. O sentido da aprendizagem é único e
particular na vida de cada um, e que inúmeros são os fatores afetivos-emocionais que
podem impedir o interesse necessário às aquisições escolares.
Para Damásio (1988), a escola cidadã é uma criação histórica, por isso precisa
trabalhar através de uma concepção aberta no sistema educacional.
Sabe-se que todos os indivíduos possuem capacidades para aprender,
independente do poder aquisitivo, mas o grande desafio da escola pública é garantir a
qualidade para todos que ali freqüentam. Por isso, é preciso que todo o sistema
educacional busque alternativas estabelecendo características fundamentais entre
educação e aprendizagem, abordando alternativas didático-pedagógicas capazes de
auxiliar o desenvolvimento do indivíduo no processo de combate a evasão e reprovação.
Segundo Sales, "a sociedade brasileira é definitivamente desestruturada nas
questões financeiras, existem os verdadeiramente ricos e os verdadeiramente pobres"
(1994, p. 48).
Crianças vindas de famílias menos favorecidas financeiramente, geralmente são as
que têm menos êxito através dos métodos e procedimentos tradicionais, são mais aquelas
que dependem da escola para obter sua educação formal. A relação entre indivíduo e
sociedade é característica tipicamente humana, resultante da interação do homem e seu
meio sócio-cultural. Diante desta realidade, a escol_ deve proporcionar ao educando, uma
prática de forma mais humana, menos eletista eclassificatória, evitando a marginalização, o
preconceito e a exclusão.
o desafio maior que se coloca à escola hoje, é repensar seus pontos de referência
teórico-metodológicos. Isto porque a concepção da educação brasileira resgata a instância
das superestruturas como lugar de produção, reprodução e ascensão social.
o que se ensina e a forma como se ensina tomam a tarefa de ensinar e aprender
uma sucessão de atividades sem sentido que todos, professora e alunos, executam
visivelmente confrafeitos e desinteressados (PATTO, 1990, p.233).
o homem, absorvido pelo maio natural, responde a estimativas e o êxito de suas
respostas, e por isso, está em constante transformação. Essa idéia cabe a escola analisar e
rever seus conceitos quanto aos conteúdos, currículos e avaliações. A caminhada pela
história, pode revelar a formação de alguns modos tradicionais do falar e pensar das
classes populares, atuantes no dia-a-dia no estereótipo dos menos favorecidos.
Convém ressaltar que novas perspectivas se apresentam no mundo, colocando as
pessoas frente a frente com novos desafios.
Essas transformações estão levando a sociedade a questionar como e porque ocorre
o fracasso ou sucesso do indivíduo, e a quem cabe essa decisão quando se fala em
educação.
A educação pode ser vista, como instrumento de discriminação social, que por sua
vez, determina a maneira de entender as relações entre educação e sociedade. Neste
caso, a sociedade é determinadamente marcada pela divisão entre grupos ou classes
antagônicas, que se relacionam com base na força, a qual se fundamenta nas condições de
produção da vida material.
De acordo com essa postura, a educação longe de ser um instrumento de superação
social, se converte num fator de discriminação, já que sua forma específica de reproduzir a
discriminação social, é também a produção da discriminação cultural.

2.4 REPROVAÇÃO ESCOLAR: FRACASSO OU DESCONTEXTUALlZAÇÃO

As escolas brasileiras vêm enfrentando, há alguns anos, dois graves problemas: a


reprovação e a evasão escolar. Junior (2001), mostra que o problema do fracasso e da
evasão escolar, está evidenciada ao distanciamento entre a prática e a realidade dos
conteúdos aplicados, sendo que esta interação deve ocorrer de modo dinâmico,
apresentando contrariedade às barreiras estanques e dicotômicas na construção do
conhecimento.
Segundo Junior (2001), os indicadores educacionais de Santa Catarina, segundo o
senso 2002, apresenta-se da seguinte forma:
Baixou-se razoavelmente a escala na percentagem dos fatores de evasão e
reprovação, em virtude das políticas governamentais educacionais existentes no país, para
reduzir o índice de analfabetismo e criança freqüentando a escola. É possível constatar
que o índice de reprovação ocorre em maior número nas escolas onde o poder aquisitivo
familiar é menor.
Em geral, filhos de famílias trabalhadores de baixa renda, onde pai e mãe trabalham
como operários assalariados" são explorados como mão-de obra barata e pela falta de uma
qualificação profissional, trabalha-se mais horas do que o estabelecido em lei. Dentre
muitos, este é um dos motivos, que não Ihes é possível e não dispõe de tempo para um
acompanhamento mais adequado ao ensino dos filhos, e tampouco, acompanharem as
atividades propostas pela unidade escolar como metas, tentando auxiliar na resolução do
problema. Tais atitudes são compreensíveis, a maioria desse pais não chegou a concluir o
ensino fundamental, sendo assim, semi- analfabetos. Segundo Paulo Freire (1984),
o analfabetismo é como uma erva daninha, que deve ser excluída, o conhecimento é
algo bom que pode ser ingerido.
A política social escolar é distributiva, carrega marcas do autoritarismo e do eletismo.
Sumariamente, a emancipação desses caminhos, desenvolve como objetivo, as
políticas das desigualdades sociais.
o fracasso e a evasão escolar, são conseqüências drásticas, que estão associadas
as políticas econômicas SOCiaiS e as metodologias aplicadas pelos professores, o que nos
leva a pensar na escola como órgão colaborador para a exclusão, porque esta busca, não
acrescenta e não reflete sobre seu papel social.
Para tanto, a presente pesquisa justifica-se pela necessidade que os educadores
envolvidos tem de refletir e compreender o processo de fracasso e evasão escolar,
caracterizado na repetência e na utilização da mão-de-obra infantil pelas famílias.
Questiona-se também sobre a função da escola enquanto órgão social e da própria
sociedade, como prática geradora da exclusão e da marginalizadora.
A repetência é considerada a solução para os problemas de aprendizagem, sendo,
geralmente, percebida não como evidência do fracasso do professor, mas como medida
adequada para os alunos que não obtém o desempenho desejado. Ao contrário da idéia
corrente, os alunos - mesmo os menos bem-sucedidos - mostramse bastante
perseverantes na busca do conhecimentos, permanecendo ano após ano na escola. Porém
o sistema escolar, ao invés de aproveitar a vontade de aprender do aluno, impede-o de
prosseguir seus estudos. Isso sugere que a evasão escolar resulta da fadiga, conseqüência
de uma experiência frustrada com a escola. (FREITAS, 1994, p. 18).
Quando os pais falam sobre a escolarização dos filhos, tentam explicar as
reprovações como determinantes, reproduzindo o discurso ideológico dos professores
quanto ao fracasso escolar, dizendo que a criança não acompanha os demais por
problemas psicológicos, hereditários, desvio de comportamento e outros, que expressam as
idéias da classe dominante, sem levar em consideração que a criança, muitas vezes, fica
entregue a própria sorte.
Outro ponto relevante é a metodologia usada pelo professor. Inúmeras teorias
provam que, o maior rendimento na aprendizagem é garantido quando as aulas ministradas
de forma dinâmica, com a utilização de jogos, brincadeiras de adivinhações, desenhos,
dramatizações e muitas outras, enriquecem e tornam mais interessantes as aulas, levando-
se em conta que, é nesta fase do desenvolvimento que a criança se encontra; é através de
técnicas lúdicas que aprenderá sem muito esforço, não precisará decorar textos enormes
de conteúdos enfadonhos ou fórmulas desconhecidas.
Segundo pedagogos e estudiosos da área, os fatores que contribuem para a
reprovação são: a falta de apoio dos país no acompanhamento do estudo de seus filhos; as
condições sócio-culturais-econômicas da família; doenças como desnutrição, verminose,
doenças psíquicas (depressão infantil, apatia ou agressividade); a influência do meio em
que vive a criança, falta de incentivo, violência, desarmonia no lar, entre outros.
Sabe-se que são inúmeras as causas da repetência escolar, principalmente as que
dizem respeito às séries iniciais do ensino fundamental.
Facilitar a aprovação não é resolução para o problema, e não permite reduzir
verdadeiramente o fracasso, mas não se pode tomar como medida isolada, pois o
professor, ao enfrentar estas situações, deverá considerar como elemento integrante na
avaliação e na vida do educando.
o que também tem contribuído negativamente, é a atual estrutura da maioria das
escolas, em geral, as salas de aula com um número superior de alunos á sua capacidade, o
que dificulta o trabalho do professor em dar um atendimento individual, dispensando
atenção especial a cada aluno, principalmente nas séries iniciais.

2.4.1 O Fracasso do Aluno Gera a Evasão Escolar


A evasão escolar pode ser motivada por currículos inadequados, necessidade da
criança sair em busca do sustento da família e do seu próprio, desconhecimento por parte
do educador das limitações da criança, entendendo que sua turma é homogênea, negando
as diversidades ou não entendendo-as.
o grande desafio foi, e penso que continua, em qualquer trabalho educativo,
aprender a esperar o motivo do outro, o seu tempo de elaboração, e a respeitar as
elaborações desse outro. [...] Resistir à tentação de impor o caminho que pareça melhor,
não só aos nossos próprios objetivos, mas também para o (s) aluno (s). E, nesse jogo, a
busca do equilíbrio entre evitar a imposição de autoritarismos, sem resvalar para uma
postura de falsa neutralidade diante das contradições observadas (LEMBO, 1974, p.38).
O professor mediador, vai além da simples ação educativa de repassador de
conteúdos ou de 'dar aulas', ampliando seu papel para o mediador de dimensões
cognitivas, afetivas e sociais. O professor mediador não transmite o conhecimento como se
estivesse pronto e acabado, pelo contrário, favorece o encontro com novos conceitos e em
contextos diversos, destaca-se nesses contextos, disponibiliza e especifica informações
que podem apurar generalizações construídas. Suscita também a significação do sentido
de aprender, através das práticas cotidianas da comunidade.
Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, Lei n° 9394, de
20 de dezembro de 1996, em seus artigos, mostra que a escola tem o papel de inserir-se
dentro da realidade do educando, trazendo o conhecimento científico e fazendo interagir
como conhecimento popular que o aluno traz. A Resolução n° 23/2000/CEE/SC, faz uma
síntese das questões legais referentes à avaliação escolar.
Art. 3° - A avaliação do aproveitamento do aluno será contínua e de forma global,
mediante verificação de competência e de aprendizagem de conhecimentos, em atividades
de classe e extraclasse, incluídos os procedimentos próprios de recuperação paralela.
Essa preocupação, insinua-se ao combate á evasão e reprovação dos alunos. Neste
caso, deve haver a verificação de competência e de aprendizagem de conhecimentos.
A condição de abandono ou evasão, é definida para aquele aluno que não é
considerado aprovado ou reprovado, porque deixa de freqüentar a escola, e não há
indicação de ter solicitado transferência para outra unidade escolar.
A escola tem sido utilizada para tantas funções, tantas exigências, como por exemplo
a distribuição da merenda escolar, campanhas das mais variadas (Bolsa Escola, Bolsa
Alimentação, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil-PETI), dentre outras. A escola
parece estar deslocada diante de tanta multiplicidade social e tecnológica, e acaba por não
consegUIr cumprir tantas funções e tarefas a. ela atribuídas. Segundo
Cascudo (1977), "ao que parece, há uma estratégia para que tudo dê certo, onde a
escola tem produzido um verdadeiro 'deserto de analfabetos'" (p.98).
A educação, sendo universal, varia de sociedade para sociedade, de um grupo social
ao outro, segundo as concepções que cada sociedade e cada grupo social tenha de
mundo, de homem, de vida social e do próprio processo educativo.
Portanto, se a prática educativa for antidemocrática, se os programas curriculares, os
regulamentos, a disciplina, os prêmios e castigos, aprovação e reprovação forem
manipulados por pessoas incapazes, este discursos se revelará inóculo, engrossando a
fileira dos excluídos.
Nesse aspecto, vale salientar que a continuidade de práticas educativas que
priorizam avaliações para dar notas e portanto, aprovar ou não o aluno, de forma a avaliar a
mera repetição de conteúdos e não a apreensão dos conceitos, ainda são situações que
ocorrem nas escolas atuais. São aspectos que poderão colocar para fora do processo
educativo da criança e do adolescente que não tem incentivo e o apoio da família para
continuar na escola.
Quando se fala em ser humano, não se pode preocupar apenas com o planejamento
ou a avaliação do indivíduo, mas deve-se conhecer também o processo de aprendizagem
que forma o indivíduo como um todo.

2.5 PROBLEMAS COM A APRENDIZAGEM ESCOLAR

O significado da inteligência, tem sido, _o longo do tempo, motivo de muito estudo.


Percebe-se que o papel fundamental da escola, é a organização do trabalho escolar, que
desempenha na facilitação ou o isolamento, propostas de mudança significativas na prática
pedagógica das escolas públicas.
Esse interesse gerou diferentes concepções acerca da sua origem e do seu
desenvolvimento nos indivíduos, ainda que muitas escolas são determinadas por uma
postura tradicional, amparada pelo próprio sistema ou pelas idéias do senso comum
amplamente divulgados entre os professores, pais orientadores, supervisares, direção,
funcionários, etc.
Alguns estudiosos determinaram a inteligência por fatores genético, hereditário, que
uma vez estabelecidos poderiam ser pouco a pouco modificados pelo meio onde o
indivíduo vive. Outros estudiosos, defendem que a inteligência depende fortemente do meio
social para desenvolver-se.
A Proposta Curricular de Santa Catarina procura também responder às novas
condições do mundo contemporâneo, em que processos globais desafiam as sociedades
dos diferentes países, nas suas sobrevivência econômica e cultural. Neste aspecto, procura
mostrar a ciência como instrumento essencial à construção da cidadania e não como
prerrogativa de elites ou de especialistas. Tal posicionamento não se deve unicamente a
uma convicção democrática, mas também à percepção do lugar da ciência na cultura de
nosso tempo. Em função desses pressupostos, as ciências são apresentadas como
construção histórica e não como expressão objetiva da natureza; o educando, por sua vez,
é tomado como participante da produção do conhecimento, do qual se apropria, e não
como receptor de um saber que lhe possa ser meramente transmitido. Isto significa pensar
o aluno não como investigador autônomo, e sim, participante de um processo coletivo de
questionamento e aprendizagem (SANTA CATARINA, 1997, p. 79).
Cada educador deve assumir a educação como componente de seu fazer
pedagógico, seja em termos de sala de aula, seja em termos de atividades que envolva a
saúde de seus alunos bem como a comunidade.
A escola deve desempenhar a sua função, onde a educação tem caráter relevante e
vem harmonizar e humanizar a cultura, trabalhando os valores essenciais à formação do
indivíduo, e acima de tudo, trabalhando a importância da vida.
A escola democrática sabe enfrentar esses elementos naturais da construção do
conhecimento. Desta transformação, buscando mecanismos que possam intervir no bem -
estar individual e coletivo de cada cidadão, a nova perspectiva da escola deve adequar
seus currículos às demanda identificada. Isso significa que as relações entre escola e
saúde são unilaterais, na medida em que as respostas da primeira estão limitadas às
exigências da segunda, dando-se maior realce às expectativas da clientela de cada escola.
De acordo com Ross (1979), distúrbios de aprendizagem é um tema que desperta a
atenção para a existência de crianças que freqüentam escolas e apresentam dificuldades
de aprendizagem, embora não aparentam defeitos físicos, sensoriais, intelectuais ou
emocionais.
Os distúrbios de aprendizagem podem também ser genéricos, abrangendo muitas
áreas teóricas da matéria, ou específica, quando uma criança possa não apresentar
dificuldades de aprendizagem, exceto em determinada matéria, como por exemplo a leitura
ou a matemática.
Um distúrbio de aprendizagem apresenta-se quando a criança não manifesta
subnormalidade mental geral; não é portadora de deficiência das funções visuais ou
auditivas, não está impedida de desempenhar tarefas educativas em razão de distúrbios
psicológicos desconexos, e é dotada das vantagens proporcionadas por educação
adequada, mas que não obstante, manifesta deficiente desempenho teórico (ROSS, 1979,
p. 28)"
As crianças com distúrbios de aprendizagem não são incapazes de aprender, mas
precisam de ajuda especial se quiserem beneficiar-se da experiência escolar. Essa ajuda
pode partir da compreensão do professor, respeitando sua qualidade de vida e levando em
conta o meio onde ela vive.
Segundo Valgas (1982), existem alguns fatores que podem influenciar negativamente
na aprendizagem, dentre eles está a imaturidade do aluno; as condições físicas
desfavoráveis (problemas de visão ou audição); desnutrição; doenças (anemia, doenças
crônicas); condições psíquicas desfavoráveis (inteligência, personalidade). Com relação à
família estão as condições econômicas ou culturais; problemas familiares (brigas, pais
ausentes ou separados, desarmonia). No que se refere à escola, os problemas são mais
amplos: condições pedagógicas desfavoráveis; professor despreparado em técnicas;
professor emocionalmente frustrado (emocionalmente e financeiramente); mudanças
freqüentes de professores; problemas relativos as condições físicas (equipamentos, recreio,
merenda, transporte); falta de material escolar; falta de comprometimento de alguns
profissionais da educação; desconhecimento da realidade do aluno; conteúdos fora da
realidade e das expectativas dos alunos; e assim sucessivamente.
A proposta do sistema educacional brasileiro, é dar para criança a oportunidade de
aprender, tanto quanto sua capacidade permitir. Como alerta, porém, deve-se tomar devido
cuidado com problemas pedagógicos, pois a criança pode apresentar dificuldades pela
falta de aplicações adequadas de métodos, técnicas, experiências concretas, estímulos e
principalmente a respeito da individualidade de cada educando.
o importante é o professor usar da criatividade e talento para satisfazer as
necessidades dos alunos. Cabe apresentar aqui, alguns relatos de experiências vividos
pelos professores que atuam com crianças com problemas de aprendizagem:
A professora entra na sala, e começa a trabalhar as atividades planejadas. Um aluno
pergunta se falta muito para o recreio, e a professora informa o tempo. De tempo em
tempo, ouve-se a mesma pergunta. Aquele menino parece não ouvir o que a professora
fala, pára de copiar e faz a mesma pergunta. Então a professora cansa de informar o tempo
e quer saber o motivo de tanta ansiedade, aí o aluno responde: "É que eu não jantei e não
tomei café, tive que dormir numa caixinha de mercado embaixo do assoalho, porque meu
pai chegou bêbado e queria me matar" (sic).
Deve-se ter em mente que a criança com dificuldade de aprendizagem tem quase o
mesmo desenvolvimento que as outras. O trabalho do educador é enfatizar ao máximo
aquilo que pode ajudar essa criança a descobrir seu potencial. No relato acima citado,
percebe-se como uma criança pode desencadear problemas de aprendizagem, se o
professor não for competente o suficiente para descobrir as causas e buscar possíveis
soluções.
Outro exemplo bastante comovente aconteceu nessa mesma escola, onde muitos
alunos apresentam problemas de aprendizagem: Havia um aluno X recém chegado na
escola que não fazia o tema de casa. A professora tentava aplicar mais atividades, menos
exercícios, cOisas diferentes, mas nada fazia com que aquele menino fizesse o tema de
casa.
Certo dia a professora alertou que quem não fizesse o tema, iria ficar sem recreio. E
novamente o menino veio sem fazer o tema. Então a professora a sós com o aluno X na
sala, o objetivo não era castigá-Ia, mas sim descobrir a causa do problema. Mas o
problema ainda era maior, o menino não gostava de falar. A professora astuta e
compreensível, conquistou para ouvir sua justificativa. O que ela ouviu, serviu de motivo
para que depois que liberasse o aluno, ela se dirigisse em prantos ao banheiro ao se
deparar com aquela dura realidade. O menino justificou que morava num treiler no meio do
depósito de ferro velho. Sua mãe estava muito doente e não podia trabalhar, por isso, ele e
sua irmã trabalhavam capinando lavouras e limpando os quintais para as pessoas. Assim,
ganhavam alguns trocados para comprar remédio para sua mãe, e o que sobrava (se é que
sobrava), compravam alimento, por isso não restava tempo para fazer o tema de casa.
A professora pediu para ver suas mãozinhas, elas estavam machucadas e cheias de
calos, coisa que também impedia de ter letra bonita.
Esses exemplos procuram ressaltar a importância da alimentação para a criança,
inclusive na merenda escolar.
Ressalta-se aqui a necessidade da prática do desenvolvimento físico e mental no
processo da socialização, relacionada a compreensão da teoria. Mas de que serve a teoria
se não for para resolver as questões práticas. A diferença básica entre sentido do
desenvolvimento físico e significado da aprendizagem, pode ser destacada onde os
processos constituem a estrutura da atividade humana, para elucidar os vários
componentes do conceito de desenvolvimento.
De forma mais simples, pode-se tomar vários componentes do cotidiano, envolvendo
situações de estudo do desenvolvimento humano.
As dificuldades de aprendizagem escolar da criança, muitas vezes, decorrem de
suas condições de vida (como citado acima nos exemplos).
Este pressuposto, bem como várias afirmações derivadas, encontra-se em plena
circulação no pensamento educacional, o que mostra que ainda se está sob a influência da
teoria da carência cultural, em sua versão queafirma a presença de deficiência ou distúrbio
no desenvolvimento das capacidades e habilidades psíquicas da clientela. Este postulado
tem sido um dos princípios norteadores da maneira atual de pensar os problemas da escola
e sua solução.
Para Rodrigues (1986) "A escola precisa ser um lugar onde se conspira contra a
incompetência, contra o imobilismo, contra o saber normativo. Há de se buscar
transmutação do comportamento" (p. 26). Nesta perspectiva, a escola, como mediadora do
conhecimento, deve incorporar uma prática criativa, onde os valores da sociedade
patriarcal sejam menos reforçados, permitindo que a criança avance no sentido de superar
suas curiosidades, e com isso, manifestar novos interesses.
Na produção do ensino em massa, as práticas pedagógicas não apenas discriminam
e excluem, mas amadurecem e calam. Criam-se mitos em relação ao fracasso escolar; as
relações interpessoais são camufladas, interrompidas, não questionando as condições e os
métodos, entendendo que as crianças que não aprendem, possuem patologias como:
dislexia, problemas neurológicos, psicomotores, foniátricos, psicológicos, desinteresse total
e outros.
Dificuldades materiais, pobreza e o. estigma que persegue as crianças de família de
baixa renda - classificadas pelo ensino tradicional como incapazes de aprender; devem ser
compreendidas pelo professor como meta para se trabalhar e ajudar a melhorar, e não vista
como dificuldade e problema.
Muitas vezes, as crianças procuram na escola, o que não encontram em casa, ou
seja, a complementação alimentar; alguém para conversar; pessoas preocupadas com
elas, dispostas a dar respostas afetivas e ouvir seus problemas, capazes de dar-lhe
atenção e a atender sua realidade, na idealização de que a escola é o caminho certo para a
realização do desejo permanente de uma vida melhor, sem se dar conta de que na escola,
é pequena a possibilidade de tornar real este sonho.
o educador deve trabalhar uma forma simples e objetiva, fazendo com que a criança
desenvolva altivez no seu processo de aprendizagem, que descubra coisas novas, que crie
através de suas próprias experiências, dando-Ihes condições de transformar a realidade a
qual se insere.
A escola não foi pensada para os pobres. A escola foi pensada para uma escola
ideal, uma criança que não trabalha, que fala bonito, uma criança que pode estudar em
casa com calma, etc. Em suma, a escola não foi pensada para a maioria, mas sim, para os
filhos de uma elite que, por definição, são muitos. Quando os pobres, crianças de periferia e
zonas rurais entram para a escola, elas ficam deslocadas, não conseguem aprender e
passam a construir um problema. Então, a solução mais fácil é acusar o problema pelo
fracasso dos pobres. Não aprender porque está com fome, não aprendem porque tem
problemas em casa, não aprendem porque falam errado, etc. (REALE, 1983, p.96).
A cultura livresca, a tradução verbal e formal é que deve ser repensados. Talvez, as
mesmas possam ser úteis para as crianças que vêm de ambientes culturais mais elevados,
porém, é extremamente inadequadas aquelas que vêm de meios pobres, pois não
dominam o conteúdo lingüístico, nem certos pré-requisitos para uma boa aprendizagem.
A respeito da conduta assistencialista ao professor, é importante ficar atendo para a
visão de Souza (1993), o facilitador a aprovação não permite reduzir verdadeiramente o
fracasso; pois se dá como uma medida isolada, não acompanhada de um trabalho
subsequente que, efetivamente, dê condições de superações das dificuldades. Um menor
nível de exigências, como meio de evitar o abandono da escola é dissimulador do fracasso
escolar, pois o aluno, ao enfrentar situações que exigem confronto de seus conhecimentos,
tende a fracassar, pois a adequação do ensino às condições do aluno representa, em
última instância, na adequação do ensino às desigualdades sociais (p. 209-210).
Sem a nítida percepção de que a dificuldade de aprendizagem é menos problema
individual e mais de classe social, vela-se a postura conservadora e discriminatória do
discurso liberal de que a escola está impregnada, e que vê o fracasso escolar na dimensão
das características individuais, sem levar em conta as relações sociais e a sua ligação com
o contexto.
2.5.1 Analisando o Programa Bolsa-Escola

o programa bolsa escola veio para ajudar a permanência da criança escola, pois a
política social escolar é distributiva, carrega marcas do autoritarismo e do eletismo.
Sumariamente a emancipação desses caminhos, desenvolve como objetivo, as
políticas das desigualdades sociais.
Tentando reverter essa situação, busca-se um processo contínuo da não exclusão
como punição daqueles que buscam na escola, a minimização da evasão escolar e do
analfabetismo, configurado na repetência e na evasão. Levando em conta que está
problemática abarca uma ampla possibilidade de providências, é evidente que não basta
argumentar. É necessário buscar o equilíbrio, onde todos os alunos tenham oportunidade
de transformação progressiva, para se tornarem mais humanos e cada vez mais livres e na
trajetória social, agirem refletindo sobre suas ações.
A idéia do Programa Bolsa Escola para Marx, seria puro idealismo do sistema de
ensino moderno, onde um sistema arcaico ocultaria a alma do próprio modernismo. Buscar
uma educação centrada no sujeito mas não individualista, deve considerar as inclinações,
os interesses e os objetivos de cada aluno. A escola de hoje deve colocar frente a frente
seu discurso e a prática existente, aprofundando o reflexo da escola nas pessoas,
reencontrando sua essência e razão de ser.
3METODOLOGIA DA PESQUISA

Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também


considerada como modo de conduzir a pesquisa. Nesse sentido, a metodologia pode ser
vista como conhecimento geral e habilidades que são necessários ao pesquisador para
orientar-se no processo de investigação, tomar decisões oportunas, selecionar conceitos,
hipóteses, técnicas e dados adequados.
Para a realização deste estudo foram utilizados recursos que envolveram pesquisa
bibliográfica e de campo. A pesquisa bibliográfica consiste na procura de referências
teóricas publicadas em livros, artigos, documentos e outras fontes, para que o pesquisador
que procura explicar a parapsicologia no contexto da harmonia e sucesso das pessoas,
obtenha referências publicadas, as analise neles conhecimento tome eecontribuições
científicas ao assunto em questão.
Segundo Ludcke e André (1986), "uma boa base teórica é o alicerce para que
possamos olhar os dados levantados e desenvolver nosso estudo, indo além do que a
realidade nos mostra simplesmente" (p.46). Por ser de natureza totalmente teórica, a
pesquisa bibliográfica é parte obrigatória de outros tipos de pesquisa, e é por meio dela que
se adquire conhecimentos da produção existente e ocorre a atualização constante. O
domínio dos autores pode auxiliar na criatividade de quem pesquisa, pois através deles,
pode-se saber o que foi produzido de importante sobre o objetivo e sobre os avanços
realizados a respeito dele.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Presente estudo foi realizado com o objetivo de identificar as influências da merenda


escolar no comportamento e aprendizado da criança.
A merenda escolar é gratuita, sendo direito constitucional, expresso no artigo 208, da
Constituição Federal, onde beneficia todas as crianças Brasileiras que freqüentam a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental das escolas públicas.
o Programa Nacional de Alimentação Escolar é o mais antigo programa social do
governo federal na área de educação, e prevê a transferência de recursos aos estados,
municípios e Distrito Federal, para compra de alimentos para merenda escolar.
Já está comprovado que uma merenda de qualidade estimula a permanência dos
alunos na escola e, desse modo ajuda a diminuir os altos índices de evasão e repetência
escolar.
Partindo disto, conforme análise da coleta de dados fornecidos pelos instrumentos
da pesquisa, é possível constatar que é grande o número de alunos que se beneficiam da
merenda escolar, garantido ou complementando suas refeições no dia-a-dia.
Conforme o padrão sócio-econômico. assim é a aceitabilidade da merenda escolar,
pois os de renda um pouco mais elevada levam o lanche de casa. Na visão dos professores
a alunos, a merenda também é essencial para que ocorra a aprend izag em.
Esta realidade leva a repensar o papel fundamental da escola e a prática
pedagógica na qual se constituem as ações educativas realizadas.
Neste sentido, é importante considerar as desigualdades sociais, psíquicas e
culturais, considerando que a aprendizagem ocorre nas interações com o meiO,
independentemente das diferenças sociais.
Quando os alunos afirmam que na escola o mais importante é a merenda escolar, é
de se perguntar o que significa as demais ações propostas pela escola ou professor, como
aprendizagem. Esta dicotomia entre saber e aprender, deve passar pelo feedback
constante do educador, trazendo á tona os verdadeiros fatores que interferem na
aprendizagem, deixando de lado as patologias que mistificam o fracasso escolar dizendo
que tal problema não cabe à escola resolvê-Io.
Diante do exposto, conclut-se que, na visão do educando e educadores, a merenda
escolar é essencial para que ocorra aaprendizagem. Mas conforma resultado da
pesquisa, existem outros fatores intervenientes e, mesmo de forma mais lenta, a
aprendizagem também acontece nas classes menos favorecidas. A merenda escolar serve
como atrativo, complemento e garantia da refeição diária para muitos alunos que
freqüentam estas e outras unidades escolares. Tanto numa escola como na outra, é
impossível desconsiderar as doenças causadas pela carência alimentar, mas encontra-se
somente como mais grave apenas um caso de desnutrição, com os sinais visíveis de
palidez, magreza e apatia, que interferem na hora de aprender.
o fato das escolas públicas ser constituída de muitas crianças carentes, contribui
para que as autoridades e pessoas da comunidade escolar, pensem em desenvolver
programas que favoreçam o bem-estar do educando, levando em conta que é preciso ter
uma vida saudável para aprender, o que significa ações de qualidade de vida e não apenas
alimentação.
A complexidade social em que vivem as crianças, deve ser analisada quando se
propõe a abordar questões qualitativas no processo de aprendizagem.
Sem uma intervenção no meio vivido, quer da criança, quer da cultura escolar vivida
pela escola, seguramente os processos de aprendizagem ficarão a mercê da visão do
estabelecido 'criança pobre tem dificuldade de aprendizagem'.
Este trabalho refere-se ao tema da criança e da merenda escolar, que é abrangente
e polêmico, deixando pontos que devem ser aprofundados em estudos ou novos trabalhos
de pesquisa, respondendo a questionamentos que podem elucidar, esclarecer, aprrmorar
ou enriquecer idéias, servindo também como suporte para pessoas ou estudiosos que
desejam conhecer um pouco mais da realidade educacional nas classes menos
favorecidas.
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