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Fátima Momade
Luís De Savio
Otília Marcelino Afonso
Sheerley Desejada
Vânia Da Conceição Alberto

CULTURA E HÁBITOS ALIMENTARES DA PROVÍNCIA DO NIASSA

Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Fátima Momade
Luís De Savio
Otília Marcelino Afonso
Sheerley Desejada
Vânia Da Conceição Alberto

CULTURA E HÁBITOS ALIMENTARES DA PROVÍNCIA DO NIASSA


(licenciatura em ciências alimentares com habilitação em segurança alimentar)

Trabalho de carater avaliativo, a ser


apresentado á faculdade de ciências
alimentares e agrarias, para fins avaliativos, na
cultura e hábitos alimentares em moçambique,
4º ano, lecionado pelo:

McS. Detino Augusto

Universidade Rovuma
Nampula
2023
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Índice
Introdução..........................................................................................................................4

Localização geográfica da província do Niassa................................................................5

Cultura...........................................................................................................................5

Hábitos alimentares........................................................................................................5

Etnias predominantes na província do Niassa...................................................................5

Os Macua.......................................................................................................................6

Os Nyanja......................................................................................................................6

O povo Yao e sua gênese no Niassa..............................................................................7

A identidade cultural do povo yao.....................................................................................8

O casamento do povo yao..............................................................................................8

As formalidades e particularidades dos ritos de iniciação no povo yao........................8

Poligamia no povo yao..................................................................................................9

Falecimento do povo yao...............................................................................................9

Viuvez do povo yao e Nyanja........................................................................................9

Habitos alimentares da província do Niassa...................................................................10

Dança tradicional do Niassa........................................................................................11

Conclusão........................................................................................................................12

Referências bibliográficas...............................................................................................13
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Introdução

A cultura e os hábitos alimentares são elementos fundamentais da identidade de um


povo. Eles refletem a história, a geografia, os recursos naturais e as crenças de um
determinado grupo social. A província do Niassa, no norte de Moçambique, é uma
região com uma rica cultura e uma diversidade de hábitos alimentares. A população do
Niassa é composta por diferentes etnias, cada uma com suas próprias tradições
culinárias.

Este trabalho tem como objetivo descrever a cultura e os hábitos alimentares da


província do Niassa. Para isso, será feita uma abordagem histórica, geográfica e
cultural. Também serão apresentados exemplos de pratos típicos da região e seu
significado cultural.
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Localização geográfica da província do Niassa

Niassa é província de Moçambique, localizada no norte do país, limitada a leste pela


província de Cabo Delgado, a sul pela província de Nampula e de Zambézia, a norte
pela Tanzânia (separada pelo rio Rovuma) e a oeste pelo Malawi, país do qual esta
separada pelo lago Niassa. A sua capital é Lichinga, pequena cidade do interior
localizada a cerca de 2.200 km (por estrada) a norte de Maputo.

A área territorial da Província de Niassa é de 129.056 km² (sendo a maior de


Moçambique) e está dividida em 16 distritos, nomeadamente: Chimbonila, Cuamba,
Lago, Lichinga, Majune, Mandimba, Marrupa, Maúa, Mavago, Mecanhelas, Mecula,
Metarica, Muembe, N’gauma, Nipepe e Sanga. Desde 2013 possui também 5
municípios, nomeadamente: Cuamba (cidade), Lichinga (cidade), Mandimba (vila),
Marrupa (vila) e Metangula (vila).

Relativamente à população residente, e de acordo com os resultados preliminares do


Censo de 2017, a província de Niassa tem 1 865 976 habitantes, o que significa uma
densidade populacional de 14,5 habitantes por km², uma das mais baixas densidades
populacionais de Moçambique. As etnias mais representantes na província são os
macuas, os ajua ou yao e os nianja.

Cultura

É conjunto de costumes, crenças, valores e práticas de um determinado grupo social.

Hábitos alimentares

comportamentos e escolhas alimentares de um indivíduo ou grupo.

Os hábitos alimentares podem variar de acordo com a faixa etária da população. Tendo
em conta que, Crianças, adolescentes, adultos e idosos têm necessidades nutricionais
diferentes. A cultura e os hábitos alimentares são elementos fundamentais da identidade
de um povo. Eles refletem a história, a geografia, os recursos naturais e as crenças de
um determinado grupo social.

Etnias predominantes na província do Niassa

Para descrever as etnias predominantes na província de Niassa nos basearemos na obra


de AMARAL (1990)
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Os Macua

Os Macuas representam o grupo étnico linguístico mais numeroso de Moçambique,


tomando várias designações conforme a região que povoam. A habitação tradicional dos
Macuas é circular com cobertura cónica, por influência Yao, evoluiu para quadrada ou
retangular com cobertura de quatro águas como os Yao, mantém de forma circular a
cozinha e a retrete, bem como os celeiros.

A etnia Macua é baseada no direito matriarcal, sendo o regime familiar matrilinear


euxorilocal que consiste em, após o matrimónio, os cônjuges vão morar na casa da
mulher, ou na mesma povoação. Nesta etnia, a sucessão e a herança diferem-se por via
transversal uterina, isto é, a viúva é herdade pelo sobrinho, filho da irmã do defunto, isto
é, se o marido morre, esta viúva automaticamente terá que se casar com o sobrinho do
falecido. Os tios maternos exercem grande autoridade ao agregado familiar. Praticam a
circuncisão, que abre as cerimónias da iniciação masculina, designados por Unwago. As
cerimónias da iniciação feminina chamam Emwali.

Nos ritos de iniciação ensina-se que no mundo há tanta coisa que pode causar
sofrimento: o trabalho, a doença, a pobreza, as calamidades naturais e outras
vicissitudes.

De acordo com AMIDE (2008:79) "o nascimento de uma criança é um dos


acontecimentos mais importantes da sociedade macua". A criança é desejada e esperada
pelos pais, pelos responsáveis e membros da comunidade, porque todos amam a vida e
desejam que esta continuar. "Quando isto não acontece é motivo de tristeza".

Cada vez que nasce uma criança este ideal realiza-se concretamente. Outro filho
significa, para a família e para a comunidade, a esperança concreta de que a vida
não acaba, é sinal de que os antepassados continuam a ser intermediários entre a
fonte da vida e a sociedade.

O povo Macua despreza o homem e a mulher estéreis porque suspendem a vida; sendo
estéreis, opõem-se de facto a transmissão da vida. Com homens e mulheres assim
quebra-se a ligação que nos une aos medianeiros da vida, interrompendo-se a
corrente vital.

Os Nyanja
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Este povo segue a tradição, muito generalizada em povos da África Central, de fixarem
a sua origem na metade do continente Africano. A organização social e familiar dos
Nyanja é idêntica à dos Yao, bem como idênticos são os seus usos e costumes. As
cerimónias da iniciação dos rapazes, que entre os Yao, se seguem: a circuncisão que é
uma das práticas culturais mais importantes e que se desenvolve durante um período
bastante longo de segregação em lugar isolado.

Na iniciação das mulheres elas são confinadas numa palhota distante da sua casa e
instruídas na prática sexual. As cerimónias rituais não têm o significado nem obedecem
as formalidades complicadas praticadas entre os Yao. O regime familiar é matrilinear e
uxorilocal. Tradicionalmente, no que segue a regra em uso dos povos da áfrica central,

estando, porem a notar-se um acentuado movimento de transição para o regime

patrilinear e virilocal. Neste contexto entre toda a população Nyanja, coexistem ainda,
os

Dois regimes familiares, podendo homens, simultaneamente, realizar o casamento que


imponham o pagamento de compensação e outros que não imponham o que não é
comum

Uma compensação "Lobolo" pelo casamento virilocal, designada em Nyanja por


"Uloola"é também designada por "Cuma" (tchau =riqueza, querendo referir a
importância, que o noivo paga ao pai da noiva), determina ao domicílio necessário da
mulher, que passa a ser da povoação do marido, e ao regime sucessório.

Para os Nyanja a instituição do casamento, mais do que um assunto particular ou


individual é uma questão de interesse das duas famílias envolvidas e da comunidade no
seu todo. Implicação todo um processo que inclui um "período probatório" em que a
família da mulher testa a capacidade de procriação e de trabalho do homem.
(MARTINEZ 1998:160-165)

O povo Yao e sua gênese no Niassa


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Para compreendermos o povo Yao temos de fazer uma descrição histórica. Segundo
Pascuali (2013), O WaYao, ou Yao, é um dos principais grupos étnicos e linguísticos no
Sul do Lago Niassa, que desempenhou um papel importante na história da África
Oriental durante os anos de 1800.

Os Yaos são predominantemente um povo que professa a fé do Islamismo, constituído


por cerca de 2 milhões, espalhados por três países, Malawi, Moçambique e Tanzânia e
são um dos grupos mais pobres do mundo. O povo Yao tem uma forte identidade
cultural, que transcende as fronteiras nacionais (pascuali, 2013). segundo a autora, a
tradição que o povo yao possui, tem sua origem no monte Muembe ao norte de
Moçambique, na Província do Niassa, precisamente no Distrito de Muembe, mas o
grande Régulo Mataka tem sua residência no vizinho Distrito de Mavago, limite com a
Tanzânia. Na visão do Padre Wegher (1995, p.67) considera que,

Os Yao também conhecidos por Ajauas são uns grupos étnicos oriundos
do monte Yao, perto de Muembe, entre o rio Lugenda e Lucheringo;
vivem actualmente entre o Lago Niassa, o Lugenda e o Rovuma,
desviando-se para o Sudoeste para montanhas do Shire, onde se mistura
com os Anyanjas. Uma parte dos Ajauas fixou-se na Tanzânia e no
Malawi, tendo os seus números maiores fixados em Maniamba,
Lichinga, Unango, Catur, Mandimba e Marrupa e na Serra do Mitucue
nas vizinhanças de Cuamba.

A identidade cultural do povo yao

segundo Amide (2008) afirma que no povo yao os princípios educativos e a moralidade
estão ligados aos ritos de iniciação. Para o yao a vida se transmite através da união de
um homem e uma mulher em família. Através dos ritos preserva-se no povo yao o
respeito, a sexualidade, a temperança, o amor, o namoro, o casamento, o valor do
trabalho, o valor do sofrimento, a coragem, a responsabilidade, a amizade entre outros.

O casamento do povo yao

O casamento ocorre entre homem e mulher, não existem outra forma de casamento
aceite. Durante o casamento as mulheres quando estiverem com o ciclo menstrual não
devem colocar sal na comida, nem pode por as panelas ao lume, inclinar se sobre o fogo
nem acende-lo na presença do marido, apenas a mulher deve fechas as portas, olhar para
o marido quando estiver deitada, usar fios de missanga a cintura, deixar agua num
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recipiente para ser bebida por um parente, por fermento na bebida, usar a esteira que lhe
serviu durante o período menstrual quando voltar ao estado normal. Tradicionalmente o
yao acredita que se uma mulher confecionar alimentos pode provocar no marido
doenças como lukweso ou mwela.

As formalidades e particularidades dos ritos de iniciação no povo yao

Para Wegher (1995, p.308), o Djando e o Nsondo são os ritos que são mais praticados
na Província do Niassa, estes são característicos nas tribos influenciados pela religião
muçulmana. O Djando é o rito praticado nos rapazes o qual consiste na operação
cirúrgica do prepúcio, removendo-o da glande do pénis. Ao contrário do Nsondo é
praticado para às meninas que consiste na preparação da abertura vaginal da menina,
introduzindo ovo de pombo no órgão sexual, incitando a menina fazer movimentos
como se tivesse introduzido órgão sexual masculino. Assim depois de algumas semanas
de preparação algures numa casa da aldeia, a rapariga é reconhecida como ser humano
completo.

A circuncisão dos rapazes Unhago e das raparigas obedecem a três tempos distintos: a
cerimónia do Manawa, que se realiza por volta dos dez anos; a do Msondo, que é uma
iniciação de carácter exclusivamente muçulmano, pouco tempo depois da primeira
iniciação, e finalmente Litiwo, que se verifica quando a mulher esta grávida.

Poligamia no povo yao

Os Yao uma vez que a maioria é muçulmana são polígamos, por tradição e por
determinação do alcorão. Pois podem possuir quantas esposas puderem se a sua
importância social consentir. Existem algumas motivações para que haja divórcio nos
Yao, como por exemplo: impotência do marido, adultério da mulher, falta de respeito de
um dos cônjuges.

Falecimento do povo yao

O falecimento de alguém estabelece estado de impureza, não só entre todos os membros


da sua matrilinhagem, quer vivam próximo, quer afastados, como também, entre
familiares ou simples vizinhos que tivessem convivido recentemente com o falecido,
geralmentetoda povoação, pois que, como padrão de convívio, estabelecem o facto de te
rem utilizado a mesma fonte de água ou pilado no mesmo pilão.
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Para Wegher (1995), afirma que todos que morrem passam a ser antepassados e nos
rituais tradicionais são invocados os seus nomes. Neste mesmo aspecto. Amide (2008)
inspirando se nos escritos de Calandri e de Amaral, afirma que para ser antepassado
neste povo não significa para todos que morrem, mas sim, para aqueles que durante a
sua vida tiveram descendentes e foram consagrados como régulos ou chefes de uma
certa região. Estes é que são invocados nos seus cultos.

Viuvez do povo yao e Nyanja

Segundo MACY (1997:38), se o cônjuge sobrevivo for homem ou mulher, deve passar
por um período de isolamento e abstinência sexual de 40 dias, até que termine os rituais
de purificação, após os quais tanto viúvas como viúvos podem voltar a casar.

Os filhos permanecem geralmente com as viúvas, embora por vezes podem ficar com os
familiares do falecido. Em caso de viúvos, os filhos ficam geralmente com a família da
Falecida; registam-se, no entanto, casos em que umas crianças ficam com a família da
falecida e outras com o viúvo, e outros casos ainda em que as crianças acompanham o
pai, mas quando crescem regressam para junto da família materna.

Mas para a população Nyanja em caso de morte da mulher, o viúvo fica com filhos.
Porém, quando é o homem a falecer, a mulher pode eventualmente perder os filhos,
ficando estes com a família do falecido. No entanto, existe uma prática
denominada sororato,

sempre que a família da falecida tivesse interesse em manter esse homem na família,
devido às suas qualidades como trabalhador, o que significa que nalguns casos, se
verifica a matrilocalidade. Em relação aos bens, em caso de morte do homem ou ficam
com a viúva e os filhos, ou dividem-se entre a viúva os familiares do falecido que, ficam
com os bens de maior valor, em caso da morte da mulher dividem-se geralmente entre o
viúvo e a família da mulher, que fica com maior parte.

Habitos alimentares da província do Niassa

No Niassa, as crianças têm uma dieta rica em carboidratos, como mandioca, milho e
arroz. Os adolescentes também consomem uma grande quantidade de carboidratos, mas
começam a incluir mais proteínas e gorduras em sua dieta. Os adultos, por sua vez, têm
uma dieta mais equilibrada, com uma variedade de alimentos. Os idosos, por fim,
precisam de uma dieta rica em nutrientes, para manter a saúde e o bem-estar.
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Os pratos típicos da província do Niassa têm um valor cultural importante. Eles são
parte da herança cultural do povo local e refletem as tradições e costumes da região.

A província possui uma rica variedade de pratos típicos. Alguns dos mais populares
são:

 Mafe: sopa de feijão nhemba, mandioca e tomate.


 Cachupa: sopa de milho, mandioca, feijão e vegetais.
 Xiguinha: prato de mandioca, feijão nhemba e folhas de cacana
 Nhambiu: prato de peixe assado na brasa.
 Mbuzi: prato de carne de cabra assada.
 Ntolilo: folhas de batata-doce
 Guisado de ossipa ou bonha.
 Phunho: folhas de quiabo, quiabo e soda.
 Arroz e feijao
 Cozido de batata rena

Alguns pratos típicos, como o mafe e a cachupa, são consumidos em ocasiões especiais,
como casamentos e funerais. Outros, como o nhambiu e o mbuzi, são consumidos no
dia a dia.

Dança tradicional do Niassa

celebrada pelo povo em diversas ocasiões e situações, tais como cerimónias civis ou
outros momentos julgados oportunos pela comunidade.

Em nyanja ou chewa – um dos idiomas falados no Niassa, o termo n´ganda tem duplo
significado: o primeiro é que a palavra quer dizer “gule wa malipenga” (dança das
cabaças) e o segundo tem a ver com a designação da dança propriamente dita e o rufar
do principal tambor de n´ganda, o bombo ou ng´oma.

N´ganda é uma dança de expressão da alegria da população pelos sucessos na colheita e


no campo de batalha. O seu valor cultural, no entanto, excede o mero aspecto
comemorativo. N´ganda é um património artístico-cultural por meio do qual são
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promovidos e fortalecidos valores benéficos na sociedade, como o espírito de


comunhão, unidade étnica, hospitalidade, familiaridade e amizade. Através da dança são
do mesmo modo veiculadas mensagens de estímulo de algumas práticas sociais
condenáveis, nomeadamente o roubo e maus tratos às mulheres por parte dos homens.
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Conclusão

A cultura e os hábitos alimentares da província do Niassa são elementos importantes da


identidade do povo local. Eles refletem a história, a geografia e as crenças da
região.Este trabalho contribui para o conhecimento sobre a cultura e os hábitos
alimentares da província do Niassa. Ele fornece informações sobre os conceitos
importantes, as questões relacionadas às diferentes faixas etárias populacionais, os
pratos típicos da região e seu valor cultural
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Referências bibliográficas

AMARAL, M. G.; O (1990),Povo Yao. Subsídios para o estudo de um povo do


noroeste de Moçambique, Lisboa,

AMIDE, J. B. (2008),Wayao”we” no conhecido Niassa,Diname,.

MACY, P. (1996)Women and Income Generation in the Distrit of Cuamba,


Mozambique,
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